Teologia da libertação na Nicarágua sandinista
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Neste trecho de sua canção, fica claro que o Deus dos excluídos é aquele
que caminha, trabalha e sofre junto com o povo, além de lutar por seus direitos. As
canções de Carlos Godoy buscavam assim integrar a idéia de revolução com a fé
cristã.
Os irmãos Carlos e Luis Godoy compuseram no México em 1977 o disco
Guitarra Armada, obra considerada, segundo o jornal Ventana: “o capítulo seguinte
na história daquela missa camponesa: aqui o povo sandinista aprendeu, cantando,
os métodos para derrotar o tirano”.268
O disco continha os ingredientes da revolução: ensinava como desarmar o
adversário, fabricar uma bomba caseira, etc. Nele, Carlos Godoy reuniu alguns
cantos que se tornaram símbolos da Nicarágua e da revolução sandinista:
“Comandante Carlos” e “Hinno de la Unidad Sandinista”.
No canto abaixo, que se tornou o hino da FSLN, estão presentes as idéias de
solidariedade e de luta contra a injustiça.
HINNO DE LA UNIDAD SANDINISTA269
Consignas Sandinistas Adelante marchemos compañeros avancemos a la Revolución nuestro pueblo es el dueño de su historia arquitecto de su liberación Combatientes del Frente Sandinista adelante que es nuestro porvenir rojinegra bandera nos cobija Patria libre Vencer o Morir! Los hijos de Sandino no se venden ni se renden luchamos contra el yanke enemigo de la humanidad
268
VENTANA, 22/05/1982, nº 72, p. 12. Fala de Victor Casaus, tradução nossa. 269
GODOY, Carlos Mejía – Hinno de la unidad sandinista.
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Adelante marchemos compañeros... Hoy el amanecer dejó de ser una tentación mañana algún día surgirá un nuevo sol que habrá de iluminar toda la tierra que nos legaron los mártires y héroes con caudalosos ríos de leche y miel Adelante marchemos compañeros...
Os irmãos Godoy representavam a Nova Canção em que diziam que um dos
objetivos era apagar a produção musical feita durante a ditadura somozista através
da nova canção política. Ela deveria formar o Homem Novo, tendo assim uma
perspectiva no projeto de transformação social.
Um dos músicos da Nova Canção, Francisco Cedeño, acreditava que “na
canção se combina a responsabilidade da educação política propriamente dita com
a necessidade de ampliar as referências estéticas de nosso povo”.270
Ramon Flores lembrava-se da produção cultural da burguesia e de alguns
compositores estrangeiros, apontando-os como canções políticas e reacionárias:
E em algumas canções políticas se estabelece como deve ser o amor, do ponto de vista burguês ou pequeno burguês. Eu creio que esse é um campo que nós, em particular temos descuidado. Por que...? Porque na rádio soa uma canção de amor de Roberto Carlos, por exemplo, e é uma canção política, reacionária, definitivamente, e ninguém a interpreta assim.271
Por isto, procurava mostrar que a música tinha que ter um conteúdo político-
revolucionário dentro de um contexto antiimperialista. Ramon Flores citava como
270
VENTANA, 28/08/1982, nº 84, p. 3. Fala de Francisco Cedeño - grupo Pancasan, tradução nossa. 271
Ibid., p. 5. Fala de Ramon Flores - grupo Igni Tawanka, tradução nossa.
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bom exemplo o grupo Pancasán e sua música El Yanqui se va a joder.
Observamos, porém, algumas contradições entre os compositores da Nova
Canção. Ramon Flores defendia a idéia de que a Nova Canção deveria incorporar a
canção de amor, mas diferente do modelo existente até então, dando um conteúdo
político ao tema. Já Luis Mejía chamava este tipo de música de “recreativa” e,
portanto, estava fora dos objetivos da Nova Canção.
Entrando agora no campo da poesia, os artigos do jornal Ventana procuravam
demonstrar que como o povo tinha acesso a ela, seus temas deveriam ser
engajados de forma a servir como arma política contra os inimigos. Considerava que
os literatos deveriam assumir uma posição frente à realidade, pois seus produtos
não constituíam passatempo e nem diversão.
O poema abaixo de Gioconda Belli procurava retratar esta posição política:
Es la hora de la meditación y tejo un sueño porque aprendí que los sueños son posibles. Escribo manuscritos viejos y reescribo una nueva historia del mundo. Esta es la tierra prometida de la cual nos habían arrojado. Ejércitos de querubines, coros de ángeles cuidan a los moradores del paraíso para que soporten las privaciones y no coman la manzana de la perdición.272
Em outras partes desta poesia festejava-se o sonho que se tornou realidade,
ou seja, com os sandinistas tomando o poder. Para Gioconda Belli, agora era o
momento de escrever uma nova história sobre a “Terra Prometida” (Nicarágua).
Porém, de acordo com a poesia, era necessário ficar sempre atento para não cair na
tentação do capitalismo.
272
VENTANA, 01/09/1984, nº 170, p. 16. Vigilia. Gioconda Belli.
197
Eram também produzidas poesias que teriam sido feitas por mártires da
revolução. Em uma delas, escrita na prisão, durante a ditadura somozista, o autor
buscava transmitir ao filho pequeno a esperança de um futuro melhor.
Amanhã, meu filho, tudo será diferente. Ir-se-á a angústia pela porta do fundo que hão de fechar para sempre, as mãos dos homens novos.273
4.2.3 Fotografias e quadrinhos
Diversas fotografias demonstram a identificação entre religião e política. Ao
longo desta pesquisa nos deparamos com diversas fotos que tinham o objetivo
implícito de sacralização dos atos dos sandinistas em geral e dos líderes políticos
em particular. Logo a seguir, apresentamos um exemplo significativo publicado no
jornal El Tayacán. (fig. 14).
273
SISAC, 05 a 07/1988, nº01, p. 3. Amanhã, meu filho, tudo será diferente. Edwin Castro.
198
Figura 14 274
Nas fotos reproduzidas no jornal El Tayacán, aparecem cenas de ajuda
social, de referências a mortes em combate e de mobilização para a luta armada.
Elas aparecem acompanhadas de trechos dos profetas bíblicos Ezequiel e Isaias.
Percebemos que as imagens revelam extremo sofrimento, demonstrando a
presença da dor e da morte de membros do povo, mas, os líderes políticos sempre
274
EL TAYACÁN, 05 a 11/10/1985, ano 4, nº162, p. 5. Fotografia.
199
estavam ali para consolá-los.
Em Ezequiel (capítulo 34), Javé prometia salvar as ovelhas feridas porque as
associava ao povo de Deus. A foto mostra a imagem de um ferido em combate
sendo tratado no hospital, ou seja, a ovelha ferida que Deus procura salvar.
Já Isaias (capítulo 40) se referia à previsão do profeta sobre a alegria de
Jerusalém ao saber que o tempo do exílio acabara. Os Evangelhos de Mateus,
Marcos e Lucas citaram o trecho para falar da libertação trazida por Jesus Cristo. Na
imagem temos o líder político Daniel Ortega, como um Redentor que consolava
aquelas crianças que ficaram órfãs. Desse modo, a partir desse momento o
sofrimento iria acabar, porque o líder promovera a libertação.
Em Isaias (capítulo 41), Javé afirmava que o povo de Israel é o escolhido e
jamais ele o abandonará, por isso atacará e destruirá todos os inimigos do seu povo.
Aqui, o povo de Javé são os nicaragüenses sandinistas e os inimigos são os
“Contras” e os Estados Unidos.
Em Isaias (capítulo 57), Deus Javé prometeu a felicidade para aqueles que
choraram, lutaram e morreram em nome de Deus. Na imagem seguinte, vemos
diversos caixões de mortos em combate.
As fotografias durante o governo sandinista procuraram justificar a violência
da guerra civil, mostrando os mortos (incluindo crianças) e os feridos em combate. A
violência e a dor eram, muitas vezes, conforme verificamos nestes materiais,
amenizadas pela ajuda e conforto dos cristãos.
O jornal El Tayacán publicou diversas histórias em quadrinhos. As
representações buscavam, com humor, retratar temas referentes à vitória da
revolução.
200
Figura 15 275
Os Chilopios (fig. 15), história em quadrinhos publicada no jornal El Tayacán,
reproduzia o contexto que os nicaragüenses viviam com a derrubada da ditadura de
Somoza (retratado como o Monstro). Com a vitória dos Chilopios (representantes do
povo nicaragüense) começaram as campanhas para alfabetização, construção de
275
EL TAYACÁN, 1985, ano 4, nº 142, p. 9. História em quadrinhos.
201
casas e programas de saúde preventiva.
Percebemos uma grande euforia com a vitória diante dos inimigos, a alegria
estava estampada entre os chilopios, pois conseguiram finalmente celebrar o triunfo
diante daqueles que os oprimiam. A solidariedade e a coletivização do conhecimento
e força de trabalho através de soluções simples passaram a ser a principal
identidade do povo Chilopio.
Por outro lado, nas demais edições, os Chilopios iriam enfrentar outros graves
inimigos (Estados Unidos), por isso deveriam estar sempre prevenidos e assim
escolherem um líder. Neste sentido podemos perceber que a escolha deste líder tem
relação direta com o início do mandato presidencial de Daniel Ortega.
4.2.4 Festas populares
Durante as celebrações, as passagens litúrgicas apresentam uma mensagem
de comunhão, que é reinterpretada de acordo com a realidade que a celebra.
Escutar as leituras e homilias, cantar, ofertar e comungar são atos que na Igreja
tradicional representam uma fé distante de questões voltadas para reivindicações
políticas; mas no caso das representações que estamos analisando sugerem
contestação tanto ao poder religioso da hierarquia católica, como ao poder político.
A motivação revolucionária estava presente nas celebrações de várias
comunidades. Um padre276 que viveu na Nicarágua nos primeiros anos do governo
sandinista, em conversa informal, comentou que as celebrações de algumas CEBs
276
Padre Bragheto, coordenador da Pastoral Operária da Região Episcopal Brasilândia.
202
assistidas por ele, ofereciam um espetáculo particular: nas missas de Uriel Molina,
membros da comunidade traziam como ofertório as armas usadas na revolução.
Para os fiéis católicos, que seguem a tradição católica, a celebração é uma
festa litúrgica, porém, nas CEBs era comum, após as grandes celebrações, a
realização de festas profanas com sentido libertador; através de uma alegria sem
comprometimento com o ritual litúrgico, elas representavam o momento em que os
laços de solidariedade apareciam de forma plena.
Estas celebrações continham um elemento de libertação em relação às
expectativas de mudança social e atendimento das reivindicações. Em suma, o
caráter político estava nelas implícito.
As festas das CEBs representavam este ideal de transformação. A música,
em contato direto com as angústias e os anseios do fiel e a dança, como momento
de profusão dos sentidos, eliminava o caráter individual, integrando os participantes
do ritual através da exaltação dos sentimentos.
Dentre algumas festas populares nicaragüenses, destaca-se a festa de São
Sebastião que ocorre no mês de janeiro e dura 8 dias. A festa é ritmada com apito e
tambor. Geralmente nestes dias existem representações de teatro popular, com
vários personagens: El Gigante, San Martín, San Ramón, Los Diablitos e o
Guegüense - o Macho-Raton.
Com exceção do Guegüense (de caráter político), os outros possuem
elementos religiosos.
203
A utilização de máscaras é comum na festa de São Sebastião; nela estão
presentes elementos da cultura pré-colombiana, porém, com predomínio de
elementos espanhóis. O uso de máscaras representa a dupla identidade do povo
nicaragüense (fig. 16).
Figura 16 277
O colorido Guegüense278, elemento da cultura dos povos indígenas, é
representado através de suas pedras preciosas, plumas e belos colares. Mas
277
www.yoyita.com/gueguense.htm, 20/12/2007. Fotografia. 278
Não existe um consenso sobre a verdadeira imagem do Guegüense, algumas versões o definem como somente
um homem de máscara, outras o definem com uma máscara de rato e outras o definem com diversos
elementos da cultura indígena e espanhola. Muitas vezes todos aparecem na mesma encenação.
204
também no Guegüense existe a mescla de elementos característicos do poder da
época colonial, projetando assim, um universo cultural mestiço, permeado por uma
tensão que revela a relação conflituosa entre o espanhol e o indígena.
O Guegüense se apresenta como um comerciante rico, porém sem poder
real, fruto de uma classe emergente, mas desprestigiada.
O personagem é um mentiroso que para conseguir ascensão social, pretende
se casar com a filha do governador, Doña Suchi Malinche (a mesma que se casou
com Hernán Cortez). Essa ascensão do mestiço representa os novos grupos que
foram ascendendo em direção ao poder.
No entanto, durante o governo sandinista, houve uma inversão de sentido e o
Guegüense passou a simbolizar a luta pelos direitos do povo nicaragüense contra o
imperialismo. Entre as adaptações feitas pelos sandinistas, situa-se o debate do
Guegüense com o embaixador dos Estados Unidos. O embaixador procurava
dominar a vida política da Nicarágua, porém, o Guegüense (representando o povo)
toma a dianteira na luta pela libertação dos nicaragüenses; neste caso, ele assume
a identidade do revolucionário que busca denunciar e combater o sistema corrupto
do invasor.
Durante a apresentação destas festas populares não havia divisão entre o
público e o espetáculo. O povo participava organicamente da representação. O
Guegüense bailava entre o povo, em um ambiente de festa popular com ritual. Trata-
se de uma criação coletiva, que se caracteriza pela mescla de música, dança e
comédia.
205
Na imagem a seguir percebemos os vários elementos que integram as festas
populares nicaragüenses: As máscaras, El Gueguense e El Toro Huaco (que acabou
se convertendo numa das expressões das raízes nicaragüenses). A festa interage
com o espaço público (fig. 17).
Figura 17 279
Este capítulo buscou extrair as diversas ações do governo sandinista na área
da educação e cultura. Destacamos que o modelo de educação buscava atingir uma
alfabetização que favorecia os interesses revolucionários, pois muitas das palavras
utilizadas nas cartilhas relembravam feitos sandinistas. Do mesmo modo,
verificamos que as artes plásticas procuravam retratar as ações revolucionárias
aproximando-as de uma imagem sacralizada. A música destacada no período era a
“Nova Canção”, que deveria ser, segundo seus adeptos, politizada. Do mesmo
modo, as expressões e festas populares também foram configuradas de acordo com
princípios sandinistas.
279
VENTANA, 31/05/1986, p. 2. Ilustração de Manuel García, 1984.
206
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desta dissertação procuramos demonstrar a relação estabelecida
entre os cristãos das CEBs e os revolucionários sandinistas, que por muitas vezes
compunham o mesmo personagem.
Ernesto Cardenal foi muitas vezes citado neste trabalho, porque suas
preocupações com as expressões artísticas e com a formulação de um cristianismo
marxista se consolidaram com a sua nomeação como Ministro da Cultura e
imprimiram um perfil ao governo da revolução.
No período do governo revolucionário (1979 – 1990), diversos movimentos
artísticos se formaram, porém todos buscavam promover os ideais sociais e políticos
sandinistas, fazendo frente aos inimigos que se esforçaram para derrotar os
revolucionários.
Na década de 1950, Carlos Fonseca Amador foi a busca de um herói do
passado que auxiliaria o projeto político-revolucionário e assim resgatou a figura de
Sandino, que sintetizou em si o herói (que lutou pela dignidade do povo
nicaragüense e contra o domínio dos Estados Unidos), o mártir (que morreu
dignamente pela libertação) e o profeta (que antevia um futuro promissor). Este
resgate de Sandino auxiliou na construção de uma imagem carismática que deu
nome a revolução e aos revolucionários.
Com a ascensão dos sandinistas ao poder, o passado tornou-se presente
através das rememorações dos feitos de Sandino. Os usos políticos do passado
deram sentido ao presente e direção ao futuro. O imaginário católico, com sentido
político serviu de suporte ideológico para a sustentação da revolução.
207
Poetas, cantores, artistas foram se destacando no cenário da revolução. A
presença de intelectuais, músicos, políticos e religiosos eram constantes. Os mega-
shows compunham o espetáculo do poder.
As CEBs participavam deste cenário, alimentando a fé dos cristãos com
músicas que demonstravam que a chegada do Reino de Deus só era possível com o
triunfo sandinista.
Os quadros da comunidade de Solentiname, sobretudo os da família
Guevara, os murais espalhados pela Nicarágua, as ilustrações e fotos das revistas e
jornais (como os de Cerezo Barredo e Orlando Valenzuela), as músicas das CEBs e
de Carlos Mejía Godoy, entre outras expressões artísticas foram, como procuramos
demonstrar, essenciais para consolidação da revolução.
A educação e a reforma agrária representaram dois fortes pilares do Governo
sandinista. No entanto, a economia estava cada vez mais debilitada, atravessando
uma forte recessão, o governo sandinista foi ficando vulnerável à forte oposição
interna, estimulada pelo jornal La Prensa e pelo Cardeal Obando Bravo, à grande
pressão nas fronteiras feita pelos “Contras” e, à constante intervenção dos Estados
Unidos, liderado por Ronald Reagan.
Nas eleições de 1984, Daniel Ortega obteve uma vitória com larga diferença
perante os adversários. Em 1990 ocorreu nova eleição presidencial, porém o medo
da continuidade da guerra e as dificuldades materiais deram a vitória a Violeta
Chamorro, que em sua campanha presidencial levantou a bandeira da paz.
A eleição de Violeta Chamorro desmentiu todos os prognósticos que davam a
vitória certa de Daniel Ortega. Os sandinistas não esperavam perder o poder que
significou a derrota da revolução e significou também o triunfo da hierarquia da
Igreja.
208
O Cardeal Obando Bravo não escondia seu contentamento diante da vitória
de Violeta: publicamente abençoa-a e rezou junto com ela. Cabe esclarecer que as
próprias CEBs se dividiram no apoio a Ortega, tendo em vista a forte oposição que o
Cardeal Obando Bravo exercia contra os sandinistas.
Lygia Rodrigues analisou a derrota sandinista:
Muitas vezes, ao desconsiderar os interesses populares, acatar contravenções da burguesia (a descapitalização das unidades produtivas, por exemplo) ou descuidar do fortalecimento e criação dos canais de uma democracia participativa, o governo e a FSLN distanciaram-se de sua base social, sofrendo um profundo desgaste político. Sem dúvida alguma foi na área econômica que tal processo atingiu pontos críticos, favorecendo a vitória de Violeta Chamorro nas eleições presidenciais de 1990.280
Concordando com a autora é possível concluir que a situação de guerra e as
dificuldades econômicas definiram a derrota do movimento. Isto significa que o
aparato ideológico composto a partir dos usos políticos do passado, educação e
produção cultural não foram suficientes para manter os sandinistas no poder.
Gioconda Belli, poeta e escritora, explicou a derrota nas eleições nos
seguintes termos:
O resultado eleitoral fez-nos ver claramente que nos equivocamos em nossas apreciações e que subestimamos o impacto que as dificuldades destes anos e nossos próprios erros, teriam no voto. (...) Tivemos a tendência de deixar-nos levar por um tom muitas vezes mais inflamado do que o necessário que, ocasionalmente cai numa arrogância que não corresponde à maturidade com que, na prática, atuamos.281
280
RODRIGUES, Lygia, O sandinismo e a revolução nacional e democrática na Nicarágua, in: IOKOI,
Zilda; DAYRELL, Eliane Garcindo, América Latina Contemporânea – Desafios e Perspectivas, São Paulo:
EDUSP, Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1996, p. 374. 281
BARRICADA INTERNACIONAL: edição em português, maio/1990, nº 18, editorial, p. 2.
209
No que se refere aos projetos sociais da FSLN, até metade da década de
1980, estavam voltados para a Cruzada de Alfabetização, Reforma Agrária e Cultura
Popular; contudo, a partir do momento que a contra revolução ganha força, o
investimento do governo sandinista volta-se para a defesa da revolução. Esta
transição marcará profundamente o governo da FSLN: a inflação, a fome e,
principalmente, a violência, foram os principais adversários dos sandinistas,
derrotados nas eleições de 1990.
Mas há outros elementos a se levar em conta no que se refere à derrota
sandinista. No que se refere às CEBs latino-americanas, cabe esclarecer que elas
enfrentaram uma forte crise a partir de 1992, porque a teologia da libertação se
desgastou, por diversos motivos, entre eles o fim da Guerra Fria. A Conferência
Episcopal Latino Americana de Santo Domingo representou uma derrota dos
objetivos das CEBs e dos teólogos da libertação, que se orientavam pelas
Conferências anteriores de Medellín e Puebla. A derrota sandinista também foi um
duro golpe na esperança de um governo que tivesse forte relação com o modelo de
fé desenvolvido pelos católicos simpatizantes da Teologia da Libertação.
A “Renovação Carismática” ganhou força na Igreja Católica, as CEBs foram
sendo “paroquializadas”, eliminando a autonomia que antes lhes eram conferidas.
Os bispos e padres mais radicais se afastaram da Igreja (como Leonardo Boff e
Ernesto Cardenal), alguns foram deslocados para regiões mais isoladas e outros
apresentaram pedidos de aposentadoria que foram prontamente aceitos (este foi o
caso de D. Paulo Evaristo Arns).
A ênfase na libertação social para atingir o Reino de Deus na Terra foi
substituída pela crença na participação individual na Igreja como garantia de
Salvação para a vida eterna no Reino de Deus Celestial.
210
Cabe mencionar as críticas feitas por Rafael Aragón sobre a experiência do
governo sandinista e a participação cristã entre o período pré-revolucionário e o
governo sandinista, que enfatizou a crise interna da Igreja:
Podemos concluir que as esperanças postas pelos cristãos e os revolucionários na integração de toda Igreja neste processo não ocorreu, e a possibilidade de um acompanhamento pastoral do processo por parte da Igreja institucional se vê ameaçado. Desde o início a hierarquia da Igreja tem contribuído pouco para que o povo possa seguir assumindo e aprofundando este processo para ser o forjador de sua própria história. Deu-se um deslocamento dos cristãos comprometidos com os espaços pastorais para o compromisso político dentro das estruturas revolucionárias. Deteriorou-se a convivência pacífica dentro da Igreja. Perdeu-se a confiança e a possível influência na hierarquia e, além disso, o entusiasmo popular no processo se deteriorou e o distanciamento das bases cristãs tradicionais foi se agravando com os conflitos. Começa a nascer uma linguagem popular negativa para falar da experiência da Igreja dos pobres. E em seus próprios grupos, em seu estilo de trabalho e coordenação, na liderança dos sacerdotes e religiosos, o que dificulta que o povo mesmo assuma um papel de protagonista.282
O conceito “revolução” também passou por transformações. Ela deixou de ser
uma referência para a esquerda mundial, que assumiu, a partir dos anos 1970, o
discurso da “Democracia” como verdadeiro caminho para se atingir a igualdade
social.
O governo sandinista, com o passar do tempo, também empunhou a bandeira
da democracia na tentativa de se manter no poder. Estas mudanças estão ligadas
diretamente ao contexto histórico do período, onde verificamos a transição da
Guerra Fria e abertura democrática na América Latina. Este contexto fez com que o
exemplo cubano deixasse de ser valorizado e os grupos de esquerda que
abandonaram o ideal da revolução passaram a defender a idéia de participação
282
ARAGÓN, Rafael; LÖSCHCKE, Eberhard, La Iglesia de los Pobres en Nicaragua: historia y perspectivas, Managua, 1991, p. 48, tradução nossa.
211
direta e democrática na vida política.
Após a saída do poder, as divergências internas da FSLN foram aumentando.
Em Congresso realizado em 1994, muitos líderes sandinistas romperam com a
FSLN. Foi criado o Movimento de Renovação Sandinista (MRS), que contou com a
participação de Sérgio Ramirez, Ernesto Cardenal e Carlos Mejía Godoy.
Sérgio Ramirez foi candidato à Presidência da República em 2001, mas
devido a seu posterior apoio a Daniel Ortega, Ernesto Cardenal decide abandonar o
MRS. Nas eleições de 2006, Carlos Mejía Godoy foi candidato a vice-presidente,
porém o MRS ficou com o quarto lugar, à frente somente do partido de Edén
Pastora283, que ficou com menos de 1% dos votos.
A dissidência é tão radical entre os ex-membros da FSLN, que em 2006,
Ernesto Cardenal afirmou que preferiria a vitória do Liberal Eduardo Montealegre à
de Daniel Ortega:
Eu creio que seria preferível um autentico capitalismo, como seria Montealegre, que uma falsa revolução.284
Daniel Ortega foi eleito Presidente da República em 2006. Mas a vitória do ex-
revolucionário não significou a volta dos sandinistas à cena da história, pois a
revolução sandinista hoje pertence ao passado que não se repete.
283
Conhecido como “Comandante Zero”, participou da tomada do poder em 1979, porém, já no início da década
de 1980 abandona a FSLN e ingressa no movimento contra-revolucionário. 284
http://impreso.elnuevodiario.com.ni/2006/11/02/politica/32883, 03/11/2006, tradução nossa.
212
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