Texto 2 – FALA E LINGUAGEM: QUAL A...
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Texto 2 – FALA E LINGUAGEM: QUAL A DIFERENÇA?
Nossa capacidade de comunicar por meio de palavras faladas envolve uma série
de aspectos, entre eles o que chamamos de fala e de linguagem. O processo de
comunicação começa em nossa mente quando sentimos a necessidade de dizer algo.
Esse algo, que são nossas ideias, conhecimentos, desejos, crenças ou sentimentos,
será representado por palavras. Ou seja, nosso cérebro precisa buscar as palavras que
possam expressar aquilo que desejamos expressar. Se quisermos falar sobre um
determinado objeto, temos que encontrar o nome que o representa e as demais
palavras que possam falar sobre ele: para que serve, sua forma, sua cor, seu preço, e
assim por diante.
Todos nós temos um vocabulário interno, maior ou menor, que fornecerá as
palavras adequadas para conseguirmos dizer aquilo que queremos. Porém, tais
palavras precisarão ser ordenadas, sequencializadas, de acordo com regras ou normas
que a própria língua impõe. Estamos falando do domínio sintático/gramatical, ou seja,
do relacionamento de palavras para formar frases. Não podemos dizer “um comprei
novo carro eu” porque isso vai contra as normas de construção de frases que
conhecemos. O correto será dizer “Eu comprei um carro novo”. Também ficaria muito
estranho dizer algo como “Eu compramos um carro novos”, porque não haveria
concordância de número. Em síntese, apontamos, até aqui, o processo de busca de
palavras e também de colocá-las na ordenação correta.
As palavras, por sua vez, são constituídas por sons que denominamos de
fonemas. Para que possamos articular as palavras, nosso cérebro também precisará
decidir e programar quais são os sons que serão pronunciados em cada uma delas,
qual a ordem em que irão aparecer, quais os movimentos que nossa boca terá que
realizar, qual a duração que cada movimento e cada fonema devem ter e assim por
diante. Estamos frente a uma tarefa mental de escolha dos fonemas e de ordenação
de uma sequência de pronúncia.
De uma forma resumida, o que até agora expusemos podemos chamar de
linguagem, ou seja: o desejo ou necessidade de dizer algo, o mecanismo de busca das
palavras que possam representar os significados que queremos transmitir; a ordenação
e o relacionamento sintático-gramatical adequados para a construção das frases e a
programação dos movimentos articulatórios que produzirão os fonemas. Tudo isto está
ocorrendo dentro de nosso cérebro, de maneira “não visível”. Se a criança tem um
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vocabulário reduzido, se apresenta limitações em termos do desenvolvimento sintático-
gramatical esperado para sua idade; se apresenta restrições em termos de
compreensão da fala de outros ou se tem dificuldades para organizar e programar os
sons que serão articulados, dizemos que existe uma alteração de linguagem.
Porém, em um determinado momento, todo este conjunto de informações que
estava programado em nosso cérebro é disparado e coloca em ação cadeias nervosas
e grupos musculares que, ao se movimentarem, começam a produzir os sons que
serão ouvidos e interpretados por outras pessoas. A produção dos sons propriamente
ditos corresponde à fala. Neste sentido, falar implica pronunciar as palavras com cada
um de seus fonemas, de acordo com suas características apropriadas. Desta forma, se
a criança omite sons, se os substitui por outros ou se os produz de uma forma
imprecisa, distorcida, dizemos que existe um problema de fala, o qual pode ser de
natureza fonológica ou derivado de alterações anátomo-funcionais, como é o caso da
fissura palatina.
Fonte: Zorzi J. Falando e escrevendo. Ed. Melo, 2010
Quadro síntese do desenvolvimento normal da linguagem e da fala na
infância (adaptado de ZORZI e HAGE, 2004) - anexo