TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS DESCRITIVOS … · À Flavinha, amiga em todas as horas e...
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TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS
DESCRITIVOS SOB O PONTO DE VISTA DE
FONOAUDIÓLOGOS E PREPARADORES VOCAIS
Cristina Canhetti Alves
Gabriella Silveira Antelmi
São Paulo 2007
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA Faculdade de Fonoaudiologia
I
Cristina Canhetti Alves Gabriella Silveira Antelmi
TERMINOLOGIA DE RECURSOS VOCAIS E TERMOS
DESCRITIVOS SOB O PONTO DE VISTA DE
FONOAUDIÓLOGOS E PREPARADORES VOCAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Fonoaudiologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da professora Msª Lucia Helena Gayotto.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PUC- São Paulo
III
Agradecimentos
A Deus por ter nos dado a vida e por sempre iluminar nossos caminhos.
À nossa dedicada orientadora, Lucia Helena Gayotto, pelos agradáveis momentos
dentro e fora de sala de aula, por compartilhar de seus conhecimentos, pelas idas aos ensaios
e teatros que ficarão, pra sempre, guardadas na memória, por todas as dicas, incentivos,
orientações, por acreditar que podíamos seguir em frente e por plantar em nós o desejo infinito
pela busca do conhecimento.
Às Profª Laura Märtz, Rejane Rubino, Lúcia Arantes, Cecília Moura e Regina
Freire, pela grande influência em nossa formação como terapeutas.
À Pat Joaninha, Merizoca e Denise, pela amizade, risadas, companheirismo e
cumplicidade.
À Cá Sauda e Gabi Damilano, por compartilhar seus conhecimentos e por nos
apoiar nos momentos difíceis.
Aos fonoaudiólogos e preparadores vocais que colaboraram com nossa pesquisa.
A todos os pacientes atendidos, pelas experiências e por nos permitir exercer esta
maravilhosa profissão.
A professora Drª Zuleica Camargo por aceitar nosso convite como parecerista.
Ao João e a Graça por nos auxiliar nas diferentes etapas de nossa pesquisa.
À Faculdade de Fonoaudiologia da PUC-SP e a turma 46 pelos momentos vividos.
Muito Obrigada!
Cristina Canhetti Alves
Gabriella Silveira Antelmi
IV
Agradecimentos
Cristina Canhetti Alves
À minha mãe, Fátima, pelo amor, carinho, amizade, apoio e eterna dedicação.
Ao meu pai, José Carlos, pelo amor e auxilio em toda a minha trajetória.
A minha avó Maria, por acreditar em minhas escolhas e por sua grande fé,
fundamental para realização dos meus sonhos.
Ao meu namorado, Pedro Henrique, pelo amor, companheirismo, conselhos,
paciência, incentivo e por ser essa pessoa especial que habita meu coração.
Aos meus avós paternos, Maria Candida e José, pelo afeto e por tornar possível
essa etapa de minha vida.
Aos meus tios, Celso e Alda, que sempre me apoiaram.
À minha afilhada, Cacá, por me ensinar a voltar a ser criança.
À Gabi Antelmi (menina magrella) companheira de pesquisa e vida, pela amizade
atual e crescente.
À admirável professora Zuleica Camargo, por seu profissionalismo, dedicação e
por me introduzir no mundo maravilhoso da pesquisa.
Obrigada por tudo.
Cristina Canhetti Alves
V
Agradecimentos Gabriella Silveira Antelmi
Aos meus pais, Eugenio e Geni, pelo grande amor, carinho e exemplo de vida.
Aos meus irmãos, Rodrigo e Bruno, que mesmo com tantas brigas, nossa amizade
e amor prevalecem.
Ao meu amor, Lucas, por me ensinar o que é amar, por sua dedicação, carinho,
amizade, paciência, compreensão e por todos os momentos que passamos juntos.
À Cris, grande e fiel amiga, pelos quatro anos de companheirismo, cumplicidade,
segredos, choros e muitas, mas muitas risadas. Adoro você.
À Flavinha, amiga em todas as horas e grande companheira, desde me
acompanhar até o carro, como entrar juntas nas quadras.
À Cá Sauda e Gabi Damilano, pelas risadas e sofrimentos durante os treinos e por
todas as vezes que entramos juntas nas quadras............ VAMÔ PUC!!
Obrigada, amo muito vocês!!
Gabriella Silveira Antelmi
SUMÁRIO
Resumo ....................................................................................................................01
1. Introdução ............................................................................................................02
2. Objetivo ................................................................................................................04
3. Revisão de Literatura
3.1 Recursos Vocais.......................................................................................05
3.2 Termos descritivos da Voz.......................................................................13
4. Metodologia. ........................................................................................................17
5. Resultados ...........................................................................................................20
6. Discussão
6.1 Recursos Vocais.......................................................................................61
6.2 Termos Descritivos da Voz.......................................................................83
7. Conclusão ..........................................................................................................106
8. Referências Bibliográficas ...............................................................................108
Anexo I ...................................................................................................................113
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Resumo
INTRODUÇÃO: A voz tem um papel fundamental na comunicação e no relacionamento humano. Ela enriquece a transmissão da mensagem articulada, acrescentando à palavra o conteúdo emocional, a entoação, a expressividade, identificando o indivíduo tanto quanto sua fisionomia e impressões digitais. Os avanços nos métodos de avaliação da voz mudaram de forma significativa a atuação fonoaudiológica, que propõe uma nova maneira de classificação da qualidade vocal dos sujeitos com base nos recursos vocais e na classificação a partir dos tipos de voz, que podem também ser chamados de termos descritivos da voz. OBJETIVO: O objetivo da presente pesquisa é investigar e definir alguns recursos vocais secundários - projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação, modulação, qualidade vocal e timbre - bem como os termos descritivos - voz encoberta, abafada, constrita, apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida - para estabelecer convergências e divergências entre suas definições, sob o ponto de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais, em comparação com referenciais teóricos obtidos por levantamento bibliográfico. MÉTODO: Foi aplicado um questionário em dezessete profissionais da voz: sendo onze fonoaudiólogos (F1 a F11) e seis preparadores vocais (PV1 a PV6). Para a escolha dos profissionais, seu tempo de atuação na área, foi de no mínimo cinco anos. A escolha do questionário referiu-se à necessidade de focar alguns recursos vocais secundários e termos descritivos da voz quanto a suas definições, relações dos recursos primários com os recursos vocais secundários e com os tipos de voz e, por fim, comparar os termos entre si de acordo com a explicação teórica dos profissionais em questão. Após levantar e analisar as definições quanto às convergências e divergências apontadas nos questionários, o resultado foi confrontado com a literatura e, por fim, foi realizada uma proposta que descreverá uma terminologia comum a esses profissionais quanto aos conceitos e questões discutidas. RESULTADOS: As respostas obtidas pelos questionários para o recurso vocal primário intensidade, de um modo geral foram: grandeza mensurável do volume da voz (F1 e F5); parâmetro que pode ser medido pelo aumento de dB (F9, PV1, PV5 e PV6); relacionado à resistência e impulso (F11); relação com a fisiologia, com o aumento de pressão subglótica (F4), e pode ser classificada como forte e fraco (F7 e F10). Dados que convergem com a literatura. Desta mesma maneira o questionário visou a definições dos seguintes termos: volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência, entonação, modulação, inflexão, qualidade vocal, timbre, voz abafada, voz encoberta, voz constrita, voz apertada, voz ríspida, voz cortante, voz metálica, voz estridente, voz potente, voz forte, voz polida e voz aveludada. DISCUSSÃO: Foi realizada a análise dos questionários dos dois grupos estudados, para confrontar os dados encontrados entre os fonoaudiólogos e entre os preparadores vocais e ambos os grupos com a literatura. O que pudemos destacar foi que para os conceitos dados aos recursos vocais primários e secundários houve maior número de respostas convergentes entre os dois grupos e a literatura, do que em relação aos conceitos dados para os termos descritivos da voz. CONCLUSÃO: Concluímos que embora profissionais de áreas distintas usam, de certa maneira, as mesmas terminologias, em muitos casos, seus conceitos estão embasados em áreas de conhecimentos diferentes.
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1. Introdução
A voz tem um papel fundamental na comunicação e no relacionamento humano. Ela
enriquece a transmissão da mensagem articulada, acrescentando à palavra o conteúdo
emocional, a entoação, a expressividade, identificando o indivíduo tanto quanto sua fisionomia
e impressões digitais.
Os avanços nos métodos de avaliação da voz mudaram de forma significativa a atuação
fonoaudiológica, que propõe uma nova maneira de classificação da qualidade vocal dos
sujeitos com base nos recursos vocais e na classificação a partir dos tipos de voz, que podem
também ser chamados de termos descritivos da voz. Os termos descritivos têm sido
amplamente descritos na literatura, como podem ser encontrados nas publicações de: Boone
(1996), Pinho (1995), Behlau (2001) e Gayotto (2005).
Leite (2004) realizou um trabalho sobre as convergências e divergências terminológicas
e conceituais na avaliação fonoaudiológica da voz e será para esta pesquisa um referencial
estrutural. Esse estudo foi feito somente com os fonoaudiólogos que preparam os profissionais
da voz. O que foi visto como os recursos vocais de maiores convergências terminológicas e
conceituais foram: articulação, extensão vocal, tipo respiratório, capacidade vital, modo
respiratório, ataque vocal, classificação do tipo de voz, altura (pitch), intensidade de fala
(loudness), tempo de emissão/ tempo máximo de fonação e cociente de fonação.
Na presente pesquisa, iremos abordar os seguintes recursos vocais básicos ou primários
(GAYOTTO,1997): freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração. Também
serão descritos os recursos vocais resultantes ou secundários (GAYOTTO,1997) tais quais:
projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação e modulação, bem como os termos qualidade
vocal e timbre.
Juntamente com os recursos vocais, iremos pesquisar os seguintes termos descritos da
voz que fazem parte do uso clínico de alguns profissionais: encoberta, abafada, constrita,
apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida. (BEHLAU,
2001; BOONE,1996)
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Dessa maneira, diante da possibilidade de pesquisar esses recursos e termos descritivos
da voz, selecionou-se um grupo de profissionais da voz composto por fonoaudiólogos e
preparadores vocais. Tal escolha se deu pelo fato de que esses profissionais conhecem mais
especificamente tais recursos em suas práticas profissionais e pesquisas.
Hoje, cabe ao fonoaudiólogo especialista em voz cada vez mais divulgar suas
possibilidades de atuação e propor ações diferenciadas em três aspectos: preventivo, clínico e
de aperfeiçoamento vocal.
O preparador vocal, que não é fonoaudiólogo, mas que em alguns casos pode ser,
trabalha de acordo com as necessidades dos de profissionais da voz, sem um enfoque fono-
terapêutico, atuando como uma espécie de direcionamento vocal, trabalhando as necessidades
vocais básicas para cada área de atuação. (GAYOTTO, 1996).
As inquietações que levaram a busca da presente pesquisa referem-se a questões
como: Existem semelhanças ou diferenças nas definições dos recursos vocais secundários
(GAYOTTO, 2000) entre os dois diferentes profissionais: fonoaudiólogo e preparador vocal?
Quais as definições em convergências e divergências que esses profissionais apontam para os
termos descritivos da voz estudados nesta pesquisa? Qual a relação entre os recursos vocais
primários com os secundários e os termos descritivos da voz?
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2. OBJETIVO
Investigar, por meio de questionários e referências teóricos da área fonoaudiológica,
convergências e divergências conceituais de alguns recursos vocais secundários - projeção,
volume, ritmo, velocidade, entonação, modulação, inflexão, fluência e os termos qualidade
vocal e timbre, bem como alguns termos descritivos - voz encoberta, abafada, constrita,
apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e polida - sob o ponto
de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais em comparação aos referenciais obtidos por
levantamento bibliográfico.
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3. Revisão de Literatura
A seguir, a revisão de literatura será dividida em dois tópicos, sendo eles: Recursos
Vocais e Termos descritivos da voz para melhor visualização dos conteúdos estudados.
3.1 Recursos Vocais
Muito foi descrito sobre os recursos vocais na literatura, especialmente a respeito da
avaliação da voz e da análise perceptivo-auditiva. Os recursos vocais básicos mais
encontrados na literatura também conhecidos como recursos vocais primários (GAYOTTO,
1997) são: freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração.
Estes recursos vocais primários descritos por Gayotto (1997) são aqueles que
formam/compõem a voz e são bases para as suas dinâmicas. Esses recursos são
complementares, isto é, os recursos primários não se isolam, mas se relacionam entre si.
Kyrillos (2004) afirma que as pessoas são consideradas expressivas, em maior ou
menos grau, de acordo com sua utilização ou não dos recursos vocais de diferentes formas. Os
recursos vocais são usados durante nossas emissões espontâneas, de forma intuitiva e pouco
consciente.
A voz é propulsora de expressão, pois é a partir de suas qualidades que exprimimos e
nos relacionamos. Esse conceito nos mostra que a sonoridade precisa ser trabalhada como
potência expressiva e que os estados psicofísicos, isto é, as relações harmônicas entre corpo,
voz e psiquê da pessoa podem alterar a voz. (GAYOTTO, 2005).
Tomando-se estes cinco recursos vocais primários, a freqüência (pitch) ou altura é
caracterizada como uma sensação subjetiva da altura da voz e pode ser dividida em: agudo,
médio para agudo, médio, agudo para grave e grave. (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004;
BEHLAU,2001). A freqüência proporciona uma sensação acústica de grave (grosso) ou agudo
(fino) que é dado pelo número de fechamento e abertura das pregas vocais durante um
segundo (VIOLA,2000). Portanto, a freqüência é o “número de ciclos que as partículas
materiais realizam em 1 segundo” (RUSSO,1999 p.55) e é expressa em Hertz (Hz).
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A freqüência também pode ser avaliada de uma maneira mais ampla, ou seja, através de
sua gama tonal (o número de notas que se o sujeito é capaz de emitir do mais grave ao mais
agudo) (LEITE, 2004) e dos movimentos da entoação que podem ser descritos com os termos:
ascendente, descendente, nivelado, plana, retilínea, adequada, pouco marcante, inadequada,
adequada, excessiva, restrita, repetitiva, variada, rica, monótona e monotonal. (VIOLA e
FERREIRA, 2007).
Intensidade é a sensação do volume da voz ou a “potência da voz” (BRANDI,1990 p.69);
“é o grau da força expiratória com que o som é produzido, força que se manifesta
acusticamente na menor ou maior amplitude de vibração das pregas vocais” (GAYOTTO,1997
p.45) e pode ser classificada como fraca, adequada ou forte (ANDRADA E SILVA, DUPRAT,
2004; BEHLAU, 2001). A intensidade pode ser modificada constantemente pelos estados físico
e emocional, pelo ambiente e de acordo com as situações vividas (VIOLA, 2000). Além disso, a
intensidade pode também ser avaliada por sua modulação, apontada como: excessiva, restrita
e repetitiva. (VIOLA e FERREIRA, 2007).
A intensidade relaciona-se com amplitude e pressão, portanto, quanto maior amplitude, a
pressão é mais forte e quanto menor amplitude, a pressão é mais fraca. Tal recurso é medido
em dB.
Behlau e Pontes (1995) definem intensidade vocal como “parâmetros físicos ligado
diretamente à pressão subglótica da coluna aérea que, por sua vez, depende de uma série de
fatores, como amplitude de vibração e tensão das pregas vocais, mais especificamente da
resistência que a glote oferece à passagem do ar”. (p.100)
A ressonância é um sistema de “caixa acústica” da voz, isto é, após a emissão do som
nas pregas vocais, haverá amplificação e amortecimento de determinados harmônicos do
espectro sonoro da voz que é constituído por estruturas e cavidades do aparelho fonador,
como: pulmão, laringe, faringe, boca, nariz e seios paranasais, em que existe a possibilidade de
reverberação do som (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU, 2001). Dessa, forma, o
uso excessivo de uma determinada cavidade (oral, nasal, faríngea ou laríngea) altera a
qualidade vocal, já que a ressonância encontra-se em desequilíbrio (BOONE, 1996).
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Para Boone (1996) a produção de uma boa voz necessita que o trato vocal esteja em
foco, com um foco de ressonância adequado. O bom foco de ressonância é a característica da
voz mais difícil de descrever: soa como se estivesse vindo do meio da boca, exatamente acima
da superfície da língua. Se a voz é produzida a partir de um ponto muito alto ou muito baixo
terá um pobre foco vertical de ressonância. Se a voz é produzida muito à frente ou muito atrás,
ela terá um pobre foco horizontal de ressonância.
Segundo Viola (2000) a articulação refere-se aos ajustes motores realizados com os
lábios, língua, palato e faringe, que possibilitam a emissão de diferentes sons e palavras
quando estão encadeados, ou seja, está relacionado ao ajuste motor realizado pelos órgãos
fonoarticulatórios e pode ser classificado como precisa (quando compreendemos todas as
palavras que são emitidas) ou imprecisa (quando não se compreende ou quando há distorções
fonêmicas) (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU,2001). Para Gayotto (1997) a
articulação é a “mecânica, isto é, o movimento dos órgãos fonoarticulatórios na emissão de
sons durante a fala” (p.47).
Os termos de classificação para articulação apontados na pesquisa realizada por Viola e
Ferreira (2007) são: normal, bem-definida, clara, aberta, precisa, inexatidão temporária,
travada, reduzida, indiferenciado, imprecisa, prejudicada, fechada, distorcida, sobrearticulada,
exagerada, marcante, força e abrandamento.
Quanto ao recurso de respiração, esta apresenta dois diferentes ciclos: inspiração e
expiração e pode ser realizada pelo uso de diferentes regiões torácicas: superior, média,
inferior e costodiafragmática e por três diferentes modos – nasal, bucal e mista (VIOLA, 2000).
A respiração para a fala tem como objetivo principal a fonação e é voluntária. Os músculos da
respiração apresentam seus movimentos aumentados bem como a ativação dos músculos
acessórios. O tempo de expiração excede o de inspiração e a respiração é feita pela boca e
nariz. Nessa mesma situação, o trato respiratório é interrompido pelos movimentos das pregas
vocais e dos órgãos fonoarticulatórios. Durante a fala, existe a necessidade de pausas
constantes na expiração para demarcar as pontuações e para a formação de frases
(GREENE,1989).
Behlau e Pontes (2001) fazem uma conexão entre os recursos vocais primários tais
quais: respiração, ressonância, articulação, freqüência e intensidade para que seja possível
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uma produção da voz adequada, ou seja, para que a voz e a fala sejam produzidas é
necessário que inicialmente coloquemos o ar para dentro dos pulmões e que para isso seja
efetivo, as pregas vocais devem estar afastadas. Assim que emitimos determinado som, as
pregas vocais se aproximam entre si com tensão adequada. Além disso, há o controle da saída
de ar dos pulmões para que a produção possa ser realizada perfeitamente. O ar, por sua vez,
auxilia na vibração das pregas vocais, para que estas realizem ciclos vibratórios que irão se
repetir rapidamente. As caixas de ressonância devem estar ajustadas para facilitar a
amplificação bem como os articuladores que devem estar posicionados de maneira adequada
para a produção de um som específico.
Segundo Gayotto (1997) os recursos vocais resultantes ou secundários relacionam-se a
projeção, volume, ritmo, velocidade, cadência, entonação, fluência, duração, pausa e ênfase.
Estes recursos expressam intenções vocais durante a emissão ou discurso e são resultantes
dos recursos vocais primários.
Para fundamentar este estudo iremos privilegiar apenas alguns recursos vocais
secundários dado o curto tempo de pesquisa: volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência,
entonação, modulação, inflexão; e os termos qualidade vocal e timbre.
O volume, habitualmente, é relacionado à intensidade, “chamando um som forte de alto
e um fraco, de baixo. Mas o volume engloba a intensidade e a ressonância” (Gayotto, 1997 p.
45).
Segundo Roubine (1985) projetar a voz é onde ela consegue alcançar, é o seu alcançe.
Märtz (2000) aponta que: “Projetar indica lançar a voz no espaço e a referência é mais
acentuada no exterior do sujeito que limite sua voz. Já quando pensamos em ressoar, o sujeito
busca em si a ressonância que se faz em seu corpo, e que, a partir daí simultaneamente vai
ganhando alcance e envolvendo o ambiente e os ouvintes” (p.98).
A freqüência promove melhores condições de projeção vocal e menor esforço à
fonação. Dessa maneira, um bom trabalho com foco na ressonância nas cavidades oral e nasal
juntamente com o correto posicionamento de língua dará uma maior potência e projeção vocal.
(FERREIRA et al, 1998). Munhoz e Abreu (2002) apontam que para uma boa projeção da voz é
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necessário o controle adequado da respiração, intensidade e ressonância e,
conseqüentemente, um bom controle de volume.
Durante a voz falada, não há o uso particular de alguma cavidade ressonantal
específica, ou seja, a ressonância é geralmente média, dessa forma, não é necessária uma voz
com projeção. Nos casos em que a projeção deve ser alcançada utiliza-se uma respiração mais
profunda utilizando sons mais intensos e agudos (BELHAU e REHDER, 1997; BELHAU e
REHDER, 2005).
O ritmo da fala é dado “por todo conjunto da fala encadeada; pela velocidade de emissão
e intervalos de tempo existente entre as palavras, pela sucessão de sons fortes e fracos, de
maior ou menor duração, conforme combinado” (VIOLA, 2000 p.83). Já Gayotto (1997) aponta
que ritmo está ligado à tonicidade das palavras, com seus acentos prosódicos e com a
habilidade de fluir o pensamento em forma de palavras. Na pesquisa de Leite (2004) há uma
classificação para ritmo que pode ser lento, adequado ou rápido.
Para Brandi (2007) o ritmo de fala nos mostra condições emocionais da pessoa que fala.
Os ritmos podem ser divididos em três: acentual, cronal e tonal. “O ritmo acentual é bastante
regular e estabelece-se naturalmente pela regularidade de batidas”. “O ritmo cronal é aquele
que decorre da maior ou menos quantidade de sílabas intermediárias pronunciadas”. Já o
ritmo tonal “são os movimentos que o ritmo acentual e descendentes da voz”. Destes três
ritmos podem derivar ênfases expressivas, acentuação, e pode marcar certas pausas; portanto,
os “três ritmos associados é o que constitui o que chamamos entonação”. (p.113, 114).
Segundo Viola (2000), a velocidade “é medida pelo número de palavras que um
indivíduo fala por minuto” (p.83) e pode variar de lenta à rápida e expressar características
emocionais como: ansiedade, pressa, apatia e preguiça. Para Behlau (2001) a velocidade de
fala refere-se ao “número de palavras por minuto de texto corrido” (p.111), ou seja, a
velocidade está relacionada às questões de duração e pode ser “observada através do ritmo
acentual (lentidão ou rapidez da sucessão de acentos frasais)” (BRANDI, 1990, p.71). Para
Leite (2004) a velocidade por ser classificada como normal, aumentada, reduzida ou
excessivamente variada. Kyrillos (2007) afirma que a velocidade de fala pode ser acelerada
quando a mensagem apresenta maior dinamismo em seu conteúdo, ou lentificada quando há
necessidade de ressaltar emoção no discurso.
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Tanto o ritmo quanto a velocidade de fala estão intimamente ligados a um dos recursos
primário: a articulação (BEHLAU, 2001). Além disso, são individuais e dependem do tipo da
língua que se fala e o objetivo do discurso, isto é, de acordo com o que será falado, o tipo de
profissão do falante e o seu controle neurológico. (BEHLAU e REHDER, 1997; BEHLAU e
REHDER, 2005).
É possível encontrar o termo ritmo associado ou não à velocidade de fala. Se diferenciado
ao recurso de velocidade de fala o termo é descrito como silabado, cadenciado, adequado,
alongado, precipitado e restrito. Quando associado ao recurso velocidade de fala, sua
classificação é apontada como: rápido, lento, elevado, excessivamente regular ou irregular e
adequado ao contexto e a situação do discurso. (VIOLA e FERREIRA; 2007).
A fluência relaciona-se com a capacidade em expressar-se com objetividade e clareza,
sem muitas quebras no ritmo, ou seja, sem que a fala esteja demasiadamente entrecortada
(BRANDI, 1990). Pode ser classificada como prolixa, abundante, satisfatória, escassa,
disfluente, muito escassa, continua e entrecortada (VIOLA e FERREIRA, 2007).
A entonação é o recurso vocal secundário que expressa a melodia da fala. Constituída
pela quantidade de energia aplicada em um determinado segmento de fala (sílaba, palavras ou
frase).
Segundo Gonçalves (2000), a entonação pode produzir curvas melódicas diferentes no
discurso. Segundo Arruda (2004), a entonação é classificada como descendente no caso de
encontrar sinalização de não continuidade e em sentenças declarativas, e curva ascendente
para sinalização de continuidade e sentença interrogativa.
Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) afirmam que a entonação refere-se a “variação da
melodia, de acordo com a intenção do discurso. A modulação é dada por meio de ênfase, onde
as palavras significativas do texto são escolhidas e marcadas com variações”. (p.258).
Os padrões melódicos podem ser classificados como restrito, médio ou freqüente. Dessa
forma, tal parâmetro é determinado pela variação de freqüência (pitch) e alongamento da
sílaba. (ARRUDA, 2004). Relacionando a melodia à expressividade, esta pode ser classificada
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como ascendente, durante as emissões de conteúdo mais positivo ou indignado, exclamativo;
apontado como retilíneo, quando a informação apresenta um conteúdo bem específico; e
descendente, quando a mensagem é triste. (KYRILLOS, 2007).
Os variados tempos encontrados durante a articulação faz alongar/encurtar a emissão. O
alongamento relaciona-se a uma maior duração de um segmento da fala e pode ser feito tanto
em vogais como nas consoantes, além disso, tem ligação com as modificações de curvas
melódicas, ênfases e à fluência do discurso (GAYOTTO, 1997).
Segundo Boone (1996), são as inflexões que dão as características à nossa fala. Além
disso, a inflexão é parte da melodia e nos permite diferenciar as diversas línguas. Podemos
notar mais nitidamente as inflexões nos dialetos de uma mesma língua, por exemplo, o
português falado em São Paulo e no Sul em que as pronuncias das palavras são diferentes
bem como a maneira de enfatizar as palavras. Para Penteado (1986) “a variedade das
inflexões pode ser obtida através de”: variação da “velocidade da voz”, variação do “volume da
voz” e “variação do tom da voz”. (p. 268 e 269)
O termo qualidade vocal é o “padrão básico da voz de uma pessoa que distingue e o
identifica. É dada pelo conjunto de características acústicas - freqüência, intensidade e
ressonância - e articulatórias- articulação, velocidade e ritmo”. (VIOLA, 2000 p.82). BEHLAU
(2001) aponta que anteriormente a qualidade vocal era definida como timbre, “mas o uso desse
vocábulo está se restringindo aos instrumentos musicais” (p.91). Para Brandi (2007) “a voz
apresenta várias qualidades já na origem, ou seja, a partir de sua sonorização glótica” (p.31).
O termo timbre laríngeo refere-se ao brilho da voz, mas também para as constrições na
região glótica que provocam mudanças na qualidade vocal do sujeito como voz metalizada e
estridente, por exemplo. (BRANDI, 1990). Segundo o mini dicionário Luft (1991) “timbre
relaciona-se à qualidade distintiva de um som independentemente de sua altura e intensidade”
(p.599). O timbre também resulta de fenômenos acústicos, como a região glótica, os
ressonadores, a posição da laringe e todo trato vocal, que se localizam nas cavidades
supraglóticas. (DINVILLE, 1993). Para Brandi (2007) timbre é o “lustre da voz, ou seja, a
contribuição glótica para a qualidade vocal”. (p.48).
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Segundo Brandi (2007) o timbre é o brilho, a limpidez que pode ser prejudicado pela
“contração tônica das pregas vocais, o que lhes empresta grau de vigor; da contratibilidade
muscular, que pode se apresentar equilibrada para fonação ou enfraquecida em algumas
partes ou hipercontraído; da mobilidade das cartilagens laríngeas e das condições de produção
do sinal vocal periódica e harmônica” (p.48).
Para diferenciar timbre de qualidade vocal é necessário entender a diferença de
“apreciar a qualidade do som que estamos ouvindo e aprender a distinguir um atributo da
qualidade vocal”. (BRANDI, 2007, p. 101)
Segundo Behlau e Rehder (1997; 2005) a voz falada relacionada à qualidade vocal ou a
timbre da voz, é geralmente neutra ou com pequenos desvios, que não são considerados
padrões de alteração, como pode ser considerado nos casos de disfonias, por exemplo.
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3.2 Termos descritivos da voz
Outro ponto importante que foi destacado nesta pesquisa refere-se a alguns termos
descritivos da voz. O tipo de voz “é uma das características vocais que distinguem o indivíduo
dos demais. É determinado pelo funcionamento conjunto de diferentes estruturas do aparelho
fonoarticulatório, que imprimem na voz rouquidão, aspereza, soprosidade, hipernasalidade ou
hiponasalidade”. (VIOLA, 2000 p.82)
Nesta pesquisa iremos privilegiar os termos descritivos da voz, tais como: encoberta,
abafada, constrita, apertada, ríspida, cortante, metálica, estridente, potente, forte, aveludada e
polida.
Para Boone (1996) a voz abafada apresenta uma característica negativa. Segundo o
material de análise de voz criado por Gayotto (2006), esta voz apresenta um foco baixo, ou
seja, uma ressonância de pescoço. Em contrapartida, a voz encoberta apresenta seu foco de
ressonância posterior (GAYOTTO, 2006), isto é, parece que a voz está saindo na parte
posterior da cabeça (“atrás da cabeça”). A língua apresenta grande importância nesse tipo de
voz já que pode impedir a passagem do som para a cavidade oral (ANDRADA E SILVA,
DUPRAT 2004).
Segundo Gayotto (2005) a voz abafada é uma característica vocal relacionada aos
recursos vocais de ressonância e articulação, e acomete algumas modificações do trato vocal,
tais como: a falta de brilho, de potência e de abertura sonora.
A voz constrita apresenta um foco de ressonância anterior (GAYOTTO, 2006), ou seja, a
ressonância está focada na cavidade oral, a “voz é produzida muito a frente” (BOONE, 1996
p.77); relaciona-se à articulação, já que a língua também apresenta uma posição mais anterior
e ao volume (menor energia de voz). Segundo Boone (1996) esta voz transmite uma
característica negativa. Para Brandi (2007), a voz constrita “identifica vozes que apresentam
constrição constante ou intermitente”. Essa constrição pode ser “laríngea (golpes de glote);
laringofaríngea (de voz estrangulada), etc” (p.77).
As vozes apertada e ríspida são definidas por Boone (1996) como vozes positivas. Nos
dois diferentes termos descritivos da voz, o foco de ressonância é nasal (GAYOTTO, 2006), ou
14
seja, localizamos uma concentração de energia sonora na região superior da face (no nariz),
provocando uma sensação de voz mais aguda e estão intimamente relacionadas à articulação.
Para Jung (1999), a voz apertada é conseqüência do estresse. O dicionário Houaiss definiu o
termo ríspida como aquele que se aperta ou restringi, que se deixou sem espaço.
A voz cortante é caracterizada por Boone (1996) como positiva, além disso, apresenta
um foco de ressonância misto (GAYOTTO, 2006), isto é, ao escutar uma voz com essa
característica não é possível localizar maior foco de energia em uma única região do aparelho
fonador e tem grande relação com velocidade de fala e com a fluência.
A voz do tipo metálica é caracterizada por Boone (1996) como sendo positiva. No
material de análise de Gayotto (2006), podemos dizer que para se obter uma característica de
voz metálica é necessário que sejam utilizados como recursos um foco de ressonância alto, em
que o som ressoa na parte superior: no nariz. A voz nasal nos deixa com a sensação de que a
freqüência é alta, ou seja, uma voz mais aguda.
A metalização é relacionada à hipertonicidade de constritores faríngeos e com elevação
de laringe, o que propicia ressonância de freqüência alta. É “relacionada ao foco ressonantal
faríngeo e determinada por constrições faríngeas, elevação de dorso da língua, lábios em
posição de sorriso, elevação laríngea e constrição ariepiglótica1”. (HANAYAMA, TSUJI, PINHO,
2004, p.437).
Segundo Hanayama, Tsuji, Pinho (2004) a voz metálica pode constituir característica
indesejável ao falante por ser de freqüência aguda e irritante. Pode ser útil como recurso teatral
na caracterização de um personagem, em determinados tipos de canto como o sertanejo, o
country americano, ou algumas modalidades como o canto nordestino. A ressonância depende
do mecanismo originado na fonte glótica2 e direcionado para o trato vocal. A configuração dos
órgãos supraglóticos3 determina as características ressonantais. As ressonâncias irão variar de
acordo com a ocorrência de constrições que modificam o trato vocal quanto à forma, textura e
tensão. A intensidade da voz metálica é regulada, principalmente aos fatores de: potência
glótica e eficiência glótica.
1 As pregas ariepiglóticas são pregas mucosas que envolvem as fibras ligamentosas e musculares estendem-se dos lados da epiglote até os ápices das cartilagens aritenóides e formam a entrada para a laringe. (ZEMLIN, 2000, p.128). 2 Fonte glótica refere-se à laringe, ao nível das pregas vocais. 3 Os órgãos supraglóticos são os que se encontram acima da laringe como: faringe, boca, língua, etc.
15
Assim como a voz metálica, a voz estridente também possui o foco de ressonância alto
(nasal) e freqüência alta, aguda. Boone (1996) caracteriza este tipo de voz como sendo
negativa.
Brandi (2007) caracteriza as vozes metálica e estridente como categoria “hipertimbrada”
(p.49). Boone e McFarlane (1994) apontaram a utilização de uma voz estridente, com a
finalidade de melhorar a ressonância oral, e apontou o uso do som basal, para abaixar a altura,
quando a ressonância for cul de sac4. Para Fuller, Horii e Conner (1992) as vozes com tensão
soariam de maneira estridente ou metálica.
A ressonância cul de sac pode ter relação com as vozes metálica e estridente no que
diz respeito à cavidade nasal, o que também é observado nesses tipos de vozes e componente
faríngeo que também pode ser descrito na voz metálica.
Para Houaiss(2001) o termo estridente apresenta “som agudo e penetrante, que causa
ruído, estridor, ruidoso e estrepitoso”. Este termo diz respeito à “consoantes de intensidade e
freqüência elevadas, que são produzidas com maior turbulência da corrente de ar, o que
acarreta efeito sibilante”.
As vozes potente, forte, polida e aveludada são vozes que, segundo o material de
análise de Gayotto (2006), têm um foco de ressonância posterior, isto é, parece que a voz está
saindo na parte posterior da língua. É importante ressaltar que a voz aveludada é caracterizada
por Boone (1996) como sendo positiva. A voz polida apresenta relação direta com o recurso
vocal primário articulação.
Segundo Houaiss (2001), o termo polidez designa uma “característica do discurso, que
indica cortesia, gentileza, civilidade etc., do locutor (autêntica ou não), e que se expressa nas
formas de tratamento, em expressões que atenuam o tom autoritário do imperativo e outras
fórmulas de etiqueta lingüística”.
4 Cul de sac: ressonância surda, abafada, localizada na área faríngea com retração posterior da língua (BOONE, 1996). Também quando o som parece estar concentrado na cavidade nasal pela constrição anterior parcial ou completa das narinas.
16
As vozes potente e forte também são caracterizadas pelo volume, descrito como um
recurso vocal secundário, ou seja, esse recurso relaciona-se à intensidade e à ressonância. O
recurso que mais descreve a voz aveludada é a ressonância, isto é, a maneira como o som é
amplificado através das cavidades localizadas no aparelho fonador.
Para Houaiss (2001) o termo potente refere-se a “que tem poder, poderoso, que tem
força, possante, forte, vigoroso e que tem ou produz um som forte”.
Para Brandi (2007), a voz forte do falante “corresponde aproximadamente a 80dB”
(p.46). Para Houaiss (2001) o termo forte vincula-se a “firme e duradouro, cuja articulação se
realiza com maior intensidade, havendo resistência mais enérgica à passagem do ar expirado,
devido à maior tensão muscular”.
FERREIRA (1998) realizou um questionário para fonoaudiólogos descreverem sobre o
seu trabalho. Ao final da pesquisa, observou que todos os fonoaudiólogos citam um trabalho
corporal fazendo uso de diferentes técnicas: trabalho com respiração, falam da importância da
articulação e, por fim, cita um trabalho com as qualidades da voz, sob o nome de ressonância e
ampliação/ projeção de voz. Houve um destaque na importância de sua atuação com um
enfoque clínico e a sensibilidade para perceber as interferências do aspecto emocional sobre a
voz. Portanto, segundo esta pesquisa a Fonoaudiologia é marcada pela “ciência, do
conhecimento anatômico e funcional, a herança de ser terapeuta”.
Deste modo, pretendemos aprofundar questões teóricas que ainda não foram
detalhadas em pesquisas anteriores, bem como descrever os recursos vocais secundários e os
termos descritivos da voz para estabelecer semelhanças e diferenças entre eles, bem como
relacioná-los com os recursos vocais primários (GAYOTTO, 2000) utilizados por esses
profissionais no dia-a-dia de seu trabalho, com a finalidade de descrever uma terminologia
comum entre essas duas áreas.
17
4. MÉTODO
Para a coleta dos dados, foi aplicado um questionário (anexo I) com dezessete
profissionais da voz: sendo onze fonoaudiólogos e seis preparadores vocais.
Pela dificuldade em encontrar profissionais que se disponibilizassem em responder o
questionário e pelo curto prazo disponível para a realização desta pesquisa, colhemos os
questionários de apenas este número de preparadores vocais, o que inicialmente seria de
igual número dos fonoaudiólogos.
Esta escolha foi realizada, já que esses profissionais trabalham diretamente com voz. O
fonoaudiológico trabalha com um enfoque terapêutico da voz relacionada tanto com a
alteração como também com a estética da voz. O preparador vocal foi escolhido para esta
pesquisa e classificado como o profissional que trabalha com a voz, sem formação em
Fonoaudiologia, podendo atuar como professor de canto, oratória, voz, declamação,
impostação, expressão, conforme seja identificado. O tempo de atuação destes profissionais
foi, de no mínimo, cinco anos.
A escolha do questionário veio da necessidade de focar alguns recursos vocais
secundários e termos descritivos da voz quanto a suas definições, relações dos recursos
primários com os recursos vocais secundários e com os tipos de voz e, por fim, comparar os
termos entre si de acordo com a explicação teórica dos profissionais em questão.
Os questionários foram enviados via e-mail, ou correio ou mesmo entregues
pessoalmente a estes profissionais, conforme sua conveniência; eles tiveram um prazo de
20 dias para devolvê-los. Além disso, foi enviado o termo de consentimento livre e
esclarecido que deveria ser entregue assinado juntamente com o questionário.A presente
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética com o número de protocolo 222/2007.
Com base no questionário (anexo I), as questões 1 e 2 (sobre recursos vocais
secundários tais quais: projeção, volume, ritmo, velocidade, fluência, entonação, modulação
e inflexão e os termos qualidade vocal e timbre) e a questão 4 (sobre os termos descritivos
da voz como: encoberta e abafada, constrita e apertada, bruta e cortante, metálica e
18
estridente, potente e forte, aveludada e polida) buscam investigar as definições baseadas
nas semelhanças e diferenças entre os conceitos, duplas e os trios de termos selecionados.
A terceira questão visa apontar, segundo cada julgamento, quanto à relevância do ponto
de vista de fonoaudiólogos e preparadores vocais através de uma enumeração (de 1 a 5), quais
os recursos vocais primários (articulação, freqüência, intensidade, ressonância e respiração)
mais importantes (5) e menos importantes (1) para a constituição dos recursos vocais
secundários: projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação e modulação.
Para essa questão, foi realizada posteriormente uma mudança metodológica, já que
optamos por discutir apenas os dois recursos vocais primários mais votados como mais
importante (valor de número 5). Tal mudança foi realizada para que seja possível estabelecer
relação direta com a questão cinco do questionário, a qual se propõe a identificar apenas um
recurso vocal primário para os termos descritivos da voz selecionados.
A última questão solicita que apenas um dos recursos vocais primários (articulação,
freqüência, intensidade, ressonância e respiração) seja selecionado para melhor descrever,
sob o ponto de vista desses profissionais, os termos descritivos das vozes aqui selecionadas
para essa pesquisa: encoberta, abafada, constrita, apertada, bruta, cortante, metálica,
estridente, potente, forte, aveludada e polida.
A análise de dados será realizada de acordo com as respostas dadas pelos dois grupos
de profissionais em questão e será realizada a comparação entre eles. Os dados serão
organizados em tabelas separados pelo número de questão e por profissional (F1 a F11 e PV1
a PV6).
Após levantar e analisar as definições quanto às convergências e divergências
apontadas nos questionários, o resultado foi confrontado com a literatura e, por fim, foi
realizada uma proposta para descrever uma terminologia comum a esses profissionais, quanto
aos conceitos e questões discutidas.
A escolha dos recursos vocais e termos descritivos da voz selecionados para esta
pesquisa são semelhantes, pois o que se almeja é o detalhamento e a riqueza entre a
terminologia adotada.
19
Nesta pesquisa, embora fosse de grande relevância o estudo da voz cantada, pela
relação constante encontrada nas respostas dadas pelos preparadores vocais, não será
possível estudá-la dado o curto período para o desenvolvimento desta pesquisa. Dessa forma,
deixaremos em aberto este aprofundamento, o que poderá viabilizar futuros projetos nessa
área.
Coube nesse estudo, portanto, elaborar uma terminologia comum de recursos vocais e
termos descritivos da voz, sob o ponto de vista dos fonoaudiólogos e preparadores vocais com
suas definições.
20
5. RESULTADOS
De acordo com a literatura encontramos os seguintes conceitos:
a) Recursos vocais primários (freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração):
Freqüência Relacionado a “pitch” e é caracterizado como
uma sensação subjetiva da altura da voz e
pode ser dividida em: agudo, médio para
agudo, médio, agudo para grave e grave.
É caracterizado como número de ciclos por
segundo (RUSSO, 1999) e é expresso em
Hertz (Hz).
Intensidade Relacionado à “loudness” e é a sensação
subjetiva da intensidade, volume da voz ou a
potência da voz.
Parâmetros físicos ligado diretamente à
pressão subglótica da coluna aérea que, por
sua vez, depende de uma série de fatores,
como amplitude de vibração e tensão das
pregas vocais, mais especificamente da
resistência que a glote oferece à passagem do
ar.
Relaciona-se com amplitude e pressão.Tal
recurso é normalmente medido em dB.
Ressonância É um sistema de “caixa acústica” da voz, isto
é, após a emissão do som nas pregas vocais,
haverá amplificação e amortecimento de
determinados harmônicos do espectro sonoro
da voz que é constituído por estruturas e
cavidades do aparelho fonador
Articulação São os ajustes motores realizados com os
lábios, língua, palato e faringe, que
possibilitam a emissão de diferentes sons e
palavras quando estão encadeados. Pode ser
21
classificado como precisa ou imprecisa.
Respiração Apresenta dois diferentes ciclos: inspiração e
expiração e pode ser realizada pelo uso de
diferentes regiões torácicas: superior, média,
inferior e costodiafragmática e por três
diferentes modos – nasal, bucal e mista
b) Recursos vocais secundários (volume, projeção, ritmo, velocidade, fluência,
entonação, modulação, inflexão e os termos qualidade vocal e timbre):
Volume Engloba a intensidade e ressonância e
caracteriza um som forte de alto e um fraco,
de baixo.
Projeção Projetar indica lançar a voz no espaço e a
referência é mais acentuada no exterior do
sujeito que limite sua voz; é o alcance da voz.
Ritmo Está relacionado à tonicidade das palavras,
com seus acentos prosódicos e com a
habilidade de fluir o pensamento em forma de
palavras.
Velocidade Está relacionada às questões de duração e
pode ser “observada através do ritmo acentual
(lentidão ou rapidez da sucessão de acentos
frasais).
Fluência Relaciona-se com à capacidade em
expressar-se com objetividade e clareza, sem
muitas quebras no ritmo
Entonação É classificada como descendente no caso de
encontrar sinalização de não continuidade e
em sentenças declarativas, e curva
ascendente para sinalização de continuidade e
sentença interrogativa.
Modulação Os padrões melódicos podem ser
22
classificados como restrito, médio ou
freqüente. Dessa forma, tal parâmetro é
determinado pela variação de freqüência
(pitch) e alongamento da sílaba.
Inflexão É parte da melodia que nos permite diferenciar
as diversas línguas.
A variação das inflexões pode ser obtida
através de: variação da velocidade da fala,
variação do volume da voz e variação do tom
da voz.
Qualidade vocal É o padrão básico da voz de uma pessoa que
distingue e o identifica. É dada pelo conjunto
de características acústicas - freqüência,
intensidade e ressonância - e articulatórias -
articulação, velocidade e ritmo.
Timbre Refere-se ao brilho da voz. É subjetivo e
engloba as qualidades da voz.
C) Termos descritivos da voz
Abafada Esta voz apresenta um foco baixo, ou seja,
uma ressonância de pescoço. Relaciona-se a
ressonância e articulação
Encoberta Apresenta foco de ressonância posterior e a
língua apresenta papel importante nesse tipo
de voz.
Constrita Voz Constrita “identifica vozes que
apresentam constrição constante ou
intermitente”. Essa constrição pode ser
“laríngea (golpes de glote); laringofaríngea (de
voz estrangulada). Apresenta foco de
ressonância anterior e relaciona-se, mais
diretamente à articulação
23
Apertada É uma voz mais aguda e está intimamente
relacionadas à articulação e o foco de
ressonância é nasal.
Ríspida Como aquele que se aperta ou restringe, que
se deixou sem espaço. O foco de ressonância
é nasal.
Cortante Apresenta foco de ressonância misto e está
relacionado à velocidade de fala.
Metálica Relacionada a hipertonicidade de constritores
faríngeos e com elevação de laringe, o que
propicia ressonância de freqüência alta.
Estridente Foco de ressonância alta, penetrante, que
causa ruído, estridor, ruidoso e estrepitoso.
Potente Apresenta foco de ressonância posterior e
caracterizada pelo volume. Relaciona-se à
intensidade e à ressonância.
Forte Apresenta foco de ressonância posterior e é
caracterizada pelo volume. Relaciona-se à
intensidade e à ressonância.
Polida Apresenta foco de ressonância posterior.
Mostra-se uma voz educada e relaciona-se à
qualidade do discurso.
Aveludada Apresenta foco de ressonância posterior e é
caracterizada pela ressonância.
Segundo os questionários respondidos pelos Fonoaudiólogos, nomeados como sujeitos
F1 à F11 e pelos Preparadores Vocais, nomeados como sujeitos PV1 à PV6, pudemos
destacar as seguintes definições seguindo as questões as questões do questionário:
Os questionários foram revisados para que só as definições viessem destacadas, sem
comentários considerados ou desnecessários pelos profissionais. Foi resolvido não colocar na
íntegra de conteúdos de questionários dada a extensão do material já descrito.
24
1. Definir as diferenças e semelhanças entre os recursos vocais:
a) Projeção, volume e intensidade.
Tabela 1. Respostas da questão 1, item a, dos fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Intensidade é uma grandeza mensurável.
Projeção e volume teriam relação com a
esfera perceptivo-auditiva.
O termo volume é considerado tradução de
loudness; envolve mecanismos do controle de
fluxo aéreo, da ressonância e da articulação.
F2 Volume e intensidade vocal representam a
mesma coisa.
Projeção é o resultado da emissão vocal no
espaço.
F3 Projeção: há um direcionamento do som, ele é
focado para algum ponto específico do
espaço, objeto ou mesmo pessoa.
Volume e intensidade: são sinônimos que se
relacionam ao fluxo de energia sonora, medida
em dB.
F4 A Intensidade está relacionada com o aumento
da pressão subglótica.
A projeção diz respeito à direção do som;
relacionado com ressonância.
O volume à articulação.
F5 Semelhanças: todos estão relacionados à
sensação auditiva de maior ou menor volume
da voz.
Diferenças:
intensidade – mensuração do volume da voz.
25
Volume – sensação auditiva de intensidade.
Projeção – capacidade de propagar o som
sem tensão vocal.
F6 A intensidade vocal depende da resistência
glótica, quantidade de fluxo aéreo e pressão
de ar subglótica, medida em decibel.
Volume e intensidade podem ser considerados
sinônimos.
Projeção é a expansão da voz no ambiente.
F7 Intensidade diz quanto forte ou fraco é um som
e é produto da pressão aérea empregada
(pressão sub-glótica).
O volume é somatória da intensidade com a
ressonância.
A projeção implica no volume, associada a
uma maior abertura de boca, uma articulação
precisa e análise do ambiente.
F8 Projeção está relacionada ao uso do processo
de fonação associado à articulação e
respiração.
Volume e intensidade não estão relacionados
à produção de fala com qualidade.
F9 As diferenças estão na localização dos sons
ou produção e os efeitos acústicos causados.
Projeção está ligada à ressonância
Volume é o som amplificado pelo contato mais
forte entre as pregas vocais.
Intensidade é um parâmetro vocal medido pelo
aumento de decibéis, no som. O resultado
acústico é o loudness.
F10 A intensidade revela sons fracos ou fortes
26
independente de sua altura; determinada pela
intensidade de fibras basilares, células ciliadas
da cóclea.
O volume é a sensação da percepção da
intensidade do som.
A projeção vocal é fenômeno de ressonância,
e equilíbrio entre amplitude, intensidade e
altura do som.
F11 Projeção → É fazer com que ela alcance sem
esforço às pessoas que estão no espaço, com
intenção e foco, através de um equilíbrio dos
recursos vocais primários e volume adequados
ao conteúdo da fala.
Volume→ Está ligado à amplitude da onda
sonora e a pressão subglótica, medido em
decibéis.
Intensidade→ A intensidade do som está
ligada às condições de resistência e de
impulso.
Tabela 2. Respostas da questão 1, item a, dos preparadores vocais nomeados F1 a F11.
PV1 Projeção é o controle adequado dos
mecanismos de freqüência e intensidade, é a
capacidade de alcance no espaço. Volume é a
intensidade da voz. Intensidade é a
quantidade de energia para a amplitude da
onda sonora.
PV2 Projeção é a propriedade que a voz tem de se
lançar no ambiente físico, de modo que todos
os que estão no ambiente possam escutar o
som emitido.
Volume é a graduação, em intensidade, desse
som emitido: pode ser piano, mezzo forte,
27
forte, etc. Para nós cantores, mesmo que o
som seja pianíssimo ele deve ser escutado
plenamente por todos. Por isso, o trabalho da
ressonância deve ser cuidadosamente feito
para que a voz alcance a projeção em
qualquer intensidade.
PV3 Projeção – emissão clara, natural e consciente
do enunciado.
Volume – decorrência de emissão correta.
Intensidade - recurso de apoio e ênfase da
própria condição da fala ou do canto.
PV4 Projeção – depende da boa colocação no
ponto focal e melhor utilização do aparelho
fonador. Ela está ligada à quantidade de
harmônicos produzida e à características
pessoais.
Volume e Intensidade – definidos pela
intenção do cantor. O volume está relacionado
com a projeção como também à característica
de cada um.
PV5 Volume e intensidade (sinônimos) - essa
grandeza pode ser medida em decibéis.
Projeção - é o alcance da voz, a sua
capacidade de se "arremessar" ou "atirar" para
frente, atingindo longas distâncias. Essa
qualidade não está associada somente ao
volume da voz, mas também aos harmônicos
da mesma e à qualidade de articulação do
texto.
PV6 Projeção - capacidade do indivíduo de projetar
sua voz (enviá-la ao receptor) pelo espaço
independente do volume e da intensidade de
sua voz.
28
Intensidade - Tem haver com o grau de força
expiratória com que o som da fala é
executado. Com acústica sonora em sua maior
ou menos amplitude de vibração.
Volume - Refere-se à intensidade de som.
(não gosto de usar esse termo, preferindo
potência vocal, maior ou menor).
b) Ritmo, Velocidade e Fluência.
Tabela 3. Respostas da questão 1, item b, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Ritmo enquanto sensação de duração
Velocidade (também referida como taxa de
elocução) refere-se à ocorrência em unidades
de tempo de segmentos de fala.
Fluência envolve a continuidade da fala,
digamos o fluxo, engloba elementos, desde o
plano articulatório, até o prosódico.
F2 Ritmo representa um movimento constante
com intervalos regulares na linha melódica.
A velocidade pode variar: rápida, lenta ou
mista.
A fluência corresponde à facilidade ou não da
emissão.
F3 Ritmo - variação de tempos fortes e fracos que
se configuram por motivos rítmicos.
Velocidade - variação do tempo.
Fluência - Dependente de um bom manejo dos
elementos expressivos e discursivos.
F4 Velocidade - é o tempo em que as palavras
são ditas; pode ser adequado, rápido e lento.
O ritmo - Relacionado às ênfases e as pausas.
A fluência - é fluxo contínuo das palavras no
tempo.
29
F5 Semelhanças: Relacionados à coordenação
entre respiração e fala.
Diferenças:
Ritmo – cadência da fala,
Velocidade – números de sílabas por segundo
Fluência: Relacionado à ocorrência de
interjeições, alongamentos e pausas durante a
fala.
F6 O ritmo refere-se à acentuação da fala, à
ênfase, pausas e modulação.
A velocidade refere-se a agilidade em realizar
os ajustes motores da fala.
A fluência refere-se à aptidão de utilizar a
linguagem, coordenando velocidade, voz,
articulação e respiração.
F7 Velocidade guarda mais relação com o como/
quanto as palavras são articuladas no tempo;
relação com duração.
O ritmo envolve a velocidade e tem relação
com a acentuação das palavras.
A fluência relaciona-se ao quão fácil e corrente
a emissão é produzida.
F8 Não considero os três semelhantes, mas todos
estão vinculados ao uso de pausas curtas,
longas silenciosas ou sonoras.
A fluência esta diretamente relacionado à
entonação.
F9 Ritmo é a cadência de sons fracos e fortes de
uma determinada língua.
Velocidade é um termo considerado errado
30
atualmente. O correto é taxa de elocução que
é a produção sons em um determinado tempo;
pode ser lenta, moderada ou rápida/acelerada.
Fluência é fala produzida com entonação e
ênfases e ausência de pausas.
As semelhanças: são interdependentes por
estarem presentes na comunicação verbal.
F10 O ritmo de fala é um termo “emprestado” da
área da música, é um andamento musical.
Fluência é ter bom ritmo, numa velocidade
adequada ao contexto lingüístico.
F11 Ritmo → sucessão de sílabas, de duração
variável, que se sucede com pausas, se
repetem no tempo na cadência de cada língua,
variando em altura e timbre, em harmonia com
o conteúdo.
Velocidade → número de palavras faladas por
minuto; envolve pausas.
Fluência → habilidade de fazer fluir o
pensamento em palavras.
Tabela 4. Respostas da questão 1, item b, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Ritmo - é a medida de tempo regular ou não
de uma música, caracteriza o intervalo e a
cadência da composição.
Velocidade - refere-se ao movimento rápido,
lento ou moderado.
Fluência diz-se da voz que flui, que é natural,
espontânea e não forçada.
PV2 Ritmo - é a capacidade de articulação dos
sons em sua duração no tempo. Tem a ver
com a percepção auditiva dessa existência
31
temporal. A velocidade - é a capacidade de
produzirmos esse ritmo mais rápido ou mais
devagar. Os músculos articulatórios precisam
estar de prontidão e com tonicidade suficiente
para responder ao andamento proposto.
Fluência - é quando não há espaço. Acredito
que quanto mais a respiração e os músculos
fonatórios estiverem treinados, melhor e mais
fácil é o desempenho.
PV3 Ritmo – regularidade na cadência da fala ou
do canto.
Velocidade – relativa à fatores de ordem:
étnico, social, regional, educacional e
emocional.
PV4 Ritmo e velocidade – são determinadas pelo
compositor e um bom cantor tem a capacidade
de se adequar a eles.
Fluência – fluência na emissão vem de estudo,
principalmente da ligadura e do hábito de
cantar.
PV5 São três termos diferentes.
Ritmo - é a distribuição das notas musicais ao
longo dos compassos. Sua grafia é feita por
meio das figuras musicais - semibreves,
mínimas, semínimas, colcheias, etc.
Velocidade - é o andamento em que se
executa a frase musical (ritmo e melodia), a
distância percorrida na unidade de tempo. Sua
notação musical é feita tanto por meio de
termos - "allegro" (rápido), "adagio" (lento),
"andante" (moderado), etc. - como por meio de
medida metronômica, forma mais precisa (por
exemplo: 60 semínimas por minuto).
Fluência é a qualidade "fluida" de uma
32
execução, com as frases musicais correndo
com facilidade, sem transparecer pressa
(ainda que em andamentos rápidos) ou atraso
(ainda que em andamentos lentos). A fluência
depende de segurança rítmica, musical e
vocal.
PV6 Ritmo - costumo dizer que é a pulsação da
fala, com seus intervalos regulares e que tem
ligação com o estado interno da personagem
vivenciada pelo ator.
Velocidade - é a qualidade de rapidez com
que a fala é proferida, podendo ter uma escala
de variação com menor ou maior velocidade
(lento, ligeiro).
Fluência - que possui facilidade em fluir,
correr, desenvolver. (também tem a rapidez da
velocidade e a pulsação do ritmo).
c) Entonação, modulação e inflexão.
Tabela 5. Respostas da questão 1, item c, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Entoação - como a variação do tom
(freqüência) no tempo de uma sentença que
caracteriza a sua modalidade..
Modulação – refere-se as variações no tempo,
tanto da freqüência, como da intensidade.
A inflexão - Próxima de entoação, pode
sinalizar variações melódicas que demarcam
acentos frasais (ênfase).
F2 Inflexão e modulação - representam a curva
melódica, que pode variar em velocidade,
33
duração, em intensidade e até mesmo na
variação tonal.
Entonação - refere-se apenas às variações de
tons utilizados.
F3 Entonação e modulação - são sinônimos, e se
relacionam ao modo de utilizar os tons da voz,
estabelecendo curvas melódicas.
Inflexão - relaciona-se à modulação, marca
mudanças e desvios de tonalidades.
F4 Essas palavras são sinônimas e se referem à
variação dos tons e da intensidade utilizados
na fala.
F5 Semelhanças: Relacionados à variação
melódica.
Os três termos são sinônimos.
F6 Entonação, modulação ou inflexão são
sinônimos;
Refere-se principalmente à variação de pitch
durante a fala, ou seja, à curva melódic..
F7 A diversidade de tons que usamos cria curvas
melódicas (ou modulação) que por sua vez
cria diversas entonações.
F8 Entonação seria a categoria mais ampla, inclui
as outras duas.
Mmodulação vocal é a variação de freqüência
fundamental.
Inflexão vocal é utilizada para dar entonação
ao discurso.
Um faz a variação de freqüência e o outro da
intenção frasal, compondo a entonação.
34
F9 Semelhanças: São mudanças na voz,
parâmetros como: duração e freqüência, que
atuam na expressividade da comunicação.
São palavras diferentes usadas para a mesma
função.
A entonação está mais voltada à mudança de
pitch (freqüência), aliada a duração –transmite
os sentimentos da mensagem.
F10 A entonação engloba a inflexão e é o mesmo
que modulação.
Chamo estes aspectos de melodia, típica de
cada falante; expressam estados afetivos do
interlocutor.
F11 Esses três conceitos são quase sinônimos.
São variações de altura do tom laríngeo;
podem ser descendentes ou ascendentes;
facilitam a compreensão e a expressão da
emoção dos textos.
Tabela 6. Respostas da questão 1, item c, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Entonação - é o ato e o modo de emitir um
som.
Inflexão - é determinada pela acentuação do
som em determinado momento.
Modulação - é a passagem de um som para
outro, implica na mudança da freqüência e da
intensidade.
PV2 Entoação - tem a ver com a capacidade da
prega vocal produzir sons musicais
diferenciados.
Inflexão - é a possibilidade que o cantor tem
de imprimir um gesto emocional com a voz.
35
PV3 Entonação – tendência natural para o cantor.
Modulação – espontaneidade ao passar de
uma situação sonora para outra.
Inflexão – valorização consciente ou não dos
elementos sonoros relativos ao linguajar ou
melodia entoada.
PV4 Entonação – é característica indispensável
dopara o cantor manter-se no tom, é
primordial.
Modulação e Inflexão – dependem do que é
especificado pelo compositor e também da
interpretação.
PV5 Embora os três termos possam ser usados
para designar o mesmo conceito (movimento
melódico), é comum, entre professores de
canto, a distinção entre eles.
Entonação - ligada à afinação (ou seja,
afinação imprecisa).
Inflexão – está associada aos movimentos
melódicos e à realização de fraseados
(crescendo, decrescendo e pontos de apoio,
ao longo de uma frase musical).
Utilizo o termo modulação apenas ao me
referir à harmonia, para designar a mudança
de um tom para outro.
PV6 Entonação - que se relaciona com o tom em
que se fala, como na música. Muitas vezes
uso essa nomenclatura para definir a
musicalidade da fala.
Modulação: Também tem haver com a melodia
da fala ou do canto.
Inflexão: Tom, modulação e musicalidade da
fala. (este é o termo que mais utilizo em
minhas aulas de voz).
36
Todos estes termos possuem uma relação
direta de significados podendo ser utilizados
para se buscar uma fala expressiva, visando
uma boa construção de partitura vocal.
37
2) Definir as diferenças e semelhanças entre os ter mos:
a) Qualidade vocal e timbre
Tabela 7. Respostas da questão 2, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Qualidade vocal para voz e timbre para
instrumentos.
Não vejo diferenças.
Qualidade vocal como resultado dos ajustes
de longo termo nos planos laríngeo e
supralaríngeo do aparelho fonador.
F2 Timbre - refere-se à qualidade natural da voz.
Considero que os dois termos dizem a mesma
coisa.
F3 O timbre é aquilo que confere singularidade a
uma voz, é o som característico de uma
pessoa.
F4 Timbre é mais utilizado ao se referir aos
instrumentos musicais.
A Qualidade vocal são os atributos de como
está a voz, ex: áspera, rouca, soprosa, etc.
F5 Qualidade vocal – representa os ajustes
laríngeos e supralaríngeos durante a produção
da fala.
Timbre – não conheço a definição deste termo.
F6 Qualidade vocal refere-se ao conjunto de
características que identificam uma voz.
Timbre utilizado para diferenciar instrumentos
musicais.
38
F7 Qualidade vocal para classificar a voz de
acordo com a condição laríngea.
Com relação ao timbre, o associo ao trabalho
do filtro (ressonância e articulação) que
participa ativamente para caracterizar a voz
final.
Várias vozes podem receber a mesma
classificação da qualidade vocal, mas nunca o
timbre será o mesmo (dificilmente o pitch e a
ressonância são tão parecidos, por exemplo).
F8 -------
F9 Qualidade vocal é o resultado de vários
ajustes, desde a laringe (PPVV, parte supra-
glótica) até a região ressonantal da cabeça
(nariz, lábios, etc); produz sentido da
comunicação.
Timbre está mais restrito a voz em si
(freqüência, pitch) – massa das pregas vocais
que resultam em um determinado som.
Semelhanças: o timbre é um item da qualidade
vocal. A qualidade vocal contém o timbre.
Diferenças: qualidade vocal é mais abrangente
e Timbre, mais específico.
F10 O timbre e qualidade vocal é a “cor” dos sons,
determinado pelo número e intensidade de
harmônicos que existem com o som
fundamental.
F11 O termo timbre referente a instrumentos
musicais.
Penso que o termo qualidade vocal é mais
usado na literatura fonoaudiológica. É uma
39
questão de conceituação e escolha de uso do
termo.
Tabela 8. Respostas da questão 2, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Qualidade Vocal - refere-se aos aspectos da
voz se é rouca, nasal, tremula, soprosa entre
outras.
Timbre - é a qualidade acústica da voz
(combinação de harmônicos) é que distingue a
voz de uma pessoa de outra, e que depende
das características das pregas, tais como:
comprimento, largura, etc.
PV2 Qualidade vocal - é um juízo e é subjetivo.
Busca pela melhoria do timbre, para que
possa encaixar nos padrões da estética vocal
que está sendo trabalhada.
Timbre - é algo concreto e é mais objetivo. O
timbre é algo pessoal, é a manifestação
sonora de um corpo que por causa de suas
características tem um som específico.
PV3 Qualidade vocal – voz que se apresenta com
os elementos mencionados e melhor
resistência, extensão razoável.
Timbre – singularidade do caráter vocal.
PV4 Qualidade vocal – relacionadas com
quantidade de harmônicos graves e agudos,
com posição da voz anterior ou posterior,
maleabilidade ou dureza, etc.
Timbre – é a “impressão digital” do cantor,
resultados das qualidades vocais.
PV5 Compreendo a qualidade vocal como sinônimo
de timbre. Trata-se do conjunto de
características de uma voz (resultante de seu
espectro acústico) que a distingue de outra.
40
PV6 Quando uma voz possui qualidade vocal
pensamos que ela possui um bom timbre, pois
este é a capacidade de realizar sons na
mesma altura e intensidade, com resultados
harmônicos, com boa projeção e intensidade
sonora.
3) Enumere de um a cinco, sendo um para menor e cinco para maior segundo a
importância dos recursos primários (articulação, fr eqüência, intensidade, ressonância
e respiração) para a expressão dos recursos secundá rios selecionados abaixo:
Tabela 9. Resposta da questão 3 dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11
F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11
Projeção Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
2
1
3
4
5
4
5
3
2
1
2
1
3
5
4
4
3
2
1
5
3
4
5
1
2
4
5
1
2
3
4
1
2
5
3
4
1
4
5
5
4
1
3
5
2
3
2
1
4
5
1
4
2
3
5
Volume Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
2
1
5
4
3
4
5
3
2
1
2
1
5
4
3
1
5
2
3
4
5
4
1
3
2
4
5
1
3
2
2
1
3
5
4
3
4
5
3
5
1
3
4
2
5
2
1
4
3
5
1
3
4
2
5
Ritmo Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
1
1
1
4
2
4
5
3
1
4
2
1
3
5
1
3
4
5
2
2
3
4
5
1
3
2
4
5
1
1
3
4
5
2
5
1
2
2
5
3
5
4
1
2
3
4
1
2
5
4
2
3
1
5
Velocidade Articulação
Freqüência
4
2
4
4
2
1
4
2
3
1
5
1
3
5
1
5
2
5
3
5
2
41
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
5
3
1
1
3
5
3
5
2
4
5
1
3
4
2
4
5
2
3
3
5
1
4
3
3
3
4
3
1
4
Entonação Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
1
5
1
1
1
4
1
5
2
3
2
5
1
3
4
4
1
2
5
3
4
1
5
2
3
4
1
2
5
3
4
1
2
5
3
2
4
3
4
5
3
5
4
1
2
5
3
2
2
4
3
5
4
2
1
Modulação Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
1
5
4
1
1
3
1
2
4
5
2
5
1
3
4
4
2
1
5
3
4
1
5
2
3
4
1
2
5
3
4
1
2
5
3
3
2
3
4
5
3
5
4
1
2
5
3
2
2
4
3
5
4
2
1
Tabela 10. Resposta da questão 3 dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV PV1 PV2 PV3 PV4 PV5 PV6
Projeção Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
3
5
5
3
5
3
2
1
5
4
5
5
3
4
5
1
3
2
5
4
4
2
3
5
1
4
3
5
5
5
Volume Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
2
5
5
2
5
2
1
4
3
5
-
-
-
-
-
1
4
3
5
2
1
2
4
5
3
4
4
4
5
5
42
Ritmo Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
5
3
3
5
4
1
2
3
5
-
-
-
-
-
3
2
1
5
4
5
3
1
2
4
5
3
3
3
5
Velocidade Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
5
5
3
5
5
2
1
3
4
-
-
-
-
-
3
2
1
5
4
5
1
3
2
4
5
2
3
2
5
Entonação Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
5
1
3
-
3
2
1
5
4
-
-
-
-
-
2
5
3
5
4
2
5
1
4
3
5
5
5
5
5
Modulação Articulação
Freqüência
Intensidade
Ressonância
Respiração
5
5
2
5
3
4
2
1
3
5
-
-
-
-
-
3
2
1
5
4
1
5
4
2
3
5
5
4
4
5
4) Definir diferenças e semelhanças entre a dupla d e termos descritivos
selecionados:
a) Encoberta e Abafada
Tabela 11. Respostas da questão 4, item a, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 São similares, podendo denotar aspectos da
respiração, intensidade, articulação e
ressonância.
43
F2 “Considero os dois termos iguais.
F3 Para mim são sinônimos, mas podem ser
definidos melhor pelo contexto de uso;
significam uma voz que não ressoa com
facilidade.
F4 Referem-se à ressonância posterior, trato
vocal muito aberto e paredes faríngeas não
rígidas.
F5 Semelhanças – sem projeção
Diferenças – desconheço.
F6 Ambas relacionam-se à ressonância baixa e
articulação mais fechada e intensidade vocal
reduzida.
F7 Considero as duas classificações parecidas
por carecerem de projeção.
Encoberta - tem mais relação com uma
articulação mais fechada e “abafada” com uma
ressonância mais posterior ou mais hiponasal,
menos equilibrada na máscara.
F8 Não vejo diferença entre esses termos.
F9 As diferenças:
Encoberta pode ser um efeito de constrição
ântero-posterior e uma amplificação dos
harmônicos. Pode gerar um efeito positivo no
som.
Voz abafada - constrição mediana das pregas
vestibulares e gerar um efeito negativo, falta
de propagação do som.
Semelhanças: são ajustes feitos na mesma
44
região na laringe (supra-glote), mas com
resultados (efeitos) contrários..
F10 Os termos referem-se à qualidade vocal. São
sinônimos.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→respiração, freqüência,
intensidade, articulação.
Diferenças:
Recursos primários→ ressonância.
Recursos secundários→ projeção.
Tabela 12. Respostas da questão 4, item a, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Voz Encoberta: diz-se da voz protegida, bem
apoiada e sem rispidez.
Voz Abafada: voz sem brilho, escura e sem
volume.
PV2 Voz encoberta - produzida com liberdade de
emissão, mas ao chegar na região supra-
glótica encontra um ambiente acústico que
favorece harmônicos. Voz alta.
Voz abafada – sem brilho, a voz fica na
garganta.
PV3 Voz Encoberta – tendência para
arredondamento dos fonemas, colocação da
emissão vocal na cavidade posterior do palato.
Abafada – emissão vocal contida, falseada no
curso natural. Presente em indivíduos que
sofrem pressões persistentes.
PV4 Voz Encoberta – normalmente faz utilização
do espaço posterior da cavidade bucal para
maior ressonância, mas com a voz na
máscara.
Voz Abafada: fica restrita do espaço posterior.
45
PV5 Voz Abafada - é pobre em harmônicos
agudos, soando como "escondida", "tampada",
fraca. Já o termo Encoberta ou coberta é
utilizado, sobretudo no canto erudito, para
designar uma emissão com a laringe em
posição vertical mais baixa (trato vocal mais
alongado) e, portanto, rica em harmônicos
graves (mas os harmônicos agudos também
podem estar presentes).
PV6 Voz Encoberta - é uma voz oculta, que teme
ser ouvida, disfarçada talvez.
Voz Abafada - é uma voz também oculta, e
que não possui ar, quase sem ar, em que mal
se respira.
b) Constrita e Apertada
Tabela 13. Respostas da questão 4, item b, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 São similares, podendo indicar constrições em
plano glótico e supraglótico.
F2 Considero os dois termos iguais.
F3 São sinônimos; qualidade de voz que soa com
algum grau de tensão, talvez por questões
articulatórias ou respiratórias.
F4 Referem-se à constrição do trato vocal,
principalmente da articulação.
F5 Semelhanças – refletem constrição
Diferenças – desconheço.
F6 Relacionadas à tensão vocal.
46
F7 Considero termos semelhantes, envolvem
esforço.
Voz constrita pode envolver constrição
laríngea e a apertada pode envolver mais a
faringe.
F8 A voz constrita tem mais tensão de laringe que
a voz apertada, essa última mais relacionada à
articulação.
F9 A constrição pode ser benéfica ou não.
Se for mediana – maléfica; ântero-posterior –
pode ser benéfica.
Apertada – resultado de tensão cervical, ou
vestibular.
Semelhança – geradas na mesma fonte;
Diferenças – efeitos diferentes.
F10 Auditivamente são parecidas e na nomeação
também se assemelham.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→respiração, articulação
Diferenças:
Recursos primários→ intensidade,
ressonância.
Tabela 14. Respostas da questão 4, item b, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 São sinônimos, diz da voz estrangulada e
agudizada, normalmente é uma voz que causa
incomodo aos ouvintes.
PV2 Constrita – os músculos da garganta estão
pressionando os músculos intrínsecos. É uma
voz musculosa. Ela fica no domínio da
garganta, com isso o som que é produzido é
47
duro e apertado.
PV3 Constrita – voz típica de religiosos, de vida
monástica, com boa dicção, pouca projeção,
ressonância prejudicada, intensidade
superficial.
Apertada – emissão incorreta da voz sem
ressonância, fluência com ritmo e freqüência
alterados.
PV4 Constrita – é criada pelo cantor para um efeito
interpretativo, ele concentra os harmônicos.
Apertada – resultado de contrações
musculares indevidas.
PV5 Os termos Constrita e Apertada são
sinônimos. Ambos caracterizam uma voz
comprimida, com estreitamento tanto no nível
laríngeo como no supraglótico.
PV6 Voz Apertada - é quando a fala aparece
comprimida pelos lábios, com eles quase
cerrados, com pouco espaço para a sida do ar
de da própria palavra.
Voz Constrita também é uma voz apertada,
comprimida, mas constrangida, forçada.
c) Ríspida e Cortante
Tabela 15. Respostas da questão 4, item c, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 São similares; indicam aspectos de variação
de freqüência mais restrita e maior nível de
intensidade.
F2 Ríspida seria uma voz com aspereza e
cortante seria com picos de intensidade.
48
F3 Uma voz ríspida tem relação com um modo de
falar que é rápido, talvez grosseiro, tom mais
agravado e que considera o interlocutor como
adversário.
Cortante é uma voz que ressoa no outro, deixa
marcas, pelo efeito do discurso.
F4 Rispidez é uma característica de uma voz com
forte intensidade e com pouca entonação.
Cortante também tem um componente
respiratório envolvido.
F5 Semelhanças – imagino que refletem pitch
inadequado, alterada qualidade vocal
Diferenças – desconheço.
F6 Vozes de pitch agravado, modulação restrita,
podendo ser de intensidade mais forte.
F7 São termos que me remetem mais à
psicodinâmica vocal do que propriamente uma
fisiologia subjacente; com modulação pouco
flexível e uma intensidade mais aumentada.
F8 Ríspida eu relaciono à expressividade,
cortante é um termo que eu não uso.
F9 São termos que não utilizo.
F10 São significados pela mesma sensação
auditiva do ouvinte.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→respiração,
freqüência,ressonância
Diferenças:
Recursos primários→ intensidade, articulação.
Recursos secundários→ ritmo, velocidade,
modulação.
50
Tabela 16. Respostas da questão 4, item c, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Ríspida - voz que agride os ouvintes, tem
aspecto não puro e ataque vocal brusco.
Cortante - diz-se da voz que prepassa
barreiras, ouve-se facilmente em lugar ruidoso
ou na presença de outras vozes.
PV2 Ríspida – não possui brilho, não possui
doçura. Pressão dos músculos intrínsicos da
garganta. É uma voz senil e rouca. Com isso,
o som é duro e raspado.
PV3 Ríspida – ausência de flexão e ressonância,
articulação prejudicada, ritmo curto, alteração
timbrística.
Cortante – emissão abrupta, freqüência
alterada, supressão na expressão e fluência.
PV4 Ríspida – dura, normalmente ocorre excesso
de pressão subglótica e posicionamento muito
frontal do fluxo de ar.
Cortante – ocorre por falta de harmônicos
graves na emissão.
PV5 Não utiliza os termos Ríspida e Cortante, mas
parecem sinônimos. Ambos sugerem uma voz
dura, "pontuda", que "penetra" e "fere" os
ouvidos.
PV6 Voz Ríspida - voz severa, rude, grosseira, com
um som áspero e cortante (som agudo,
estridente).
51
d) Metálica e Estridente
Tabela 17. Respostas da questão 4, item d, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 São similares; denotam constrição em plano
supra glótico (especialmente das paredes de
faringe).
F2 Considero os dois termos iguais.
F3 Metálica - tem relação com a ressonância um
pouco mais nasal e com tensão na emissão.
Estridente - tem relação com a freqüência de
emissão do som, sempre mais agudo.
F4 Voz metálica e estridente estão relacionadas à
constrição do trato vocal, principalmente da
faringe.
Ela fica mais estridente se, além da constrição,
a voz estiver com freqüência mais elevada.
F5 Metálica – reflete constrição faríngea
Estridente - reflete constrição faríngea e pitch
agudo.
F6 Ambas relacionam-se a uma voz de pitch
agudizado, podendo ter componentes
ressonantais, principalmente a primeira.
F7 Voz metálica tem relação com uma
ressonância mais faríngea. Uma voz estridente
pode ser metálica, mas no geral também é
mais intensa e com pitch mais agudo.
F8 Ambas estão relacionadas à ressonância, não
considero diferentes.
52
F9 Metálica – é um efeito de estridor (pich
agudizado); pode ser mais aguda e com foco
posterior.
Estridente pode ter componente unidos, de
freqüência e intensidade.
F10 Sinônimos auditivamente. A variação pode
ocorrer pelos ajustes.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→ respiração, intensidade,
articulação.
Recursos secundários→ projeção, volume,
ritmo, velocidade, modulação
Diferenças:
Recursos primários→ freqüência, ressonância.
Tabela 18. Respostas da questão 4, item d, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Metálica - é a voz que lembra um metal que
ressoa, normalmente clara, forte e potente.
Estridente - é a voz aguda e penetrante, que
tem intensidade aumentada.
PV2 Metálica e estridente são comuns aos
nordestinos. O som é forte, constrição das
paredes faríngea, normalmente de freqüência
alta. Vozes que incomoda.
PV3 Metálica – quando correta os harmônicos
resultam em brilho e boa ressonância e
projeção.
Estridente – voz com rebatimento constante,
subseqüência do som emitido.
PV4 Metálica – é semelhante à cortante, faltam
harmônicos graves e equilíbrio.
Estridente – é a voz metálica com contrações
musculares incorretas.
53
PV5 Semelhança - a voz metálica como a
estridente tem brilho, a partir do reforço de
harmônicos agudos.
Mas a estridente parece tê-los em demasia,
em desequilíbrio (ausência de harmônicos
médios e graves), além de carecer de maciez,
o que a tornaria desagradável.
Já uma voz metálica, quando equilibrada,
pode ser de grande valor; no canto erudito, por
exemplo, é bastante ambicionada.
PV6 Voz metálica - quando lembra o som de um
metal.
Voz estridente - que é penetrante, com tom
mais agudo, com maior intensidade e
freqüência mais elevada.
e) Potente e Forte
Tabela 19. Respostas da questão 4, item e, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Potente - pode sinalizar aspectos de
respiração, enquanto forte pode sinalizar
adução glótica mais firme.
F2 Considero os dois termos iguais.
F3 São sinônimos, uma voz que se faz ouvir pela
boa qualidade do seu fluxo de energia, mais
intenso.
F4 Forte - é uma voz com grande intensidade e
potente, além da intensidade tem a projeção e
ressonância envolvidas.
F5 São sinônimos.
54
F6 Ambas significam que a voz é ouvida
claramente; a primeira pode relacionar-se à
projeção vocal e a segunda, à intensidade
vocal.
F7 Forte tem relação com intensidade e, portanto,
com a pressão aérea.
Potente implica em ter volume e ser facilmente
projetável.
F8 Potente tem projeção e forte tem intensidade,
loudness.
F9 Forte pode ser utilizado devido a uma força
física e muscular das pregas vocais + o ar.
Potente pode ser uma sensação psico-
acústica do som – como a loudness.
F10 São sinônimos, referem-se a qualidade vocal.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→ respiração, articulação.
Recursos secundários→ projeção, volume,
Diferenças:
Recursos primários→ freqüência, intensidade,
ressonância.
Recursos secundários→ ritmo, velocidade,
modulação.
Tabela 20. Respostas da questão 4, item e, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Potente - voz que tem resistência e fôlego, ou
seja, boa respiração.
Forte - é a voz que atinge tanto graves como
agudos com qualidade na manutenção do
volume.
55
PV2 Potente – qualidade natural da voz. Tem a ver
com a origem dos espaços naturais de
ressonância. Voz potente tem qualidades de
intensidade forte.
PV3 Potente – voz com amplitude expandida na
ressonância.
Forte – qualidade fisiológica inata,
característica de certas etnias.
PV4 Potente – tem equilíbrio perfeito na utilização
do aparelho fonador.
Forte – semelhante à voz potente, mas pode
ser decorrência de muita pressão subglótica.
O bom uso do aparelho fonador de cada um,
do “forte” e do “piano” de cada um, cada
cantor é um universo à parte.
PV5 Toda voz potente é forte, mas nem toda voz
forte é potente.
O termo forte é ligado à intensidade (grande)
do som.
Já a potência inclui, além do volume,
características de timbre, como "vigor" e
"robustez".
PV6 Voz Potente e Voz Forte são sinônimos, pois
uma voz potente é uma voz forte, sonora, com
vigor, assim como uma voz forte é potente,
sonora, com vigor.
f) Aveludada e Polida
Tabela 21. Respostas da questão 4, item f, dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11.
F1 Aveludada com maiores componentes glóticos
(como a fonação fluida).
Polida como articulação bem definida.
56
F2 Considero os dois termos iguais.
F3 Aveludada: diz respeito a uma voz que soa
com maciez, com um pouco de escape de ar.
Polida: diz respeito ao modo discursivo, no
caso, educado.
F4 Referem-se à ressonância, respiração,
articulação e entonação.
F5 Refletem agradável qualidade vocal.
F6 Ambas relacionam-se à vozes agradáveis; a
primeira refere-se à características de
ressonância equilibrada, pitch médio e
intensidade levemente reduzida e a segunda,
à intensidade levemente reduzida, velocidade
média e inflexão sem variações excessivas.
F7 Uma voz aveludada é agradável de escutar e
tem relação talvez com um pitch mais
agravado, uma loudness suave e uma
ressonância mais equilibrada.
O termo polida tem mais relação com a
psicodinâmica vocal.
Não acho que são termos que podem ser
comparados.
F8 Aveludada é uma qualidade vocal que
expressa sensualidade.
Polida é uma atitude, não relaciona à voz.
F9 O termo aveludada está ligado a freqüência e
ao número de vibrações das pregas vocais,
em uma laringe baixa.
Polida –Nunca utilizei este termo.
57
F10 São sinônimos, são nomeações por uma
escuta subjetiva.
F11 Semelhanças:
Recursos primários→ respiração, articulação.
Recursos secundários→ projeção, volume,
ritmo, velocidade, modulação.
Diferenças:
Recursos primários→ freqüência, intensidade,
ressonância.
Tabela 22. Respostas da questão 4, item f, dos Preparadores Vocais nomeados PV1 a PV11.
PV1 Aveludada: diz-se da voz suave, voz
encoberta, agradável aos ouvidos.
Polida: voz educada, com ataque suave,
pouco metálica, respiração discreta.
PV2 Aveludada e Polida são vozes com cobertura.
O ambiente acústico que a recebe está
devidamente preparado para “amortecer” a
lapidar o som. Está ligado aos ressonadores.
PV3 Aveludada – característica inata, na maioria
dos casos, vogais e consoantes se ajustam na
qualidade dos harmônicos produzidos pela
vibração sonora. Presente na fala e no canto.
Polida – voz educada.
PV4 Aveludada – faz bom uso dos harmônicos
graves, utilizando bem o espaço posterior.
Polida – voz brilhante, faz o bom uso dos
harmônicos agudos, utilizando
adequadamente o espaço anterior (máscara).
PV5 Não posso comparar esses dois termos, pois
nunca ouvi a expressão voz polida (seria
"educada"? ou "com brilho"?).
A característica que define uma voz como
58
aveludada é a sua maciez.
PV6 Voz Aveludada - agradável aos ouvidos,
suave, tênue.
Voz polida - está mais ligada ao jeito da
pessoa falar de forma mais polida, cortês, com
fina educação.
5)Selecionar apenas um dos recursos vocais primários (articulação, freqüência,
intensidade, ressonância e respiração) que apresent a relação mais imediata e direta com
os termos descritos abaixo:
Tabela 23. Respostas da questão 5 dos Fonoaudiólogos nomeados F1 a F11 e Preparadores
Vocais nomeados PV1 a PV11.
Encoberta Articulação: F7, F8, F9, F10
Freqüência:
Intensidade:
Ressonância: F2, F3, F4, F5, F6, PV1, PV2,
PV4, PV5, F11
Respiração: F1, PV6
Abafada Articulação: PV2, F10
Freqüência:
Intensidade: F1,
Ressonância: F2, F3, F4, F5, F6, F7, F8, F9,
PV1, PV4, PV5, F11.
Respiração: PV6
Constrita Articulação: F2, F3, F4, PV4, F9, PV1, PV2,
PV6
Freqüência:
Intensidade:
Ressonância: F1, F5, F6, F7, F8, F11
Respiração: F10, PV5
Apertada Articulação: F2, F3, F4, PV1, PV2, PV4, PV6
Freqüência: F9,
59
Intensidade: F11
Ressonância: F1, PV2, F5, F6, F7, F8,
Respiração: F10, PV5
Ríspida Articulação: F2, F3, F10, F11
Freqüência: F1, F5, F6, PV6
Intensidade: F4, PV4, F7
Ressonância: F8, PV1, PV2, PV5
Respiração:
Cortante Articulação: F10,
Freqüência: F1, F3, PV4, F5, F6, PV6
Intensidade: F4, PV1, F7, F9, F11
Ressonância: PV2, PV5
Respiração: F2, F8
Metálica Articulação:
Freqüência: F2, PV4, F8, F9, PV6
Intensidade:
Ressonância: F1, F3, F4, F5, F6, F7, F10,
PV1, PV2, PV5, F11
Respiração:
Estridente Articulação:
Freqüência: F3, F5, F6, F7, F8, PV4, PV6,
F11
Intensidade: PV1, PV2, PV4, F9
Ressonância: F1, F2, F4, F10, PV5
Respiração:
Potente Articulação:
Freqüência:
Intensidade: F2, F3, F4, F5, F6, F9, PV5
Ressonância: PV2, PV4, PV6, F7
Respiração: F1, PV1, F8, F10, F11
Forte Articulação:
Freqüência:
Intensidade: F1, F2, F3, F4, F5, F6, F7, F8,
F9, PV1, PV2, PV4, PV5
60
Ressonância: PV6
Respiração: F10, F11
Aveludada Articulação:
Freqüência: F5, F7, F9, F10, F11
Intensidade: F1, PV6
Ressonância: F2, F4, F6, F8 PV1, PV2, PV4
Respiração: F3, PV5
Polida Articulação: F1, F2
Freqüência: F5, F7, F9, F10
Intensidade: F3, F4, F6, PV6, F11
Ressonância: PV2, PV4, PV5, F8
Respiração: PV1
61
6. DISCUSSÃO
Esse estudo, baseado no aprofundamento de alguns recursos vocais primários, recursos
vocais secundários e termos descritivos da voz, traz à tona questões referentes à divergências
e convergências teóricas tanto no que diz respeito às respostas dadas pelos questionários de
fonoaudiólogos entre si e entre os preparadores vocais, como também a comparação das
colocações entre ambos os grupos de profissionais e com a literatura estudada.
A seguir, os termos estudados nessa pesquisa serão colocados em formato negrito e
maiúsculo para que seja possível destacá-los.
6.1 Recursos Vocais
Com relação às respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais foi possível
destacar diversos conceitos para termos semelhantes. De acordo com a questão 1, 2 e 3
pudemos identificar e discutir as diferenças, semelhanças e relações entre os termos.
Para a questão três, que se propõe a enumerar de um a cinco (um para menor e cinco
para maior) segundo a importância de recursos vocais primários para os recursos vocais
secundários estudados, foi realizada uma mudança para a discussão dos resultados, já que
optamos por discutir apenas os dois recursos primários com maior número de respostas para
cada termo como destacado, anteriormente, no método.
Todas as respostas colhidas dos questionários foram:
Para o trio de recursos vocais intensidade, volume e projeção foi possível destacar
convergências e divergências com a literatura e entre os questionários como pode ser visto a
seguir:
INTENSIDADE: De acordo com a literatura, em linhas gerais, pudemos destacar o
conceito de intensidade como sensação do volume da voz a qual pode ser classificada como
fraca, adequada ou forte (ANDRADA E SILVA, DUPRAT, 2004; BEHLAU, 2001). São
“parâmetros físicos ligados diretamente à pressão subglótica da coluna aérea que, por sua vez,
depende de uma série de fatores, como amplitude de vibração e tensão das pregas vocais,
62
mais especificamente da resistência que a glote oferece à passagem do ar” (Behlau e Pontes,
1995). Relaciona-se com amplitude e pressão. Tal recurso é medido em dB.
Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais
(PV1 a PV6) foi possível destacar as seguintes respostas que convergem com a literatura: para
F7 e F10 intensidade foi classificada como forte e fraco; F1 e F5 definiram como grandeza
mensurável do volume da voz; F9, PV1, PV5 e PV6 conceituaram intensidade como um
parâmetro que pode ser medido pelo aumento de dB; relacionado à resistência e impulso (F11);
relação com a fisiologia, com o aumento da pressão subglótica (F4).
Em linhas gerais, a intensidade foi definida de dois modos na literatura: segundo F4, F6,
F7 e F10, recurso de apoio e ênfase, da própria condição da fala ou do canto (PV3); e intenção
do cantor (PV4).
Para F1, F2, F3, F6, PV5 intensidade apresenta o mesmo conceito que volume.
VOLUME: Segundo a literatura o termo é relacionado à intensidade, porém esse recurso
secundário engloba também o recurso vocal primário de ressonância (GAYOTTO, 1997).
Para os preparadores vocais a definição deste recurso vocal converge com a literatura
no que diz respeito à relação com a intensidade (PV1, PV2, PV5, PV6), porém não mencionam
ressonância como parte de volume.
Dessa maneira, os questionários apontaram convergências entre si no sentido em que
os profissionais definiram intensidade e volume como sendo termos semelhantes (F2, F3, F5,
F6 e PV5). Além dessa convergência, também pudemos destacar como convergente as
respostas que apontam volume similar a loudness, como nas respostas que relacionam à
esfera perceptiva auditiva, como sensação da percepção de intensidade do som (F1, F10);
produção de fala com qualidade (F8); a sensação auditiva de intensidade (F5). Sendo que o
fonoaudiólogo F1 referiu ao loudness propriamente dito.
As divergências encontradas para as definições deste termo referem-se, em algumas
respostas, decorrência de emissão correta (PV3) e intenção do cantor, característica de cada
um (PV4). Em outras respostas, este recurso vincula-se a questões fisiológicas como: contato
63
mais forte entre as pregas vocais (F9) e amplitude de onda sonora com pressão subglótica
(F11). Obtivemos ainda respostas que referiram recursos vocais ao volume como: articulação
(F4), ressonância (F1, F7) e projeção (PV4).
PROJEÇÃO: Segundo a literatura, a definição encontrada designa o alcance da voz no
espaço e apresenta relação com ressonância (MARTZ 2000) e com a articulação. (FERREIRA
et al, 1998).
Pudemos destacar convergências entre os questionários e a literatura, como pode ser
observado: alcance da voz (PV1 e PV5); resultado da emissão vocal no espaço (F2, F3 e F11);
ou expansão da voz no ambiente (F6, PV2 e PV6); boa colocação no ponto focal (PV4);
capacidade de propagar o som, sem interferência de tensão vocal (F6); e a direção do som,
relacionado à ressonância (F4, F9).
Para a grande maioria, este termo está relacionado a pelo menos um dos recursos
vocais primários,como: articulação, respiração, ressonância (F4, F9, F7, F8, F10 e F11). Isto
está de acordo com a literatura citada acima. Para PV1 relaciona-se à freqüência e à
intensidade. Os sujeitos F7 e F11 relacionam projeção com volume, equilíbrio de recursos
vocais primários e volume (F11) e altura do som (F10).
As respostas obtidas pelos preparadores vocais PV3 e PV4 abrangem a definição
encontrada na literatura, já que se referem a uma maior consciência da emissão para realizar
uma boa projeção, resultando em uma melhor utilização do aparelho fonador (PV4) e uma
conseqüente emissão clara, natural e consciente (PV3).
O sujeito F1 definiu este recurso vocal secundário relacionado à esfera perceptivo-
auditiva. Assim, pudemos apontar que tal definição é um outro ponto de vista.
De acordo com a questão um, cujo objetivo foi definir o trio de recursos vocais:
intensidade, volume e projeção, pudemos verificar que para a definição de intensidade, a
maioria das respostas, tanto dos fonoaudiólogos quanto dos preparadores vocais, fez relação
com grandeza mensurável do volume ou com dB, respostas estas que convergem com
literatura, que a intensidade abrange a sensação do volume da voz.
64
Para alguns profissionais, como F1, F2, F3, F6, PV5 intensidade apresentou o mesmo
conceito que volume. Isto pode ter ocorrido já que o recurso da intensidade é a sensação de
volume. Ainda foram encontradas respostas que complementam a definição de intensidade
relacionando com a fisiologia, como o aumento de pressão subglótica.
Na questão em que os profissionais relacionaram volume com recursos vocais primários
constatou-se relação com intensidade e articulação. Tais relações estão presentes na literatura.
E em uma das respostas obtidas, os profissionais F1 e F7 afirmaram relação com ressonância.
Além desses houve também relação com projeção. A relação com a projeção pode ter sido
dada pelo fato de serem recursos interligados.
Para projeção obtivemos a maioria das respostas convergentes com a literatura, já que
os profissionais relacionaram projeção ao lançar a voz no espaço, ao alcance da voz. Grande
parte das respostas faz relação à ressonância, o que está de acordo com a literatura. Além da
ressonância encontramos outros recursos primários relacionados, como articulação e
respiração. Refletimos que os profissionais relacionaram articulação, já que esse recurso é
essencial para a boa inteligibilidade e emissão; e a respiração como recurso controlador do
som projetado.
Portanto o que podemos observar é que esses recursos são relacionados uns com os
outros, pois eles dependem um do outro e, em vários aspectos, estão interligados.
Abaixo segue o quadro 1, que em linhas gerais, aponta os principais conceitos entre o
trio de recursos vocais secundários: intensidade, volume e projeção. Segundo a literatura e
respostas dos questionários resumidamente.
DEFINIÇÕES
Intensidade Volume Projeção
- Classificada
como fraca,
adequada ou
forte (ANDRADA
E SILVA,
- Relacionado à
intensidade e
ressonância.
(GAYOTTO, 1997).
- Como sensação da
- Designa o
alcance da voz
no espaço e
apresenta relação
com ressonância.
65
DUPRAT, 2004;
BEHLAU, 2001).
- Grandeza
mensurável do
volume da voz
(F1, F5)
- Um parâmetro
que pode ser
medido pelo
aumento de dB.
(F9, PV1, PV5 e
PV6)
- parâmetros
físicos ligado
diretamente à
pressão
subglótica
(Behlau e Pontes,
1995).
percepção de
intensidade do som
(PV1, PV2, PV5, PV6)
- Relacionado à
loudness. (F1 e F10)
(MARTZ 2000)
- Apresenta
relação com
articulação.
(FERREIRA et al,
1998).
-Resultado da
emissão vocal no
espaço (F2, F3 e
F11).
-É a direção do
som, relacionado
à ressonância
(F4, F9).
Quadro 1. Definições dos recursos intensidade, volume e projeção.
De acordo com a questão três, para os recursos vocais secundários projeção e volume,
foi possível destacar, segundo as respostas dadas pelos fonoaudiólogos, como mais relevante
para volume os recursos vocais primários: respiração (4 respostas), freqüência e intensidade (3
respostas cada) e para projeção a respiração (5 respostas) e ressonância (4 respostas). Para
os preparadores vocais para o volume encontramos como de maior relevância os recursos
primários ressonância (3 respostas) e respiração (3 respostas) e para projeção ressonância (4
respostas) e articulação (3 respostas).
Os dados acima podem ser verificados no quadro 2, abaixo, que mostra os dois recursos
vocais primários com maior número de respostas para os recursos vocais, volume e projeção,
segundo ponto de vista dos dois grupos de profissionais.
66
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Volume Freqüência /
Intensidade/
Respiração
Ressonância/
Respiração
Projeção Ressonância
Respiração
Ressonância/
Articulação
Quadro 2. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos volume e projeção.
Dessa maneira, foi possível destacar que para os Fonoaudiólogos ambos os recursos
vocais secundários apresentam com maior número de respostas o recurso vocal primário:
respiração. Esse recurso possivelmente fora eleito já que para que se tenha um bom volume e
projeção é necessária boa capacidade respiratória, pois caso contrário, não seria possível obtê-
lo e até mesmo causaria tensão nas pregas vocais.
Para os preparadores vocais, o recurso vocal primário de maior relevância para projeção
é a ressonância, recurso que converge com a literatura, já que uma boa projeção está
intimamente relacionada a uma ressonância expandida, ou seja, que não reverbera em apenas
um lugar específico do corpo, mas em toda a extensão.
Para volume, os fonoaudiólogos apontaram com segundo maior número de respostas a
freqüência e a intensidade enquanto os preparadores vocais apontam à ressonância e a
respiração. Essas respostas convergem com a literatura já que este termo engloba tanto a
intensidade quanto a ressonância.
Para projeção, os fonoaudiólogos apontaram como segundo mais relevante a
ressonância, enquanto os preparadores vocais optaram pela articulação. Novamente, os
recursos vocais ressonância e articulação convergem com a literatura. A ressonância aberta e
expandida e a articulação mais aberta favorecerá a projeção.
67
Portanto, os recursos vocais primários de maior relevância para os recursos
secundários, projeção e volume, estão coerentes com a literatura e com a maioria dos
conceitos dados por esses profissionais.
Para o trio de recursos vocais ritmo, velocidade e fluência destacamos os seguintes
resultados:
RITMO: Em linhas gerais é “dado por todo conjunto da fala encadeada e pela velocidade
de emissão e intervalos de tempo existente entre as palavras” (VIOLA, 2000); além disso, pode
ser classificado como lento, adequado ou rápido (LEITE, 2004).
Para ritmo foi possível encontrar diferentes respostas que convergem com a literatura,
em sua grande maioria respostas que se relacionam às questões de duração: variação de
tempo (F3), sucessão de sílaba, duração, pausa, variação de altura e timbre em harmonia com
o conteúdo (F11), movimento constante em intervalos regulares em linha melódica (F2). Para
PV6, ritmo é a pulsação da fala com seus intervalos regulares. Para PV2, caracteriza ritmo
como a capacidade de articulação dos sons em sua duração no tempo, tem relação com a
percepção auditiva da existência temporal.
Os Fonoaudiólogos F3 e F9 classificam ritmo como forte ou fraco o que difere da
literatura que classifica como rápido, adequado ou lento. Refletimos a hipótese que os
fonoaudiólogos F3 e F9 classificaram ritmo como forte ou fraco por conta da acentuação
rítmica.
Como é possível notar, outros fonoaudiólogos relacionam esse recurso vocal secundário
a pausas e ênfases como pode se destacado em F8 e F4. Para F6 refere-se à acentuação da
fala: relacionado à ênfase, pausa e modulação, acentuação de palavras.
Desta forma, os recursos vocais que são definidos para ritmo mostraram convergências
com a literatura à medida que se referem a duração (tempo de emissão), que durante a fala
encadeada, necessita de pausas e ênfases para que seja possível maior compreensão do
discurso.
68
Para F9, ritmo está vinculado à prosódia que de certa forma vincula-se as respostas
dadas acima. Ao se relacionar à duração, faz-se conexão entre pausas e ênfases, o único
recurso que não foi destacado, e que diz respeito à prosódia, foi à entonação.
A maioria das respostas dadas pelos preparadores vocais, definiu ritmo segundo a
música, como pode ser visto: medida de tempo regular ou não de uma música, caracteriza o
intervalo e cadência da composição (PV1), vinculado a cadência da fala ou do canto (PV3),
determinado pelo compositor (PV4), é a distribuição de notas musicais ao longo dos
compassos - semibreve, mínimas, semínimas, colcheias, etc (PV5). Entre as respostas dadas
pelos fonoaudiólogos apenas F10 relaciona ritmo à música afirmando que ritmo refere-se a
andamento musical. Tal definição dada por esse sujeito converge com a literatura.
Apesar das diferentes respostas dadas pelos fonoaudiólogos e preparadores vocais a
maioria vinculou as questões relacionadas à duração, seja ela na fala ou no canto.
É importante ressaltar que as respostas dadas pelos preparadores vocais são
pertinentes à área musical, o que caberia a um objetivo que a abrangesse, além da
fonoaudiologia. A maioria dos preparadores vocais que responderam ao questionário são
professores de canto, sendo assim, certamente definiram os recursos e termos em suas
ligações com a música, portanto com a voz cantada. Novamente, vale ressaltar que não foi
nosso objetivo estudar questões da área da música.
VELOCIDADE: Refere-se ao “número de palavras por minuto de texto corrido”
(BEHLAU, 2001 p.111) e pode ser classificada como normal, aumentada, reduzida ou
excessivamente variada (LEITE, 2004).
Foi possível encontrar convergências com a literatura para esse recurso na medida em
que F1 e F9 apontaram velocidade como semelhante à taxa de elocução: refere-se à
ocorrência em unidade de tempo de segmentos da fala, número de palavras faladas por minuto
(F11) e número de sílabas por segundo (F5). Para F7 relacionado à duração e pausa e para F8
relacionado à pausa. Para PV6, a velocidade foi definida como qualidade de rapidez com que a
fala é proferida, podendo ter uma escala de variação com menor ou maior velocidade.
69
Além disso, F2, F3, F4, F7, F9, PV1 e PV2 conceituaram como variação de tempo:
rápida, lenta e mista mostrando convergências com a literatura que também apontou essa
classificação, porém utilizando outra nomenclatura.
A única definição que diverge de todas as outras respostas é do sujeito F6 que apontou
velocidade à agilidade em realizar ajuste motor. De certa forma, é uma definição que pode ser
relacionada a esse recurso vocal secundário já que um sujeito com alterações articulatórias
apresentará uma fala com pouca precisão dos órgãos fonoarticulatórios. Segundo a literatura,
Behlau (2001) aponta que tanto o ritmo quanto a velocidade de fala estão intimamente ligados
ao recurso vocal primário articulação. Sendo assim, sua resposta converge com a literatura.
Os conceitos para velocidade, dados pelos preparadores vocais, referiram como algo
que depende do compositor (PV4), como um andamento em que se executa a frase musical
(ritmo e melodia), à distância percorrida na unidade de tempo, além disso, sua notação musical
é feita tanto por meio de termos - "allegro" (rápido), "adagio" (lento), "andante" (moderado),
como por meio de medida metronômica (PV5). Dessa maneira, pudemos observar que suas
respostas não convergem e não divergem da literatura do campo da fonoaudiologia, já que
esses profissionais tiveram como base seu estudo na música, e suas definições relacionaram-
se ao andamento da notação musical como pode ser visto em partituras musicais.
O preparador vocal PV3 conceituou velocidade como relativo a fatores de ordem: étnico,
social, regional, educacional e emocional. Dessa maneira, essa definição não converge e não
diverge da literatura, apenas amplia a maneira de pensar/refletir sobre esse recurso vocal.
FLUÊNCIA: Segundo a literatura é a capacidade de expressar-se com objetividade e
clareza, sem que a fala esteja demasiadamente entrecortada (relaciona-se a ritmo)
(BRANDI,1990).
Foi possível encontrar convergências com a literatura de acordo com as seguintes
respostas: fazer fluir pensamento em palavras (F11); fluxo de fala (F1, F4); facilidade ou não na
emissão (F2, F7); voz que flui natural, espontânea e não forçada (PV1); qualidade fluída (PV5);
que possui facilidade em fluir, correr, desenvolver (PV6).
70
Obtivemos respostas que podem complementar o entendimento deste recurso. Tais
definições englobam questões fisiológicas e relacionadas aos recursos vocais, como pode ser
observado: engloba plano articulatório até o prosódico (F1); treinamento de respiração e
músculos fonatórios (PV2); depende de elementos expressivos e discursivos (F3); relacionada
à interjeição, alongamento e pausa (F5); aptidão para usar linguagem coordenando velocidade,
voz, articulação e respiração (F6); relacionado à entonação e pausa (F8).
Para F9, a fluência está relacionada à entonação e ênfase com ausência de pausa o que
diverge dos sujeitos F5 e F8 em relação à pausa. Provavelmente F9 acredita que pausa
relaciona-se a uma fala entrecortada e que, portanto, se opõe a uma fala fluente, mas o que
pode-se refletir é uma expressão contínua quanto a falta de uma emissão entrecortada. O
sujeito F10 conceitua fluência utilizando os dois termos acima, ritmo e velocidade: bom ritmo e
velocidade adequada. Já o preparador vocal PV4 afirma que fluência vem com o estudo
(provavelmente o estudo da música).
Ainda de acordo com a questão um, que tem como o objetivo de definir trios de recursos
vocais ritmo, velocidade e fluência, pudemos notar que para o recurso vocal ritmo há respostas
dos profissionais presentes na literatura quando relacionam ritmo à duração, ao tempo de
emissão, quer seja da fala como da música, como aponta um dos preparadores vocais quando
exemplifica com o tempo de duração das notas (semibreve, colcheia, semicolcheia e etc).
Embora o fonoaudiólogo tenha dado enfoque para a resposta do questionário a voz falada e os
preparadores vocais a música, tanto os preparadores vocais como os fonoaudiólogos referem
ritmo à duração de emissão.
Já para a velocidade há uma discrepância nos resultados pelo fato do objeto de estudo
das áreas dos profissionais envolvidos serem diferentes, pois muitos fonoaudiólogos definem
velocidade semelhante à literatura, quando afirmam que há relação com a taxa de elocução,
número de palavras faladas em um minuto e até mesmo quanto à classificação: lento,
adequado e rápido. Já os Preparadores Vocais relacionam velocidade com a música, pois
conceituam, de acordo com o andamento da música, estipulado pelo compositor e marcada
através do metrônomo, que também pode ser classificada como lenta, moderada ou rápida.
71
Quanto à fluência houve diversas respostas relacionadas às pausas, o que nos mostra
que os profissionais sugerem que, para ter fluência, é necessário que se faça o uso adequado
de pausas.
Como pode ser observado nas respostas dos questionários acima, no que se refere a
esse trio de recurso vocal, ritmo, velocidade e fluência, não foi possível definir um desses
recursos sem remeter-se aos outros, pois eles estão intimamente relacionados e interligados.
Este fato pode ser melhor observado no quadro 3, abaixo:
DEFINIÇÕES
Ritmo Velocidade Fluência
- Dado por todo
conjunto da fala
encadeada e pela
velocidade de
emissão e
intervalos de
tempo existente
entre as palavras
(VIOLA, 2000).
- Pode ser
classificado como
lento, adequado
ou rápido (LEITE,
2004).
- Sucessão de
sílaba, duração,
pausa, variação
de altura e timbre
em harmonia
com o conteúdo
(F11).
- Variação de
- Número de palavras
por minuto de texto
corrido (BEHLAU,
2001).
- pode ser classificada
como normal,
aumentada, reduzida
ou excessivamente
variada (LEITE, 2004).
- Semelhante à taxa de
elocução: refere-se à
ocorrência em unidade
de tempo de
segmentos da fala (F1
e F9).
-Variação de tempo:
rápida, lenta e mista
(F2, F3, F4, F7, F9,
PV1 e PV2).
- Relacionado à
duração e pausa (F7)
- É a capacidade
de expressar-se
com objetividade
e clareza, sem
que a fala esteja
demasiadamente
entrecortada.
(BRANDI, 1990).
-Fazer fluir
pensamento em
palavras (F11).
-Fluxo de fala
(F1, F4).
72
tempo (F3).
- Movimento
constante em
intervalos
regulares em
linha melódica
(F2).
Quadro 3. Definições dos recursos ritmo, velocidade e fluência.
Para a questão três, os dois recursos vocais primários com maior número de respostas
para os recursos vocais secundários segundo os fonoaudiólogos foram para ritmo ressonância
(4 respostas) e respiração (4 respostas); e velocidade à articulação (4 respostas). Para os
preparadores vocais os recursos primários foram para ritmo à articulação (3 respostas) e
respiração (3 respostas) e para velocidade a respiração (2 respostas).
Abaixo podemos verificar o quadro 4 com as respostas acima:
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Ritmo Ressonância /
Respiração
Respiração/
Articulação
Velocidade Articulação Respiração
Quadro 4. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos ritmo e velocidade.
O que pode ser observado é que para ritmo, os fonoaudiólogos apontaram com o
mesmo número de respostas os recursos ressonância e respiração, enquanto para os
preparadores vocais com o mesmo número de respostas foram eleitos os recursos de
respiração e articulação. É possível compreender a escolha realizada pelo recurso respiração,
pois o ritmo vai sendo realizado, entre outras coisas, através de intervalos de tempo como é
possível observar na literatura (VIOLA, 2000) e, portanto, durante a fala encadeada,
observamos pausas que são marcadas por momentos de respiração. Outro recurso que
converge com a literatura é o dado pelos preparadores vocais: a articulação. Embora, nenhum
deles tenha citado em suas respostas para pergunta de número um, é evidente que para um
bom ritmo de fala é necessário uma boa articulação, sem repetições ou cortes.
73
O recurso que diverge da literatura, bem como das respostas dadas pelos
fonoaudiólogos nos questionário é o recurso primário de ressonância. Não foi possível
compreender qual a razão desta escolha.
Pelos conteúdos apontados nas respostas anteriores, para o recurso vocal secundário
velocidade, o recurso primário com maior número de respostas tanto para os fonoaudiólogos é
a velocidade, já par os preparadores vocais é a respiração. Embora, apenas um fonoaudiólogo
(F6) tenha citado a velocidade relacionada aos ajustes motores, esse recurso converge com a
literatura como é apontado por Behlau (2001): é necessário controle dos órgãos
fonoarticulatórios para que haja uma fala com bastante precisão.
Ainda para velocidade, o recurso primário eleito pelos fonoaudiólogos foi a articulação, e
para os preparadores vocais, a respiração. Lembrando que a velocidade apresenta grande
relação com duração, podemos concluir que a rapidez e a lentidão do discurso podem
relacionar-se com questões de respiração. Um sujeito com alterações respiratórias pode não
conseguir fluir seu discurso com a mesma rapidez comparado a outro sujeito sem alterações,
pois este entrará em fadiga e durante todo o discurso é necessário o uso de pausas mais vezes
para respirar. Novamente, não é possível compreender a escolha dos fonoaudiólogos pelo
recurso vocal primário de ressonância.
Podemos concluir que os recursos primários selecionados, em sua grande maioria,
convergem com a literatura e, em muitos casos, escolhas que não foram citadas nos conceitos
do questionário (como a articulação para o recurso ritmo citada pelos preparadores vocais) nos
fazem refletir sobre sua importância e relação com o recurso vocal secundário.
Veremos, a seguir, o trio de recursos vocais entonação, modulação e inflexão:
ENTONAÇÃO: De acordo com a literatura este recurso é definido como a variação da
melodia, conforme a intenção do discurso (KYRILLOS, ANDRADA e COTES, 2002), e a
quantidade de energia aplicada a um determinado segmento de fala. Este recurso vocal
secundário é classificado como descendente no caso de encontrar sinalização de não
continuidade e em sentenças declarativas, e curva ascendente para sinalização de continuidade
e sentença interrogativa (ARRUDA, 2004).
74
Foi possível destacar diversas respostas, em grande maioria, vinculadas aos recursos
vocais primários freqüência e intensidade como pode ser visto em: variação do tom (F1, F2, F3
e F4); variação de intensidade (F4, F7); relacionada à freqüência e duração (F9); característica
primordial para o cantor manter o tom (PV4); e que se relaciona com o tom em que se fala,
como na música (PV6).
Além desses recursos primários, a entonação foi também definida como modulação
vocal (F8); e que transmite os sentimentos da mensagem (F9). Esses conceitos convergem
com a literatura à medida que, devido à intenção do discurso, as palavras significativas são
marcadas com variações entoacionais. Portanto, de acordo com as emoções do sujeito
ocorrerá modulação durante o discurso, ou seja, curvas ascendentes ou descendentes, etc.
durante a fala.
Para os preparadores vocais PV1 e PV2 a entonação refere-se às questões relacionadas
à fisiologia e, portanto, conceituada como o modo de emitir som (PV1); e a capacidade das
pregas vocais em produzir sons musicais variados (PV2), o que não diverge de referenciais
teóricos.
Encontramos, novamente, a tendência dos preparadores vocais em definir os recursos
vocais baseados em seus conhecimentos sobre música como é o caso de PV3 (tendência
natural do cantor) e PV5 (ligada à afinação).
Para o sujeito F3, a entonação é sinônimo de curva melódica. Dessa forma, há
convergência com a literatura já que este recurso é classificado como ascendentes ou
descendentes durante a fala encadeada e, portanto, traçando melodias (curvas melódicas) de
acordo com a intenção do discurso do sujeito.
MODULAÇÃO: Tal parâmetro é determinado pela variação de freqüência (pitch) e
alongamento da sílaba. (ARRUDA, 2004). Pode ser classificada como ascendente, retilíneo e
descendente. (KYRILLOS,2007).
Através das respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais foi possível
estabelecer convergências com a literatura já que estas respostas apontaram relação deste
recurso com a freqüência, com alongamento de sílaba (duração) e, por fim, com a intensidade
75
que se relaciona a maneira como esse recurso vocal secundário será classificado (ascendente,
por exemplo): variação de tempo, freqüência e intensidade (F1); variação de tons e intensidade
(F4); mudança de freqüência e de intensidade (PV1); mudança de uma situação sonora para
outra (PV2); e mudança de um tom para o outro (PV5)
Os sujeitos F7 e F8 conceituaram este recurso vocal, respectivamente, como: variação
de entonação e intensidade e modulação vocal. Assim, podemos destacar as questões de
intensidade vinculadas às curvas melódicas, já que a melodia é caracterizada por ênfases e,
portanto, pelo aumento ou diminuição de intensidade como pode ser referido por Kyrillos,
Andrade e Cotes (2002, p.258) que apontam que a “modulação é dada por meio de ênfase”.
Os preparadores vocais PV4 e PV6 definiram modulação, respectivamente, como: algo
que depende do compositor, relacionada à melodia da fala ou canto. Podemos observar, que
essas definições vinculam-se a suas bases teóricas da música.
Para os sujeitos F2 e F7, modulação e inflexão são sinônimos, porém o sujeito F2
conceituou esses recursos vocais secundários (modulação e inflexão) como: representa curva
melódica, variação de velocidade, duração, intensidade e variação tonal. Essa definição
converge com a literatura já que nas diferentes línguas podemos encontrar diferentes curvas
melódicas marcadas pelas ênfases e por aumento ou diminuição de intensidade, alongamento
de sílabas (rapidez ou lentidão do discurso) e variação de freqüência.
INFLEXÃO: refere-se às características da nossa fala. Além disso, a inflexão é parte da
melodia e nos permite diferenciar as diversas línguas (BOONE, 1996). A variação das inflexões
pode ser obtida através de: variação da velocidade da voz, variação do volume da voz e
variação do tom da voz. (PENTEADO, 1919)
Foi possível encontrar convergências com a literatura, nos resultados, os quais
conceituaram inflexão como variações melódicas que demarcam ênfases (F1); relação com a
modulação, desvios de tonalidade (F3); variação de tom e intensidade (F4); relação com a
acentuação (PV1); com gesto emocional (PV2); relação com a melodia (PV3); associada aos
movimentos melódicos e à realização de fraseados (crescendo, decrescendo e pontos de
apoio, ao longo de uma frase musical) (PV5); tom, modulação e musicalidade da fala (PV6).
76
Das respostas acima, podemos destacar que a maioria das definições de inflexão tem
grande relação com os conceitos de modulação e entonação, já que estes recursos vocais
secundários parecem complementar seu conceito.
O sujeito F8 conceituou esse recurso como o que dá entonação ao discurso, o qual
provavelmente está relacionado à definição de Kyrillos, Andrade e Cotes (2002) em que as
autoras definem a entonação como variação da melodia, conforme a intenção do discurso e,
portanto, complementa a afirmação de Boone (1996) o qual aponta a inflexão como parte da
melodia que faz possível diferenciar as diversas línguas.
O preparador vocal PV4 definiu inflexão como: algo que depende do compositor.
Novamente, é possível destacar que sua resposta está embasada em seus conhecimentos
musicais.
Ainda de acordo com a questão um que tem como o objetivo de definir trios de recursos
vocais, entonação, modulação e inflexão, podemos destacar que os sujeitos F5, F6 e F10
apontam o trio como sinônimos, bem como para F9 que afirma serem palavras diferentes para
uma mesma função. F11 afirma que os recursos são quase sinônimos e justifica dizendo que
apresentam variação de altura do tom laríngeo (pode ser descendente ou ascendente) e facilita
a compreensão. Este fato ocorre devido à ligação dos termos com melodia e modulação de
freqüência.
Para entonação observamos que os fonoaudiólogos destacaram variação dos recursos
vocais primários freqüência e intensidade. Já os preparadores vocais apontam variação de tom.
Mesmo sendo respostas diferentes observamos que a definição se mostra com a mesma
intenção, tanto entre si quanto como a literatura, que diz que entonação é variação de melodia,
conforme a intenção do discurso.
Para modulação, a maioria dos profissionais afirmaram mudança de freqüência ou tom,
concordando com a literatura; além da freqüência relacionaram também à intensidade;
provavelmente esta relação é feita pelo fato de que as variações de intensidade ligam-se à
dinâmica de modulação.
77
Quanto à inflexão podemos notar definições próximas das definições dadas para
modulação e entonação, já que todos estes termos referem-se à melodia.
O quadro 5 abaixo, em linhas gerais, aponta os principais conceitos entre o trio de
recursos vocais secundários: entonação, modulação e inflexão.
DEFINIÇÕES
Entonação Modulação Inflexão
- Variação da
melodia, conforme a
intenção do discurso
(KYRILLOS,
ANDRADA e
COTES, 2002).
- Relacionada à
freqüência e duração
(F9).
- Variação de
intensidade (F4 e
F7).
- Modulação vocal
(F8).
-Transmite os
sentimentos da
mensagem (F9).
- capacidade das
pregas vocais em
produzir sons
musicais variados
(PV2).
-Que se relaciona
com o tom em que
se fala, como na
música (PV6).
-Variação de
freqüência (pitch) e
alongamento da
sílaba. (ARRUDA,
2004).
-Classificada como
ascendente, retilíneo
e descendente.
(KYRILLOS,2007).
-Variação de tempo,
freqüência e
intensidade (F1).
- Variação de
entonação,
intensidade e
modulação vocal (F7
e F8).
- Mudança de uma
situação sonora para
outra (PV2).
- Mudança de um
tom para o outro
(PV5).
É parte da melodia e
nos permite diferenciar
as diversas línguas
(BOONE,1996).
- Variações melódicas
que demarcam
ênfases(F1).
- Variação de tom e
intensidade (F4).
-Relação com a
acentuação (PV1).
- Tom, modulação e
musicalidade da fala
(PV6).
-Associada aos
movimentos melódicos e
à realização de
fraseados (crescendo,
decrescendo e pontos
de apoio, ao longo de
uma frase musical)
(PV5).
78
Quadro 5. Definições dos recursos entonação, modulação e inflexão.
Os dois recursos vocais primários com maior número de respostas para os recursos
vocais secundários, de acordo com a questão três, segundo os fonoaudiólogos foram tanto
para entonação e modulação, a freqüência (4 respostas) e ressonância (3 respostas). Para os
preparadores vocais os recursos primários foram para entonação, freqüência (4 respostas) e
ressonância (3 respostas); para modulação apenas freqüência (3 respostas).
Para melhor visualização, abaixo segue o quadro 6, que aponta os dois recursos vocais
primários com maior número de respostas para os recursos vocais, entonação e modulação,
segundo ponto de vista dos dois grupos de profissionais.
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Entonação Freqüência/
Ressonância
Freqüência/
Ressonância
Modulação Freqüência/
Ressonância
Freqüência.
Quadro 6. Recursos vocais primários mais relevantes para os recursos entonação e
modulação.
Para entonação, de acordo com os conceitos dados por esses profissionais, os recursos
primários esperados seriam freqüência e intensidade, todavia, embora tenham citado a
freqüência, nenhum dos grupos apontou a intensidade, e em seu lugar, foi eleito a ressonância.
O recurso vocal primário freqüência converge com a literatura, a medida que na entonação
ocorrem as variações de tons (melodias) como pode ser visto em Kyrillos, Andrada e Cotes
(2002).
Pode-se compreender, neste caso, que de fato a ressonância tem papel estruturante no
trio de recursos escolhidos, pois ao variar os tons, o sujeito utiliza-se de diferentes caixas de
ressonância como “veículo” de amplificação sonora do corpo.
Para o recurso modulação, esse dois grupos de profissionais convergem com a escolha
do recurso vocal primário: freqüência. Segundo Arruda (2004), esse recurso é determinado pela
variação de freqüência, portanto, a total relação entre esses recursos com a literatura.
79
O recurso primário ressonância foi eleito tanto para entonação como para modulação
pelos fonoaudiólogos o que mostra, de certa forma, que estes recursos estão interligados e
apresentam uma relação mais direta.
Portanto, os recursos primários selecionados, em sua grande maioria, convergem com a
literatura e em muitos casos, escolhas que não foram citadas nos conceitos do questionário nos
fazem refletir e ampliar questões sobre esses recursos apontados.
Para os termos qualidade vocal e timbre, encontrados na questão dois, foi possível
destacar segundo os conceitos estabelecidos pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores
Vocais (PV1 a PV6):
QUALIDADE VOCAL: Este termo é definido como “padrão básico da voz de uma
pessoa que distingue e o identifica. É dada pelo conjunto de características acústicas-
freqüência, intensidade e ressonância- e articulatórias- articulação, velocidade e ritmo”. (VIOLA,
2000 p.82).
Encontramos convergências entre as respostas dos questionários e a literatura de
acordo com as definições dadas a seguir: resultado dos ajustes de longo termo5 no plano
laríngeo e supralaríngeos no aparelho fonador (F1, F5, F7 e F9); são atributos de como está a
voz (F4); refere-se ao conjunto de características que identificam uma voz (F6); aspecto da voz
(PV1); é um juízo e é subjetivo (PV2); qualidade vocal trata-se do conjunto de característica de
uma voz, resultante de seu espectro acústico, que distingue de outra voz (PV5). Portanto, todos
os conceitos supracitados referem-se à características que mostram a singularidade das
diferentes vozes, ou seja, diferentes ajustes que apontarão mudanças perceptivo-auditivas e
subjetivas de cada voz.
Para o sujeito F10, qualidade vocal é a cor dos sons, determinada pelo número e
intensidade de harmônicos que existem com o som fundamental, assim como PV4 que afirmou
que qualidade vocal é a quantidade de harmônicos, posição da voz e flexibilidade da voz. Estes
5 Termo também relacionado ao campo da análise acústica. A análise do espectro de longo termo proporciona um espectro médio de todos os sons sonoros ao longo de uma amostra de fala relativamente longa, de tal forma que representa a somatória média de uma série de espectros de curto termo.(SOYAMA, C.K.;ESPASSATEMPO, C.de.L.;GREGIO, F.N.; CAMARGO, Z.A, 2005)
80
conceitos não apontam diretamente nomeações da literatura, mas são convergentes à medida
que estabelecem relações com características acústicas e articulatórias.
Foi possível verificar divergências com a literatura como pode ser vista nas respostas de
PV3 que diz que esse termo denota melhor resistência e extensão vocal e PV6 o qual aponta
que a qualidade vocal é capacidade de realizar sons na mesma altura e intensidade, com
resultados harmônicos, com boa projeção e intensidade sonora. Vale ressaltar que a colocação
de PV6 diverge da literatura à medida em que esse sujeito define qualidade vocal como uma
característica de qualificação, ou seja, algo que tem qualidade ou não tem qualidade.
Pudemos verificar questões que ampliam o conceito de qualidade vocal como é o caso
da resposta do sujeito F11: qualidade vocal é o termo mais utilizado na literatura
fonoaudiológica, por uma questão de conceituação e escolha de uso do termo. O profissional
F11 parece ter apontado que o uso desse termo está vinculado a uma opção dessa área e por
seu conceito, embora não o defina.
F10 não distingue os termos qualidade vocal e timbre. Já para PV5 esses termos são
sinônimos.
TIMBRE: O timbre resulta dos fenômenos acústicos, como a região glótica, os
ressonadores, a posição da laringe e todo trato vocal, que localizam-se nas cavidades
supraglóticas. (DINVILLE, 1993). Também conceituado como “lustre da voz, ou seja, a
contribuição glótica para a qualidade vocal” (BRANDI, 2007, p.48). Atualmente o uso do termo
timbre ”está se restringindo aos instrumentos musicais” (BEHLAU, 2001, p.91).
Encontrou-se convergências com a literatura já que os sujeitos F1, F4, F6 e F11
definiram timbre como termo relacionado aos instrumentos musicais como pode ser encontrado
nos estudos de Behlau (2001). Embora F1, ao definir timbre, aponta não notar diferenças entre
os dois termos.
O sujeito F7 associa o termo ao trabalho de filtro6 com participação dos recursos
primários articulação e ressonância que participam ativamente resultando na voz final. Várias
6 É considerado o fenômeno que se realiza no tubo do trato vocal, constituído pela região glótica e supraglótica, pós fonação.
81
vozes podem receber a mesma classificação de qualidade vocal, mas nunca o timbre será o
mesmo (dificilmente pitch e ressonância são tão parecidos, por exemplo). Para os preparadores
vocais timbre é o termo de maior convergência com a literatura: o definem como a qualidade
acústica que distingue a voz de uma pessoa para a outra, é como se fosse a identidade da voz.
Portanto, essas definições convergem com a literatura, já que as respostas parecem
semelhante ao conceito de Dinville (1993), no qual aponta o termo relacionado às questões
acústicas, fisiológicas e de posicionamento das cavidades supraglóticas e por fim, segundo
Brandi (2007) resultará na contribuição para identificação de uma voz.
O Fonoaudiólogo denominado F9 apontou as semelhanças e diferenças entre a dupla de
termos dizendo que quanto às semelhanças o timbre é um item de qualidade vocal. A
qualidade vocal contém o timbre. Para as diferenças aponta que qualidade vocal é um termo
mais abrangente enquanto timbre, é mais específico. Dessa maneira, é possível notar que este
profissional aponta que esses termos estão fortemente interligados. Ele aponta como
semelhante o fato de que qualidade vocal contém o timbre; possivelmente este sujeito entenda
que o timbre, com contribuições ao nível das pregas vocais, resultará na possibilidade de
identificar uma voz.
Há divergências com relação as definições de F9; o que pudemos pesquisar é que o
timbre é abrangente ao ser próprio e único, já qualidade vocal é mais “trabalhável” pois
abrange, qualidades que a voz pode produzir, potencializando-a e é, ao mesmo tempo,
especifico, pois revela o sujeito em suas características mais intrínsecas. Todavia, se
comparado com a qualidade vocal como termos pode-se dizer que qualidade vocal é composta
por tipos de voz e características que são mais “generalizáveis”, pois podem ser referidas a
dois sujeitos diferentes; já o timbre é único, pessoal, cada pessoa tem o seu. Além disso, a
qualidade vocal são características que podem compor a voz de uma pessoa, seu timbre.
Dessa maneira, é necessário ressaltar que os sujeitos F7 e F9 são contraditórios em suas
definições.
Por outra visão, PV6 afirmou que quando uma voz possui qualidade vocal pensamos que
ela possui um bom timbre. O profissional F6 comparou os dois termos e, de certa forma, parece
entender o termo qualidade vocal como uma voz com qualidade, boa, caracterizada como
positiva (por exemplo) e, portanto, para que isso ocorra são necessários ajustes favoráveis no
timbre.
82
Foi possível encontrar conceitos nos questionários que apontaram timbre com definições
semelhante à encontrada para o termo qualidade vocal como: é aquilo que confere a
singularidade da voz; som característico de uma pessoa (F3), refere-se a qualidade natural da
voz (F2).
O sujeito F8 não conceituou os termos qualidade vocal e timbre. O sujeito F5 relatou não
conhecer o termo timbre.
Ainda de acordo com a questão dois que tem como o objetivo definir a dupla de termos
qualidade vocal e timbre, podemos destacar, de acordo com as respostas e com a literatura,
que são termos que se relacionam entre si.
O timbre aponta para questões fisiológicas, acústicas e de ajustes supraglóticos que
auxiliarão na identificação das diferentes vozes, ou seja, diferentes posicionamentos apontarão
características que mostram a singularidade dessas vozes. Portanto, os diversos timbres
resultam em diferentes qualidades vocais, desde suas características subjetivas que
pressupõem características acústicas e articulatórias.
Foi possível encontrar conceitos de timbre que se assemelham às definições de
qualidade vocal e ainda, profissionais que consideram os dois termos sinônimos. Portanto,
embora tenham conceitos diferentes, esses dois termos apresentam grande relação, pois
através da qualidade vocal podemos denominar e caracterizar uma voz de diversas maneiras e
o pelo timbre será possível identificar essa voz a partir dos ajustes encontrados para cada
falante específico.
A seguir, em linhas gerais, o quadro 7 de definições dos dois termos estudados acima.
DEFINIÇÕES
Qualidade Vocal Timbre
-Padrão básico da voz de uma
pessoa que distingue e o
identifica (VIOLA,2000).
-É um juízo e é subjetivo (PV2).
-É o “lustre da voz”, ou seja, “a
contribuição glótica para a qualidade
vocal” (BRANDI, 2007, p.48).
- Termo relacionado aos
83
- São atributos de como está a
voz (F4).
-Trata-se do conjunto de
característica de uma voz,
resultante de seu espectro
acústico, que distingue de outra
voz (PV5).
- É a cor dos sons, determinada
pelo número e intensidade de
harmônicos que existem com o
som fundamental (F10).
- Várias vozes podem receber a
mesma classificação de
qualidade vocal, mas nunca o
timbre será o mesmo (F7).
instrumentos musicais (F1, F4, F6 e
F11).
Quadro 7. Definições dos termos qualidade vocal e timbre.
6.2 Termos Descritivos da Voz:
Com relação às respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais pudemos destacar
diversos conceitos para termos semelhantes. De acordo com as questões 4 e 5 será possível
identificar e discutir as diferenças, semelhanças e relações entre os termos.
Para a questão cinco, que se propõe a selecionar apenas um dos recursos vocais
primários que apresenta relação mais imediata com os termos descritivos da voz estudados,
optaremos por discutir apenas um recurso primário com maior número de respostas para cada
termo descritivo da voz (como destacado, anteriormente, no método).
Para a dupla de termos descritivos da voz, voz encoberta e abafada foi possível destacar
convergências e divergências com a literatura e entre os questionários.
VOZ ABAFADA: Segundo a literatura, esta voz apresenta um foco baixo, ou seja, uma
ressonância de pescoço (GAYOTTO,2006). Relaciona-se à ressonância e à articulação
(GAYOTTO, 2005)
84
Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais
(PV1 a PV6) foi possível destacar respostas coerentes com a literatura com relação as
seguintes definições: sem brilho (PV1 e PV2); sem volume e escura (PV1); espaço posterior
(PV4); voz pobre em harmônicos agudos, soando como "escondida", "tampada", fraca (PV5); é
uma voz oculta (PV6); ressonância posterior ou mais hiponasal, menos equilibrada na máscara
(F7); voz que não ressoa com facilidade (F3); ressonância posterior (F4); ressonância baixa,
articulação fechada e intensidade vocal reduzida (F6).
As definições propostas que não estão de acordo com a literatura foram: emissão
falseada (PV3); que não possui ar, quase sem ar, em que mal se respira (PV6); falta de
propagação do som (F9); voz sem projeção (F5).
Alguns profissionais afirmaram semelhanças entre os termos definindo-os como: relação
entre respiração, intensidade, articulação e ressonância (F1). Foi possível notar duas respostas
antagônicas, nos seguintes conceitos para voz abafada dados por F9 e F4. Para F4 o trato
vocal permanece aberto e parede faríngea não rígida (F4); já para F9 há uma constrição
mediana de pregas vestibulares, causando um efeito negativo.
VOZ ENCOBERTA: De acordo com a literatura apresenta foco de ressonância posterior
(GAYOTTO, 2006) e a língua apresenta papel importante nesse tipo de voz (ANDRADA E
SILVA e DUPRAT 2004).
A voz encoberta teve como definição convergente à literatura: emissão vocal na
cavidade posterior do palato (PV3), espaço posterior da cavidade bucal para maior ressonância
(PV4); articulação fechada (F7) e efeito de constrição antero-posterior das pregas vocais (F9).
Também podemos notar respostas como: voz protegida, apoiada e sem rigidez (PV1);
produzida com liberdade de emissão, voz alta (PV2); amplificação de harmônicos e é um efeito
positivo (F9). Estas três definições são referentes à música e, portanto, divergentes da literatura
fonoaudiológica.
Segundo o preparador vocal PV5, o termo encoberta ou coberta é utilizado, sobretudo no
canto erudito, para designar uma emissão com a laringe em posição vertical mais baixa (trato
85
vocal mais alongado) e, portanto, rica em harmônicos graves. O objetivo deste estudo não é
saber em qual canto este tipo de voz é utilizada, mas sim trazer a definição do tipo de voz;
Portanto, consideramos de extrema importância estas contribuições, mas, nesta pesquisa, não
podemos pretender um estudo de tamanha abrangência.
O preparador vocal PV6, conceituou voz encoberta de uma maneira a complementar a
literatura, quando afirma que a voz encoberta é uma voz oculta, que teme ser ouvida,
disfarçada talvez (PV6).
Os fonoaudiólogos deixam como recursos vocais primários mais diretos entre os dois
termos: respiração, freqüência, intensidade e articulação. Além disso, afirmaram que os
recursos vocais que diferenciam uma voz da outra são: ressonância e projeção (F11). Os
sujeitos F2, F8 e F10 vêem os dois termos como sinônimos.
Portanto, é esperado que em alguns momentos haja o mesmo conceito ou confusão na
definição para ambas as vozes, já que são termos bastante semelhantes. Todavia, a maioria
das respostas mostra que elas apresentam diferenças tanto em questões referentes a
freqüência, ressonância e articulação quanto relacionado a esfera perceptivo-auditiva.
Podemos visualizar melhor as definições dos termos descritivos da voz, encoberta e
abafada, no quadro 8 abaixo:
DEFINIÇÕES
Voz Abafada Voz Encoberta
- Relaciona-se à ressonância e à
articulação (GAYOTTO,2005).
- Sem brilho (PV1 e PV2).
- Sem volume e escura (PV1).
- Voz pobre em harmônicos
agudos, soando como
"escondida", "tampada", fraca
(PV5).
- Ressonância baixa, articulação
fechada e intensidade vocal
- A língua apresenta papel
importante nesse tipo de voz
(ANDRADA E SILVA e DUPRAT
2004).
-Emissão vocal na cavidade
posterior do palato (PV3).
-Espaço posterior da cavidade bucal
para maior ressonância (PV4).
-Articulação fechada (F7).
-Efeito de constrição antero-posterior
86
reduzida (F6).
- Ressonância posterior (F4).
das pregas vocais (F9).
Quadro 8. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: abafada e encoberta
De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de
respostas para os termos descritivos das vozes, encoberta e apertada, segundo os
fonoaudiólogos, tanto para a voz encoberta como para a voz abafada, o recurso vocal mais
direto foi a ressonância (com 6 respostas para encoberta e 9 respostas para abafada). Para os
preparadores vocais também obtivemos respostas que afirmam a ressonância como recurso
mais direto para ambas as vozes voz (com 4 respostas para a voz encoberta e 3 respostas
para voz abafada).
Segue o quadro 9 com os recursos vocais eleitos para a dupla de vozes discutidas
acima.
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Voz Abafada Ressonância Ressonância
Voz Encoberta Ressonância Ressonância
Quadro 9. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes abafada e encoberta
Tanto para a voz encoberta como para a abafada, para ambos os grupos de
profissionais, o recurso vocal primário que mais se relaciona a esta voz é a ressonância,
possivelmente pelo fato de que esse recurso é que dá mais fortemente a característica da voz
ressoar numa posição mais baixa e posterior, como pode ser encontrado na literatura Porém, a
maior diferença entre elas para a voz abafada encontra-se na ressonância, em que parece uma
voz com pouca projeção, portanto, incapaz de expandir; já para a voz encoberta, os órgãos
fonoarticulatórios parecem impedir que haja projeção, “cobrindo” sua capacidade de expansão.
Para a dupla de termos descritivos da voz, voz constrita e voz apertada foi possível
destacar as seguintes respostas.
VOZ CONSTRITA: segundo a literatura este termo “identifica vozes que apresentam
constrição constante ou intermitente” (BRANDI, 2007, p.77). Apresenta foco de ressonância
anterior e relaciona-se, mais diretamente à articulação (BOONE, 1996).
87
Segundo os questionários respondidos pelos preparadores vocais e fonoaudiólogos o
que converge com a literatura foram as seguintes definições: comprimida (PV6); apresenta
maior tensão (F8).
Já as definições a seguir, mostraram-se divergentes à literatura, já que a constrição
referida pela literatura envolve a articulação anterior e não ao nível laríngeo, como podemos ver
nas respostas destes profissionais: som duro e apertado, na garganta (PV2); voz comprimida,
com estreitamento tanto no nível laríngeo como no supraglótico (PV5); envolve constrição de
laringe (F7).
As respostas distintas da literatura, mas que ampliaram a definição foram: este tipo de
voz que traz incômodo (PV1); alteração de ressonância, pouca projeção, ressonância
prejudicada e intensidade prejudicial (PV3); pode ser benéfica ou não (F9); a constrição é um
efeito interpretativo (PV4).
VOZ APERTADA: vimos que, na literatura, este termo é utilizado para vozes mais
agudas e estão intimamente relacionadas à articulação e o foco de ressonância é nasal.
(GAYOTTO, 2006).
Para a voz apertada encontramos as seguintes respostas, que apresentam convergência
com a literatura: é quando a fala aparece comprimida pelos lábios, com eles quase cerrados,
com pouco espaço para a saída do ar da própria palavra (PV6); voz comprimida, com
estreitamento tanto no nível laríngeo como no supraglótico (PV5).
O fonoaudiólogo F8 diverge da literatura quando afirmou que há uma menor tensão
relacionada à articulação, sendo que a literatura afirma esta voz relacionada à articulação e à
constrição laríngea.
Outras respostas encontradas nos questionários que podem ampliar a definição foram:
contração muscular indevida (PV4); envolve faringe (F7); resultado de tensão cervical ou
vestibular (F9).
88
PV3 diverge da literatura no momento em que afirmou que esta voz apresenta uma
emissão encurtada, com fluência, ritmo e freqüência alterados, mas converge quando coloca
que é uma voz sem ressonância.
Houve profissionais que consideraram os termos constrita e apertada como semelhantes
apontando que este tipo de voz traz incômodo (PV1); há constrição no plano glótico e
supraglótico (F1); designa tensão (F3 e F6); constrição no trato vocal, principalmente a
articulação (F4); designa constrição (F5). E para F2 e F10 esses termos foram considerados
iguais.
A seguir, o quadro 10 com as respostas acima.
DEFINIÇÕES
Voz Constrita Voz Apertada
- Apresenta foco de ressonância
anterior e relaciona-se, mais
diretamente a articulação (Boone,
1996).
- Voz comprimida (PV6).
-Apresenta maior tensão (F8).
- Alteração de ressonância,
pouca projeção, ressonância
prejudicada e intensidade
prejudicial (PV3).
- Relacionadas à articulação e seu
foco de ressonância é nasal.
(GAYOTTO, 2006).
-Quando a fala aparece comprimida
pelos lábios, com eles quase
cerrados, com pouco espaço para a
saída do ar da própria palavra (PV6).
-Voz comprimida, com estreitamento
tanto no nível laríngeo como no
supraglótico (PV5).
-Contração muscular indevida (PV4).
Quadro 10. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: constrita e apertada
De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de
respostas para os termos descritivos das vozes, tanto para a voz constrita como para a voz
apertada, segundo os fonoaudiólogos, foi a ressonância (6 respostas para voz constrita e 5
respostas para voz apertada). Já para os preparadores vocais para as vozes constrita e
apertada o recurso mais direto foi a articulação (4 respostas). Segue o quadro 11 com os
recursos vocais eleitos para a dupla de vozes discutidas acima.
89
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Voz Constrita Ressonância Articulação
Voz Apertada Ressonância Articulação
Quadro 11. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes constrita e apertada
Há uma discordância quanto à questão das vozes constrita e apertada, pois ambas são
de articulação fechada, seja, respectivamente, a ressonância anterior ou posterior, mas
carregam tensão ao nível glótico e supraglótico, portanto não chegamos a uma conclusão.
Para a voz constrita, os fonoaudiólogos apontaram a ressonância como recurso mais
relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a articulação. Dessa
forma, esses recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por esses
profissionais, já que esta voz apresenta foco de ressonância anterior e relaciona-se, mais
diretamente com a articulação, já que há uma constrição anterior.
Igualmente para a voz apertada, os fonoaudiólogos apontaram a ressonância como
recurso mais relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a articulação.
Dessa maneira, esses recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por
esses profissionais, já que essa voz apresenta uma relação intimamente ligada à articulação e
o foco de ressonância é anterior, nasal e agudo, segundo a literatura.
A voz apertada é uma voz aguda e nasal, portanto, relacionada mais à ressonância e,de
outro modo, a constrição é mais relacionada à articulação. Já a voz constrita apresenta
constrições, ao nível glótico ou articulatório.
Para F11 a semelhança entre os termos de voz constrita e apertada se dá ao recurso da
respiração e da articulação. Já o que difere uma voz da outra é a intensidade e a ressonância.
Quanto a ressonância pudemos verificar que há diferenças de foco entre estas vozes, porém
em relação a intensidade este profissional não esclarece sua colocação.
Abaixo discutiremos as respostas observadas para a dupla de termos descritivos da voz,
voz ríspida e voz cortante.
90
VOZ RÍSPIDA: de acordo com a literatura, como aquele que se aperta ou restringi, que
se deixou sem espaço (HOUAISS, 2001). O foco de ressonância é nasal (GAYOTTO, 2006).
Segundo as respostas obtidas nos questionários, os profissionais sugeriram que a voz
ríspida seja uma voz com aspereza (F2); um som duro e raspado que não possui brilho, não
possui doçura, há pressão dos músculos intrínsicos da garganta. É uma voz senil e rouca.
(PV2); fala rápida, grosseira, considera o interlocutor adversário (F3); voz que agride os
ouvintes, tem aspecto não puro e ataque vocal brusco (PV1); forte intensidade e pouca
entonação (F4); dura, normalmente ocorre excesso de pressão subglótica e posicionamento
muito frontal do fluxo de ar (PV4); ausência de flexão e ressonância, articulação prejudicada,
ritmo curto (PV3); voz severa, rude, grosseira, com um som áspero e cortante (som agudo,
estridente) (PV6); e relacionada à expressividade (F8).
O sujeito F9 afirmou não utilizar o termo de voz ríspida. O preparador vocal PV6 também
afirma não usar os termos, ríspida e cortante, mas lhe parecem sinônimos: ambos sugerem
uma voz dura, "pontuda", que "penetra" e "fere" os ouvidos.
VOZ CORTANTE: para a literatura o termo cortante apresenta foco de ressonância
misto e está relacionado à velocidade de fala. (GAYOTTO, 2006)
De acordo com as respostas obtidas nos questionários respondidos, a voz cortante é
uma voz com picos de intensidade (F2), voz que ressoa no outro (F3), forte intensidade e
pouca entonação com componente respiratório envolvido (F4); ouve-se facilmente em local
ruidoso (PV1); emissão abrupta, freqüência alterada, supressão na emissão e na fluência
(PV3); Os sujeitos F8 e F9 não utilizam esse termo.
Alguns profissionais afirmaram que esses termos, ríspida e cortante, são sinônimos
sugerindo que esses termos referem-se a uma voz dura, penetrante e que fere os ouvidos
(PV5); variação de freqüência restrita e maior nível de intensidade (F1); pitch inadequado e
alteração na qualidade vocal (F5); modulação restrita podendo apresentar intensidade mais
forte (F6); modulação pouco flexível e intensidade aumentada (F7); mesma sensação auditiva
no ouvinte (F10).
91
Para o fonoaudiólogo F11, as semelhanças dessa dupla de termo são em relação à
respiração, freqüência e ressonância. Já as diferenças entre a dupla são em relação à
intensidade, articulação, ritmo, velocidade e modulação. Este profissional deixa sua resposta
muito ampla, impossibilitando compreendê-la de acordo com as vozes estudadas.
PV4 diverge da literatura dizendo que a voz cortante apresenta falta de harmônico grave
na emissão. Por sua vez, PV6 diverge de PV4 e também da literatura, pois definiu essa voz
contendo um pitch agravado.
De fato, as vozes cortante e ríspida apresentam alteração na freqüência, porém sua
produção não está para o grave e sim mais direcionado para uma emissão aguda como
podemos observar: são vozes que fere o ouvido, como colocado por PV6 para a voz ríspida, ou
para a voz cortante, uma voz que ressoa no outro, apontado por F3, ou por PV1 ouve-se
facilmente em local ruidoso. Mostrando assim um tom agudo para essas vozes, pois ao chamar
uma pessoa que está longe, por exemplo, usamos de uma emissão aguda e, por sua vez,
utilizada a todo o momento pode causar desconforto ao ouvinte.
Abaixo apresenta-se o quadro 12 de definições.
DEFINIÇÕES
Voz Ríspida Voz Cortante
- Característica positiva (Boone,
1996).
-Como aquele que se aperta ou
restringi, que se deixou sem
espaço. (HOUAISS, 2001).
- voz com aspereza (F2).
-Um som duro e raspado que não
possui brilho, não possui doçura,
há pressão dos músculos
intrínsicos da garganta. É uma
voz senil e rouca. (PV2).
- Forte intensidade e pouca
entonação (F4).
- Voz que agride os ouvintes, tem
- Característica positiva (Boone,
1996).
- Voz com picos de intensidade (F2).
- Ouve-se facilmente em local
ruidoso (PV1).
-Emissão abrupta, freqüência
alterada, supressão na emissão e na
fluência (PV3).
- Forte intensidade e pouca
entonação com componente
respiratório envolvido (F4).
92
aspecto não puro e ataque vocal
brusco (PV1);
Quadro 12. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: ríspida e cortante
De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de
respostas para os termos descritivos das vozes, ríspida e cortante, segundo os fonoaudiólogos
para a voz ríspida foram: articulação (4 respostas), e para a voz cortante foram à freqüência (4
respostas) e intensidade (4 respostas). Para os preparadores vocais para a voz ríspida a
ressonância (3 respostas) e para a voz cortante foram: freqüência e intensidade (com 2
respostas cada uma). Como pode ser observado no quadro 13, a seguir:
Fonoaudiólogos Preparador Vocal
Voz Ríspida Articulação Ressonância
Voz Cortante Freqüência/
Intensidade
Freqüência/
Intensidade
Quadro 13. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: ríspida e cortante
Para a voz ríspida, os fonoaudiólogos apontaram a articulação como recurso mais
relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais sugeriram a ressonância. Dessa
forma, os recursos de articulação e ressonância convergem com a literatura e com as
respostas dadas por esses profissionais, já que a voz ríspida apresenta uma voz que se aperta
e o seu foco de ressonância é nasal.
Para a voz cortante, ambos os profissionais apontaram a freqüência e intensidade como
os recursos mais relacionados a essa voz. Dessa maneira, os recursos citados com maior
relação com a voz cortante ampliam a definição encontrada na literatura, possivelmente essa
relação deu-se por refletir que esse termo descreve uma voz que seja forte, portanto a relação
com a intensidade e também com alterações tonais que se agregam à intensidade: voz
cortante, que “corta”, “atravessa” e “irrompe”.
93
É importante destacar que a intensidade completa a definição para voz cortante, pois
esta relaciona-se à velocidade de fala, conforme a literatura e , conforme os resultados, há
relação com a intensidade, como “ouve-se em local ruidoso”, “ataque vocal brusco”, “emissão
abrupta”.
Veremos a dupla de termos descritivos da voz, voz metálica e estridente:
VOZ METÁLICA: De acordo com a literatura, em linhas gerais, a voz do tipo metálica é
caracterizada como positiva (BOONE, 1996). A metalização é relacionada a hipertonicidade de
constritores faríngeos e com elevação de laringe, o que propicia ressonância de freqüência alta
(HANAYAMA, TSUJI, PINHO, 2004).
Segundo as definições sugeridas pelos fonoaudiólogos (F1 a F11) e preparadores vocais
(PV1 a PV6) foi possível destacar convergências com a literatura como pode ser visto nas
seguintes respostas: relação com ressonância nasal e tensão durante a emissão (F3);
constrição do trato vocal principalmente faringe (F4 e F5); pitch agudo e componente
ressonantal (F6); ressonância mais faríngea (F7); forte, constrição das paredes faríngeas e
freqüência alta (PV2); falta harmônico grave e equilíbrio (PV4); harmônicos agudos (PV5).
Dessa maneira, foi possível identificar que o conceito dessa voz vincula-se às questões
referentes a uma freqüência aguda, constrição de faringe e ressonância nasal, faríngea e de
foco posterior como apontado na literatura.
Foi possível identificar respostas que ampliam o conceito encontrado na literatura como:
voz que lembra metal que ressoa, voz clara, forte e potente (PV1 e PV6); resulta em brilho, boa
ressonância e projeção (PV3).
A resposta de F9 apontou que esta voz apresenta um pitch agudo e foco posterior, efeito
de estridor. O foco posterior pode estar relacionado à constrição de fundo de boca, de faringe,
mas não quer dizer grave, pois a constrição da faringe agudiza a voz.
O profissional F9 aponta essa voz com um efeito estridor e, portanto, parece classificá-la
como efeito negativo, que diverge da colocação de Boone (1996), mas que condiz com
Hanayama, Tsuji e Pinho (2004) que afirmam que a voz metálica pode constituir característica
indesejável. Portanto, essa classificação vincula-se à esfera perceptivo-auditiva e sua
94
classificação depende, também, de impressões que o ouvinte tem sobre essa voz. Diferente da
resposta supracitada, os preparadores vocais PV1, PV6 e PV3 apontam a voz metálica com
características positivas. É, também, definida como voz forte e potente, já que possui uma
ressonância mais nasal e, portanto, com uma freqüência mais aguda que facilita no momento
da projeção.
VOZ ESTRIDENTE: Com o levantamento realizado na literatura, este termo apresenta
foco de ressonância alta, penetrante, que causa ruído, estridor, ruidoso, estrepitoso (HOUAISS,
2001), possui uma característica irritante e com tensão. Boone (1996) caracteriza este tipo de
voz como sendo negativa.
Para a voz estridente foi possível encontrar convergências com a literatura nos seguintes
aspectos: freqüência mais aguda na emissão do som (F3); pitch agudo (F6); voz mais intensa e
com pitch agudo (F7); relação com freqüência e intensidade (F9); voz aguda e penetrante,
intensidade aumentada (PV1); desagradável (PV5); penetrante, com tom mais agudo, com
maior intensidade e freqüência mais elevada (PV6).
Outros conceitos complementares a estes foram: constrição do trato vocal
principalmente faringe e freqüência elevada (F4, F5); rebatimento constante (PV3); contração
muscular incorreta (PV4). É possível identificar que o conceito vinculado à constrição faríngea
está relacionado à definição de voz metálica e não estridente, mas podemos considerar esta
colocação associada a ambas as vozes, as quais apresentam características semelhantes.
Quanto à incorreta utilização da musculatura, embora seja diferente de todas as outras
respostas, converge com a literatura, pois pode ser uma voz caracterizada por tensão e,
portanto, com má utilização do trato vocal e da musculatura em geral.
O profissional F11 foi o único que definiu as vozes de acordo com suas semelhanças e
diferenças de acordo com os recursos vocais primários e secundários. Quanto as semelhanças,
os recursos são: respiração, intensidade, articulação, projeção, volume, ritmo, velocidade e
modulação. As diferenças apontadas relacionam-se a freqüência e ressonância.
Possivelmente, as diferenças apontadas refere-se a ressonância para a voz metalizada, já que
este é o recurso vocal primário que mais o identifica e freqüência para voz estridente, já que
por ser considerada uma voz negativa (BOONE, 1996), e que apresenta uma freqüência muito
agudizada, causando ruído e incômodo diferente de sua dupla.
95
Desta forma, conforme os resultados, em termos de respiração, intensidade, projeção,
volume, ritmo, velocidade e modulação essas duas vozes são semelhantes, a diferença entre
elas é dada pela freqüência, porém ambas apresentam uma freqüência alta e pela ressonância:
embora ambas sejam altas, na voz metálica a presença de constrição faríngea é apontada pela
literatura, mas não significa que a voz estridente também não possa ter, a questão é que, no
seu caso, é uma das possibilidades. É o que veremos a seguir.
Para os sujeitos F1 e F8 a voz metálica e a voz estridente apresentam o mesmo conceito
como pode ser visto: constrição no plano supraglótico (F1); relação com ressonância (F8). Já
os sujeitos F2 e F10 dizem serem termos iguais, porém não os definem.
Portanto, é esperado que em alguns momentos haja o mesmo conceito ou muitas
semelhanças na definição para ambas as vozes, já que são termos muitos parecidos. Todavia,
a maioria das respostas mostraram que elas apresentam diferenças tanto em questões
referentes a ressonância, por exemplo, quanto relacionado a esfera perceptivo-auditiva. A voz
estridente seria uma intensificação de qualidade, que pode ser metálica, o que causaria um
efeito mais negativo. Já a voz metálica pode ser tida como qualidade vocal de bom alcance e
projeção.
Abaixo, segue o quadro 14 que define, em linhas gerais, os termos descritivos da voz
estudados nesse momento:
DEFINIÇÕES
Voz Metálica Voz Estridente
-Voz positiva (BOONE, 1996).
-Relacionada à hipertonicidade
(HANAYAMA, TSUJI, PINHO,
2004).
-Constrição do trato vocal
principalmente faringe (F4 e F5).
- Ressonância mais faríngea
(F7).
-Resulta em brilho, boa
-Voz negativa (BOONE,1996).
-Freqüência mais aguda na emissão
do som (F3).
-Voz aguda e penetrante,
intensidade aumentada (PV1).
-Contração muscular incorreta
(PV4).
- Desagradável (PV5).
96
ressonância e projeção (PV3).
-Voz que lembra metal que
ressoa, voz clara, forte e potente
(PV1 e PV6)
Quadro 14. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: metálica e estridente
De acordo com a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de
respostas para os termos descritivos da voz, voz metálica e estridente, segundo os
fonoaudiólogos foram respectivamente: ressonância (8 respostas) e freqüência (6 respostas).
Para os preparadores vocais para a voz metálica é a ressonância (3 respostas) e para a voz
estridente a intensidade (3 respostas).
Em resumo, segue o quadro 15 com os recursos vocais eleitos para essas vozes.
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Voz Metálica Ressonância Ressonância
Voz Estridente Freqüência Intensidade
Quadro 15. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: metálica e estridente
Para a voz metálica, para ambos os grupos de profissionais o recurso vocal primário que
mais se relaciona a esta voz é a ressonância, possivelmente pelo fato de que este recurso é o
que dá mais fortemente a característica metalizada da voz, pela freqüência ser alta em conjunto
com a ressonância de constrição faríngea, como pode ser encontrado na literatura.
Para a voz estridente, os fonoaudiólogos apontaram a freqüência como recurso mais
relacionado a essa voz, enquanto os preparadores vocais elegeram a intensidade. Desta forma,
estes recursos convergem com a literatura e com as respostas dadas por esses profissionais,
já que, por ser caracterizada como irritante, ou seja, apresenta efeito negativo, essa sensação
possivelmente é dada pela freqüência muito aguda da voz e, ainda, se houver aumento de
intensidade, esta se tornará mais penetrante e mais ruidosa, causando maior desconforto ao
ouvinte.
97
Portanto, os recursos primários selecionados, em sua grande maioria, convergem com a
literatura e, em muitos casos, as escolhas nos fazem refletir e ampliar questões sobre a dupla
de termos descritivos da voz.
Pudemos destacar convergências e divergências com a literatura e entre os
questionários de acordo com os termos descritivos da voz, voz potente e forte, como pode ser
visto a seguir:
VOZ POTENTE: Esta voz apresenta um foco de ressonância posterior, isto é, parece
que a voz está saindo na parte posterior da língua (GAYOTTO, 2006). Caracterizada pelo
volume, o qual se relaciona aos recursos vocais primários de intensidade e ressonância. Além
disso, o termo potente refere-se a que tem poder, força e que tem ou produz um som forte
(HOUAISS, 2001).
De acordo com as respostas dos fonoaudiólogos e preparadores vocais, foi possível
encontrar convergências com a literatura pelas seguintes colocações: aspecto de suprimento
aéreo; relação com a respiração (F1); relação com intensidade; projeção e ressonância (F4);
relacionada à projeção vocal (F6); tem volume e é facilmente projetada (F7); tem projeção (F8);
boa respiração, resistência e fôlego (PV1); qualidade natural da voz, relacionado à ressonância
(PV2); voz com amplitude (PV3); equilíbrio na utilização do aparelho fonador (PV4).
Desta maneira, a voz potente apresenta grande relação com a respiração, já que é
necessário bom controle de fluxo aéreo. Como pode ser observado na literatura, este termo
descritivo está intimamente relacionado ao volume e, portanto, embasada nos recursos
primários intensidade e ressonância como é possível observar em algumas das respostas
acima.
Para o conceito de voz potente, por sua vez, foi citado o recurso vocal secundário:
projeção. Esse recurso vocal secundário não fora citado na literatura, entretanto, levando em
consideração que projeção refere-se à capacidade de lançar a voz no espaço, é necessário
para uma voz potente que se ressoe de forma expandida, com intensidade aumentada e sem
que ocorra tensão excessiva, ou seja, é importante que haja um equilíbrio na utilização do
aparelho fonador durante a respiração. Portanto, este recurso apresenta total relação com essa
voz.
98
O preparador vocal denominado PV5 define a voz potente como: a potência inclui, além
do volume, características de timbre, como "vigor" e "robustez", Além de citar questões
referentes ao volume, também aponta uma voz com características que indicam força e
potência, como pode ser encontrado na literatura.
VOZ FORTE: Voz que apresenta foco de ressonância posterior (GAYOTTO, 2006) e
caracterizada pelo volume, descrito como um recurso vocal secundário. De acordo com a
etmologia, o termo forte vincula-se a “firme e duradouro, cuja articulação se realiza com maior
intensidade, havendo resistência mais enérgica à passagem do ar expirado, devido à maior
tensão muscular” (HOUAISS, 2001).
Foi possível estabelecer convergências com a literatura de acordo com as seguintes
respostas dos dois grupos de profissionais: adução glótica mais firme (F1); voz com grande
intensidade (F4); relacionada a intensidade vocal (F6); relação com intensidade, pressão aérea
(F7); relação com intensidade (F8 e F9); decorrência de muita pressão subglótica (PV4); o
termo forte é ligado à grande intensidade do som (PV5);
Em grande maioria, as respostas apontaram questões referentes à intensidade como
pode ser visto em Brandi (2007) a qual caracteriza esta voz como a que “corresponde
aproximadamente a 80dB” (p.46). Outras respostas mostraram questões fisiológicas como a
adução glótica mais firme, por exemplo, como pode ser encontrada na literatura que aponta
maior tensão muscular na produção desta voz e, por fim, a relação com respiração (maior
pressão subglótica), para que essa adução possa ser realizada com sucesso. Para PV3,
parece que a capacidade em realizar uma voz forte depende de questões fisiológicas de cada
sujeito, portanto, de suas características pessoais (qualidade fisiológica inata-PV3).
Apenas PV1 citou a freqüência como parâmetro para a voz forte: atinge graves e agudos
com qualidade e volume, porém deixa clara a relação desta voz com a intensidade e a
ressonância, já que em sua resposta faz menção ao volume.
O profissional F3 conceituou essas vozes (potente e forte) da mesma maneira dizendo
que há uma boa qualidade no fluxo de energia, mais intenso. Conceito que pode ser realmente
encontrado para as duas vozes em questão, isto é, em seus aspectos semelhantes.
99
Para F2, F5, F10 e PV6 voz potente e forte são sinônimos, porém PV6 dá detalhes
dizendo que uma voz potente é uma voz forte, sonora, com vigor e vice-versa.
Novamente o profissional F11 aponta as semelhanças entre os recursos vocais para
estas vozes: respiração, articulação, projeção e volume e aponta as diferenças pautadas na
freqüência, intensidade, ressonância, ritmo, velocidade e modulação. Deve-se apontar, neste
momento, que F11 não esclarece suas colocações de acordo com sua resposta.
Em resumo, segue o quadro 16 que conceitua as vozes, potente e forte detalhadas
nesse momento:
DEFINIÇÕES
Voz Potente Voz Forte
-Apresenta um foco de
ressonância posterior
(GAYOTTO,2006).
- Tem volume e é facilmente
projetada (F7).
- A potência inclui, além do
volume, características de timbre,
como "vigor" e "robustez" (PV5).
- Relação com intensidade;
projeção e ressonância (F4).
- Qualidade natural da voz,
relacionado à ressonância (PV2).
-Voz com amplitude (PV3).
-Apresenta foco de ressonância
posterior (GAYOTTO, 2006).
- A articulação se realiza com maior
intensidade, havendo resistência
mais enérgica à passagem do ar
expirado, devido à maior tensão
muscular (HOUAISS, 2001).
- Relação com intensidade, pressão
aérea (F7).
-Adução glótica mais firme (F1).
- Atinge graves e agudos com
qualidade e volume (PV1).
Quadro 16. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: potente e forte
Para a questão cinco, os recursos vocais primários com maior número de respostas para
os termos voz potente e voz forte, segundo os fonoaudiólogos foram respectivamente:
intensidade (6 respostas) e intensidade (9 respostas). Para os preparadores vocais para a voz
potente o recurso primários é a ressonância (3 respostas) e para a voz forte a intensidade (4
respostas).
100
Para melhor visualização, segue o quadro 17 com os recursos vocais eleitos para as
vozes potente e forte.
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Voz Potente Intensidade Ressonância
Voz Forte Intensidade Intensidade
Quadro 17. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: potente e forte
De acordo com a voz potente, o recurso eleito pelos fonoaudiólogos, intensidade,
apresenta relação com as respostas dadas pelos questionários e pela literatura, porém pela
análise dos questionários seria esperada uma resposta que se referisse a respiração ou a
ressonância tendo em vista o número de respostas que estes recursos primários (respiração,
ressonância) apareceram. Os preparadores vocais, embora em suas respostas tenham referido
mais a respiração, colocaram a ressonância como recurso mais direto com essa voz, o qual
converge com a literatura à medida que também se relaciona à projeção.
Para a voz forte, tanto os fonoaudiólogos quanto os preparadores vocais optaram pela
intensidade. Tal escolha converge com a literatura, como podemos observar em Brandi (2007)
anteriormente citada.
Portanto, as escolhas feitas por esses dois grupos de profissionais convergem com a
literatura e nos possibilita refletir sobre essas escolhas. É interessante destacar que o grupo de
fonoaudiólogos selecionou o mesmo recurso vocal como mais imediato para a dupla de vozes
deixando claro a existência de semelhanças entre esses dois termos. O que podemos refletir é
que a voz forte foi definida a recursos fisiológicos da sua produção e a potente pode estar
conectada, também, à ressonância e a aspectos timbrísticos do sujeito.
A voz aveludada e polida, última dupla de termos descritivos da voz, apontou
convergências e divergências com a literatura e entre os questionários de acordo com os
conceitos apresentados.
VOZ AVELUDADA: Esta voz apresenta foco de ressonância posterior
(GAYOTTO,2006), isto é, parece que a voz está saindo na parte posterior da língua. A voz
101
aveludada é caracterizada por Boone (1996) como positiva e, além disso, o recurso vocal
primário que mais descreve essa voz é a ressonância.
Para a voz aveludada obtivemos respostas que convergem com a literatura. Essas
respostas, em sua grande maioria, vinculam-se aos recursos vocais e, parte delas, às questões
subjetivas dessa voz.
As respostas encontradas segundo os recursos vocais e fisiologia foram: maior
componente glótico (F1); ressonância equilibrada, pitch médio e intensidade levemente
reduzida (F6); pitch mais agravado, loudness suave e ressonância equilibrada (F7); envolve
freqüência e número de vibrações de pregas vocais em laringe baixa (F9); e uso dos
harmônicos graves e utilização do espaço posterior (PV4).
O profissional PV2 apontou a voz aveludada como uma voz com cobertura ligada à
ressoadores. O termo “cobertura” nos remete, de certa maneira, a voz encoberta.
É possível dizer que, para esta voz, de acordo com as respostas dadas pelos dois
grupos de profissionais, todos os recursos vocais primários (freqüência, respiração,
intensidade, articulação e ressonância) parecem estar em harmonia. Em linhas gerais, é
possível destacar que há uma ressonância equilibrada, um pitch agravado e intensidade suave,
características que convergem com a literatura.
As respostas encontradas que definiram a voz aveludada de acordo com características
perceptivo-auditivas, ou seja, de acordo com a subjetividade e escuta do ouvinte, referem-se a:
voz que soa com maciez, com um pouco de escape de ar (F3); voz que expressa sensualidade
(F8); voz suave, encoberta e agradável (PV1 e PV6); característica inata (PV3); e maciez
(PV5). Estas características vão ao encontro da colocação de Boone (1996) que caracteriza
esta voz como sendo positiva e, portanto, a forma como esses profissionais a conceituam,
aponta para uma voz agradável.
VOZ POLIDA: Esta voz apresenta ressonância posterior e articulação clara e precisa.
Em linhas gerais, o termo polidez designa característica discursiva que indicam cortesia,
gentileza; utiliza expressões que atenuam o tom autoritário e que se expressa nas formas de
tratamento (HOUAISS, 2001).
102
Foi possível estabelecer convergências com a literatura como pode ser visto: articulação
bem definida (F1); intensidade levemente reduzida, velocidade média e inflexão sem variação
excessiva (F6); ataque suave e respiração discreta (PV1); e usa harmônico agudo (PV4). É
possível dizer que nesta voz, os recursos vocais primários parecem estar em equilíbrio, porém
há a suposição de uma adução glótica leve, já que as respostas apontam questões ligadas a
uma emissão suave e sugere escape de ar.
Além disso, a voz polida também foi definida como: modo discursivo, educado (F3);
relação com psicodinâmica da voz (F7); voz educada (PV1, PV3 e PV5); e voz brilhante (PV4).
Estas respostas convergem com a literatura, já que esse termo designa formas de tratamento e
educação. Já a resposta que refere voz brilhante possivelmente relaciona este termo às
questões de boa ressonância e articulação clara e suave.
O sujeito PV2 aponta que a voz polida é uma voz com cobertura ligada à ressoadores;
embora essa voz tenha um componente ressonantal que a favoreça, o que mais a destaca e a
diferencia da voz aveludada é seu componente articulatório e sua referência discursiva.
De acordo com os questionários foi possível encontrar respostas que fazem refletir os
referencias teóricos. O sujeito F8 que apontou este termo como uma atitude, não está
relacionada à voz, possivelmente tenha caracterizado desta forma, já que esse termo expressa
formas de tratamento. Já o profissional PV4 afirmou que essa voz utiliza adequadamente o
espaço anterior da ressonância, o que diverge da literatura, porém podemos considerar que
quando esse preparador refere o espaço anterior ele pode querer relacionar aos articuladores
e, portanto, a uma articulação detalhada e minunciosa.
A voz polida foi definida como apresentando uma ressonância posterior, porém deve ser
apontado que a esta voz pode ser encontrada em sujeitos com uma ressonância mais anterior,
ou seja, predominantemente na região anterior da boca e lábios. Isso pode ocorrer, já que
indivíduos com ressonância anterior, tendem a apresentar uma articulação clara, característica
encontrada e fundamental para a produção desta voz.
103
O profissional F4 definiu a voz aveludada e polida como que se refere à ressonância,
respiração, articulação e entonação; já F5 conceituou estas vozes como agradável qualidade
vocal. Portanto, F4 e F5 definiram as vozes sem distingui-las.
Para os profissionais F2, F10 e PV2 os termos polida e aveludada são sinônimos. Já o
sujeito F7 diz que não se pode comparar estes dois termos, provavelmente porque caracteriza
o termo polida referente a uma atitude.
O sujeito F11, novamente, caracterizou essas vozes de acordo com suas semelhanças e
diferenças. Quanto às semelhanças estão os recursos vocais respiração, articulação, projeção,
volume, ritmo, velocidade e modulação. Como diferenças coloca a freqüência, intensidade e
ressonância.
Este fonoaudiólogo aponta como diferença a ressonância, embora ambas apresentem,
na literatura, uma ressonância posterior, porém deve ser considerado que F11 tenha definido a
ressonância da voz polida como anterior, como discutido anteriormente, justificando assim seu
apontamento quanto às diferenças. A intensidade, por sua vez, na voz polida é mais suave já
que se refere às formas de tratamento.
A seguir, segue o quadro 18 que conceitua a voz aveludada e a voz polida discutidas a
cima.
DEFINIÇÕES
Voz Aveludada Voz Polida
- Foco de ressonância posterior
(GAYOTTO,2006).
-Voz como positiva
(BOONE,1996).
-Ressonância é o recurso que
mais descreve essa voz.
- Voz que expressa sensualidade
(F8) e maciez (PV5).
- Pitch mais agravado, loudness
suave e ressonância equilibrada
-Foco de ressonância posterior
(GAYOTTO, 2006) e anterior.
-Designa característica discursiva
que indicam cortesia, gentileza e se
expressa nas formas de tratamento
(HOUAISS, 2001).
- Articulação bem definida (F1).
- Modo discursivo educado (F3).
-Intensidade levemente reduzida,
velocidade média e inflexão sem
104
(F7).
- Uso dos harmônicos graves e
utilização do espaço posterior
(PV4).
variação excessiva (F6).
Quadro 18. Definições da dupla de termos descritivos das vozes: aveludada e polida
Os recursos vocais primários, na questão cinco, com maior número de respostas para os
termos voz aveludada e voz polida, segundo os fonoaudiólogos foram para voz aveludada a
freqüência (5 respostas) e para a polida a freqüência e a intensidade (4 respostas cada). Para
os preparadores vocais para a voz aveludada o recurso primários é a ressonância (3 respostas)
e para a voz polida é a ressonância (3 respostas).
Abaixo, o quadro 19 com os recursos vocais primários que melhor descrevem a voz
aveludada e a voz polida segundo os fonoaudiólogos e preparadores vocais.
Fonoaudiólogo Preparador Vocal
Voz Aveludada Freqüência Ressonância
Voz Polida Freqüência/
Intensidade
Ressonância
Quadro 19. Recurso vocal primário mais relevante para as vozes: aveludada e polida
Para os fonoaudiólogos, a voz aveludada teve como recurso vocal primário mais
imediato a freqüência. Possivelmente por apresentar um tom um pouco mais agravado e com
harmônicos mais graves. Todavia, em grande maioria, as respostas dos fonoaudiólogos para a
questão quatro, bem como para a literatura, referiam a ressonância como primordial para esse
termo; recurso vocal primário, neste momento, apontado como imediato pelos preparadores
vocais.
A voz polida apresenta os recursos freqüência e intensidade para os fonoaudiólogos e
ressonância para os preparadores vocais. Embora apresente relação com os recursos
apontados, para esse termo o esperado seria a articulação a qual não foi mencionada por
nenhum dos grupos de profissionais.
Portanto, as escolhas feitas por esses dois grupos de profissionais convergem
parcialmente com a literatura, e em alguns momentos, as respostas dadas nos questionários
105
não condizem com o recurso primário eleito como mais direto para essa questão. É
interessante destacar que o grupo de preparadores vocais selecionou o mesmo recurso vocal
como mais imediato para a dupla de vozes deixando claro a existência de semelhanças entre
esses termos.
Dessa forma, foi possível identificar maiores convergências do que divergências nos
conceitos estudados e em muitos casos, ampliações de definições. As respostas do grupo de
preparadores vocais apontam para especificações pautados nos conhecimentos da música.
Assim, este estudo serviu como uma complementação de alguns conceitos pesquisados na
literatura.
106
7. CONCLUSÃO
Por meio do estudo realizado podemos concluir que as definições dos recursos vocais
dependem do objeto de estudo dos profissionais, pois é através deste aprofundamento que se
dão as divergências ou convergências conceituais.
No caso dos fonoaudiólogos houve divergências entre si e entre a literatura por causa
das diversas áreas de atuação, ou de visão clínica, pois há fonoaudiólogos que tem como base
estudos na acústica, outros numa visão mais perceptivo-auditiva e assim por diante.
Em diversos momentos, nas respostas dadas nos questionários, os preparadores vocais
conceituam os recursos vocais e termos descritivos da voz com base nos seus conhecimentos
da música.
Pudemos perceber que os trios de recursos vocais e a dupla de termos, qualidade vocal
e timbre, apresentam relação entre si, sendo que, na maioria, um dos recursos vocais primários
(freqüência, intensidade, ressonância, articulação e respiração) estão diretamente ligados aos
conceitos dos recursos vocais secundários, portanto suas definições se complementam.
Os termos descritivos da voz são termos da esfera perceptivo-auditivo, portanto, de um
enquadre mais perceptual e subjetivo. Verificamos que, nas respostas dos dois grupos
estudados, fonoaudiólogos e preparadores vocais, as duplas de termos, em alguns momentos
parecem ser iguais, porém o que podemos perceber é que em muitas respostas foi possível
identificar a diferença entre eles, assim justificando a importância da terminologia usada.
Alguns profissionais afirmam não utilizar alguns dos termos descritivos estudados neste estudo.
Bem como os recursos vocais secundários, os termos descritivos da voz também têm
como foco de sua produção algum dos recursos vocais primários. Além disso, para se
caracterizar uma determinada voz faz-se necessário o uso de recursos vocais secundários,
como o próprio nome sugere: são secundários e interligados a outros.
Concluímos que embora profissionais de áreas distintas usam, de certa maneira, as
mesmas terminologias, porém em muitos casos seus conceitos estão embasados em diferentes
áreas de conhecimento. Isto enriquece nossa investigação, porém deixamos em aberto um
108
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113
ANEXO I
QUESTIONÁRIO
Instruções Para Responder o Questionário
• O profissional deverá ter, no mínimo, 5 anos de atuação na área.
• Este questionário trata-se de uma reflexão, por esse motivo, o profissional terá, no
mínimo, 20 dias para respondê-lo.
• As respostas deverão ser escritas de acordo com o conhecimento do profissional.
• As respostas deverão ser escritas à caneta azul ou preta caso não sejam respondidas
via e-mail.
Nome: ____________________________________________ Idade:___________
Tempo de profissão: _______________________________
Fonoaudiólogo(a) ( ) Preparador(a) Vocal ( )
Prezado profissional, gostaríamos que respondessem a cinco questões.
Para esclarecimento conceitual definimos os recursos vocais primários e secundários
segundo Gayotto (1996 e 2000).
Os recursos vocais primários são aqueles que formam/compõem a voz: respiração,
freqüência, intensidade, ressonância e articulação .
Os recursos vocais secundários são: projeção, volume, ritmo, velocidade, entonação
e modulação (além de outros); estes resultam dos recursos vocais primários.
1- Definir as diferenças e semelhanças entre os rec ursos vocais:
A - Projeção, volume e intensidade:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
114
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
B - Ritmo, velocidade e fluência
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
C - Entonação, modulação e inflexão
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
2- Definir as diferenças e semelhanças entre os ter mos:
D - Qualidade vocal e timbre
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
3- Enumere de um a cinco, sendo um para menor e cin co para maior segundo a
importância dos recursos primários (articulação, fr eqüência, intensidade,
ressonância e respiração) para a expressão dos recu rsos secundários
selecionados abaixo:
A- Projeção ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
B- Volume ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
C- Ritmo ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
115
D- Velocidade ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
E- Entonação ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
F- Modulação ( )articulação ( ) freqüência ( ) intensidade ( ) ressonância ( )
respiração
4- Definir diferenças e semelhanças entre a dupla d e termos descritivos
selecionados:
A - Encoberta e Abafada.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
B - Constrita e Apertada.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
C - Ríspida e Cortante.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
D - Metálica e Estridente.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
116
E - Potente e Forte.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
F - Aveludada e Polida.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
5- Selecionar apenas um dos recursos vocais primári os (articulação, freqüência,
intensidade, ressonância e respiração) que apresent a relação mais imediata e direta com
os termos descritos abaixo:
A- Encoberta _________________________________________________________________
B- Abafada ___________________________________________________________________
C- Constrita __________________________________________________________________
D- Apertada __________________________________________________________________
E- Ríspida ___________________________________________________________________
F- Cortante ___________________________________________________________________
G- Metálica __________________________________________________________________
H- Estridente _________________________________________________________________
I- Potente ____________________________________________________________________
J- Forte _____________________________________________________________________
K- Aveludada _________________________________________________________________
L- Polida ____________________________________________________________________