TCC: Santo Daime: Mitos, hinos e rituais. Joscelyn jr

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINSCAMPUS UNIVERSITRIO DE TOCANTINPOLIS

    LICENCIATURA EM CINCIAS SOCIAISJOSCELYN ANTONIO ALVES DA COSTA JNIOR

    SANTO DAIME, MITOS, HINOS E RITUAIS: UM ESTUDO DE CASO

    SOBRE A PRODUO DA BEBIDA AYAHUASCA NA IGREJA CU DO CERRADO

    EM PALMAS TO!

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    SANTO DAIME, MITOS, HINOS E RITUAIS: UM ESTUDO DE CASO

    SOBRE A PRODUO DA BEBIDA AYAHUASCA NA IGREJA CU DO CERRADO

    EM PALMAS TO!

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    SANTO DAIME: UM ESTUDO SOBRE AS TCNICAS DE PRODUO DA

    AYAHUASCA DO MESTRE VADES BORGES APLICADAS AO RITUAL DO

    FEITIO NA IGREJA CU DO CERRADO EM PALMAS TOCANTINS!

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    A minha Me Ely Regina de Oliveira

    Ao Padrinho Vades Borges e Toda Irmandade

    do Cu do Cerrado

    Ao querido Amigo e Proessor Cleides

    An!onio Amorim "in memoriam#

    Ao Amigo e Proessor $lavio Moreira "in

    memoriam#

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    AGRADECIMENTOS

    Mais de que um !ra%alho de &on&luso de &urso' es!e !ra%alho &ons!i!u(se enquan!o o

    resul!ado de seis anos de em)rei!a na %us&a )or &onhe&er e &om)reender es!a dou!rina que

    mudou o &urso da minha vida* + um )resen!e aos irmos da &omunidade Cu do Cerrado' que

    nes!e quase &in&o anos de minha aus,n&ia des!e gru)o' )or &on!a de minha mo%ili-a.o na

    %us&a )ela orma.o em &i,n&ias so&iais' me mo!ivaram e es!imularam a dedi&ar(me e

    a)roundar(me nos ensinamen!os do Mes!re Irineu e Padrinho /e%as!io*

    A 0niversidade $ederal do To&an!ins e ao Curso de Ci,n&ias /o&iais' )ela

    )ossi%ilidade des!a orma.o*

    A minha querida me Ely Regina de Oliveira' que &us!eou minha !ra1e!2ria de

    orma.o em &i,n&ias so&iais* Es!imulou(me aos es!udos e a vida a&ad,mi&a*

    Minha amlia' nas )essoas de meu Tio 3oo e Tia 4ui-a' )elo &arinho e a)oio*

    Ao Padrinho Vades Borges' que &arinhosamen!e re&e%e a !odos que %us&am &onhe&er

    es!a /an!a 5ou!rina na Cidade de Palmas' em)enhou(se e em)enha(se na e6)anso dadou!rina do /an!o 5aime* 7un&a me negou es!e sa&ramen!o' me &on&edendo !odas as ve-es

    que ne&essi!ei des!a %e%ida*

    A irmandade do Cu do Cerrado' )ela )a&i,n&ia e es!imulo aos es!udos*

    Aos meu )adrinhos 3osely Aquino e Andr 4ui- Ro&ha' im)or!an!es mo!ivadores e

    en!usias!as do es!udo da ayahuas&a' me orne&eram a %iograia do Mes!re Irineu e o ma!erial

    ne&ess8rio )ara a )rodu.o da )resen!e o%ra' a qual sou e!ernamen!e gra!o*

    As amigas e irms de dou!rina e &onsidera.o' Raaela /oares e Paula Mendes' )or

    !odo o &arinho' amor e ami-ade*

    Aos meus orien!adores Odilon Morais e Andre 5emar&hi' )ela )a&i,n&ia e au6ilio na

    )rodu.o des!e !ra%alho*

    Ao querido &asal de amigos' Elaine Tori&elli e Mar&elo Cle!o' )ela mo!iva.o' ami-ade e

    &onsidera.o*

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    Aos amigos e &om)anheiros de es!udo 5iego Corado' Maria do /o&orro "7eguinha# e 7ayane

    3anuario' sem a qual vida !eria sido menos en!usiasman!e em To&an!in2)olis*

    A querida amiga e e!erna orien!adora Re1ane Cleide Medeiros' )ela mo!iva.o e en!usiasmo avida a&ad,mi&a*

    Aos queridos amigos e )roessores Cleides Amorim e $l8vio Moreira' que a)esar de no

    es!arem mais &onos&o oram de undamen!al im)or!9n&ia em minha vida a&ad,mi&a* "In

    memoriam#

    Ao Mes!re Irineu' )or seus ensinamen!os' sua inini!a lu- e amor* A quem en!rego a minha

    vida: "In memoriam#

    Ao Padrinho /e%as!io' )or sua sa%edoria e )or guiar(me na vida es)iri!ual* "In memoriam#

    Ao /an!o 5aime' )or ser o ve&ulo )ela qual me dada a )ossi%ilidade de &om)reender a

    vida' meu guia e )roessor no &aminho da es)iri!ualidade e sua inini!a lu-*

    E a !odos que &on!ri%uram e me au6iliaram nes!e )ro&esso de orma.o e no es!o &i!ados

    nes!e agrade&imen!o*

    Meus sin&eros sen!imen!os de gra!ido:

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    RESUMO

    A dou!rina do /an!o 5aime um sis!ema religioso %aseado no uso sa&ramen!al da

    %e%ida ayahuas&a em seus ri!uais* $undada na d&ada de ;< )or Raimundo Irineu /erra em

    Rio Bran&o no A&re' de onde a )ar!ir dos anos =< disseminou(se )ara ou!ras lo&alidades do

    Brasil e do mundo* Tal dou!rina um &om)le6o sis!ema de elemen!os sim%2li&os das mais

    diversas 8reas da vida &ul!ural %rasileira' em es)e&ial dos )ovos da lores!a e do &am)o* >ue

    na a!ualidade a%ar&a uma !radi.o de quase oi!en!a anos' &om)reendendo !odo um modo de

    ser e organi-a.o de vida )au!ada na rela.o de res)ei!o ? na!ure-a* 0m en@meno que

    demons!ra a rique-a e a diversidade da &ul!ura do Brasil e )rin&i)almen!e da Ama-@nia* O

    )resen!e !ra%alho &ons!i!ui(se de )esquisa %i%liograia e o%serva.o )ar!i&i)an!e so%re os

    ri!uais do /an!o 5aime* Em es)e&ial o ri!ual de )rodu.o da %e%ida ayahuas&a que nes!e

    gru)o !am%m denominada /an!o 5aime* O $ei!io' ri!ual de )rodu.o des!a %e%ida' um

    dos mais im)or!an!es ri!uais des!a dou!rina' )ois o momen!o de )rodu.o ma!erial do

    sa&ramen!e que uni e mo%ili-a um grande &on!ingen!e de )essoas em !orno da mensagem de

    Mes!re Irineu e sem a qual sua &on!inuidade es!aria &om)rome!ida* Tal ri!ual' no di- res)ei!o

    somen!e ? &one&.o des!e sa&ramen!o' )ois envolve !odo uma maneira de ser e agir que

    &onerem o s!a!us de sagrada a mesma* Assim que sua e6)anso )ara as 8reas ur%anas

    o&asionou modii&a.es em seus ri!uais e )ro&esso de )rodu.o' eviden&iando suas

    !ransorma.es no sen!ido de ada)!ar(se as aos mais diversos &on!e6!os da vida so&ial* 5o

    mesmo modo' que o gru)o des!a religio em Palmas D TO !ornou(se um im)or!an!e &en!ro de

    a%as!e&imen!o des!a %e%ida )ara os demais gru)os den!ro e ora do )as* /endo !al a!o

    asso&iada ? im)or!an!e lideran.a do /enhor Vades Borges' que no )ro&esso de ada)!a.o

    des!a dou!rina a regio' desenvolveu me&anismos e !e&nologias que )ro)i&iaram a )rodu.o

    des!a %e%ida )or seu gru)o* 7o s2 &on!ri%uindo )ara a e6)anso e &onsolida.o da mesma'

    &omo !am%m inovando nas !&ni&as e ormas de )rodu.o do /an!o 5aime*

    Palavras(&have /an!o 5aime* Ri!uais* $ormas de )rodu.o*

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    SUMRIO

    INTRODUO********************************************************************************************************)*

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    INTRODUO

    5esde !em)os imemoriais o uso de su%s!9n&ias )si&oa!ivas es!a asso&iada ? &ul!ura da

    humanidade* 0!ili-adas )aras as mais diversas inalidades e )rovei!os* 5e !al maneira' que

    essa uma ques!o la!en!e ao &o!idiano dos seres humanos* Eviden&iando a diversidade da

    &ul!ura humana' %em &omo' uma mul!i)li&idade de en@menos da vida so&ial que englo%am o

    uso de )si&oa!ivos* O uso da %e%ida ayahuas&a alm de &ul!ural e de!erminan!e na vida dos

    )ovos da lores!a' )ois &onerem a es!es gru)os )ar!i&ularidades e es)e&ii&idades da vida

    sim)les e ao mesmo !em)o &om)le6a das iden!idades )er!inen!es a &ul!ura ama-@ni&a* Assim

    Mauro Almeida e6)em que

    As su%s!an&ias )si&oa!ivas' )or!an!o' )ossuem um )a)el' ao lado dos sonhos' dedan.as' do &an!o e de ou!ras !&ni&as' &omo o)eradores que modii&am o &or)o e amen!e' !an!o )or e6a&er%ar a e6)eri,n&ia sensvel &omo a%rir o &aminho )araviagens no !em)o e o es)a.o e revelar a e6is!,n&ia dos seres que ha%i!am o mundoverdadeiro "ver righ! GFF=' PP* K(FN 4angdon GFFL' )* J=#* "4ABATE' J

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    en@menos ni&os da diversidade &ul!ural %rasileira* A sa%er /an!o 5aimeN 0nio do Vege!alN

    e Barquinha*

    Assim que' o o%1e!ivo do )resen!e !ra%alho &onsis!e na )esquisa e an8lise de ques!es)er!inen!es a dou!rina do /an!o 5aime* Mais es)e&ii&amen!e' aos ri!uais e ormas de

    )rodu.o da %e%ida ayahuas&a )elo gru)o do /r* Vades Borges* O /an!o 5aime uma

    dou!rina religiosa de &unho es)iri!ualis!a eso!ri&o que !em &omo )rin&i)io o uso ri!uali-ado

    da ayahuas&a em seus &ul!os* $undada )elo negro maranhense Raimundo Irineu /erra em

    meados da d&ada de ;< na &idade de Rio Bran&o no A&re* O mesmo ado!ou uma nova

    denomina.o a es!a %e%ida' a!ri%uindo(lhe o &ar8!er de )edir' de rogar' de soli&i!ar as or.as da

    es)iri!ualidade !odos os sen!imen!os e ne&essidades as)iradas* Passando a ser &hamada )or

    seus ade)!os de 5aime ou /an!o 5aime' aludindo a s)li&as &omo' dai(me amor' dai(me

    ' dai(me sade*

    A a%ordagem do )resen!e !ra%alho !em )or inalidade o es!udo das !&ni&as de

    )rodu.o des!a %e%ida que reali-ada em um ri!ual )r2)rio ao seu )re)aro' denominado

    $ei!io* Assim' )ro)onho no )rimeiro &a)i!ulo des!e !ra%alho' um levan!amen!o his!2ri&o

    so%re as origens des!a dou!rina' %em &omo a organi-a.o de seus &ul!osri!uais' o &on!e6!o e

    inlu,n&ias na qual a mesma oi es!a%ele&ida e sis!emas de mon!agens sim%2li&as* 7o segundo&a)i!ulo' a.o uma e6)lana.o so%re a orma.o de dissid,n&ias des!e gru)o e os ri!uais )or

    es!es ormados* Bem &omo' uma des&ri.o da his!oria do /an!o 5aime em Palmas D TO' a

    )ar!ir do rela!o do senhor Vades Borges' )rin&i)al res)ons8vel )ela orma.o do &ul!o nes!e

    Es!ado* 7a sequ,n&ia a.o uma a%ordagem !e2ri&a so%re os &on&ei!os de ri!uais )ar!indo da

    deini.o de Vi&!or Turner e /!anley Tam%iah* E !am%m so%re as !&ni&as a)li&adas ao

    )ro&esso de &one&.o da %e%ida /an!o 5aime* Por ul!imo' no quar!o &a)!ulo' des&revo o

    ri!ual do ei!io al!ernado &om rela!os do senhor Vades Borges so%re suas e6)eri,n&ias e!&ni&as )rodu!ivas reeren!es ao )re)aro des!a %e%ida sa&ramen!al em seu gru)o Igre1a Cu

    do Cerrado em Palmas D To&an!ins D Brasil*

    A me!odologia u!ili-ada nes!e !ra%alho &ons!ou de )esquisa %i%liogr8i&a so%re o uso

    &ul!ural de su%s!9n&ias )si&oa!ivas' his!2ria de orma.o do &ul!o daimis!a' e demais

    reer,n&ias so%re a &ul!ura ayahuasqueira e )esquisa e!nogr8i&a* Alm' do reeren&ial !e2ri&o

    &l8ssi&o da so&iologia e an!ro)ologia* Tam%m' resul!an!e de )esquisa de &am)o a!ravs de

    o%serva.o )ar!i&i)an!e dos diversos ri!uais' em es)e&ial o ri!ual do $ei!io da %e%ida /an!o5aime' na igre1a Cu do Cerrado* + im)or!an!e ressal!ar que mesmo na &ondi.o de mem%ro

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    des!e gru)o' me )ro)us a &er!o dis!an&iamen!o e o%1e!ividade ne&ess8ria )ara uma

    me!odologia rigorosa e im)ar&ial so%re !ais ri!uais*

    5es!e modo' a deini.o do &on&ei!o de ri!ual segue uma !ra1e!2ria his!2ri&a de)esquisas e es!udos* Assim que diversas !eorias e au!ores so im)or!an!es )ara o &onsenso no

    !o&an!e a deini.o des!e &on&ei!o* Mari-a Peirano J

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    ama-@nidas* 7o o%s!an!e' !ais es!igmas so%re essas &ul!uras ainda so vigen!es em nossa

    so&iedade' sendo que !ais es!udos em)reendidos &om a inalidade de &onhe&er !ais &ul!uras

    oere&em um ar&a%ou.o !e2ri&o %io)si&osso&ial so%re os es!udos dos )si&oa!ivos' no in!ui!o de

    minimi-ar !ais &ondena.es inund8veis so%re de!erminadas )r8!i&as* 7es!a )ers)e&!iva Cou!o

    "in 4ABATE' J

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    Ainda de a&ordo a l2gi&a des!e au!or' inde)enden!emen!e de haver uma )ro6imidade

    so%re a realidade do o%1e!o )esquisado' !al si!ua.o sem)re seria il!rada a )ar!ir do )on!o

    de vis!a do o%servador* Assim

    Esse movimen!o de rela!ivi-ar as no.es de dis!9n&ia e o%1e!ividade' se de um ladonos !orna mais modes!os quan!o ? &ons!ru.o do nosso &onhe&imen!o geral' )orou!ro lado )ermi!e(nos o%servar o amiliar e es!ud8(los sem )aran2ias so%reim)ossi%ilidade de resul!ados im)ar&iais' neu!ros* "VE4O' Jues!o a ser elu&idada no desenvolvimen!o do )resen!e !ra%alho*

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    1*

    CAPTULO I: GENEALOGIA DO CULTO DAIMISTA

    2!2 A '%'#'$=" 7" M4+&.4 R$';%7" I.'%4 S4..$

    Raimundo Irineu /erra nas&eu em /o Vi&en!e de $rrer' no Es!ado do Maranho em

    G=F

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    1ue de a&ordo a es!e au!or' as sesses do CR$ o&orriam de orma i!ineran!e no in!ui!o de

    evi!ar &onli!os &om a or.a )oli&ial' ques!o re&orren!e nas )r8!i&as do gru)o* "MOREIRA'

    J

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    O )erodo de &ons!i!ui.o do &ul!o daimis!a a&om)anhou grandes !ransorma.es

    o&orridas no &on!e6!o de )o&a* /o%re!udo do inves!imen!o das a!ividades indus!riais no )as'

    si!ua.o que in&en!ivou a orma.o de &idades )elo in!erior do Brasil' o&asionando o ,6odo

    rural' migra.o de )essoas envolvidas &om a agri&ul!ura )ara as &idades &omo orma de

    &onseguir mo(de(o%ra )ara as a!ividades indus!riais e &omer&iais nas &idades*

    O uso ri!uals!i&o da ayahuas&a em um orma!o religioso !ornou(se uma &ara&!ers!i&a

    ni&a da &ul!ura ayahuasqueira no Brasil' ormada em uma &on1un!ura de !ransorma.es

    so&iais no )as* Es)e&ialmen!e de !ransi.o da &ul!ura rural )ara a ur%ana' unindo diversos

    elemen!os do universo &ul!ural %rasileiro* 5e !al maneira que' o )ro&esso de a)ro)ria.o e

    ressignii&a.o do uso da ayahuas&a den!ro de um &on!e6!o religioso em um orma!o &ris!o'

    ela%oraram uma nova orma de organi-a.o %aseado na so&iali-a.o e a)ro6ima.o en!re o

    mundo rural e ur%ano* Con!e6!o que )ro)i&iar8 os surgimen!os das religies %aseado no uso

    da ayahuas&a* Assim de a&ordo Soular! "in 4ABATE' J

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    de&lnio do )erodo da %orra&ha oram or.ados a migrarem )ara Rio Bran&o em %us&a de

    o)or!unidades de novas o&u)a.es* "SO04ART in 4ABATE' Jueiros lem%ra que' no mundo rs!i&o !radi&ional'agen!es &omo )eni!en!es' %ea!os' milagreiros ou san!os eram' mui!as ve-es'!idos &omo )adrinhos da )o)ula.o desam)arada ">0EIROX' GF=' )*G;= a)udSO04ART in 4ABATE' J

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    ('

    7o &aso do mu!iro' !al si!ua.o oi de undamen!al im)or!9n&ia )ara a orma.o da

    &omunidade daimis!a* >ue' a)2s es!a%ele&ida nas -onas rurais ao en!orno de Rio Bran&o )assa

    a )ermear a organi-a.o ma!erial do gru)o* A i6a.o des!e gru)o na )erieria de Rio %ran&o

    nos anos ;< im)ulsionava sua organi-a.o do em vol!a de um sis!ema de a1uda mu!ua

    omen!ada )elos la.os de )aren!es&o e ainidades* Assim' se o mu!iro e as rela.es en!re

    &om)adres so re&orren!es en!re os )rimeiros mem%ros do san!o daime' o%servamos que eles

    so !am%m re&or!ados )or la.os amiliares "SO04ART in 4ABATE' J

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    es)iri!uais* "SO04ART in 4ABATE' J

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    ((

    morais do su1ei!o* ***W O )oder !era),u!i&o do 5aime es!8 ligado ? !ransorma.o moral

    an!eriormen!e &i!ada' reerindo(se a um en@meno mui!o mais am)lo do que uma &ura

    )uramen!e org9ni&a "SO04ART in 4ABATE' J

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    de sua orma.o )or es!ar asso&iada ao &urandeirismo ama-@ni&o* Bem &omo' )os!eriormen!e

    essas &on&e).es &riam um es!igma a&er&a do uso da ayahuas&a' na qual so &ons!an!emen!e

    asso&iadas aos &ul!os de magia ou ei!i.aria*

    Soular! airma que' o )ro&esso de surgimen!o de &ul!o daimis!a a&om)anhou !ais

    mudan.as es!ru!urais na so&iedade %rasileira' des!a&ando que essas si!ua.es &orres)ondiam

    ?s modii&a.es das )r8!i&as e &ren.as do )assado* Tal qual e6)e a au!ora

    Pois' a rela.o en!re o &ul!o do /an!o 5aime e as !ransorma.es que se&onsolidavam )or o&asio do seu surgimen!o no era unila!eral' is!o ' no im)li&avana sim)les assimila.o da ordem e da moral ins!i!udas )elos )oderes dominan!es*Tra!ava(se' ao &on!rario' de um rela&ionamen!o din9mi&o' onde as regras "as regrassim%2li&as' in&lusive# do novo &on!e6!o so&io&ul!ural eram rein!er)re!adas de !al

    modo que aqueles envolvidos &om a orma.o da dou!rina daimis!a )udessemenren!ar mais a)ro)riadamen!e as mudan.as que se ins!auravam* 7es!e )ro&esso' oresga!e e a redeini.o de an!igas !radi.es assume um )a)el undamen!al*"SO04AR in 4ABATE' J

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    (*

    Assim de a&ordo Soular! "in 4ABATE' J

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    (ue no &aso do Cu do Ma)i8' h8 um gru)o grande de )essoas )ioneiras que

    a&om)anharam /e%as!io Mo!a no )ro&esso de organi-a.o de sua &omunidade' assim

    designadas enquan!o )adrinhos e madrinhas*

    /eguindo essa l2gi&a de dis)osi.o hier8rqui&a das lideran.as den!ro da dou!rina do

    /an!o 5aime' a Virgem da Con&ei.o !eria en!regado ao Mes!re Irineu a misso de dou!rinar o

    mundo in!eiroJKa!or que legi!ima em si a )r2)ria e6)anso do /an!o 5aime* E o Mes!re !eria

    en!regado ao Padrinho /e%as!io a misso dessa e6)anso' &ir&uns!9n&ia essa' que legi!ima a

    orma.o do Cu do Cerrado* >uando /eu Vades re&e%e dire!amen!e do )adrinho /e%as!io odaime e as )lan!as )ara orma.o de um novo gru)o' re)rodu-indo sua e6)anso e a!es!ando a

    misso de Irineu* 5e !al orma que ho1e' mesmo &om as divises en!re os gru)os' am%as se

    sus!en!am' no )odendo ser &onsideradas religies dieren!es' que alm de )ossurem mui!o

    em &omum' ou melhor' )ou&o de dieren&ial' am%as oram im)or!an!es umas )ara as ou!ras*

    7es!a )ers)e&!iva' o segundo gru)o !am%m im)or!an!e )ara o )rimeiro' )ois &oneriu

    visi%ilidade a religio em si e )romoveu o nome de seu undado )ara !odo o mundo'

    &on!em)lando seu )ro)2si!o de se !ornar universal' ques!o eviden!e nas mensagens e )alavrasde seu hin8rio' que &orres)onde assim a sua )r2)ria misso*

    () ;ermo pro-eniente das antigas relaes de compadrio do mundo rural

    rasileiro, questo e-idenciada no primeiro cap2tulo deste traalho&

    (* >ue no caso da @grea /u do /errado, apesar do Sr& Ga2des ser o padrinho

    deste grupo e comumente chamado pelos memros de Seu Ga2des8&

    (< @ncumncia expressa em seu in?rio O Cruzeiro Universal&

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    *=

    Assim' im)or!an!e ressal!ar' que &ada gru)o que se orma em !orno dessas &ondi.es'

    re)rodu- a )r2)ria orma.o do Mes!re Irineu* 7o &aso do Cu do Cerrado' no dieren!e'

    /eu Vades a)rendeu &om o )adrinho /e%as!io' que a)rendeu &om o Mes!re Irineu* Tais

    narra.es demons!ram que o )ro&esso de desenvolvimen!o de &ada indivduo uma

    &a)a&idade de su)era.o' de &om)osi.o de um &on1un!o org9ni&o e mesmo' de &om)reenso

    de sua misso* O rela!o do /enhor Vades Borges so%re o )rimeiro &on!a!o &om as )lan!as

    demons!ra es!a rela.o' )ois a no.o de )er!en&imen!o )er)assa )ela idia de a)reenso de

    !odos os signii&ados' quando !ais sm%olos )assam a ser in!ernali-ado' onde o sis!ema de

    rela.o desse universo )ressu)e o re&onhe&imen!o des!e indivduo* >uando ele )assa a

    dominar o &on1un!o de sm%olos e signii&ados que o a)ro6imam de ou!ros que &om)a&!uam

    &om o mesmo ideal' de !al orma' e6)onho seu rela!o' !al qual o mesmo res)ondeu quandoindagado so%re seus )rimeiros &on!a!os &om as )lan!as que &om)em a %e%ida /an!o daime

    O )rimeiro &on!a!o &om as )lan!as oi o seguin!e' eu )ar!i&i)ei de um !ra%alho l8 nasegunda ve- que eu ui' a eu &heguei e no sa%ia' ui sem sa%e n' )ra mim qualquerda!a que &hegar l8 !inha !ra%alho e na verdade no era assim* A eu &heguei e o

    )adrinho /e%as!io )ro&urou o que que eu !inha ido a-er l8' eu a! es!ranhei eleme )ro&urar assim*** ( uai )ra )oder &onhe&er melhor essa %e%ida' esse &h8 quevo&,s !oma aqui* E )oder )ar!i&i)ar dos !ra%alhos' )ra mim )oder &onhe&er*** elealou no' mais no !em !ra%alho nenhum nessa )o&a agora' a eu iquei assim meio&ha!eado )orque longe )ra ir )ra l8' dois dias de &anoa )ra ir da &idade que eu

    !ava a! l8' mais ai eu iquei ali &onversando mais eles ali' &om o )adrinho /e%as!ioali' e eles alaram )ra mim' e eles 18 !inham me alado que o gos!oso mesmo ali seria)ar!i&i)ar de !r,s !ra%alhos seguidos' que eles mui!as ve-es a-ia !r,s !ra%alhosseguidos e' eu &omen!ei isso &om ele n*** e ele me &hamava na )o&a' me &hamavaera de &um)adre ***W e disse' ( 0ai &um)adre' mais se o senhor quiser a gen!e )odea-er esse !ra%alho )ro senhor' eu alei' no uai' + mui!o assim*** es!ranha' eu i&oassim a! &ons!rangido' d\eu !o querendo &onhe&er' &hegar aqui e da esse !ra%alho

    )ra vo&,* A ele olhou )ra mim e alou que nada 2 &um)adre' a gen!e !a aqui e )raisso mesmo' )ra re&e%er os que vo &hegando' e se o senhor quiser n2s a-emo' uaien!o eu quero: A as )essoas que !inham ido &omigo &omemoraro )orque uma&hado' um )resen!e' uma daquela ali' ai omos )ro )rimeiro !ra%alho' oi um!ra%alho assim*** o daime )are&e que era mais suave e' e eu no sen!i mui!a &oisa' osou!ros !am%m no:' a quando no ou!ro dia &edo' !odo mundo a )ra &asa do

    )adrinho /e%as!io de manh-inha' que &in&o horas da manh ele 18 !ava de )' a-ero &ae-inho dele l8' e o )ovo reunia ele' aquele mon!e de gen!e em vol!a' an!es de ir)ros seus servi.os' )ros seus ro.ados eles )assava l8 )ra es&u!ar ele &onversar' a eu18 !inha !omado &i,n&ia disso a' n2s &om%inamo no ou!ro dia &edim' nos omo )ral8' a n2s &hegamos e ai*** ele veio meio me )ergun!ar &omo oi o !ra%alho' eu aleique no !inha sido' no !inha sen!ido mui!o nada' mui!a &oisa nada e !al*** a !ava o

    )adrinho Alredo 1un!o' ele )egou e alou )ro )adrinho Alredo na hora' alou' olha'o !ra%alho de ho1e vo&, leva o ulano' o ulano' o %el!rano' ele rela&ionou quem

    )odia ir' que era um !ra%alho de es!rela' que era )o&a gen!e' e alou o &, )ega daime!al*** e alou um daime l8 que eu no lem%ro qual ' num )ra en!rar mais ningumalm dos*** eles' que so os visi!an!es e essas )essoas que eu alei* A nos omos )ro!ra%alho a noi!e*** D ra)a-*** esse !ra%alho oi or!e' mais mui!o or!e mesmo:' sa%e eu!ive mui!as mira.es assim*** mui!o en!endimen!o' mui!a &om)reenso assim da

    vida es)iri!ual que eu no sa%ia nada' sa%ia nada:' eu era !o!almen!e grosso nesselado a' e eu !am%m )assei )or mui!as &oisas assim sa%e' e oi mui!o in!eressan!e eeu iquei assim' mui!o sa!isei!o de ver assim**** de ver &oisas que eu nun&a !inhavis!o assim' e ai quando oi no l!imo !ra%alho que era no !er&eiro dia' ai que oi um

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    !ra%alho or!e de mais da &on!a' mui!o or!e mesmo:' ai nesse !ra%alho eu vendo!an!a &oisa %oa assim*** a' assim i&ava admirado &om !an!a &oisa %oa que eu viaassim*** e ai eu )edi a 5eus no meu &ora.o' que eu queria uma o)or!unidade )ra

    )oder levar um )oquim dessa %e%ida' daquela %e%ida' levar )ra mim a)resen!ar )rosmeus amigos' )ros meus )aren!es l8' )orque aquilo ali era maravilhoso: In&lusive eu

    !inha re&e%ido uma &ura* 7a verdade no !inha ido a!r8s da &ura'mas eu ui &uradode um )ro%lema de es!omago que eu !inha* >ue eu &omia e de)ois i&ava arro!anoaquela &oisa amarga e !inha ido no mdi&o varias ve-es e nun&a !inha resolvido' eele l8' e eu re&e%i essa &ura l8' !ava maravilhado n' !an!o ensinamen!o' !an!a &oisa

    %oa assim sa%e' o daime !inha me mos!rado assim' as &oisas errada que eu !inha ei!ona minha vida a! ali assim* E mos!rando &omo que 1esus &ris!o ensinava e &omo que !inha sido minhas a!i!udes' e aquilo )ra mim era uma maravilha' que eu vendo ea)rendendo os ensinamen!o de 3esus &ris!o' assim*** de uma maneira mui!o &laro' eeu quis !ra-er aquela %e%ida' e nesse ul!imo !ra%alho !am%m*** oi que eu re&e%i queo )adrim /e%as!io era meu )adrinho* Todo mundo &hamava ele de )adrinho e )ediaa %en.o e eu no' no &onhe&ia ele direi!o n' iquei na minha n' mais a l8 den!rodesse !ra%alho a' oi que eu )er&e%i o amor que ele !inha )or !odo mundo que&hegava' assim*** e o &arinho que ele !inha &om essas )essoas e assim a dedi&a.o

    dele de ensinar essas )essoas assim no &aminho do %em' a*** eu v que ele era meu)adrinho*** Pensei' na hora que eu en&on!rar &om ele vou alar )ra ele isso ai e vou)edir a %en.o )ra ele' e sei l8 eu !am%m l8 den!ro do !ra%alho eu re&e%i aquela&oisa assim' aquela misso de !ra-er o san!o daime )ra )oder a)resen!ar )ras

    )essoas' as )essoas que eu &onhe&ia' e ai eu meio sem 1ei!o &om aquele nego&io deno ou!ro dia eu 18 ia via1ar' &omo que eu ia alar )ra ele )ra v, se ele me dava um

    )ou&o de daime' ele nem me &onhe&ia direi!o' )ra mim !ra-er daime )ra &8' e!am%m eu queria ver se ele me arrumava umas mudinhas' que !ava &hegando na)o&a de eu vir em%ora de %o&a do a&re' ai &heguei l8 no ou!ro dia &edo' &edim***!ava &om%inado &anoeiro e !al e !odo mundo )re)arado )ra ir em%ora' ai eu olhava

    )ra ele assim' e a gen!e &onversado e !odo mundo alegre ao lado dele' ele alandoassim so%re o mundo es)iri!ual' so%re a melhor maneira de viver aqui na !erra' e euassim meio sem &oragem de )edir )ra ele um )ouquim do daime' e eu queria

    !am%m semen!e daquelas )lan!as )ra mim !ra-er assim' )ermi!ir n' que )ra mimera !udo mui!o mis!erioso naquela )o&a' ai ele !ava o )adrim Alredo o )adrinhoValde!e seu 3oo Barr que oi na &asa de quem eu iquei hos)edado e*** o )adrim/e%as!io' eu !ava l8 na &asa do )adrim /e%as!io nesse dia' mais ai eu no !inha&oragem de alar &om ele' ai ele !ava assim' uma hora !ava ele o )adrim Alredo eeu' ele olhou )ra mim e alou' ora &um)adre )are&e que o senhor !a querendo mealar alguma &oisa e no !a !endo &orage' ai oi** no )adrim' assim*** Eu re&e%i l8den!ro desse !ra%alho que o senhor meu )adrim' e ele alou )ois no' ai ele veio

    )edir a %en.o &omo era o &os!ume da regio assim )edir a %en.o e %ei1ar a mo'na hora que eu )edi a %en.o e eu %ei1ei a mo dele que ele me a%en.oou assim'"&horo# oi &omo se eu !ivesse !omado um &hoque assim oi vuuuu)' assim meu&or)o %alan.ou )ra &air no &ho' ai o )essoal alava que ele !inha mui!o )oder mui!a&oisa assim' &ria um mi!o em vol!a da )essoa' ai na hora eu iquei )ensando mas o

    que que que esse homi !em*** que essa energia !oda' essa &oisa !oda em vol!adele' mais legal sa%e' ai iquei' ai alei ( olhe !am%m !em his!oria assim' que euqueria ver se o senhor me arrumava um )ouquinho dessa %e%ida' que eu re&e%i l8 )raeu levar' )ra mim levar )ra a)resen!ar )ras )essoa' a)resen!ar )ras )essoas que eu&onhe&er no meu &aminho' ai ele deu uma risada %oa' que minha in!en.o era ver seele me dava )elo menos um li!ro n' ai ele deu uma risada %oa olhou )ro )adrinhoAlredo e alou ( Alredo )ega l8 aquele daime que eu mandei se)arar )ra ele' ai queeu )er&e%i' que ele no undo ele 18 !ava sa%endo de !udo que !ava a&on!e&endo' numsei &omo nem &omo que ele !inha i&ado sa%endo que eu !inha re&e%ido aquilo ali'mas ele 18 !inha um daime se)arado' )ra minha sur)resa oi assim' eu querendo )elomenos um li!ro ou dois li!ro' se osse assim que a &oisa )ermi!ir' ai veio o )adrimAlredo &om um galo-im de &in&o li!ro' ai eu quase &ai' assim** )o6a vida n' nema&redi!ei' ai mui!o eli- da vida mesmo assim' e alei &om ele nas mudas !am%m ounas semen!es' ele alou !em muda vo&, quer levar' ai ele me deu algumas mudinhasde rainha e algumas mudinhas de 1agu%e' !irou elas' &olo&ou elas uma %em 1un!inhada ou!ra' !inha um )ouquim de !erra &olo&ou numa sa&olinha e eu !rou6e' e eu !rou6e

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    aquilo no maior &arinho )orque era dois dias de &anoa' de)ois &hegar em %o&a doa&re' de)ois em %o&a do a&re eu iquei l8 alguns dias' iquei -elando delas e !rou6eelas !am%m *** a! goiania e )lan!ei l8' )lan!ei' &aram%a elas &res&eram l8 e eu-elando daquilo ali' &omo assim' &omo deveria ser' &omo )ra mim elas eramsagradas' eu !ava -elando delas' eu )lan!ei elas i&aram l8 uns dois )ra !r,s anos' oi

    !em)o que eu morei em Soi9nia ainda* ai oi quando &ome.aram' assim que &riaramo To&an!ins' e eu mudei )ra &8' quando !ava %em no ini&io-im de Palmas' e ai euvendi a &h8&ara que eu !inha l8' ranquei !udo an!es de via1ar*** v8rios dias an!es' %o!einumas la!a e !rou6e de l8 )ra &8' e ai oi &omo que daqui ini&iou !odo o reinado quen2s !emos ***W "Inorma.o ver%al#

    A igre1a Cu do Cerrado oi undado no dia J< de maio de Jue &riaram o To&an!ins' que oram &ons!ruir Palmas' eu alei' ( Ah:vou mudar )ra l8 e vou )arar de andar assim*** $i&ar andando a!r8s de o%ra' eu voumudar )ra l8 )ra mim )oder' !er o)or!unidade de !er um )on!o de san!o daime' sealgumas ou!ras )essoas quiser )oder )ar!i&i)ar mais eu' ai a&on!e&eu*** Eu )egueialgumas o%ras assim )ra &8' vendi as &oisas que eu !inha l8 e mudei )ra &8' e ai&hegou no &ome.o' eu a-ia os !ra%alhos' &olo&ava o !o&a(i!a' era um !o&a(i!aainda' e !omava o daime' &olo&ava o !o&a i!a' era eu' mui!as ve-es eu so-im e aide)ois meus menino' o $a%iano mais o Angelo' quiseram me a&om)anhar* A era n2s

    !r,s' ai*** $oi*** 0ma senhora l8' que !ava &om o )ai doen!e &om &irrose' e ai elai&ou sa%endo l8' oi l8 &onversou &omigo' eu e6)liquei )ra ela que era o daime* Eu!inha vis!o alar de mui!a gen!e que !inha sido &urado' mais quem na verdade &uravaera deus' o daime era o vei&ulo n' e eu no )odia oere&er )ra ela' se ela quisesse

    )odia vir' )odia )ar!i&i)ar dos !ra%alhos* A ela oi mais ele' e )ar!i&i)ou l8' umas

    (= /asal que residia na comunidade /u do Bapi? e que posteriormente mudouU

    se para .almas, acompanhando inicialmente o Sr& Ga2des&

    (7 H primeiro ponto do Santo Daime no ;ocantins chama-aUse @grea $ainha da

    Aloresta8, primeiro grupo formado pelo Sr& Ga2des em .almas& /om a chegada do

    casal Custa-o e Daniela, os mesmos inicialmente participa-am deste grupo, queap"s alguns desentendimentos com outros memros, optaram por formarem um

    ponto pr"prio&

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    oi!o ve-es' ele oi &urado da &irrose' ai eles i&aram )ar!i&i)ando' i&aram)ar!i&i)ando' ou!ra ilha dela i&ou )ar!i&i)ando' e ai &ome.ou eu &om um gru)o degen!e em vol!a' e oi aonde a gen!e !ava 18 &om umas oi!o )essoa*** Era umas oi!o

    )essoa o gru)o assim que !inha' oi quando o Sus!avo mais a 5aniela mudaram )ra&8' e ai num )erodo que eu via1ei' inal de ano* Minha amlia quis via1ar' eu via1ei'

    ai i&ou daime a' o )essoas )ra eles a-er uns !ra%alhos* E algumas daquelas )essoasque es!avam )ar!i&i)ando' ai quiseram oi )egar o daime e ir )ra &a&hueira e !omar odaime l8 na &a&hueira e !al*** A&hou que seria legal aquilo ali e num i-eram os!ra%alhos na da!a &er!a*** E ai' o Sus!avo i&ou &ha!eado &om aquilo ali' oi l8&onversou &om o $ernando l8 em Braslia' o $ernando arrumou um )ou&o de daimel8 )ra ele' e ele veio )ra )oder ini&iar os !ra%alhos* Ele ia ini&iar um )on!o dele' noqueria )ar!i&i)ar da igre1a mais' ai quando eu &heguei da via1em eu vi aquelahis!oria l8 eu alei D 7o:' n2s somos assim*** 38 )ouquinha gen!e' dividir no !emgra.a nenhuma no' o meu*** 7o !em assim aquela )ai6o*** $ala no eu sou o donoda si!ua.o' esse !an!im de gen!e )ra mim no in!eressa no' eu gos!ava mui!o dosan!o daime eu queria que lores&esse a dou!rina aqui*** A ui &onversei &om a5aniela mais o Sus!avo e alei D 7o' vamos a-er o seguin!e:' o Sus!avo vo&, !emmais e6)eri,n&ia do que eu e mui!o' e o Sus!avo 18 %em mais assim*** Viveu mui!o

    !em)o l8 no ma)i8' en!ende mui!o melhor' &an!ava os hinos' sa%ia )u6ar os hinos' eai vo&, vai a%rir o )on!o en!o o seguin!e' eu vou a%rir mo e vou )ar!i&i)ar &omvo&,s do )on!o que vo&,s a%rir' e &onvidando !odo mundo )ra ir )ra assim*** 7oundo s2 !ava !ro&ando a dire.o dos !ra%alhos' e ai eu ui*** E ai as )essoas que!avam &omigo a maioria no quiseram ir*** $i&aram meio revol!ado &om o Sus!avomais a 5aniela' num quiseram ir*** Eu alei' ( 7o' eu no vou a-er diviso no'minha es)eran.a e que eles vol!assem !am%m' mais ai &om o !em)o eles noquiseram vol!ar* 7enhum deles quiseram vol!ar' e ai eu iquei' ai essa !em)oradaaqui' o Sus!avo que veio a ren!e dos !ra%alhos' e nos ini&iamos realmen!e )ra valer***W "Inorma.o Ver%al#

    Assim' oi &om &hegada de Sus!avo /oares e 5aniela 4eal da &omunidade Cu do

    Ma)i8 e a)2s a diviso &om o gru)o ini&ial ormado )elo /r* Vades Borges' que se ini&iaramas a!ividades da Igre1a Cu do Cerrado* A)esar da diviso' o /r* Vades a&om)anhou o &asal

    que )ossua e6)eri,n&ia nas e6e&u.es dos Ri!uais da dou!rina e &on1un!amen!e &om os

    mesmos undaram a nova Igre1a*

    Sus!avo /oares' oi de grande im)or!9n&ia )ara a his!2ria do gru)o' um dos undadores da

    Igre1a Cu do Cerrado e dirigiu &om e6&el,n&ia )or mais de de- anos as a!ividades des!a

    Igre1a* Mas' que ineli-men!e a)2s se)arar(se de sua e6(&om)anheira e !am%m )or &on!a de

    seu !ra%alho )roissional a&a%ou se re!irando do gru)o' )orm no da dou!rina* + uma grande

    )ersonalidade' %as!an!e &onsiderado )elas )rin&i)ais lideran.as do CE$40RI/' e6mio

    !o&ador de mara&8 e grande !ra%alhador das a!ividades do /an!o 5aime* O mesmo a!le!a e

    )roessor de edu&a.o si&a' 18 ven&eu v8rios &am)eona!os de na!a.o e !ri8!lon a nvel lo&al

    e regional' si!ua.o que lhe e6igia e e6ige %as!an!e !reino e dedi&a.o* 0m dos mo!ivos )ela

    qual se aas!ou dos !ra%alhos do gru)o* /endo sem)re lem%rado )elos mem%ros des!a igre1a

    )ela irme-a na &ondu.o dos ri!uais*

    A)esar dos )ro%lemas e dii&uldades do gru)o' que &on!a &om um numero redu-ido de

    irmos' a Igre1a Cu do Cerrado' !ornou(se &onhe&ida en!re as demais igre1as e &en!ros

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    ue an!es

    es)on!9nea' )assa a ne&essi!ar a )adroni-a.o das ormulas e ri!uais' sua )lena organi-a.o

    norma!iva que )udessem nor!ear a &on!inuidade do gru)o* Tais ques!es )assam a ser mais

    eviden!es quando a organi-a.o hier8rqui&a !orna(se um )on!o gerador de &onli!os' mo!ivo

    )ela qual Raimundo Irineu /erra ins!i!uiu o es!ado maior' ou nivelou !odos os mem%ros a uma

    mesma )osi.o' e6em)lo da dei&i,n&ia )rovo&ada )ela ma6imi-a.o da &ommuni!as em sua

    organi-a.o es!ru!ural*

    Por!an!o' a orma.o ini&ial da dou!rina do /an!o 5aime seria um esor.o &on!nuo da

    &ondi.o liminar em adequar(se a es!ru!ura so&ial da )o&a* Possui v8rias das &ara&!ers!i&as

    levan!adas )elo au!or aos movimen!os milenaris!a* Porm sem)re )ermeada )elo sen!imen!o

    de a&ei!a.o so&ial' ques!o que se !orna eviden!e no )ro&esso de organi-a.o ins!i!u&ional e

    adequa.o as normas e leis vigen!es da )o&a* 7es!e sen!ido' o universo sim%2li&o daimis!a

    seria de !al orma uma rela.o &on!inua en!re o es!ado liminar e sua regulari-a.o* >ues!o

    que )ode ser )er&e%ida )elos esor.os de alguns dos mem%ros )ioneiros do gru)o original na

    %us&a )ela a&ei!a.o so&ial da dou!rina* Tal qual e6)e Moreira

    Ou!ro )ro%lema que &on!inuava a aligir Mes!re Irineu nes!e )erodo era o dane&essidade da legi!ima.o' )eran!e a so&iedade a&reana' de sua dou!rina religiosa'

    ainda &omumen!e &on&e%ida &omo &oisa de nego* "CEMI7' GFF=' )*H

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    ='

    &orres)onden!e a aus,n&ia de s!a!us )er!inen!es ao es!ado liminar e6)os!o )or Turner' ou

    mesmo o )on!o homogenei-ador da &ommuni!as* /eu nivelamen!o seria e6)resso )ela

    )r2)ria )adroni-a.o das rou)as "ardas#' que nos &asos dos ri!uais )esquisados )or Turner

    seriam e6)ressos a!ravs do des)imen!o das ves!imen!as* Ao &on!r8rio dos ri!os ndem%u' os

    ri!uais daimis!as seguem uma l2gi&a que %us&a in!egrar !odos os indivduos den!ro do ri!ual'

    uma organi-a.o dis&i)linada &om)arada ao sis!ema mili!ar' enquan!o a )r2)ria dou!rina se

    re&onhe&eria &omo um e6er&i!o' onde sua organi-a.o e )au!ada nas divises )or g,nero'

    idade' es!ado &ivil e ordem hier8rqui&a* Assim' Cou!o e6)li&a que*

    Essa ordem es!8 e6)ressa na organi-a.o mili!ar do ri!o' que in&lui uso da arda' areer,n&ia aos mem%ros &omo soldados do /an!o 5aime e Rainhas da $lores!a' e ?&omunidade de &ul!o &omo um %a!alho' &u1o mes!re !em a )a!en!e de Seneral3uramid* Esse &ar8!er de ordem !am%m es!8 e6)resso no uso de e6)ressesmili!ares &omo es!ado maior' oi&iais da &asa' ora de orma' no uso do !ermo&omandan!e )ara o res)ons8vel )elos !ra%alhos e no uso da insgnia da dou!rina do/an!o 5aime "es!rela de seis )on!as#* )* ;FK

    Con!udo' )ara Cou!o e6is!em ou!ros elemen!os &one6os ao ri!ual do /an!o 5aime' que

    )rovo&ariam uma or.a ei&a- &on!iguo a es!es ri!uais' !ais &omo msi&a' dan.a' &9n!i&os e

    %e%ida "/an!o 5aime#* >ue sensi%ili-ariam os sen!idos dos )ar!i&i)an!es )ro)i&iando ou!ras

    dimenses de signii&ados' es)a.o !em)o* "CO0TO a)ud 4ABATE' J

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    $on!e "CO0TO in 4ABATE' Jue a)esar do que se )ensam ri!uais no so algo es!8!i&os' oumesmo' rgidos e imu!8veis' e que sim' es!o su1ei!os as !ransorma.es* Assim Peirano

    e6)em que

    Consideramos o ri!ual um en@meno es)e&ial da so&iedade' que nos a)on!a e revelare)resen!a.es e valores de uma so&iedade' mas o ri!ual e6)ande' ilumina e ressal!ao que 18 &omum a um de!erminado gru)o* ***W Ri!uais so %ons )ara !ransmi!irvalores e &onhe&imen!os e !am%m )r2)rios )ara resolver &onli!os e re)rodu-ir asrela.es so&iais* "PEIRA7O' J

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    =(

    de!erminada maneira os valores' as &ren.as e a )r2)ria &on!inuidade do gru)o* Assim' de

    a&ordo a deini.o o)era!iva ormulada )or /!anley Tam%iah' Peirano airma que o ri!ual

    0m sis!ema &ul!ural de &omuni&a.o sim%2li&a* Ele &ons!i!udo de seqZ,n&iasordenadas e )adroni-adas de )alavras e a!os' em geral e6)ressos )or ml!i)losmeios* Es!as seqZ,n&ias !,m &on!edo e arran1os &ara&!eri-ados )or graus variadosde ormalidade "&onven&ionalidade#' es!ereo!i)ia "rigide-#' &ondensa.o "uso# eredund9n&ia "re)e!i.o#* "PEIRA7O' J

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    =)

    $on!e "CO0TO in 4ABATE' J

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    =*

    Para Mauss;K' seria )r2)ria da &ondi.o humana a orma.o de !&ni&as reeren!es ?s

    ha%ilidades adquiridas &om %ase na e6)eri,n&ia de vida* Assim' !al ques!o re)er&u!iria de

    maneiras dis!in!as nos diversos gru)os humanos* Tais ha%ilidades !endem a serem

    !ransmi!idas a ou!ros indivduos' ormando des!a maneira um modo de ser )ar!i&ular a &ada

    gru)o* A es!a si!ua.o' in&luiria maneiras de &om)or!amen!o e movimen!os &or)orais

    &ara&!ers!i&os' !ais &omo maneiras de andar' des&ansar' dormir' e e!&* En!o' de!erminadas

    maneiras de agir rele!iriam em &er!o modo a &ul!ura de &ada gru)o* A esses modos ou

    maneira reeren!es ?s dis)osi.es do &or)o' es!e au!or &onsiderou enquan!o !&ni&as

    &or)orais* Reerindo a es!e !erminologia &omo uma !radi.o humana em servir(se de seu

    &or)o' ou mesmo' ar!e de u!ili-ar o &or)o humano* Para o mesmo' o &or)o o )rimeiro

    ins!rumen!o do homem' de !al orma que &ada gru)o )ossuiria maneiras )ar!i&ulares dee6)ressar suas ha%ilidades &or)orais* "MA0//' J

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    =ue de a&ordo o mesmo' a !end,n&ia !&ni&a seria um &on&ei!o a%s!ra!o vol!ado a en!ender

    eei!os &ausais de a.o do homem so%re a ma!ria' em !ermos de ei&8&ia' indi&ando &omo a

    aquisi.o de um &onhe&imen!o %8si&o "ma!em8!i&o(si&o(qumi&o# o%1e!ivaria a ei&8&ia daa.o !&ni&a dese1ada* Assim que' Mura )ar!e de uma a%ordagem dos es!udos e )rin&)ios de

    &lassii&a.o a)li&ados aos en@menos !&ni&os de )rodu.o* O mesmo e6)e que

    a aquisi.o desses &onhe&imen!os !&ni&os de)ende da )resen.a de um a*ientet6cnico avor8vel' &u1os elemen!os seriam de!erminados )or a.es humanas e nohumanas' in&luindo(se nele a organi-a.o !&ni&a do gru)o &onsiderado' os a!orese&ol2gi&os onde ele desenvolve suas a!ividades' e elemen!os )ro&eden!es de ou!rasso&iedades &om as quais o gru)o em ques!o es!aria em &on!a!o* 7esses !ermos' ae6)eri,n&ia em um de!erminado lugar' &ara&!eri-ado )or &er!a ma!erialidade' unida ?&a)a&idade de inven.o eou ? o%!en.o de em)rs!imos de )rin&)ios !&ni&os'

    levaria 1us!amen!e a se )oder reali-ar mudan.as no )r2)rio nvel !&ni&o' %em &omo&onigurar um )eril !&ni&o es)e&i&o' o que o au!or denomina' )or sua ve-' de 7atot6cnico* "M0RA' J

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    que lhe avore&eram a orma.o de um sis!ema !&ni&o &ons!i!udo a )ar!ir de ml!i)los

    agen!e' so&ial' am%ien!al' e&ol2gi&o e ou!ros*

    Assim Mura' e6)e que a su%diviso do a!o de )rodu.o em nveis' &ondu-iria a

    &ons!a!a.o de que )ara &ada !i)o de organi-a.o !&ni&a ne&essi!a(se de um de!erminado

    !i)o de so&iedade* "M0RA' J

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    CAPITULO IV: MODOS DE PRODUO DO SANTO DAIME NO CEU DOCERRADO E DESCRIO DO RITUAL FEITIO!

    O ei!io um dos mais im)or!an!es ri!uais da dou!rina do /an!o 5aime' )ois di-

    res)ei!o ? )rodu.o da %e%ida a ser ingerida )elos mem%ros e es!8 in!rinse&amen!e

    rela&ionada ? &on!inuidade dos ri!uais* + um momen!o de re!iro es)iri!ual em que !odo o

    gru)o se rene em )rol da )rodu.o ma!erial do sa&ramen!o /an!o 5aime* 5e a&ordo &om o

    livro de 7ormas e Ri!uais do Cen!ro e&l!i&o da luen!e lu- universal Raimundo Irineu /erra

    a &ara&!ers!i&a )rin&i)al de um ei!io que o !ra%alho es)iri!ual in!erior e a mira.ose su)er)onham ao in!enso !ra%alho si&o e men!al* + ne&ess8rio o mais )roundosil,n&io e a!en.o no !ra%alho que es!8 sendo reali-ado e uma !o!al dis)oni%ilidade?s ml!i)las !areas que so e6igidas de &ada um* "CE$40RI/ D 4ivro de 7ormas eRi!uais#

    Onde' !odos os )ar!i&i)an!es se em)enham nos !ra%alhos &ole!ivos do )ro&esso de

    )rodu.o' de maneira harmoni&a' no in!ui!ui!o de agregar valores sen!imen!ais em sua

    &one&.o* + um ri!ual onde as normas !&ni&as de )rodu.o devem ser a)li&adas o mais

    )re&isa )ossveis a im de que seu resul!ado se1a &on&iso' )remedi!ado' &on!em)lando as

    e6)e&!a!ivas de )rodu.o* /o%re os )e)eis e !ra%alhos no ei!io' o livro de normas e ri!uais do

    CE$40RI/ e6)em que

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    7(

    O ei!or' o mes!re da ornalha' o res)ons8vel !an!o )ela )ar!e ma!erial quan!oes)iri!ual do ei!io* A ele &a%e a res)onsa%ilidade )elos graus de a)uro do /an!o5aime &omo !am%m a &oordena.o dos diversos se!ores de !ra%alho !an!omas&ulino quan!o eminino*

    Os !ra%alhos mas&ulinos /o )esquisa' &or!e e !rans)or!e do &i)2' &ole!a das olhas"que !am%m )ode ser ei!a )elas mulheres# ras)a.o' %a!e.o e ornalha' que &ons!ade a)urador' )aneleiros' oguis!a' lenha' 8gua e lim)e-a*

    Os !ra%alhos emininos so&o-inha' lim)e-a das olhas' lavagem dos vasilhames*5uran!e a lim)e-a das olhas )odem ser a)resen!ados hin8rios* "CE$40RI/ D 4ivrode 7ormas e Ri!uais' )* GL#

    Como a %e%ida /an!o 5aime )ossui uma &ara&!eris!i&a divina ou sa&ramen!al )ara os

    mem%ros da dou!rina' as )lan!as que &om)e a %e%ida !am%m so do!adas de valores

    es)iri!uais* 5e maneira que' as ormas de )rodu.o devem ser o mais ass)!i&a )ossivel' %em

    &omo' deve haver mui!o res)ei!o ao &uidado &om as )lan!as* /ua )rodu.o uma srie de

    e!a)as que ini&iam &om a )re)ara.o do es)a.o onde ser8 reali-ado o ei!io' &olhei!a do

    ma!erial "olha e &)o#' lim)e-a do ma!erial' organi-a.o dos equi)amen!os' lim)e-a da

    ornalha' &ondi&ionamen!o do ma!erial' arma-enamen!o de lenha e ou!ros* 5e a&ordo Moreira

    J

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    %e%ida )rodu-ida den!ro das normas de )rodu.o dessa ins!i!ui.o denominada vege!al'

    en!re gru)o indgenas e &a%o&los;os nomes e as maneiras de )rodu.o variam %as!an!e*

    /omen!e no gru)o de Mes!re Irineu e suas dissiden&ias so denominadas /an!o 5aime ou

    5aime* >ue a)esar das !enses e6is!en!es en!re gru)os or!odo6os e e&l!i&os' )ossuem um

    )ro&esso de )rodu.o %as!an!e similar' modii&ados no sen!ido de a!ender os in!eresses de

    )rodu.o* Assim que' den!ro da dou!rina do /an!o 5aime' as maneiras de !ra!ar os elemen!os

    que &om)em a %e%ida' %em &omo as !&ni&as &or)orais em)regadas ao )r2)rio )ro&esso de

    )rodu.o da %e%ida em s' so os a!ores que &onerem )oder e elevam a %e%ida ao s!a!us de

    divino ou san!o*

    5en!ro das linhas do /an!o 5aime' as )equenas al!era.es soridas no )ro&esso ou

    modo de )rodu.o da %e%ida so resul!ados da )r2)ria al!a de uma ins!iui.o norma!iva de

    )rodu.o solida ou mesmo )or es&ri!a que osse ei!a )elo )r2)rio Mes!re Irineu' que

    !ransmi!iu o &onhe&imen!o aos seguidores &om &er!o rela!ivismo' nun&a im)ondo uma

    maneira ni&a' !al qual e6)em Moreira J

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    realidade da dou!rina na a!ualidade' que )resen!e em ou!ras regies ora do A&re' ada)!ou(se

    aos grandes &en!ros e a l2gi&a da vida ur%ana' es)e&ialmen!e no que di- res)ei!o a &a)a&idade

    dos diversos gru)os se !ornarem au!o(sus!en!8veis em sua )rodu.o do 5aime' ou mesmo das

    ins!i!ui.es maiores &omo CE$40RI/*

    A )reu&u)a.o dos gru)os daimis!as em ormarem seus reinados' !ornou(se um in&en!ivo a

    vida &omuni!aria* Mesmo em regies )r26imas ?s &idades grandes' &ons!i!uindo assim um

    modo de organi-a.o )au!ada na re)rodu.o da vida sim)les dos )rimeiros daimis!as e no

    &on!a!o &on!nuo &om as )lan!as e a na!ure-a' on!e dos re&ursos ma!eriais da %e%ida*

    Todavia' o in!eresse dos mem%ros em re)rodu-ir as )lan!as e &ons!i!urem seus )r2)rios

    reinados' levan!am uma &ara&!eris!i&a )r2)ria da orma.o do 5aime' a dos mu!ires* Aorgani-a.o da vida &omuni!8ria e da re)rodu.o das )lan!as &om)onen!es des!a %e%ida'

    &ondi-em &om os )r2)rios ensinamen!os da dou!rina do /an!o 5aime' de res)ei!o e

    &onserva.o da na!ure-a* Assim que' a orma.o de um reinado )ara um gru)o daimis!a

    re)resen!a a )r2)ria inde)end,n&ia e au!o(sui&i,n&ia do gru)o' elevando(os a um novo

    )a!amar* Para o Cu do Cerrado' o Reinado do /r* Vades Borges um sim%olo da &a)a&idade

    de !ra%alho de seu lider' sendo o mesmo res)ons8vel )or orne&er olhas rainhas )ara diversos

    &en!ro' %em &omo !er &on!ri%uido )ara a orma.o de diversos gru)os ayahuasqueiros na

    regio de Palmas* 5e !al orma' que o /r* Vades no a)enas uma lideran.a )ara o mem%ros

    de seu gru)o "/an!o 5aime#' mas !am%m um im)or!an!e mo!ivador e en!usias!a da &ul!ura

    ayahuasqueira no To&an!ins* A%ai6o' e6)onho rela!o do /r* Vades so%re a orma.o de seu

    reinado

    Isso oi logo que eu !rou6e as mudas l8 do Ma)i8* A eu &ome&ei a !omar o daime'minha amlia quase ningum quis me a&om)anhar' a&hou que eu !ava era doido*Aquele neg2&io' aquela %e%ida' aquilo n* Aquela his!2ria !oda ali: Mais eu )er&e%ia!an!a &oisa %oa' via !an!a &oisa %oa' que no quis largar no sa%e: E*** Eu quis ormar

    um gru)o' !er uma igre1a' assim &heia de gen!e' &om um mon!e de gen!e mesmo!omando daime' )ras )essoas se &urarem' eu via as )essoas &omen!arem ( Olha eu!inha &9n&er e ui &urado e !o %em !ranqZilo* Ou!ros' &omo aquele )ai de &irrose queeu alei agora a )ou&o' !am%m se &urou* Vi ou!ras )essoas que eram !o!almen!evi&iadas em v8rios !i)os de drogas e a )essoa a&a%ou que !omando daime largou!udo' e so )essoas de %em* E eu vendo !udo isso ai' a !ransorma.o que a&on!e&euna minha vida )ra mui!o melhor e na vida de ou!ras )essoas que !avam )ar!i&i)andoe de ou!ros gru)os que eu ui &onhe&endo !am%m' ai eu sen!i que seria minhamisso assim' eu !omei assim*** Es&olhi &omo misso*** Plan!ar %as!an!e 1agu%e'

    %as!an!e rainha )ra dar o)or!unidade de mui!a gen!e )oder &onhe&er' de mui!a gen!e)oder se &urar !am%m* E mui!a gen!e )oder &onhe&er a vida es)iri!ual igual eu!enho &onhe&ido' en!o*** $oi )or ai:*** Eu ui mul!i)li&ando e in&en!ivando nossogru)o a )lan!ar mais' a-endo mu!iro' e gra.as a 5eus' n2s !emos um reinado a'

    que se no um dos maiores do Brasil e um dos mais gos!oso' mais %emorgani-adim*** Assim' que !em a1udado mui!a gen!e: "Inorma.o ver%al#

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    7ue no &aso de uma &olheira de um

    ma!erial &om menos 8gua' o mesma se&aria mais r8)ido' diminuindo su%s!an&ialmen!e seu

    )eso*

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    7=

    $o!o Equi)e ms&ulina a)2s &olheira do &i)2 1agu%e*

    A)2s a &olhei!a do &i)2' ini&iam a &olhei!a das olhas rainhas "que so de!erminadas de

    a&ordo a quan!idade de &i)2 &olhido#' que )odem serem ei!os !an!o )or homens quan!o )or

    mulheres* 7o &aso da &olhei!a do &i)2 1agu%e' ei!o e6&lusivamen!e )or homens'

    es)e&ialmen!e )or e6igir um esor.o si&o maior e sendo um &i)2' enrros&ar(se em arvores de

    grande )or!e* 7o &aso dos gru)os da regio ama-@ni&a' a &olhei!a do &i)2 e olha so ei!as na

    )r2)ria ma!a na!iva' )ara isso sendo ne&ess8rio uma )rvia )esquisa e ma)eamen!o do

    ma!erial na ma!a* 7o &aso de &en!ros e igre1as que )ossuem reinado )r2)rio se a- a)enas a

    lo&ali-a.o das )lan!as )ara a &olhei!a* Tan!o no gru)o original quan!o em algumas

    dissiden&ias que seguem o orma!o ri!ual do Al!o /an!o h8 uma )essoas es)e&i&a "nes!e &aso

    homem# en&arregado de !al servi.o e &om e6)eri,n&ia na lo&ali-a.o e movimen!a.o na

    ma!a* Moreira e6)em +ue co*u*ente na e+uipe da *ata, participava* ho*ens capaes de

    suir nessas arvores para cortar os ra*os *ais 7inos do :aue preso nas a$has *ais a$tas

    da arvore hospedeira. ) *aioria da e+uipe da *ata 7icava e* aixo para puxar o cip9.

    "MOREIRA' J

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    &en!ime!ros ")odendo variar de a&ordo o di9me!ro da )anela u!ili-ada#* 8 uma ques!o

    )er!inen!e a maneira do &or!e' que de a&ordo rela!os dos seguidos dos Mes!re Irineu'

    &onsensual nes!e )on!o* Os &or!es devem ser evi!ados na diagonal' sendo re&omendados um

    ni&o &or!e re!o' &om a inalidade de no dei6ar )eda.os que so%resaiam a ou!ras )ar!es do

    &or!e di-se +ue e$e 7a$ava +ue, se ocorresse*, estes tipos de 7a$has causaria*

    inter7er5ncias no acesso ao astra$ pro*ovido pe$a eida. O *es*o aconteceria co*

    cortes diaonais ou enviesados. "MOREIRA' J

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    ungos e ou!ras su1eiras su)eri&iais i6adas a &as&a do &i)2* Enquan!o que as ra-es )or serem

    &o%er!as de !erra so lavadas &om 8gua* 7o se re&omenda a re!irada da &as&a do &i)2' )ois de

    a&ordo os mem%ros mais e6)eri,n!es onde es!8 &on&en!rada os )rin&)ios a!ivos da )lan!a*

    Os es!udos e rela!os da )esquisa de Moreira J

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    1agu%e ai eu quis )adroni-ar )ra a&ili!ar )ra qualquer um !er &ondi.es de a-er* Ai'&ome.amo a )esar o ma!erial' ai )esava e a&ili!ou mui!a a maneira de a-er' aide)ois )or &oin&id,n&ia numa ve- nos i-emo um ei!io' o )essoal de Belm !inhaque mandar um 1agu%e )ra nois' que eu !inha nego&iado &om eles* Eu mandei olhaeles mandava um 1agu%e )ra nois l8' era um 1agu%e dieren!e que eles !inham' que eu

    ui l num ei!io e &onhe&i' e eles mandaram' e era um !an!o e eles mandaram e&hegou* /2 deu a me!ade' era )ra ser se!e )anela &hegou e s2 deu ; e meia*** Aimoral da his!oria' nos !ivemo que &olher do nosso 1agu%e que o orinho' mais !r,s

    )anela e meia e o que veio oi um que%rador' e n2s i-emos nesse ei!io' quem e-oi seu Ro%er!o Corren!e' e eu )edi )essoalmen!e )ra ele )ra a-er um daime maisor!e' e o nosso gru)o naquela )o&a gos!ava de daime mui!o or!e' e ai e-*** Emis!urou esses dois 1agu%e' no era a in!en.o de alar' ( 7o: Vamos a-er ummis!urado de dois 1agu%e aqui )ra ver &omo que i&a ' )orque num ' ningum a-isso' o normal a-er de um 1agu%e' num ou!ro ei!io a- de ou!ro' assim que a-' ei-emos mais i&ou uma )erei.o o daime* Tan!o que nos mandamos um )ou&o

    )ro $ernando l8 em Braslia' o daime i&ou na his!oria da igre1a l8 de Braslia* E ai'assim*** Eu olhei aquilo ali' e alei ra)a- eu quero re)e!i isso aqui' )ra mim es!udar

    )ra mim a)render* E ai )edi novamen!e um )o&o de 1agu%e l8 de Belm' ai nessa ve-

    l8 )edi um &au)ur' eles mandaram e n2s mis!uramo de novo' mis!uramo mei &omorinho e deu uma )erei.o de daime' e &ome.ou assim virar mar&a regis!rada doCu do Cerrado !er daime %om: E ai*** Olhava os 1agu%e l8 de Belm da regio deBelm' so uns 1agu%e que se a-er o daime &om ele so-inho' i&a mui!o or!e*** 58mui!a or.a e )ou&a mira.o' !an!o que o )essoal no gos!ava de mui!o de a-erei!io &om o 1agu%e de Belm' )or que um daime que dava mui!a or.a e )ou&amira.o' ai eu )eguei e resolvi a-er &om F g de olha e i-emos*** O daime i&oumelhor do era a ainda' o&, olha a his!oria' eu 18 !ava modii&ando a segundamudan.a den!ro do )adro do que era !radi&ional' a )@*** Perei.o: Ai nam*** nam***/2 vou &om nove quilo daqui )ra ren!e: E a-ia ele mis!urado &om orim' )unhanove quilo ai' o daime i&ava )erei!o' i&ava um daime %em equili%rado &om mui!alu- e &om mui!a or.a* A' eu alei: C, que sa%er' esse 1agu%e mui!o or!e eu voua-er &om G< ^S' i-*** E mui!a gen!e !omou e disse' ( Ra)a- esse i&ou o daime:

    Mais eu' l8 no meu &ora.o' alguma &oisa assim' &omo se osse uma ins)ira.oalando' olha: ( O 5aime i&ou desequili%rado' e desequili%rou a or.a do 1agu%e'i&ou %em menor do que o da olha' i&ou uma maravilha )ra mira.o' mais i&oudesequili%rado:*** E assim' eu &onsidero aquilo dali' assim &omo sendo uma analisede algum' assim*** 5e um ei!or: Eu no &onsiderava que eu era o ei!or ainda no'que eu nun&a &onsidero' assim que eu &onsidero que eu sou ins)irado )ra a-eraquele nego&io ali' da eu &onsiderava que aquele ser divino' !ava me orien!ando'que )assou um )oquim do limi!e* A eu vol!ei: Mais eu &onversei &om Ca)arelli queeu !inha ei!o &om F g de olha' e o Ca)arelli que !em !rin!a anos de ei!or' aloumais ser8 nove quilo' ( oh Ca)arelli' &, )ode a-er que d8 &er!o: A ele veio a-er umei!io &onos&o e quis !omar do daime que nois !inha ei!o &om F g' ai ele aloura)a-' ( 7um que i&a %om: E nois i-emo um ei!io-o nove quilo ' e dai )raren!e sem)re que usa o 1agu%e l8 da regio de Belm' o Ca)arelli )assou ado!ar &om

    nove quilo* A de)ois no ou!ro ei!io' eu &omen!ei &om ele que !inha usado de- e elee- usou e gos!ou de mais' e ele sem)re que !em a o)or!unidade de !er mui!a olhaele usa &om G< g' mais nos aqui do &u do &errado no usa &om G< g mais no'nos vol!amo no nove* Porque assim' na minha an8lise mesmo' eu vi que era )or aliassim' e assim v8rios o!ros )ro&esso-im' assim &omo vo&, &omen!ou que era*** Agen!e vai a-er o daime' as )rimeira )anela' a gen!e en!ra &om 8gua )ra !irar o&o-imen!o e de)ois vai en!rar aquilo ali )ra !irar o daime' e a gen!e a-endo nesse

    )ro&esso novo que o sis!ema nova era que o )adrinho Alredo &riou' os ou!rosdaime !udo !ira 18 &om 8gua or!e* A eu naquele en!endimen!o meu' eu i- a

    )rimeira ve- usando' %a!endo o &i)2 ino )ra a-e 8gua or!e e usando ela em ve- de8gua' e ai a&hei que oi mui!o %om' &omen!ei &om o Ca)arelli' o Ca)arelli usou umave- !am%m e me alou*** D Ra)a-' deu um daime )erei!o: A! umas )essoas merela!aram*** Tr,s )essoas segundo ele' !inha rela!ado que !inha sido &urado &om essedaime* A assim' onde eu !enho mais seguran.a assim' de a&redi!ar naquela or.a que!a l8 no meu &ora.o' que me orien!a em !odos os ei!ios' )orque so variasinova.es-inha que nos i-emo e !odas eles' nenhuma deu )ra !r8s* >ue' a! na

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    ques!o de usar de- quilo de olha' eu larguei de usar )or uma an8lise minha' maismui!as )essoas' mais mui!as )essoas do nosso gru)o aqui do Cu do Cerrado gos!oudo daime &om de- quilo' e ou!ras )essoas de ora !am%m adoraram o daime' sa%e: (Mas eu' na minha analise a&ho que ele desequili%ra um )o&o' e a in!en.o dodaime*** Eu sem)re assim*** O )on!o do daime onde o daime do Cu do Cerrado'

    assim*** Ter en&on!rado um equil%rio %om* + )orque' o seguin!e a-er um daimeequili%rado' equili%rado de olha equili%rado de 1agu%e' e um &oisa assim que !em'que eu a.o ques!o de ressal!ar assim'algum &omen!ou &omigo' !em uma )essoal8 em Belm que ele uma )essoa 18 de idade' que ele &omen!ava o seguin!e*** (>ueo Mes!re Irineu' que as )essoas que a-em o 5aime %om' &omen!ou &om ele que oseguin!e*** 7as horas que a )essoa !al me6endo na )anela ali' !a &on&en!rado naquiloali*** A )essoa !al &on&en!rado no &ora.o e a-endo )edidos )ra 5eus' )ra 3esusCris!o' )ra Virgem da Con&ei.o' que &oloque den!ro do daime' !udo aquilo que vaiser %om )ras )essoa que or !omar aquele daime' &olo&a os remdio )ra )oder !a&urando as )essoas' que &olo&a ali mui!a lu- mui!o ensinamen!o' mui!a &oisa %oa' eai eu !enho )ro&urado seguir essa regra* Eu &ome&ei e eu a&ho que ela maravilhosa' quando vai a-er um ei!io' mui!a ve- um m,s an!es eu &ome.o a )edira 5eus' 18 )ra )oder aquele daime ser um daime )erei!o' )ra )oder a1udar as

    )essoas' )ra que )ossam dei6ar os v&ios' )ra que )ossam se !ransormar ' )ra que)ossam se &urar* E na hora que !a a-endo a mesma &oisa !am%m' e mui!as ve-es amaioria das ve-es' de)ois que )assam )or um %om !em)o eu i&o )edindo a 5eusque a%en.oe as )essoas' que a%en.oe as )essoas que !omaram aquele daime que nosi-emos' en!o assim' mui!a gen!e ala' ( 7o' o daime do Cu do Cerrado ele !emum dieren&ial sa%e' en!o o dieren&ial que eu a&ho assim a unio do gru)o )raa-er' e essa his!2ria da gen!e' !al )edindo a 5eus &ons!an!emen!e )ra )oder !8a%en.oando !odo mundo ali naquele sen!ido ***W "Inorma.o ver%al#

    7es!e sen!ido' !odas as ada)!a.es reali-adas )elo /r* Vades seguiram &er!o sen!imen!o de

    in&onormidade &om as dii&uldades no )re)aro' de maneira que !ais a1us!es re)resen!am a

    )r2)ria sensi%ilidade do ei!or em )er&e%er as dieren.as dos eei!os e da qualidade da %e%ida)rodu-ida* 5esde o )erodo do Mes!re Raimundo Irineu a! a a!ualidade' a ques!o da

    qualidade da %e%ida' sem)re oi uma &ara&!ers!i&a )er!inen!e a maneira de se )rodu-ir o

    /an!o 5aime' )rimando sem)re )ela e6&el,n&ia na qualidade* 5e !al orma' que !odos

    &om)onen!es des!a %e%idas so sem)re es&olhidos &om o olhar &ri!erioso de quem )ossui

    e6)eri,n&ia' sele&ionando sem)re o melhor ma!erial )ara o )re)aro* 7o &aso do rela!o do /r*

    V8ides' em que o mesmo e6)e so%re as variedades de &i)2s* Ainda no se sa%e ao &er!o

    so%re !odas as variedades de &i)2 e6is!en!es' mais ao menos no que 18 oi &a!alogado )elos

    gru)os' h8 varian!es regionais en&on!radas em ou!ros es!ados' &omo no &aso de Belm do

    Par8' em que o gru)o lo&al iden!ii&ou ou!ra es)&ie de 1agu%e' &hamado de &au)ur* Alm

    des!e' h8 !am%m o orinho' que o mais u!ili-ado' sendo &onsiderado o 1agu%e &l8ssi&o da

    )rodu.o do 5aime do Mes!re Irineu' o que%rador e o !u&ana&8* A! o )resen!e momen!o'

    des&onhe.o se e6is!e um es!udo %o!9ni&o mais )re&iso que !enha &a!alogado !odas as

    varia.es des!e &i)2* 7o en!an!o' so%re o )ou&o que se &onhe&e' no &aso de ei!ores

    e6)erien!es' sa%e(se que &ada varia.o )ossui uma )o!,n&ia dieren&iada dos )rin&)ios a!ivos*

    Como 18 rela!ado )elo )r2)rio /r* Vaides' no &os!ume mis!urar mais de um !i)o de 1agu%e

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    nas )re)ara.es do /an!o 5aime' e no &aso es)e&i&o do Cu do Cerrado' !al )r8!i&a !em se

    !ornado uma )ar!i&ularidade do gru)o*

    Como maneira de a)rovei!ar melhor o ma!erial usado na &one&.o da %e%ida o /r* Vades

    Borges' a)rovei!a as ramas inas do &i)2' que no seriam u!ili-adas no )ro&esso de )rodu.o'

    )ara ervura &om olhas em agu8' &om o o%1e!ivo de e6!rair o )rin&i)io a!ivo desse ma!erial' o

    resul!ado desse )ro&esso &hamado de 8gua or!e* Essa 8gua e6!raida desse &o-imen!o que

    an!e&ede a )rodu.o do /an!o 5aime en!o u!ili-ada no ini&io da )rodu.o des!a %e%ida* 5e

    orma que' ao invs de u!ili-ar 8gua )ura no ini&io da )rodu.o' as )rimeiras )anelas &om

    ma!erial de onde so e6!raidos os )rimeiros &o-imen!os' so )reen&hidas &om essa 8gua or!e'

    )o!en&iali-ando des!a meneira a %e%ida a ser )rodu-ida duran!e o ei!io*

    Todo o )re)aro )er!inen!e a &one&.o da %e%ida /an!o 5aime reali-ado den!ro de uma

    es!ru!ura &hama &asa de ei!io ou ornalha' nes!e lo&al onde i&am &on&en!rados os

    homens' no sendo )ermi!ido duran!e seu )re)aro a )resen.a de mulheres' salvo e6&e.es

    &on&edidas )elo ei!or' que em geral di-em res)ei!o a alguma ne&essidade de &omuni&a.o

    &om o gru)o das mulheres* En!re!an!o' as mulheres )odem !rasi!ar r8)idamen!e' desde que

    &om a devida au!ori-a.o' se1a )ara o!ograar ou o%ervar o )re)aro* Como 18 es&lare&ido

    so%re os )a)eis desen)enhados den!ro do ei!io' as mulheres &a%m a lim)e-a das olhas e as

    a!ividades )er!inen!es a &o-inha*

    5en!ro da &asa de ei!io' h8 uma re!angulo &om &er&a de Km6;m &er&ados &om uma mure!a

    de &er&a Gme J

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    $o!o omens reunidos na &asinha de %a!e.o )ara !ri!urarem o &i)2 1agu%e*

    A%ai6o e6)onho a en!revis!a do /r* Vaides so%re os )rimeiros ei!ios reali-ados )or ele na

    Igre1a Cu do Cerrado

    ***W O )rimeiro ei!io n2s*** o Sus!avo &onhe&ia o senhor Ro%er!o Corren!e que'quando o Sus!avo veio )ra &8 ele !inha morado mui!o !em)o no Ma)i8' ***W !inha oirmo dele que morava no Ma)i8' eai o Sus!avo quis ado!ar' assim ele mais a5aniela quiseram que o seu Ro%er!o Corren!e mais a dona Al%er!ina osse os

    )a!ronos da nossa igre1a' nem sa%ia que e6is!ia isso ai' mais ele &onvidou eles )raser )a!rono' eai eles vieram nos visi!ar*** E 18 !inha o )lan!io n das rainha e dos

    1agu%e %em aqui' e ai ele quis a-er um ei!io-im' ai e- um ei!io-im )equeninim!i)o ins!ru.o' oi o )rimeiro &on!a!o assim de ei!io real l8 no ma)i8 oi aquele quealei' e ai n2s !iramos um )ouquim de 1agu%e' e- !i)o umas !r,s )anela' &om)ramos

    )anela e !al' i-emos uma ornalha-inha l8 %em a1u!a-inha mais assim un&ionou ei-emos o )rimeiro ei!io e i-emos o )rimeiro daime nosso aqui' e ai s2 que assim'

    %em sem no.o do que era um ei!io* E ai a&on!e&eu que' l8 no reinado eu )agueiuma )essoa )ra lim)ar o reinado' lim)ar as rainhas' ro.ar no meio e !al' e que o ma!o

    18 !ava i&ando al!o' e )r26imo do reinado das rainha' assim uns !rin!a me!ros' uns&inqZen!a me!ro !ava os )rimeiro ) de 1agu%e' e )essoa aqui ro.ando as rainha numsei )orque &argas d\8gua saiu' oi l8 e &or!ou um ) de 1agu%e' !o!almen!e assim seml2gi&a num era )ra me6er naquele lado de l8' !inha mos!rado s2 aqui nesse lugaraqui )ra ro.ar e a )essoa oi e &or!ou' e mais ou menos em quin-e dias' de- do-edias de)ois que !inha &or!ado' nos i-emos um mu!iro' oi )ra l8 no mu!iro' &hegol8 o 1agu%e &or!ado e era um 1agu%e a! grosso 18 sa%e' dava )ra a)rovei!ar' mais aiele 18 !ava se&o' !inha &ado as olha !udo' e !ava mei se&o' mas o 1agu%e &onservamui!o !em)o' ele &onservando a 8gua' e nos i&ou sem sa%er &omo que a-* Ai o

    Sus!avo ligou l8 no Ma)i8' &onversou &om o irmo dele' o irmo dele &hamou o seuRo%er!o Corren!e' e nos !ornamo a ligar alando )ro seu Ro%er!o' o seu Ro%er!oalou ( 7o mo.o: C,is )ode a-er o ei!io' mas vo&,s )ode' nos no !inha a menorno.o:* O Sus!avo no !inha no.o nenhuma' ele 18 !inha )ar!i&i)ado de v8rios

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    $o!o Cai6a 5\agua de aluminio que a)rovei!a a !em)era!ura da ornalha )ara aque&er a 8gua*

    $o!o $o!o uma das ornalhas &om as qua!ro %o&as em )leno un&ionamen!o e )rodu.o* Ao lado direi!o dao!ogr8ia &om &amise!a de &or verde es!8 a )essoa do /r* Vades Borges*

    A)2s a ervura das )rimeiras )anelas' o liquidos e6!raido des!a )rimeira e!a)a &hama(se

    &o-imen!o' sendo reservado em !anques de aluminio* 7o &aso dos gru)os do Al!o /an!o'

    a)2s serem reali-adas a )rimeira e6!ra.o de &o-imen!o das )anelas' os ma!eriais &on!idos

    nelas so dis)ensados* 38 no &aso do CE$40RI/ e do Cu do Cerrado' esse ma!erial

    a)rovei!ado ao ma6imo' )odendo ser !iradas a! o se6!o &o-imen!o do ma!erial' de)endendo

    da avalia.o do ei!or em diagnos!i&ar seu a)rovei!amen!o* Esse &o-imen!o reservado

    )reen&her8 novas )anelas &om ma!eriais e re!ornar8 ao ogo onde )assar8 )or ou!ro )ro&esso

    de ervura' o liquido e6!rado dessa segunda e!a)a &onsiderado daime' sendo &hamado de

    5aime do Mes!re ou Primeiro Srau Real* Reme!endo(se a maneira &l8ssi&a de )rodu.o

    do 5aime do Mes!re Irineu' que )rodu-ia daime nessas duas e!a)as' e6!ra.o do &o-imen!o'

    nova ervura do &o-imen!o em )anela &om ma!erial novo e a e6!ra.o do 5aime &l8ssi&o* O

    ma!erial u!ili-ando na segunda ervura )ara a e6!ra.o do daime' era des&ar!ado !am%m )elo

    Mes!re Irineu' que em &ada )anela' en!rava 18 &om um ma!erial novo*

    A)2s re!irado o liquido resul!ado do )ro&esso de ervura' o ma!erial que &um)unha as

    )anelas eram des&ar!ados* 7o en!an!o' no modo de )rodu.o do CE$40RI/ e mais

    es)e&ii&amen!e na orma de &one&.o do /r*Vades Borges' esse ma!erial reu!ili-ados' )ois

    de a&ordo o mesmo esse ma!erial ainda en&on!ra(se &om %as!an!e )rin&i)io a!ivo' )odendo ser

    melhor a)rovei!ado* Para os daimis!as' a e6!ra.o do daime mo!ivo de grande alegria' sendo

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    que es!e momen!o )ode ser mar&ado )or ogos de ar!i&io e &om salvas Viva o /an!o

    5aime' onde os )ar!i&i)an!es res)ondem Viva:' no &aso do Cu do Cerrado o mesmo

    e6!inguiu a e6)loso de ogos de ar!i&io' es)e&ialmen!e )or &on!a da &ons&i,n&ia am%ien!al

    do gru)o e de redu-ir os %arulhos o&asionados )elo mesmo' a ques!o dos salvas e vivas e

    algo !am%m que i&a a &r!erio do ei!or' )odendo ou no o&orrer' mas que no en!an!o !al

    si!ua.o no dei6ar de ser mo!ivos de eli&idade )ara o gru)o*

    $o!o Re&i)en!es onde so arma-enados os &o-imen!os e %e%idas e6!raidas das )anelas*

    Ou!ra ques!o de des!aque no modo de )rodu-ir a %e%ida /an!o 5aime do /r* Vades sua&a)a&idade em &riar me&anismos e equi)amen!os que a&ili!em !al )ro&esso* 5iversas oramas es)eri,n&ias de &ria.o de equi)amen!os e maquinarios que a&ili!assem o )ro&esso de

    )rodu.o da %e%ida' um des!es equi)amen!os que en&on!ra(se em )leno uso )or es!e gru)o eque in&lusive )assou a ser &o)iados )or ou!ros* 0m des!es equi)amen!os' uma es!ru!ura deerro soldado que )ossi%ili!a a i6a.o e o em%or&amen!o das )anelas em um giro de G=

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    es!iverem &on!em)lada' !al a&on!e&imen!o en&errado &om )re&es e agrade&imen!os* A)2s o

    en&erramen!o des!e even!o ainda h8 !ra%alho a ser reali-ado' &omo a lim)e-a das )anelas e

    equi)amen!os u!ili-ados' lim)e-a da ornalha e arma-enamen!o dos u!en&lios e equi)amen!o*

    5e !al orma' que o ei!io de maneira geral uma srie de e!a)as que )er)assam o ri!ual'

    )rin&i)amen!e )orque o ei!io s2 reali-ado a)2s uma srie de servi.os em avor da

    )re)ara.o ma!erial e si&a da es!ru!ura que &om)or!ar8 es!a a!ividade* Alm de que' o ei!io

    uma grande &onra!erni-a.o en!re a irmandade daimis!a' a!raindo diversas )essoas de

    diversos gru)o' que no &aso do Cu do Cerrado' sem)re &on!a &om a )ar!i&i)a.o de gru)os

    de )essoas de ou!ras lo&alidades' &omo Barreiras D BA' Braslia D 5$' Teresina D PI' den!re

    ou!ros*

    O m!odo de )rodu-ir a %e%ida /an!o 5aime do /r* Vades Borges o resul!ado do

    a)rimoramen!o da !&ni&a a)reendida &om ou!ros ei!ores e ei!ios' que a)esar de mui!o

    semelhan!e' dieren&ia(se no a)rovei!amen!o das ramas do 1agu%e )ara a )rodu.o de 8gua

    or!e e do melhoramen!o e &ria.o de equi)amen!os que a&ili!em o )ro&esso de )rodu.o*

    Indagado so%re es!es de!alhes' o mesmo es&lare&eu que' no %us&ou mudar em nada a maneira

    de )rodu.o' mas que' a)enas seguia a e6)eri,n&ia %us&ando meios e maneiras que

    a&ili!assem o mane1o nesse )ro&esso' 18 que seu gru)o sem)re &on!ou &om um numero

    )equeno de )essoas* 7o sen!ido de redu-ir a so%re &arga de !ra%alho que se a&umulava so%re

    as )essoas e !am%m de o%1e!ivar meios de !ornar a orma de )rodu.o mais )r8!i&a* /egue

    a%ai6o rela!o do mesmo

    Tudo vem de %us&a e de %oa von!ade' )are&e que 5eus vai dando os en!endimen!os'dando a ins)ira.o )ra gen!e a-er as &oisas* E &omo eu disse no &ome.o' eu !inhauma a&ilidade mui!o grande de a-er ei!io' )are&e aquilo !ava na minha alma nomeu &ora.o l8' eu sa%ia a-er no sei da onde' sem ningum me orien!ar' que eu!inha orien!a.o mais mui!as ve-es quando a )essoa me orien!ava eu 18 sa%ia que eradaquele 1ei!o' era uma &oisa que !ava den!ro de mim mesmo sa%e' que eu )enso queera &oisas de ou!ras vidas que eu andei !ra%alhando &om isso ai ou &om &oisa

    )are&ida* Mas ai eu a)rendi da maneira !radi&ional' que era a maneira que o seuRo%er!o &orren!e a-ia' mais assim &omo nos &ome.amos a a-er nossos ei!ios aqui'derre)en!e eu !ava assim no ei!io me dava assim aquele es!alo aquela &om)reensoque eu )oderia melhorar ali' ou desenvolver um equi)amen!o uma maneira de a-erque a&ili!aria )ra nos e &ome&ei a a-er ada)!a.es* Come&ei a modii&ar e ai oTr&io !am%m &onversando &om ele' ele !eve umas ideia de modii&ar uns neg2&iosque deu &er!o !am%m* E de)ois que e- os )rimeiro que deu &er!o' que aquelahis!oria que*** ( C, !em a ideia' mais &, s2 vai sa%er se deu &er!o de)ois que e-*** (Ai !eve a ideia de a-er o )rimeiro' modii&ar um )ouquim' no modii&ar o ei!ioem si' modii&ar equi)amen!os e maneiras de !a a-endo de!erminadas &oisas*5e)ois que e- o )rimeiro que eu )er&e%i que deu &er!o' ai o segundo 18 a-ia &ommais alegria &om mais &er!e-a que ia dar &er!o' e oi indo assim*** E i&ou a-endo asnossas ada)!a.es' e ho1e assim sem querer engrande&er nenhum de nos aqui assim*

    7ossa maneira de a-er' nosso ma!erial de a-er !a %em mais avan.ado que FF` dasou!ras igre1as' e6is!e ou!ras igre1as que es!o %em mais avan.adas' mais assim so

    )ouqussimas mesmo* Porque os nossos equi)amen!os' nossas maneiras de a-er

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    de!erminadas &oisas' so &oisas sim)les' so ada)!a.es %em sim)les' nos i-emos eque un&iona maravilhosamen!e %em* As )essoas que vem de ora &hega e olha e di-'( mas ra)a- que %ele-a que )erei.o que !a isso aqui' e ai e )or isso ai que eu aloque !a dando %em' sa%e:* "inorma.o ver%al#

    Como 18 e6)os!o' grandes so as !enses geradas )elas modii&a.es re&orren!es do)re)aro do /an!o 5aime )elos gru)os e&l!i&os* Assim que' a)esar da relu!9n&ia dos mais

    or!odo6os em re&onhe&er !ais maneiras de )rodu.o' no h8 nenhum rela!o so%re o Mes!re

    Irineu que diga res)ei!o ao a)rovei!amen!o do ma!erial usado na )rodu.o da %e%ida* Todavia'

    !ais ada)!a.es &onerem a )r2)ria maneira de )rodu-ir dos gru)os e&l!i&os enquan!o

    sus!en!8veis' )reservando ao m86imo as )lan!as &om)onen!es des!a %e%ida' es)e&ialmen!e

    )ara o no esgo!amen!o de seus re&ursos' %em &omo man!er sua &a)a&idade )rodu!iva' !endo

    em vis!a que o CE$40RI/ a%as!e&e mui!os &en!ros den!ro e ora do )as que de)endem desua )rodu.o* 5e !al maneira' que somen!e a )rodu.o in!erna do Cu do Ma)i8 "/ede do

    Sru)o# no seria sui&ien!e )ara !al orne&imen!o' sendo im)res&indvel a &on!ri%ui.o dos

    ou!ros &en!ros au!o(sui&ien!es iliadas a es!a ins!i!ui.o )ara !al a&on!e&imen!o* Toda essa

    rela.o segue uma l2gi&a de rede' onde os &en!ros )ossuem um amon!oado de &one6es que

    )ossi%ili!am sua ar!i&ula.o* Assim' !al sis!ema )assou )or um )ro&esso de ada)!a.o que

    a&om)anhou a e6)anso da dou!rina do /an!o 5aime' %em &omo' !ais inova.es rele!em

    !am%m a moderni-a.o do m!odo de )re)aro des!a %e%ida' es)e&ialmen!e re&orren!e aos

    grandes &en!ros ur%anos* E6)onho o rela!o de seu Vades so%re !ais al!era.es soridas desde o

    !em)o de Mes!re Irineu

    ***W o Mes!re Irineu quando &ome.ou' ele a)rendeu &om os ndios* E' a um)ro&esso que assim* Os ndios viver l8 no meio da ma!a' !em l8 o ma!erial' !udo !a l8a dis)osi.o* E eles no !inha aquela )reo&u)a.o de e&onomi-ar' de a)rovei!ar'

    )orque era )o&a gen!e )ra !omar* Eles )re&isava de !omar' o )a1 ia l8 &olhia ea-ia*** E a-ia o )o&o sui&ien!e )ra !omar e )ron!o' en!o eles &o-inhava uma ve-'!ava )ron!o*** Tava*** des&ar!ava o ma!erial*** E !ava )ron!o o daime e ia !omar***En!o assim' o Mes!re Irineu a)rendeu desse 1ei!o' e desse 1ei!o ele )assou )raren!e' mais quando ai*** Essa !al de &ivili-a.o nossa &ome.ou a !omar o daime' ai

    oi aumen!ando mui!o' aumen!ando mui!o' e mui!as ve-es em &idade' ai surgiu?quela ne&essidade mui!as ve-es de a-er um a)rovei!amen!o melhor daquelema!erial' )ra )oder d8 )ra a!ender essas )essoas* Porque' 18 no !ava den!ro daquelalores!a mais' alguns n' )orque a maioria no &ome.o &om o Padrinho /e%as!io !8den!ro da lores!a ainda* A o Padrim /e%as!io desenvolveu um 1ei!o de rea)rovei!araquele ma!erial' num des&ar!ava assim' a)rovei!ava um )o&o e de)ois des&ar!avano' e &om isso*** *** Come.ou a )rodu-ir mais e desenvolveu um sis!ema que a-iaum rea)rovei!amen!o daquele ma!erial e dava mais daime' e legal ai*** Come.ou aa-er daquele 1ei!o' ai &hegou o Padrinho Alredo' e &ome.ou a a-er um es!udo l8en&ima daquilo que o Padrinho /e%as!io 18 a-ia* >ue eles a-iam o daime sem)re desse 1ei!o' ai ele &ome.ou a a-er um es!udo )ra )oder*** *** Ver se dava )raa)rovei!ar mais' en!o no sis!ema do Padrinho /e%as!io' no sis!ema do Mes!reIrineu' )or e6em)lo' saa do-e li!ro de daime e m86imo quin-e li!ro numa )anela* Aio Padrinho /e%as!io desenvolveu o sis!ema que mudou )ra vin!e li!ros' vin!e doisli!ros' era o )adro' eu mesmo &heguei a a-er ei!io desse 1ei!o*** A &hegou o )adroAlredo e &ome.ou a a-er um es!udo )ra rea)rovei!ar' rea)rovei!ar a-er o

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    a)rovei!amen!o' quando invs de des&ar!ar o ma!erial de!erminadas hora' ele a-ia8gua or!e' invs de en!rar &om 8gua' 18 en!rava &om 8gua or!e que !ava maisenrique&ida* E ai &onseguiu assim' a-er um a)rovei!amen!o' ele su%iu )ra en!ornode !rin!a li!ros' )r\uma )anela de GJ li!ros' G;J li!ros iguais so as nossas' e ai***Melhorou mui!o: E ai eu a)rendi a a-er no sis!ema !radi&ional que era o an!igo' que

    era o que o Padrim /e%as!io !inha desenvolvido 18' e de)ois o Ca)arelli veio a-erum ei!io aqui' oi no sis!ema nova era que o )adro Alredo desenvolveu' e que eua&hei mui!o legal sa%e' da um a)rovei!amen!o %om e i&a um daime %om' e agora

    )or ul!imo' nessa viagem que o )adrinho Alredo veio nos visi!ar ele a)resen!ouaqui' *** 0m novo sis!ema que ele desenvolveu' ele vai dar )ra!i&amen!e a mesmaquan!idade de daime' mais !em a )ossi%ilidade do daime melhorar um )ouquim* Elee- aqui' o que ele &hama de ei!io es&ola' s2 que eu a&ho que esse sis!ema no vai

    )egar mui!o' )orque ele mui!o !ra%alhoso' d8 mui!o !ra%alho' a &ada !r,s )anela um ei!io se)arado' de ini&io meio e im* En!o' &omo arrema!e do ei!io mui!odemorado' ai a maioria das )essoas no vo querer assim' eu a&redi!o no vo quereri&ar a-endo nesse sis!ema )orque ele mais demorado* E s2 que o daime i&a %om'i&a um daime )are&e que melhora um )oquim' e o sis!ema que nos a-emos aqui'que assim*** >ue um sis!ema 18 &om a &ara do Cu do Cerrado' a gen!e

    desenvolveu uma iden!idade )r2)ria de a-er daime' que um daime que )ra !odolugar que vai o )ovo gos!a* O nosso sis!ema aqui' se vai a-er )or e6em)lo s2 &omorinho' agen!e a- JL li!ros )or )anela que o que d8' J; li!ros' )orque na verdadea gen!e no )riori-a quan!idade de daime' a gen!e )riori-a a qualidade do daime*En!o sem)re i&a um daime %om: Porque a gen!e &omo !em mui!o ma!erial' a gen!enum*** Ah: Vamos a-er !an!os li!ros' num isso no: $ala' oh: Vamos a-er umdaime %om' e i&a %om*** Esse novo sis!ema que o Padrinho Alredo desenvolveu' oAle6andre e- ele ali' aqui 1un!o &onos&o aqui deu JL li!ros' ou se1a' )er!o do que agen!e aria e o daime !am%m i&a )are&ido do que o sis!ema que n2s a-emo aquino Cu do Cerrado* En!o assim' o Padrinho Alredo desenvolveu um ou!ro sis!ema'que segundo ele melhora o que !inha' e realmen!e )are&e que melhora* Mais no ei!ioque oi ei!o aqui' que oi !ra!ado &omo ei!io es&ola' ele deu uma quan!idade dedaime )are&ido &om o que n2s a-emos' que i&a realmen!e um daime %om* En!o

    assim' as dieren.as que !em nesses ei!ios isso ai' na quan!idade de ma!erial queen!ra nas )anela no muda' a no ser naquelas mudan.as que eu !inha alado que oi&oisa que nois umo a-endo e e6)erimen!ando*** e isso ai::: "inorma.o ver%al#

    O de)oimen!o do seu Vades so%re as modii&a.es o&orridas no )re)aro da %e%ida

    /an!o 5aime' es&lare&e que !ais maneiras e mane1os ormam )adres de )rodu.o' que

    nor!eiam as linhas e gru)o es)e&i&os do /an!o 5aime* Assim' que do gru)o original as linhas

    dissiden!es e&l!i&as' e6is!e uma 2rmula &omum' guardada e &onsiderada m8gi&a )ara seus

    devidos gru)os' rele!em a &ons!i!ui.o de uma &ul!ura e modo ser )r2)rios a dou!rina do

    /an!o 5aime' undada )or Raimundo Irineu /erra* Essa ormula m8gi&a reeren!e ? )rodu.o

    des!a %e%ida eno&a uma srie de !&ni&as &or)orais que &onerem s!a!us a mesma* A maneira

    de e6e&u.o des!a 2rmula' &omo as !&ni&as de )rodu.o a)li&adas ? &one&.o do /an!o

    5aime' di-em res)ei!os a es!es )adres que )assam a deno!ar &ara&!ers!i&as )ar!i&ulares de

    )rodu.o de &ada gru)o*

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    CONCLUSO

    Ao longo do )resen!e !ra%alho oram e6)os!os diversas ques!es )er!inen!es a dou!rina

    do /an!o 5aime' suas origens his!2ri&as' o )ro&esso de ini&ia.o do Mes!re Raimundo Irineu

    /erra' as !ransorma.es so&iais e inlu,n&ias soridas )ela dou!rina ao longo de sua

    &ons!i!ui.o* Os elemen!os sim%2li&os a)ro)riados em sua orma.o' %em &omo' suas

    ressignii&a.es e sis!emas de &ons!ru.es sim%2li&as* Alm da !ra1e!2ria da dou!rina' suas

    divises e !enses e6is!en!es*

    >ues!es undamen!ais )ara a &om)reenso dos ri!uais des!e gru)o religioso* >ue na

    a!ualidade disseminou(se )ara as mais diversas lo&alidades do glo%o !erres!re* Assim que' !ais

    evid,n&ias demons!ram a &a)a&idade de ada)!a.o do &ul!o de Raimundo Irineu /erra*>ues!o &ara&!ers!i&a des!a dou!rina' que desde sua orma.o )assou )or diversos

    a1us!amen!os e melhoramen!os* Todavia' na &on!em)oraneidade os ri!uais do /an!o 5aime

    eviden&iam uma &ul!ura rela&ionada a !odo um &on1un!o sim%2li&o(&osmol2gi&o e

    &om)or!amen!al de seus mem%ros* 5eno!ando' &ara&a