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    CAPITULO III

    F:ORMAS E MODELOS ANCESTRAIS1 Cidades da Planicie

    !ste estudo das origens da cidade haveria de se mostrarmais clare, nao fosse 0 fato de que talvez .a maier partedas alteracoes criticas teve lugar antes de ser aberto 0 regis-tro historico. Pela epoca em que surge c1aramente a vista,a cidade j a e antiga: as novas instituic;oes da civilizacaoja a configuraram de maneira firme. Contudo, ha outrasdificuldades nao menos formidaveis, porque nenhuma antigacidade foi, ate hoje, eompletamente desenterrada, e algumasdas mais antigas, que poderiam revelar muita coisa, ton-tinuam ainda existindo como lugares de morada, obstina-damente imunes a pa. do escavador.Por isso, as lacunas existentes nas provas sao atordoantes:cinco mil anos de hist6ria urbana e talvez outro tanto, debistoria proto-urbana se acham espalhados por algumas deze-nas de sitios apenas parcialmente explorados. Os grandesmarcos urbanos, Ur, Nipur, Uruk, Tebas, Heliopolis, Assur,Ninive, Babilonia, cobrem urn periodo de tres mil anos, cujaenorrne vacuidade nao podemos esperar preencher com timpunhado de monurnentos e umas poucas centenas de paginasde documentos escritos, Em terreno tao irnpalpavel, ateo rnais solido elemento da realidade pode revelar-se trai-coeiro, e, muito freqiientemente, e necessario escolher entrenao avancar de maneira alguma e ser arrastado a uma covasem fundo de especulacao. Seja 0 leiter advertido: se :seguir adiante, sera por sua propria conta e risco tAlent da grande imperfeicao dos restos visiveis, as duasgrandes civi1iza~oes em que a cidade a . principio provavel-mente tomou forma, 0 Egito e a Mesopotamia, apresentamcontrastes desconcertantes, que apenas se tornam mais agudosse inc1uirmos a Palestina, 0 Ira e 0 vale do Indo. Emboratodas essas diferenc;as revelem significantes al ternat ivas narevolucao urbana. tornam dificil dar qualquer coisa semelhantea urn quadro geral das origens da cidade.

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    A estreita proveniencia geografica das cidades aboriginesdeve ser assinalada de inicio. Como 6rgao especial de civi-lizaciio, a cidade parece ter brotado -em alguns poucos gran-des vales de rios: 0 Nilo, 0 Tigre-Eufrates, 0 Indo, 0 Huang-ho. Talvez existissem aldeias, onde quer que houvesse pos-sibilidade de rudimentar agricultura e cria~ao de gado.Colonias ate meS1110maiores poderiam lancar raizes em regioescomo Negev, na Palestina, tao logo houvesse suficiente for~ade trabalho para construir pecos e reservatorios, a Iim dpveneer a esta~ao seca, Nao simplesmente aldeias, poremcidades rurais muito maiores, centemporaaeas do que veioit luz em Jerico. podem ainda estar enterradas, sern possi-bilidade de recuperacao, nos lamacentos deltas do Nilo edo Eufrates. Com tOda probabilidade, a maior parte dosorgios de urn denso estabelecimento urbano havia tornadoforma antes que 0 novo complexo cultural que a cidade cor-porificou ~,trausmitiu tivesse amadurecido.: Todavia, a marea da cidade esta em que foge a essas~ H1l1itac;6esrurais e a esse horizonte proximo: e ela produto, , _ t . . ~e uma enorme mobiJizac;ao de vitalidade poder e riqueza,que a principio esteve necessariamente conf inada a uns POllCOSgrandes rios, em regi6es especialmente favoreeidas. Umavez drenados 0$ pantanos e regulado 0 nivel das aguas, a terradesses vales rreveloc-se extremamente fertil, l\Iesmo sem 0excremento animal, 0 rico solo depositado por ocasiao dasenchentes garantia colheitas quase cern vezes maiores que asementeira original: algumas vezes duas ou tres safras porano. _R.e_~~n~e

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    em que cada ser humane, quase cada animal, cada caminhoda terra ou curso d'agua, era inteiramente conhecido seu.f Todavia, na medida em que 0 aldeao se subrnetia as novasforc;as em opera~ao na cidade e mesmo identificava comela sua propria vida, .(!Ja recompensado com uma prosperi-,9ade e com uma seguran~ que jamais gozara antes.Assim, a transformac;ao da aldeia em cidade nao foimera mudanca de tamanho e dimensoes, embora ambos essesfatores nela entrassem; ao contrario, foi uma mudan~ dedirec;ao e finalidade, manifestada. num novo tipo de orga-nizac;ao.Talv;z 0 maior la

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    o produto das pastagens mais secas: os tecidos de Ii daBabilenia tornaram-se tao celebres como as algodoes doEgito. as riscos eram grandes e os esforcos para supe-ra -lo s d es ol ad or es ; entretanto, as re com pe ns as e ram imensas.Assim, e natural que, desse primeiro grande excedente,'" Sumeria, sem nenhuma. d6vida, segundo sustentam fir-memente os arqueelogos da Mesopotiunia, em sua maioria,tenha tornado a dianteira, c om eca ad o n a rede de cidades das tor-ridas terras do delta, perto do GOlfo Persico. Essas cidadesnao somente inspiraram a mais antiga arquitetura monumen-tal de tijolos do Egito, mas, na astronomia, na escrita, naorganiza~ao militar, na constru~o de canais, na irrigao e, naomenos, no comercio e na manufatura, adiantaram-se de maneiraf irme, e atraves do c om er ci o e talvez a in da m ais do intima inter-curso, deixaram sua marca nas distantes cidades do vale doIndo.: 0 ~ito a~~ent~ .. t94a .!l~ $erie. de contrastes rom aI ~f~~PQ.t~!~,. qu_e severifica em cada aspecto de sua vida e

    'it" l~!l~!11entQ: ate os principals rios diferem em carater e. correm em dir~oes opostas. Dentro das condi~Oes maisr,uaves do Egito, com ceus sem nuvens e uma enchente annalprevisivel e uniforme, uma regularidade moderada contrast acom 0 ambiente tempestuoso eturbulento, os re1impagos, ascatastrOficas torrentes e inunda~Oes, das regi6es mais orien-tais, onde as violencias da natureza erarn refletidas nasviolencias dos homens , Tao logo os novos cereals e a cut-tura do arado foram introduzidos no Egito, houve semelhantesuperabundancia de alimentos, e por causa dela, s em d uv id a,uma superabundancia de behes. Mas todos os . feitos dedomesticacao do Egito foram realizados sob um Cell hal- .cionico, sem nuvens de ternpestade, intocado por sombriasincertezas, nao amargurado nem atormentado por repetidasderrotas. . t\ . .y i ~~ .~ r a. .. bo a . _ A_:vida.ete_~~. ~t:l! 0.J~lil.i.Qrben,imJ!giniY.d1o Mesmo em meio a violericia que assinalou aderrocada do Antigo Reine, Ipuver diria: IIAinda e borntquando as U'laos dos homens constroem pirimides, quando ca na is sao abertos equando bosques de arvores sa o Feitos= para os Deuses."Um dos mais antigos mitos da Mesopotamia, em con-traste, revela como a herva que teria dado a imortalidade aGilgames foi devorada por uma serpente enquanto ele dor-mia. 0 "povo de cabeca negra" dava ponca importancia itimortalidade como uma eompensacao suficiente de todos osseus perpetuos desapontamentos, Se existia uma vida apesa vida. nio prometia ela tanto a ventura quanto algo mais a& 4

    temer. Mes os egi.Qfios_~m~l~qJJ.i?a . . 9 . . 1 .! . C : _ . . j ! t~..i1

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    facilidades com a Idade do Bronze, de maquinas. As pro-prias novas maquinas tinham por muito tempo aguardadoreconhecimento, ou antes, um a identifica~o apropriada.R.o_i_~asprimeiras e eomplexas maquinas de for~ eram s.ompostas, n~o de 'madeira ou de metal, mas de partes huma-

    'Y!i!ls. perecrveis, cada um a tendo uma fun~ao especializadan um m eca nism e maior, so b controle humano eentralizado.. 0 vasto exercito de sacerdotes, cientistas, engenheiros, arqui-tetds, capatazes, trabalhadores a dia, somando algumas cen-tenas de milhares, que construiram a Grande Piramide,~onstit!li~,_a_.prim~i~ ,nWtuil!a complexa, inventada quando a,

    . pr6pri~ _t~g191Q@._}.l_~yjf!. _pr9,duzido apenas algumas pOuca!;. ~tg14quin~'~_~i~'p-lM, COmo 0 plano inclinado e 0 trend, nao: tendo inventado ainda os veiculos de roda.O homem moderno nlo pode hoje eonceber quaisquerobras de engenharia civil, com t6das as suas locomotivas esew; mecanismos dedeslocamento, que estivessem alem dac ap a ci da d e d a qu el as grandes maquinas humanas. Nem a 'pro-pria velocidade faltava naquela ecenomia homo-mecanlzada..Ao passo que as catedrais da Idade Media muitas vezesI ev a ram s ec ul os para serem conc1uidas, muita sepultura egip-

    ci a foi terminada dentro da existencia do fara6 cuja mumiasstava~estinad~ a ser colocada dentro dela, as vues noperiodo de um~,ulJica gerac;ao. Nao admira que a autori-dade central que punha em movimento semelhantes maqui-nas parecesse autenticamente dotada de caracteres de um deus.Era nesses ambientes naturals e sociais contrastantes que osfundamentos da cidade iam arora ser colocados, na s modestasdimensdes da cidadezinha e da aldeia. 0 proprio feito deconstruir cidades tornou-se posslvel pela fertilidade e pelaprodutividade dos grandes vales, pela capacidade reprodutivada aldeia, bern nutrida e orientada inteiramente para a vida,pelo trifego dos sistemas fluviais e pela disponibilidade deamplos meios materiais e energia para sustentar classesisentas tanto da antiga tutelagem de aldeia como do penosotrabalho manual. Os excedentes urbanos eram multilaterais,e a extensio do sistema de transportes comecou muito antesque 0 registro hist6rico 0 pudesse acompanhar. Na maisantiga Jarmo, encontram-se restos de uma industria de obsi-diana, embora essa pedra fosse importada de um a grandedistancia. J untamente com aquele traiico bastante intense,corria uma firme amalgamal;io de povos e culturas, comona {usio da cultura de 'Ubaid, Uruk e Jamdat Nasr, nacidade de Ur.86

    2. 0 Enigma das Ruinas UrbanasEmbora as ruinas existentes da cidade vez por outraoferecam um indicio para esclarecimento das insti tui~oes e davida insti tucional que as acompanhava, nao se disp6e de nadasemelhante a um registro consecutivo do s primeiros quatromil anos da existencia da c id ad e ; e, mesmo no caso de umacivi1iza~ao tao pesadamente cheia de monumentos e documen-

    tos como a de Roma, ha. muitos grandes trechos que perma-necern em branco. Todavia, os ragmtntos disperses e des-membrados sao dignos de ser encarados separadamente, antesque tentemos ajunti-los e sondar seu valor e significado.A primeira coisa que percebemos, assinalando a passagemda aldeia para a cidade, e um aumento na area construidae na popula~io. Todavia, essa diferenca esta longe de+serdecisiva, ja que, na antiga cultura neolitica, as aldeias ~a!sdeseavolvidas, em algum ponto de encontro natural entreregioes, podem te r ganho em populacao e terras araxe~~,sem quaisquer outros desenvolvimentos importantes, Nao ~eapenas 0 mimero de pessoas de uma limitada area, "mas .0'llumero quejiode ser colocado sob contrcle unificado paraconsti tuir uma comunidade altamente diferenciada, servindo aprepositos que passam alem da nutric;ao e da sobrevivencia,que tem decisiva significa~o.Entre os maiores restos antigos, Megido, na Palestina,cobria 1 41 ares; Gurnia, em Creta, contendo sessenta casas,tinha uma superficie de apenas 26 3 ares - sendo ambas, evi-dentemente, aldeias. Embora as aldeias mais antigas pudessemocupar areas tao pequenas, como 40 ou 80 ares, e abrigar menosque uma duzia de Iamilias, muito mais tarde, a area muradade Micenas, a mais rica cidade da Grecia em seu periodo, con-tinha noo mais que 485 ares: mais perto de um a cidadela que. de uma cidade plenamente desenvolvida; mais ou menos na

    \ mesma epoca, Carchemixe, cidade da Siria, a margem doEufrates, cobria 97 hectares, ao passo que, ainda mais cedo, noterceiro milenio, Mohenjo-Daro, uma das grandes capitais dacivil iza~o do Indo, c ob ri a 2 43 hectares.Apesar de tudo isso, a cidade representava um novograu de concentracao humana, um a nova magnitude de colo-lliza~ao. A velha cidade de Ur, antiga patria de Abraao,com seus canais, enseadas e templos, ocupava oitenta e nove hec-tares enquanto que as muralhas de Uruk abrangiam uma areade pouco mais que 5 q_ui!ometros quadrados. Em parte, isso8 7

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    mostra um aumento da area destinada a produ~ao de ali-mentes, em parte um aumento das facilidades de transpor-te e outros equipamentos; porque, 11a Idade do Ferro, do-tada cle equipamentos. e instrumentos de corte mais efi-s!~ntesa._~Q!1lo ~P~~Q d O ..me~,pata os implementos agri-~9.1a.s,e ,cor;n um '~t~a mais difundido de canals, II,area coberta p e l ~ . , < : = i ~ c : l c ; . ~pliou-se mais ainda. F l o r s -bad, na Assiria, por volta de 70 0 a. C ., tinha cerca de300 hectares j Ninive, urn seculo depois, talvez 720 hectares;ao passe que, mais tarde ainda, Babilonia, antes de sua.destrui~ao pelos persas, era rodeada por pelo menos 17quilemetros de muralhas. Se somos obrigados a mudarconstantemente de sftio ao fornecer esses dados, tal se dilporque as proprias provas sao ti~ pobres e dispersas.Mais diffcll de estimar e a popula,.ao dessas antigascidades, A principio, eram limitadas pelas mesmas difi-'culdades de transportes que as primeiras cidades medievaisG O Ocidente, e parecem ter tido popula,.6es da m es ma o rd em ,isto e , de certa de duas mil ate vinte mil pessoas. Prova-velmente, 0 tamanho normal da cidade antiga era proximo~lo 'q~~._4.9je ._.~ha~1

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    - constituindo as principals excec;oes0 antigo Egito, o japiioe a Inglaterra,onde barreiras naturais davam as suas cidadese aldeias, em certos periodos, umaimunidade coletiva ; ouonde, como na Roma Imperial e na China Imperial, um vastoexercito ou uma colossal constru~io de barricadas de alve-naria, atravessando 0 pais, dispensavam. as muralhas locals.: ,Ha, porem , um fator condicionante do tamanho da s: c id ad es , muito freqiientemente esquecido: nao apenas .a dispo-nibilidade de a . g u a ou de alimento, mas a variac;io dos sis-jemas coletivos de comunicac;ao. Platio limitava 0 tamanhoda sua cidade ideal ao DUmerO de cidadios a que umaunica vo: se poderia dirigir; mesmo assim, havia uma limi-ta~ao mais comum, fundamentada no mimero dos que pode-riam ser ajuntados dentro des reclntos sagrados para tomarparte nas grandes cerimonias p eriO dic as. S e e verdade queas cidades em breve passaram a l e m do ponto em que todosos seus cidadlos Be achavam a uma distincia que lhes per-mitia saudar uns aos outros, nio obstante, por muito tempodevem ter ficado limitadas pelo numero dos que poderiamresponder prontamente a uma convocac;io do. quartet. Ascidades mesopotamicas tinham urn tambor de reunir, assimcomo as cidades medievais utilizavam 0 sino de uma torre deigreja para ajuntarseus cidadaos: faz ainda muito poucotempo, n a iminencia de uma invasio e da possibilidade dedestrui~o total' das comunicac;6es pelo te16grafo e pelo ra.dio,.r.a Inglaterra retrocedeu ao dobre universal dos sinos de igreja,; como 0 sinal convencionado para marcar 0 inicio de um; desembarque alemio.As cidades antigas nao cresceram atem das distinclasde caminhada ou de audic;io. Na Idade Media, ficar dentrodo alcance dos sinos de Bow definia os limites da City deLondres; e, ate que outros sistemas de comunica~o emmassa fassem inventados, no secuto XIX, estes contavam-seentre os limites efetivos do crescimento urbano. 1550 por-que ,a cidade, a medida que se desenvolve, passa a ser 0centro de uma rMe de c omuni caq fi es ; os mexericos juntodo poco ou da bomba da aldeia, a conversa na tavernaou no lavadouro, as proclamar;c5esdos mensageiros e dosarautos, as eonfidencias dos amigos, '-os rumores da bolsae do mercado, 0 intercurso guardado dos eruditos, 0 in-tercarnbio de cartas e informac;oes, notas e contas, a mul-tiplicacao des livros - tudo isso saoativ~dades centraisda cidade, Neste aspecto, 0 tamanho permissivel da cidadevaria pardalmente com a facilidade eo alcance efetivo dascomunica~aes.9 0

    o tamanho restrito da cidade antiga conta-nos algumacoisa a respeito de uma antiga restricao a vida urbana, oupelos menos de uma inteligente cooperacao voluntaria : Ioi,~pena~no palacio e no templo que os .meios de comunicacaose multip licaram - m ais ainda porque foram efetivamentesegregadp'l,$. populac;ao como urn todo. 0 grande segredo \do poder centralizado foi 0 proprio sigilo. Isto aplica-se atodos os Estados totalit8.rios, ate os nossos proprios dias.3. Urbonismo e Monumentalidade

    Provavelmente por ser uma massa relativamente com-pacta e quase certamente 0 repositorio das mais ricas reli-quias de arte e tecnica, a cidadela da cidade antiga e seubairro mais completamente explorado. Como je i mostrei,~ protocidade teve os principles de sua vida institucional' nocampo fortificado e no oratorio, nfio necessariamente ocupandoum &itiocomum. A marca da cidade, quero repetir, e 0 ajun-tamento dessas instituic;oes num recinto especial, apartado ~f)mundo profane, Assim, Enkidu procurou a poderoso Gil-games no "sagrado temple [de Uruk], morada de AnU', ~Istar", Embora se encontrem templos subordinados a outraspartes da eidade, e no csso de Corsabade tambem urn pala-cio subordinado, 0 grande palacio do rei e 0 grande templolevantam-se bem perto, dentro da cidadela: parte do sis-tema dualista de governo que prevaleceu por tanto tempo.o nueleo de pedra da cidadela pode ser encontrado emmais de ttma cidade, podendo mesmo 0 zigurato erguer-se aindamuito acima do monte arenoso de seus escombros enterra-dos, chamado tillu (monte de ruinas) na antiga Babilonia, eainda hoje charnado "Tell", nio raro, com 40 metros de altura.Entretanto, a forma da cidade que a rodeava 56 e conhecidapor exemplos posteriores e os glifos que ainda restam, quedeveriam revelar uma forma ainda mais antiga, sio ator-doantemente obscures. Estranhamente, os caracteres quedesignam "temple", "torre", "iguau, "jardim", "bosques","estrada", "mercado", aeham-se gra.ficamente claros em.Dr e Kish, quer como desenbos, quer como simbolos: nao,porem, na cidade, A terra eultivada e representada comourn retingulo de quinze quadrados ou as marcas retangu-lares de um arado num campo retangular aberto de urnlado; a cidade, entretanto, e ou um retingulo com duaslinhas verticais interiores, au entio um bloco em forma deL, com uma elevaC;io ligeira; e e dificll compreender 091

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    que cada Iigura significava, a menos que a ultima repre-sente os contornos de uma casa real sem a porta, e aestrutura menor represente a maier,

    Com a propria funda~o da cidade, deveriamos esperardefini~Oes e frontelras, limites da autoridade sagrada, dajurisdi~ao real e da proprieda.de. Por exemplo, deveriamtais fronteiras definir as vizinhanc;as que serviam aos sub-temples , ou meramente se fundiam de maneira invislveluma s com as outras, sem c : a n a i s ou outro espa~o aberto a:>epara-1as? Nao sahemos. Ate mesrno 0 investigador maissuperficial pode fazel perguntas mais pertinentes do queaquelas que 0 arque61ogo mais douto ja tem meios de res-ponder.

    Na cidadela, 0 novo c a r a t e r da cidade e obvio: umamudanc;a de dimens6es, destinada deliberadamente a atemori-~ zar e assustar aqueIe que a olhava. Emhora a massa dehabitantes pudesse ser fartamente alimentada e obrigada atrabalhar emexcesso, nenhuma despesa. era poupada paracriar templos e palacios, cujo simples volume e eleva~aodorninariam 0 resto da cidade, As pesadas paredes deargila bem cozida ou de solida pedra davam a s efemerasfun~Oes do Estado a certeza de estabilidade e seguran~, depoder ininterrupto e deautoridade inabalavel. 0 que hojechamamos de "arquitetura monumental"e, antes de tudo,a expressao do poder, ceste poder e xib e-se n a reumao decustoscs materia is de constru9io e de todos os recursos daarte bern como num dominic de todos as estilos de acessorios

    ~ag:ados, grandes leoes, touros e ap.ias,. ~om cujas po?er.o""sas virtudes 0 chefe do Estado identifica suas propnas:capacidades mais frageis. A finalidade dessa arte era pro-,>.. duzir terror respeltoso, como numa confissio da epoca,; c ita da por Contenau: "Sou como u rn h em em morto, sinto-me. desmaiar depois da visao do Rei meu senhor."Tanto a cidadela como seus baluartes murados podernter-se iniciado de uma maneira mais humilde, tendo em vistaprudentes considerat;oes de ordem pratica. ~ F. Albright a~-sinala que, ainda em 1750 a. C ., na Palestina, ~s chefes tri-bais ocupavam fortalezas, ao passa que a maior parte de

    seus suditos vivia em povoacdes circundantes e se ~udavapara 0 recinto fortificado apenas em tempos de perigo ouquando as intemperies de invemo os fOfQlVam a aban~o!,aros abrigO$ improvisados de pedras e ramos, onde residiamno verio, espedalmentc durante a eolheita da uva, Isso pro-

    vivelmente foi uma continuacao do modele mais antigo, eFustel de Coulanges, muito tempo atras, 0 caracterizou cor-retamente como a forma primordial da cidade., A proteger a cidadela, havia em geral uma ingreme pilhanatural Ae rocha ou uma muralha feita pelo homem; isto,po rem, nao era necessariamente verdadeiro a resp eito d aantiga aldeia ou mesmo da pequena cidade, Gertrude Levyassinala que Arpachiyeh, ant igo cent ro de ceramica pintada,nao possula defesas, e nao mostra armas em seus restos :de sorte que uma pequena cidade especializada, pouco maisque uma aldeia supercrescida sob a prote

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    que a populaljao comereiante se detivesse ali, com estala-gem, estabulos e armazens proprios, para constituir umbairro de mereadores e entreposto ou "pOrto." Encon-traremos as mesmas fo~6es de novo na ldade Media .Os portoes que guardavam aquelas cidades ancestraiseram simbolicamente reforeados, como 0 proprio patacio,y por ameacadorea touros ou le6es, enormes imagens magicas.9 0 poder deificado. Tais portas de bronze serviam paradesencorajar 0 excrclto atacante e para inculcar respeito

    1)0 visitante estrangeiro mais pacifieo, Muito cede, osbaluartes ganharam a forma geral que conservaram ate 0seculo XVI da IlO$Sa era, com t6rres e basti6es projetando-se de urn s6lido envolt6rio de alvenaria, muitas vezes sufi-y cientemente largos para que tres carros passassem lado a. -lado no seu alto, permitindo 0 a,cil emprego de armas decontra-ataque,

    Com 0 crescimento da perlcia militar e da suspeita poli-tica, talvez a muralha se transformasse num complicadosistema de redntos fechados dentro de recintos fechados:de tal sorte que 0 estratagema e a trai~ao serviram melhorque os engenhos de ataque, na Babilonia como em Tr6ia,para obter 0 ingresso na cidade, Certamente, a presencede fossos e canais circundantes, bemcomo de muralbas,nao tornava, de modo nenhum, mais acil a tare fa do ata-cante, Sem essa grande vantagem para a defesa, as peque-nas cidadesni9 teriam resistido a captura e demoli~o taobern quanto fizeram algumas vezes. enquanto que, a niGlser pelas fraquezas humanas - a inveja, 0 convencimentointerior e a trai~o, - as grandes cidades poderiam ter-setornado invulneraveis ..Se 0 habitante da cidade exultava em seus poderososdeuses, ol io era menos orgulhosamente confiante na muralhadrcundante e que tudo continha : ao povo da cpoca, pareciaque os grandes deuses tinham dado forma a cidade e seutemplo - Ita casa que desce do ceu", - e sobretudo a "suagrande muralha que toea as nuvens". A respeito de ambosesses casas, felizmente, dispde-se de segura evidencia con-temporanea, em varias versOes do epico de Gilgames, que,de maneira earacterlstica, apresenta esse antigo her6i erei como construtor da muralha de Uruk e seu grande tern-plo, os dois grandes atos que deram forma a "implosaourbana". Neste caso, umas poucas palavras valem porgrandes mOnte l d e alvenaria arruinada:

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    No, Uruk COH' se as b al4ta rte s co nstrui e le a 1 nu ra lha ,Do consagrado Eanna [templo de A nu e [starL fe s 0 P1tro[santuario.Olhoi sua m ura lh a e xte rio r, c uja c or nija e tal com o 0 cobre,E.$~i 0 m ura lba . interio r, q ue n en hu HJ Q, p od e ig ua lar IApalpai SIU limiar qu e I d e an ti gamen te .... Ide it \cbminhoi sobre as muralhas de U ruk,Exam inai o ,terra,ro do base, olhai oem a obra de tijolos:Nao I obra de njolos queimadosfNao foram os Sete [Sdbios] que ianfaram seus alicercest1

    Contudo, alem das fl1n~oes de defesa militar e de con-trole, de unifica~ao religiose e de prote~1io, a muralha teveoutro papel a desempenhar: estabeleceu urn contraste nitidoe formal entre a 'cidade e 0 campo. Arvores, jardins, cam-pos, pastas de gado, podiam existir dentro da cidade; masa muralha, rodeando a area construida, garantia uma per-manente margem de terra de agricultura ao seu redor.Essa nitida divisio deve ter produzido um efeito estetico,igualmente destacado. ~ ~Naqueles amplos vales, tanto na Mesopotamia quanta.

    no Egito, as cidades eram rnuitas vezes erigidas, igualmente:'para a seguranea e para a defesa, sobre plataformas; de.tal sorte que Her6doto, falando da paisagem do Egito pOtocasiao das enchentes, descrevia suas cidades como "rnuitosemelhantes a s ilhas do mar Egeu", A propria plataformade barro, a s vezes apenas na base da cidade, a s vezes nacidade inteira, podia erguer-se a uma altura de doze metros:no templo de Anu, tal base, segundo Frankfort, cobria39 000 metros quadrados. Acima daquele monte, os baluartespoderiam erguer-se mais outros quarenta metros, provavel-mente, ocultando todos os edificios a distancia, exceto 0templo principal. Pela sua propria forma, a cidade era ~uma afirmativa da vontade. coletiva de dominar a terra;' \ .para 0 olhar exterior, uma especie de montanha quadrada ~e pardacenta, sObre um tapete verdejante, com estruturasde argila cozida ao sol construidas muito proximas, comperfis de torre5es, seteiras e zigurates, rodeada e cortadaem todas as dir~Oes por canais e valas de irriga~ao. emplu-made 0 todo per uma e outra palmeira, por copadas aca-cias e floridos tamarindeiros. Se a muralha cresci a e osportdes ferozmente abaixavam, a paisagem alem sorria; aopasso que, uma vez dentro das muralhas, 0 zumbido da

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    ,tmovimentada colmeia, 0 colorido e brilho de sua vida den-: samente eoncentrada, contrastavam com as atividades escas-; sas, dispersas, quase invisiveis da aldeia.A ordem externa visivel da cidadela e de sua cidadecostumavam combinar-se com a ordem interna do palacio edo templo, algumas vezes a um lado do circuito da muralha,algumas vezes hem no centro. 0 poder irradiava-se parafora a partir daquelas duas fontes sagradas ; e, por suavez, 0 tributo humane, em tOdas as formas, ouro, prata,cobre, latao, bipis-lazUli, alimentos, trabalho cotidiano, apropria vida, fluiam na dir~ao daqueles meSlDOS centros.S e e verdade que as casas eram apinhadas e muitas vezessem ar, 0 recinto sagrado era espa~oso, com patios inter-nos retangulares onde podiam formar-se multid6es. Nestepasse, a arte introduziu-se a fim de estabelecer e reforcar,com um efeito que passava alem das meras palavras, tudoo que a nova ordem havia instituido para alterar as di-mensaes do antigo regime puramente agricola: acima detudo, 0 poder da pr6priaimagina~io disciplinada, de tra-duzir 0 possivel no real e de ampliar os humildes habitosda vida quotidiana, transformando-os em estruturas de mag-nificencia.Enquanto que as aldeias podem ser identificadas porfUllda'Yaes de casas e cacos de ceramica. a eidade antigapode ser mais confiavelmente identificada pela sua riqueeade imagens monumentais, As formas de arte urbana indi-cam melhor ainda a transforma'Yio total que qualqner censode casas ou qualquer medida de superficie. Em seu chis-sico Prindpiot de Psitologia, William James descreveumuito hem a maneira pela qual a casa e as posses de ur nhomem se tomam tanto parte de sua personalidade completaquanto seu conhecimento, seus sentimentos, suas opinides eseus atos. Se isto e verdadeiro com rela~io ao individuo,e ainda mais maci~mente verdadeiro com rel~o a cornu-uidade, pois !oi por meio das novas estruturas esteticas quea cidade definiu a nova personalidade coletiva que .haviaemergido e encarou com renovado orgulho a sua propriaface. Se 0 rei O U govemador era demasiado alto e poderosopara s et a lc a nc ado , exceto em casas extremos, 0 rn a is humildehabitante, apesar de tudo, podia identificar a personalidade,dOleidade, em todo 0 seupoder e radiancia.A rotina da agricultura havia atado os homens a suatarefa quotidiana: eram ales adeptos do lugar comum e acos-tumados it . sua propria pequenez e a s suas curtas peias. NaFidac1e.;tte 0,mail; humilde poderia. indlretamente, tom ar p ar te

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    .na grandeza e considera-la como sua: havia um lazer cerimo-' o t O S O e um jovial retire, aberto a todos, gracas aos novosorgaos que a municipalidade comandava. Volto mais umavez ao antigo texto acadiano, em busca de confirmacao :Vinde, pois, .Et~kidu, a Uruk de baluartes,q'~d,eas gentes siJoresplendentes em, seus trajes [estiuos,Onde cada dia e como um dia de festa.Isso talvez fosse um exagero semelhante aqueles que'hoje poderiamos encontrar num guia turistico; 110 fundo,porem, revela urn sense de esplendor ' e alegria, expresso namusica, no oantico e no traje, bern como na arquitetura, que

    0$ homens comecavam a assoeiar a s cidades. Se m aquelesdeuses, suas muitas realidades sordidas e opressivas dificil-mente poderiam ter sido suportadas.Note-se a atra~ao magiea da cidade : as pessoas se. cliri-giam aquele lugar sagrado para se colocarem sob a protesao- de u rn deus poderoso e de um rei quase igualmente poderoso,que exibia em sua propria pessoa novos atributos - 0 poderde dominic e compreensao, faculdade de deeisao e vondlde

    livre, - que poderiam ir de encontro aos veneraveis costu- .mes da tribo. Ate aquele momento, 0 carater humano tinhaside moldado pelo grupo local e nao possuia outra identi-dade Ott individualidade, Na cidade, contudo, sob a ;'18ti-tuj~ao da realeza, peIa primeira vez ernergiu a propria per-sonalidade : autodirigida, autogovernada, centralizada em si.me sma , redamando para 0 "Eu" unico e ampl iado , comorepresentante divino da colet ividade em geral , tudo 0 que tinhapertencido -outrora ao "Nos" agora diminuido,Para compreender a importancia desta mudanca, feliz-mente podemos remontar ao filosofo chines Menc io ."Quando os homens sao dominados pela for~a - observouele. - nio se submetem em espirito, mas 0 fazem apenas por-que a sua for'Ya e inadequada. Quando os homens s a o domi-:-nados pelo poder na personalidade, sentem-se sat isfeitos noproprio centro de seu cora~ao e realmente se deixam submeter .""Poder na personalidade" era 0 que a cidade e seus deuses pro-'porcionavam: era essa a principal fonte dos grandes feitos quea propria realeza tornou possiveis. Milhares de anos se pas-saram antes que a cidade estendesse esse poder pessoal de seus'habitantes.

    Privada de tais poderes sagrados, a cidade antiga pode- ~ria ter sido apenas um montao de lama cozida ou de pedras, :sem torma, sem finalidade. sem significado, pols, !e_m tais -,97

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    gtnplia~oes cosmicas, 0 homem comum podia viver uma vidajgualmente boa, au mesmo multo melhor, na aldeia, Mas'tao logo a vida foi concebida em termos sagrados, com~~. uma imitacao dos deuses, passou a propria cidade antiga a'_ser, e assim continuou ate os tempos romanos, um s imu-: lacro do ceu: ate a sua aparente durabilidade indepen-dencia de seus edificios sagrados em rela~o a Idecadenciae a dilapidacao da apinhada cabana do campones, apenasa aproximaram ainda mais do modelo eterno que a cres-eente consciencia que 0 homem passou a ter do propriocosmo tomava tao a.traen'te. ~sim, TeijJ.s, centro doculto do Deus Sol, tornou-se, na legenda sagrada, 0 sltiooriginal da propria cria~ao.Nas antigas cidades, a vida e a energia humana eramt:aduz!das. e~ forma de arte, _numa ~calaque antes haviasido Inatingivel, Cada geracao podia agora deixar seusdepositos de formas e imagens ideais: oratorios, temples,palacios, estatuas, retratos, inscri~6es, documentos entalhadose pintados em muralhas e colunas, quesatisfazia ao anti-qiiissimo dese]o de imortalidade, da parte do homem, fazen-do-se presentenas mentes das gera~6es posteriores. Mesmoquando ameacada de extinc;ao, 0 orgulho e ambi~o se ape-gavam as pedras da cidade, pois a arte antecedeu a palavraescritana fixac;ao de formas simbOlicas "externas"

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    pois , sel llpalacio eranistrativo.Deixei para 0 fim 0 componente diniunico da cidadesem 0 qual el a nao poderia ter continuado a aumentar en;tal :l~nhQ, alcance e produtividade: trata-se do ,primeiro meiotf~clente de transporte em massa, as vias aqudtices . Nao

    f01 por acaso que 0 primeiro erescimento das cidades teve)lI~'ar em vales de rios; e 0 aparecimento da cidade e contern-poraneo dos ~perfei~oamentos da navega~o, desde 0 feixeflutuante de Juncos ou de troncos ate 0 barco impelido porremo,s ou velas. Depois disso, 0 burro, 0 cavalo, 0 camelo,o velcuI,o. de roda e finalmente a estrada ~ada ampliaramos ,dornlOlos do transporte e deram a cidade comando sobrehomens e tt'ecursos em areas distantes. 0 transporte tor-,J:ou possiyel equilibr~r os excedentes e dar acesso a especia-11~iJ.~esdlstant~; ...talSenlm a s fun~oes de uma nova insti-!_lI,l~

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    pr~p~io recinto do temple Ilio era uma area puramenteJebglOsa: servia tambem como "propriedade de comercio",onde os bens eram manufaturados, e como tIshopping center"nnde eram armazenados e distribuidos. Os armazens, mos -tra Frankfort, continham "uma imensa variedade de artigos:cerears, sementes de sesamo como materia.prima para 0 oleolegumes, cerveja, tamara, vinho, peixes (secos ou salgados):gor~uras, las, peles, enormes quantidade de canieos e junco,estelras,. asfalto, pedras", A prepara~o da la , a moagemde. cereais, 0 curtume, a tece1agem e a fia~ao, tudo isso erareltO dentro do recinto do templo. Apenas com 0 cresci-mento da popula~o urbana e a complexidade cada vez maiordas opera~Oes economicas, foi uma parce1a dessa economiaentregue a empresa mais puramente secular, noutras partesda cidade.Mesmo na economia mais crua, alguma forma de dis.tribuir os excedentes e trocar produtos especiais de demandalimitada: deveria se r encontrada, quer pela simples troca, querpor .melO de presentes, quer em banquetes. Os antigos con.sumidores urbanos dependiam Ilio simplesmentes dos pro.Ail!tos do campones, mas das atividades do peecadcr, do. c r ia do r de aves, do oleiro, do teceldo, do ferreiro e, afinal,essa concentra~ao ininterrupta uma atividade unica foi uma

    das marcas diferencladcras da nova economia urbana _ muitoembora uma ordem antiga pudesse ser mantida viva em al -deias e propriedades rurais mais distantes.Petrie mostrou que as antigas capitals de provincias do~elta : as antigas cidades da Mesopotamia eram, em media.distanciadas umas das outras de uns trinta quilometros; e,sensatamente, sugeriu que essa uniformidade podia ser inter-pretada como algo ,devido as necessidades de uma armazena-gem central, adlmente accessivel, de cereais. Enquanto ospagamentos entre os comerciantes foram feitos em cereals,tanto a armazenagem como 0 credito devem ter multiplicadcos centres de Mercado sob a prote~io de algum augustodeus local. A propria proximidade dessas antigas cidades

    talvez indique, na epoca da sua funda~ao, ur n estado deseguranca e paz nao eonfirmado por documentos posterio-res de luta e guerra.

    cipais edificacees podiam chegar a beira do colossal: naohavia sacrificio demasiado grande para exaltar seu presti-gio e seu poder ou para assegurar a sua perma~encia. P~restranho que pareca, contudo, algumas das cidades marsantigas mostram caracteristicas fisicas, nos bairros residenciais,que ,vieram a se perder no posterior desenvolvimento dacidade embora os governantes ainda as pudessem conservar.o pl~no' regular de ruas,as casas enfileiradas, os quartos Ide banho e: latrinas interiores, as manilhas de ceramica, oscanais de drenagem revest idos de tijolos nas ruas, as sar-ietas para conduzir as aguas de chuva - todas essas coisas(, escavador as encontra nas ruinas de Mohenjo-Daro e voltaa encontrar, com varia~oes menores , na espraiada Ur ou napequena LAgaxe. 'A rua larga aparecera antes da inven~ao dos veieulosde roda, pois, a principio deve ter sido tracada para as,procissOes sagradas ou para os soldados em rnarcha, A f.r~-qfiente orienta~o das principais avenidas para os pontoscardiais talvez indique 0 crescente predominio dos deusesdo ceu: esse tracado muitas vezes Iurtava-se as considera-~ mais praticas, tais como a de moderar 0 calor ou :;deconter os ventos predominantes. Contudo, muitos desses me-Ihoramentos perderam-se de vista no posterior desenvolvi-,mento das cidades, e ainda se achavam ausentes ate recen-temente, em muitas grandes cidades "progressistas" do mun-do ocidental - refiro-me part icularmente aos quartos 'debanho, latrinas interiores e manilhas de ceram ica, - nocom~o do seculo XIX. Vale 0 mesmo para a doutrina doprogresso material continuo.Nas cidades mais antigas, como mostram as escavacoesde Ur, a rua, como um meio aberto e articulado de circula-~ao, era excepcional: a viela estreita e tortuosa, bern prote';\:-gida por sombras contra 0 torrido sol, era 0 canal comumde tra.fego. mais bern adaptado ao clima do que uma arteria'de largas dimensOes. 0 que os estudiosos da Sumeria a,s.,\ l e z e s traduzem como "bulevar" nao deve ser confundido "com 0 bulevar que veio a surgir no seculo XVII, de um"bulwark" destruido (obra de terra, baluarte) : era antes,uma Rua Larga, suficientemente larga para as multidi5es,onde era possivel dar-se um passeio ao anoitecer, ver asplantas, ouvir miis ica , ou encontrar-se para os mexer icos ,como revela urn antigo documento: em suma, servia comoa classica "Rua Central". A atividade gregaria da promeruuIena verdade se desenvolveu eedo na cidade, nao apenas naRua Larga, "onde as festas cram celebradas", mas nos

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    5. InovG{oese Deficiencias Tecnicas Embora 0 tamanho da cidade tipica de antigamentefos~: m?desto. ~ seu im~ito em grande parte confinado aregieo afcunvlzlllha, as dlmens5es da cidadela e suas prin-

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    muros, "junto dos portoes", enos "Iugares onde as festi-vidades do pais tinham lugar". Se , no recinto do templo,viam-se os remotos deuses, na promellade quotidiana via-sea propria cidade multiforme, refletida nas faces dos tran-seuntes, As~jn~, ~l! .rQ! lW.f1 lde . ..re_trH>'J.1ia.0I!~.l.Jma sensa~ao l~ .I!ra,nde. l~~t1D11CfdefiSl~. e i !lent if ica~ao com vizinhos'prox1:"losl_.qtJea .c id a de , p a ss an d o a l e m , da eseala da aldeia~e agricultores, ja em grande parte perdera , .

    A faJta de um a i1umina~io art ificial adequada conti-nuou sendo umas das grandes imperfei~c5es tecnieas da cidadeate 0 seculo. XIX. Contudo, por volta de 2000 a. C., pelomenos a malar parte dos principais orgios fisieos da eidadehavia sido criada. 0 obsenrador do seculo XIX provavel-mente ter-se.. .a sentido pouco a vontade em m elo 'a s con-lusas conc~ mitologicas, a s ousadas obacenidades se-xuais, ou em sangrentos rituais de sacrificio das religiOesll.rbanas dominantes; mas dificilmente qualquer parte daeidade fisica ter-1he . ..a sido nio familiar. Aqueles dentrenos que sao suficientemente conscientes d a Irracioaalidadecoletiva e da dec:adencia cia era atual sentir ...e-iam igual-mente a vontade - ou melhor, igualmente pouco a vontade ..em ambos os terri tOrios.o aspecto geral daqueJas antigas cidades mesopota-mic:as deve ter sido. como mostrou Leonard Woolley,muitc semelhante ao de utna cidade murada do norte daAfrica hoje em dia: a mesma recle de estrei tas russ, ouantes, vielas, de talvez nao mais que 2,40 metros de largura,com as mesmas casas de um, dois e tres pavlmentos; 0:-mesmos telbados utilizaveis, os mesmos patios interiores e,flnalmente, a Ingreme piramide do zigurato dominando-a porcomplete, como as torres da mesquita boje dominam a cidademuculmana, Atem do recinto murado mas espacoso dotemple, espalha-se uma serie de distritos mais au menoscoerentes, nos quais pequenos oratorios e tem ples servempara as familias. Ca d a cidadao da antiga Mesopotamia, aoque poderia parecer, pertencia a ur n particular templo e set!deus, e efetivamente trabalhava para' ele: a base da "cida-dania" a ch av a- se n es sa particular fi1ia~o religiosa, MostraFrankfort que uma comunidade de templo - em formavisivel. uma "unidade de vizinhan~a", - compreendida sacer-dotes, funcionirios, jardineiros, art ifices, cortadores de pedra,mereadores e ate mesmo escravos - todo 0 povo do deus.Por longo tempo, os moradores eram suditos ou servos pre-

    50S ae seu senhor religiose e nao cidadaos: recebiam ordeus,mas. provavelmente, n a o se atreviam ada-las, mesmo pel : :104

    maneira segundo a qual urn conselho de aldeia as poderiadar a seus pr6prios membros. A 41Descricdo da Cidade deAssur", que data de mais ou menos 700 a. C., quandoAssur ja nao era uma cidade real, registra trinta e quatrotemples e capelas, Carla caracteristica da antiga cidaderevelava a crenca em que 0 homem naG era criado paraDutro pr..opOsito senao 0 de engrandecer e servir a seusdeuses, E s s a era a razao Ultima da existencia da cidade.Embora a comparacao de Woolley, entre cidades anti-gas e modernas do Oriente Proximo, provavelmente sejacorreta, toma ela a cidade antiga numa fase ja tardia, quando,como ocorreu com as nossas pr6prias cidades do fim doperlodc medieval, 0 congestionamento, 0 excesso de constru-~Oes e urn acumulo impensado de escombros tinham acabado comos es~os abertos com os quais ela bavia iniciado, Mesmonu m ponto avan~do de seu crescimento, porem, sa~n~o~ q~ehavia campos abertos dentro das muralbas de Babi lo n ia : - ,C !.uma grande parte dos antigos habitantes das antigas cid~destrabalhava nos campos e jardins, do lado de fora, como amdafazem em muitas pequenas cidades gregas e ital ianas. :Ss~~ '.. jardins de alocacao" agricolas devem ter sido conservadosdentro das muralhas por muito tempo, ja que os jardins eo",.gado constituiam um seguro contra a fome, no decorrer deur n prolongado sitio. . .Mas, numa data remota, os frouxos meios rurais de'eliminar detritos e excrementos passaram a ser uma ameacanos apinhadosbairros urbanos, sem, aparentemente, instigarsuficientes esforcos para 0 melhoramento da salubridade ehigiene urbana. Entio, como hoje na Africa, observaWoolley , Ita varredura dos assoalhos das casas e 0 con-teudo das latas de lixo eram simplesmente atirados nas ruas",Hio continuadamente que, nessas antigas cidades, 0 nivel dasruns ia-seelevando pouco a pouco e novas casas eram cons-truidas acima do nivel primitive, ao passo que os limiares .das casas velhas ficavam abaixo.Durante milhares de anos, os moradores das cidadesrlispuseram de recursos sanitarios deficientes, muitas vezes'inteiramente vis, refodlando no lixo e na imundice que cer-tamente tinham meios de remover, pois a tarefa ocasionalde remo;5o dificilmente poderia. ter sido mais odiosa doque eaminhar e respirar na presenc;a con stante daquele mallcheiro. Se tivessemos qualquer explieaeao dessa indife-renc;a a imundicie e ao mau cheiro, que sao repulsivos paramuitos animais, inclusive os porcos, os quais se esforcampor se manter livres deIes e conservar limpos seus ninhos,

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    poderiamos tambem ter urn indicio da natureza lenta eespasmediea dos proprios melhoramentos tecno16gicos, nosmilenios que se seguiram ao nascimento da cidade.Todavia, tern este quadro outro lado, que se revela nadescric;io biblica de s novas cidades destinadas 80S levitas, naP ale stin a, e que, se encontra num trecho ainda. mais antigo deum poemaque ja citei. Hav~, na attIibiind4 urbana, maise sp a co a b er to e beleza natural do que os poeirentos restos nosencorajam a imaginar. Nio importa que unidade a palavra"sar" representeva, em Uruk, segundo Gilgames, "um "sar"era a cidade, "um "sar" eram 01 pomares, um "sar" eram as"terras ~arginais"; [alan disso,havia] 0 recinto do templode !star". Uruk tinha tres "sar" em seu recinto sagrado; assim,metade e ta cidade era dedicada aos espaCjosabertoe. 0 que 0tradutor chama de terra marginal pode, na verdade, ser urnsubiirbio, com casas destacadas e jardins ou, possivelmente,um cinturao verde de hortas que forneciam produtos do mer-cado. Certamente, a grande quantidade de terra que era cul-tivada sugere adl acesso ao ar livre, ao sol sanificante e avisao das coisas em crescimento. Enquanto a cidade permane-ceu com populac;io inferior a tr inta mil habitantes, seu cinturioverde interior foi mais fadl de alcan~r a p e , a partir do centro,do que 0 e , hoje em dia, numa Cidade Nova inglisa - e, comexcec;ao da expansao exterior da eidade, era ainda menos su-[eito a usutpaCjOes nio agricolas.

    mostram edificios, arvores e jar~ins. mas tcl:mbem h?m~ns em'a

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    proprio norte. A ultima das grandee cidades dessa area, talvel.a maier delas, que uniu os antigos elementos de sua civi liza~ao,foi Babilonia. "0 que se segue - diz Herodoto, - e uma(lc:;cri~ao do lugar:;.A cidade ergue-se numa ampla planicie e e um quadradoexato, com cento e vinte bra~ de cada lado, de sorte que acidade inteira tern quatrocentas e oitenta bracas [de perfmetro].Ao passe que tal e seu tamanho que nao hi outra cidade quedela s e a p ro x im e , 1 1 rodeada em p rim ei ro lugar por um fOsso

    largo e profundo, cheio de igua, citem do qual se ergue umamuralha de cinqiienta cubitos reais de largura e duzentos pe sde altura. E ali, nio posse omitir-me de contar a utiliza~que foi dada a l am a r et ir ad a do grande fosso, nem a maneirapela qual a muralha foi construida. Tao depressa quantocavavam 0 fosso, 0 solo que tiravam do corte era transformadoem tijolos; e, quando se tompletou um mimero suflciente, ccze-ram os tijolos em fomos. Depois, dediearam-se a . edifica~aoe comecaram a revestir as bordas do osso, depois do quepassaram a construir a propria muralha, usando como seucimento betume quente,e mterpondo uma eamada de canicosverdes em eada fiada de tijolos. No alto, ao longo das bordasda muralha, construiram edificios de tuna unica cimara, dei-xando entre e le s e spac;o para passar um carro de quatro ca-valos. No eircuito da muralha, e nc on tr am - se c em portOes.todos de cobre, com vie-otes de bronze e moir6es laterals. .'.A cidade e dividida em duaspor~oes, pelo que passa peloseu meio, 2sse rio e 0 Eufrates, uma corrente larga, pro-funda, que se inicia na Armenia e vai eair no Mar Vermelho."A mu ra lh a, em c ad a m ar gem , te m um eetovelo que desceate 0rio; dali, a partir dos cantos da muralha, e eonduaido aolongo de cada margem do rio ur n muro de tijolos cozidos.As casas sao. na m a io r p art e de tres e quatro pavimentos; asruas todas correm em linha reta, nao apenas aquelas paralelasao rio mas tambem as ruas transversals que eonduzem at e a suaborda. No ponto em que essas ruas transversais at ingem 0 rio,encontram-se portoes baixos na muralha que interrompe acorrente.

    ItA m ura lh a exterior e a principal defesa da cidade. Haentretanto, uma muralha interior, de menor espessura que aprimeira, porem muito poueo inferior em or~. 0 centrode cada divisio da cidade e ocupado por uma fortaleza. . ..Numa delas erguia-se 0 palacio dos reis, rodeado por um murode grande for~ e tamanho; noutra estava 0 sagradorecinto deJQp i te r Be lu s , \Un recinto quadrado de duas b~S de lado. comport6es de eobre sOlido; que continuava tanthem existindaem1 08

    meu tempo. No meio recinto havia uma torre de salida alve-naria, com uma braca de extensao e largura, sobr~ a qual.seerguia uma segunda torre, e sobre esta uma terceira, e assl~lpor diante, at e oito" - em suma, um zigurate, forma que haviasido transmitida, sem modifieacdes substanciais , durante deze-nas dp sicu1os. "Ganha-se 0 alto passando-se, pelo lade defora, ~r"um caminho que serpeia entre todas as torres. Quandose esta mais ou menos a meio caminho da subida, encontra-seum lugar de descanso e senta-se. ... Na torre rnais alta, hium espacoso temple onde, assim como. reportavam os egipciosem Tebas, exist iu outrora urn grande coxim onde 0 deus deveriater intercurso com a sacerdotiza e, ao lado desse coxim, umamesa de ouro." A antiga cerimonia da fertilidade, pela qualo divino rei magicamentc assegurava a continua~ao das fUl1;oesprocriat ivas em toda a natureza, aind~ _era real izada sob .auspi-cios sagrados, ou pelo menos a tradu;ao permanecera viva na. . . . . . .memona.

    Embora Herodoto pudesse ter visto apenas os restos esma-gados dessa grande eidade, achava-se bastante proximo ~ranos transmitir uma ultima exala~ao de sua vida, algo que osmais ricos restos arqueologicos dificilmente ainda contem, -_eltrelata seria precioso ainda que apenas nos contasse como ospedacos de betume, tao uteis na calafetacao, eram conduzidospor urn rio tributario do Eufrates e assim levados a flutuar a~ eBabilonia, ou como os comerciantes que transportavam barnsde vinho de palma utilizavam a tradicional jangada circular, decanicos amarrados, com barbatanas de salgueiro e cobertos depele, para levar produtos a cidade; depois do que vendiam asbarbatanas - a madeira era titil na planicie sem arvores, -cnfardavam as peles sobre urn jumento que levavam consigo abordo e voltavam por terra a s colinas de onde tinham part ido,ja que a rapida corrente do Eufrates nao Ihes permitia retro-ceder r io acima,

    Tanto no relate de Hercdoto como nos dos arqueologos,somente um grupo na vida da cidade parece dificil de destacar.Existiriam crianc;as? Parte do dia, sabemos, estavam na es-cola: os documentos de U r nao somente nos mostram umaescola, mas igualmente recordam urn pequeno e amistoso su-bOrno do mestre-escola, convidado a jantar em casa. De umacarta sumeriana datada de mais de 3 700 anos, temos um reot rato melhor do adoleseente, dispensado por seu pai, demasiadoindulgente, de trabalhar nos campos, conduzindo cascas de:i.rvore, cavando e arando. S em ter qualquer coisa de serio afazer quando terminada a escola, 0 jovem vadio anda Ii toapelas ruas, seguindo seu pai, e se deixa ficar na pra~a publica.1 0 9

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    Procura 0 prazer, mostra-se algo insolente e e indiferente a soportunidades de sua voca~io her dada ; ao que poderia parecer,sem disposi(jao alguma para seguir 0 oficio de escriba, de seupai, :aste pequeno toque de vida real, que 0 autor de A Histo-ria Conle,a lla Sumeria colocou diante de n6s, fecha subita-mente a lacuna de milenios entre nos e aqueles antigos morado-res de cidades, 0 drama humane do pai agastado mas amorosoe do filho enfastiado e rebelde pareee por demais pr6ximo de, . ,nossa propria epoca.A cidade, confonne a descobrimos inicialmente, parecepertencer exclusivamente a popu1a~io adulta. Provsvelmente,a por~ao maior da popula~o infantil trabalhava, como indicaria

    o trech o acim a, nos cam pos: salvos, ao mesmo tempo, d a escolae da delinqi ienda, por seu ttabalho agricola. Onde, poremnaquelas ruas apinhadas, naque1as vias estreitas, naqueles aper...tados bairros resid enciais, b rineam as criantjas com uns? M ilha-res de anos ainda se passario antes que, no cora~io da cidade,nos terrenos ao redor da escola e nos campos de jogos vi-zinhos - primeiro nas cidades medievais, mas, de forma maisnotavel, nas Cidades Novas inglesa.s de hoje, - as atividadeshidicas das crian~as reclamem largos trechos de espaeo aberto,

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