Textual fundamentos da pisocopedagogia

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FUNDAMENTOS DA PISOCOPEDAGOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA PROFESSORA TANIA SARMENTO Psicopedagogia: História, Conceituação, Campo de Atuação e Referencial Teórico Como podemos definir psicopedagogia? Área do conhecimento que ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. Qual é função de um psicopedagogo? Reintegrar o sujeito a sua vida escolar normal E por que a aprendizagem é tão importante ao ponto de ter sido necessário a criação de uma área de conhecimento? RESPOSTA A aprendizagem, afinal, é responsável pela inserção da pessoa no mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o indivíduo se incorpora ao mundo cultural, com uma participação ativa, ao se apropriar de conhecimentos e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações simbólicas. Mas como esta área do conhecimento surgiu? Surgiu da necessidade explicar o fracasso escolar e também de compreensão do processo de aprendizagem e seus distúrbios e evolui devido a existência de recursos, para atender esta demanda. Podemos dizer que a Psicopedagogia uma aplicação da psicologia a Pedagogia? A resposta é NÃO Vamos entender esta resposta caminhando por várias questões históricas e teóricas

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• FUNDAMENTOS DA PISOCOPEDAGOGIA

• CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

• PROFESSORA TANIA SARMENTO

• Psicopedagogia: História, Conceituação, Campo de Atuação e Referencial Teórico

• Como podemos definir psicopedagogia?

• Área do conhecimento que ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.

• Qual é função de um psicopedagogo?

• Reintegrar o sujeito a sua vida escolar normal

• E por que a aprendizagem é tão importante ao ponto de ter sido necessário a criação de uma área de conhecimento?

• RESPOSTA

A aprendizagem, afinal, é responsável pela inserção da pessoa no mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o indivíduo se incorpora ao mundo cultural, com uma participação ativa, ao se apropriar de conhecimentos e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações simbólicas.

• Mas como esta área do conhecimento surgiu?

Surgiu da necessidade explicar o fracasso escolar e também de compreensão do processo de aprendizagem e seus distúrbios e evolui devido a existência de recursos, para atender esta demanda.

Podemos dizer que a Psicopedagogia uma aplicação da psicologia a Pedagogia?

A resposta é NÃO

• Vamos entender esta resposta caminhando por várias questões históricas e teóricas

• História da psicopedagogia

• Historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e a psicologia na Europa, em 1946, sendo fundados os primeiros centros psicopedagógicos por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica.

• Unindo conhecimentos da área de Psicologia, Medicina e Pedagogia, esses centros tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional.

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• Atribuíam como causas destes comportamentos aspectos de ordem interna, as chamadas Disfunções Cerebrais Mínimas ( DCM) e de ordem externa como a desnutrição.

• Na literatura francesa influencia as ideias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira)

• Foi na década de 1970 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento conseguindo resultados após um ano.

• Mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).

• Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “...

• Brasil, particularmente durante a década de 1970, foi amplamente difundido o rótulo de Disfunção Cerebral Mínima para as crianças que apresentavam, como sintoma proeminente, distúrbios na escolaridade” (Kiguel, 1991, p. 22).

• Vamos fazer uma crítica a esta formulação: Pedagogia / Psicologia

• Se o fracasso estava ligado a disfunções neurológicas ou desnutrição, como ele se ligava a fatores pedagógicos ou pedagógicos.

• Há então uma contradição aqui certo?

• Se no Brasil, o objeto de estudo estava ligado somente aos DCM’s, uma concepção organicista no entendimento desta problemática, porque se afirma, ao mesmo tempo, ser preocupação da psicologia e da pedagogia?

• Se a psicopedagogia não pode ser pensadasimplesmente como uma aplicação da psicologia à pedagogia, o que éentão?

Para responder esta pergunta, convém percorrer um caminho em que é preciso pensar sobre o seu objeto de estudo, sobre as teorias que fundamentaram a concepção de homem e na interdisciplinaridade.

• 1OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA

• O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA

A definição do objeto de estudo da psicopedagogia passou por fases distintas, assim como os demais aspectos dessa área de estudo. Em diferentes momentos históricos e em diferentes

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referenciais teóricos, que repercutem nas produções científicas, esse objeto foi entendido de várias formas

• Para Kiguel (1991, p. 24):

(...)o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento.

• De acordo com Neves (1991, p. 12):

(...)a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos.

• Segundo Scoz (1992, p. 2):

(...)a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades e é em uma ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.

• Para Golbert (1995, p. 13):

(...) o objeto de estudo da psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques:

• O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da psicopedagogia é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos. Focaliza as possibilidades do aprender, num sentido amplo (família, comunidade, etc.)

• O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem.

• Alicia Fernández (1990a, p. 11), ao citar Sara Paín, coloca:

(...) o problema da aprendizagem é nossa plataforma de lançamento para construir uma teoria psicopedagógica.

Ela não considera que se deve partir da patologia de aprendizagem e sim do sujeito que aprende, do sujeito que não aprende, suas personalidades e os problemas de aprendizagem.

• Segundo Jorge Visca (1987):

(...) o objeto de estudo da psicopedagogia é o processo de aprendizagem e seus recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios.

• Para Kubinstein (1992, p. 103):

- Para ele historicamente esse objeto de estudo foi entendido de DUAS formas:

• Um primeiro momento

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REEDUCAÇÃO: até 1970 fracasso escolar ligado a déficits neurológicos (DCM) e se priorizava a reeducação com avaliação de destes déficits e sua recuperação.

OBJETO DE ESTUDO: sujeito que não podia aprender.

CONCEPÇÃO: não aprender porque faltava algo

ESTUDAVA-SE: regularidades em grandes grupos de determinadas idades com o objetivo de acentuar a uniformidade e reduzir as diferenças

• 2º MOMENTO

• NOÇÃO DE NÃO-APRENDIZAGEM MUDA: agora é carregado de significados.

• OBJETO DE ESTUDO: sujeito aprendente.

• CONCEPÇÃO: aprendizagem depende de:

- Equipamento biológico

- Disposição afetiva e intelectual

- Da relação com o outro

- Das condições socioculturais

• Marina Müller (1984, p. 7 e 8) diz que é importante refletir-se sobre o objeto de estudo específico da pedagogia e da psicologia:

PARA A PSICOLOGIA:

- como se incrementam os conhecimentos entram em contradição e são substituídos;

- que leis regem estes processos;

- que influências afetivas e representações inconscientes os acompanham;

- que dificuldades interferem ou impedem;

- de que maneira é possível favorecer as aprendizagens ou tratar suas alterações.

• PARA A PEDAGOGIA:

- O que é educar, o que é ensinar e aprender;

- como se desenvolvem estas atividades;

- como incidem subjetivamente os sistemas

e métodos educativos;

- quais as problemáticas estruturais que intervêm no surgimento de transtornos da aprendizagem e no fracasso escolar;

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- que propostas de mudança surgem.

- “O sujeito que aprende” – diz Marina Müller – “é motivo de perguntas para os psicopedagogos, e destinatário de sua atividade profissional”.

• Qual é o consenso entre eles?

Que a concepção de aprendizagem resulta de uma visão de homem, e é em razão desta que acontece a práxis psicopedagógica.

Esta visão vai além dos limites da psicologia e da própria pedagogia.

• CONCLUINDO, O OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA...

• ENFOQUE CLÍNICO

• OBJETO DE ESTUDO: Aqui o objeto de estudo é o sujeito aprendente, que deve ser compreendido: o que, como e por que aprende. O Pp tem que criar uma situação que favoreça a aprendizagem

• ENFOQUE PREVENTIVO

• OBJETO DE ESTUDO: passa a ser o processo de aprendizagem considerando todas as variáveis que interferem neste processo (família, escola, instituições não formais,

• RESPONDA:

• QUE OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO PODEM AJUDAR O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO?

• Interdisciplinaridade

• Busca conhecimento em outros campos e enquanto cria seu próprio objeto de estudo e delimita seu campo de ação (Bossa, 2000, p. 23).

• O campo desse conhecimento recebe também influências da psicanálise, da lingüística, da psicologia, da psicanálise, da pedagogia, da semiótica, da neuropsicologia, da fisiologia, da filosofia , da fonoaudiologia e da medicina.

• Portanto possui um caráter interdisciplinar

• ATUALMENTE

• CONCEPÇÃO: considera que disposições afetivas e intelectuais interferem nas relações do sujeito com o meio, influenciando e sendo influenciado pelas condições socioculturais deste sujeito e deste meio.

• OBJETO DE ESTUDO: o processo de aprendizagem: como se aprende, as alterações, os fatores a que está condicionado, os obstáculos (como reconhecê-los, tratá-los e preveni-los)

• CONCLUÍMOS QUE O OBJETO DE ESTUDO É...

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Processo de aprendizagem humana: seus padrões normais e patológicos, fatores que o condicionam, os obstáculos á aprendizagem (como reconhecê-los, tratá-los e preveni-los) considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia.

• CAMPOS DE ATUÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

O ESPAÇO ONDE SE DÁ O TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO

• MODO DE ABORDAR O SEU OBJETO DE ESTUDO

• Estudo do processo de aprendizagem, diagnóstico e tratamento dos seus obstáculos ( PESQUISA) , trabalhar o processo de aprendizagem em instituições de indivíduos ou grupos e realizar processos de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual ou em grupo (INSTITUCIONAL) e atendimento individualizado em consultórios ( CLÍNICO)

• TRABALHO DE PESQUISA

• OBJETIVO: criar um corpo teórico para a Psicopedagogia através de estudos referentes ao processo de aprendizagem, sobre a avaliação da prática psicopedagógica e sobre a aplicação teórica que dará mais consistência aos conhecimentos psicopedagógicos.

• TRABALHO CLÍNICO OU TERAPÊUTICO: Sujeito que estuda outro sujeito

• O psicopedagogo deve reconhecer seu processo de aprendizagem, seus limites, suas competências, principalmente a intrapessoal e a interpessoal, pois seu objeto de estudo é um outro sujeito, sendo essencial o conhecimento e possibilidade de diferenciação do que é pertinente de cada um.

• TRABALHO CLÍNICO OU TERAPÊUTICO:

• OBJETIVO: identificar a estrutura do sujeito, suas transformações no tempo, influências do seu meio nestas transformações e seu relacionamento com o aprender

• FOCO:

- Compreender os sintomas de um não-aprender;

- Deve compreender como o sujeito aprende, o que aprende, por quê aprende;

- Como sua relação com o aprender favorece ou não a aprendizagem.

• Numa linha terapêutica ele...

• Trata das dificuldades de aprendizagem, diagnosticando, desenvolvendo técnicas remediativas, orientando pais e professores, estabelecendo contato com outros profissionais de outras áreas, pois tais dificuldades são multifatoriais em sua origem e, muitas vezes, no seu tratamento.

• Conhecimentos necessários

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• Teorias que expliquem como se dá a aprendizagem

• Quais as leis que regem este processo

• O que favorece e o que o compromete o processo: as influências emocionais, sociais, pedagógicas e orgânicas.

• O que é aprender e o que é ensinar

• Quais métodos e sistemas educativos que existem neste processo

• TRABALHO INSTITUCIONAL OU PREVENTIVO

• OBJETO DE ESTUDO: instituição onde se dá a aprendizagem.

• São avaliados:

- Processos didáticos;

- Processos metodológicos;

- Dinâmica institucional que interfere no processo de aprendizagem.

Comporta 3 níveis de prevenção:

• Numa linha preventiva ele...

• Prepara profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola.

• Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;

• Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca;

• Promover orientações metodológicas de acordo com as características dos indivíduos e grupos;

• Realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.

Pode ocorrer em trê níveis:

• 1º NÍVEL

OBJETIVO: Tentar diminuir a frequência dos problemas de aprendizagem.

• FOCO:

- didática e metodologias;

- formação de professores;

- Orientação aos professores;

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- Aconselhamento aos pais.

• 2º NÍVEL

• OBJETIVO: diminuir ou tratar de problemas de aprendizagem já instalados.

• FOCO: realizar o diagnóstico do grupo e para detectar causas e intervir através do plano de ação para eliminá-los

• 3º NÍVEL

• OBJETIVO: eliminar os transtornos já instalados de forma clínica, ou seja, problemas instalados especificamente em um aluno ou grupo de alunos diretamente para se evitar o aparecimento de outros.

• IMPORTANTE LEMBRAR QUE

• Trabalho Clínico é também preventivo, lidando com alguns transtornos, pode evitar o aparecimento de outros.

• Trabalho Preventivo é também clínico, considera a singularidade de cada processo.

• FORMAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

• A Psicopedagogia no Brasil

Surgiu a 30 anos direcionada a pesquisas e reflexões sobre a prática educacional;

1970 em Pernambuco primeiro curso de Especialização Lato Sensu em Psicopedagogia;

1979 Primeiro Curso a nível de Pós-Graduação do Instituto Sedes Sapientia

1990 Surge na Região Sul e Sudeste Reeducação Psicológica

• ATUALMENTE...

• Em 2005 foi reconhecido o primeiro curso de graduação em psicopedagogia, oferecido pela PUC/RS. Nessa época o Brasil já contava com outros cursos em andamento: no Centro Universitário La Salle,(Canoas, RS) , no Centro Universitário FIEO (Osasco, São Paulo). Além desses , em 2006 foi recomendado pela CAPES o primeiro mestrado acadêmico com área de concentração em psicopedagogia

• A regulamentação brasileira tem avançado a partir do Projeto de Lei nº 128/2000 e da Lei nº 10.891. Entretanto, a regulamentação de qualquer nova profissão, a exemplo das tentativas de regulamentação da psicanálise no Brasi, têm encontrado uma forte barreira constitucional, pois o Art. 5º da Constituição Brasileira prevê o "livre exercício profissional", sendo entendido que é desnecssário e oneroso para o Estado a regulamentação de profissões, exceto quando há risco eminente para a sociedade.

• FORMAÇÃO

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1) Precisa ter segundo grau e pós graduação em psicopedagogia em instituição reconhecida

2) Precisa conhecer os princípios, atribuições e responsabilidades e importância do sigilo prescritas no código de ética

3)Precisa ter bom relacionamento com os colegas e outros especialistas

4)Precisa respeitar limites de atuação

5)Precisa de conhecimentos de várias áreas

6) Precisa ser humilde

• Teorias que fundamentam o trabalho psicopedagógico: conhecimentos a respeito do CORPO, ORGANISMO, INTELIGENCIA E DESEJO

EPISTEMOLOGIA CONVERGENTE

• REFERENCIAL TEÓRICO

Está apoiado na teoria da Epistemologia Convergente, proposta por Jorge Visca, fundamentada em três outras escolas, a saber:

Psicologia Social de Enrique Pichon-Rivière

Teoria Cognitiva Desenvolvimentista , com o seu principal representante, Jean Piaget

A Psicanálise.(escuta, transferência e contratransferência)

• Epistemologia convergente

• Concebe a aprendizagem como uma construção intrapsíquica, com continuidade genética e diferenças evolutivas, resultante das precondições energético-estruturais do sujeito e as circunstâncias do meio.

• O pensamento visto como um sistema composto por uma dupla estrutura: uma lógico-conceitual, estudada especialmente por Piaget e seus colaboradores cognitivistas, que tem a função de construir a objetividade, e outra simbólico-dramática estudada pela psicanálise (ótica laicana), onde o objetivo é o sujeito do desejo (BOUYER,2004)

• DIMENSÕES NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM QUE SE RELACIONAM COM ESTAS TEORIAS

• a) EMOCIONAL:

• Está ligada ao desenvolvimento afetivo e sua relação com a construção do conhecimento e a expressão deste através de uma produção gráfica ou escrita. A PSICANÁLISE é a área que embasa esta dimensão, trata dos aspectos inconscientes envolvidos no ato de aprender, permitindo-nos levar em conta a face desejante do sujeito.

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• O não aprender pode expressar uma dificuldade na relação da criança com seu grupo de amigos ou com a sua família, sendo o sintoma de algo que não vai bem nesta dinâmica.

• B) COGNITIVA:

• Está relacionada ao desenvolvimento das estruturas cognoscitivas do sujeito aplicadas em diferentes situações. No domínio desta dimensão, estão: a memória, a atenção, a percepção e outros fatores que usualmente são classificados como fatores intelectuais.

• A Epistemologia e a Psicologia Genética são as áreas de pano de fundo para este aspecto. Encarrega-se de analisar e descrever o processo construtivo do conhecimento pelo sujeito em interação com os outros objetos.

• C) ORGÂNICA :

• Está relacionada à constituição biofisiológica do sujeito que aprende.

• A MEDICINA e, em especial, algumas áreas específicas contribuem para o embasamento deste aspecto. Os fundamentos da Neolinguística possibilitam a compreensão dos mecanismos cerebrais que subjazem ao aprimoramento das atividades mentais.

Sujeitos com alteração nos órgãos sensoriais terão o processo de aprendizagem diferente de outros, pois precisam desenvolver outros recursos para captar material para processar as informações.

• A LINGÜÍSTICA

• É a área que atravessa todas as dimensões. Apresenta a compreensão da linguagem como um dos meios que caracteriza o tipicamente humano e cultural: a língua enquanto código disponível a todos os membros de uma sociedade e a fala como fenômeno subjetivo, evolutivo e historiado de acesso à estrutura simbólica.

D) A DIMENSÃO PEDAGÓGICA

• Está relacionada ao conteúdo, metodologia, dinâmica de sala de aula, técnicas educacionais e avaliações aos quais o sujeito é submetido no seu processo de aprendizagem sistemática.

E) SOCIAL

• Está relacionada à perspectiva da sociedade, onde estão inseridas a família, o grupo social e a instituição de ensino. Encarrega-se da constituição dos sujeitos, que responde às relações familiares, grupais e institucionais.

Em condições socioculturais e econômicas específicas e que contextualizam toda a aprendizagem. A Teoria da psicologia social de Pichon-Riviéri se relacionna com esta dimensão

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Um exemplo de sintoma do não aprender relacionado a este aspecto pode acontecer pelo fato de o sujeito estar vivendo realidades em dois grupos de ideologia e prática com muitas diferenças.

• CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM

• Concepção Racionalista de aprendizagem

• Na concepção racionalista, a aprendizagem é fruto da capacidade interna do aluno. Ele é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz uma capacidade inata para aprender

• Quando não aprende, é considerado incapaz, se aprende diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual (Q.I.). Nesta concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em consideração a idade do indivíduo.

• Concepção da Análise do Comportamento

• De acordo com a concepção da Análise do Comportamento, o processo de aprendizagem acontece na relação entre o objeto de conhecimento e o aluno. O professor programa a forma como o objeto de conhecimento será organizado, respeitando as características individuais do aluno

• O objetivo é que o aluno se interesse pelo processo de conhecimento e aja sobre o objeto de conhecimento. Apesar do que alguns críticos erroneamente afirmam, para os analistas do comportamento, o aluno não deve assumir uma posição passiva durante o aprendizado. Pelo contrário, responder a questões, formular questões e relacionar diferentes conteúdos é fundamental

• Concepção Construtivista

Essa concepção, define a aprendizagem como um processo de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O aluno é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao professor instigar o sujeito, desafiando, mobilizando, questionando e utilizando os “erros” de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a construção do conhecimento

• A Psicopedagogia defende que “para que haja aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo” (Fernández, 1991, p.74), por isso aproxima-se dos referenciais teóricos do construtivismo, pois foca a subjetivação, enfatizando o interacionismo;

• Portanto, o problema de aprendizagem deve ser diagnosticado, prevenido e curado, a partir dos dois personagens (quem aprende e quem ensina) e no vínculo. (Fernández, 1991, p.99).

• ATIVIDADE 2: RESPONDA

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• Quando pensamos sobre uma criança com problemas de aprendizagem qual seria sua primeira reflexão a respeito?

• RESPOSTA: Cada profissional pode identificar-se com uma corrente teórica e esta embasa seu enquadramento e cada escolha determinará seus procedimentos práticos

• O FRACASSO DA / NA ESCOLA, CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS.

• CARÊNCIA CULTURAL

• MISÉRIA;

• PRIVAÇÃO ALIMENTAR;

• DESNUTRIÇÃO;

• PROBLEMAS CEREBRAIS

• DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO

A) METODOLOGIA

B) ESTRUTURA FÍSICA E MATERIAL DA ESCOLA

C) PROBLEMAS EMOCIONAIS (relação professor/alunos)

D) MUDANÇAS DE ESCOLA E DE PROFESSORES

E) CURRÍCULO

• LEMBRE-SE

• O foco da escolha da procedimento é a reação da criança diante dele. Por exemplo: o sintoma numa abordagem psicanalítica vem carregado de significados.

• O diagnóstico vaia para cada profissional devido:

- A sua formação

- Aos marcos referenciais que sustentam sua prática e com os quais se identifica

- Reconhecer que a relação psicopedagogo/sujeito é transferencial.

- Transtorno da aprendizagem é dinâmico como o desenvolvimento infantil.

• MODALIDADE DE APRENDIZAGEM

• MODALIDADE DE APRENDIZAGEM

• Condição e limites para conhecer

• Esquema ou matriz operacional

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• Se constrói a partir das interações com o mundo e com o outro partindo de elaborações simples para as mais complexas

• Esta em um nível inconsciente que depende do desejo de conhecer: epistemofilia ( quem sou, como compreendo o mundo que me cerca.

• PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

• O QUE É AVALIAR?

AÇÃO QUE VISA ENTENDER O PROCESSO EDUCATIVO PARA POSSIBILITAR O DIAGNÓSTICO E A INTERVENÇÃO

INVESTIGAR A QUEIXA

• COMO AVALIAR

• 1) OBSERVANDO: aulas, recreio, cadernos, atividades escolares, postura de professores, pais, funcionários, gestores e depois analisá-los

• 2) LEVANTAMENTO DE DADOS: buscar informações sobre a queixa em boletins escolares, relatórios de outros profissionais, conselho de classe.

• 3) ENTREVISTAS: pode ser estruturada ou não, deve ser feita com todos os envolvidos e se faz necessário um boa interpretação das respostas.

• 4) ANÁLISES: de documentos, planejamentos, cronogramas, calendários, currículos, etc.

• 5) ESTUDOS: do PPP e do regimento

• 6) REUNIÕES: investigar a realidade através das reuniões

• 7) APLICAÇÃO DA TÉCNICA PROJETIVA PSICOPEDAGÓGICA PARELHA EDUCATIVA - aplicação feita individualmente com o objetivo de pesquisar o vínculo que os alunos mantinham com a aprendizagem;

• OBJETIVO DA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA

Entender o que está acontecendo e propor intervenções que conduzam a mudanças

Investigar não só problemas mas também capacidades

• O diagnóstico psicopedagógico busca investigar, pesquisar para averiguar quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de não aprender, aprender com lentidão e/ou com dificuldade; esclarece uma queixa do próprio sujeito, da família ou da escola. (Weiss apud Scoz, 1991, p. 94).

• ATRÁS DE UM SINTOMA HÁ UM SUJEITO QUE DESEJA SER OUVIDO.

• PROCEDIMENTOS DO DIAGNÓSTICO CLINICO

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1. queixa, contrato, enquadramento;2. Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (E.O.C.A.);3. primeiro sistema de hipóteses;4. seleção dos instrumentos de pesquisa;5. segundo sistema de hipóteses; 6. seleção de instrumentos de pesquisa complementares (quando necessário);7. linha de pesquisa para anamnese;8. informações complementares;9. terceiro sistema de hipóteses ou hipótese diagnóstica com indicações e prognóstico 10. devolutiva e 11. informe psicopedagógico.

• O QUE É INTERVENÇÃO

É FEITA APÓS AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA COM A FINALIDADE DE PROMOVER O ATO DE APRENDER. AUXILIAR A ESCOLA OU ALUNO A CRIAR MECANISMOS QUE MELHOREM O SEU DESEMPENHO NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM

6PROPOSTA DE INTERVENÇÃO SEGUNDO HAWARD GARDNER: considera as inteligências múltiplas.

COMO FAZER?

Propõem-se várias formas de ensinar o mesmo conteúdo para atender as diferentes inteligências.

Pesquisa-se as atividades que eles mais gostam de fazer e utilizar estas atividades para melhorar desempenho escolar.