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TEXTO BASE
NOES DEEMPREENDEDORISMO
Prof. Joo Ribeiro
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Universidade Municipal de So Caetano do Sul
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So Caetano do Sul, 2013
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3Sumrio
UNIDADE 1 - CONCEITOS BSICOS
CONCEITOS BSICOS .....................................................................6
O sentido do trabalho e do empreendimento .................................6
Empreendimento, empreendedor e empreendedorismo ................10
Intraempreendedorismo ...............................................................13
Empreendedorismo social .............................................................13
O contexto do empreendedorismo e sua importncia
para a economia ..........................................................................15
Leitura complementar ...................................................................18
UNIDADE 2 - O INDIVDUO EMPREENDEDOR
CONCEITOS BSICOS ...................................................................34
As competncias do empreendedor ..............................................34
A importncia da viso estratgica ...............................................39
Os conceitos de misso e objetivos ...............................................42
A relao entre conceitos .............................................................45
Leitura complementar ...................................................................46
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4UNIDADE 3 - A OPORTUNIDADE
A OPORTUNIDADE .......................................................................58
Introduo ...................................................................................58
A diferena entre ideias e oportunidades ......................................58
Identificao de oportunidades .....................................................60
Fontes de novas ideias ..................................................................63
Anlise de viabilidade ...................................................................66
Leitura complementar ...................................................................74
UNIDADE 4 - O PLANO DE NEGCIOS
O PLANO DE NEGCIOS ..............................................................80
Definio ......................................................................................80
Finalidades e benefcios ................................................................81
Estrutura do plano de negcios ....................................................83
Pblicos interessados e suas necessidades .....................................86
Financiando um novo empreendimento ........................................88
Apresentao do plano de negcios .............................................94
CONCLUSO .................................................................................99
Leitura complementar .................................................................100
REFERNCIAS ...............................................................................114
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Conceitos bsicos
UN
IDA
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CONCEITOS BSICOS ...........................................6
O sentido do trabalho e do empreendimento .......6
Empreendimento, empreendedor e
empreendedorismo ............................................10
Intraempreendedorismo .....................................13
Empreendedorismo social ...................................13
O contexto do empreendedorismo e sua
importncia para a economia .............................15
Leitura complementar .........................................18
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
CONCEITOS BSICOS
O sentido do trabalho e do empreendimento;
Empreendimento, empreendedor e empreendedorismo;
Intraempreendedorismo;
Empreendedorismo social;
O contexto do empreendedorismo e sua importncia para a economia.
O SENTIDO DO TRABALHO E DO EMPREENDIMENTO
O trabalho ainda conserva um lugar importante na sociedade. Segundo Morin
(2001), mais de 80% das pessoas continuariam trabalhando mesmo que tivessem
bastante dinheiro para viver o resto de sua vida confortavelmente sem trabalhar. As
principais razes so as seguintes: para se relacionar com outras pessoas, para ter o
sentimento de vinculao, para ter algo que fazer, para evitar o tdio e para ter um
objetivo na vida.
O trabalho representa um valor importante e exerce uma influncia considervel
sobre a motivao dos trabalhadores, bem como sobre a sua satisfao. Quais seriam
ento as caractersticas do trabalho que tenha um sentido para aqueles que o realizam?
Hackman e Oldham (1976) propuseram um modelo que tenta explicar como as
interaes, as caractersticas de um emprego e as diferenas individuais influenciam
a motivao, a satisfao e a produtividade dos trabalhadores.
Segundo esse modelo, trs caractersticas contribuem para dar sentido ao trabalho:
a variedade das tarefas: a capacidade de um trabalho requerer uma variedade de
tarefas que exigem uma variedade de competncias;
a identidade do trabalho: a capacidade de um trabalho permitir a realizao de
algo do comeo ao fim, com um resultado tangvel, identificvel;
o significado do trabalho: a capacidade de um trabalho ter um impacto significati-
vo sobre o bem-estar ou sobre o trabalho de outras pessoas, seja em sua organiza-
o, seja no ambiente social.
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Para Emery (1964, 1976) e Trist (1978), o trabalho deve apresentar essencialmente
seis propriedades para estimular o engajamento daquele que o realiza:
A variedade e o desafio: o trabalho deve ser razoavelmente exigente em outros
termos que o de resistncia fsica e incluir variedade. Esse aspecto permite reco-
nhecer o prazer que podem trazer o exerccio das competncias e a resoluo dos
problemas;
A aprendizagem contnua: o trabalho deve oferecer oportunidades de aprendiza-
gem em uma base regular. Isso permite estimular a necessidade de crescimento
pessoal;
Uma margem de manobra e autonomia: o trabalho deve invocar a capacidade de
deciso da pessoa. Devem-se reconhecer a necessidade de autonomia e o prazer
retirado do exerccio de julgamentos pessoais no trabalho;
O reconhecimento e o apoio: o trabalho deve ser reconhecido e apoiado pelos ou-
tros na organizao. Esse aspecto estimula a necessidade de afiliao e vinculao;
Uma contribuio social que faz sentido: o trabalho deve permitir a unio entre o
exerccio de atividades e suas consequncias sociais. Isso contribui construo da
identidade social e protege a dignidade pessoal. Esse mbito do trabalho reconhe-
ce o prazer de contribuir para a sociedade;
Um futuro desejvel: o trabalho deve permitir a considerao de um futuro dese-
jvel, incluindo atividades de aperfeioamento profissional. Isso reconhece a espe-
rana como um direito humano.
Para Morin (2004), os modelos apresentados acima tm vrios pontos em comum.
Entre outros, o homem trabalha pela possibilidade de realizar algo que tenha sentido,
de praticar e de desenvolver suas competncias, de exercer seus julgamentos e seu
livre-arbtrio, de conhecer a evoluo de seus desempenhos e de se ajustar. De igual
maneira importante que os trabalhadores possam desenvolver o sentimento de
vinculao e que possam atuar em condies apropriadas.
Em sua pesquisa, Morin (2004) identificou seis caractersticas do trabalho que tem
sentido:
1. Um trabalho que tem sentido feito de maneira eficiente e gera resultados
O trabalho uma atividade produtiva que agrega valor a alguma coisa. A maneira
como os indivduos trabalham e o que eles produzem tm um impacto sobre o que
pensam e na maneira como percebem sua liberdade e sua independncia. O pro-
cesso de trabalho, assim como seu fruto, ajuda o indivduo a descobrir e formar sua
identidade.
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2. Um trabalho que tem sentido intrinsecamente satisfatrio
O prazer e o sentimento de realizao que podem ser obtidos na execuo de ta-
refas do um sentido ao trabalho. A execuo de tarefas permite exercer talentos e
competncias, resolver problemas, fazer novas experincias, aprender e desenvolver
habilidades. O interesse do trabalho em si mesmo est associado, por um lado, ao
grau de correspondncia entre as exigncias do trabalho e, por outro, ao conjunto de
valores, de interesses e de competncias do indivduo.
Um trabalho que tem sentido aquele que corresponde personalidade, aos talen-
tos e aos desejos delas. O interesse de tal trabalho tambm se origina das possibilidades
que ele oferece para provar seus valores pessoais e para realizar suas ambies. Este
permite realizao, dando oportunidades para vencer desafios ou perseguir ideais.
3. Um trabalho que tem sentido moralmente aceitvel
O trabalho uma atividade que se inscreve no desenvolvimento de uma sociedade; ele
deve, portanto, respeitar as prescries relativas ao dever e ao saber viver em sociedade,
tanto em sua execuo como nos objetivos que ele almeja e nas relaes que estabele-
ce. Em outras palavras, o trabalho deve ser feito de maneira socialmente responsvel.
Vrios administradores mostraram-se preocupados com as contribuies do tra-
balho para a sociedade. O fato de fazer um trabalho pouco til, que no comporta
nenhum interesse humano, em um meio ambiente onde as relaes so superficiais,
contribui para tornar o trabalho absurdo.
4. Um trabalho que tem sentido fonte de experincias de relaes humanas satisfatrias
O trabalho tambm uma atividade que coloca as pessoas em interao umas com
as outras. Essa caracterstica aparece de maneira consistente, o que sinal de sua
importncia para a organizao do trabalho. Vrios administradores reportaram que
um trabalho que tem sentido permite lhes encontrar pessoas com quem os contatos
podem ser francos, honestos, com quem se pode ter prazer em trabalhar, mesmo em
projetos difceis.
Um trabalho que tem sentido permite ajudar os outros a resolver seus problemas,
prestar- lhes um servio, ter um impacto sobre as decises tomadas pelos dirigentes,
ser reconhecido por suas habilidades e contribuies ao sucesso dos negcios. As sa-
tisfaes podem ser adquiridas na associao com os outros no trabalho e durante as
trocas com os clientes, superiores e colaboradores. Nesse sentido, o trabalho permite
passar por cima dos problemas existenciais, como a solido e a morte.
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5. Um trabalho que tem sentido garante a segurana e a autonomia
O trabalho est claramente associado noo de renda. A renda que ele propicia
permite prover as necessidades de base, prov sentimento de segurana e possibilita
ser autnomo e independente. Para a maioria dos administradores, ganhar a vida
sinnimo de ganhar o respeito dos outros e, assim, preservar sua dignidade pessoal
aos olhos dos outros. Isso no impede se considerar as condies nas quais o trabalho
se realiza, pois elas so importantes aos olhos dos trabalhadores. Alm do mais, as
exigncias de desempenho e o estresse so os principais fatores que contribuem para
deteriorar a experincia no trabalho. Por isso, muitos procuram um equilbrio entre
vida profissional e vida privada.
6. Um trabalho que tem sentido aquele que nos mantm ocupados
O trabalho tambm uma atividade programada, com um comeo e um fim, com
horrios e rotina. Ele estrutura o tempo: os dias, as semanas, os meses, os anos, a
vida profissional. , assim, uma atividade que estrutura e permite organizar a vida
diria e, por extenso, a histria pessoal.
Isso ainda mais marcante para os administradores que perderam seu emprego.
Estes dizem que o trabalho uma necessidade, uma dimenso importante de suas
vidas, que lhes ajuda a se situar, que ocupa o tempo da vida e que lhe d um sentido,
sobretudo quando eles tm a possibilidade de escolher seu caminho e fizer qualquer
coisa que esteja de acordo com suas personalidades e seus valores.
Concluindo-se, o homem trabalha porque busca uma satisfao, no desenvolvi-
mento e aplicao de suas competncias, na oportunidade de testar suas capaci-
dades, com o objetivo de estimular suas necessidades de crescimento pessoal e seu
senso de responsabilidade.
Por que o homem cria empresas?
Em administrao, as empresas ou firmas so organizaes que produzem e ven-
dem bens e servios, que contratam e utilizam fatores de produo, que podem ser
classificados em primrias ou secundrias. A Teoria da Firma, ou Teoria de Empresa,
foi um conceito criado pelo economista britnico Ronald Coase, em seu artigo The
Nature of Firm, de 1937.
Segundo essa teoria, as firmas trabalham com o lado da oferta de mercado, ou
seja, com os produtos que vo oferecer aos consumidores, como bens e servios
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produzidos. As firmas so de extrema importncia para os mercados, pois renem o
capital e o trabalho para realizar a produo e so as responsveis por agregar valor
s matrias-primas utilizadas nesse processo, com uso de tecnologia.
As empresas produzem conforme a demanda do mercado e a oferta ajustada por
aqueles que esto dispostos a consumir. As empresas existem como um sistema alter-
nativo ao mecanismo de preos de mercado, quando mais eficiente para produzir
em um ambiente no-mercado.
Por exemplo, em um mercado de trabalho pode ser muito difcil ou custoso para
as empresas ou organizaes produzirem bens e servios quando se tm de contratar
e despedir os seus trabalhadores a todo o momento em funo das condies de
demanda procura / oferta. Tambm pode ser dispendioso para os funcionrios mu-
darem a cada dia de empresa procura de melhores alternativas. Assim, as empresas
realizam um contrato de longo prazo com seus empregados para minimizar o custo.
EMPREENDIMENTO, EMPREENDEDOR E EMPREENDEDORISMO
Empreendedorismo, segundo Dolabela (1999) um neologismo derivado da livre
traduo da palavra entrepreneurship e utilizado para designar os estudos relativos
ao empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividades, seu universo
de atuao. A palavra empreendedor utilizada para designar principalmente as
atividades de quem se dedica gerao de riquezas, seja na transformao de co-
nhecimentos em produtos ou servios, na gerao do prprio conhecimento ou na
inovao em reas como marketing, produo, organizao etc.
Para Hisrich (2004), a definio de empreendedor evoluiu com o decorrer do tem-
po, medida que a estrutura econmica mundial mudava e tomava-se mais comple-
xa. Desde seu incio, na Idade Mdia, quando era usada para se referir a ocupaes
especficas, a noo de empreendedor foi refinada e ampliada, passando a incluir
conceitos relacionados com a pessoa, em vez de com sua ocupao. Os riscos, a ino-
vao e a criao de riqueza so exemplos dos critrios que foram desenvolvidos
medida que evolua o estudo da criao de novos negcios.
Neste texto, o empreendedorismo definido como o processo de criar algo novo
com valor, dedicando-se o tempo e o esforo necessrios, assumindo os riscos finan-
ceiros, psicolgicos e sociais, e recebendo as recompensas consequentes da satisfa-
o e da independncia pessoal e econmica.
De acordo com Greco (2010), o empreendedorismo pode ser por oportunidade
ou por necessidade. No empreendedorismo por oportunidade, os empreendedores
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iniciam o seu negcio por vislumbrarem uma oportunidade no mercado para em-
preender e como forma de melhorar sua condio de vida. No empreendedorismo
por necessidade, as pessoas empreendem como nica opo, ou seja, pela falta de
melhores alternativas profissionais, assumindo assim mais riscos.
O empreendedorismo por oportunidade mais benfico para a economia dos pa-
ses, onde os empreendedores tm maiores chances de sobrevivncia e de sucesso.
Porm, mesmo o empreendedorismo por necessidade pode gerar oportunidades de
negcios e se transformar em empreendimentos por oportunidade.
A seguir encontra-se a evoluo histrica do conceito de empreendedorismo.
Tabela 1.1 - Evoluo da teoria do empreendedorismo
Perodo inicial
Empreendedor como intermedirio aventureiro.Ex: Marco Polo buscando rotas comerciais para o Oriente.
Idade Mdia
Administrador de grandes projetos, sem riscos (geralmente do governo).Ex: Clrigo: pessoa encarregada de obras arquitetnicas.
Sculo XVII
Pessoa que assume riscos de lucro (ou prejuzo) em um contrato de valor fixo com o governo; indivduo que se arrisca e d incio a algo novo.
Sculo XVIII1725
Cantillon: a pessoa que assume riscos diferente da que fornece capital.
1793
Eli Whitney inventa o descaroador de algodo, que trouxe prosperidade ao sul dos Estados Unidos e lucros milionrios aos produtores de algodo.Um investidor de risco um administrador profissional que faz investimentos a partir de um montante de capital prprio; o empreendedor usurio deste capital.
Sculo XIX1803
Jean Baptiste: lucros do empreendedor separados do lucro do capital.
1868Thomas Edson: inicia pesquisas em qumica e eletricidade financiadas por investidores.
1876Francis Walker: distinguiu entre os que forneciam fundos e recebiam juros e aqueles que obtinham lucros com habilidades administrativas.
Sculo XX1934
Joseph Schumpeter: o empreendedor um inovador e desenvolve tecnologia que ainda no foi testada.
1961 David McClelland: empreendedor algum dinmico que corre riscos moderados.
1964 Peter Drucker: o empreendedor maximiza oportunidades.
1975Albert Shapiro: o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econmicos, e aceita riscos de fracasso.
1980Karl Vsper: o empreendedor visto de modo diferente por economistas, psiclogos, negociantes e polticos.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
1983Gifford Pinchot: o intraempreendedor um empreendedor que atua dentro de uma organizao j estabelecida.
1985
Robert Hisrich: o empreendedorismo o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e o esforo necessrio, assumindo riscos financeiros, psicolgicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfao econmica e pessoal.
1991 Fillion: empreendedor aquele que imagina, desenvolve e realiza vises.
1993Stevenson: empreendedorismo o processo de criao de valor pela utilizao de forma diferente dos recursos, buscando explorar uma oportunidade.
Fonte: adaptado de Hisrich, Peters, 2004.
No se pode dissociar o empreendedor de seu empreendimento, a empresa que
criou. Ambos fazem parte do mesmo conjunto e devem ser percebidos de forma ho-
lstica: o empreendimento tem a cara de seu dono.
A Tabela 2 apresenta sete perspectivas para o termo empreendedorismo. Como
se pode notar, ele pode ser aplicado a qualquer organizao em que uma ou mais
dessas perspectivas possam se fazer presentes, independentemente de essa organi-
zao j existir ou estar em fase de criao, bem como de seu porte, forma que est
estruturada e mercados onde atua.
Tabela 1.2 Sete perspectivas para a natureza do empreendedorismo
Criao de Riqueza
Empreendedorismo envolve assumir riscos calculados associados com as facilidades de produzir algo em troca de lucros.
Criao de Empresa
Empreendedorismo est ligado criao de novos negcios, que no existiam anteriormente.
Criao da Inovao
Empreendedorismo est relacionado combinao nica de recursos que fazem os mtodos e produtos atuais ficarem obsoletos.
Criao da Mudana
Empreendedorismo envolve a criao da mudana, atravs do ajuste, adaptao e modificao da forma de agir das pessoas, abordagens, habilidades, que levaro identificao de diferentes oportunidades.
Criao de Emprego
Empreendedorismo no prioriza, mas est ligado criao de empregos, j que as empresas crescem e precisaro de mais funcionrios para desenvolver suas atividades.
Criao de Valor
Empreendedorismo o processo de criar valor para os clientes e consumidores atravs de oportunidades ainda no exploradas.
Criao de Crescimento
Empreendedorismo pode ter um forte e positivo relacionamento com o crescimento das vendas da empresa, trazendo lucros e resultados positivos.
Fonte: Morris, 1998.
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INTRAEMPREENDEDORISMO
Dornelas (2004) afirma que a ideia de se aplicar os conceitos chaves relacionados
ao empreendedorismo (busca de oportunidade, inovao, fazer diferente, criao de
valor) a organizaes j estabelecidas no recente. A primeira referncia de que
se tem notcia sobre o tema data do incio da dcada de oitenta do sculo passado,
quando Gifford Pinchot (PINCHOT, 1985) cunhou o termo intrapreneurship, ao pu-
blicar o livro Intrapreneuring, no qual mostrava como o empreendedorismo poderia
ser aplicado e praticado em organizaes existentes. Destacava, tambm, o papel do
empreendedor dentro dessas organizaes e como a inovao poderia ser buscada e
desenvolvida pela aplicao do empreendedorismo interno para tal objetivo.
A partir dos estudos de Pinchot, muitos outros estudos e pesquisas relacionados ao
tema tm sido feitos, nos quais se analisam empresas com foco na inovao para se
entender melhor como o empreendedorismo corporativo se desenvolve.
O empreendedorismo corporativo ou Intraempreendedorismo pode ser definido
como a identificao, o desenvolvimento, a captura e a implementao de novas
oportunidades de negcio (DORNELAS, 2003) que, por sua vez,
Requerem mudanas na forma com que os recursos so empregados na empresa;
Conduzem para a criao de novas competncias empresariais;
Resultam em novas possibilidades de posicionamento no mercado, buscando um
compromisso de longo prazo e criao de valor para os acionistas, funcionrios e
clientes.
Sharma e Chrisman (1999) definem o empreendedorismo corporativo como o pro-
cesso pelo qual um indivduo ou um grupo de indivduos, associados a uma organi-
zao existente, criam uma nova organizao ou instigam a renovao ou inovao
dentro da organizao existente.
Os mesmos autores colocam que empreendedores corporativos so os indivduos
ou grupos de indivduos que, agindo independentemente ou como parte do sistema
corporativo, criam as novas organizaes ou instigam a renovao ou inovao den-
tro de uma organizao existente.
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Segundo Oliveira (2004), o conceito de empreendedorismo social ainda est em
construo, tanto nacionalmente como internacionalmente, em estreita similaridade
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
com a lgica empresarial, influenciado pela crescente participao das empresas jun-
to ao enfrentamento dos problemas sociais. Mas esta relao prxima e histrica tem
diferenas significativas que nos auxiliam a compreender e melhor definir o que seja
empreendedorismo social na atualidade.
Desta forma, antes de definirmos empreendedorismo social, vamos apresentar o
que ele no o . O empreendedorismo social no Responsabilidade Social Empresa-
rial, pois a mesma supe um conjunto organizado e devidamente planejado de aes
internas e externas, e uma definio centrada na misso e atividade da empresa, face
s necessidades da comunidade; tambm no uma organizao social que produz e
gera receitas, a partir da venda de produtos e servios, e muito menos um empres-
rio que investe no campo social, o que est mais prximo da responsabilidade social
empresarial, ou quando muito, da filantropia e da caridade empresarial.
A Tabela 3, a seguir, apresenta os principais pontos que diferem e ao mesmo tempo
apresentam certa semelhana com o empreendedorismo social.
Ainda, segundo Oliveira (2004), o empreendedorismo social pode ser considerado
como:
1. um novo paradigma de interveno social, pois mostra um novo olhar e leitu-ra da relao e integrao entre os vrios atores e segmentos da sociedade;
2. um processo de gesto social, pois apresenta uma cadeia sucessiva e ordenada de aes, que pode ser resumido em trs fases: a) Concepo da ideia; b) Institu-
cionalizao e maturao da ideia e, c) multiplicao da ideia;
3. uma arte e uma cincia, uma arte pois permite que cada empreendedor aplique as suas habilidades e aptides e por que no seus dons e talentos, sua intuio e
sensibilidade na elaborao do processo do empreendedorismo social, uma cin-
cia, pois utiliza meios tcnicos e cientficos, para ler, elaborar/planejar e agir sobre
e na realidade humana e social;
4. uma nova tecnologia social, pois sua capacidade de inovao e de empreender novas estratgias de ao, fazem com que sua dinmica gere outras aes que
afetam profundamente o processo de gesto social, j no mais assistencialista e
mantenedora, mas empreendedora e emancipadora e transformadora;
5. um indutor de auto-organizao social, pois no uma ao isolada, mas ao contrrio, necessita da articulao e participao da sociedade para se institucio-
nalizar e apresentar resultados que atendam s reais necessidades da populao
sendo duradouras e de autoimpacto social, e no so privativas, pois a principal
caracterstica e a possvel multiplicao da ideia/ao, parte de aes locais, mas
sua expanso para o impacto global. Desta forma, um sistema dentro do siste-
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ma maior que a sociedade e que gera mudanas significativas a partir do proces-
so de interao, cooperao e estoque elevado de capital social.
Tabela 1.3 - Caractersticas do empreendedorismo privado, responsabilidade social empresarial e empreendedorismo social
Empreendedorismo privado
Responsabilidade social empresarial
Empreendedorismo social
individual Individual com possveis parcerias
coletivo e integrado
Produz bens e servios para o mercado
Produz bens e servios para si e para a comunidade
Produz bens e servios para a comunidade, local e global
Tem foco no mercado Tem o foco no mercado e atende a comunidade conforme sua misso
Tem o foco na busca de solues para os problemas sociais e necessidades da comunidade
Sua medida de desempenho o lucro
Sua medida de desempenho o retorno aos envolvidos no processo (stakeholders)
Sua medida de desempenho o impacto e a transformao social
Visa satisfazer necessidades dos clientes e ampliar as potencialidades do negcio
Visa agregar valor estratgico ao negcio e atender expectativas do mercado e da percepo da sociedade/consumidores
Visa resgatar pessoas da situao de risco social e promov-las, gerar capital social, incluso e emancipao social
Fonte: OLIVEIRA, 2004.
O CONTEXTO DO EMPREENDEDORISMO E SUA IMPORTNCIA PARA A ECONOMIA
Hisrich e Peters (2004) afirmam que o estudo do empreendedorismo relevante
atualmente no s porque ajuda os empreendedores a melhor atender a suas ne-
cessidades pessoais, mas tambm devido contribuio econmica dos novos em-
preendimentos. Mais do que aumentar a renda nacional atravs da criao de novos
empregos, o empreendedorismo atua como uma fora positiva no crescimento eco-
nmico ao servir como ligao entre a inovao e o mercado.
Embora o governo d grande apoio pesquisa bsica e aplicada, no tem obtido
muito sucesso em transformar as inovaes tecnolgicas em produtos ou servios.
Apesar de o Intraempreendedorismo oferecer a promessa de um casamento dessa
capacitao de pesquisa com as habilidades empresariais esperadas de uma grande
empresa, os resultados at agora no foram propriamente espetaculares.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Isso deixa o empreendedor, que frequentemente no tem habilidades tcnicas e
gerenciais, como elo principal entre o processo de desenvolvimento de inovaes
e o crescimento e a revitalizao econmica. O estudo do empreendedorismo e da
formao de empreendedores potenciais so partes essenciais de qualquer tentativa
de fortalecimento desse elo to importante para o bem-estar econmico de um pas.
Para Dolabela (1999),
o empreendedorismo tem se mostrado um grande aliado do desenvolvimento
econmico, gerando e distribuindo riquezas e benefcios para a sociedade. Por
estar constantemente diante do novo, o empreendedor evolui atravs de um
processo interativo de tentativa e erro; avana em virtude das descobertas que
faz, as quais podem se referir a uma infinidade de elementos, como novas opor-
tunidades, novas formas de comercializao, vendas, tecnologia, gesto etc.
Dornelas (2003) afirma que as naes desenvolvidas tm dado especial ateno
e apoio s iniciativas empreendedoras, por saberem que so a base do crescimento
econmico, da gerao de emprego e renda. Estudos tm sido desenvolvidos com
vistas a evidenciar e descobrir quais so os impactos do empreendedorismo para o
desenvolvimento econmico dos pases. Um desses estudos, que tem sido feito de
forma sistemtica em vrios pases do mundo, o estudo promovido pelo grupo do
Global Entrepreneurship Monitor GEM, liderado pelo Babson College, nos Estados
Unidos, e a London Business School na Inglaterra.
Trata-se do mapeamento da atividade empreendedora dos pases, buscando en-
tender o relacionamento entre empreendedorismo e desenvolvimento econmico, e
quanto s atividades empreendedoras de um pas, esto relacionadas gerao de
riqueza desse mesmo pas.
Os resultados desse estudo tm mostrado que em pases desenvolvidos essa re-
lao mais evidente que em pases em desenvolvimento. Voc encontrar uma
amostra das informaes disponibilizadas por esse estudo no Texto de Apoio 2 ao
final desta Unidade.
No caso do Brasil, ainda um pas em desenvolvimento, o estudo tem trazido re-
sultados muito interessantes no tocante s iniciativas empreendedoras. No entanto,
por outro lado, um dos fatores preocupantes no caso brasileiro o fato de a maioria
dos negcios gerados no pas ser baseada no empreendedorismo de necessidade, ou
seja, no so baseados na identificao de oportunidades de negcio e na busca da
inovao com vistas criao de negcios diferenciados, como descrito anteriormen-
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te, mas no suprimento das necessidades bsicas de renda daquele que empreende,
para que tenha condies de subsistncia, mantendo a si e sua famlia. So neg-
cios, em sua maioria, informais, focados no momento presente, sem planejamento,
sem viso de futuro, sem a identificao de oportunidades e nichos de mercado, sem
o comprometimento com o crescimento e com o desenvolvimento econmico.
Nota-se que, quanto mais empreendedorismo de oportunidade estiver presente
em um pas, maior ser o seu desenvolvimento econmico, o que, por conseguinte,
permitir a esse pas a criao de mecanismos que estimulem as iniciativas empreen-
dedoras. Ou seja, trata-se de um processo cclico que s tem a alimentar ainda mais
a busca da inovao.
Dornelas (2003) ainda destaca que o empreendedorismo no uma nova teoria
administrativa que veio para resolver todos os problemas empresariais.
Trata-se de uma forma de comportamento, que envolve processos organizacionais
que permitem a empresa toda trabalhar em busca de um objetivo comum, que
a identificao de novas oportunidades de negcios, atravs da sistematizao de
aes internas focadas na inovao.
O empreendedorismo visto por essa tica passa a ser ento um fator crtico para
o desenvolvimento econmico, pois no est restrito apenas criao de novos ne-
gcios, comumente relacionado a pequenas empresas, mas pode e deve ser em-
pregado pelas organizaes existentes como forma de sistematizar seus processos
internos para a gerao das inovaes empresariais. Empreendedorismo e inovao
esto intimamente ligados e so ingredientes fundamentais para o desenvolvimento
econmico.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Leitura Complementar
O Trabalho Humano
Joo Paulo II
mediante o trabalho que o homem deve procurar o po quotidiano e contribuir
para o progresso contnuo das cincias e da tcnica, e sobretudo para a incessante
elevao cultural e moral da sociedade, na qual vive em comunidade com os prprios
irmos. E com a palavra trabalho indicada toda a atividade realizada pelo mesmo
homem, tanto manual como intelectual, independentemente das suas caractersticas
e das circunstncias, quer dizer toda a atividade humana que se pode e deve reco-
nhecer como trabalho, no meio de toda aquela riqueza de atividades para as quais
o homem tem capacidade e est predisposto pela prpria natureza, em virtude da
sua humanidade. Feito imagem e semelhana do mesmo Deus no universo visvel
e nele estabelecido para que dominasse a terra, o homem, por isso mesmo, desde o
princpio chamado ao trabalho.
O trabalho uma das caractersticas que distinguemo homem do resto das cria-
turas, cuja atividade, relacionada com a manuteno da prpria vida, no se pode
chamar trabalho; somente o homem tem capacidade para o trabalho e somente o
homem o realiza preenchendo ao mesmo tempo com ele a sua existncia sobre a
terra. Assim, o trabalho comporta em si uma marca particular do homem e da huma-
nidade, a marca de uma pessoa que opera numa comunidade de pessoas; e tal marca
determina a qualificao interior do mesmo trabalho e, em certo sentido, constitui a
sua prpria natureza.
E, no entanto, com toda esta fadiga e talvez, num certo sentido, por causa dela
o trabalho um bem do homem. E se este bem traz em si a marca de umbonu-
marduum bem rduo para usar a terminologia de Santo Toms de Aquino,
isso no impede que, como tal ele seja um bem do homem. E mais, no s um bem
til ou de que se pode usufruir, mas um bem digno , ou seja, que correspon-
de dignidade do homem, um bem que exprime esta dignidade e que a aumenta.
Querendo determinar melhor o sentido tico do trabalho, indispensvel ter dian-
te dos olhos antes de tudo esta verdade. O trabalho um bem do homem um
bem da sua humanidade porque, mediante o trabalho, o homemno somente
transforma a natureza,adaptando-a s suas prprias necessidades, mas tambmse
realiza a si mesmocomo homem e at, num certo sentido, se torna mais homem .
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicos
O trabalho, como j foi dito, umaobrigao, ouseja, umdever do homem;eisto
nos diversos sentidos da palavra.O homem deve trabalhar, quer pelo fato de o Cria-
dor lhe haver ordenado, quer pelo fato da sua mesma humanidade, cuja subsistncia
e desenvolvimento exigem o trabalho. O homem deve trabalhar por um motivo de
considerao pelo prximo, especialmente considerao pela prpria famlia, mas
tambm pela sociedade de que faz parte, pela nao de que filho ou filha, e pela
inteira famlia humana de que membro, sendo como herdeiro do trabalho de
geraes e, ao mesmo tempo, coartfice do futuro daqueles que viro depoisdele
no suceder-se da histria. Tudo isto, pois, constitui a obrigao moral do trabalho,
entendido na sua acepo mais ampla.
Na Palavra da Revelao divina acha-se muito profundamente inscrita esta verdade
fundamental: queo homem,criado imagem de Deus,participa mediante o seu
trabalho na obra do Criadore, num certo sentido, continua, na medida das suas
possibilidades, a desenvolv-la e a complet-la, progredindo cada vez mais na desco-
berta dos recursos e dos valores contidos em tudo aquilo que foi criado. Esta verdade
encontramo-la logo no incio da Sagrada Escritura, no Livro do Genesis, onde a mes-
ma obra da criao apresentada sob a forma de um trabalho realizado durante
seis dias por Deus, que se mostra a repousar no stimo dia. Por outro lado, o
ltimo Livro da Sagrada Escritura repercute ainda o mesmo tom de respeito pela obra
que Deus realizou mediante o seu trabalho criador, quando proclama: Grandes
e admirveis so as Tuas obras, Senhor, Deus Todo-Poderoso! ; proclamao esta,
bem anloga do Livro do Genesis, quando encerra a descrio de cada dia da cria-
o afirmando: E Deus viu que isso era bom .
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Leitura Complementar
GEM GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR
EMPREENDEDORISMO NO BRASIL RELATORIO 2010
INTRODUO
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, GEM, maior estudo contnuo sobre
a dinmica empreendedora no mundo. Comeou como uma parceria entre a London
Business School e o Babson College, sendo iniciado em 1999 com 10 pases, e se
expandindo para 59 economias a partir de 2010. O Brasil participou pela primeira
vez no ano 2000.
Os principais objetivos do estudo so: medir a diferena entre o nvel empreen-
dedor entre os pases que participam do trabalho e descobrir os fatores favorveis e
limitantes atividade empreendedora no mundo, identificando as polticas pblicas
que possam favorecer o empreendedorismo nos pases envolvidos.
1. ATIVIDADE EMPREENDEDORA
A atividade empreendedora traduzida pelo nmero de pessoas dentro da popu-
lao adulta de um determinado pas envolvida na criao de novos negcios. Na
pesquisa GEM esses dados so obtidos por meio de pesquisa quantitativa com uma
populao na faixa etria entre 18 e 64 anos.
Observam-se diferentes caractersticas relativas ao empreendedorismo, conforme o
estgio do empreendimento nascente ou novo; motivao oportunidade ou ne-
cessidade, ocorrendo variaes de acordo com o setor de atividade econmica, bem
como com o gnero, idade, escolaridade e renda familiar.
1.1 Principais taxas em 2010: Brasil e demais pases participantes
1.1.1 Taxa de Empreendedores em Estgio Inicial - TEA
A Taxa de Empreendedorismo em Estgio Inicial, TEA, a proporo de pessoas
na faixa etria entre 18 e 64 anos envolvidas em atividades empreendedoras na
condio de empreendedores de negcios nascentes ou empreendedores frente
de negcios novos, ou seja, com menos de 42 (quarenta e dois) meses de existncia.
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicos
A anlise global do relatrio internacional afirma que para as 50 (cinquenta) eco-
nomias que participaram da Pesquisa GEM, em 2009 e 2010, a metade manteve ou
aumentou a TEA de um ano para o outro.
No Brasil, a TEA de 2010 foi de 17,5%, a maior desde que a pesquisa GEM reali-
zada no pas, demonstrando a tendncia de crescimento da atividade empreendedo-
ra. Considerando a populao adulta brasileira de 120 milhes de pessoas, isto repre-
senta que 21,1 milhes de brasileiros estavam frente de atividades empreendedoras
no ano. Em nmeros absolutos, apenas a China possui mais empreendedores que o
Brasil, a TEA chinesa de 14,4% representa 131,7 milhes de adultos frente de ati-
vidades empreendedoras no pas.
Entre os 17 pases membros do G20 que participaram da pesquisa em 2010, o Brasil
o que possui a maior TEA seguido pela China, com 14,4% e a Argentina com 14,2%.
Nos pases do BRIC (grupo formado pelos pases Brasil, Rssia, ndia e China), o Brasil
tem a populao mais empreendedora, com 17,5% de empreendedores em estgio
inicial, a China teve 14,4%, a Rssia 3,9%, enquanto a ndia no participou da pesqui-
sa nos ltimos 2 (dois) anos. Sendo que, em 2008, a TEA da ndia foi de 11,5%.
O que se observa no Brasil, em 2010, que o crescimento da TEA resultado do
maior nmero de empreendedores de negcios novos.
Os empreendedores nascentes no Brasil mantiveram-se na mesma proporo que
em 2009, permanecendo acima da mdia do perodo em que a pesquisa foi realizada.
1.1.2 Oportunidade e necessidade
No Brasil, desde o ano de 2003 os empreendedores por oportunidade so maioria,
sendo que a relao oportunidade X necessidade tem sido superior a 1,4 desde o
ano de 2007. Em 2010 o Brasil novamente supera a razo de dois empreendedores
por oportunidade para cada empreendedor por necessidade, o que j havia ocorrido
em 2008. Em 2010, para cada empreendedor por necessidade havia outros 2,1 que
empreenderam por oportunidade. Este valor semelhante mdia dos pases que
participaram do estudo este ano, que foi de 2,2 empreendedores por oportunidade
para cada um por necessidade.
Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2002-2010.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Empreendedores iniciais e nascentes, segundo razo entre oportunidade e neces-
sidade Brasil 2002:2010.
Focando a anlise, segundo o estgio do empreendimento nascentes ou novos,
tem-se que a razo ainda maior entre os empreendedores nascentes. Desde 2004 a
razo entre oportunidade e necessidade para empreendedores nascentes superior
verificada na TEA. Em 2010 foi de 3,1, ou seja, para cada empreendedor iniciando
seu negcio por necessidade, havia outros 3,1 que o faziam por oportunidade.
Empreendedores iniciais segundo necessidade, oportunidade e razo entre oportu-
nidade e necessidade 2010 Taxas (%)
Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2010.
Nos pases com maior desenvolvimento econmico, a razo entre oportunidade
e necessidade superior a dos demais pases. Por exemplo, na Islndia, para cada
empreendedor motivado pela necessidade h outros 11,2 por oportunidade e, nos
Estados Unidos essa razo est um pouco acima da brasileira, com 2,4.
1.2 Principais taxas e evoluo segundo caractersticas demogrficas
1.2.1 Gnero
A mulher brasileira historicamente uma das que mais empreende no mundo.
Apenas em Gana as mulheres atingiram TEAs mais altas que os homens, entre todos
os 59 (cinquenta e nove) pases participantes da pesquisa em 2010.
Em 2010, entre os empreendedores iniciais, 50,7% so homens e 49,3% mulhe-
res, mantendo o equilbrio entre gneros no empreendedorismo nacional. Entre os
21,1 milhes de empreendedores brasileiros, 10,7 milhes pertencem ao sexo mas-
culino e 10,4 milhes ao feminino.
No Brasil h um constante equilbrio entre gneros quanto ao empreendedorismo,
dado que a oscilao entre homens e mulheres constante quando se analisa o perfil
de quem empreende.
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicosEmpreendedores iniciais segundo gnero - Brasil 2010 - Taxas (%)Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2002:2010.
1.2.2 Faixa etria
Em 2010, no Brasil todas as faixas etrias tiveram aumentos nas taxas de empreen-
dedorismo. Verificou-se que a faixa etria que obteve a mais alta taxa aquela que
vai dos 25 aos 34 anos com 22,2%. Isto quer dizer que entre os brasileiros com ida-
des entre 25 e 34 anos, 22,2% estavam envolvidos em algum empreendimento em
2010. Neste ponto o Brasil segue a mesma tendncia dos grupos de demais pases
analisados, nos quais esta a faixa etria que prevalece.
Empreendedores iniciais segundo faixa etria Brasil 2002:2010 Taxas (%)Fonte: Pesquisa GEM Brasil 2002:2010.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
A partir de 2008, os jovens de 18 a 24 anos ampliaram
sua participao no universo empreendedor brasileiro. Em
2010, sem considerar a faixa etria mais empreendedora,
de 25 a 34 anos, os jovens de 18 a 24 anos tiveram taxas
superiores a dos brasileiros com 35 anos ou mais, demons-
trando a jovialidade dos empreendedores em estgio ini-
cial. Mais da metade, ou seja, 56,9%, dos empreendedores
ainda no esto na faixa etria de 35 anos de idade. O Bra-
sil e a Rssia so os nicos pases do G20 em que a faixa de
18 a 24 anos mais empreendedora que a de 35 a 44 anos,
aps a faixa etria mais empreendedora de ambos os pa-
ses, que dos 25 a 34 anos. Ainda, se comparado ao grupo
de pases impulsionados pela eficincia, cuja taxa mdia
de 9,4%, o Brasil se destaca significativamente com uma
taxa 85% mais alta.
1.2.3 Escolaridade
Ao avaliar-se o contexto educacional brasileiro, o que se constata que, em termos
quantitativos, a escolaridade da populao tem se aquilatado nos ltimos anos, dado
que se observaram quedas no analfabetismo, aumento significativo na frequncia
escolar, menor xodo de estudantes e mais tempo de estudo para a populao.
A porcentagem de empreendedores com maior
escolaridade tem aumentado nos ltimos anos, vin-
do ao encontro do crescimento na escolaridade da
populao do pas. Neste sentido, retornando as
taxas de empreendedorismo para os nveis de esco-
laridade, as quais expressam a dinmica do empre-
endedorismo em cada categoria, observa-se que a
mdia do perodo de 2002 a 2010 revela claramente que medida que aumentam
os anos de estudo da populao, crescem as taxas de empreendedorismo.
Esse fato ainda mais expressivo quando analisados sob a tica da motivao.
Quando avaliada a razo oportunidade/necessidade, nota-se a inexistncia da influ-
ncia da motivao no ato de empreender nas primeiras faixas de escolaridade.
Contudo, essa diferena torna-se significativa para as faixas de escolaridade mais
altas, chegando a ter 4,6 empreendedores por oportunidade para cada um por ne-
cessidade na faixa da populao com mais de onze anos de estudo.
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicos
Empreendedores iniciais segundo motivao e escolaridade Brasil 2010 Taxas (%)
1.2.4 Renda familiar
ATEA brasileira indica que entre os brasileiros de renda mais baixa, 6,1% so em-
preendedores. Este ndice vai a 15,1% entre os de renda mdia e 16% entre os de
renda mais alta.
O Brasil segue a mesma tendncia da maior parte dos pases analisados na pesqui-
sa em 2010, onde na medida em que a renda cresce a taxa de empreendedorismo
tambm aumenta.
Empreendedores iniciais segundo motivao e renda Brasil 2010 Taxas (%)
A motivao para que o empreendedor brasileiro em estgio inicial inicie um ne-
gcio pode variar conforme a faixa de renda em que se encontra. Seguindo a mes-
ma linha de comparao com a diviso utilizada pelo GEM, os empreendedores por
oportunidade tambm crescem na medida em que a renda familiar aumenta. Os
empreendedores com rendas mais baixas so os que possuem maiores taxas de em-
preendedorismo motivado pela necessidade.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
1.3 Principais taxas segundo setores de atividades dos empreendimentos
No Brasil, o foco dos negcios criados est no atendimento ao consumidor final em
empreendimentos orientados nessa direo. um perfil de negcio com propenso
informalidade, pela baixa necessidade de recursos financeiros para a sua abertura e
pela simplificao da complexidade organizacional.
Os dados concernentes a 2010 apontam 4 (quatro) atividades ocupando 63% dos
setores. O comrcio varejista permanece com a maior prioridade pelos empreende-
dores, com 25%. Porm, alojamento e alimentao ocupam o 2 lugar no ranking,
com 15%. As atividades imobilirias e aluguis com 13% e 10% na indstria de
transformao.
A preferncia masculina recai sobre o comrcio varejista e atividades imobilirias
(atividades voltadas assessoria e consultoria s empresas), vindo aps alojamento
e alimentao e uma diviso semelhante entre construo, venda e manuteno de
veculos, indstria de transformao e atividades de servios coletivos.
As mulheres, em 33% dos casos, preferem atividades ligadas ao comrcio varejista,
com 20% com alojamento e alimentao, 16% residncia com empregados (abran-
ge servios domsticos) e 12% na indstria de transformao.
Pode-se afirmar que atividades como construo, transporte e armazenagem, ven-
da e manuteno de veculos so atividades tipicamente masculinas, pela maior ne-
cessidade de trabalho com exigncias fsicas. J atividades voltadas residncia com
empregados (abrange servios domsticos) so atividades mais femininas.
Os empreendedores com menor escolaridade elegem atividades voltadas cons-
truo, enquanto os com maior nmero de anos de estudo buscam as atividades
imobilirias (atividades voltadas assessoria e consultoria s empresas) e aluguel
como seus negcios.
Para quem tem mais de 11 (onze) anos de estudo, a preferncia pelas atividades
imobilirias (atividades voltadas assessoria e consultoria s empresas) e aluguel, po-
rm, o nvel de escolaridade em que as opes de negcios se ampliam.
As atividades voltadas construo, venda e manuteno de veculos e o comr-
cio varejista tem sua preferncia aumentada quanto menor for o grau de escolarida-
de. Entre os jovens na faixa etria entre 18 a 24 anos que iniciaram seus empreendi-
mentos, o comrcio varejista atinge 33% da preferncia como atividade econmica.
O ramo de construo tem o seu maior ndice entre jovens desta faixa.
Na faixa etria dos 25 aos 34 anos, o comrcio varejista continua forte, com o
dobro de porcentagem das atividades na segunda posio de preferncia, que so a
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicos
indstria de transformao, alojamento e alimentao e atividades imobilirias (ativi-
dades voltadas assessoria e consultoria s empresas).
Os empreendedores entre 35 a 44 anos de idade tm sua preferncia dividida entre
o comrcio varejista e o alojamento e alimentao, principalmente.
A faixa etria de 45 a 54 anos concentra metade dos seus empreendedores em 3
(trs) atividades principais, que so o comrcio varejista, alojamento e alimentao e
a indstria de transformao.
Dos empreendedores com idades entre 55 e 64 anos 36% se concentram em alo-
jamento e alimentao, vindo aps o comrcio varejista e as atividades imobilirias
(atividades voltadas assessoria e consultoria s empresas).
H uma tendncia de crescimento dos setores de servios e da indstria de trans-
formao na participao da riqueza do pas, alm da manuteno das atividades
comerciais j existentes.
Links recomendadosPara mais informaes, veja o relatrio completo:
GRECO, Simara Maria de Souza Silveira et al. Empre-endedorismo no Brasil: 2010. Curitiba: IBPQ, 2010. Dis-ponvel em . Acesso em 30 de julho de 2011.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Leitura Complementar
BRASILEIRO FATURA US$ 50 MILHES COM GUA DE COCO
Daniela Moreira
O empresrio brasileiroRodrigo Veloso, fundador da O.N.E., empresa especializada
em bebidas naturais, foi eleito o empreendedor do ano pelos leitores de EXAME.com.
Com 14.350 votos (75% do total), ele foi o mais votado na segunda etapa da
enquete, que teve um total de 24.084 votos. Em segundo lugar, apareceram os fun-
dadores do site de leilesOlho no Click, Arthur Davila, Guilherme Pizzini, Rodrigo
Ferreira e Sylvio Avilla, com 3.703 votos (19%).
O terceiro colocado foi Ernesto Vilela, da agncia de mdia indoor Enox, com 588
votos (3%). Em quarto e quinto lugar apareceu, Marco Gomes, da agncia de publici-
dade para mdias sociais boo-box (275 votos), e Julio Vasconcelos, do site de compras
coletivas Peixe Urbano (168 votos).
Para Veloso, a votao coroa um ano de importantes realizaes. Foi um ano es-
petacular. Mesmo com a economia em recesso, fechamos o ano com crescimento
de mais de 100% em receita e acabamos de receber mais uma rodada de investimen-
to, diz o empresrio.
A O.N.E. faturou cerca de 50 milhes de dlares este ano e pretende dobrar o
nmero em 2011. Em dezembro deste ano, a empresa recebeu uma nova rodada de
investimentos da PepsiCo, que adquiriu uma participao majoritria na companhia.
O investimento o segundo da PepsiCo na empresa brasileira e foi realizado em
conjunto com a empresa de private equity Catterton Partners. Segundo Veloso, os
recursos sero utilizados para financiar a expanso da companhia.
Veloso fundou a O.N.E. em 2005. No ano seguinte a empresa lanava seu principal
produto, a gua de coco O.N.E. Coconut Water, no mercado norte-americano.
Em pouco mais de um ano, a empresa atingiu a marca de 1 milho de dlares em
vendas. Hoje, alm da gua de coco, a linha de produtos inclui diversos itens, como
bebidas de gua de coco misturadas com frutas tropicais, ervas e minerais e aa,
entre outros.
gua de coco desprezada na sia virou oportunidade de negcios
Item indispensvel no cardpio praiano brasileiro, a gua de coco tinha um destino
bem menos nobre no sudeste asitico: o lixo. Foi a partir desta constatao que Velo-
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Noes de empreendedorismoC
onceitos bsicos
so elaborou um plano de negcios que, cinco anos depois, se transformaria em uma
empresa com faturamento de 50 milhes de dlares.
Em uma viagem a passeio ao sudeste asitico, o empresrio observou que embora
o coco fosse amplamente cultivado e consumido na regio, sua gua era considerada
um mero resduo. Resultado: litros e litros do precioso lquido adocicado jogado fora.
De volta ao Brasil, Veloso ento estudante de MBA da Fundao Getlio Vargas
em So Paulo elaborou um plano de negcios que propunha acabar com o desper-
dcio, transformando a abundante gua de coco asitica em produto de exportao
para o mercado norte-americano.
Premiado em diferentes concursos nacionais e regionais, a ideia foi finalista de uma
competio mundial de planos de negcios. Embora no tenha levado o prmio no
papel, o plano logo se transformaria em um lucrativo negcio fora dele.
Um professor disse que o plano estava redondo, que eu deveria correr atrs de
coloc-lo em prtica, conta o empresrio. Juntando suas economias com uma ajudi-
nha de familiares e amigos, Veloso fez as malas e embarcou para a Califrnia atrs de
um investidor. Nascia a O.N.E., que j no primeiro ano de vida recebeu uma injeo
de capital de 100 mil dlares de um investidor anjo.
Segundo o empresrio, o pulo do gato foi apostar em uma boa estratgia de
marketing. Veloso optou por promover a gua de coco como um produto natural e
saudvel em vez de comercializ-la como produto tnico.
Fizemos um trabalho de educao sobre os benefcios da gua de coco para a
sade, conta.
O sucesso da marca no Sul da Califrnia deu projeo O.N.E. e garantiu novas
rodadas de investimento companhia primeiro por um fundo de venture capital
e em seguida por um fundo de private equity. Com faturamento de 10 milhes de
dlares em 2009, a empresa atraiu a ateno da gigante das bebidas Pepsi, que se
tornou distribuidora da marca.
Os bons resultados obtidos com a gua de coco levaram o empresrio a apostar
em outros ingredientes naturais, como o aa e a fruta do caf, para expandir sua
linha de bebidas. Com duas fbricas nas Filipinas e uma na Indonsia, a empresa deve
faturar 50 milhes de dlares neste ano e se prepara para expandir os negcios para
outros mercados, incluindo Mxico, Canad e Europa.
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Noes de empreendedorismo
Conceitos bsicos
Leitura Complementar
SABOR TROPICAL
Maria Laura Neves
O empreendedor mineiro Rodrigo Veloso, de 28 anos, conseguiu entrar na onda
americana pelo consumo saudvel: est fazendo sucesso com a venda de gua-de-
-coco no exterior, basicamente nos Estados Unidos. Sua empresa, a One Natural
Experience (ONE), fundada em meados de 2006, j faturou US$ 1,2 milho, fruto
da venda de 165.000 litros de gua-de-coco industrializada, desde aquele ano. Pode
parecer pouco perto das cifras movimentadas pelas grandes empresas de bebidas.
Mas Veloso est desbravando uma rea praticamente virgem l fora, e as perspecti-
vas so promissoras. At algumas celebridades, como Leonardo DiCaprio, j fizeram
encomendas do produto, diz.
Segundo ele, a ideia surgiu durante um curso de ps-graduao em empreendedo-
rismo que fez em 2005 na Fundao Getlio Vargas, de So Paulo.
O professor pediu aos alunos que montassem o plano de negcios de uma empre-
sa exportadora de produtos brasileiros.
Junto com um colega, o americano Eric Loudon, que participava de um programa
de intercmbio estudantil no pas, Veloso criou a ONE. Logo que terminaram o curso,
eles estavam determinados a tirar o projeto do papel.
A dupla se inscreveu num concurso internacional, ligado Universidade do Texas,
que oferecia um prmio de US$ 100 mil para o melhor plano de negcios. Na etapa
latino-americana, conquistou o primeiro lugar. Na final mundial, realizada nos Esta-
dos Unidos, ficou fora do pdio. Mas os contatos feitos com investidores durante o
processo lhes renderam um aporte de capital na empresa. Para completar o investi-
mento, Veloso diz que aplicou todas as suas economias no projeto e recebeu o apoio
financeiro de parentes e amigos.
Produzida pela brasileira Amacoco, maior fabricante de gua-de-coco do Brasil, a
ONE j vai embalada para o exterior. Alm dos Estados Unidos, onde vendido em
grandes redes de supermercados, como a Kroger, a terceira do pas, e a Whole Foods,
lder de vendas em produtos naturais, o produto tambm est venda na Sucia
onde Veloso fez o curso de Economia. No h planos de lan-lo no Brasil. Para con-
vencer os gigantes a vender seus produtos, Veloso diz que ligava todos os dias para
os gerentes das redes. S me atenderam porque eu insisti muito, afirma.
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onceitos bsicos
A empresa vendeu 165.000 litros degua-de-coco no exterior em apenas 14 meses.
Hoje, sua empresa j virou at estudo de caso em universidades americanas de
primeira linha, por ser a primeira do gnero a oferecer o produto fora do mercado
tnico, uma expresso etrea que designa consumidores latinos e similares, j explo-
rado por empresas brasileiras e americanas como a Sococo e a Vita Coco. Na Babson,
de Wellesley, Massachusetts, faculdade que referncia mundial em empreendedo-
rismo, h um estudo sobre a empresa. Nos prximos meses, ela tambm dever ser
tema de um artigo na revista de negcios Harvard Business Review, segundo Veloso.
Agora, a ideia ampliar as vendas, inicialmente concentradas na regio da Califr-
nia, para todo o pas. Para fazer a divulgao, ele diz que coordena pessoalmente as
degustaes nos pontos-de-venda.
Procura explicar as propriedades hidratantes da bebida para os clientes. Segundo
ele, a estratgia concorrer com os isotnicos, como o Gatorade, cujas vendas atin-
gem bilhes de dlares por ano.
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CONCEITOS BSICOS ........................................ 34
As competncias do empreendedor ................... 34
A importncia da viso estratgica .................... 39
Os conceitos de misso e objetivos .................... 42
A relao entre conceitos .................................. 45
Leitura complementar ........................................ 46
O indivduo empreendedor
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O indivduo em
preendedor
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CONCEITOS BSICOS
As competncias do Empreendedor;
A importncia da Viso Estratgica;
Os conceitos de Misso e Objetivos;
A relao entre os conceitos.
AS COMPETNCIAS DO EMPREENDEDOR
Para elaborarmos um perfil do empreendedor necessitamos primeiramente eleger
um critrio para identificar quais caractersticas devem compor tal descrio. Como
nos interessa o entendimento do empreendedor e do seu impacto na organizao e
na economia, elegemos aqui o conceito de competncia para nos guiar na identifica-
o das caractersticas do perfil do empreendedor.
Segundo Ruas (2000), o conceito de competncia pode ser entendido a partir de
trs dimenses:
as competncias essenciais, mais abrangentes da organizao;
as competncias funcionais, inerentes s reas internas vitais da organizao, de
dimenso grupal;
as competncias individuais.
Gomes et al (2007) definem competncia individual como o conjunto especfico de
conhecimentos, habilidades e atitudes associados a uma determinada entrega, que
agregam valor econmico para a organizao e valor social para o indivduo.
Para efeitos de sntese e memorizao, possvel utilizarmos o artifcio apresenta-
do no Quadro 1.
Quadro 2.1 A definio de competncia
A competncia um conjunto de:
C onhecimentos, (saber)H abilidades, (saber fazer)A titudes e (querer fazer)V alores, para uma (porque fazer)E ntrega (objetivo) (o que fazer)
Fonte: adaptado de GOMES et al, 2007.
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O indivduo em
preendedorNoes de empreendedorismo
Dornelas (2007), em sua pesquisa, compilou as principais caractersticas do perfil
do empreendedor encontradas na literatura, na Tabela 2.1 a seguir.
Tabela 2.1 - Caractersticas dos empreendedores de sucesso
Caracterstica Descrio
So visionriosEles tm a viso de como ser o futuro para o seu negcio e sua vida, e o mais importante, tm a habilidade de implementar seus sonhos.
Sabem tomar decises
Eles no se sentem inseguros, sabem tomar as decises corretas na hora certa, principalmente nos momentos de adversidade, sendo um fator chave para o seu sucesso. E, alm de tomar decises, implementam suas aes rapidamente.
So indivduos que fazem a diferena
Os empreendedores transformam algo de difcil definio, uma ideia abstrata, em algo concreto, que funciona, transformando o que possvel em realidade. Sabem agregar valor aos servios e produtos que colocam no mercado.
Sabem explorar ao mximo as oportunidades
Para a maioria das pessoas, as boas ideias so daqueles que as veem primeiro, por sorte ou acaso. Para os visionrios (os empreendedores), as boas ideias so geradas daquilo que todos conseguem ver, mas no identificaram algo prtico para transform-las em oportunidade, atravs de dados e informao. O empreendedor um exmio identificador de oportunidades, sendo um indivduo curioso e atento a informaes, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.
So determinados e dinmicos
Eles implementam suas aes com total comprometimento. Atropelam as adversidades, ultrapassando os obstculos, com uma vontade mpar de fazer acontecer. Mantm-se sempre dinmicos e cultivam certo inconformismo diante da rotina.
So dedicados
Eles se dedicam 24 horas por dia, sete dias por semana, ao seu negcio. Comprometem o relacionamento com amigos, com a famlia e at mesmo com a prpria sade. So trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar, mesmo quando encontram problemas pela frente. So incansveis e loucos pelo trabalho.
So otimistas e apaixonados pelo que fazem
Eles adoram o seu trabalho. E esse amor ao que fazem o principal combustvel que os mantm cada vez mais animados e auto determinados, tornando-os os melhores vendedores de seus produtos, pois sabem, como ningum, como faz-lo. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso.
So independentes e constroem seu prprio destino
Eles querem estar frente das mudanas e ser donos do prprio destino. Querem ser independentes, em vez de empregados; querem criar algo novo e determinar seus prprios passos, abrir seus prprios caminhos, ser seu prprio patro e gerar empregos.
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Tabela 2.1 - Caractersticas dos empreendedores de sucesso
Caracterstica Descrio
Relao com o dinheiro
Ficar rico no o principal objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o dinheiro consequncia do sucesso dos negcios.
So lderes e formadores de equipes
Os empreendedores tm um senso de liderana incomum. E so respeitados e adorados por seus funcionrios, pois sabem valoriz-los, estimul-los e recompens-los, formando um time em torno de si. Sabem que, para obter xito e sucesso, dependem de uma equipe de profissionais competentes. Sabem ainda recrutar as melhores cabeas para assessor-los nos campos em que no detm maior conhecimento.
So bem relacionados (networking)
Os empreendedores sabem construir uma rede de contatos que os auxiliam no ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe.
So organizados
Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnolgicos e financeiros de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negcio.
Planejamento Os empreendedores de sucesso planejam cada passo de seu negcio, desde o primeiro rascunho do plano de negcios at a apresentao do plano a investidores, definio das estratgias de marketing do negcio etc., sempre tendo como base a forte viso de negcio que possuem.
Possuem conhecimento
So sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que, quanto maior o domnio sobre um ramo de negcio, maior sua chance de xito. Esse conhecimento pode vir da experincia prtica, de informaes obtidas em publicaes especializadas, em cursos ou mesmo de conselhos de pessoas que montaram empreendimentos semelhantes.
Assumem riscos calculados
Talvez essa seja a caracterstica mais conhecida dos empreendedores. Mas o verdadeiro empreendedor aquele que assume riscos calculados e sabe gerenciar o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relao com desafios. E, para o empreendedor, quanto maior o desafio, mais estimulante ser a jornada empreendedora.
Criam valor para a sociedade
Os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criar valor para a sociedade, atravs da gerao de emprego, dinamizando a economia e inovando, sempre usando sua criatividade em busca de solues para melhorar a vida das pessoas.
Fonte: DORNELAS, 2007.
O SEBRAE Servio Brasileiro de Apoio s Micros e Pequenas Empresas, a principal
instituio de apoio ao empreendedorismo no Brasil, de maneira anloga, tambm
define as caractersticas do empreendedor, dividindo-as em trs grupos: relativas
realizao, relativas ao planejamento, relativas ao poder (SEBRAE, s.d.).
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Esta descrio apresentada na Tabela 2.2 a seguir.
Tabela 2.2 - Caractersticas do empreendedor
Caractersticas Relativas realizao
Busca oportunidades e toma a iniciativa
O empreendedor faz o que deve ser feito antes de ser solicitado ou forado pelas circunstncias;Age para expandir o negcio a novas reas, produtos ou servios;Aproveita oportunidades fora do comum para comear um negcio, obter financiamentos, equipamentos, terrenos, local de trabalho ou assistncia.
Corre riscos calculados
O empreendedor avalia alternativas e calcula riscos deliberadamente;Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados;Coloca-se em situaes que implicam desafios ou riscos moderados.
Exige qualidade e eficincia
O empreendedor encontra maneiras de fazer as coisas melhores, mais rpidas, ou mais baratas;Age de maneira a realizar aes, servios e produtos que satisfaam ou excedam padres de excelncia;Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo e que atenda a padres de qualidade previamente combinados.
persistente
O empreendedor age diante de um obstculo significativo;Age repetidamente ou muda de estratgia a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstculo;Assume responsabilidade pessoal pelo desempenho necessrio para atingirmetas e objetivos.
comprometido
O empreendedor faz um sacrifcio pessoal ou despende um esforo extraordinrio para completar uma tarefa;Colabora com os empregados ou se coloca no lugar deles, se necessrio, para terminar um trabalho;Se esmera em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a boa vontade a longo prazo, acima do lucro a curto prazo.
Caractersticasrelativas ao planejamento
Busca de informaes
O empreendedor dedica-se pessoalmente a obter informaes de clientes, fornecedores ou concorrentes;Investiga pessoalmente como fabricar um produto ou fornecer um servio;Consulta especialistas para obter assessoria tcnica ou comercial.
Estabelecimento de metas
O empreendedor estabelece metas e objetivos que so desafiantes e que tm significado pessoal;Define metas de longo prazo, claras e especficas;Estabelece objetivos de curto prazo, mensurveis.
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Caractersticasrelativas ao poder
Persuaso e rede de contatos
O empreendedor utiliza estratgias deliberadas para influenciar ou persuadir pessoas;Trabalha com pessoas chaves na posio de agentes para atingir seus objetivos;Age para desenvolver e manter relaes comerciais.
Independncia e autoconfiana
O empreendedor busca autonomia em relao a normas e controles de terceiros;Mantm seu ponto de vista, mesmo diante da oposio ou de resultados inicialmente desanimadores;Expressa confiana na sua prpria capacidade de completar uma tarefa difcil ou de enfrentar um desafio.
Fonte: SEBRAE, s.d.
Dolabela (1999) por sua vez, estabelece uma associao das atividades exercidas
pelo empreendedor com as competncias e os processos de aprendizagem, apresen-
tadas aqui na Tabela 2.4.
Tabela 2.4 - O trabalho do empreendedor e seus requisitos
Atividades Caractersticas Competncias Aprendizagens
Descoberta de oportunidades
Faro, intuio Pragmatismo, bom senso, capacidade de reconhecer o que til e d resultados.
Anlise setorial: conhecer as
caractersticas do setor, os clientes e o
concorrente lder.
Concepo de vises
Imaginao, independncia,
paixo.
Concepo, pensamento sistemtico.
Avaliao de todos os recursos necessrios e dos respectivos custos
Tomada de decises Julgamento, prudncia
Viso Obter informaes, saber minimizar o risco.
Realizao de vises
Diligncia (saber se virar),
constncia (tenacidade)
Ao Saber obter informaes para realizar
ajustes contnuos, retroalimentao.
Utilizao de equipamentos. (principalmente de tecnologia da
informao)
Destreza. Polivalncia (no comeo o empreendedor
faz de tudo).
Tcnica
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Tabela 2.4 - O trabalho do empreendedor e seus requisitos
Atividades Caractersticas Competncias Aprendizagens
Compras Acuidade. Negociao: saber conter-se nos prprios limites,
conhecer profundamente o tema e ter flexibilidade para permitir que todos ganhem.
Diagnstico do setor, pesquisa de compras.
Projeto e colocao do produto/servio no
mercado
Diferenciao, originalidade.
Coordenao de mltiplas atividades: hbitos de consumo dos clientes,
publicidade, promoo.
Marketing, gesto.
Vendas Flexibilidade para ajustar-se aos clientes e circunstncias,
buscar feedback.
Adaptao s pessoas e circunstncias.
Conhecimento do cliente.
Formao da equipe e conselheiros
Ser previdente, projeo em longo
prazo.
Saber construir redes de relaes internas e externas.
Gesto de recursos humanos, saber
compartilhar.
Delegao de tarefas Comunicao, capacidade de
aprender.
Delegao: saber dizer o que deve ser feito e por quem; saber acompanhar, obter
informaes.
Gesto de operaes
Fonte: DOLABELA, 1999.
A IMPORTNCIA DA VISO ESTRATGICA
Filion (1991) define o empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve
e realiza vises; a viso uma imagem projetada no futuro, do lugar que se quer ver
ocupado pelos seus produtos no mercado, assim como a imagem projetada do tipo
de organizao necessria para consegui-lo.
Chiavenato e Sapiro (2009) afirmam que uma viso de negcios deve atender s
seguintes premissas:
aderncia aos fatos reais: as situaes sonhadas precisam ser possveis;
descrio concisa, porm, poderosa: a viso de negcios precisa ter um foco de-
finido. Propor uma lista de vrias dimenses no ser de muita valia, pois, dilui
esforos e perde o foco;
equilbrio para todos os grupos de interesse: a viso de negcios deve favorecer a
todos os grupos de interesse. Ser lder no setor um bom foco para executivos e
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funcionrios, mas pouco interessa aos clientes. S se essa liderana trouxer melhor
tecnologia ou economias de escala (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
Da mesma forma, de acordo com Chiavenato e Sapiro (2009), a viso de negcios
deve produzir os seguintes efeitos:
esclarecer a todos os grupos de interesse a direo de negcios: necessrio para
que a organizao possa desenvolver e desdobrar seus recursos da maneira mais
produtiva;
descrever uma condio futura: a viso de negcios proporciona um estado futuro
ideal da organizao e representa o pice de seu desenvolvimento naquele perodo
viabilizado pela contribuio de todos os seus grupos de interesse;
motivar os grupos de interesse envolvidos a executarem as aes necessrias: a
viso de negcios que traz o entusiasmo e a energia para enfrentar sacrifcios com
a promessa da concretizao futura de seus anseios;
oferecer o foco: sem uma viso clara, as pessoas se sentem confusas para tomar as
decises necessrias. No caso oposto, tm-se o estmulo autonomia que embasa
o empowerment e o trabalho em equipe;
inspirar as pessoas a trabalharem em direo a um conjunto integrado de objetivos:
a viso de negcios deve tocar as pessoas em diferentes apelos quanto ao senso de
realizao e pertencimento e ao compromisso de contribuir para alcanar objetivos
organizacionais e pessoais (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
Abaixo, encontramos alguns exemplos de declaraes de viso alinhadas com os
conceitos aqui apresentados:
Ser a marca de servios mais respeitada do mundo. American Express (2004)
Vislumbramos uma nao que direcione seus recursos para assegurar que todas
as crianas tenham um futuro justo e promissor - uma nao em que todas as
crianas prosperem. Fundao W. K. Kellogg (2011)
Ser lder e inovadora na assistncia mdico-hospitalar, referncia na gesto do
conhecimento e reconhecida pelo comprometimento com a responsabilidade so-
cial. Hospital Albert Einstein (SBIBAE, 2009)
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Segundo Filion (1999) o desenvolvimento de uma viso exige, desde o incio, que
certas condies sejam satisfeitas e certos passos sejam dados. As partes principais
de um processo que se pode sugerir para isto sero apresentadas a seguir. As princi-
pais condies para que se realize o desenvolvimento da viso esto relacionadas na
Figura 2.1.
Identificar um interesse por um setor de negcios
Compreender um setor de negcios
Imaginar e definir um contexto organizacional
Identificar uma oportunidade
Visar um nicho de forma diferenciada
Planejar
Figura 2.1 - O processo de desenvolvimento da viso.Fonte: FILION, 1999.
Inicialmente, o interesse em uma rea particular um tanto vago, mas tende a
tornar-se mais claro com o passar do tempo. Tal interesse constitui a base do que vir
a ser a definio fundamental, ou piv, do sistema, conduzindo o empreendedor a
focalizar, examinar, analisar e tentar entender o setor escolhido. O interesse do em-
preendedor em um setor de negcios especfico pode ter origem em fontes diversas.
Quanto mais novo for o empreendedor no incio do processo, maior ser a influncia
do ambiente familiar. Quanto mais velho for o empreendedor, maior ser a influncia
dos contatos com o meio de negcios ou da experincia prvia e das atividades de
aprendizagem, frequentemente ligadas ao trabalho (FILION, 1999).
Ainda segundo Filion (1999), difcil medir a compreenso que um empreende-
dor tem sobre um setor de negcios. Alguns levam 10 anos, outros, 20 anos, e um
determinado nmero de empreendedores jamais ir atingir um bom nvel de enten-
dimento. Para detectar oportunidades de negcios, preciso ter intuio, intuio re-
quer entendimento, e entendimento requer um nvel mnimo de conhecimento. Um
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empreendedor ter a intuio de que algo possvel em um mercado em particular
porque ele conhece o mercado o suficiente para entender seu funcionamento e ser
capaz de detectar oportunidades.
OS CONCEITOS DE MISSO E OBJETIVOS
De acordo com Chiavenato e Sapiro (2009), a misso organizacional a declarao
do propsito e do alcance da organizao em termos de produto e de mercado e
responde questo: Qual o negcio da organizao? Ela se refere ao papel da
organizao dentro da sociedade em que est envolvida e indica a sua razo de ser
e de existir. A misso da organizao deve ser definida em termos de satisfazer a al-
guma necessidade do ambiente externo e no em termos de oferecer algum produto
ou servio.
A misso organizacional deve contemplar os seguintes aspectos:
a razo de ser da organizao;
o papel da organizao na sociedade;
a natureza do negcio da organizao;
o valor que a organizao constri para seus pblicos de interesse;
os tipos de atividades em que a organizao deve concentrar-se no futuro.
Segundo Costa (2007), a formulao da misso pretende responder a perguntas
como: Qual a necessidade bsica que a organizao pretende suprir? Que diferena
faz, para o mundo externo, ela existir ou no? Para que serve? Qual a motivao
bsica que inspirou os seus fundadores? Por que surgiu? Para que surgiu?
Chiavenato e Sapiro (2009) afirmam que estabelecer e declarar formalmente a
misso da organizao importante, pois:
ajuda a concentrar o esforo das pessoas para uma direo, ao explicitar os princi-
pais compromissos da organizao;
afasta o risco de buscar propsitos conflitantes, evitando desgastes e falta de foco
durante a execuo do plano estratgico;
fundamenta a alocao dos recursos segundo o escopo dado pela misso;
alinha a definio dos objetivos organizacionais (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
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A declarao de misso organizacional representa, tambm, o primeiro esboo da
definio de negcio. Um negcio pode ser definido em termos de trs dimenses:
1. mercados ou segmentos (necessidade e desejos dos clientes);
2. setores de atuao (produtos e servios);
3. tecnologia e processos (excelncia operacional) (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
Abaixo, encontramos alguns exemplos de declaraes de misso alinhadas com os
conceitos aqui apresentados:
Antecipar, atender e exceder s expectativas de cada segmento com relao a
sistemas de pagamento, servios financeiros e de viagens, em todo o mundo.
American Express (2004)
Apoiar crianas, famlias e comunidades a se fortalecerem e criar condies que
impulsionem as crianas em situao de vulnerabilidade a alcanar o sucesso
como indivduos e como contribuintes para a sua comunidade e a sociedade
como um todo. W. K. Kellogg Foundation (2011)
Oferecer excelncia de qualidade no mbito da sade, da gerao do conheci-
mento e da responsabilidade social, como forma de evidenciar a contribuio
da comunidade judaica sociedade brasileira. Hospital Albert Einstein (SBI-
BAE, 2009)
Objetivos e metas
Conforme Chiavenato e Sapiro (2009), um objetivo um alvo futuro a atingir, uma
meta a alcanar, um desejo sonhado ou uma expectativa que se pretende realizar
em funo de um perodo de tempo. Quando um objetivo alcanado, ele se torna
realidade e precisa ser substitudo por outro objetivo maior, menor ou diferente no
espao de tempo esperado. Esse espao temporal pode ser de dias, semanas, meses,
anos ou dcadas. E isso se faz continuamente ao longo do tempo.
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Chiavenato e Sapiro (2009) tambm afirmam que os objetivos tm sua importncia
relacionada s mensagens internas e externas que enviam para dentro e para fora da
organizao. Os objetivos so guias para:
legitimar a existncia da organizao: os objetivos legitimam as pretenses da or-
ganizao para os seus stakeholders, sejam internos (como executivos e colabora-
dores), sejam externos (como acionistas, investidores, clientes etc.);
tomar decises: os objetivos esto associados a planos que descrevem as aes ne-
cessrias para alcan-los. Assim, orientam os colaboradores na reduo de incer-
tezas na tomada de deciso e os motivam no sentido de indicar o caminho a seguir;
tornar a organizao eficiente: os objetivos focalizam a ateno em desafios pon-
tuais para dirigir os esforos de todos na organizao para os resultados a serem
alcanados;
avaliar do desempenho: os objetivos definem os resultados desejados e, assim,
constituem critrios de avaliao do desempenho e representam o padro de exe-
cuo desejado;
manter a racionalidade: os objetivos permitem que todos saibam para onde a or-
ganizao e suas unidades e departamentos pretendem ir. Permitem que todas as
decises estejam alinhadas e focadas nos objetivos que a organizao pretende
alcanar (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
Os objetivos devem apresentar as seguintes qualidades:
devem ser especficos e mensurveis: sempre que possvel, os objetivos devem
ser passveis de mensurao, definidos em bases objetivas e realistas em termos
quantitativos, seja em nmeros absolutos, em porcentagem, em propores ou em
comparaes;
devem ser definidos para um determinado perodo de tempo: os objetivos devem
determinar explicitamente o perodo de tempo em que devero ser alcanados.
Isso permite uma avaliao do progresso em funo do tempo disponvel e uma
comparao com os resultados alcanados em perodos anteriores;
devem ser desafiadores, mas realistas: os objetivos devem oferecer desafios e opor-
tunidades para as pessoas, para assegurar um sentimento de superao mas sem-
pre em uma base razovel para elas;
devem cobrir todas as reas de resultado da organizao: os objetivos devem en-
volver aquelas atividades que melhor contribuem para os resultados da organiza-
o. (CHIAVENATO, SAPIRO, 2009).
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Para efeitos de sntese e memorizao, possvel utilizarmos o artifcio apresenta-
do no Quadro 2.4.
Quadro 2.4 - Qualidades dos objetivos
Os objetivos devem ter as seguintes qualidades:
M ensurvel descrito em termos quantitativos, capazes de serem medidos; do contrrio como poderemos verificar o seu atingimento?
E specfico descrito de maneira clara e distinta de outros objetivos;T emporal dentro de um prazo definido;A tingvel vivel, em funo dos recursos disponveis e do ambiente;S ignificativo ser relevante; um objetivo alcanado deve estar alinhado
misso da empresa e deix-la mais prxima de sua viso.
Fonte: adaptado de CHIAVENATO, SAPIRO, 2009.
A RELAO ENTRE CONCEITOS
Qual a relao entre os conceitos de viso, misso e objetivos?
Podemos tentar responder a esta questo estabelecendo a seguinte metfora: a
Viso representa o destino a ser alcanado; a Misso significa o caminho escolhido
para se atingir tal destino; os Objetivos so os passos concretos dentro do caminho
escolhido. Dessa maneira, podemos concluir que os Objetivos so os passos concre-
tos que uma organizao estabelece e segue, num caminho previamente escolhido,
a Misso, em direo ao seu destino, a Viso, dentro do Ambiente Competitivo.
Esta relao est ilustrada na Figura 2.2:
Misso
Ambiente
competitivo
Viso
Objetivos
Empresa
Figura 2.2 - Relao entre os conceitos de Viso, Misso e Objetivos.Fonte: elaborao prpria.
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