The Competences Required from Brazilian Aeronautical Accidents Investigators: A Proposal
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i
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
Alexandre Gomes da Silva
Andressa Moura Lewek
Antonio Carlos Silva
Jeilson Joel de Oliveira
Vivaldo Genezio de Queiroz
Competências do investigador brasileiro de acidentes
aeronáuticos: uma proposta
Trabalho de Conclusão de Curso em Especialização em
Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade
Continuada
2013
Pró-Reitoria de Extensão e
Cooperação
ii
CDU 629.73:656.082
ALEXANDRE GOMES DA SILVA
ANDRESSA MOURA LEWEK
ANTONIO CARLOS SILVA
JEILSON JOEL DE OLIVEIRA
VIVALDO GENEZIO DE QUEIROZ
COMPETÊNCIAS DO INVESTIGADOR BRASILEIRO DE
ACIDENTES AERONÁUTICOS: UMA PROPOSTA
Orientadores
Prof. Donizeti de Andrade, Ph.D.
Prof. Marcelo Soares Leão, M.C.
Curso de Especialização em Segurança de Aviação e
Aeronavegabilidade Continuada
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
INSTITUTO TECNOLÓGICO DE AERONÁUTICA
2013
iii
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Divisão de Informação e Documentação
Silva, Alexandre Gomes da
Competências do Investigador Brasileiro de Acidentes Aeronáuticos: Uma Proposta / Alexandre
Gomes da Silva, Andressa Moura Lewek, Antonio Carlos Silva, Jeilson Joel de Oliveira, Vivaldo
Genezio de Queiroz.
São José dos Campos, 2013.
99f.
Trabalho de Conclusão de Curso – Programa de Especialização em Segurança de Aviação e
Aeronavegabilidade Continuada – Instituto Tecnológico de Aeronáutica., 2013. Orientadores: de
Andrade, Ph.D.; Leão, M.C.
1.Investigação de acidentes 2. Prevenção de acidentes. 3. Acidentes de aeronaves. I. Lewek,
Andressa Moura. II. Silva, Antonio Carlos. III. Oliveira, Jeilson Joel de. IV. Queiroz, Vivaldo Genezio
de. VI. Instituto Tecnológico de Aeronáutica. VII. Título.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SILVA, Alexandre Gomes da; LEWEK, Andressa Moura; SILVA, Antonio Carlos;
OLIVEIRA, Jeilson Joel de; QUEIROZ, Vivaldo Genezio de. Competências do
Investigador Brasileiro de Acidentes Aeronáuticos: Uma Proposta. 2013. 91f. Trabalho de
Conclusão de Curso. (Lato Sensu) – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos
Campos.
CESSÃO DE DIREITOS
NOME DOS AUTORES: Alexandre Gomes da Silva; Andressa Moura Lewek; Antonio Carlos
Silva; Jeilson Joel de Oliveira; Vivaldo Genezio de Queiroz.
TÍTULO DO TRABALHO: Competências do Investigador Brasileiro de Acidentes
Aeronáuticos: Uma Proposta.
TIPO DO TRABALHO/ANO: TCC /2013.
É concedida ao Instituto Tecnológico de Aeronáutica permissão para reproduzir cópias deste
trabalho de conclusão de curso e para emprestar ou vender cópias somente para propósitos
acadêmicos e científicos. Os autores reservam outros direitos de publicação e nenhuma parte
deste trabalho de conclusão de curso pode ser reproduzida sem a autorização dos autores.
Alexandre Gomes da Silva Andressa Moura Lewek
SQS 110, Bloco H Praça Capitão Rosa, 1003
Brasília – DF Belém – PA
CEP: 70.373-080 CEP: 66.115-550
E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]
[email protected] [email protected]
Antonio Carlos Silva Jeilson Joel de Oliveira
Quadra 2 – Conjunto B-2 Av. Armindo Moura, 581
Brasília – DF Recife – PE
CEP: 73.015-202 CEP: 51.130-180
E-mail: [email protected] E-mail: [email protected]
[email protected] [email protected]
Vivaldo Genezio de Queiroz
SQS 214, Bloco A
Brasília – DF
CEP: 70.293-010
E-mail: [email protected]
v
Dedicatórias
À Deus, que me sustenta com sua mão destra e fiel e a quem caberá toda a honra, toda glória e
poder. À minha esposa Cristina, pela compreensão e paciência nos momentos que me fiz
ausente para cumprir esta jornada de estudos. Dedico também este trabalho aos meus amados
filhos Lucas e Pedro, como forma de legado e encorajamento, para que encontrem seus
próprios caminhos com entusiasmo, paixão e fé em Deus!
Alexandre Gomes da Silva
Ao meu amado esposo, Erik Wolf, que se dedicou aos cuidados com a nossa casa e os nossos
cachorros quando estive ausente e abdicou da minha companhia em muitos momentos, para
que esta conquista fosse possível. Aos meus pais, Marcos e Sonia, por todo o incentivo e
suporte emocional que me ofereceram, especialmente, nos momentos difíceis. Aos meus
colegas de trabalho do SERIPA I, por todo o apoio, companheirismo e amizade. Ao Ten Cel
Av Maurício Teixeira Leite, que me proporcionou a possibilidade de estar neste curso e
compartilhou, não só as aulas, como também toda a maratona de viagens.
Andressa Moura Lewek
À Deus, à minha família e à minha companheira, por todo o apoio a mim dispensado durante
esta jornada. Sem eles esta conquista não teria um significado tão importante.
Antonio Carlos Silva
Ao meu Deus pela proteção e sucesso nesta caminhada; à minha querida família Andreia e
Andressa pela força e incentivo a todo o momento; à minha amada Mãe Maria das Dores pelo
carinho e orações que me fortalecem e ao Ten Cel Av Luís Cláudio Veloso Gonçalves pelo
apoio incondicional e o reconhecimento. Muito obrigado a todos!
Jeilson Joel de Oliveira
Dedico este trabalho a todos que contribuíram direta ou indiretamente em minha formação
acadêmica.
Vivaldo Genezio de Queiroz
vi
Agradecimentos
Agradecemos a realização deste trabalho a Deus, que nos deu a vida.
Aos nossos familiares que estiveram ao nosso lado, apoiando, incentivando e
ajudando nas decisões difíceis e nos momentos em que pensamos em desistir.
Ao CENIPA por nos abrir as portas e ao Brigadeiro do Ar Luís Roberto do Carmo.
Lourenço por ter nos proporcionado esta oportunidade de pós-formação.
Ao ITA por favorecer a valorização profissional e intelectual dos recursos humanos
em prol do SIPAER.
À ANAC por proporcionar a possibilidade de que seus colaboradores estivessem
nesta empreitada.
Ao Professor Donizeti de Andrade pela dedicação incansável à formação acadêmica,
em especial para a área de Safety.
Ao Professor Marcelo Leão pelas orientações, ajuda e compartilhamento de ideias
nos checkpoints.
Aos demais professores do curso por dividirem conosco seus conhecimentos e
virtudes.
Aos colegas de curso por enriquecerem as discussões em sala de aula.
Aos colegas de grupo pelo trabalho em conjunto.
vii
“In medieval times, alchemists were seeking to turn base
metals into gold. A new form of alchemy is needed in
the organization. Let’s call it competence”.
(Thomas Durand)
viii
Resumo
O trabalho traz a proposta de um modelo de competências essenciais requeridas ao
investigador brasileiro de acidentes e incidentes aeronáuticos tendo por base os construtos do
conhecimento, habilidade, atitude e experiência. O modelo delineia pilares de competência
individual e as respectivas variáveis para aqueles que trabalham nesta função, com o objetivo
de auxiliar os processos de indicação, seleção, formação, treinamento e de educação
continuada deste profissional no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos. A proposta pretende reduzir a subjetividade da gestão de pessoas com uma
ferramenta de apoio para a autoridade de investigação aeronáutica no Brasil. Além disso, o
trabalho realiza um diagnóstico da realidade do investigador brasileiro de acidentes
aeronáuticos no que tange a sua experiência e grau de preparo para o exercício de sua função.
Palavras-Chave: Competência, Investigador de Acidentes Aeronáuticos, CENIPA,
Investigação de Acidentes Aeronáuticos, Modelo ASKE.
ix
Abstract
The work presents the proposal of a model of core competencies required from the Brazilian
Air Safety Investigator based on the constructs of knowledge, skill, attitude and experience.
The model outlines the individual competence pillars and respective variables for those
working as investigators, with the aim of assisting the processes of appointment, selection,
training and continuing education of such professionals of the Aeronautical Accidents
Investigation and Prevention Center. The proposal aims at reducing the subjectivity of
personnel management by means of a tool to support the aeronautical investigation authority
in Brazil. Moreover, the work makes a diagnosis of the reality of the Brazilian Air Safety
Investigators experience and level of preparation for the exercise of their function.
Keywords: Competence, Air Safety Investigator, CENIPA, Aeronautical Accident
Investigation, ASKE Model.
x
Lista de Figuras
Figura 1 Acidentes com Aeronaves Civis....................................................... 17
Figura 2 Fases da metodologia adotada........................................................... 23
Figura 3 Conceito de competência segundo a PNDP...................................... 33
Figura 4 Ação inicial....................................................................................... 41
Figura 5 Estrutura do Modelo ASKE com os construtos e suas variáveis...... 51
Figura 6 Marca do Modelo ASKE................................................................... 54
xi
Lista de Tabelas
Tabela 1 Estrutura do Questionário ao Investigador........................................ 25
Tabela 2 Resumo dos destinatários do questionário aplicado.......................... 28
Tabela 3 Competências para o Profissional..................................................... 31
Tabela 4 Processo de desenvolvimento de Competências............................ 32
Tabela 5 Definições dos componentes da competência segundo Durand....... 36
Tabela 6 Definição de experiência................................................................... 37
Tabela 7 Construto ATTITUDE (Atitude)....................................................... 52
Tabela 8 Construto SKILL (Habilidades/Capacidades)................................... 52
Tabela 9 Construto KNOWLEDGE (Conhecimento)..................................... 53
Tabela 10 Construto EXPERIENCE (Experiências, práticas realizadas).......... 53
xii
Lista de abreviaturas
AAIB - Air Accidents Investigation Branch
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil
ASN – Aviation Safety Network
ASO – Agente de Segurança Operacional
ASV – Agente de Segurança de Voo
BEA – Bureau d'Enquêtes et d'Analyses
CAIAA - Curso Avançado de Investigação de Acidentes Aeronáuticos
CBA – Código Brasileiro de Aeronáutica
CENIPA – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
CHA – Conhecimentos, habilidades e atitudes
CIAA - Curso de Investigação de Acidentes Aeronáuticos
CSV – Curso de Segurança de Voo
DFA - Divisão de Formação e Aperfeiçoamento
EC – Elemento Credenciado
FAB – Força Aérea Brasileira
FCA – Folheto do Comando da Aeronáutica
IAA – Investigador de Acidentes Aeronáuticos
IATA - International Air Transport Association
xiii
ICAO - International Civil Aviation Organization
ISASI - International Society of Air Safety Investigators
ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica
KSA - Knowledge, Skill and Abilities.
MCA – Manual do Comando da Aeronáutica
NSCA – Norma do Sistema do Comando da Aeronáutica
NTSB – National Transportation Safety Board
OSO – Oficial de Segurança Operacional
OSV – Oficial de Segurança de Voo
PNDP - Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas
RBAC – Regulamento Brasileiro de Aviação Civil
SIPAER – Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
TSB – Transport Safety Bureau
xiv
Sumário
1. Introdução................................................................................................................ 15
1.1 Contextualização........................................................................................................ 15
1.1.1 No Brasil................................................................................................................... 16
1.2 Problema de pesquisa................................................................................................. 18
1.3 Justificativa................................................................................................................ 19
1.4 Objetivos................................................................................................................... 21
1.5 Importância do tema.................................................................................................. 21
1.6 Delimitação do trabalho............................................................................................ 22
1.7 Metodologia............................................................................................................... 23
1.7.1 Questionário.............................................................................................................. 23
2 Revisão de literatura................................................................................................ 29
2.1 Conceitos de competências....................................................................................... 29
2.2 Construtos da competência...................................................................................... 35
3 A Investigação de acidentes aeronáuticos............................................................. 39
3.1 Breves definições...................................................................................................... 39
3.2 O papel do investigador............................................................................................. 42
4 Modelo ASKE – uma proposta............................................................................... 47
4.1 Base teórica............................................................................................................... 47
4.2 Estrutura do modelo.................................................................................................. 49
5 Apresentação dos resultados e análise dos dados................................................. 55
5.1 Apresentação dos resultados...................................................................................... 55
5.2 Síntese....................................................................................................................... 62
5.3 Limitações do estudo................................................................................................ 64
6 Conclusões, sugestões e propostas para trabalhos futuros........................ 66
6.1 Conclusões................................................................................................................ 66
6.2 Sugestões......................................................................................................... 70
6.3 Propostas para trabalhos futuros............................................................................... 71
Referências........................................................................................................................... 72
Apêndice A........................................................................................................................... 77
Apêndice B........................................................................................................................... 99
15
1 Introdução
1.1 Contextualização
Segundo dados da International Air Transport Association (IATA) (Revista Exame,
2013), a aviação é apontada como o meio de transporte mais seguro em todo o mundo,
especialmente, quando se considera o volume de tráfego aéreo, número de passageiros
transportados e número de aeronaves registradas. Ainda segundo aquele órgão, ocorre um
acidente a cada cinco milhões de voos em jatos. De acordo com números da associação, um
passageiro sofre acidente a cada 5,3 milhões de voos, o que significa que uma pessoa
precisaria voar todos os dias durante mais de 14 mil anos para atingir a marca.
De acordo com um estudo da Aviation Safety Network (ASN) (AVIATION SAFETY
NETWORK, 2013a), ocorreram 23 acidentes aéreos com fatalidades em voos comerciais em
2012, provocando cerca de 475 mortes. Esta marca representa o menor número de mortes
desde 1945. Em comparação, a média da última década foi de 34 acidentes e 773 mortos por
ano, mostrando que voar nunca foi tão seguro quanto no ano passado.
Apesar das estatísticas da atividade aérea apresentarem números otimistas, os
acidentes continuam a ocorrer em toda a aviação mundial. Os avanços tecnológicos aliados a
uma gestão de pessoas com foco no treinamento têm contribuído para a redução dessa taxa de
acidentes nos últimos anos. Desde 1997, a média mundial do número de acidentes
aeronáuticos tem mostrado declínio, provavelmente graças aos contínuos esforços dirigidos à
Segurança de Voo de algumas organizações internacionais de aviação, como a International
Civil Aviation Organization (ICAO) IATA, Flight Safety Foundation e a própria indústria
aeronáutica.
16
Este contexto reforça a importância de uma adequada preparação do investigador de
acidentes aeronáuticos face ao rápido desenvolvimento tecnológico e os desafios que surgem
para o desempenho do seu papel na investigação.
1.1.1 No Brasil
O mercado da aviação civil não poderia apresentar um cenário mais promissor: no
período entre 2003 e 2012, o volume de passageiros transportados apenas pela aviação
comercial mais que dobrou, saltando de 40 milhões para 100 milhões em 2012, segundo
dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) (GOLVEIA, 2012).
O país conta com a segunda maior frota de aeronaves do mundo, perdendo apenas
para os Estados Unidos. Segundo a IATA (GOLVEIA, 2012), o volume de passageiros na
América Latina passará dos 146 milhões em 2010 para 440 milhões em 2030, sendo que o
Brasil responderá por 48% deste total, com 211,2 milhões, conforme a estimativa. Ou seja, no
próximo decênio, o tráfego de passageiros no país crescerá duas vezes o volume atual.
Isto é, o setor continuará a se expandir mesmo com eventuais crises cíclicas como as
que têm afetado a indústria em âmbito global, destaque para as pressões inflacionárias
sofridas no Brasil, segundo a IATA (GOLVEIA, 2012). Isso acontecerá, pois os avanços
tecnológicos, a desregulamentação dos mercados e o aumento da competição, aliado à
perspectiva de crescimento econômico dos países em desenvolvimento e consequente
elevação da renda, continuarão a impulsionar o crescimento do setor aéreo.
A despeito desse panorama positivo apresentado mundialmente e acompanhado pelo
Brasil, segundo dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(CENIPA) (FCA 58-1, 2013) nos últimos dez anos, a aviação civil brasileira totalizou 1.026
acidentes, com perda de 300 aeronaves e de 983 vidas em 250 acidentes fatais (Figura 1).
17
Figura 1 - Acidentes com Aeronaves Civis (CENIPA, 2013).
Esses dados mostram que o número de acidentes só não é ainda maior devido ao
árduo trabalho desenvolvido por pessoas que se dedicam eficazmente à investigação e
prevenção de acidentes aeronáuticos, disseminando a filosofia da Segurança de Voo, a qual é
definida por medidas proativas, preditivas e reativas (ANAC, 2009).
Compete, assim, às autoridades brasileiras a manutenção e a garantia dos níveis de
confiabilidade e segurança do sistema. A investigação de acidentes aeronáuticos encontra-se
no escopo das medidas reativas que mantém a Segurança de Voo. Tal fato reforça a
importância da investigação e demonstra que as exigências sobre os investigadores aumentam
a cada dia. “Investigation is a discipline in evolution and as technologies and tecniques
become more advanced, so too the demands on the investigator will increase”
(BRAITHWAITE, 2004). Portanto, há que se demonstrar preocupação com o grau de preparo,
com a competência e com o perfil e os atributos desses investigadores e agentes de prevenção
de acidentes aeronáuticos, pois “An accident investigation is largely dependent upon the
18
aviation knowledge, skills and experience of the assigned aircraft accident investigators”.
(Circular ICAO 298 AN/172, 2003)
1.2 Problema de Pesquisa
O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA) determina que “compete ao SIPAER
planejar, orientar, coordenar, controlar e executar as atividades de investigação e de
prevenção de acidentes aeronáuticos”. Um dos principais pilares do SIPAER estabelece que a
investigação existe, única e exclusivamente, visando subsidiar as ações de prevenção.
Na bibliografia pesquisada, não foram encontrados estudos específicos que
apontassem as competências requeridas e desejadas para o investigador. No entanto, aliado a
esta observação, encontrou-se pouca produção científica focada principalmente nos OSV
(Oficiais de Segurança de Voo) e nos ASV (Agentes de Segurança de Voo), encarregados
pela investigação e responsáveis pela visão global de cada ocorrência.
Os modernos processos de recursos humanos, gestão de pessoas, recrutamento e
seleção demonstram a importância da descrição de cargo, elaboração do perfil, delineamento
das competências para que alguém assuma uma função dentro de uma empresa e seja um
colaborador na busca pelos objetivos da organização.
Segundo o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA, 1986) a tarefa de investigar
acidentes aeronáuticos ocorridos tanto na aviação civil quanto na militar, no Brasil, é atribuída
ao CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), organização
militar subordinada ao Comando da Aeronáutica.
Desta forma, de acordo com Souza (2012), um fator que influencia e dificulta a
formação continuada do investigador é a especificidade da carreira militar que possui elevada
e constante rotatividade de pessoal, impedindo o acúmulo e o compartilhamento da
experiência entre os investigadores em atividade, fato este atribuído à barreiras
19
organizacionais. O que permite, portanto, perceber que a investigação de acidentes
aeronáuticos é uma função e não uma carreira.
Observa-se, ainda, que não há na legislação do SIPAER ou em documentação do
CENIPA, registros de quais são as competências requeridas de um Investigador de Acidentes
Aeronáuticos. Tal fato permite que, cumprindo-se os requisitos mínimos registrados nesses
documentos, praticamente qualquer oficial interessado possa fazer o Curso de Segurança de
Voo, não se levando em conta conhecimentos prévios, experiências, habilidades e atitudes.
E, por isso, lança-se a seguinte questão: É possível se alcançar a excelência no exercício
de uma função cujos atributos ou as competências profissionais requeridas para assumir
aquela função ainda não estão pré-estabelecidas?
Acredita-se que o investigador brasileiro pode não conseguir atingir o
aprofundamento e a abrangência necessários à identificação de todos os fatores que
contribuíram para um dado acidente, o que impactará sobre as Recomendações de Segurança
e também, diretamente, na prevenção de novos acidentes.
Entende-se, deste modo, que o desenvolvimento profissional do investigador
brasileiro carece de profunda análise e revisão, pois os processos de Gestão de Pessoas estão
defasados por não se pautarem nas competências.
1.3 Justificativa
Torna-se pertinente, neste momento, justificar a escolha deste tema de pesquisa. O
mesmo está baseado em uma dissertação de mestrado, cujo objetivo foi auxiliar os
investigadores brasileiros a tornarem sua atuação mais técnica e científica, em que o autor
(SOUZA, 2012) demonstra que o Brasil assistiu a um crescimento considerável no número de
acidentes na aviação civil brasileira, maior que 40%, quando comparado com a média dos
quatro anos anteriores. A análise das tendências baseadas nas estatísticas produzidas pelo
20
CENIPA pode levar ao entendimento de que, lamentavelmente, o número relativo (índice) e
absoluto de acidentes continuará a subir nos próximos anos, gerando maior demanda na
investigação.
Considerando esse cenário, é possível inferir que o número de acidentes aliado ao
desenvolvimento tecnológico gerará maior demanda por aperfeiçoamento do investigador,
uma vez que a sua atuação tornar-se-á cada dia mais complexa.
Outro trabalho bastante relevante para este estudo é uma monografia na qual os
autores fizeram uma comparação entre o processo de formação do investigador de acidentes
aeronáuticos no Brasil e nos EUA com vistas a sugerir melhorias no modelo brasileiro que
aprimorassem os conhecimentos e as técnicas para a investigação de acidentes na Aviação
Civil (SOUZA e MELLO, 2003). Os autores analisaram estatisticamente a necessidade de
mudança na grade curricular do investigador e propuseram um Plano de Carreira para os
investigadores militares e um projeto de formação para investigadores civis.
Corroboraram desta forma, os trabalhos de Souza e Mello (2003) e de Souza (2012),
ao perceberem a necessidade do investigador de acidentes ter uma carreira ao invés de ser
uma função, como é atualmente, pois isso permitiria o aprimoramento e desenvolvimento do
profissional.
Hoje, o aprofundamento dos conhecimentos do investigador é deficitário, pelo fato
de não estar previsto que o oficial permaneça na função, não havendo o investimento
necessário.
Este trabalho se justifica, portanto, por unir-se aos citados na preocupação com a
formação do investigador e de descrever as competências dos investigadores de acidentes
aeronáuticos no Brasil, com vistas a propor melhorias nesse processo.
21
1.4 Objetivos
O presente estudo tem três objetivos primários:
1) Diagnosticar a realidade do Investigador de Acidentes Aeronáuticos
Brasileiro, no que tange ao seu grau de experiência e preparo;
2) Identificar, sob a óptica do Investigador de Acidentes Aeronáuticos no Brasil,
as competências para o exercício de sua função;
3) Propor um modelo de competências de um Investigador de Acidentes
Aeronáuticos.
1.5 Importância do tema
Durante a realização deste trabalho, não foram encontrados registros documentais no
CENIPA, desde a sua criação em 1971, nem na literatura acadêmica, de qualquer pesquisa
focada no investigador de acidentes aeronáuticos e nas suas competências requeridas. A
revisão da literatura aponta para poucos artigos, de alguns pesquisadores estrangeiros que se
limitam a especular quais as características desejáveis de um Investigador de Acidentes
Aeronáuticos. Considerando o material pesquisado, acredita-se que este estudo esteja imbuído
de pioneirismo acadêmico por apresentar uma proposta específica que versa sobre as
competências requeridas para o IAA brasileiro.
Além disso, para se alcançar a excelência no exercício de qualquer função é esperado
que, a priori, se defina o que é excelência na execução de uma determinada tarefa. Tornam-se
subjetivos os processos de seleção, treinamento, educação ou de formação profissional, cujas
competências requeridas para assumir uma função não estejam pré-estabelecidas. Por isso,
identificar as competências de um Investigador de Acidentes Aeronáuticos é o passo inicial
para um país que pretende ter profissionais qualificados em Segurança de Aviação. Esta é de
fato a maior contribuição deste trabalho que aponta os pilares que sustentam o bom
22
desempenho de um Investigador de Acidentes Aeronáuticos.
Em 2013, a International Society of Air Safety Investigators (ISASI) realizou seu 44°
Seminário Anual com o tema “Preparing the Next Generation of Investigators” e demonstrou
neste painel o interesse da comunidade internacional com o futuro deste profissional na
Segurança da Aviação. Com base neste contexto, este trabalho reafirma sua relevância, pois
busca maior cientificidade no mapeamento das competências deste profissional,
possibilitando, inclusive, uma melhor preparação das futuras gerações de investigadores
brasileiros de acidentes aeronáuticos.
1.6 Delimitação do Trabalho
Considerando as definições estabelecidas nas normas do SIPAER e a diversidade de
Elos que participam de investigações de acidentes aeronáuticos, este trabalho delimita-se a
realizar um estudo e diagnóstico com os Oficiais de Segurança de Voo (OSV), os Agentes de
Segurança de Voo (ASV), os Oficiais de Segurança Operacional (OSO), os Agentes de
Segurança Operacional (ASO), os Investigadores Master e Investigadores Sênior que
realizaram o Curso de Segurança de Voo (CSV) desde a criação do CENIPA até os dias
atuais. Assim, para a elaboração da proposta apresentada, é considerada a visão e a percepção
somente deste grupo de profissionais. Portanto, todos os demais Elementos-Credenciados
(EC) formados pelo SIPAER não foram considerados neste estudo.
23
1.7 Metodologia
De acordo com a visão de Lakatos e Marconi (2010), este estudo pode ser
classificado, quanto à sua finalidade, como aplicado, e quanto aos seus objetivos como
exploratório, por conta do seu ineditismo.
Assim para um melhor delineamento do processo metodológico, este estudo está
dividido em três fases distintas conforme apresentado na Figura 2:
Figura 2 – Fases da metodologia adotada
A primeira fase contemplou uma pesquisa bibliográfica e documental, nos manuais e
documentos técnicos relacionados ao Investigador de Acidentes Aeronáuticos e sua função
investigativa. Nesta fase buscou-se também revisar a literatura existente para compreender as
conceituações de competência na visão de pesquisadores e teóricos que se dedicaram a esta
temática.
Fase 3
Análise dos Resultados e
as considerações pertinentes
Fase 2 Elaboração e aplicação do questionário
aos Investigadores de Acidentes
Fase 1 Revisão da Literatura e
pesquisa documental
24
1.7.1 Questionário
Para garantir objetividade e precisão à metodologia adotada, a segunda fase deste
estudo envolve a realização de um questionário semiestruturado aplicado aos Investigadores
Brasileiros de Acidentes Aeronáuticos. Esta fase compreende os passos inerentes ao
planejamento e a execução de um Survey tais como: seleção e teste do website especializado
para questionários on-line, elaboração das questões, estruturação do questionário quanto a sua
identidade visual, escalas de classificação e tipo de questão, elaboração da carta de
apresentação da pesquisa enviada ao entrevistado, levantamento dos Investigadores
cadastrados no CENIPA e suas respectivas contas de e-mail, teste do questionário, envio,
coleta das respostas, gerenciamento dos prazos e fechamento do survey.
O gerenciamento e execução técnica para a construção das questões e elaboração
deste instrumento da pesquisa está sustentado pelo website Survey Monkey. Faz-se a opção
por esta plataforma on-line, pois a mesma possibilita alcance e credibilidade junto ao público
selecionado. Além disso, esta ferramenta on-line oferece praticidade e agilidade nas respostas
dos entrevistados, aliado aos baixos custos para os organizadores da pesquisa e simplicidade
na coleta dos resultados.
Desta forma, o questionário elaborado está estruturado em 10 páginas contendo 29
questões conforme Tabela 1.
25
Tabela 1 – Estrutura do Questionário ao Investigador
Pag. Título da Página Questões
1 Perfil do Investigador De 1 a 3
2 Experiência do Investigador De 4 a 10
3 Conhecimento do Investigador De 11 a 17
4 O Investigador e o CENIPA De 18 a 21
5 Percepção geral do Investigador De 22 a 23
6 Percepção específica do Investigador sobre Atitude 24
7 Percepção específica do Investigador sobre Conhecimento 25
8 Percepção específica do Investigador sobre Habilidade 26
9 Percepção específica do Investigador sobre Experiência 27
10 Comentários gerais do Investigador 28 e 29
Para elaboração das perguntas relacionadas à temática da competência, são
observadas as proposições de LAZAROTTO (2001; 2003; 2007), BRANDÃO, et al. (2008),
PRIMI, et al (2001). Assim sendo, a primeira página do questionário está constituída por três
questões relativas ao perfil dos entrevistados (faixa etária, tempo de serviço no SIPAER e ano
de realização do Curso de Investigação). A segunda página do questionário identifica a
experiência do investigador com perguntas sobre sua atuação (participação em ações iniciais,
comissões de investigação, etc.) desde a sua formação, bem como sua experiência recente.
Entende-se como experiência recente aquela adquirida nos últimos três anos. Este intervalo
temporal foi considerado tendo por base a NSCA 3-10 a qual determina este como sendo o
intervalo para a renovação da credencial emitida para o investigador. Desta forma, as questões
de 1 a 10 foram elaboradas com frases curtas e fundamentadas em ideias únicas. As
respectivas respostas das mencionadas questões estão estruturadas em faixas de valores
temporais ou ainda dentro de faixas de valores de referência estabelecidos na literatura
consultada.
26
A terceira página faz um diagnóstico da percepção do investigador sobre o seu
conhecimento técnico adquirido por meio de cursos e seminários de investigação. Além disso,
as questões desta página coletam também a opinião do entrevistado sobre quais áreas do
conhecimento precisam ser aprimoradas. Nesta página há uma autoavaliação sobre as
condições de preparo do investigador para exercer suas atividades de investigativas.
A quarta página do questionário está estruturada com questões que esclarecem o perfil
de relacionamento do investigador com o CENIPA, apresentando indagações sobre o interesse
do respondente em fazer outros cursos complementares à sua formação, quer por intermédio
daquele órgão ou custeado pelo respondente. As demais páginas coletam a percepção geral e
específica dos entrevistados sobre os construtos e suas respectivas variáveis que compõem as
competências elencadas pelos autores para o bom desempenho do investigador. Desta forma,
as questões de 24 a 27 avaliam a percepção específica dos investigadores acerca de cada
variável existente nos construto elencados como essenciais para a competência requerida ao
Investigador de Acidentes Aeronáuticos. Para tanto, é utilizada a escala do tipo Likert, que é
um tipo de escala de resposta psicométrica comumente usada em questionários para
avaliações de opinião dos respondentes, com base na escala, especificar seus níveis de
concordância ou não concordância com uma afirmação, com variáveis ordenadas de níveis de
respostas.
Essa escala foi constituída de seis pontos (variando de 1a 6 ) na composição das
respostas de cada variável. Nesse tipo de escala, todos os pontos recebem rótulos específicos,
como por exemplo, “1 — Extremamente desnecessário” “2— Muito desnecessário” “3 —
Desnecessário”, “4 — Necessário”, “5 — Muito necessário,” “6 — Extremamente
necessário”. A escolha de uma escala de 06 pontos, ou seja, par, que compulsa o entrevistado
a ter de se posicionar em relação aos questionamentos feitos para cada variável pesquisada.
Esta postura adotada na construção do questionário foi importante para testar as variáveis
27
propostas, pois elimina o posicionamento da indiferença do entrevistado face ao
questionamento estruturado.
Para que o entrevistado também não seja influenciado ou sugestionado em suas
respostas às questões de 24 a 27, especialmente em virtude do posicionamento de uma
determinada variável na sequência da questão, foi adotada a randomização oferecida pelo
website dos itens dentro destas questões. Cabe frisar que as mencionadas questões de 24 a 27
são semiestruturadas e ofereceram a possibilidade do entrevistado escrever outra variável não
estabelecida daquele construto, mas julgada adequada ao questionamento feito.
Após a conclusão de toda a estrutura do questionário, o mesmo foi submetido ao
primeiro teste com o objetivo de examinar a pertinência e a suficiência de seus itens para
consecução dos objetivos da pesquisa, bem como verificar se os enunciados, suas escalas e os
itens eram compreensíveis aos respondentes. Esse teste foi realizado com 2% da amostra
existente, ou seja, 12 (doze) entrevistados. Com base em todas as observações feitas pelos
respondentes, as questões foram corrigidas sendo também submetidas a uma revisão
gramatical e semântica. Realizou-se então um segundo teste do questionário com 1% da
amostra. A inexistência de novas considerações sobre o questionário estruturado apontou para
o aprimoramento da ferramenta. A partir de então, o questionário foi aprovado para aplicação.
Foi elaborada também uma carta convite aos entrevistados apresentando a intenção do
grupo em desenvolver uma pesquisa focada no Investigador de Acidentes Aeronáuticos no
Brasil. Esta carta detalha os objetivos da pesquisa, o caráter confidencial das respostas, o
número de perguntas, o tempo médio para conclusão do questionário, além dos
agradecimentos à colaboração do respondente e demais orientações. (Ver Carta de
apresentação- Apêndice B). O próprio website Survey Monkey gerenciou o envio da carta para
todos os endereços eletrônicos cadastrados, contendo também um link exclusivo para cada
28
participante que o redireciona para o questionário. Esta característica da plataforma escolhida
evitou a duplicidade de respostas e proporcionou o controle efetivo dos entrevistados.
Assim, no dia 07 de agosto de 2013 às 12:25 h foi iniciada pelo Survey Monkey o
envio do questionário a todos os 652 endereços eletrônicos previamente cadastrados dos
investigadores de acidentes aeronáuticos civis e militares brasileiros (OSV, OSO, ASV, ASO,
Investigadores Sênior e Investigadores Master) que realizaram o Curso de Investigação no
CENIPA. O coletor de respostas do website foi encerrado no dia 22 de agosto de 2013 às
16:10 com 283 questionários respondidos. O número de respostas alcança a marca de 43,4 %
da população inicial cadastrada, considerada representativa para os fins desta pesquisa
conforme Tabela 2. Acredita-se que a elevada taxa de retorno se deve ao fato de que os
investigadores estavam precisando de um espaço em que pudessem ser ouvidos e, também, às
características da ferramenta escolhida.
Cabe ressaltar que entre o período de 7 a 22 de agosto foram realizados 2 (dois)
“Reminder” - (reenvio do convite) para os entrevistados que não haviam respondido ao
questionário na ocasião.
Tabela 2– Resumo dos destinatários do questionário aplicado
Destinatários Contabilizados
1 Não respondidos 369
2 Respondidos 283
Respondidos Completamente 263
Respondidos Parcialmente 20
3 E-mail retornados (não existentes) 8
4 Solicitação de remoção da lista 2
5 TOTAL DE DESTINATÁRIOS 652
29
Após a conclusão da segunda fase do processo metodológico adotado, este estudo,
ingressou na terceira e última fase que é a análise dos resultados obtidos, as reflexões
pertinentes e suas respectivas considerações com bibliografia estudada.
30
2 Revisão de Literatura
Este capítulo revê as conceituações mais aceitas pelos estudiosos sobre a
competência, avalia e define suas principais dimensões, incluindo o construto experiência.
2.1 Conceitos de Competências
O termo competência vem sendo utilizado largamente quando no contexto das
organizações, bem como nas relações destas com os indivíduos e dos indivíduos entre si.
Como este trabalho traz, dentre seus objetivos, a apresentação de uma proposta de
modelo para a definição de competências aplicadas aos investigadores de acidentes
aeronáuticos, torna-se imperiosa uma conceituação de competências delimitada ao contexto
das relações entre a atividade a ser desempenhada (a investigação em si) e a organização (o
CENIPA) a qual estes profissionais pertencem ou estão engajados.
Fleury e Fleury (2001) apresentam um artigo no qual traçam uma linha histórica
sobre os estudos e definições do termo competências. Segundo os autores, um dos primeiros
debates sobre o assunto foi apresentado por MaClelland, em 1973, ao publicar o paper
Testing for Competence rather than Intelligence.
Outros autores, principalmente psicólogos e administradores norte-americanos,
apresentaram outras definições e aplicações do termo competência, tendo em comum o foco
no indivíduo e na sua capacidade de realizar tarefas ou de lidar com determinadas situações
(FLEURY e FLEURY, 2001).
O professor Thomas Durand, em seu artigo The Alchemy of Competence, defendendo
a ideia de que a competência é um dos ativos essenciais para a estratégia das organizações,
conceitua o termo como sendo o ato de transformar recursos e ativos em lucro (DURAND,
1998).
31
Ao abordar o conceito de competências, com base nas várias dimensões, Durand
(1998), utiliza o termo a partir das ideias pedagógicas do filósofo e educador suíço Heinrich
Pestallozzi.
Assim, Durand (1998) apresenta as três dimensões básicas da competência:
knowledge, know-how e attitude. Complementa sua proposta de definição inferindo que essas
dimensões são mutáveis, em maior ou menor grau, a depender do contexto, do indivíduo e dos
objetivos organizacionais: “while the profile of competence of an historian should clearly be
positioned close to the knowledge axis, the engineer would be placed further down the know-
how dimension while the politician would be expected to be closer to the attitudes axis.”
(DURAND, 1998, pág. 22)
Após analisar também os estudos dos franceses Zarifian e Le Boterf – os quais
extrapolam o foco no indivíduo e acrescentam conceitos como as relações sociais e as
experiências e complexidades culturais e educacionais – e a influência das academias norte-
americana e francesa nos estudos apresentados por autores brasileiros, Fleury e Fleury (2001,
pág. 188) definem competências “como um saber agir responsável e reconhecido, que implica
mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor
econômico à organização e valor social ao indivíduo”. A Tabela 3, apresentada por Fleury &
Fleury e baseado na obra de Le Boterf, esclarece esta definição de competências:
32
Tabela 3: Competências para o Profissional
Fonte: (FLEURY e FLEURY, 2001, p. 188)
Ao se observar os aspectos relativos ao processo de aprendizagem e o
caminho do conhecimento numa organização para o desenvolvimento das competências
requeridas, Fleury & Fleury apresentam na Tabela 4 a proposta de Le Boterf a qual busca
esclarecer, ainda, que as mudanças comportamentais relativas a competências se dão
exclusivamente no ambiente organizacional, devido à estreita relação entre os objetivos
compartilhados pela organização e por seus profissionais.
Saber agir Saber o que e por que faz. Saber julgar, escolher, decidir.
Saber mobilizar
recursos Criar sinergia e mobilizar recursos e competências
Saber comunicar Compreender, trabalhar, transmitir informações,
conhecimentos.
Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a experiência, rever modelos
mentais; saber desenvolver-se.
Saber engajar-se e
comprometer-se Saber empreender, assumer riscos. Comprometer-se.
Saber assumir
responsabilidades
Ser responsável, assumindo os riscos e consequências de
suas ações e sendo por isso reconhecido.
Ter visão estratégica Conhecer e entender o negócio da organização, o seu
ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
33
Tabela 4: Processo de desenvolvimento de Competências l
Fonte: (FLEURY e FLEURY, 2001, p. 192)
Importante notar a função descrita dos diversos tipos de conhecimentos e a
presença dos processos educativos e da experiência profissional no desenvolvimento das
habilidades e atitudes do profissional.
Assim, para desenvolver, por exemplo, determinadas habilidades (saber como fazer),
seria necessário buscar o conhecimento empírico por meio da experiência profissional do
indivíduo. Para desenvolver conhecimentos relativos a normas técnicas seria necessário um
processo de educação formal e continuada. Na mesma linha, determinadas atitudes seriam
desenvolvidas por meio de experiências sociais e profissionais (cultura e ambiente
organizacional).
Tipo Função Como Desenvolver
Conhecimento teórico. Entendimento, interpretação. Educação formal e
continuada.
Conhecimento sobre os
procedimentos. Saber como proceder.
Educação formal e
experiência profissional.
Conhecimento
empírico. Saber como fazer. Experiência profissional.
Conhecimento social. Saber como comportar-se. Experiência social e
profissional.
Conhecimento
cognitivo.
Saber como lidar com a
informação, saber como
aprender.
Educação formal e
continuada, e experiência
social e profissional.
34
No âmbito do poder público brasileiro, observa-se que a Administração Pública
Federal instituiu em 2006 a sua Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoas (PNDP)
como parte da Gestão por Competências da Administração Pública. . O Decreto nº 5.707, de
23 de fevereiro de 2006 é o principal marco legal e delineia as ações necessárias para que os
órgãos públicos federais executem e obtenham os melhores resultados advindos da nova
prática.
Dessa forma, coube ao Ministério do Planejamento a criação de um guia com o
intuito de promover, divulgar e capacitar os órgãos quanto aos principais conceitos inerentes à
implantação desse novo modelo de gestão de pessoas. A PNDP define competências como
“um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao desempenho das
funções dos servidores, visando ao alcance dos objetivos da instituição” (BRASIL, 2013). A
Figura 3 representa graficamente os principais construtos do termo na visão aplicada pelo
Governo Federal:
Figura 3 - Conceito de competência segundo a PNDP
Importante notar, na Figura 3, a introdução do construto desempenho, sendo este
considerado pela Administração Pública um fator relevante na gestão de seu pessoal.
Nota-se que na própria literatura há uma diversidade de dimensões propostas para o
conceito de competências. Entretanto, há uma uniformidade maior no que diz respeito à sua
35
composição pelos pilares conhecimentos, habilidades e atitudes. Alguns autores preferem
substituir o termo atitudes por experiências. Também é consenso que existe uma
interdependência entre estes componentes (GROHMANN, et. al, 2010).
Considerando, portanto, que dentre os vários conceitos de competências há uma
maior aceitação de que o termo abrange um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
(CHA), e que as competências podem ser classificadas “como competências organizacionais
(inerentes à organização como um todo ou a uma de suas unidades produtivas) e individuais
(relacionadas a indivíduos)” (GUIMARÃES, BRUNO-FARIA e BRANDÃO, 2007, PÁG.
217), apresentadas no próximo tópico esses três principais eixos, ou construtos, com o foco no
indivíduo, de forma a auxiliar no entendimento dos pilares necessários para a construção das
competências inerentes à atividade de investigação de acidentes aeronáuticos no Brasil.
36
2.2 Construtos da Competência
Após definido e contextualizado o termo competência, tratar-se-á dos seus principais
componentes, os construtos: conhecimentos, habilidades e atitudes. Também discorre-se sobre
o construto experiências, o qual merece destaque, pois extrapola a definição de competências
e apresenta uma ideia da aplicabilidade do saber fazer aliada à vivência do indivíduo e da
organização.
Arthur Brühlmeier (2010) debate a tríade “cabeça, coração e mão”, atribuída às
ideias pedagógicas e filosóficas de Pestalozzi. Segundo o autor, Pestalozzi, na tentativa de
desenvolver um método educacional igualitário para todas as classes sociais e tipos de
pessoas, inferiu que o ser humano, para sua correta inserção social, deve possuir estes três
elementos, pois são inerentes à natureza humana. Cada um destes órgãos representa um
construto importante para a formação e contextualização do homem no meio: a cabeça,
representando todas as funções psicológicas e intelectuais; o coração, relativo à diversidade de
sentimentos inerentes às nossas percepções, nosso julgamento, aspectos morais, amor e fé; e a
mão, representando os diversos tipos de destreza e força, os quais exprimem o poder de ação
do homem, desde habilidades manuais até sociais.
A tríade abordada por Pestalozzi parece apresentar relação direta com as dimensões
que compõem a definição de competência. Partindo da premissa de que a natureza humana é
delineadora das formas de interação do homem com o meio, seja no contexto educativo, seja
no contexto laboral/organizacional, torna-se viável a percepção da existência de uma
compatibilidade entre os construtos “cabeça, coração e mão” e a matriz CHA (conhecimentos,
habilidades e atitudes).
A tabela 5 traz as definições de Durand quanto aos construtos principais que
compõem a competência:
37
Tabela 5 - Definições dos componentes da competência segundo Durand
Conhecimentos
O conhecimento (C) está relacionado ao conjunto
de informações assimiladas e estruturadas ao
longo da vida pelo indivíduo, que adquirem
significado e relevância e dão racionalidade ao
mundo que o cerca. Esta dimensão abrange o
SABER, SABER O QUE e PORQUE FAZER.
Habilidades
A habilidade (H) é a capacidade do indivíduo de
fazer uso produtivo do conhecimento, consiste na
aplicação e apropriação dos conhecimentos para a
consecução de uma ação, visando alcançar um
propósito específico. Este
componente refere-se ao SABER COMO
FAZER.
Atitudes
A atitude (A) refere-se aos aspectos sociais e
afetivos no contexto do trabalho. Ela também diz
respeito ao julgamento da pertinência da ação, à
ética do comportamento, aos valores, aos aspectos
da iniciativa e criatividade. Está relacionada à
dimensão do SABER AGIR ou QUERER
FAZER.
GROHMANN et. al (2010) ao estudar a influência dos componentes das
competências gerenciais no desempenho do profissional, apresenta a experiência em lugar da
atitude como um desses componentes: “de forma muito clara para Magalhães e Rocha (1997,
p.14 apud GROHMANN, et. al, 2010) competência é ‘um conjunto de conhecimentos,
habilidades e experiências que credenciam um profissional a exercer determinada função’”.
38
Portanto, a essas três dimensões (CHA) se junta a dimensão da experiência, citada
tanto por Grohmann et. al quanto por Fleury e Fleury, conforme exposto na Tabela 4. O papel
da experiência profissional e social parece ser fundamental para que se complete o alcance
dos objetivos no que tange à aquisição das competências necessárias ao desempenho de
determinada atividade laboral.
À Tabela 6, inclui-se a definição abaixo, cujo conceito complementa a proposta de
modelo de competências deste estudo:
Tabela 6 - Definição de experiência
Experiências
A experiência (E) alia-se ao SABER AGIR ou
QUERER FAZER, mas numa dimensão da
aplicação prática de atributos desenvolvidos ao
longo da vida profissional ou social do indivíduo.
Ao decompor, então, as competências dos investigadores de acidentes aeronáuticos
do Brasil, sugere-se atenção, também, ao construto experiência devido à carga de atributos os
quais podem ser adquiridos, compartilhados e reconstruídos quando do desempenho das
atividades da função ao longo do tempo de disponibilidade do indivíduo para tal.
Reforça a ideia da adoção de um modelo que priorize as competências numa
organização o estudo de BAHRY e TOLFO (2007), ao corroborar que “as organizações
buscam criar mecanismos para ampliar a capacidade e a velocidade da aprendizagem”. As
autoras levam em consideração a criação de modelos de gestão por competências dentro de
um contexto de investimentos tanto no âmbito educacional quanto na criação de sistemas de
treinamento e desenvolvimento dos profissionais de uma organização.
39
Assim, os demais capítulos devem ser lidos sob o entendimento de que competência,
no âmbito organizacional, é um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e
experiências. Cada um desses construtos interage com os outros, de forma sistêmica e
interdependente. Este conceito é a base para a apresentação de um modelo específico para a
gestão das competências dos investigadores de acidentes aeronáuticos brasileiros, conforme
será exposto mais especificamente no capítulo 4.
40
3 A Investigação de Acidentes Aeronáuticos
O presente capítulo apresenta ao leitor o que é a investigação de acidentes
aeronáuticos no Brasil, definições e legislações que permeiam esta atividade. Além disso,
demonstra o papel do investigador de acidentes no Brasil, para embasar o modelo proposto no
capítulo seguinte.
De acordo com o Anexo 13 (ICAO, 2010) a investigação de acidentes aeronáuticos é
um processo conduzido com o objetivo de prevenção de acidentes, a qual inclui a coleta e
análise de informações, a elaboração de conclusões, incluindo a determinação dos fatores
contribuintes e, finalizando com a formulação de recomendações de segurança. Essas são as
funções básicas da atividade do investigador.
A investigação pelo Sistema de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos
(SIPAER) visa, tão somente, apurar os fatores contribuintes de cada acidente para prevenir
futuras recorrências. Ressalta-se que o trabalho do investigador não visa apontar os culpados e
sim levantar os fatores contribuintes pela ocorrência do acidente aeronáutico e com isso
mitigá-los através da confecção das recomendações de segurança de voo.
3.1 Breves Definições
Segundo a Circular da ICAO 298-AN/172 (2003), o investigador de acidente
aeronáutico é a pessoa envolvida na investigação de acidentes aéreos, incidentes e outros
riscos da segurança da aviação. Também dentro desta legislação, há um conceito mais
refinado que se refere ao investigador encarregado (Investigator-in-Charge), sendo este, com
base em suas qualificações, a pessoa responsável pela organização, condução e controle de
uma investigação.
41
De acordo com o guia de treinamento e educação da ISASI (International Society of
Air Safety Investigators) (1999), o investigador é a pessoa que está ou tem estado ativamente
engajada na investigação de acidentes ou incidentes aéreos ou em atividades de prevenção de
acidentes destinadas a identificar, eliminar ou controlar os riscos de aviação antes de resultar
em acidentes ou incidentes.
Segundo a Norma de Sistema do Comando da Aeronáutica – NSCA 3-13 (BRASIL,
2013c), as ocorrências aeronáuticas classificadas como Acidente Aeronáutico e Incidente
Aeronáutico são assim definidas:
1) Acidente Aeronáutico - É toda ocorrência aeronáutica relacionada à operação de
uma aeronave, no caso de uma aeronave tripulada, havida entre o momento em que
uma pessoa nela embarca com a intenção de realizar um voo até o momento em que
todas as pessoas tenham dela desembarcado ou, no caso de uma aeronave não
tripulada, toda ocorrência havida entre o momento que a aeronave está pronta para
se movimentar, com a intenção de voo, até a sua inércia total pelo término do voo, e
seu sistema de propulsão tenha sido desligado e, durante os quais, pelo menos uma
das situações abaixo ocorra:
a) uma pessoa sofra lesão grave ou venha a falecer como resultado de:
- estar na aeronave;
- ter contato direto com qualquer parte da aeronave, incluindo aquelas
que dela tenham se desprendido; ou
- ser submetida à exposição direta do sopro de hélice, ao rotor ou
escapamento de jato, ou às suas consequências.
2) Incidente Aeronáutico - É toda ocorrência aeronáutica relacionada com a
operação de uma aeronave que não chegue a se caracterizar como um acidente
aeronáutico, mas que afete ou possa afetar a segurança da operação.
Ainda na NSCA 3-13 (BRASIL, 2013c, p. 8), a ação inicial é assim definida:
Realização de medidas preliminares no local de uma ocorrência aeronáutica, de
acordo com técnicas específicas, e por pessoal qualificado e credenciado, tendo por
objetivo, entre outros: a coleta e/ou confirmação de dados; a preservação de indícios;
a apuração inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento
de outras informações necessárias ao processo de investigação.
42
Figura 4 - Ação inicial (PORTALFAB, 2011).
Segundo a NSCA 3-10 (BRASIL, 2013a), o Agente de Segurança de Voo (ASV) ou
Oficial de Segurança de Voo (OSV) é todo aquele concludente do Curso de Investigação de
Acidentes Aeronáuticos (CIAA) que estará habilitado para o desempenho das atividades de
investigação de ocorrências aeronáuticas no âmbito do SIPAER .
Investigador Sênior é o ASV ou OSV que concluiu o estágio especializado de pós-
formação em investigação no âmbito da aviação civil, estando habilitado a conduzir
investigações de ocorrências aeronáuticas, no âmbito da aviação civil, exceto ocorrências de
operadores regidos pelo RBAC 121 e 129 (BRASIL, 2013a).
Investigador Máster é o Investigador Sênior que concluiu o Curso Avançado de
Investigação de Acidentes Aeronáuticos (CAIAA) e estágio avançado de pós-formação em
investigação no âmbito da aviação civil, estando habilitado a conduzir investigações de
ocorrências aeronáuticas, no âmbito da aviação civil, de operadores regidos pelos RBAC 121
e 129 e a assumir a função de Representante Acreditado em investigações conduzidas por
organizações estrangeiras (BRASIL, 2013a).
43
O Representante Acreditado é um investigador com qualificação requerida e indicado
pelo Estado Brasileiro, por meio do CENIPA, para ser o responsável pelo acompanhamento
da investigação um acidente ou incidente grave com aeronave civil de Registro, ou de
Operador, ou de Projeto ou de Fabricação brasileira, quando este ocorrer no exterior (NSCA
3-13, 2013).
O Relatório Final é um documento formal, destinado a divulgar a conclusão oficial
do SIPAER, fundamentado nos elementos de investigação (informações factuais), na análise,
na conclusão e nas Recomendações de Segurança de Voo relativas a um acidente aeronáutico,
incidente aeronáutico grave ou incidente aeronáutico, visando, exclusivamente, à prevenção
de novas ocorrências (BRASIL, 2013c).
A Comissão de Investigação trata-se de um grupo de pessoas designadas, em caráter
temporário, lideradas e supervisionadas pelo Investigador-Encarregado, de acordo com suas
qualificações técnico-profissionais, para cumprir tarefas técnicas de interesse exclusivo da
investigação para fins de prevenção, devendo ser adequado às características de cada
ocorrência (BRASIL, 2013c).
Todos esses conceitos e definições são importantes para se perceber o quanto é
complexa a investigação de uma ocorrência aeronáutica, passando por uma breve descrição da
investigação e do investigador de acidentes, suas competências e habilidades, assim como
toda a trajetória requerida e necessária para uma boa investigação.
3.2 O Papel do Investigador
No prefácio do Manual do Comando da Aeronáutica-MCA 3-6 (2011, p. 9) encontra-
se a descrição: “com o passar dos anos, a crescente sofisticação da indústria do transporte
aéreo tem exigido um conhecimento cada vez mais profundo e sistematizado da infraestrutura
aeronáutica por parte dos investigadores do SIPAER”.
44
Bieniek & Miguel, (2001, p.24) retratam ainda como fator preocupante para o
SIPAER a falta de pessoal técnico qualificado diante do aumento no número de ocorrências
aeronáuticas com aeronaves cada vez mais complexas.
Este contexto reforça a importância de uma adequada preparação do investigador de
acidentes aeronáuticos frente ao rápido desenvolvimento tecnológico e aos desafios que
surgem para o desempenho do seu papel na investigação.
A Circular da ICAO 298-AN/172 (ICAO, 2003) enfatiza que os investigadores
devem ter compreensão da profundidade da investigação em conformidade com a legislação,
regulamentos e outras exigências do Estado para o qual eles estão conduzindo a investigação.
Além disso, eles devem ter conhecimento de técnicas de investigação de acidentes
aeronáuticos (adquiridos com a prática de campo), além da compreensão das operações de
aeronaves e das áreas técnicas relevantes da aviação. Aliado aos aspectos já citados, o
documento ainda reforça que os investigadores devem ter a habilidade de identificar, coletar,
documentar, preservar e analisar as evidências pertinentes com o objetivo de determinar os
fatores contribuintes e, se apropriado, produzir recomendações de segurança. Não obstante as
habilidades técnicas mencionadas, habilidades gerenciais também serão necessárias ao
investigador para obter, gerenciar os recursos e o suporte técnico requerido naquela
investigação. Por fim, o documento da ICAO ainda reafirma que ele deve ter a habilidade de
escrever o relatório final que atenda as exigências da autoridade de investigação de acidentes
do Estado que efetua a investigação.
Segundo Braithwaite (2004), quando a Universidade de Cranfield na Inglaterra
iniciou em 2003 o desenvolvimento de um curso multimodal na área de segurança nos
transportes e focado na investigação de Acidentes, fez a opção por destacar as habilidades
fundamentais necessárias ao investigador de acidentes. Assim, no primeiro encontro do curso
em meados de maio de 2004, participantes do curso foram convidados a definir o que é um
45
bom investigador. A partir dali, foram elencadas algumas características desejáveis de um
bom investigador que foram assim descritas: mente aberta, foco no essencial de um grande
cenário, saber partir de um começo, pedir ajuda quando necessário, ser curioso, ser lógico, ser
cooperativo, ser minucioso, ter uma visão além do óbvio, ter boas habilidades observacionais
e analíticas, ter um olhar detalhista, ser empático, ser digno de confiança e ético, ser
imparcial, planejar com antecedência, ser bom comunicador, ser flexível, ser confiante nas
decisões, ser capaz de “desligar-se”, se preocupar com o bem-estar de si e dos outros, não
perder o óbvio e ser motivado. Conforme observado, associações, universidades e organismos
internacionais tentam elaborar os atributos ou competências desejáveis em bom investigador.
Segundo documento do governo americano Position Classification Standard for Air
Safety Investigating Series, GS-1815, o investigador deve ter a devida especialização na área
de atuação quando envolvido na investigação de acidentes aeronáuticos. Conforme citado no
documento, os investigadores de segurança aérea de campo devem conduzir auditorias de
segurança e são obrigados a testemunhar em audiências ou ações judiciais como as
autoridades integrantes em investigações de acidentes. Ou seja, o investigador de campo deve
ter o devido preparo para lidar com situações que envolvem ações judiciais. Os investigadores
especializados em aeronavegabilidade são obrigados a desenvolver, organizar e monitorar
estudos em laboratório e testes de peças com defeito ou mau funcionamento para isolar a
causa. Eles são responsáveis pela realização de estudos de navegabilidade para determinar as
formas e meios de reduzir acidentes e tendências de ocorrência de risco observados em
estudos gerais. O investigador especializado em operações participa de investigações de
campo e apresenta ao Conselho, com a assessoria de especialistas, a informação em tal campo
especializado como: meteorologia, controle de tráfego aéreo e o tipo de operação em que a
aeronave se encontra envolvida.
46
Ainda no Position Classification Standard for Air Safety Investigating Series, GS-
1815, são ressaltadas as características comuns que os investigadores de acidentes
aeronáuticos devem ter tais como: experiência, conhecimento e um bom julgamento. Além
disso, o documento reforça que o investigador deve ter compreensão completa de sistemas de
aeronaves de modo a utilizar todo o seu conhecimento em prol da investigação e concluí-la de
forma satisfatória, para identificar os fatores contribuintes. Daí a importância da constante
atualização com as novas tecnologias aeronáuticas implementadas nos projetos aeronáuticos
desenvolvidos.
A Sociedade Internacional de Investigadores de Acidentes Aeronáuticos (ISASI)
também publicou diretrizes para o treinamento e formação do investigador, em que enuncia
aquilo que acredita ser apropriado e benéfico para as investigações de acidentes, bem como o
que considera ser indispensável em termos de conhecimento, habilidade e atitude para o
investigador.
O documento define o investigador como a pessoa que está efetivamente engajada na
investigação de acidentes ou incidentes aeronáuticos ou na prevenção de acidentes designados
para identificar, eliminar e controlar dos danos na aviação antes que resultem em acidentes ou
incidentes. A instituição diferencia ainda o termo investigador encarregado, como a pessoa
responsável, baseado em suas qualificações com a responsabilidade pela organização,
condução e controle de uma investigação.
As diretrizes são voltadas para organizações que tenham a necessidade de conduzir
investigações de acidentes aeronáuticos, tal qual o CENIPA. Segundo a ISASI, os
investigadores de acidentes aeronáuticos vêm de diferentes formações, por isso, descrever um
currículo específico seria inapropriado. Define, assim, algumas áreas consideradas
apropriadas para que o investigador tenha conhecimento, sejam elas: Matemática e ciência,
engenharia, habilidades de comunicação verbal, escrita e de elaboração de relatórios técnicos,
47
ciência da computação; gerenciamento, psicologia e habilidades cognitivas de análise.
A ISASI estabelece um extenso currículo de conhecimentos básicos e práticas
recomendadas para o investigador. Além disso, orienta quanto a formas de obter a
capacitação, deixando claro que não indica nenhum curso. E ressalta também que, de maneira
informal, é possível melhorar a capacitação por meio da prática como observador,
acompanhando algumas investigações conduzidas por agências governamentais.
O papel do investigador está em evidência e esta constatação ocorreu no 44º
seminário anual da ISASI, em Vancouver, no Canadá. No período de 19 a 22 de agosto de
2013, a ISASI debateu o tema “Preparing the next generation of Investigators”.
Assim, antes de se traçar estratégias de treinamento e de educação voltada para
investigadores de acidentes aeronáuticos, faz-se necessário definir, a priori, as verdadeiras
competências desta função a fim de possibilitar um papel bem definido e a realização de uma
tarefa capaz de contribuir com maior efetivamente para a Segurança da Aviação no Brasil.
48
4 Modelo ASKE – Uma Proposta
Diante do exposto nos capítulos anteriores, considera-se desejável que as autoridades
de investigação aeronáuticas em cada Estado estabeleçam as competências requeridas de seus
respectivos investigadores de acidentes. Afinal para se alcançar a excelência no exercício de
qualquer função é esperado que, a priori, se defina o que é excelência na execução daquela
tarefa. Além disso, quando competências funcionais estão mapeadas reduz-se o grau de
subjetividade nas tomadas de decisão, uma vez que este instrumento pode apontar para uma
melhor formação e qualificação profissional.
Isto pode parecer novidade, mas esta ferramenta já foi desenvolvida em outras áreas
especialmente para a seleção de novos empregados. O próprio Governo Americano por meio
de seu website U.S. Office of Personnel Management utiliza o Knowledge, Skill and Abilities
(KSA). O KSA é usado pelas agências de contratação para avaliar um conjunto de candidatos
e fazer determinações iniciais sobre os melhores candidatos qualificados para uma posição
particular.
Entretanto, com base na literatura pesquisada, não foi encontrado um Modelo
metodologicamente desenvolvido com foco na competência dos Investigadores de Acidentes
Aeronáuticos. Desta forma, e devido à inexistência de um modelo que estabelece as
competências de um investigador aeronáutico, considerando as principais dimensões inerentes
às suas funções, este trabalho propõe o modelo ASKE (Attitude Skill Knownledge
Experience).
4.1 Base Teórica
A partir das pesquisas na área da educação promovidas por Pestalozzi em 1797 e
descritas por Brühlmeier (2009), surge a famosa trindade head, heart and hand. Pestalozzi, de
49
forma metafórica, apresenta a visão de que a interação plena do conhecimento (head), da
habilidade (hand) e da atitude (heart) de um indivíduo conduz ao desenvolvimento humano.
Com base nestas visões iniciais de Pestalozzi, Durand (1998) constrói o conceito de
competência baseado em três dimensões: conhecimento, habilidade e atitude. Para Durand, as
competências são “conjuntos de conhecimentos, habilidades e atitudes interdependentes e
necessárias à consecução de um determinado propósito”.
O modelo ASKE surge da composição dos construtos de Durand (1998) e da
adaptação do modelo de Lazzarotto (2001). O modelo de Lazzarotto (2001) trabalha com 20
variáveis para mensurar conhecimentos, 16 para habilidades e 15 para atitudes.
Para adaptar e compor com pertinência as variáveis associadas aos construtos
estabelecidos para as funções de um investigador de acidentes aeronáuticos considerou-se o
artigo de Braithwaite (2004) apresentado na ISASI naquele ano, onde o autor elenca os 22
atributos de um bom investigador. Considera-se também nesta composição as características
comuns do Investigador de acidentes aeronáuticos descritas no documento Position
Classification Standard for Air Safety Investigating Series, GS-1815 do governo americano.
Para a elaboração do modelo proposto consideram-se também as peculiaridades do
investigador descritas nas normas do SIPAER, em específico as constantes na NSCA 3-6,
NSCA 3-10 e da NSCA 3-13.
Entretanto, ao analisar as tarefas afetas à função de um investigador de acidentes
aeronáuticos, identifica-se além dos três construtos (Conhecimento, Habilidade e Atitude)
propostos por Durand (1998) um quarto possível construto: a experiência de aprendizagem. A
Experiência, como possível construto em análise nesta pesquisa, está diretamente relacionada
ao construto Conhecimento. Afinal, a experiência do investigador é o aprendizado em ação,
ou seja, aprende-se fazendo. As vivências adquiridas em uma ação inicial no local do
acidente, na participação em comissões de investigação e até mesmo a experiência como
50
Investigador-encarregado promovem o intercâmbio inclusive com as dimensões do
Conhecimento e da Habilidade. A experiência neste contexto reforça o conhecimento técnico
formal, e desenvolve também o conhecimento tácito, não formalizado e subjetivo. Como cada
acidente tem particularidades únicas, e a experiência do investigador também está restrita
àquele tipo de vivência experimentada. Porém, aquela experiência adquirida pode servir de
base para futuros processos investigativos, sendo então sob a óptica deste trabalho, um
construto a ser testado e adaptado ao modelo inicial proposto por Durand (1998).
4.2 Estrutura do Modelo
Assim, o modelo ASKE está sustentado por quatro construtos originários das
palavras inglesas Attitude (atitude), Skill (habilidade), Knowledge (conhecimento) e
Experience (experiência), e assim definidos:
1) Attitude (Atitude) – “Querer fazer / interesse / determinação”– Esse construto
refere-se ao componente da motivação intrínseca, ou aquele relacionado ao
desejo, à disposição ou à satisfação pessoal do indivíduo pelo trabalho que realiza.
2) Skill or ability (Habilidade) – “Saber como fazer /destreza / capacidade” –
Embora a tradução dessas duas palavras em inglês seja habilidade, Skill está
relacionado à proficiência obtida por meio de treinamento e experiências.
Já ability é a habilidade natural ou talento individual. Para fins deste trabalho, esse
construto está relacionado à capacidade de processamento cognitivo, ou seja, à
capacidade de processar informações, relacionar ideias, reorganizar esquemas e
derivar implicações lógicas a partir de regras gerais para resolver problemas ou
lidar com determinada situação. Ainda neste construto considera-se a habilidade,
no sentido também utilizado por Carrol (1993), que pressupõe a ideia de potencial
51
de realização, ou seja, a existência de uma relativa facilidade em lidar com
informações e com problemas de uma determinada classe ou conteúdo.
3) Knowledge (Conhecimento) – “Saber o que e por que fazer / informação” –
Esse construto está relacionado ao grau de conhecimento técnico do universo
aeronáutico tal como engenharia aeronáutica, aerodinâmica, medicina
aeroespacial, fatores humanos em aviação, sistemas de Gestão de Segurança de
Aviação, aeródromos e infraestrutura aeroportuária, sistema de navegação,
controle de tráfego aéreo, componentes e estruturas das aeronaves além das
normas e legislações aeronáuticas.
4) Experience (Experiência) – “Vivências / práticas realizadas / passado
experimentado como investigador” – Esse construto está relacionado efetivamente
a vida pregressa do investigador. Ou seja, ações iniciais realizadas, designação
como membro de comissões em investigações, designações como investigador-
encarregado ou representante acreditado. Nesta dimensão são consideradas
também suas experiências mais recentes.
Cada construto, tal qual um pilar de uma obra arquitetônica está composto por
variáveis que dão suporte ao mesmo conforme a Figura 5.
52
Figura 5– Estrutura do Modelo ASKE com os construtos e suas variáveis.
O modelo ASKE foi composto por 37 variáveis aglutinadas em quatro construtos e
assim dispostos nas Tabelas 6, 7, 8 e 9. Assim sendo, a construção do modelo ASKE partiu
dos fundamentos iniciais de Durand (1998) mas seguiu a arquitetura elaborada por Lazzarotto
(2001). Para a estruturação e composição final do modelo foram mescladas as contribuições
de Braithwaite (2004) e as características comuns dos Investigadores de Acidentes
Aeronáuticos descritas no documento Position Classification Standard for Air Safety
Investigating Series, GS-1815 do governo americano.
53
Tabela 7 - Construto ATTITUDE (Atitude)
Item Variáveis
A1 Ser ético com seu trabalho de investigação
A2 Demonstrar empatia e cooperação com sua equipe, superiores, órgãos externos e sociedade
A3 Demonstrar confiança em suas decisões
A4 Ser flexível e demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças ocorridas
A5 Ser resiliente
A6 Demonstrar humildade
A7 Preocupar-se com o bem-estar (próprio e alheio)
A8 Ser imparcial com seu trabalho
A9 Ser meticuloso e ter um olhar detalhista
A10 Ser curioso e olhar os fatos além do óbvio
A11 Demonstrar produtividade
A12 Preocupar-se com as conseqüências de seus atos para a sociedade em geral
Tabela 8 - Construto SKILL (Habilidades/Capacidades)
Item Variáveis
S1 Comunicar-se com clareza, objetividade e de forma convincente, tanto oralmente quanto por
escrito
S2 Ser capaz de desenvolver trabalho em equipe
S3 Ser capaz de negociar com a equipe, superiores, órgãos externos e sociedade
S4 Ser capaz de usar o planejamento como prática gerencial
S5 Ser capaz de pedir ajuda quando necessário
S6 Ser observador e perceber os fatos que o cercam e suas consequências
S7 Ser capaz de resolver problemas não comuns no seu dia-a-dia
S8 Ser capaz de trabalhar sob pressão, administrando o estresse
S9 Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadoras
S10 Ter domínio da Língua Inglesa sendo capaz de ler, escrever, ouvir e falar neste idioma
S11 Ser capaz de concluir seu trabalho com agilidade
54
Tabela 9 - Construto KNOWLEDGE (Conhecimento)
Item Variáveis
K1 Conhecer as normas de investigação
K2 Conhecer as técnicas de investigação
K3 Conhecer os regulamentos da Aviação
K4 Conhecer as tecnologias empregadas nas aeronaves
K5 Realizar Cursos de Pós-Graduação em Segurança de Aviação (Latu-Sensu / Stricto Sensu)
K6 Participar de Seminários conduzidos por Organizações de investigação
K7 Realizar Cursos Especializados para aprimoramento da investigação
K8 Redigir artigos científicos sobre temas relacionados à Investigação ou à Segurança de Aviação
K9 Fazer a leitura de livros, artigos científicos ou publicações especializadas do assunto
K10 Fazer a leitura de Relatórios Finais de Investigação de Acidentes
Tabela 10 - Construto EXPERIENCE (Experiências, práticas realizadas)
Item Variáveis
E1 Número de ações iniciais realizadas
E2 Número de participações como membro em Comissões de Investigação
E3 Número de designações como Investigador-Encarregado
E4 Número de nomeações como Representante acreditado
O formato do Modelo ASKE apresentado na Figura 6 – Marca do Modelo ASKE,
está elaborado para permitir uma associação rápida e mnemônica ao verbo da língua inglesa
"to ask". Este verbo tem seu significado no ato de perguntar. A interrogação representa ir
além do óbvio e conduzir a novos horizontes. Fazer a pergunta certa é de fato a principal ação
de um investigador que reconstrói as peças de uma investigação.
55
Figura 6 – Marca do Modelo ASKE
Afinal fazer as perguntas certas possibilita o encontro com a verdade dos fatos. Daí
pode-se inferir, inclusive, quanto à possibilidade deste modelo levar a um índice ASKE
(ASKE Index) para o Air Safety Investigator. Este valor indicaria com maior precisão o grau
de preparo de um investigador.
56
5 Apresentação dos Resultados e Análise dos Dados
5.1 Apresentação dos Resultados
No Brasil, há, segundo dados do CENIPA atualizados em NOV/2012, 89 (oitenta e
nove) investigadores de acidentes detentores de credencial tarjada, ou seja, habilitados a
realizar as Ações Iniciais, incluindo-se todas as categorias de investigadores. A título de
delimitação, para fins de pesquisa, neste trabalho consideram-se investigadores apenas os
aviadores formados pelo CENIPA desde 1971, incluindo as subcategorias Máster, Sênior,
OSV, OSO, ASV e ASO dos quais o CENIPA detinha informações atualizadas. Sabendo, no
entanto, que há outros detentores de Credenciais CENIPA, com outras qualificações (Ex: EC-
MA; OSCEA; EC-FH, etc.) e que dentre todas as categorias, conforme já foi dito, o CENIPA
já formou mais de 10.000 (dez mil) profissionais, entende-se por bem, no entanto, restringir o
público-alvo da pesquisa, permitindo, inclusive que as demais categorias sejam objeto de
estudos futuros.
O questionário para confirmação das hipóteses levantadas neste trabalho é enviado
para 643 pessoas formadas pelo CENIPA no CSV – Módulo Investigação, sendo que dessas,
283 respondem ao questionário. Os gráficos com as respostas estão agrupados no Apêndice A.
A pergunta 1 se refere à faixa etária dos entrevistados. O gráfico (Apêndice A)
demonstra que a maioria deles se encontra na faixa etária de 36 a 45 anos. Isso, na carreira
militar, significa que o oficial está no posto de Major ou Tenente Coronel. Pelo resultado
obtido na segunda pergunta, é possível observar que a maioria dos respondentes fez o curso
entre 2000 e 2009.
Com relação à terceira pergunta, mais de 50% dos investigadores informa que o
tempo total em que trabalha como Elo SIPAER é de apenas cinco anos. Essas três primeiras
questões têm o objetivo de demonstrar o perfil do investigador. Correlacionando os dados
57
obtidos, é possível inferir que a maioria das pessoas fez o curso enquanto era Tenente ou
Capitão, tendo permanecido apenas cinco anos atuando na função, apesar de atualmente já se
encontrarem no posto de Oficial Superior. Desta forma, pode-se dizer que a carreira militar
não favorece a permanência do Oficial de Segurança de Voo por muito tempo na função.
Geralmente, com a promoção, ele assume funções mais administrativas que irão retirá-lo
desta função operacional. No caso da investigação, isso dificulta o acúmulo e transmissão do
conhecimento.
A partir da quarta questão, busca-se mapear a experiência geral e recente do
investigador. Existem 6 (seis) pessoas que só responderam as três primeiras perguntas do
questionário, deixando as demais em branco, por isso, aparecem no gráfico (Apêndice A)
como ignoradas.
No que se refere à atuação em ações iniciais (AIs), 49,46% afirmou ter participado
de 1 a 5 AIs, enquanto 19,13% respondeu que nunca participou de uma ação inicial. Isso pode
ser explicado pelo fato de muitos oficiais serem indicados para fazer o curso no início da
carreira e voltar para sua atuação nos esquadrões de voo, onde os acidentes são raros,
diferentemente daqueles que atuam em investigações na aviação civil, na qual os acidentes e
incidentes são mais frequentes.
A quinta questão mostra que, apesar dos 49,46% que já fez alguma ação inicial,
49,82% dos 277 não participou de nenhuma, nos últimos três anos e, 39,71% participaram de
1 a 5 ações iniciais no mesmo período, denotando que a questão fica ainda mais crítica
quando se trata da experiência recente.
Uma parcela representativa de 27,44% dos respondentes nunca participou de uma
Comissão de Investigação de Acidentes, mas a maioria deles, 47,65% participou de 1 a 5. Um
percentual de 10,11%, em contrapartida, já participou de mais de 20 comissões. Nos últimos
três anos, 54,15% dos entrevistados afirmam não ter participado de nenhuma comissão de
58
investigação e outra grande parcela, 37,91% participou de 1 a 5 vezes, o que caracteriza que a
maioria dos investigadores não tem uma vasta experiência recente.
No que diz respeito à função de investigador encarregado, 42,96% alega ter sido
designado de 1 a 5 vezes para a função. Enquanto 35,74% declara nunca ter sido designado
para essa função. A porcentagem de pessoas que não foi designada para a função de
Investigador encarregado nos últimos três anos fica ainda maior, passando a 59,21%.
Enquanto que a porcentagem daqueles que foram designados de 1 a 5 vezes, nos últimos três
anos, cai para 31,77%.
A décima questão busca demonstrar quantos investigadores já foram nomeados como
Representantes Acreditados em uma investigação. Apenas 16,61% dos entrevistados declara
ter sido nomeado.
A partir da 11ª questão, a terceira parte do questionário, busca expor o conhecimento
do investigador. Com relação à questão 11, especificamente, é analisada a resposta
individualmente, pois se entende que a pergunta pode ter gerado dúvidas e ambiguidade.
Desta forma, a pessoa que nunca participou de uma investigação, provavelmente, iria perceber
seus conhecimentos como insuficientes para realizar um bom trabalho. Como o objetivo do
grupo, com esta questão, é saber daqueles que já tinham alguma experiência se consideram
seus conhecimentos insuficientes para realizar um bom trabalho, optou-se por invalidar 37
respostas. Ou seja, do total de 240 respostas válidas, 52,08% responde que sim, já considerou
seus conhecimentos insuficientes, enquanto 47,91% não percebem assim.
A pergunta número 12 aborda a área que os respondentes julgam necessário
aprimorar. São oferecidas oito opções e pode ser selecionada mais de uma resposta. Em
primeiro lugar de necessidade de aprimoramento, aparece Normas e Legislações Aeronáuticas
(41,52%), em segundo lugar aparece Engenharia Aeronáutica- Asa Fixa e Asa Rotativa
59
(38,63%). A seguir estão quase empatados Sistemas de Gestão de Segurança de Aviação
(34,66%), Aeródromos e Infraestrutura (34,3%), Fatores Humanos na Aviação (33,57%).
Ainda relacionada ao Conhecimento, a questão 13 é sobre cursos de pós graduação
Latu Sensu e Stricto Sensu na área de Safety. 19,86% dos entrevistados já fizeram ou estão
fazendo algum curso na área, porém, 80,14% nunca fez, o que denota pouca especialização
acadêmica por parte dos entrevistados. A formação acadêmica permite uma visão crítica e
amplia a capacidade de análise daquele que eleva seu nível de escolaridade.
A pergunta 14 relaciona-se à anterior, porém, dos 55 entrevistados que mencionam
ter feito, houve 56 respostas nesta questão. Tal ocorrido se explica pelo fato de uma das
pessoas ter mencionado a realização de especialização e mestrado na área.
As questões 15 e 16 tratam especificamente dos cursos relacionados à investigação.
Pelos dados obtidos é possível perceber que, dos 33,94% que responderam já ter feito algum
curso de investigação, a maioria o fez nos últimos três anos, já que a porcentagem passa a ser
de 26,35% pessoas que cursaram algo a mais. Pode-se atribuir ao fato de a minoria ter
buscado esse tipo de aperfeiçoamento em razão dos motivos já expostos. Como estão cientes
de que a investigação, normalmente, é uma atividade passageira, poucos investem em
aprofundar seus conhecimentos na área.
A literatura recomenda reciclagens periódicas para os investigadores. Entendendo-se
que isso pode ser feito de diversas formas, entre elas, eventos científicos, a pergunta 17
procura rastrear as participações nesse tipo de evento nos últimos três anos, por entender que
o foco dos seminários, fóruns, simpósios, etc, é trazer inovações nos setores e que eventos
ocorridos há muito tempo perderiam este valor. As porcentagens mais representativas ficaram
nas primeiras alternativas. Sendo que a maior parte dos respondentes afirma ter participado de
pelo menos um evento de manutenção dos conhecimentos de investigação nos últimos três
60
anos. A segunda maior porcentagem, no entanto, foi de OSV/ASVs que declara não ter
participado de nenhum (38,99%).
Visando verificar o interesse do próprio investigador de se aprimorar, a pergunta 18
questiona se eles haviam feito algum curso de aperfeiçoamento custeado por eles mesmos. Ao
que 89,13% responde que não. Com isso, é possível concluir que, os eventos e cursos de que
os investigadores participaram, foram aqueles oferecidos ou custeados pelo CENIPA, o que
ratifica a importância do órgão de formação na manutenção da operacionalidade do
investigador e na definição das suas competências requeridas.
Com base nas respostas da pergunta 19, pode-se verificar que, dos que já fizeram
algum curso às suas expensas, alguns são comuns, como o Curso de Direito, o PE-Safety, do
ITA, além dos cursos ligados a fatores humanos. O aspecto jurídico encontra um vasto campo
de atuação junto à investigação de acidentes. Para tanto, atualmente, já se fala em Direito
Aeronáutico. Magistrados têm envidado esforços junto à comunidade jurídica para que sejam
preservados os relatórios produzidos pelo CENIPA, visando a prevenção de acidentes e à
preservação de fontes de informação. Outra novidade é o PE-Safety do ITA que, em 2013, é
ofertado nos bancos do CENIPA, com o objetivo de capacitar os investigadores de todas as
áreas que lá trabalham para ampliarem suas visões críticas e aperfeiçoarem a técnica aliadas à
produção do conhecimento científico para enriquecimento da investigação de acidentes
aeronáuticos.
Na questão 20, o objetivo é saber se os investigadores fizeram solicitação de algum
curso, diretamente ao CENIPA, o qual pudesse auxiliá-los no desenvolvimento da
investigação. Das 276 pessoas que responderam esta pergunta, 83,33% declara nunca ter
solicitado. Duas hipóteses podem justificar o fato. A primeira é a de que o CENIPA não dispõe
de cursos que possam atender a esse público ou, se dispõe, as pessoas desconhecem. Pode
denotar também, descaso dos egressos do CSV com seu aperfeiçoamento técnico.
61
A pergunta 21 é complementar da anterior. Dos que haviam respondido que
solicitaram algum curso, procurou-se saber se tiveram a solicitação atendida. Na pergunta 20,
os respondentes do “sim” somaram 46 pessoas, as quais deveriam ter respondido a questão 21
e, apenas estas. No entanto, 55 responderam. Os dados, desta forma, foram tratados para que
revelassem fidedignidade.
A escala Likert é utilizada para que o respondente possa autoavaliar a sua preparação
para exercer as atribuições da investigação. Considerando-se que a pessoa deve atribuir 1
caso se considere extremamente despreparado e 6 caso se considere extremamente preparado.
A maioria dos entrevistados (43,75%) atribui-se 4, o que pode ser considerado
preparado. Uma parcela de 23, 16% considera-se despreparado. Outra parcela um pouco
menos, 20,22% considera-se muito preparado. Em linhas gerais, pode-se dizer que, apesar de
não estarem buscando aperfeiçoamentos na área de investigação, os profissionais se
consideram bem preparados para desempenhar suas funções. Outra conclusão possível é a de
que eles consideram o CSV um curso capaz de torná-los aptos para a função a que se
destinam.
Como a finalidade deste trabalho é delinear as competências do investigador
brasileiro de acidentes aeronáuticos e, propor que isso seja avaliado pelo modelo ASKE, na
pergunta 23, utilizando mais uma vez a Escala Likert, questiona-se quais atributos os
investigador considera mais importantes para o bom desempenho da função, em escala de
importância, sendo 1 para menor importância e 4 para maior importância. Pelas respostas
obtidas, o atributo que teve maior relevância foi o conhecimento (3), seguido da experiência
(2,66), a atitude (2,39) e, por último, a habilidade (1,95). O que revela a crença de que o saber
como fazer é bem mais importante do a destreza e a capacidade para fazer. Isso pode estar
pautado, novamente, na cultura do militarismo trabalha-se com a seguinte premissa: “Dê-me
a missão e não me pergunte se sou capaz de cumpri-la, porque missão dada é missão
62
cumprida”. Sendo assim, isso comprova que os militares acreditam que com o curso de CSV
é suficiente para capacitá-los e que eles não precisam ter habilidades para desempenhar a
função.
No que diz respeito à atitude, são oferecidas doze opções as quais o respondente deve
julgar, pela escala Likert, desde 1 significando Extremamente Desnecessário, até 6 como
Extremamente Necessário. “Ser Ético Com Seu Trabalho de Investigação” foi considerada a
atitude mais importante (5,85), seguida de “Ser Imparcial Com Seu Trabalho” (5,74) e,
posteriormente por “Ser Curioso” e “Olhar Os Fatos Além do Óbvio” (5,54). Nesta questão, a
alternativa que recebeu menor conceito foi “Demonstrar Produtividade (4,05)”.
Nos mesmos moldes da anterior, a pergunta 25 é feita para o construto
Conhecimento. Na opinião dos entrevistados, o mais importante é “Conhecer as Técnicas de
Investigação” (5,72), seguido por “Conhecer as Normas de Investigação” (5,58) e “Conhecer
os Regulamentos da Aviação” (5,33). Menos importante foi considerado “Redigir Artigos
Científicos sobre Temas Relacionados à Investigação ou à Segurança da Aviação”. Tal
resultado reflete uma grande preocupação com o conhecimento construído e consolidado, com
seguir normas e pouca valorização da produção de novos conhecimentos e disseminação dos
conhecimentos existentes. Isso faz com que a investigação esteja distante da academia e do
mundo científico. Por tudo que já foi exposto até aqui, é inconcebível que a investigação
continue tendo essa restrição.
Da maneira como feita nas duas perguntas anteriores, na questão 26 enfoca-se a
Habilidade. Nesta questão, a Habilidade que aparece em primeiro lugar nas prioridades dos
respondentes é “Saber Trabalhar em Equipe”(5,54), depois “Ser Capaz de Pedir Ajuda
Quando Necessário” (5,5). Empatadas na terceira posição ficam “Comunicar-se com Clareza
e Objetividade de Forma Convincente Tanto Oralmente Quanto Por Escrito” e, “Ser
Observador e Perceber os Fatos que o Cercam e Suas Consequências” (5,43). Todas as
63
habilidades, de forma geral, foram consideradas importantes. No último lugar em prioridade,
ficou “Ser Capaz de Concluir Seu Trabalho com Agilidade” (4,52). Tais respostas estão de
acordo com a pergunta anterior em que não foi considerado relevante demonstrar
produtividade e aqui também não se considera relevante a agilidade, significando que o
investigador sente-se à vontade para fazer o trabalho no seu tempo, entendendo que é mais
importante que o trabalho seja bem feito do que saiam muitos relatórios de forma rápida e mal
feitos.
Acerca do último construto contemplado no Modelo ASKE, a questão 27 é feita com
a finalidade de observar a ordem importância atribuída às experiências pelo investigador. Fica
evidenciado que eles consideram “Participar de Ação Inicial no Local do Acidente” (5,53) a
experiência mais importante para o bom desempenho da função ao lado de “Participar de
Comissão de Investigação” (5,44).
Foram recebidos 69 comentários no espaço destinado para tal. Alguns elogiam a
pesquisa, outros criticam algumas tendências do questionário para induzir respostas.
Entretanto, consideram-se extremamente relevantes as opiniões pertinentes ao objetivo deste
questionário, pois, de alguma maneira, corroboram para a hipótese levantada no problema de
pesquisa.
Na última pergunta, dá-se a opção de o respondente deixar seu endereço eletrônico
para contatos futuros. Cento e noventa e quatro pessoas manifestaram interesse em receber o
resultado da pesquisa.
5.2 Síntese
Com os dados obtidos, é possível se fazer uma síntese sobre a realidade brasileira e o
modelo proposto:
64
1. Com relação à faixa etária, 74% dos respondentes estão entre 25 a 45 anos, o
que denota um perfil relativamente jovem. Dentro dessa porcentagem, 32% têm
de 25 a 35 anos e, 42% de 36 a 45 anos.
2. Aproximadamente 50% dos investigadores realizaram o CSV entre os anos de
2000 a 2009.
3. Os números apontam que 4% dos investigadores que concluem o CSV nunca
trabalharão no SIPAER. Enquanto 50% dos entrevistados, permanecerão, no
máximo 5 anos no sistema.
4. O investigador brasileiro possui pouca experiência. A pesquisa mostrou que
19% nunca participaram de uma ação inicial, 27% nunca participou de uma
Comissão de Investigação e 35% nunca foi designado investigador encarregado.
Entretanto, quando se considera suas experiências nos últimos 3 anos, esses
números crescem substancialmente, cerca de 50%. Ou seja, a inexperiência
aumenta significativamente quando é considerada a experiência recente,
demonstrando que o investigador brasileiro carece de experiência.
5. 52% dos investigadores pesquisados reconhecem que seus conhecimentos são
insuficientes para o desenvolvimento de um bom trabalho.
6. O conhecimento de “Normas”, “Legislações Aeronáuticas” e “Engenharia
Aeronáutica” são reconhecidos pelo investigador como áreas do conhecimento
que necessitam de reciclagem e aprimoramento.
7. 20% dos investigadores são pós-graduados na área de Safety.
65
8. 1/3 dos investigadores brasileiros se julgam despreparados para desempenhar
suas funções.
9. O construto Experiência estruturado e testado para o modelo ASKE foi a
segunda dimensão melhor avaliada pelos respondentes, sendo precedida apenas
pelo construto Conhecimento.
10. O investigador considera que conhecer “Normas e técnicas de investigação”
são as variáveis mais importantes da dimensão Conhecimento.
11. “Ser ético” e “Ser imparcial”, são as Atitudes mais valorizadas pelo
investigador.
12. De acordo com os entrevistados, “Desenvolver um trabalho em equipe” e “Ser
capaz de pedir ajuda quando necessário” são variáveis mais valorizadas do
construto Habilidade, necessárias ao investigador.
5.3 Limitações do Estudo
O banco de dados com as informações dos Investigadores cadastrados no CENIPA
registra duplicidade de dados, ausência de investigadores que efetivamente trabalham como
Elo SIPAER, além da imprecisão nos contatos e no endereçamento de cada investigador. Em
face desta peculiaridade, os autores realizam um processo de filtragem no banco de dados
inicial para eliminar essas distorções, porém é possível que a população pesquisada, mesmo
após averiguação feita pelos autores, esteja contaminada e contenha Elementos-Credenciados
(EC), porém cadastrados como investigadores de acidentes.
A ferramenta escolhida, sua forma de aplicação, a confidencialidade assegurada do
respondente aliado às proteções lógicas que o website on-line oferece não eliminam as
66
afirmações imprecisas e falsas que alguns respondentes adotam. Entretanto, este aspecto deve
ser considerado, ainda que diluído no universo de respondentes, pois esta postura adotada por
alguns respondentes distorce os resultados de cada questão, sendo também uma limitação
desta pesquisa.
A proposta apresentada é fruto da percepção exclusiva do investigador brasileiro
acerca das competências requeridas para o exercício de sua função, e não contempla a visão
organizacional do órgão central do SIPAER nesta temática. São perfeitamente compreensíveis
as limitações do modelo ASKE proposto, uma vez que ele é construído tendo por base
valorativa a opinião subjetiva do investigador aeronáutico brasileiro. Ao deixar à margem
desta análise a Organização responsável por este investigador, outros aspectos são
negligenciados. Dentro desta premissa, este estudo oferece uma visão parcial das possíveis
competências de um Investigador de Acidentes Aeronáuticos.
Além disso, o modelo testado está contextualizado a realidade brasileira, sendo esta,
também, uma visível limitação deste estudo. Para que o modelo proposto atinja maturidade,
grau de aprovação e aceitação existe a necessidade do mesmo ser submetido e testado com
Investigadores de acidentes aeronáuticos de outros países e culturas.
67
6 Conclusões, Sugestões e Propostas para Trabalhos Futuros
O presente capítulo apresenta as considerações finais acerca deste trabalho,
englobando as conclusões do grupo a partir da pesquisa realizada, fazendo as sugestões aos
órgãos interessados para melhorias no processo, bem como propondo temas para continuidade
deste estudo.
6.1 Conclusões
Com base nos conceitos aqui discutidos, e de acordo com os dados obtidos nesta
pesquisa, percebeu-se a importância de o CENIPA criar um conjunto de oportunidades de
desenvolvimento profissional sendo que a este conjunto devem ser adaptadas várias situações.
A literatura diz que, em termos de empregabilidade, para o empregador, quanto
menor a rotatividade, melhor. Sendo assim, no que diz respeito a essa consideração, o
investigador não atende ao requisito, uma vez entendendo-se o empregador como o próprio
CENIPA, pois a rotatividade dos OSVs e ASVs é muito grande.
O CENIPA, como órgão central, responsável por todas as investigações de acidentes
e incidentes no Brasil, deve, à sociedade, um trabalho de qualidade e ações de prevenção
efetivas. Isso só é alcançado com os investigadores diretamente vinculados ao sistema, de
forma a alcançar níveis de excelência em seu trabalho.
Na vida militar, não há grande preocupação com o conceito de empregabilidade,
devido à necessidade de progressão operacional da carreira como piloto, os militares são
desafiados a assumir diversas funções administrativas, além de voar ou exercer atividades
relacionadas às suas graduações. Ao longo do caminho, o aviador experimenta lideranças em
diversas áreas, inclusive aquelas em que não teve formação para atuar, como comunicação
social, protocolo, controle de patrimônio, controle interno, etc. Sendo assim, uma das funções
68
que ele assume é a de OSV, na qual provavelmente passará pouco tempo, o que corrobora para
a ideia de que esse contexto ainda está distante da noção contemporânea de empregabilidade.
Seria um desafio aferir a qualidade com que as investigações têm sido realizadas na
Aviação Brasileira. Portanto, fica difícil avaliar se o trabalho dos investigadores tem sido
conduzido de maneira eficaz. O que é possível notar, pelos dados desta pesquisa é que, apesar
de não haver uma mensuração como esta, os entrevistados consideram, em geral, que estão
bem preparados, vide questão 22 em que mais de 40% dos consultados respondeu que se
considera preparado.
No entanto, isso não é unanimidade. Como fica evidenciado no seguinte comentário:
Tal comentário corrobora com a hipótese levantada neste trabalho de que o
investigador brasileiro de acidentes aeronáuticos carece de atualização em sua formação.
Ficou evidente pelas respostas obtidas no questionário que poucos são os investigadores que
se atualizam, procuram fazer outros cursos na área de investigação e até mesmo buscam
cursos acadêmicos para produzir conhecimento e aprofundar ou, até mesmo, aperfeiçoar os
conhecimentos já adquiridos. Pelas respostas ficou evidenciado que os investigadores
acreditam que o CSV é suficiente para lhes instrumentalizar para a função que terão de
desempenhar.
Neste contexto, cabe um paralelo entre o CENIPA e as Universidades Corporativas,
“Muitos dos relatórios finais que li nos últimos anos são hipócritas e extremamente
superficiais. Recomendo a leitura e avaliação de livros como The field guide to human
error investigations de Sidney Dekker, Just culture do mesmo autor, the etto principle
de Erik Hollnagel entre outros. O entendimento do erro humano vem mudando na
última década, mas temo que o aprendizado advindo das investigações está sendo
tolido e demasiadamente limitado por práticas burocráticas, pressões políticas e
financeiras. Boa sorte com a pesquisa, sucesso e persevernça a todos!”(sic)
69
uma vez que essas são reflexos das necessidades das organizações de instituir e compilar
conhecimentos de acordo com as suas necessidades. Sugere-se que o CENIPA coloque em
prática aquilo que está previsto na NSCA 3-10 e na NPA 3-10, disponibilizando curso
avançados de investigação, o que atualmente não ocorre e cursos periódicos para que os
OSV/ASVs atualizem-se e mantenham-se informados quanto às revisões das normas, quanto
às técnicas mais modernas e possam acompanhar os avanços tecnológicos da aviação.
Entendendo-se que o CENIPA deve prover meios para melhoria dos seus recursos
humanos para que possa alcançar seus objetivos e dar respostas satisfatórias à sociedade
quanto à Segurança de Aviação, nota-se a importância do CENIPA delinear as competências
requeridas para um bom investigador e, a partir disso, possa criar Políticas de Gestão de
Pessoas baseadas nelas. Os mais modernos processos de Recrutamento, Seleção, Treinamento
e Desenvolvimento de Pessoas podem ser aplicados pela Divisão de Formação e
Aperfeiçoamento (DFA) do CENIPA, a fim de reestruturar o processo de formação e
progressão do profissional investigador.
Legitimando tal proposição, segue comentário de um investigador :
O grupo sugere, desta forma, que o investigador possa ser visto como uma carreira e
não apenas só mais uma função dentro da FAB. Para isso, sugere-se que, assim como as
Universidades buscam gerar conhecimento, o CENIPA, enquanto organização procure seguir
o mesmo caminho.
De acordo com o comentário a seguir, o investigador de acidentes aeronáuticos
“O CENIPA deveria utilizar com maior frequência os profissionais formados que não
da FAB. Existe uma massa crítica fantástica e com experiência de aviação que está a
margem do processo de investigação da maioria dos acidentes ocorridos no país”.
(sic)
70
brasileiro reafirma o que é dito neste trabalho:
Apesar de o CENIPA ser uma instituição militar, percebe-se que o mesmo não pode
manter-se estagnado em suas práticas, uma vez que a realidade da aviação é muito dinâmica e
está em constante evolução. Pela pesquisa realizada, foi revelado que, apesar do CENIPA
oferecer o Curso de Especialização Segurança de Voo e Aeronavegabilidade Continuada do
ITA em suas instalações, em 2013, a geração de conhecimento não é uma coisa considerada
relevante para esses profissionais e muitos desconhecem tal oportunidade de estudo.
Tendo como base as recentes teorias de aprendizagem das organizações, as quais
preconizam que todo processo de mudança organizacional está relacionado à educação
continuada de seus recursos humanos, compreende-se que o presente trabalho serviu como
parte de um processo de planejamento das atividades educacionais para os investigadores de
acidentes aeronáuticos, na medida em que se estruturou como um levantamento das
competências requeridas aos OSVs/ASVs.
Neste levantamento, considerou-se o perfil do investigador, as atividades que ele
deve estar apto a desempenhar e o conjunto de atitudes, habilidades, conhecimento e
experiência necessários à realização das tarefas previstas nas normas e esperadas pela
sociedade usuária da aviação.
Conforme já foi citado anteriormente, cabe, neste momento fazer um paralelo entre
as tendências nas práticas organizacionais no Brasil e nos EUA. Seja aqui no Brasil, onde
“Falta continuidade no exercício da atividade. Após a formação, muitos de nós somos
direcionados para setores onde nossas habilidades não são aproveitadas. Seria
interessante se fosse implantada uma dinâmica de rodízio de pessoal, onde os
elementos credenciados em investigação fossem sedidos por período determinado a um
dos SERIPA”. (sic)
71
tem-se que Treinamento, desenvolvimento e educação como sendo um conjunto de ações
organizacionais que utilizam a tecnologia instrucional na promoção do desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades e atitudes (CHAs) para suprir lacunas de desempenho no trabalho
e preparar as pessoas para novas funções. Ou nos Estados Unidos da América, em que este
tipo de ferramenta já foi desenvolvido em outras áreas especialmente para a seleção de novos
empregados. O próprio Governo Americano utiliza o KSA o qual é utilizado pelas agências de
contratação para julgar um conjunto de candidatos e fazer deliberações iniciais sobre os
melhores candidatos para alguma função.
Essa comparação ratifica que necessidade de se atualizar a Gestão de Pessoas no
âmbito da investigação de acidentes aeronáuticos no Brasil.
6.2 Sugestões
O grupo, baseado nos resultados dos dados analisados, sugere ao CENIPA:
1) Atualizar o banco de dados dos investigadores brasileiros. Recadastrar todas as
credenciais emitidas, avaliando seus critérios de emissão, bem como as
informações pertinentes de cada investigador do SIPAER.
2) Analisar o Modelo ASKE de competência proposto para os processos de
indicação, seleção, formação, treinamento e educação continuada das atuais e
futuras gerações de investigadores de Acidentes Aeronáuticos no Brasil,
reelaborando o currículo mínimo do CSV, baseado nas competências aqui
propostas.
3) Reavaliar junto ao Comando da Aeronáutica e ao respectivo Estado-Maior os
custos, os investimentos, a política de pessoal e os respectivos benefícios advindos
72
da preparação de novos investigadores considerando a baixa permanência na
função apontada por esta pesquisa.
6.3 Sugestões para Trabalhos Futuros
a) O Modelo ASKE atende às expectativas dos autores deste trabalho, porém
apresenta limitações, pois foi elaborado a partir da percepção do Investigador
brasileiro acerca da temática competência. Desta forma e como sugestão, novas
propostas acadêmicas poderiam investigar e compreender a competência esboçada
pelo modelo ASKE, porém com uma abordagem e visão organizacional
apresentada pelo órgão de investigação do estado brasileiro.
b) O Modelo ASKE foi testado a partir da visão dos investigadores brasileiros. A
estrutura elaborada teria maior consistência e robustez caso novos pesquisadores
se propusessem a testar o modelo ASKE com investigadores de outras agências
estrangeiras de investigação como o AAIB, BEA, NTSB, TSB etc.
c) O modelo ASKE é uma baliza para se apontar possíveis rumos de competência
do investigador de acidentes aeronáuticos. Porém, ainda há a necessidade de se
desenvolver ferramentas de aplicação do modelo dentro dos processos de
indicação, seleção, treinamento e educação continuada. Cabe ressaltar que existe
a necessidade de se atribuir pesos para cada uma das 37 variáveis apontadas,
desenvolvendo também maneiras de se avaliar no investigador as variáveis mais
complexas especialmente aquelas ligadas aos construtos da atitude e da
habilidade.
73
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2012. 206f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Aeronáutica e Mecânica) – Instituto
Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.
77
Apêndice A – Gráficos com os resultados
78
79
80
81
82
SIM
52%
NÃO
48%SIM
NÃO
83
84
85
86
1111111 RESPOSTAS
1 Mestrado - MP Safety ITA
2 PE-Safety - ITA
3 Curso Superior em Tecnologia de Segurança no Trabalho (7semestres); Assistente
técnico em pericias;
4 NTSB
5 Curso não, porém sempre que posso tento participar de simpósios ou similares
6 Pos graduacao safety
7 Human Factors in Aviation Safety, USC
8 ALA MIAMI
9 CRM ANAC
10 safety(ITA), ISO 9000, SMS (ALA MIAMI),
11 PE-SAFETY 2004
12 CISAC
13 Direito
14 Gestão de Recursos Humanos, visando o entendimento das organizações no
gerenciamento das tripulações
15 o propio curso do CENIPA de investigacao
16 PE-Safety, em 2008
17 Filosofia SIPAER e as implicações para o judiciário
18 Human factors investigation, cognitive systems engineering, human error
investigation, just culture
19 Human factor. Curso online grátis de uma universidade dos EUA.
87
20 Congressos de Seguranca de Voo. Hong Kong /China/ USA.
21 Curso de piloto privado
22 Auditor da qualidade e Auditor Lider - IFI
23 FDR, CVR
24 Pe-Safety
25 Bacharelado em Direito
26 MBA EM ENGENHARIA DE MANUTENÇÃO.
27 PE-SAFETY - ITA
28 safy webjet /Aviação Civil
29 Método ADC e Recognição policial
88
89
90
91
92
93
94
1 ACHO MUITO IMPORTANTE O CENIPA REALIZAR UM CONTROLE DA
PROGRESSÃO OPERACIONAL DO INVESTIGADOR APÓS O TÉRMINO DO
CURSO DE SEGURANÇA DE VOO (CSV). VERIFICAMOS QUE MUITOS
INVESTIGADORES (SERIPA, BASE AÉREA E UNIDADE AÉREA) NÃO
REALIZARAM OUTROS CURSOS DE INVESTIGAÇÃO, COMO POR EXEMPLO:
SGSO, HELICÓPTERO, FOGO E EXPLOSÃO, INCIDENTE, CVR E FDR, OUTROS.
NÃO EXISTE UMA PROGRESSÃO ESTABELECIDA PARA O INVESTIGADOR
SER "MASTER" OU ALGO ASSIM. NÃO ADIANTA SOMENTE INVESTIGAR. OS
INVESTIGADORES PRECISAM DE CONHECIMENTO POR MEIO DE
REALIZAÇÃO DE CURSOS E(OU) PARTICIPAÇÃO EM SEMINÁRIOS. O QUE
VERIFICAMOS É QUE NÃO HÁ UM CONTROLE DE QUEM TEM OU
REALMENTE PRECISA DO REFERIDO CURSO. A DIVULGAÇÃO DE QUEM VAI
REALIZAR O CURSO DEVE SER TRANSPARENTE, POIS QUEM NÃO É DO
EFETIVO DO CENIPA ACREDITA QUE SOMENTE O PESSOAL DO ÓRGÃO
CENTRAL É QUE REALIZA OS CURSOS E(OU) PARTICIPA DE SEMINÁRIOS,
FICANDO OS DEMAIS INVESTIGADORES (SERIPA, BASE E UNIDADE AÉREA)
DESMOTIVADOS. OUTRO ASSUNTO IMPORTANTE É COM RELAÇÃO AO
PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DOS MILITARES PARA O CENIPA. ESSES
MILITARES, MUITAS VEZES, CHEGAM COM POUCA OU SEM NENHUMA
EXPERIÊNCIA COM OS PROCESSOS DE INVESTIGAÇÃO. O IDEAL SERIA
ESSES MILITARES SEREM TRANSFERIDOS PRIMEIRO PARA OS SERIPA OU
REALIZAR UM ESTÁGIO DE NO MÍNIMO DE 01 (UM) ANO LÁ. SE
ESTIPULARMOS ESSE SISTEMÁTICA, OS SERIPA SERIAM BENEFICIADOS,
POIS ALÉM DE AJUDAR NAS INVESTIGAÇÕES REGIONAIS, ESSES
MILITARES IRÃO ADIQUIRIR EXPERIÊNCIA SUFICIENTE PARA
DESEMPENHAR AS FUNÇÕES DE FUTUROS CHEFES DE SERIPA OU DE
CHEFES DE DIVISÃO DO CENIPA.
2 Após o curso no CENIPA, trabalhei no elo SIPAER na DIRMAB, por ese motivo
acredito não ter sido convidado a participar de Ação Inicial ou Investigação. Proponho
que os militares que façam cursos no CENIPA, sejam convidados a participarem dessas
atividades, independentemente da OM em que trabalha.
3 Conforme coloquei em minhas monografias de final de Curso na EAO e em minha pós
graduação em Administração Estratégica, ainda não vejo o CENIPA participando do dia-
a-dia na ponta executora, dando apoio aos elos iniciais para o cumprimento das
recomendações de segurança emitidas após os eventos perigosos. Sugiro também que
seja inserida materia relativa a gerenciamento de risco e confesso que não sei se já está
sendo aplicada na formação do Agente/Oficial de Segurança de voo. Isso ajudaria em
muito a se trabalhar com a prevenção apresentando-se dados estatísticos.
4 A experiência e qualificação são fatores de fundamental importância nessa atividade.
5 Fazer boas investigações requer conhecimento e, principalmente, experiência. Deve
haver equipes destinadas a fazer somente esse trabalho, com tempo, pessoal e recursos
necessários, bem distribuídos em todo o país
95
6 Falta de pós Stricto Sensu na área de acidentes (todos) não só aeronáuticos
7 O Curso de Investigador deve ter ais tempo com o exercício de investigação e diminuir a
parte técnica, que deve ser feita por profissionais especializados, capacitado melhor o
investigador.
8 Muitos dos relatórios finais que li nos últimos anos são hipócritas e extremamente
superficiais. Recomendo a leitura e avaliação de livros como The field guide to human
error investigations de Sidney Dekker, Just culture do mesmo autor, the etto principle de
Erik Hollnagel entre outros. O entendimento do erro humano vem mudando na última
década, mas temo que o aprendizado advindo das investigações está sendo tolido e
demasiadamente limitado por práticas burocráticas, pressões políticas e financeiras. Boa
sorte com a pesquisa, sucesso e persevernça a todos!
9 Com essa "onda" de redes sociais, poder-se-ia fazer uma rede segura e fechada entre os
investigadores, para se divulgar e trocar experiências e informações.
10 Atualização e possibilidade de cursos, bolsas de estudos para quem quer fazer
especialização. tenho como exemplo eu fui com neu onus, fazer a prova no ITA, passei
no MP-safety, mas não pude fazer, pois nao parcelavam o curso , somente a vista.
Lamentavel....
11 O interesse faz com que o investigador se torne um profissional experiente, pois a partir
daí, esse mesmo desenvolverá trabalhos de investigação e tornará parte de círculos de
aprendizagem.
12 Fornecimento pelo CENIPA de mais cursos e estágios de aprimoramento para
investigadores e agentes de prevenção.
13 Sugiro que, após o término do CSV, o "aluno" seja escalado para acompanhar uma
investigação de algum SERIPA, de maneira a enriquecer o seu conhecimento na prática.
14 PARTICIPAR DAS PRIMEIRAS INVESTIGAÇÕES COMO ESTAGIÁRIO,
OBSERVANDO O TRABALHO DOS MAIS EXPERIENTES. SERIA UMA ESPÉCIE
DE REQUISITO PARA A FORMAÇÃO DO INVESTIGADOR.
15 Investigador Civil possuir as mesmas oportunidades de participação que os militares e
existir estagio para efetiva participação e treinamento dos ASV formados pelo CENIPA.
16 O Investigador deve ser humilde suficiente para reconhecer que não deve saber de tudo e
colocar ao seu lado pessoas que possuam o conhecimento especializado que a
investigação necessita.
17 Dada a escassez de recursos das instituições que possuem ASV/OSV, são feitos poucos
investimentos em qualificação e aprimoramento do material humano que realiza/participa
de investigações. Os cursos e seminários são de grande importância para o ganho
qualitativo do produto final da investigação.
18 Acredito que o CENIPA como ELO central poderia convocar os investigadores para
atuar como encarregado e/ou participar como membros de investigação em ELOS
regionais dando oportunidade a Investigadores que não atuam diretamente na função ou
que trabalham muito bem na prevenção e que não têm experiência na investigação. No
mais, parabéns pela iniciativa e bom trabalho.
19 Pesquisa bastante interessante. Lembremo-nos que o Oficial de Segurança de Voo muitas
vezes não é apenas Segurança de Voo, cumpre escalas de serviço, voa, por vezes precisa
esperar respostas de órgãos superiores que demandam tempo e a especialização não é
algo tão simples quanto possa parecer quando falamos de Oficiais de Segurança de Voo
de Esquadrões militares por exemplo. Parabéns pelo trabalho.
20 None.
21 Desde que fiz o curso, trabalho há mais de 10 anos na área de safety, mas nunca fiz
investigação.
22 Nada a relatar.
96
23 Excelente iniciativa!
24 Creio que poderiam disponibilizar um curso de refreshment para aqueles que Ja fizeram o
curso de investigacao.
25 O CENIPA deveria utilizar com maior frequência os profissionais formados que não da
FAB. Existe uma massa crítica fantastica e com experiência de aviação que está a
margem do processo de investigação da maioria dos acidentes ocorridos no país.
26 Falta continuidade no exercício da atividade. Após a formação, muitos de nós somos
direcionados para setores onde nossas habilidades não são aproveitadas. Seria
interessante se fosse implantada uma dinâmica de rodízio de pessoal, onde os elementos
credenciados em investigação fossem sedidos por período determinado a um dos
SERIPA (e.g. um EC lotado em uma Base Aérea do NE prestar serviço durante 3 meses
no SERIPA 5 ou 7), onde poderíamos ser direcionados para as Ações Iniciais ou
Investigações. Isso possibilitaria o exercício da atividade e ajudaria os SERIPA com o
necessário reforço de pessoa dedicado exclusivamente a atividade de investigação.
27 nada a declarar.
28 A vivência da segurança de vôo ao longo de dez anos contribuiu em parte para perceber
que a maior das ações preventivas está no anonimato das oficinas de manutenção, uma
vez que integra de uma só vez a ação humana com as ferramentas/peças de manutenção e
o próprio projeto da aeronave. Percebo isso porque a manutenção de aeronaves não
tripuladas, por exemplo, requer as mesmas preocupações e metodologias igualmente
empregadas na manutenção das aeronaves tripuladas. A outra parte, todavia, mostra-me
cotidianamente que por mais estruturado e equipado tecnologicamente que seja uma
Unidade Aérea, o último elo preventivo ou de "ação desprovida de arrojo desnecessário"
sempre será o piloto dentro da nacele. Daí a importância de se abordar as pessoas não
sistematicamente, mas sim, individualmente, tentando compreender os anseios,
frustrações, etc. Mas como interagir subjetivamente numa administração cada vez mais
sufocada pelo pragmatismo da burocracia e formalidade não operacional? Fica o desafio.
29 Participar de investigações de acidentes aeronáuticos como ouvinte no exterior,
principalmente EASA e NTSB.
30 Parabéns, como qualquer trabalho acadêmico esse questionário é uma iniciativa muito
válida. Contudo, apresenta algumas tendências que forçam o direcionamento para um
determinado resultado. Isso não nos parece bom. É muito longo e não pode ser concluído
em menos de 30 minutos se for levado a sério. Algumas das características que devem
ser observadas para produzir bons resultados são: Uma equipe de retaguarda capaz de dar
a liberdade que os investigadores de campo necessitam, mas que saiba interferir cobrando
ou orientando os passos que possam carecer de maior aprofundamento. Isso não deve ser
restrito à reunião do por do sol, mas sim a cada procedimento em curso. Outro problema
que degrada os resultados é a descontinuidade, desmotivação ou excesso de motivação,
que produzem trabalhos incompletos ou inconclusos. E acima de tudo, para que um
sistema de aviação, civil ou militar, siga em constante aperfeiçoamento, deve ser voltado
para a prevenção, deve ser aberto para que tenha um alcance adequado e conquiste novos
adeptos bem como tenha plena capacidade para manter e controlar a segurança
operacional devida.
31 O investigador deve ter tempo para investigar.
32 Realizar rotineiramente reciclagem de conhecimento no CENIPA.
33 Plano de Reciclagem ou recebimento de material de investigação.
34 reciclagens via EAD seria uma importante ferramenta para a manutencao do
conhecimento e habilidade do investigador baseado no fato de que desejamos que o
numero de acidentes diminuam e que nem todos estao somente fazendo isso (disponiveis
para o safety) seria uma boa solucao o CENIPA ser um orgao integrador das SARP's,
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novas tecnologias e solucoes inteligentes adotadas, e condensando tudo isso em molde de
reciclagem aos investigadores via web. é colocar em prática o proprio lema da prevencao
"experiencia de segunda-mao".
35 Plano de carreira e motivação.
36 Julgo que, devido às constantes evoluções do SIPAER, faz-se necessário que o
investigador esteja atualizado. Entretanto, sendo da FAB, participar de seminários é
difícil. Sugiro a existência de reciclagens à distância.
37 Maior influência do CENIPA junto ao COMGAR para a liberação de OSV´s realizarem
estágios nos SERIPA´s para aumentar suas experiências em investigações.
38 Considero o conhecimento e a aplicação da área jurídica de extrema importância, dentro
do cenário de uma IAA, pelas interfaces e desdobramentos resultantes, nas áreas
administrativa, civil e criminal.
39 O módulo de Investigação, ao meu ver, deveria ser mais extenso e talvez em um novo
modelo, assemelhando-se à uma especialização. O CSV-Inv é fundamental, pois aponta o
caminho, mas por si só não provê todas as ferramentas, conhecimentos e habilidades
necessárias ao Investigador de Acidentes.
40 Contato com modernas técnicas de investigação.
41 É importante uma maior oferta de cursos de especialização para aprofundamento dos
conhecimentos relativos à investigação de acidentes. Há a necessidade de se permitir a
participação de elos SIPAER militares em investigações de acidentes envolvendo
aeronaves civis, permitindo que esses profissionais adquiram experiência em
investigação, haja vista a baixa ocorrência de acidentes envolvendo aeronaves militares.
Isso também auxiliaria os elos SERIPA na agilidade das investigações.
42 Sugiro uma maior divulgação e disponibilização dos cursos, especializações, mestrados e
doutorados para os OSV que atuam diretamente nas unidades aéreas, pois estes são
"esquecidos" pelo sistema SIPAER nestas áreas (capacitações profissionais).
43 Ha algum tempo vêm ocorrendo reuniões regionais de reciclagem dos OSVs, isto tem
sido muito bom para a reciclagem de conhecimentos.
44 Deveria existir um programa de reciclagem (online) para atender o profissional que não
esteja trabalhando diretamente na área de segurança de voo.
45 Acredito que o CENIPA deveria promover cursos de reciclagem para os profissionais
ASV, não somente o inicial mas cursos de aprimoramento. Novas tecnologias são
incorporadas às aeronaves, novos métodos e meios para a interpretação de dados e outras
análises surgem a cada dia, e isso deveria ser passado aos investigadores. Fazer estudos
de casos, mostrando as dificuldades encontradas e o que foi feito para superá-las.
46 Busca constante de atualização. Interação com investigadores mais experientes.
47 curso de reciclagem para os profissionais de investigação, e que os mesmo (civis),
fossem convidadso para participar de uma invstigacao.
48 Inicilamente ser do ramo da aviação, para não ser um teórico distante da realidade.
Entender a finalidade das investigações e sua relação com o mundo real. (Familiares e
Justiça). Ter mente aberta e entender que a atividade de investigação é uma atividade
para os outros e não para atendimento de necessidades próprias. Entender o contexto
social e político do cenário onde irá atuar. Buscar participação sem ter idéias pré-
concebidas e com espírito de cooperação.
49 Fui do sistema DAC durante 15 anos. Dois quais 11 fui OSV. Participei de mais de 40
acidentes/incidentes aeronáuticos. Fora os de ultraleves. O que eu acho mais importante
de tudo o que foi falado é ter o apoio do Sistema. Por vezes o investigador se sente
sozinho com uma imensa responsabilidade e não tem o apoio necessário. Principalmente
se o acidente tiver grande repercussão na mídia. Fora esse fato acredito que tudo o que eu
marquei como importante temos que intensificar a área de engenharia, visto que
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atualmente as aeronaves são cada vez mais sofisticadas e os "investigadores" estão um
pouco ultrapassados. Estou fora do sistema e atualmente atuo como piloto de uma
empresa. Gostaria muito de ser informado de cursos e palestras do assunto. Att,
50 Realização e divulgação de Seminários, congressos e palestras sobre Investigação e
Prevenção de AA.
51 Manutenção da capacidade de analisar evidências físicas dos destroços e não somente
dados de gravadores de voo como hoje está acontecendo.
52 A realização de cursos de pós-graduação e a participação em simpósios/seminários
nacionais e internacionais não só criam/aprimoram competências, como também criam
network entre pessoas de áreas difirentes. No meu ponto de vista, um investigador jamais
dominará todo o conhecimento necessário à condução de uma boa investigação, porém
ele deve conhecer aqueles que detêm tal conhecimento específico, de forma a poder
consultá-lo quando lhe for necessário. Daí a importância de se ter um bom network.
53 O Cenipa poderia reedutar a revista que existia descrevento a sintese de acudentes e
incidentes (civis e militares). Traz muitos ensinamentos para quem e da atividade.
54 Visitação as empresas aereas (safety). Contato com ferramentas como:
FOQA/MOQA/CEFA.
55 MAIOR PARTICIPAÇÃO DOS ASV E EC NAS INVESTIGAÇÕES DOS
ACIDENTES COM AERONAVES CIVIS.
56 Que as Organizações Militares não deixem de autorizar os OSVs a fazerem cursos,
participarem de seminários ou de investigações por falta de míseras diárias.
57 No meu ponto de vista, o investigador deve ter muita fé, força de vontade e
conhecimento para realizar a atividade com seriedade e eficácia.
58 Ter um banco de dados disponível para consulta de diversos acidentes aeronáuticos em
todo o mundo.
59 Homologar instituiçoes regionais para facilitar o aprimoramento destes profissionais.
60 cursos Análise de FDR, Investigação de Fator Material e Investigador de Fator Humano.
61 Precisa conhecer aerodinâmica e teoria de vôo com profundidade, tanto em aviões como
em helicópteros (caso investigue ambos), para entender a reação dos pilotos e das
aeronaves.
62 Realizar algum tipo de reciclagem à distância.
63 Que o CENIPA programasse encontro periódicos com os Investigadores para reciclar
conhecimentos, divulgar aprendizados colhidos e em investigações concluídas, assim
como é feito nos Seminários Regionais dos SERIPAS que focam na PREVENÇÃO.
Porém estes eventos estariam focados na INVESTIGAÇÃO.
64 O incentivo à capacitação contínua e reciclagens periódicas são de extrema importância
para o investigador, principalmente devido às constantes mudanças de legislações e
normas do SIPAER/OACI.
65 Fundamental o Investigador se colocar na situação do piloto, do mecânico, do técnico,
evitando emitir pareceres sem "conhecimento de causa". Cansei de ver isso!
66 Muitas ocorrências têm a Cultura Organizacional como fator contribuinte. É necessário
ter conhecimento nessa área para identificar potenciais de risco à operação.
67 Ser convidado para estar no meio SAFETY.
68 Enquetes como esta nos auxilia a manter em "alta" a necessidade de um aperfeiçoamento
perene. Atualização para com a regulamentação trabalhista do MTE.
69 Sugiro a realização de cursos importantes como o PE-Safety em outras cidades do país,
visando extender o conhecimento a outros profissionais da área limitados pela distância
dos grandes centros. Ou até mesmo a possibilidade de realização desse mesmo curso de
maneira não presencial, à distância.
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Apêndice B – Carta de Apresentação enviada com o questionário
“Prezado(a) Investigador(a) de Acidentes Aeronáuticos,
Somos um grupo de alunos do Curso de Especialização em Segurança da Aviação e
Aeronavegabilidade Continuada (PE-Safety) promovido pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica
(ITA), em parceria com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA).
Estamos desenvolvendo um trabalho científico com foco no aprimoramento profissional do
Investigador de Acidentes Aeronáuticos no Brasil.
Para isso, elaboramos um questionário direcionado a todos os OSV/ASV que queiram contribuir com
o enriquecimento desta pesquisa. O mesmo é composto por 27 (vinte e sete) perguntas que levam
aproximadamente 10 (dez) minutos para serem respondidas. Os dados obtidos são sigilosos e serão
utilizados exclusivamente para este trabalho científico.
Caso tenha dúvidas ou sugestões, encaminhe seus comentários para [email protected]. Este é
o link da pesquisa: https://pt.surveymonkey.com/s.aspx. Este link está vinculado, de maneira
exclusiva, a esta pesquisa e ao seu endereço de email. Não encaminhe esta mensagem. Agradecemos
sua participação!
Alexandre Gomes da Silva, Andressa Lewek, Antonio Carlos Silva, Jeilson Oliveira e Vivaldo
Queiroz.
Atenção: Se não desejar receber nossos emails, clique no link abaixo e você será removido
automaticamente de nossa lista de.mala direta. https://pt.surveymonkey.com/optout.aspx
FOLHA DE REGISTRO DO DOCUMENTO
1. CLASSIFICAÇÃO/TIPO
TC
2. DATA
11 de novembro de 2013
3. REGISTRO N°
DCTA/ITA/TC-018/2013
4. N° DE PÁGINAS
99 5. TÍTULO E SUBTÍTULO:
Competências do investigador brasileiro de acidentes aeronáuticos: uma proposta. 6. AUTOR(ES):
Alexandre Gomes da Silva; Andressa Moura Lewek; Antônio Carlos Silva; Jeilson Joel de oliveira; Vivaldo Genezio de Queiroz. 7. INSTITUIÇÃO(ÕES)/ÓRGÃO(S) INTERNO(S)/DIVISÃO(ÕES):
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA 8. PALAVRAS-CHAVE SUGERIDAS PELO AUTOR:
9.PALAVRAS-CHAVE RESULTANTES DE INDEXAÇÃO:
Investigação de acidentes; Prevenção de acidentes; Acidentes de aeronaves; Segurança de voo; Fatores de segurança; Avialiação de riscos; Engenharia aeronáutica. 10. APRESENTAÇÃO: X Nacional Internacional
ITA, São José dos Campos. Curso de Especialização em Segurança de Aviação e Aeronavegabilidade Continuada. Orientadores: Prof. Donizeti de Andrade; Prof. Marcelo Soares Leão. Apresentação em 09/11/2013. Publicada em 2013. 11. RESUMO:
O trabalho traz a proposta de um modelo de competências essenciais requeridas ao investigador brasileiro
de acidentes e incidentes aeronáuticos tendo por base os construtos do conhecimento, habilidade, atitude
e experiência. O modelo delineia construtos de competência individual e as respectivas variáveis para
aqueles que trabalham nesta função, com o objetivo de auxiliar os processos de indicação, seleção,
formação, treinamento e de educação continuada deste profissional no Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos. A proposta pretende reduzir a subjetividade da gestão de pessoas
com uma ferramenta de apoio para a autoridade de investigação aeronáutica no Brasil. Além disso, o
trabalho realiza um diagnóstico da realidade do investigador brasileiro de acidentes aeronáuticos no que
tange a sua experiência e grau de preparo para o exercício de sua função.
12. GRAU DE SIGILO:
(X ) OSTENSIVO ( ) RESERVADO ( ) CONFIDENCIAL ( ) SECRETO