TCC - Programa Delas
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
CAMILA CUQUETTO PIEKARZ
“PROGRAMA DELAS”
A MULHER E A MÚSICA NO RÁDIO
Vitória
2013
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CAMILA CUQUETTO PIEKARZ
“PROGRAMA DELAS”
A MULHER E A MÚSICA NO RÁDIO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Comunicação Social do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientadora: Profa. Doutora Gabriela Alves.
Vitória
2013
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CAMILA CUQUETTO PIEKARZ
“PROGRAMA DELAS”
A MULHER E A MÚSICA NO RÁDIO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Comunicação
Social do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Publicidade e Propaganda.
Orientadora: Profa. Doutora Gabriela Alves.
Aprovada em 02 de maio de 2013
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________
Profª. Drª. Gabriela Alves
Orientadora
_______________________________
Profª. Drª. Daniela Zanetti
_______________________________
Prof. Ismael Thompson
7
RESUMO
Produz um programa de rádio com temática feminina para agregar e disseminar
mais informação sobre o tema. Utiliza o meio radiofônico para a difusão destas
informações por ser a mídia de massa mais antiga que envolve a história do ser
humano. Apresenta a temática feminina e a música para mostrar os obstáculos e as
lutas que as mulheres enfrentam numa sociedade patriarcalista com a intenção de
se afirmar diante da sociedade. Envolve a música e as formas de expressão que as
mulheres utilizam para transmitir o que sentem como sentem sobre o cotidiano de
uma mulher dentro de um padrão de sociedade onde prevalecem os ideais
masculinos. Informa sobre os meios que as mulheres utilizam para sua afirmação de
igualdade perante os homens. O programa foi gravado com gravador e em estúdio,
contém entrevistas com mulheres que participam tanto da música como na cultura e
na luta dos direitos das mulheres. Resulta em um projeto que pode ser levado
adiante com o intuito de informar e entreter o ouvinte, o programa tem a temática
feminina, mas é aberto para todos.
Palavras-chaves: Rádio, mulher, música brasileira
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 5
2 PROGRAMA DE RÁDIO ................................................................................. 9
2.1 Gêneros e Formatos ............................................................................... 13
2.2 Formato de variedades ............................................................................ 15
3 A TEMÁTICA FEMININA ............................................................................... 17
3.1 Mulher e mídia ........................................................................................ 19
3.2 A presença da mulher na música ............................................................ 22
4 O PROGRAMA DELAS ................................................................................. 27
4.1 Pré-produção .......................................................................................... 27
4.2 Produção ................................................................................................. 29
5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 32
6 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 34
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1 INTRODUÇÃO
O tema do presente trabalho trata-se da produção de um programa de rádio
envolvendo as questões da mulher e música brasileira. Apresentando o histórico da
mulher na música brasileira como manifestação da sua independência, as letras
sobre mulheres, os gêneros musicais em que elas mais se manifestam.
Como sabemos a luta da mulher no Brasil pelos seus direitos é bem forte e nos
rodeia. Mais forte ainda com a Internet que se tornou um ótimo espaço de
propagação dos seus ideais promovendo debates, questionando os padrões que a
sociedade impõe. Mas antes de tudo isso as mulheres tinham as suas dificuldades
de se tornarem mais visíveis as suas lutas e a música passa a ser um meio de
introduzir as indignações e protestar contra as opressões vividas. As mulheres
tiveram muitas dificuldades de se inserir no meio musical, mas aos poucos,
compondo letra por letra, arranjos por arranjos que elas chegam hoje com bastante
espaço conquistado no cenário musical brasileiro.
Além da temática mulher, o programa agregará uma estética, um formato que seja
mais descontraído envolvendo o tema de forma mais sutil que faça com que saia do
clima que a academia traz para o tema. O rádio possui vários gêneros e formatos,
como o gênero jornalístico, o educativo-cultural, o de entretenimento, o publicitário, o
de serviço e o especial. O escolhido para este trabalho será o gênero de
entretenimento que segundo Filho,
[...] os formatos de entretenimento possuem características e possibilidades peculiares, entre as quais destacamos: a de ter a capacidade de se combinar com outros formatos de outros gêneros e de servir de ferramenta para a informação, o anúncio, a prestação de serviços, para a educação e, até mesmo, para o entretenimento.
Como a ideia do programa é envolver música e um tema de cunho social se encaixa
dentro do gênero de entretenimento, que além de uma programação musical se
combina com a entrevista do gênero jornalístico a fim de entreter e servir de
informação para os ouvintes.
Também será possível fazer uma análise da produção da imagem e da atitude que a
mulher empregou e emprega nesse cenário dominado pelos homens.
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Para melhor desenvolver este trabalho será preciso destacar quais características
de um programa de rádio são importantes para produzir um programa de rádio com
a temática feminina.
O rádio é um dos meios de comunicação mais utilizados para a informação,
educação e entretenimento. Assim, as características essenciais para produzir um
programa de rádio com temática feminina são a técnica, o gênero adequado, neste
caso o de entretenimento no formato de programa de variedades, gerando uma
sensorialidade para atingir o máximo de pessoas, simplicidade e a produção
profissional do programa, a partir da produção de pautas, do roteiro e a direção.
Este trabalho tem como objetivo geral produzir um programa de rádio mostrando a
temática feminina junto com a música brasileira dando destaque para as letras das
canções e a produção da imagem dessa mulher no cenário da música brasileira.
Para maior complemento do trabalho será utilizados os objetivos específicos:
- apresentar a história da mulher na música brasileira através da locução de fatos
ocorridos e de músicas;
- entrevistar mulheres que participam da cena musical para relatar a sua relação
com a música mostrando os dois lados da ocupação.
- envolver a sociedade em uma reflexão sobre as lutas das mulheres através da arte
que é a música e suas expressões no Brasil.
Assim como a televisão e o jornal impresso o rádio é de grande importância para a
propagação de informação e cultura para os seres humanos.
As principais funções (como a de atualizar sobre os fatos, a de entreter, a de instruir e de educar, a de comercializar, a de divulgar ideias, a de prestar serviços) serão contempladas na tentativa de oferecer uma tipologia apropriada às manifestações do rádio brasileiro (FILHO, André Barbosa, p. 85 e 86, 2003).
O rádio é de suma importância para a comunicação e na formação de cidadãos. Por
isso a intenção de unir a temática do feminismo com um meio de comunicação de
massa a fim de disseminar os ideais de luta feministas procurando atingir cada vez
mais mulheres sobre os suas lutas como os de igualdade de gênero, direito sobre o
próprio corpo, contra a violência, contra o machismo e promover um debate
levantando os pontos citados anteriormente.
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Segundo Mcleish “o termo radiodifusão indica dispersão da informação produzida,
que abrange cada lar, vila, cidade e país que esteja ao alcance do transmissor”,
seguindo esse pensamento podemos imaginar a amplitude do rádio, que fala para
milhões. Além de facilitar o diálogo entre indivíduos e grupos promove a noção de
comunidade.
Pensar e planejar um programa de rádio com a temática feminina nada mais é a
intensão de atingir esses milhões de pessoas que estão absorvendo informação ou
entretenimento.
A música além de arte é também uma forma de expressão de um grupo envolvendo
os gêneros musicais que melhor o representa. Assim como o cinema, o teatro
transmitem uma mensagem seguida de uma reflexão e que pode gerar um debate, a
música também faz o seu papel na sociedade de gerar debates e reflexões sobre
determinados assuntos que causam polêmicas de alguma forma.
Assim como utilizar das técnicas de áudio na produção de programas, verificando as
tendências, os programas utilizados para produzir em alta qualidade de som dentro
dos padrões estéticos e técnicos. A partir da utilização combinada das técnicas de
estética, som, qualidade do áudio, o formato certo para o programa de rádio, o
tempo do programa, o conteúdo, o resultado terá o grau máximo de profissionalismo,
pois uma mensagem que será transmitida por um meio de comunicação precisa, no
mínimo, de um profissionalismo que faça com que o receptor o aceite e o julgue
confiável.
O debate em relação a temática feminina com música e o histórico das relações de
gênero vai ser feito e ganhará relevância assim que o programa atingir a sociedade.
Seria como um programa de televisão que discute um tema específico e logo em
seguida gera repercussão. Por ser acessível e poder compartilhar algo com milhares
de pessoas os debates de todas as temáticas ganham ênfase. A internet e a
televisão estão interligadas no processo de informação dos indivíduos como o rádio
e a música que também transmitem sua mensagem gerando opiniões.
É a intenção que se ressalta nos meios de comunicação, a formação de opinião a
partir de uma discussão, de uma informação bem dada e é esse o objetivo do
programa de rádio que será produzido. Além de informar sobre a temática feminina
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vista de outra forma e entreter com música produzida por mulheres intensificando a
produção musical feita por elas.
No capítulo 1 conterá um breve histórico do rádio, o seu surgimento, da sua atuação
mundial e principalmente no Brasil. Em seguida serão expostos os gêneros e os
formatos radiofônicos usados nas rádios e o escolhido para a realização do trabalho
prático. Usando autores e livros específicos sobre o tema.
No capítulo 2 a temática que será abordada é a feminina, um pouco sobre o
movimento feminista da década de 60, que teve como seu marco a queima dos
sutiãs. No próximo tópico tratará um pouco da mulher na mídia, como é vista através
da publicidade, através de revistas femininas, a criação de um padrão de beleza e a
participação da mulher nas mídias de massa. Por último, o assunto essencial para
este trabalho, um pouco da história da mulher na música, suas contribuições, sua
idealização pelos cantores homens e como veio ganhando espaço ao longo dos
anos.
O terceiro e último capítulo será a execução do programa com temática feminina,
que aborda temas como a mulher na música, violência contra a mulher, mulher e
cultura e também músicas produzidas por mulheres. O programa conterá as
características do formato de variedades, o formato adequado para a produção do
programa e a metodologia usada.
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2 Programa de Rádio
Além do telégrafo o rádio surge para atender as necessidades humanas nas
comunicações pessoais. Em 1896 o rádio é inventado pelo italiano Guglielmo
Marconi, antes esse veículo era chamado de telégrafo sem fio. Assim era
inaugurada a era das telecomunicações.
No Brasil, a primeira transmissão radiofônica ocorreu no centenário da
Independência em 1922 com o discurso do presidente Epitácio Pessoa e com os
acordes de “O Guarani”, de Carlos Gomes. Há quem conteste este fato afirmando
que a primeira transmissão do rádio no Brasil, comprovada por documentos, ocorreu
no dia 6 de abril de 1919, com um transmissor importado da França para a Rádio
Clube de Pernambuco por Oscar Moreira Pinto.
Em 1923 a radiodifusão se consolida no país, a princípio o rádio era voltado para as
elites, devido ao fato do custo dos equipamentos que eram importados o que
dificultaria o seu barateamento. Mais adiante na década de 1930 o rádio se
consolida no Brasil e passa por inúmeras transformações. Em 1931 surge o primeiro
documento sobre a radiodifusão e a partir do ano seguinte a publicidade ocupa as
rádios dando um cunho mais comercial para as emissoras. (Ferraretto. p. 98. 2001)
O Estado percebe a importância desse veículo de comunicação para o território
brasileiro. O rádio é definido como serviço de interesse nacional e de finalidade
educativa. Após decretos de Getúlio Vargas o rádio se torna mais abrangente para a
população como um meio de lazer e diversão. Com essa abrangência toda o
comércio e a indústria passam a moldar a programação do rádio, fazendo com que o
veículo se torne uma empresa assim criando concorrências e a disputa fica acirrada.
Ferraretto explica
Quando em julho do mesmo ano irrompe a Revolução Constitucionalista, o veículo adquire importância política estratégica. Durante meses, as transmissões das emissoras paulistas – em especial da Record – mobilizam a oposição ao governo Vargas. A partir daí, a sociedade toma consciência das possibilidades econômicas e políticas do rádio. Estavam lançadas as bases para a sua configuração como indústria cultural. (p. 102. 2001)
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Agora o rádio, além de um meio de comunicação de massa, se torna um
incentivador ao consumo. Com a publicidade inserida na programação
consequentemente os mercados aumentaram, mais ofertas e mais consumo
também.
A primeira emissora regular foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada pelo
cientista e professor Edgard Roquette-Pinto, mais tarde chamado de o pai do rádio
brasileiro, que se interessou pelas rádios norte-americanas e introduziu a
radiodifusão com cunho cultural no Brasil. Com a ajuda do governo conseguiu o
empréstimo de transmissores e reuniu os membros da Academia Brasileira de
Ciência para organizar o rádio para a população brasileira com conteúdos culturais e
educacionais.
A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro tinha o slogan “Trabalhar pela cultura dos que vivem em nossa terra e pelo progresso do país”, desta forma Roquette-Pinto (Apud TAVARES, Reynaldo. Op. Cit. P. 8) definiria o rádio:
O rádio é o Jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças; o consolador do enfermo; o guia dos sãos, desde que o realizem com espírito altruísta e elevado.
A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro é transferida para o Ministério da Educação e
Saúde Pública e se torna a atual Rádio MEC AM, do Rio de Janeiro. A rádio foi
doada por Roquette-Pinto sob uma condição registrada no termo com o governo
“As instalações serão gratuitamente transferidas ao Ministério da Educação que, em consequência, obriga-se a não utilizar a emissora para outros fins senão o desenvolvimento da cultura popular e jamais permitir a publicidade comercial ou a propaganda política”.
Mais tarde, entre a década de 1940 e a década de 1950, o rádio atingiu o apogeu.
Em tempos de Estado Novo, alianças com os Estados Unidos e a sua política de
boa vizinhança que atinge o Brasil facilitando a penetração cultural americana no
Brasil. A estrutura da radiodifusão brasileira estava consolidada, as rádios tinham
sua programação voltada aos programas de entretenimento como os programas de
auditório, radionovelas, programas humorísticos e a cobertura esportiva também
ganhava espaço. Com a Segunda Guerra o radiojornalismo ganha força
transformando sua audiência massiva e assim o rádio se torna o rádio do
espetáculo.
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Depois do apogeu do rádio vem a decadência, a partir de 1955 até os anos 1970,
época em que surge a televisão, o grande fator da decadência do rádio. Assim como
o rádio, a TV também teve dificuldades de se desenvolver no Brasil, já que o custo
dos receptores era alto, além da dificuldade em atrair anunciantes, poucos aparelhos
nas casas dos brasileiros faziam com que o rádio ainda seguisse na frente.
Mais tarde, com o golpe da Ditadura Militar, a tensão cresceu e na sequência, viriam
a perseguição, a tortura, a censura e vários tipos de repressão que aquele regime
trouxe para o país. Emissoras são fechadas, demissões acontecem e a censura
toma conta do país. Juarez Bahia a respeito da censura
A censura ao radiojornalismo e ao telejornalismo não difere, em substância, da censura dos jornais e revistas. O livro negro das emissoras coleciona avisos que proíbem críticas ao sistema de censura, notícias sobre inquéritos contra oficiais das Forças Armadas ou sobre denúncias de prisões ilegais, tortura, combates entre militares e terroristas etc. Cf. BAHIA, Juarez. Jornal, história e técnica. 4. Ed. São Paulo: Ática, 1990. V.1, p. 324-5 (bahia
apud...)
A partir de 1970 o rádio se reestrutura seguindo modelos norte-americanos de
programação. Surgem as rádios FMs, frequência modulada, que possui qualidade
superior a AM, amplitude modulada, porém seu alcance é limitado. Enquanto as
estações AMs tinham programas populares, centrados na figura de um comunicador
que se torna o companheiro do ouvinte, exploram mais um lado sensacionalista das
situações do cotidiano. Nas estações FMs predomina mais a música, o que daí em
diante caracteriza uma divisão de público que se consolida na década de 1980.
O chamado rádio digital, assim como o rádio analógico, é um sistema de
radiodifusão que utiliza o espectro eletromagnético para transmitir sons. No caso do
rádio analógico, o sinal de áudio é modulado diretamente em FM ou AM. No digital,
o áudio é primeiramente digitalizado e sua sequência binária é modulada por algum
padrão de codificação digital para então ser transmitido pelo ar de forma muito
semelhante à uma rádio analógica, envolvendo tradicionais elementos como torre e
antenas.
Entre as principais vantagens do rádio digital sobre o analógico podemos citar:
melhoria na qualidade do áudio, multiprogramação, transmissão de dados (textos,
fotos, informações de trânsito, alertas de emergência, etc.), cobertura de uma
mesma área com menor potência e a otimização do espectro eletromagnético.
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O rádio digital no Brasil começou a ser pensado e testado em meados da década de
2000. Em março de 2010, o Ministro das Comunicações Hélio Costa publicou a
portaria 290 que institui o SBRD: Sistema Brasileiro de Rádio Digital, dando
disposições sobre os pré-requisitos que o sistema deveria atender. (http://www.drm-
brasil.org/pt-br/content/o-que-%C3%A9-r%C3%A1dio-digital ACESSADO EM
25/02/2013 às 13h41min)
Mais tarde o rádio e a internet se encontram e essa fusão possibilita inúmeras
oportunidades, tanto para a sobrevivência do rádio como para os usuários, abrindo o
leque de opções e diversidades na internet.
Como os outros meios o rádio também migrou para internet e ao contrário das
muitas especulações o rádio não morreu com a chegada da internet assim como, se
adaptou e sobreviveu, a chegada da Televisão, passando por diferentes adaptações
tanto como suporte tecnológico, quanto em seu conteúdo. “A internet é uma estrada
por onde transita a TV, transita o arquivo, transita o texto e agora transita o rádio”.
Barbeiro apud Quadros et al (2004: 01).
2.1 GÊNEROS E FORMATOS
Para André Barbosa Filho (ano) a aplicabilidade dos conceitos de gêneros
radiofônicos mostra que autores, pesquisadores e profissionais trabalham sem partir
de uma conceituação formal de seu significado.
Os termos gênero radiofônico, formato radiofônico, programa de rádio, programação
radiofônica e produtos radiofônicos são confundidos e utilizados na maioria das
vezes como sinônimos. Segundo o autor:
Importante esclarecimento deve ser realizado sobre este trânsito conceitual, tendo em vista a demarcação de fronteiras entre gênero radiofônico e formato radiofônico e suas devidas posições no universo da produção sonora, incluindo-se o de programa de rádio, produto radiofônico e programação radiofônica.
Classificando assim o formato radiofônico como um conjunto de ações integradas e
reproduzíveis, enquadrados em um ou mais gêneros radiofônicos, como exemplo a
nota, que está dentro do gênero jornalístico. Os principais formatos adotados pelas
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AMs e FMs podem ser divididos em dois grupos: os puros, com os formatos
informativo, musical, comunitário, educativo-cultural, místico religioso, e os híbridos,
com participação do ouvinte e formato música-esporte-notícia.
Para classificar os gêneros radiofônicos começaremos com o gênero jornalístico,
constituído por diversos formatos, citados a seguir. São eles a nota, notícia, boletim,
reportagem, entrevista, comentário, editorial, crônica, radiojornal, documentário
jornalístico, debates, programa policial, programa esportivo, divulgação
tecnocientífica.
O gênero educativo-cultural não muito bem utilizado no Brasil, já que a
comercialização a banalização dos conteúdos dos programas radiofônicos da
atualidade não propiciam a criação projetos que tem como objetivo educar. Os
formatos são os seguintes: programa instrucional, audiobiografia, documentário
educativo-cultural, programa temático.
No gênero de entretenimento é possível explorar a riqueza do universo da
linguagem do áudio em relação aos outros gêneros. Barbosa afirma
Os formatos de entretenimento possuem características e possibilidades peculiares, entre as quais destacamos: a de ter a capacidade de se combinar com outros formatos de outros gêneros e de servir de ferramenta para a informação, o anúncio, a prestação de serviços, para a educação e, até mesmo, para o entretenimento (2001 p. 144).
Os formatos deste gênero são o programa musical, programa ficcional, evento
artístico, programa interativo de entretenimento.
O gênero publicitário ou comercial tem a função de usar o espaço radiofônico para a
divulgação e venda de produtos e serviços. Nos formatos para essa divulgação tem
o spot, o jingle, o testemunhal, a peça de promoção.
O gênero propagandístico atua na propagação de ideias, crenças e o rádio como
mídia de massa já faz isso há muito tempo. Dentre os formatos temos a peça
radiofônica de ação publicitária, o programa eleitoral, o programa religioso.
O gênero de serviço é aquele que tem como objetivo informar e atender as
necessidades da população. Diferente do gênero jornalístico o gênero de serviço é
mutável, está em constante movimento, um exemplo: como está o trânsito na
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avenida tal a tal hora de uma segunda-feira ou como o tempo está naquele dia. Os
formatos são: nota de utilidade pública, programa de serviço.
E por fim o gênero especial que faz parte de um gênero multifuncional. Não possui
função específica como os dos outros gêneros, mas sim, várias funções. Os
formatos são o programa infantil e o de variedades.
2.2 FORMATO DE VARIEDADES
O programa de variedades tem esse nome pela multiplicidade de informações com
diferentes características em seus roteiros. Kaplun, citado por Barbosa, considera
que esses formatos
[...] não são fáceis de definir, dado que precisamente sua característica é a variedade de seções. Geralmente, a presença de um animador (ou de uma dupla de apresentadores) é o que dá o caráter e assegura a unidade do programa [...] (p. 141. 2001)
É como se fosse uma revista que está diretamente ligada à atualidade. Pode ter
música, informações de interesses do público, humor, entrevistas, esclarecimentos,
prestação de serviços etc.
Marcando a histórica, o Programa Casé foi o primeiro programa que pode se
classificar no formato variedades. Começou como um programa musical e aos
poucos aglutinou outros interesses artísticos e culturais. Foi nesse programa que
nasceu o humor no rádio, mais adiante surge o radioteatro. Em 1940 foi o primeiro
programa a veicular crônicas policiais, segundo André Barbosa (2001, p. 141).
Espalhados por todo o país, os programas de variedades desapareceram por um
tempo a partir dos anos 1960 por falta de anunciantes que se desinteressaram pelo
formato desses programas, e voltaram com nova formatação em meados dos anos
1980. Mas o rádio está sempre se reinventando, em torno disso Barbosa afirma que
o rádio:
Ainda que seja classificado, por análises apressadas, como um meio ultrapassado em que já foram esgotadas todas a formas de criação e recriação, os atuais formatos são um flagrante de dinâmica profícua do rádio que não cansa de reinventar a sai mesma e atribui ao veículo do som a devida importância no processo de mediação que ele aporta (2001, p. 144).
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Para começar a produção o programa de variedades ou qualquer outro programa é
preciso dar um título para ele. O título mostra a indicação de conteúdo para os que
não conhecem o programa, o título deve ser derivado do seu objetivo.
Em seguida é necessário elaborar o programa, geralmente o formato é constante. O
tempo de uma matéria, por exemplo, de uma entrevista e da parte musical devem
ser padronizadas, se cada uma das partes tiver um tempo, não que seja obrigatório,
mas facilita na produção e no formato do programa de variedades.
É necessário também estar atento à variedade do programa, os temas das matérias
devem ser pertinentes e constituir uma novidade para o ouvinte. Alguns cuidados
devem ser tomados para que não fique uma programação tediosa. McLeish orienta
que deve ser evitada uma locução muito longa, em particular quando feita por uma
única voz (2001, p. 144).
A música no programa deve ser empregada como um trunfo positivo. Deve-se
também tomar cuidado com a música, pois ela divide muito mais o público, já que os
ouvintes tem suas preferências bem definidas.
Existem os quadros chamados “especiais”, que é uma boa maneira de abordar com
profundidade um tema mais complexo. Esse formato ajuda, também, a não deixar o
programa tedioso e dar destaque a um assunto que necessita de mais abrangência
e entendimento da população.
Além de todos esses processos, o produtor do programa de variedades deve ficar
atento ao tempo do programa, ao tempo de cada bloco, à matéria e às entrevistas
para que o ouvinte se sinta atraído e não entediado com o programa. Outro aspecto
importante para a sobrevivência do programa é a dedicação do produtor. Em
constante produção de ideias para os próximos programas, o que irá ao ar no
programa seguinte, com quais temas, tudo ligado aos fatos da atualidade para que
não seja um programa sem conteúdo e variedades.
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3 A Temática Feminina1
Falar sobre a mulher, a história da mulher, requer bastante atenção para não cair na
generalização dos gêneros. A mulher, desde os anos mais remotos da civilização no
mundo, sempre foi tratada como a figura materna comparada com a natureza, que é
materna e selvagem e o homem associado à cultura e a civilização (GONÇALVES,
2006, p. 46). Mas para este trabalho, o movimento feminista dos anos 1960 será o
ponto de partida para apresentar a história da mulher que se encaixará na demanda
do trabalho como um todo.
O movimento feminista da década de 1960 foi marcado por diversas manifestações
que alavancaram a luta e os estudos feministas na Europa e nos Estados Unidos
primeiramente. As principais ideias do movimento como liberdade e igualdade de
gênero vem a tona no final dos anos 1960 quando eclodiram manifestações públicas
e as mulheres foram para as ruas reivindicar seus direitos. O mais conhecido
protesto foi a queima dos sutiãs, onde se pretendia queimar, além dos sutiãs,
objetos de beleza como maquiagem, espartilhos e tudo o que era relacionado com a
ditadura da beleza. O protesto ocorreu durante o evento Miss American, porém o ato
não foi consumado pelo local não ser público, mas a repercussão da mídia sobre o
ocorrido fez com que o mundo inteiro soubesse que as mulheres estavam nas ruas
gerando uma reflexão sobre a questão de gênero.
A luta não era só pelas mulheres, assim como a década de 60 foi conturbada pelos
movimentos sociais, as mulheres também lutavam pelo fim da Guerra do Vietnã e
pelos direitos civis dos negros norte-americanos. Betty Friedan fundou o NOW
(National Organization for Women) que deu origem ao Movimento de Libertação da
Mulher.
As passagens de Karl Marx e Engels influenciaram bastante as militantes feministas
da década de 1960-70. Os estudos do marxismo predominavam nessa época de
maior atuação do movimento feminista, seguindo o estruturalismo com sua
tendência de reduzir a realidade em estruturas¹. Os socialistas e os feministas só
1 Na visão de Karl Marx, a estrutura é composta de partes que, ao longo do desenvolvimento de sua
totalidade, se descobrem, se diversifica, e que de maneira dialética, ganham autonomia, umas sobre as outras, integrando-se, e mantendo a totalidade sem nem menos se somar ou reunir-se entre si, e sim pela reciprocidade instituída entre as partes.
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acreditavam que a libertação das mulheres se daria pelo fim do capitalismo
(GONÇALVES: 2006. p. 57).
2
No Brasil, segundo Goldenberg (GOLDENBERG,2001), o movimento feminista
apresenta traços peculiares de total importância que podem ser explicados pela
formação histórica e a dependência por blocos hegemônicos da qual o país foi
subordinado desde a colonização. Para a autora, os colonizadores trouxeram o
modelo patriarcal de família e a Igreja Católica como força política e instrumento de
controle social, tendo como resultado o patriarcalismo e conservadorismo da
sociedade brasileira.
Em 1972 surge o primeiro grupo feminista organizado pós-Beauvoir² com
participação de Célia Sampaio, Walnice Nogueira Galvão, Betty Mindlin, Maria Malta
Campos, Maria Oscila Silva Dias, e mais tarde Marta Suplicy, assim esse período
representa um marco da nova era do movimento feminista no Brasil.
Nessa mesma época os estudos sobre as mulheres ganharam força, vinculando o
mercado de trabalho, que agora elas participavam também como operárias, e suas
manifestações e contribuições para o movimento operário. A partir daí já não se via
mais solidariedade entre homens e mulheres, via-se a disputa por uma vaga de
emprego, onde o mercado se tornava mais escasso.
Alguns avanços foram observados ao longo da história na consolidação dos direitos
das mulheres, como o Código Civil de 1830, que previa que o assassinado da
mulher adúltera era legítimo e não teria punição para o cônjuge, porém o homem
não seria punido se traísse a sua esposa. Em 1916 essa lei foi alterada,
considerando o adultério como razão de desquite. No mesmo ano se afirmava que a
mulher trabalhando fora seria motivo de desagregação da família e a partir daí a
mulher deveria ter autorização do marido para trabalhar (Blay, 2003).
Com a constituição de 1988 a formalização da igualdade nos termos da constituição
que dispõe “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”, a partir de
2 Simone de Beauvoir com o livro “O Segundo Sexo” (1949) marca o feminismo radical, influenciando
as mulheres feministas dos anos 1960-70.
18
então homens e mulheres são iguais perante a lei, mas na prática não é o que
acontece.
Em 2006 foi sancionada a Lei Maria da Penha, nesta lei foi discorrido sobre os
vários tipos de violência contra a mulher, seja de caráter físico, psicológico, moral,
sexual ou patrimonial. Essa lei se refere a todo tipo de violência que fere a
integridade da pessoa.
A Lei Maria da Penha é de grande relevância e de grande avanço para o movimento
de mulheres. Os números do Anuário das Mulheres Brasileiras 2011, divulgado pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres e pelo Dieese, mostram que quatro entre
cada dez mulheres brasileiras já foram vítimas de violência doméstica. E as
denúncias também aumentaram após a aprovação da Lei, segundo dados da
Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) revelam o aumento da formalização
das denúncias. Os atendimentos da central subiram de 43.423 em 2006 para
734.000 em 2010, quase dezesseis vezes mais.
3.1 MULHER E MÍDIA
A mulher retratada na mídia é um fator importante para a construção da figura
feminina associando com a figura da mulher nas artes e nas ciências. Cristina Costa
destaca essa importância dizendo que
[...] o estudo da figura feminina na atualidade não poderá ser feito levando-se em conta apenas a produção reconhecida como artística, mas que será necessário tratar também das imagens criadas e veiculadas pelos meios de
comunicação de massa (COSTA, 2002. p. 158).
Na TV, em revistas, no cinema e no teatro a imagem da mulher é mais destacada,
cada ficção ela possui as características que a sociedade impõe. Levando em conta
a sociedade patriarcalista, a mulher é vista de forma submissa, a procura do padrão
de beleza, sempre bonita configurada nos reflexos dos desejos e do consumo que a
publicidades e os filmes transmitem. No rádio essa imagem, mesmo que implícita, se
apresenta da mesma forma. Nas radionovelas, nos comerciais, sempre a mulher
aparece com a figuração maternal, submissa.
19
No mundo midiatizado em que vivemos, onde tudo pode ser mídia, Helena Miranda
dos Santos em seu artigo sobre a construção da imagem “ideal” da mulher na mídia
contemporânea afirma que,
dentro de uma certa cultura, a mídia funciona como um construtor de sentidos é preciso analisá-la tomando por base a sociedade ocidental e patriarcal em que vivemos e que permeia todo o processo de construção e de atribuição de significados à aparência dos corpos. Em uma sociedade onde as relações de poder são cada vez mais midiatizadas, qualquer análise cultural deve ser o estudo dos processos por meio dos quais as formas simbólicas são produzidas, transmitidas e recebidas.
A partir desse pensamento podemos destacar que a mulher além de ser o alvo da
mídia como consumidora também é objeto de consumo. Um exemplo são as
propagandas de cerveja onde as mulheres são os objetos de consumo, associadas
ao sexo dentro de campanhas publicitárias. Por outro lado, o da mulher
consumidora, pode-se perceber a submissão e os reflexos de uma sociedade
patriarcalista que destaca a inferioridade da mulher. Assim criando estereótipos
como o da mulher dona de casa que sempre deixa a casa arrumada e a comida
quentinha para quando o marido chegar do trabalho.
A "bundalização da mídia" não é meramente uma ênfase na bunda das mulheres,
apesar de todos os signos que lhes perseguem: do biótipo da "mulher brasileira",
como se houvesse um padrão de corpo, uma forma, e da fascinação masculina que
a persegue em seus vários sentidos. A bundalização sinaliza aqui uma
fragmentação dos corpos em partes, pedaços do corpo em destaque: são peitos,
coxas, rostos transformados em "mercadoria em vias de aprimoramento" (LESSA:
2005. p. 73-74).
Além disso, existem as revistas que se referem à busca pelo padrão de beleza,
fazendo com que as mulheres sempre estejam em busca de um corpo esbelto, sem
rugas e acima de tudo atraentes, para que os homens nunca percam o interesse.
Nessas revistas, percebemos os títulos no imperativo, obrigando um padrão de
beleza “correto” e diminuem o poder de escolha das leitoras. Temos como exemplo
as revistas Nova, Cláudia e Manequim que tratam de assuntos como
comportamento e a melhor maneira de mudar a aparência física. Em suas capas
observamos as chamadas no imperativo:
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Moldes fáceis vestidos, macacão, blusa, calça e saia. As peças da moda para
costurar já! (Manequim Edição 621, 2011)
Como transformar o paquera em namorado (Nova nº1 ano 40, 2012)
Emagreça caminhando devagar (Cláudia nº2 ano 50, 2011)
Exemplos como esses que reforçam que a mulher tem suas obrigações com o
padrão de beleza, o bem estar da casa é obrigação dela e ainda estar na moda
competindo com outras mulheres.
Por outro lado, empresas de lingerie mudaram o foco da venda de calcinhas e sutiãs
apenas para aquelas que pretendem parecer sedutoras para os homens. Ou seja, as
mulheres querem que as peças íntimas sejam, primeiramente, confortáveis para
elas. Depois, bonitas para elas. Em terceiro lugar, se possível, atraentes para eles.
A publicidade está no caminho da mudança de foco, assim como na década de 194-
500 a publicidade voltada para mulher estava sempre relacionada com a conquista
de um noivo, como no slogan do Leite de Colônia “Use sempre seu Leite de Colônia
e o seu noivo virá”, em 1948 (LOBATO apud GONÇALVES, NISHIDA. 2009).
Podemos refletir que a representação da mulher na publicidade que procura
respeitá-la como ela é nos dias de hoje não deve instigar a busca da beleza para ser
objeto de desejo do homem e sim para sentir prazer, felicidade, bem-estar.
As tendências publicitárias mudam de acordo com o que a sociedade consumidora
necessita. Hoje a maioria da população tem acesso a créditos oferecidos pelo
governo, empréstimos com forma de pagamentos facilitados e até a forma de
pagamento a prestações sem juros que aguçam o desejo, a vontade de ter tal
produto ou serviço. E assim a publicidade se apropria dessas facilidades financeiras
para incentivar o consumo de bens que não são essencialmente necessários para a
vida do consumidor, mas a ideia a ser passada é que com tal produto ou serviço a
sensação de bem estar irá junto. A tendência é a venda de ideias, de modos de vida,
de bem estar, de conforto e as mulheres se inserem nesse quesito visto que hoje
temos a mulher mais independente, a que trabalha, a que não é mãe de família, mas
21
que tem um pensamento comum: o de bem estar consigo mesma e com o ambiente
ao redor, seja em casa, no trabalho ou na sua intimidade.
Este trabalho tem o objetivo de apresentar a mulher e suas contribuições para a
mudança da sociedade que é rodeada de preconceitos, estereótipos envolvendo as
mulheres e fazer com que a participação dela no meio midiático se modifique e se
apresente de forma mais simples e igualitária.
3.2 A PRESENÇA DA MULHER NA MÚSICA
Ao longo da história a mulher recebe diversas características, identidades
determinadas pelas épocas que se passam, mas uma imagem é semelhante em
todas as épocas, a de que a mulher é subalterna, assim como afirma Cristina Costa,
a mulher, em sua situação muitas vezes subalterna e associada às – aparentemente
– menos nobres questões do espírito e do sentimento, teve sua imagem tratada com
mais liberdade pelos artistas (2006, p. 30).
Na construção da imagem da mulher pelo campo das artes há uma idealização da
mulher que Octavio Ianni descreve no prefácio que escreveu para Cristina Costa no
livro A Imagem da Mulher – Um estudo de arte brasileira, ele afirma que
em todas as sociedades dos tempos modernos, há sempre algo da idealização “romântica” na figura da mulher, como um arquétipo do que se imagina, almeja, circunscreve (...); muitas vezes conforme a imaginação masculina, com a qual também tem sido construída a autoimagem feminina (COSTA: 2006)
Para Simone de Beauvoir a definição da mulher na sociedade não depende de
nenhum destino psíquico, biológico ou econômico. É o conjunto da civilização que
elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam como
feminino. (1967, p 9)
A mulher na música brasileira se insere como a musa inspiradora do homem
compositor na época do fim da escravidão em que o samba começa a ganhar força
e a participação na música ganha relevância também. A mulher ganha estereótipos,
22
da visão masculina e também a que foge dos padrões da época (como casamento,
criar filhos etc.) como Chiquinha Gonzaga.
Trata-se de outra dimensão do sujeito feminino: é a mulher que, rompendo com os
papéis que lhe reservava a sociedade da época (casamento, filhos e anonimato),
assume sua própria vida como obra de criação, construindo-a apesar dos
preconceitos e conceitos da época. Branca, educada à europeia, compositora e
maestrina, Chiquinha em nada se assemelha às Tias-Mães do samba. Sua história,
e sua liberdade enquanto mulher é traçada no caminho da criação da MPB, criação
da marcha, democraticamente assumida pelo povo e classes populares.
Chiquinha Gonzaga foi a maior personalidade feminina da história da música popular
brasileira e uma das expressões maiores da luta pelas liberdades no país, promotora
da nacionalização musical, primeira maestrina, autora da primeira canção
carnavalesca, primeira pianista de choro, introdutora da música popular nos salões
elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais.
Chiquinha Gonzaga também participou da campanha republicana e de todas as
grandes causas sociais do seu tempo (site oficial Chiquinha Gonzaga.
www.chiquinhagonzaga.com.br).
Em suas músicas, Chiquinha sempre citava a mulher que comparecia às festas, que
adorava se divertir, traduzindo um pouco essa liberdade expressa pela música que
produzia. Um exemplo é a música “Sá Mariquinha”:
Sá Mariquinha
De onde vem e pronde vai
Leva pra cima a moça
Pra dançar o xenhenhem
Lá na chapada o forró está rolando
O povo todo animado
E o suor escorregando
Ai mariquinha
Vamos chegando pra lá
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Não demore muito
Que o dia amanhece já
O mariquinha
Quando for tomar o trem
Leva a mala na cabeça
E não se importe com ninguém
Leva também Leonor e Angelina
Peço que não esqueça
De chamar a Guilhermina
Neuza Meireles Costa cita em seu artigo sobre a mulher na música popular brasileira
que
A figura feminina marca assim a história do samba, permitindo que se diga mesmo de um "grande útero" propiciatório a este gênero típico de música popular. Assim também as escolas de samba e os ranchos tiveram suas fundadoras ou damas ilustres, inclusive Tia Ceata, e outras citadas por Beth Carvalho. Como Chiquita, primeira compositora do Cacique de Ramos, Zica, mulher de Cartola e líder das pastoras; Dona Ivone Lara, compositora desde os doze anos e a primeira a enfrentar a ala de compositores, desfila na ala das baianas do Império Serrano; Paula do Salgueiro, da Mangueira; Tia Vicentina, Doca e Eunice, Portela; Clementina, Tia Ester, a Ceata da Portela, e a própria Tia Ceata (2004).
A ação propiciatória à efervescência musical dos animados baianos de origem negra
esteve reservada à mulher: seja parceira no erotismo do batuque, na dança lasciva,
como afirmava Alfredo Sarmento, onde "encenava-se a estória de uma virgem a
quem são explicados os prazeres misteriosos do casamento".
Os estereótipos da mulher na MPB, em meados dos anos 40 e 50, são expostos
através da mulher amada, da bela, da idealizada, da intocável. Neusa Meireles
afirma esse estereótipo da época
A inacessibilidade e beleza permanecem no estereótipo da mulher amada ao longo de toda a MPB, independentemente das condições sociais em que se situa o sujeito. É interessante notar que a sensualidade, componente "de raiz" da MPB, fica implícita ao texto, como atributo presente, porém não mencionado, ou, quando feito, mascarado como carinho. A mulher amada é carinhosa e formosa e totalmente disponível. Como dizia Vinícius, "Formosa, não faz assim, carinho não é ruim, mulher que nega o que não é para negar, tem uma fibra de menos no seu coração.."
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Quando os anos passam a situação da sociedade muda e o estereótipo da mulher
na MPB também muda, a partir do final dos anos 1950 a mulher, antes idealizada,
amada, passa a ser objeto de conquista. O homem enfim conquista e possui a
mulher desejada. E a mulher já não é o mesmo objeto, não possui as características
desejadas, ela se torna a interesseira, pois a mulher passa a ser dependente do
homem, inclusive financeiramente e isso não agrada muito o homem. Meirelles
afirma que aspectos como
A falsidade e o interesse feminino pelo dinheiro estão presentes no canto daqueles que enalteceram também a boemia, a malandragem como postura ante a sociedade competitiva em formação, ou filosofia de vida, p. ex. Geraldo Pereira, bem como daqueles que fizeram da música uma opção profissional [...]. O dinheiro está sendo usado como argumento de conquista, mas ao mesmo tempo pode encerrar um risco de perda, de falsidade, na medida em que pode se tornar justificativa da relação (2004).
Assim como papel de musa inspiradora, a mãe dona de casa, a filha, passou a ser
compositora também, antes visto como tabu as mulheres conquistaram esse espaço
e participavam das festas de samba com suas composições e a partir daí para as
escolas de samba e assim com o passar dos anos com o rock, a música pop as
mulheres vêm se destacando. Segundo no portal na internet Terra, numa matéria de
2004 sobre as mulheres importantes na música cita que
nas décadas de 1960 e 1970 viram surgir nomes como os de Maria Bethânia, Gal Costa, Rita Lee e Nara Leão - que já era musa da bossa-nova dos 1950. Mas a cantora que redefiniu o ofício foi Elis Regina. Dona de performances poderosas e temperamento forte, a intérprete revelou compositores da estirpe de Milton Nascimento, João Bosco e Aldir Blanc. A importância de Elis é tanta que ela é referencial ainda neste começo de século. (2004) http://musicariabrasil.blogspot.com.br/2010/03/mulher-na-musica-popular-brasileira.html
Pode-se dizer que a mulher-musa e objeto do canto masculino terminam por ser
estereotipada, submetida que foi às categorias do sujeito que a define e constitui,
muitas vezes, a partir de uma visão polar (amor/ódio; posse/falta).
A figura feminina perde sua dimensão real na força dos contornos que a contêm no
verso. Recupera uma posição de sujeito que canta e dialoga com o homem, a partir
da constituição desta posição nas condições concretas da sociedade brasileira.
25
A partir dos anos 1980 começam a surgir novos ritmos influenciados pela musica
internacional. Começam então a surgir bandas de rock nacionais com temas
urbanos, sociais, juvenis e amorosos. As bandas Engenheiros do Hawaii, Paralamas
do Sucesso, Ultraje a Rigor, Ira!, dentre outras. No meio dessas bandas, todas
compostas por homens, aparecem as bandas com mulheres cantoras como Kid
Abelha, Rita Lee, Marina Leão, Cássia Eller.
Nos anos 1990, o hip hop e rap americano invadem o Brasil, porem com visão
marginalizada aos poucos ganha a mídia e se destaca nessa década. Também
nessa época o axé music invade as rádios e as casas dos brasileiros com seu ritmo
baiano dançante com letras irônicas e com segundo sentido surgem É o Tchan, com
as dançarinas que usam roupas curtas mostrando a sensualidade da música,
Daniela Mercury, Banda Eva, liderada pela cantora Ivete Sangalo.
Ainda nessa década as mulheres atingem seu ponto máximo de afirmação na
música brasileira. As cantoras Marisa Monte, Zizi Possi, Fernanda Abreu, Paula
Toller, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto entre várias outras se destacam com suas
vozes e suas atitudes ganhando os ouvintes brasileiros e estrangeiros.
Surge também o pagode, a música sertaneja, o manguebeat, a música pop
internacional que influencia cantores brasileiros e o fortalecimento das músicas
regionais.
Na luta feminista, os anos 1990 marcam os debates sobre gêneros, os direitos iguais
entre homens e mulheres, o início da luta diante de um estado conservador.
Começa-se a perceber a necessidade de organizações voltadas para as mulheres
com temas que defendem o direito das mulheres, saúde das mulheres, contra
violência e inserção da mulher na política.
26
4 A PRODUÇÃO DO PROGRAMA
Como visto no capítulo I, o formato escolhido para produzir o programa com
temática feminina e musical foi o de variedades, pois abrange diversos conteúdos
dentro da temática e mistura com música e entretenimento. Segundo Barbosa no
gênero de entretenimento é possível explorar com maior profundidade o universo da
linguagem do áudio, em comparação com outros gêneros (2003. p.113).
Para a produção do programa aqui apresentado foi necessário gravar entrevistas,
utilizar gravadores e estúdio de áudio para gravar locuções, montar e editar o
programa.
4.1 Pré-produção
Na pré-produção foram organizado os temas, definido as matérias e entrevistas,
feito um cronograma de cumprimento das atividades. Como o programa tem a
temática feminina, para acrescentar foi lido e buscado artigos de interesse maior que
poderiam ser inseridos no programa. Segundo McLeish “o produtor nunca está
ocioso, mas sempre pensando se algo que viu ou ouviu poderá dar uma matéria” (p.
144, 2001).
Foi criado um título para dar identidade ao programa. É o meio em que os ouvintes
se guiarão sobre do que se trata e se os interessarão. Existem os títulos menos
reveladores, mas que contam com um subtítulo para descrever o tema. O título do
programa de variedades deve ser derivado diretamente do seu objetivo, levando em
consideração até que ponto o público alvo se limita a um público especializado
(MCLEISH, p. 142, 2001). O título do programa deste trabalho é: “Delas”, que se
refere a todo o universo feminino. O que são delas? Pode ser tudo, o momento delas
(das mulheres) no rádio, algo destinado a elas. O programa é delas, mas para todos
que queiram se informar sobre o universo feminino.
Definido o tempo do programa, pode-se também definir o tempo das matérias e
entrevistas. Assim padronizando o programa em suas próximas edições, pois o
ouvinte já conhece o que passará no horário determinado que ele queira ouvir o que
realmente lhe interessa. Por isso a importância de manter os blocos fixos, para
McLeish (2001) programas regulares devem ir ao ar em horários regulares, e
matérias regulares devem ter uma colocação previsível em cada programa.
27
A escolha dos temas e das entrevistadas foram dois processos interligados. De
início, para afunilar as ideias e chegar ao tema específico de cada entrevista foram
guiadas a partir da temática feminina já pré-definida. Na sequência foram
selecionados os temas: mulher na música, que é a principal ideia do programa, em
seguida violência contra a mulher e mulher e cultura. Com os assuntos de cada
entrevista definidos parte-se para a busca das entrevistadas.
Para começar seguindo a ordem dos temas descritos aqui, a ideia era de entrevistar
duas cantoras capixabas, uma com mais tempo de carreira, mais experiente e a
outra mais jovem com pouco tempo de envolvimento com a música em relação a
outra cantora. A cantora selecionada foi Dorkas Nunes, que participa do meio
musical desde criança e canta samba de sua autoria e ainda está em atividade.
Na elaboração das entrevistas vale ressaltar o ponto de vista epistemológico, pois a
entrevista é uma análise com base epistemológica. Segundo Ferraretto (2001)
primeiramente busca-se um conhecimento entre o entrevistador e a informação ou
opinião em seguida o público torna-se o sujeito em outro plano epistemológico.
Os tipos de entrevistas adequados para o programa elaborado foram o tipo de
entrevista com personalidade que tem como objetivo mostrar quem é o entrevistado,
e também pelo fato de ter entrevistado uma cantora capixaba de renome. O segundo
foi o tipo entrevista de opinião no qual são colhidas as opiniões do entrevistado
sobre determinado assunto.
Preparar uma entrevista significa pesquisar em detalhes o assunto e/ou pessoa enfocada, estabelecendo um raciocínio a respeito que orienta o questionamento (FERRARETTO, p 274. 2001).
No caso a entrevista foi gravada e quando é gravada passa pela fase de tratamento
da informação, que é a seleção das partes relevantes e a montagem delas numa
sequência lógica, após montada a gravação é transmitida.
As entrevistas existentes no programa foram gravadas a partir de temas. Para o
tema mulher e música foi gravada uma entrevista com a cantora capixaba Dorkas
Nunes. Sobre o tema violência contra a mulher a entrevistada foi Viviane Castro do
Fórum de Mulheres do Espírito Santo. E a última entrevista foi com Kika Carvalho do
Coletivo de Grafitti DasMina.
28
Próximo passo da pré-produção é a escolha do locutor que apresentará o programa.
Ferraretto afirma que é indispensável ter consciência de que falar ao microfone
exige uma técnica apurada em que diversos elementos expressivos mesclam-se. A
forma como se fala ajuda a atribuir significado ao texto, a leitura correta da
pontuação de uma frase. E como a voz é o elemento chave no rádio, ter boa
comunicação é mais importante que um vozeirão (p. 307, 2001).
Alguns fatores auxiliam na boa locução são eles: entender o conteúdo, interpretar o
texto, transferir as informações, medir o ritmo, matizar, ser natural, convencer e
concluir bem a leitura.
A música é mais um componente do programa de variedade. Nesse caso foram
escolhidas músicas com temas que se relacionam com os assuntos retratados no
programa, visando também o entretenimento. Existem vários modos de se usar a
música neste formato de programas radiofônicos, os usados no programa deste
trabalho são música que vem logo depois de uma matéria, como uma amostra do
trabalho musical de Dorkas Nunes, após sua entrevista. E o outro modelo é o de
mudança de estado de espírito, pode ser usada após uma matéria densa em que na
sequência outro tipo de assunto será apresentado, assim a música funciona para dar
um “tempo para pensar” depois de tal matéria. (MCLEISH. p. 146. 2001)
4.2 Produção
A produção de um programa radiofônico necessita de um produtor, a pessoa que
planeja o programa que vai ser levado ao ar, independente do seu conteúdo. Existe
um grande dilema que envolve o exercício desta função.
A legislação ainda permite que pessoas sem habilitação em Comunicação Social trabalhem em produção desde que possuam um registro para tal obtido em centros profissionalizantes conforme o Decreto nº 84.134, de 30 de outubro de 1979, que regulamenta o trabalho dos radialistas (FERRARETTO. p. 285. 2001).
O produtor deve dominar vários assuntos desde o meio jornalístico ao da
sonoplastia e ainda tendo uma extensa bagagem cultural, assim as ideias se
desenvolvem com mais facilidade.
As ideias devem ser desenvolvidas e executáveis no universo do rádio, pois a
imagem que o rádio transmite é a que o ouvinte cria através do que está ouvindo. A
ideia precisa de ter um objetivo bem claro para que todos os envolvidos saibam o
29
que estão tentando realizar e deve ser vista como pertinente ao seu público alvo e
praticáveis em termos de recursos (MCLEISH. p. 199. 2001).
É preciso planejar os recursos, verificar o tempo para os preparativos, verificar a
disponibilidade de estúdio, gravadores, providenciar técnicos ou pessoas
necessárias de apoio, obter autorização para o uso de obras protegidas por direito
autoral.
A elaboração de um programa tem de ser algo criativo e profissional ao mesmo
tempo. Há um produto a ser feito, restrições de recursos e limites de tempo a serem
observados. Assim o programa vai tomando sua forma, o produtor deve prender a
atenção do ouvinte desde o início até o fim.
No processo de gravação o produtor deve deixar os colaboradores a vontade,
explicando para eles como será a gravação, o que será abordado. É essencial criar
um clima e amenizar a ansiedade dos colaboradores. Fazer um breve ensaio do que
será gravado ajuda na qualidade do produto final. Nada é pior para um colaborador
do que ficar ali imaginando o que está acontecendo ou mesmo se está no lugar certo
(MCLEISH. p. 201. 2001).
Após gravação é necessário colocar as coisas em ordem, devolver os equipamentos
utilizados, já que são meios de uso comum. O próximo passo é a edição seguindo a
ordem feita no script, selecionando os pontos relevantes e que ressaltaram o tema
não perdendo o foco do produto final. O outro passo da edição é ouvir o programa
final e fazer os devidos julgamentos sobre o que deve ser incluído.
A sonoplastia é fundamental a elaboração de um programa de rádio, segundo
Ferraretto o produtor deve ter a sensibilidade e conhecimentos suficientes para
utilizar o som como um poderoso instrumento a sua disposição. A partir disso os
efeitos permitem ao público ver o que está sendo descrito e a música possibilita ao
ouvinte sentir o que se transmite e ainda servem para pontuar o programa (2001).
O processo de gravação se deu através de gravador de áudio e pelo estúdio de
áudio do Centro de Artes/UFES.
A edição e montagem do programa se deram nas fases de equalizar o som, decupar
e escolher somente o que seria usado para o programa, colocar na sequencia
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conforme o roteiro estruturado. Foi utilizado o programa Adobe Audition CS6 para a
edição do som e do programa.
A tarefa do produtor divide-se em quatro partes: técnica e operacional, editorial,
administrativa e gerencial. Da parte técnica está relacionada com o uso devido das
ferramentas do ofício sabendo quando e como utilizar os equipamentos de
elaboração do programa. A parte editorial é sobre ideias e decisões, avaliando o que
pode ser usado no programa. A função administrativa diz respeito ao procedimento
burocrático como contratos, pagamentos, ordem de transmissão e script do
programa, reserva de estúdios etc. A parte gerencial é a organização dos projetos,
estabelecer objetivos, controlar o desenvolvimento do programa, impor disciplina e
resolver conflitos entre os colaboradores (MCLEISH. p. 204. 2001).
Ficha técnica
Viviane Castro – Forum de Mulheres, entrevistada sobre violência contra a mulher.
Kika Carvalho - Coletivo DasMina, entrevistada.
Jamille Ghil – locutora.
Dorkas Nunes – Cantora, entrevistada sobre Mulher e música.
Camila Cuquetto – Gravação, edição, montagem
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5 CONCLUSÃO
A produção de um programa de rádio conta com vários elementos essenciais para
um bom resultado. As características usadas para a produção de um programa de
qualidade são escolher o formato radiofônico correto, o escolhido aqui foi o de
variedades, pois aborda informação, entretenimento e música. Escolher os assuntos
abordados dentro da temática feminina, encontrar e pesquisar colaboradores,
especialistas nos assuntos selecionados, também contribuiu para a produção. Outra
característica é a organização das tarefas, fazer um script para orientar as
atividades, um roteiro para as gravações e por fim editar de acordo com o planejado.
Os objetivos foram alcançados. A história da mulher na música foi relatada em texto
e em forma de entrevista com a cantora capixaba Dorkas Nunes, que atua há muitos
anos no ramo. Fazer o público se informar sobre a luta das mulheres através das
expressões artísticas também estão inseridas no programa com a apresentação do
Coletivo de Grafitti DasMina, que também atuam no movimento hip hop. E
apresentar um pouco sobre os obstáculos que as mulheres enfrentam como a
violência física, psicológica, moral e a busca pelo padrão de beleza.
Foram processos bem intensos, pesquisar colaboradores, agendar as entrevistas,
conseguir equipamentos e desenvolver habilidades em que já estava familiarizada,
mas tive que aprender muito mais. Pois produzir um programa de rádio de qualidade
é preciso conhecer bem a técnica e ser profissional na área.
O rádio atinge milhões de pessoas até hoje, foi a primeira mídia de massa a chegar
às casas dos seres humanos trazendo informação, entretenimento e acima de tudo
a comunicação mais rápida, pois antes só existia o telégrafo, com outras pessoas
em qualquer parte do mundo. A partir do rádio as relações humanas se expandiram
e até hoje sentimos as influências desse meio de comunicação.
Carrego uma experiência no meio radiofônico por ter participado do projeto de
extensão “Bandejão 104.7”, um programa produzido apenas por estudantes de
comunicação. Nesse universo do som aprendi sobre as técnicas de edição, técnica
de leitura, interpretação e acima de tudo compromisso com o ouvinte. A partir da
experiência, o interesse pelo rádio e a vontade de levar informação ao público
aumentaram, pois sinto que é o meu dever enquanto estudante e futuramente
32
profissional de Comunicação Social levar a informação, o entretenimento a todos,
pois esse é um direito de todos.
Além de tudo, a temática feminina muito me atrai, pois ainda há muitas lutas para
vencer nesse meio. Muita informação para as mulheres que são prejudicadas sem
saber que podem se defender de abusos cometidos contra elas. Atuar nesse meio
feminino e feminista me motiva a participar da construção de um mundo melhor.
Gostaria de continuar no desenvolvimento o projeto, tendo os recursos básicos,
colaboradores e o tempo suficiente para a dedicação no projeto. Se o futuro
profissional me apresentar alguma outra oportunidade também do meu agrado,
recomendaria que outras pessoas continuassem com este trabalho.
33
6 REFERÊNCIAS
Livros:
AZEVEDO, Sandra Raquel dos Santos. Mulher em Ação: o programa radiofônico como prática educomunicativa. Mestrado de Educação. João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba, 2004. 87p. Mestrado
CARVALHO, Paula Marques de. Rádio na Internet: Um espaço de Experimentação, Educação e Comunicação. Faculdade Sete de Setembro. II Altercom – Jornada de Inovações Midiáticas e Alternativas Experimentais. SP. 2007. COSTA, Cristina. A imagem da mulher: um estudo de arte brasileira. 1. ed. RJ: Senac RJ, 2002.
BEVOIR, Simone. O Segundo Sexo Volume 2: A experiência vivida. 2. ed. SP: Difusão Europeia do Livro, 1967.
DINIZ, Carmen Regina Bauer. Movimentos feministas da década de sessenta e suas manifestações na arte contemporânea. Trabalho acadêmico. Doutoranda da Faculdade de Educação-Universidade Federal de Pelotas. 18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas Transversalidades nas Artes Visuais – 21 a 26/09/2009 - Salvador, Bahia. FERRARETTO, Luiz artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 1. ed. RS: Doravante, 2000.
FILHO, André Barbosa. Gêneros Radiofônicos: os formatos e os programas em áudio. 1. ed. SP: Paulinas, 2003.
GONÇALVES, Elizabeth Moraes; NISHIDA, Neusa Fumie Kwabara. Publicidade e ética: um estudo da construção da imagem da mulher. Comunicação, mídia e consumo. São Paulo. vol .6 n . 17 p. 49 - 72 NOV. 2009. GUEDES, Olegna de Souza; PEDRO, Claudia Bragança. As conquistas do movimento feminista como expressão do protagonismo social das mulheres. Anais do I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, ISSN 2177-8248. Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25 de junho de 2010.
LESSA, Patrícia. Mulheres à venda: uma leitura do discurso publicitário nos outdoors. 1.ed. PR: Eduel, 2005.
MCLEISH, Robert. Produção de rádio: um guia abrangente de produção radiofônica. 1.ed. SP: Summus, 2001.
SANTOS, Helena Miranda dos. A Construção da Imagem “Ideal” da Mulher na Mídia Contemporânea. Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder. Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008. Material da Internet:
34
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