TGI II - Pranchas

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Bauru está localizada no interior do estado de São Paulo. A cidade conquistou importante desenvolvimento no auge do sistema ferroviário no Brasil, pois foi escolhida para abrigar um dos mais importantes entroncamentos ferroviários da América do Sul. Devido à decadência desse sistema de transporte, a estrada de ferro local foi desativada, o que gerou muito desemprego, desde aos trabalhadores ligados diretamente à ferrovia até aos que atendiam com serviços o grande fluxo de pessoas que passava por ali. Muitos edifícios perderam suas funções, o que resultou em lugares abandonados e que servem, atualmente, de abrigo à população em situação de rua e usuários de drogas. A partir do conceito da relação com o usuário e o objeto arquitetônico e sua inserção na paisagem cotidiana, com a preocupação de atender as solicitações e não afastar a população local, foi selecionada uma área próxima ao Centro e à antiga Estação Ferroviária, uma região apontada como de concentração da população de rua. lugar A criação de um espaço público inserido numa área urbana consolidada. Uma arquitetura que capte o olhar do passante e convide-o àquele espaço, disponível para sua apropriação. Estes foram os princípios dos quais partiu este projeto. Com a ideia de modificar a paisagem cotidiana, temos uma área abandonada pelo poder público, um vazio urbano no centro da cidade de Bauru/SP. Partindo do estudo da cidade, dos espaços públicos presentes no dia-a-dia das pessoas, a implantação deste projeto começa pela articulação de um percurso interno que conecta os edifícios e cria espaços que se abrem para a cidade. Um desvio da calçada leva o passante ao interior do projeto, cujos limites não estão definidos. A permeabilidade nos espaços “fechados” acontece no mesmo fluxo, sem barreiras físicas, e visualmente convida os olhos a passear pelas curvas, identificar abrigos, convidando ao estar. Foi realizado um estudo sobre a área e principalmente sobre as atividades sociais existentes na cidade e seu público. A população em situação de rua, necessitada de atividades que não sejam apenas assistencialistas, foi o foco principal para a criação desses espaços, principalmente no que diz respeito às áreas livres e às proporções das construções, que não se colocam como imponentes e rígidas, que podem provocar forte aversão a àqueles que buscam por ajuda, que já se sentem reprimidos frente às diversas imposições e preconceitos por parte da cidade. O programa parte da demanda da cidade por equipamentos sociais. Ao estudarmos as necessidades e a real efetividade de atividades que propõem uma “reintegração social”, que é imposta e exigente frente às diferentes realidades da população que pretende atender, o programa se revela bastante complexo. Os edifícios foram pensados de forma a não causar uma ruptura na paisagem, mas fazer parte dela. As coberturas curvas envolvem os espaços, mas não os fecha totalmente; a arquibancada e a escadaria fazem a conexão entre as duas cotas extremas do terreno, a calçada do nível mais alto conforma um mirante; o desenho da vegetação não se limita às áreas não pavimentadas, mas tem continuidade com aberturas no piso e conectam área construída e área verde, fazem um conjunto do projeto que compõe essa paisagem. O projeto se denomina Centro de Convivência, um local com atividades diversas em seu programa e que acomoda outras que possam ser adequadamente realizadas em seus espaços. Um programa que por si só parte de uma ideia de integração, seja nas atividades esportivas, cujo fundamento já é a relação interpessoal entre idades ou classes sociais, também o restaurante, que atende necessidades nutricionais dos que não podem pagar por uma refeição adequada, mas também àqueles que buscam um ambiente agradável e preocupado com o bem estar dos usuários, ou mesmo os cursos, que se conectam com as tecnologias e também com as artes em exposições ou dinâmicas para toda a sociedade. Muitas pessoas em situação de rua, que por problemas financeiros, familiares, psicológicos, entre outros, não têm uma residência, cotidianamente caminham pela cidade em busca de abrigo, refeições e apoio, vagam pelas ruas em busca de suas atividades diárias. Esse caminhar forma um percurso que se torna intrínseco a rotina da maioria dessa população. Partindo desse princípio do caminhar pela cidade e com o objetivo de atender e proporcionar atividades que atraiam essas pessoas ao convívio e à reinserção social a intervenção traz uma escala que convide o passante àquele espaço. Elementos que compõem a paisagem da cidade, como praças e largos, são repensados esses espaços, de forma que não seja intimidadora, que convide ao estar e que também estimule/convide às atividades internas aos edifícios, ao programa do projeto. Dessa maneira, este projeto visa a inserção de equipamentos que atendam pessoas em situação de rua, mas também toda a população de forma a integrar atividades e públicos de uma mesma sociedade. Centro de Convivência e Integração Social: um espaço da cidade de Bauru conexões Intervenção Albergue e Centro Pop percursos 1/4 Camila Mariana G. V. da Rocha . Instituto de arquitetura e urbanismo . usp são carlos Trabalho de Graduação Integrado II . 2012 .

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Estas pranchas fazem parte da produção do trabalho de conclusão do curso de Arquitetura e Urbanismo, intitulado Centro de Convivência e Integração social: um espaço da cidade de Bauru.

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Bauru está localizada no interior do estado de São Paulo. A cidade conquistou importante desenvolvimento no auge do sistema ferroviário no Brasil, pois foi escolhida para abrigar um dos mais importantes entroncamentos ferroviários da América do Sul.

Devido à decadência desse sistema de transporte, a estrada de ferro local foi desativada, o que gerou muito desemprego, desde aos trabalhadores ligados diretamente à ferrovia até aos que atendiam com serviços o grande fluxo de pessoas que passava por ali. Muitos edifícios perderam suas funções, o que resultou em lugares abandonados e que servem, atualmente, de abrigo à população em situação de rua e usuários de drogas.

A partir do conceito da relação com o usuário e o objeto arquitetônico e sua inserção na paisagem cotidiana, com a preocupação de atender as solicitações e não afastar a população local, foi selecionada uma área próxima ao Centro e à antiga Estação Ferroviária, uma região apontada como de concentração da população de rua.

lugarA criação de um espaço público inserido numa área urbana consolidada. Uma arquitetura que capte o olhar do passante e convide-o àquele espaço, disponível para sua apropriação. Estes foram os princípios dos quais partiu este projeto. Com a ideia de modificar a paisagem cotidiana, temos uma área abandonada pelo poder público, um vazio urbano no centro da cidade de Bauru/SP.

Partindo do estudo da cidade, dos espaços públicos presentes no dia-a-dia das pessoas, a implantação deste projeto começa pela articulação de um percurso interno que conecta os edifícios e cria espaços que se abrem para a cidade. Um desvio da calçada leva o passante ao interior do projeto, cujos limites não estão definidos. A permeabilidade nos espaços “fechados” acontece no mesmo fluxo, sem barreiras físicas, e visualmente convida os olhos a passear pelas curvas, identificar abrigos, convidando ao estar.

Foi realizado um estudo sobre a área e principalmente sobre as atividades sociais existentes na cidade e seu público. A população em situação de rua, necessitada de atividades que não sejam apenas assistencialistas, foi o foco principal para a criação desses espaços, principalmente no que diz respeito às áreas livres e às proporções das construções, que não se colocam como imponentes e rígidas, que podem provocar forte aversão a àqueles que buscam por ajuda, que já se sentem reprimidos frente às diversas imposições e preconceitos por parte da cidade.

O programa parte da demanda da cidade por equipamentos sociais. Ao estudarmos as necessidades e a real efetividade de atividades que propõem uma “reintegração social”, que é imposta e exigente frente às diferentes realidades da população que pretende atender, o programa se revela bastante complexo.

Os edifícios foram pensados de forma a não causar uma ruptura na paisagem, mas fazer parte dela. As coberturas curvas envolvem os espaços, mas não os fecha totalmente; a arquibancada e a escadaria fazem a conexão entre as duas cotas extremas do terreno, a calçada do nível mais alto conforma um mirante; o desenho da vegetação não se limita às áreas não pavimentadas, mas tem continuidade com aberturas no piso e conectam área construída e área verde, fazem um conjunto do projeto que compõe essa paisagem.

O projeto se denomina Centro de Convivência, um local com atividades diversas em seu programa e que acomoda outras que possam ser adequadamente realizadas em seus espaços. Um programa que por si só parte de uma ideia de integração, seja nas atividades esportivas, cujo fundamento já é a relação interpessoal entre idades ou classes sociais, também o restaurante, que atende necessidades nutricionais dos que não podem pagar por uma refeição adequada, mas também àqueles que buscam um ambiente agradável e preocupado com o bem estar dos usuários, ou mesmo os cursos, que se conectam com as tecnologias e também com as artes em exposições ou dinâmicas para toda a sociedade.

Muitas pessoas em situação de rua, que por problemas financeiros, familiares, psicológicos, entre outros, não têm uma residência, cotidianamente caminham pela cidade em busca de abrigo, refeições e apoio, vagam pelas ruas em busca de suas atividades diárias. Esse caminhar forma um percurso que se torna intrínseco a rotina da maioria dessa população.

Partindo desse princípio do caminhar pela cidade e com o objetivo de atender e proporcionar atividades que atraiam essas pessoas ao convívio e à reinserção social a intervenção traz uma escala que convide o passante àquele espaço.

Elementos que compõem a paisagem da cidade, como praças e largos, são repensados esses espaços, de forma que não seja intimidadora, que convide ao estar e que também estimule/convide às atividades internas aos edifícios, ao programa do projeto.

Dessa maneira, este projeto visa a inserção de equipamentos que atendam pessoas em situação de rua, mas também toda a população de forma a integrar atividades e públicos de uma mesma sociedade.

Centro de Convivência e Integração Social: um espaço da cidade de Bauru

conexões

Intervenção Albergue e Centro Pop

percursos

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Camila Mariana G. V. da Rocha . Instituto de arquitetura e urbanismo . usp são carlosTrabalho de Graduação Integrado II . 2012 .

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2/4Centro de Convivência e Integração Social: um espaço da cidade de Bauru

O desenho da implantação deste projeto foi um objeto de estudo ao longo de todo o seu desenvolvimento. Desde o início esteve presente a ideia de projetar para a cidade um lugar que seja reconhecido e utilizado pela população.

Através de linhas sinuosas a pavimentação da calçada permeia o interior da quadra, traz a rua para dentro do projeto. Os edifícios criam novos espaços entre si através da continuidade das áreas com e sem cobertura.

Camila Mariana G. V. da Rocha . Instituto de arquitetura e urbanismo . usp são carlosTrabalho de Graduação Integrado II . 2012 .

implantação

"Entendo a arquitetura em sentido positivo, como uma criação inseparável da vida civil e da sociedade em que se manifesta; ela e, por natureza, coletiva."

(Aldo Rossi, Arquitetura da Cidade)

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3/4Centro de Convivência e Integração Social: um espaço da cidade de Bauru

Esportes

programa

Este projeto visa a inserção de equipamentos que atendam a população em situação de rua, do bairro, do centro, da cidade, de forma a integrar atividades e públicos de uma mesma sociedade. Com uma programação flexível e espaços que permitam diversos tipos de atividades existem três temas que são pontuados no projeto: alimentação, formação e esporte.

O restaurante popular vem atender a demanda da cidade por um restaurante popular, visto que podemos observar a existência desse serviço em municípios com população inferior aos aproximadamente 340 mil habitantes de Bauru. Este equipamento se coloca à disposição de todos, pessoas em situação de rua, que não têm como pagar por uma refeição adequada, moradores do bairro ou trabalhadores do comércio e dos equipamentos institucionais próximos ao local. . Este é o principal espaço do projeto, cuja entrada se volta para o interior da quadra e conforma um grande espaço de convívio, encontro de pessoas e atividades diversas, desde a chegada para realizar as refeições ou assistir apresentações no palco ao ar livre.

Os cursos propostos vão além da capacitação profissional para o mercado de trabalho da cidade, busca-se trazer um outro foco, o da preparação de pessoas para trabalhar com o atendimento social. Visto que o relacionamento interpessoal e principalmente a assistência social são questões de política pública, mas usualmente não há capacitação dos funcionários para realizar as atividades, existe então a demanda por esse tipo de orientação, que facilitará e tornará mais eficiente as atividades sociais. Outra atividade bastante atual e que pode receber um apoio das universidades da cidade, são os cursos de inclusão digital, principalmente as ligadas às novas mídias. O espaço pode ser utilizado de diversas maneiras, cursos em grupos menores ou palestras abertas a todos.

As atividades esportivas vêm para atender à demanda por lazer e esporte da cidade. Tendo o princípio de atividade de integração por definição, o esporte vem como uma opção de atividade para a população em situação de rua, que muitas vezes fica concentrado e sem atividades no Centro Pop (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) ou mesmo nas ruas de forma que não auxilie no estado psicológico de muitos que estão nessa situação. Assim como a disposição dos espaços para atividades do bairro e aulas diversas, em quadra e em salas, para crianças, adultos e idosos.

cursos

restaurante

Camila Mariana G. V. da Rocha . Instituto de arquitetura e urbanismo . usp são carlosTrabalho de Graduação Integrado II . 2012 .

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4/4Centro de Convivência e Integração Social: um espaço da cidade de Bauru

Camila Mariana G. V. da Rocha . Instituto de arquitetura e urbanismo . usp são carlosTrabalho de Graduação Integrado II . 2012 .

detalhe: laje de concreto com barrotes de madeira detalhe restaurante: teto verde