Tecnologicamente correto
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Tecnologicamente Correto
É fato que neste segundo milênio, todos
somos um pouco escravos da tecnologia.
Diariamente somos expostos a inúmeras
engenhocas, dispositivos inteligentes e por
aí vai. Os nativos digitais que o digam:
marcam presença nas redes sociais, muitos
tem celular desde a mais tenra idade, outros
tantos já fizeram de tudo um pouco no
mundo virtual dos games, desde dirigir
carros de corrida a entrar no front da guerra.
E esse acostumar com as novidades da
ciência é tanto positivo quanto negativo. A
primeira possibilidade traz a tecnologia a
nosso favor. Máquina de escrever hoje em
dia só para os escritores saudosistas da
velha guarda. Ou então subir dez, doze
andares depois de ficar em pé no ônibus por
mais de hora. Dispensamos esse exercício.
Todos ficam agradecidos aos seus painéis
eletrônicos, luzes e pixels funcionando e
muito bem.
Já a outra situação faz da tecnologia nossa inimiga pública número um. Se acabar a energia neste exato momento, fico neutralizado. Não conseguirei terminar de escrever esse texto e se quiser fazer à moda antiga, terei que escrever cartas à luz de velas e enviar pelo correio para os meus conhecidos. Se tudo correr bem e as outras formas de tecnologia ajudarem – o carro do correio, por exemplo - essas correspondências chegarão em dois dias em suas casas.
Acostumamo-nos à tecnologia. Todos
somos meio ciborgues. Temos o nosso lado
máquina gritando alto dentro de nossos
peitos. Por isso, podemos marcar consultas
médicas ou chamar um táxi pelo celular
inteligente. A tecnologia está cada vez mais
banalizada. E quanto menos high tech for o
equipamento, tendemos menos a nos
preocupar com o uso que fazemos dele.
Pouquíssimas pessoas se preocupam com sua segurança em escadas rolantes, por exemplo. Para a grande maioria é colocar o pé pura e simplesmente. E essa intimidade maior com o equipamento vai sendo transmitida de uma geração a outra. Lembro-me bem quando há cerca de dez anos, uma funcionária do Metrô simpaticamente me chamou a atenção dentro do sistema metroviário, dizendo: “Jovem, o corrimão é para ser usado. Não passe vontade, não”. Aprendi a lição.
Entretanto muitos ainda estão vivendo nessa zona de (in)segurança. Adolescentes que querem mostrar que podem subir pela escada rolante que está descendo; e a pior de todas as situações, as novíssimas gerações que incorporam a naturalidade de seus pais no uso do equipamento. Crianças que correm em direção às escadas rolantes ou entram pulando nelas. Para esses desavisados, sugiro que vejam a foto de uma moeda de R$ 1 que ficou presa na parte superior de uma escada rolante na estação Praça da Árvore (fotos abaixo). Quanto vale a sua segurança?