TCC Mesa pedagógica Infantil: a importância de estimular a aprendizagem
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1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO E IMPORTÂNCIA DO PROBLEMA
O trabalho a ser apresentado trata-se de um Trabalho de Conclusão do Curso
de Design de Móveis, referente ao projeto de uma mesa pedagógica infantil que
ajude a estimular a aprendizagem desde a fase de iniciação à vida escolar.
A escolha do tema foi possível graças à observação de mobiliários infantis
existentes nas escolas. Observou-se que estes não possuem preocupação em
estimular o interesse da criança em estudar, não obtendo diferencial no que diz
respeito aos aspectos estéticos e simbólicos. É comum encontrar móveis infantis
que atendem apenas aos requisitos funcionais básicos de um móvel, preocupando-
se essencialmente em reduzir o tamanho e atender a principal função prática, que é
a de apoiar objetos. Somente nos últimos anos o usuário infantil vem se
beneficiando com o interesse por parte dos arquitetos e designers na aquisição de
conhecimentos de sociologia, psicologia e ergonomia infantis com o objetivo de
atender as reais necessidades das crianças.
A criança em fase de iniciação escolar necessita de uma atenção especial.
Ela precisa sentir-se familiarizada com o ambiente escolar e atraída por este, de
modo que possa ser estimulada a aprender, relacionando o ambiente de estudo com
algo prazeroso e benéfico para ela. Pensando nisso, chegou-se a proposta de
projetar e desenvolver uma mesa pedagógica infantil, que fosse esteticamente
atrativa e ergonomicamente confortável para as crianças, possuindo formato
interessante, cores chamativas e fosse um produto diferenciado, com a intenção de
influenciar positivamente na aprendizagem da criança.
A metodologia do presente trabalho consiste em: realização de uma pesquisa
referente ao desenvolvimento infantil, com relação ao processo de formação da
aprendizagem de crianças entre 4 e 6 anos de idade; pesquisas referentes ao
desenvolvimento infantil; pesquisa referente à adaptação da criança em fase de
iniciação escolar, pesquisa com relação à aprendizagem e motivação, com relação
ao lúdico e à importância do brincar, estudo de cores e uma pesquisa sobre
ergonomia e materiais. Além disso, o trabalho abrange uma breve pesquisa de
Mercado, observando quais as novidades e tendências do mercado e o que precisa
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ser aperfeiçoado; uma pesquisa de campo com professores e alunos de 4 creches
da cidade de Curitiba, analisando quais as necessidades existentes. Contém
também um painel do usuário, onde são definidas as características do público alvo,
ou seja, para quem será direcionado o projeto. No item “projeto”, estão contidas as
gerações de alternativas com as possíveis sugestões de mesa pedagógica infantil e
a alternativa escolhida, bem como um “passo a passo” de como o móvel foi
fabricado e um memorial descritivo do mesmo.
É importante lembrar que as crianças, em fase de iniciação escolar,
encontram-se em plena fase de desenvolvimento e estão começando a possuir
noções de espaço, estando em constante movimentação. É a fase da descoberta,
do aprendizado. Portanto, o papel do móvel não é fazer com que as crianças fiquem
“estáticas” em seu ambiente de estudo, mas que interajam da melhor maneira
possível com ele, utilizando-o para desenvolver suas atividades pedagógicas e
recreativas de uma maneira prazerosa e divertida.
1.2 OBJETIVO GERAL
Desenvolver uma mesa pedagógica infantil que ajude a estimular o processo
de aprendizagem e desenvolvimento da criança, na faixa etária de 4 a 6 anos.
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Desenvolver um conjunto de mesa pedagógica infantil e bancos, para crianças em
fase de iniciação escolar (de 4 a 6 anos), voltado para atividades pedagógicas;
- Propiciar o atendimento de algumas necessidades das crianças em termos
estéticos, lúdicos, funcionais e ergonômicos, estimulando assim o processo de
aprendizagem das mesmas;
- Estimular que a criança, durante a fase de iniciação escolar, comece a enxergar os
estudos como algo positivo e prazeroso a partir da inserção de um móvel atraente e
compatível com suas necessidades.
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1.4 JUSTIFICATIVA
A fase da infância é a fase de descobertas, de experimentações, ou seja, a
criança precisa ser estimulada a brincar, a interagir, a ler, a exercitar seu cérebro.
Pensando nisso, foi proposto o desenvolvimento do projeto de uma mesa
pedagógica infantil, podendo ser residencial ou institucional, que atendesse a essa
necessidade, que envolvesse a criança e estimulasse o processo de aprendizagem
da mesma.
Pretende-se com o presente trabalho, fazer com que as crianças passem a
enxergar o ambiente escolar, bem como os estudos, de uma maneira positiva, ao
contrário do que a grande parte das crianças acaba enxergando. Isso porque grande
parte delas não recebe a devida atenção na fase de iniciação escolar, fase esta
muito importante para o desenvolvimento infantil, já que representa uma grande
mudança em sua vida, envolvendo obrigações, responsabilidades, regras a serem
seguidas, disciplina e adaptação. É o momento de se adequar a um mundo novo e,
para isso, ela precisa se familiarizar com o ambiente de estudo, precisa sentir-se
segura, confortável e estimulada a desenvolver suas atividades pedagógicas.
O trabalho torna-se interessante pelo fato de no Brasil ainda haver uma
lacuna com relação à preocupação com o design do mobiliário infantil. Ao explorar
esse universo a pesquisa busca encontrar uma maneira de colaborar com a
satisfação dessa necessidade existente no mercado, de maneira a atender às
expectativas do público alvo visado.
A proposta é de interessante relevância, já que envolve uma das principais
questões nacionais, a questão da Educação, principalmente no que diz respeito à
fase de iniciação escolar, já que é nesse período que a criança acaba decidindo seu
interesse pelos estudos, o que, inevitavelmente, acaba influenciando em sua futura
vida acadêmica e profissional.
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1.5 METODOLOGIA
A metodologia do presente trabalho consistiu em: realização de uma pesquisa
referente à aprendizagem e desenvolvimento infantil, estudando especificadamente
crianças entre 4 e 6 anos de idade; pesquisas referentes à adaptação da criança em
fase de iniciação escolar, pesquisa com relação à importância do lúdico na infância,
pesquisa com relação à importância das cores no universo infantil, pesquisa
ergonômica, pesquisa sobre a influência do design do mobiliário infantil no
comportamento e aprendizagem das crianças, estudo de materiais, pesquisa de
mercado, observando quais as novidades e tendências do mercado e o que precisa
ser aperfeiçoado, pesquisa de campo em quatro centros de educação infantil da
cidade de Curitiba, analisando quais as necessidades existentes e pesquisa com
relação aos materiais utilizados. Para o desenvolvimento do projeto primeiramente
foi montado um painel do usuário, especificando qual o público-alvo a ser atingido.
Posteriormente foram feitas gerações de alternativas, através de esboços, que foram
transpassados em maquete eletrônica para melhor visualização, com as possíveis
sugestões de mobiliário infantil para estudo. A alternativa final se deu, analisando
aspectos positivos e negativos de cada alternativa e buscando solucionar os
problemas existentes em cada uma, buscando uma maneira de melhorá-la e torná-la
viável tecnicamente. O trabalho também traz um “passo-a-passo” de como o móvel
foi desenvolvido dentro da Universidade, além de ilustrações que representam sua
inserção em dois ambientes: quarto infantil e sala de aula. Para finalizar, há um
memorial descritivo sobre o móvel.
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2 A CRIANÇA E A INFÂNCIA
A criança é um ser humano em desenvolvimento que explora o mundo ao seu
redor, através de situações vivenciadas no seu espaço. É através de sua atitude de
curiosidade, juntamente com o auxílio dos pais, professores e do meio em que vive,
que a criança aprende a identificar situações, pessoas e objetos e a interagir com
eles.
Segundo Rochael (2009), a infância é o período que vai desde o nascimento
até aproximadamente o décimo primeiro ano de vida de uma pessoa. É um período
de grande desenvolvimento físico, marcado pelo gradual crescimento da altura e do
peso da criança - especialmente nos primeiros três anos de vida e durante a
puberdade. Mais do que isto, é um período onde o ser humano desenvolve-se
psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento da pessoa e
na aquisição das bases de sua personalidade.
Neste capítulo serão abordadas questões relacionadas ao desenvolvimento
infantil, especificamente os gradientes de desenvolvimento durante a faixa etária de
4 a 6 anos.
2.1 DESENVOLVIMENTO INFANTIL
De acordo com Vieira (2007) a infância é uma fase de muitas mudanças,
formulações, experiências, significações, ressignificações e aprendizados. Porém,
como as mudanças no mundo infantil acontecem de uma forma dosada e gradual, o
adulto tende a interpretar erroneamente, que o mundo da criança é semelhante ao
seu; todavia a criança possui uma natureza singular, sente e pensa o mundo de um
jeito muito próprio. Ela inclusive pode ser caracterizada por certas características
referentes ao estágio de seu crescimento e desenvolvimento.
A criança passa por inúmeras mudanças durante seu processo de
desenvolvimento: mudanças físicas, motoras, biológicas e psicológicas. Baynes
(1992) defende que a infância é um período de desenvolvimento físico e mental
rápido e intenso, e, portanto, a importância das experiências para o desenvolvimento
sadio da criança, não pode ser menosprezada. Porém é necessário lembrar que o
amadurecimento de cada criança é algo pessoal, ou seja, não é verificado da
mesma maneira em todas as crianças. O desenvolvimento infantil envolve muitas
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variáveis, como saúde física e mental, a influência das relações sociais e
ambientais, o acesso à educação, entre outras características psicológicas próprias
de cada um. Porém, de acordo com diversos estudos no ramo da psicologia e
pedagogia, podem-se determinar gradientes de desenvolvimento, que facilitem o
estudo acerca do desenvolvimento infantil. Estes gradientes servem para determinar
as tendências e os esquemas de comportamento infantil. De acordo com Gessel
(1987), gradiente do desenvolvimento é uma série de fases ou graus de maturidade
por onde a criança vai progredir em direção a um nível mais elevado de
comportamento. O gradiente de desenvolvimento serve como um quadro de
referência, pois o plano geral de desenvolvimento encontra-se fora do nosso
alcance.
Ainda de acordo com Gessel (1987) o desenvolvimento infantil é um processo
contínuo e gradativo:
“A personalidade da criança é o produto de um crescimento lento e gradual. O seu sistema nervoso amadurece por graus e seqüências naturais. Ela senta-se antes de se por em pé, balbucia antes de falar, diz “não”, antes de dizer sim”, inventa antes de dizer a verdade, desenha uma circunferência antes de desenhar um quadrado, é egoísta antes de ser altruísta, depende dos outros antes de depender de si própria. Todas as suas capacidades, incluindo as morais, estão sujeitas a leis do desenvolvimento.”(GESSEL, 1987).
O autor sustenta essa idéia ao afirmar que todo crescimento depende de um
crescimento anterior. A criança é, assim, o resultado da essência de seu passado.
Dessa forma, para o autor, a sua psicologia aos cinco anos, é o “produto” de tudo o
que lhe aconteceu nos quatro anos decorridos após o nascimento - e nas quarenta
semanas que o precederam.
De acordo com Gessel (1999), todas as crianças são únicas, mas todas elas
são também membros de uma só espécie humana. Em obediência às características
da espécie há seqüências do crescimento que quase nunca são alteradas. O
domínio motor dos olhos precede o dos dedos, o equilíbrio da cabeça precede o
equilíbrio do corpo, a preensão palmar precede a digital, apreensão voluntária
precede o abandono voluntário. Estes são apenas alguns exemplos simples da
ordem seqüencial inerente à estruturação do comportamento da criança, desde as
suas manifestações mais simples às mais complexas.
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2.2 GRADIENTES DE DESENVOLVIMENTO
Segundo Gessel (1999), os gradientes do desenvolvimento são quadros que
podem indicar em que fase da maturidade a criança se encontra e que tipos de
comportamentos ela pode apresentar. A finalidade dos gradientes é a de determinar
a posição aproximada que a criança ocupa diante das várias seqüências do
desenvolvimento.
A seguir serão apresentados os gradientes de desenvolvimento infantil de
crianças entre 4 a 6 anos de idade, a faixa etária escolhida para o público-alvo.
2.2.1 A criança de 4 anos
A criança de 4 anos é afirmativa e expansiva, começa a adquirir certa ordem
lingüística. Explode de atividade motora, corre, pula num pé só e salta. Possui
grande atividade mental, traduzida num descuidado emprego de palavras e uso de
imaginação e fantasia. Nessa fase, a criança tende a sair dos limites, principalmente
na linguagem e nas suas proezas imaginativas. É alegre e viva e possui uma boa
coordenação motora. (GESSEL, 1987).
O segredo da psicologia da criança de 4 anos está na sua intensa energia
associada a uma organização mental de grande mobilidade. A sua criação de
imagens mentais é muito volátil. Move-se de uma configuração para outra com
grande agilidade. Nas brincadeiras teatrais envolve-se nos papéis e sai deles com a
maior facilidade. No desenho é, muitas vezes, um autêntico improvisador. (GESSEL,
1987).
Segundo Rochael (2009), a criança de quatro anos apresenta integração do
automatismo corporal. É vigorosa nas brincadeiras, seu ritmo corporal está repleto
de novas conquistas e habilidades: anda com firmeza, corre depressa, sobe em
lugares altos e difíceis. Ao ar livre é irrequieta, necessita gastar energia, praticar
atividades físicas. Seu vocabulário é rico (mais de 2000 mil palavras), pode-se
concentrar por períodos de 30 minutos e é capaz de criar suas próprias atividades.
Faz perguntas e se interessa pela morte, nascimento, pessoas, Deus, diferenças
sexuais. Reconhece partes do corpo e interessa-se por gestos e roupas de adultos.
É capaz de realizar construções elaboradas, pode vestir-se, abotoar roupas e
realizar a higiene pessoal. A figura humana está presente nos desenhos e retrata
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coisas que já viu. Recorta papéis e segura objetos como lápis e pincéis. Nessa fase,
a colagem é uma atividade apreciada.
Ainda Segundo Rochael (2009), na comunicação, a criança expressa palavras
sem sentido e palavrões. Consegue dizer seu nome, sobrenome e idade. Canta
pequenas canções e faz perguntas com freqüência. Fala muito sozinha e sua
imaginação é fértil. Necessita de experiências e vivências, pois as idéias são
maiores que as capacidades. Suas emoções são extremas: ou gosta muito ou
detesta. Tem noções de limite. Mostra-se afetuosa, demonstra autoritarismo,
expansividade e iniciativa. Gosta de ser elogiada e se auto-elogia.
Demonstrações de medo são evidentes, recomenda-se cuidado com a
temática das histórias contadas. Tem noção de rua e cidade e é capaz de
representar itinerários mentalmente.
As crianças nessa faixa etária passam a se identificar com outra pessoa por
causa de vários motivos, incluindo laços de amizade (um amigo ou uma pessoa
próxima como outro parente ou uma babá, por exemplo) e semelhanças físicas e
psicológicas. Também passam a ver diferenças entre pessoas do sexo masculino e
feminino, tanto nos aspectos físicos quanto nos aspectos psicológicos, como os
estereótipos dados a ambos os sexos pela sociedade (exemplos: menino brinca com
bola, menina brinca com boneca). Crianças desta faixa etária começam a
desenvolver os aspectos básicos de responsabilidade e de independência,
preparando a criança para o próximo estágio da infância e os anos iniciais de escola.
Elas são altamente ativas em geral, estão constantemente explorando o mundo à
sua volta. Passam também a aprender que na sociedade existem coisas que eles
podem ou não fazer.
Figura 01: Crianças de 4 anos
Fonte:http:/ /psicologiaeeducacao.wordpress.com/
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2.2.2 A criança de 5 anos
De acordo Rochael (2009), a criança de 5 anos apresenta um evidente
progresso em seu crescimento: são mais altas e com proporções diferenciadas das
outras. Com ares importantes, tratam os menores com superioridade. Querem ser
reconhecidas, necessitando apoio e responsabilidade delegados por quem lida com
elas. A criança nessa faixa etária planeja suas atividades: a idéia precede a ação, o
que significa pensar antes de agir.
Com um vocabulário rico, vence maiores dificuldades de pronúncia e faz
muitas perguntas. Apresenta precisão e destreza na motricidade para pedalar,
correr, sentar, nadar, atirar e virar cambalhotas; tem bom conhecimento das
proporções corporais e apresenta certa independência.
A motricidade fina está mais hábil: dá nós simples, modela, manipula,
constrói, veste-se sozinha; domina atividades gráfico-plásticas. Consegue dentro de
seus limites amarrar, abotoar, usar talheres para comer e escrever seu primeiro
nome. Com iniciativa e idéias próprias, é mais autocrítica e segura. Apresenta
ansiedade em relação a coisas cuja explicação desconhece, mas aceita regras e
limite, conseguindo jogar cooperativamente. É sociável, tem interesse pelos vizinhos
e pessoas novas, demonstrando sentido mais seguro do “eu”.
A mãe continua sendo o centro de seu universo, embora esteja muito mais
independente dela. Interessa-se pelo tempo presente e compreende a relação
dia/noite; manhã/tarde.
Crianças nessa idade gostam de contos de fada, vivem no mundo da
imaginação. Nessa época a criança precisa tornar familiar o que já é familiar, por
isso é comum a preferência por representações domésticas, já que a vida em família
ainda é uma novidade. (GESSEL, 1999). Uma das maneiras de facilitar esse
processo, é por meio de brincadeiras que representem essas relações, como
“brincar de casinha” e de boneca.
Aos cinco anos a criança está apta a enfrentar a simples vida comunitária de
uma sala de aula. Nas suas características emocionais, na sua inteligência geral e
na faculdade de adaptação revela estar de posse de um sistema de ação bem
organizado e bem desenvolvido. Os cinco anos são, segundo Gessel (1987), uma
idade nodal. É o período em que a criança encontra-se numa fase de ajustamento
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equilibrado consigo própria e com seu ambiente. É o período em que ela já tem
marcada sua individualidade.
Gessel (1987) afirma que aos cinco anos e meio a criança passa por uma
fase bipolar, tentando ao mesmo tempo encontrar-se e descobrir seu novo ambiente.
A escolha e a conciliação entre os dois pólos criam-lhe tensões e hesitações, já que
novos problemas de desenvolvimento estão sendo resolvidos, por isso é comum
haver dificuldades e instabilidades durante o percurso de sua educação formal.
Sendo assim, elas necessitam de muito apoio, responsabilidade, brincadeiras
em grupo, oportunidade para concentração e boa orientação.
A seguir será estudada a faixa etária especificada no projeto (4 a 6 anos de
idade) com relação ao seu nível de desenvolvimento. Este estudo é essencial, já que
é necessário conhecer o público-alvo a ser atingido, antes de iniciar o projeto.
Figura 02: Crianças de 5 ano s
Fonte:http://psicologiaeeduc acao.wordpress.com/
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2.2.3 A criança de 6 anos
Segundo Rochael (2009), o crescimento físico da criança de 6 anos é
acentuado e difere-se de outras idades pela perda dos dentes de leite. Consegue
vestir-se sozinha, precisa de espaço para realizar suas atividades. Canta muito,
dramatiza, faz comparações e tem senso de humor apurado, possui boa
comunicação e gosta de repetir palavras aprendidas.
Suas vivências são relatadas com prazer, querendo transformar o mundo num
laboratório de experiências; faz muitas perguntas, gosta de planejar passeios,
querendo fazer tudo à sua maneira. O adulto deve encorajá-la a ouvir e saber falar
na hora exata, sempre estimulando a expressão livre para um bom desenvolvimento
do vocabulário em conversações.
O interesse pelas horas já se faz notar, assim como pelas ciências. Dá
notícias das ocorrências mundiais e sua concentração pode ultrapassar 60 minutos.
Sente necessidade da matemática e seu desenvolvimento favorece um interesse
natural e crescente pela leitura (curiosidade pela língua escrita). A racionalização
também é uma habilidade que é aprendida e constantemente melhorada. Até o
quinto ou sexto ano de vida as crianças muitas vezes procuram resolver problemas
através da primeira solução - certa ou não, racional ou não - que vem à sua mente.
Após o sexto ano de vida, a criança passa a procurar por diversas soluções, e a
reconhecer a solução correta ou aquela que mais se aplica à solução do problema.
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Figura 03: crianças de 6 anos
Fonte:http://psicologiaeed ucacao.wordpress.com/
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3 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A partir do nascimento a criança vai sendo apresentada ao mundo, fazendo
uso de seus sentidos para explorá-los, internalizando nomes, cores, sensações,
sentimentos, percepções, gostos, cheiros, fazendo associações entre as
informações que recebe. A arrumação ou disposição dessas informações recebida
pela criança é chamada aprendizagem.
Segundo Bee (1984) a aprendizagem é algo que deve ser significativo na vida
do indivíduo, onde se sobressai a qualidade de um envolvimento pessoal
permanente e que vai ao encontro das necessidades do sujeito.
É importante lembrar que ocorre aprendizagem sempre que, ao receber
estímulo, de alguma forma o indivíduo responde ao ambiente. A interação, portanto,
é um fato que está presente nas aprendizagens.
Foi a partir do século XX , com os estudos mais aprofundados em psicologia,
que começaram a surgir teorias explicativas do funcionamento do processo do
aprender. A partir dos estudos realizados ao longo do século XX, percebeu-se que
era através da aprendizagem que o homem adquiria hábitos e comportamentos.
Além disso, a aprendizagem passou a ser definida como o processo de aquisição de
novos conteúdos a partir de um sistema de trocas (homem-meio) constante. Nesse
ponto nota-se alguns elementos do processo de aprendizagem. São eles: memória,
atenção, interesse e inteligência.
Segundo La Rosa (2002), todos os humanos tem potencialidade para
aprender e curiosidade natural para isso. Porém, na aprendizagem, tudo o que é
novo é considerado uma ameaça e a pessoa ao se sentir ameaçada pela novidade,
tende a não querer modificar-se. Ou seja, a aprendizagem é sempre uma mudança
na organização do self (“si mesmo”) e na sua percepção – por isso tende a provocar
resistências. Dessa forma é importante que o indivíduo sinta-se motivado a
aprender, buscando o conhecimento de acordo com seus interesses e seu ritmo
pessoal. Esta aprendizagem, por conseqüência, será mais duradoura e persistente.
Para que ocorram as aprendizagens é necessário um estado de alerta
(moderado), impulso, vontade e desejo de aprender, ou seja, motivação. Sabe-se
que aquilo que não é tomado como significativo, tende a ser abandonado.
De acordo com La Rosa (2002), as aprendizagens sempre ocorrem na vida
do homem, porém, existem algumas condições que podem favorecê-las ou inibí-las,
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tais como condições físicas, psicológicas , ambientais ou sociais. Para o autor, as
condições psicológicas da aprendizagem dizem respeito à motivação do indivíduo,
ou seja, à forma como este se mobiliza e direciona sua ação na aprendizagem.
Sendo a motivação um processo interno e constituindo-se em uma resposta pessoal
do indivíduo frente à determinada situação, está também na dependência
(especialmente em alunos mais novos) do incentivo propiciado pelo professor.
As situações ambientais que influem na aprendizagem dizem respeito a um
ambiente adequado e reforçador, que possua condição de acomodação física, de
temperatura, iluminação e ventilação agradáveis. Todos esses aspectos tendem a
favorecer as aprendizagens em eficácia e realização.
A aprendizagem pode ser dada de maneira informal, através das variadas
interações em diversos ambientes, circunstâncias e com diferentes indivíduos
através da experiência diária - a chamada aprendizagem circunstancial. Ou pode ser
formal, onde os eventos devem ser organizados e planejados. Por exemplo, sala de
aula.
Aprendizagem não é apenas ampliar o número de informação e
conhecimentos, mas principalmente, constitui-se na mudança que opera no sujeito
através das experiências.
Segundo Koffka (apud Piaget, 1998) o desenvolvimento refere-se a um
âmbito mais amplo que a aprendizagem. A criança aprende a realizar uma operação
de determinado gênero, mas ao mesmo tempo está obtendo outros tipos de
conhecimentos, pois todo o caminho que ela utiliza para chegar até o conhecimento
(suas dúvidas, suas pesquisas, conversas) também faz parte da aprendizagem e
acaba por contribuir para o desenvolvimento da criança. Ao dar um passo em frente
no campo da aprendizagem, a criança dá dois no campo do desenvolvimento. Por
isso aprendizagem e desenvolvimento não são coincidentes.
De acordo com Rosa (2007) a memória é um fator bastante importante na
aprendizagem, pois que, sem ela, as aprendizagens se tornariam sem significado. É
a memória o elemento que faz a ligação entre o ontem e o hoje e, embora não
existam ainda conhecimentos substanciais acerca de seu funcionamento, sabe-se
que, através dela, pelo menos em parte, aquilo que foi aprendido fica retido e, de
alguma forma, alguns fatos podem ser reativados pela lembrança. A memória é um
elemento importante porque permite a identificação do ontem, estabelecendo
relação com o hoje, o agora.
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É interessante ressaltar que a aprendizagem da criança inicia-se muito antes
da aprendizagem escolar. A aprendizagem escolar não parte do zero. Por exemplo,
a criança começa a estudar aritmética, mas já muito antes de ir à escola, adquiriu
determinada experiência referente à quantidade, encontrou já varias operações de
divisão e adição, complexas e simples. Portanto, a criança já se deparou com
problemas semelhantes, antes mesmo de aprender na escola sobre aritmética. Ou
seja, a aprendizagem escolar é precedida de uma etapa perfeitamente definida de
desenvolvimento, alcançado pela criança antes de entrar para a escola.(PIAGET,
1998).
Toda e qualquer aprendizagem, quer seja hábito, informação, conhecimento
ou aprendizagens de sentimentos e emoções, são importantes para a vida porque
vão levar o indivíduo ao sentido de adequação e participação no meio. Pela
aprendizagem é possível o conhecimento. Só o conhecimento é que possibilita ao
homem a descoberta de novas teorias, novos métodos e novos padrões que podem
levar a espécie humana a progredir, no sentido de melhores condições de vida e
também no que se refere à compreensão dos fenômenos que caracterizam o ser
humano. (ROSA, 2007).
Segundo Vygotsky (2007) a aprendizagem deve ser considerada como um
fator de desenvolvimento. De acordo com o autor, se a aprendizagem está em
função não só da comunicação, mas também no nível de desenvolvimento
alcançado, adquire então importância especial. Trata-se de compreender como
funcionam esses mecanismos mentais que permitem a construção dos conceitos e
que se modificam em função do desenvolvimento.
Neste tópico foram abordados conceitos sobre aprendizagem e sua
importância. Esta pesquisa é essencial, pois contempla o objetivo do trabalho:
estimular a aprendizagem das crianças. No próximo capítulo serão abordados os
seguintes tópicos: teorias sobre o processo de aprendizagem, adaptação da criança
em fase de iniciação escolar e aprendizagem x motivação.
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3.1 TEORIAS SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Um conjunto de teorias foi sendo criado para explicar de que forma o ser
humano aprende ao longo de seu desenvolvimento. Geralmente as teorias da
aprendizagem estão associadas às teorias de desenvolvimento humano, justamente
porque é durante o desenvolvimento que vai da infância à fase adulta, que pode-se
observar como as crianças, jovens e adultos constroem suas aprendizagens.
O primeiro grande conjunto de teorias que tentou explicar a aprendizagem
foram as teorias inatistas. De acordo com Ferreira (1986, p 929), inatista significa
aquilo que “nasce com o indivíduo, congênito, que pertence à natureza de um ser.”
Assim, as teorias inatistas são aquelas que acreditam na existência de idéias
ou princípios, independente da experiência. Ou seja, para essa corrente teórica, a
aprendizagem independe daquilo que é vivido pelo sujeito, independe das suas
experiências no mundo, estando a aprendizagem relacionada à capacidade
congênita do sujeito de desempenhar as tarefas que lhe são propostas.
Segundo Moura, Azevedo e Mehlecke (2006) o inatismo opõe-se à
experimentação por considerar que o indivíduo, ao nascer, já traz determinadas
condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifesta, ou
imediatamente, ou progressivamente, durante o processo de seu desenvolvimento
biológico. Assim, toda a atividade de conhecimento passa a ser exclusivamente do
sujeito que aprende, sem participação do meio.
Já as teorias ambientalistas levam em consideração o meio no qual a criança
está inserida. O ambiente passa a ser o grande responsável pelo que a criança
aprende. A criança aparece como uma folha em branco, na qual serão inseridos
hábitos, comportamentos e demais aprendizagens.
Tanto no caso das teorias inatistas quanto no caso das ambientalistas, não se
fala em interação entre o dentro e o fora, ou seja, entre a criança e suas estruturas
internas e o meio no qual está inserida. Essa relação passa a ser encontrada no
conjunto de teorias conhecido como interacionistas, da qual fazem parte as teorias
construtivistas, que têm como principal teórico Jeam Piaget.
As teorias interacionistas percebem a aprendizagem como um processo de
inter-relação entre o sujeito e o objeto, ou melhor, é através da interação do sujeito e
do objeto que o aprendiz extrai aquilo que quer conhecer e as informações
necessárias para seu uso, caracterizando um tipo de aprendizagem ativa.
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Dessa maneira o construtivismo, além de ver a aprendizagem como um
processo de interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento, também considera
o aprendizado um sujeito ativo, construtor (daí a origem do termo construtivismo) de
seu próprio conhecimento. É a partir das relações estabelecidas que ocorre não só a
construção de um tipo específico de aprendizagem, mas também uma
aprendizagem mais humana, que envolve não apenas os processos mentais ou
estímulos gerados no meio, nem tão somente a interação do sujeito com o objeto do
seu interesse, mas passa a levar em consideração também as relações
estabelecidas pelo sujeito durante o seu processo de aprender, colocando em foco a
relação de sala de aula, ou mais especificadamente, a relação professor-aluno.
Dentro do processo de aprendizagem duas coisas são muito importantes: a
memória e a atenção.
A memória é tratada como a capacidade de armazenamento de informações
no cérebro, ou ainda como a capacidade de resgatar aquilo que foi armazenado.
Segundo Teelving e Thomsom (1973), apenas aquilo que foi armazenado
pode ser recuperado e a maneira em que pode ser recuperado depende de como foi
armazenado. É por isso que a memória é um processo importante para aprender, o
que não significa dizer que só aprendemos memorizando, mas que ela nos auxilia
quando precisamos de alguma informação anterior.
Existem muitas teorias sobre a memória, mas uma das mais atuais é a que
faz uma analogia entre a memória humana e a memória dos computadores, a partir
dos sistemas de input (entrada) e output (saída) de informações, onde as mesmas
são acessadas a partir de estímulos dados pelo usuário. No caso, os aprendizes.
De acordo com Eysence e Keane (1994), o termo “atenção” tem sido utilizado
de muitas maneiras, dentre as quais destaca-se a que considera a atenção um
processo de concentração. Pode-se dizer que a concentração ocorre a partir de
estímulos que tanto podem ser internos quanto externos. Geralmente prestamos
atenção nas coisas ou objetos que nos despertam algum tipo de interesse. Esse
interesse pode ser gerado por estímulos internos, (como a vontade de conhecer
algo) ou por estímulos externos (necessidade de aprender para passar no
vestibular). Logo, uma aula desinteressante, desconectada dos interesses dos
alunos e de suas faixas etárias, provavelmente não provocam estímulos suficientes
para que os alunos se mantenham atentos ao que os professores estão dizendo em
sala de aula.
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Dessa maneira pode-se dizer que a capacidade de concentração e a memória
estão intimamente ligados com o processo de aprendizagem.
3.2 ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA EM FASE DE INICIAÇÃO ESCOLAR
De acordo com Maturana (1997, p.105) estuda-se que na maioria das
culturas, o ingresso da criança na escola corresponde a uma fase de
desenvolvimento socialmente decisiva. Verifica-se que nesta etapa, a criança
experimenta a necessidade de ser reconhecida pela realização das tarefas
valorizadas pelo ambiente. O aprender na escola, torna-se especialmente marcante
nas etapas iniciais de escolarização, cumprindo importante papel no processo do
desenvolvimento da criança. Sabe-se que no processo de aprender, variáveis
afetivas e cognitivas são consideradas como importantes na compreensão e no
envolvimento da criança, influenciando o desempenho escolar.
É sabido que o sucesso escolar depende, em grande maioria, de
características emocionais que foram cultivadas nos anos que antecedem a entrada
da criança na escola. A primeira oportunidade para moldar os ingredientes da
inteligência emocional é nos primeiros anos, embora essas aptidões continuem a
formar-se durante todo o período escolar. Por isso é importante que os pais
estimulem a inteligência emocional de seus filhos para aprendizagem escolar,
trabalhando neles o interesse e a auto-confiança em aprender, para que sejam
capazes de realizar tarefas escolares e expressarem suas necessidades em
companhia de outras crianças. (MATURANA, 1997).
De acordo com o pediatra e psicanalista D. W. Winnicott (1975), quando
estamos falando em separações, em situações novas e desconhecidas a criança
experimenta angústia, medo e desamparo e por isso, precisa de apoio, para se
sentir segura e familiarizada com o ambiente. A fase de iniciação escolar é um
exemplo disso, já que se trata de uma transição extremamente importante na vida
da criança e da mãe. É a primeira separação real dos dois, marcando a entrada da
criança no mundo social. Evidentemente isso não pode acontecer de forma brusca.
Por isso é necessário que a escola represente algo positivo para a criança, um local
amigável de aprendizado, onde ela possa interagir com outras crianças e realizar
diversas atividades que auxiliem em seu desenvolvimento. Isso porque ela passará
29
grande parcela de sua vida em instituições de ensino. Portanto, a escola
representará uma parte importante da vida da criança durante a maior parte de seus
anos de desenvolvimento. É papel dos pais ou responsáveis estimularem seus filhos
a freqüentarem as escolas, acompanhá-los em suas atividades escolares e
oferecerem apoio e motivação às crianças, principalmente durante o processo de
iniciação à vida escolar.
Observa-se que na fase de descoberta e aprendizagem infantil acontecem
vários níveis sensitivos, tudo é concreto, palpável, tem gosto, cheiro, volume, toma
forma para ser aprendido e descoberto para se fazer real no mundo da criança.
Essas descobertas levam à criança às abstrações favorecendo interações para suas
hipóteses sobre o mundo. Com isso prevê-se que a educação básica é o que
garante habilidades que serão desenvolvidas no futuro como compreensão,
flexibilidade de raciocínio para solucionar problemas, incentivo à liderança, à
iniciativa, autonomia e habilidades de comunicação.
3.3 APRENDIZAGEM X MOTIVAÇÃO
De acordo com Rosa (2007) “ é através da aprendizagem que o homem muda
e transforma o meio”. A aprendizagem pode ser definida como uma modificação
sistemática do comportamento, por efeito da prática ou experiência, com um sentido
de progressiva adaptação ou ajustamento”. (CAMPOS, 1986).
De acordo com Luria et all (1990) a motivação para aprender pode ser
determinada em grande parte pelos valores que apóiam e que justificam esta
aprendizagem. Por exemplo, aprender com o objetivo de se tornar um bom
profissional ou a fim de se qualificar para o mercado de trabalho. Por outro lado, a
“capacidade” de aprender é determinada em grande parte pela motivação interna,
dentro dos limites do desenvolvimento.
Segundo Neto (2005) o reforço externo, relativo à performance das
habilidades adquiridas vinda dos pais e conhecidos, possibilita o incentivo a
motivação. Se a performance for percebida pela criança, ao adquirir um
aperfeiçoamento, então, poderá levá-la a uma boa auto-estima, e também à
motivação intrínseca ou interna. Por outro lado, a criança que pouco percebe as
suas competências, necessita de maior estímulo externo, possui baixa auto-estima e
30
demonstra-se ansiosa, e ainda, enxerga pouca perspectiva de melhora em suas
habilidades.
Neto (2005) defende que é necessário conciliar o desenvolvimento da
motivação intrínseca da criança (pela auto percepção dos avanços obtidos), com o
apoio da motivação externa (avaliação dos adultos, informações a respeito, elogios
verdadeiros). Este tipo de desenvolvimento requer acompanhamento, contato e
participação. Os afetos devem estar presentes, uma vez que são fonte fundamental
de motivação, além das informações que se fazem presentes em cada situação. Boa
dose de paciência e vontade complementam o arsenal de instrumentos necessários
ao adulto para que colabore quanto ao desenvolvimento motivacional da criança.
A motivação deve receber especial atenção e ser melhor considerada pelas
pessoas que mantêm contato com as crianças, realçando a importância desta esfera
em seu desenvolvimento. A motivação é a energia para a aprendizagem, o convívio
social, os afetos, o exercício das capacidades gerais do cérebro, da superação, da
participação, da conquista, da defesa, entre outros.
A criança se sente motivada a executar muitas tarefas em virtude do
reconhecimento e impressões daqueles com quem convive, na tentativa de
demonstrar a sua evolução e as conquistas que realiza. Os bons motivos serão
sempre a chave para o desenvolvimento natural da criança, além de gerar harmonia
entre os elementos internos e externos, parte da própria natureza humana. (NETO,
2005).
Este tópico possui extrema importância, já que abordou a questão da
motivação, ou seja, a principal maneira de atingir o objetivo do projeto: estimular o
desenvolvimento de crianças em fase de iniciação escolar.
Figura 04: Criança aprendendo a escrever
Fonte: http://psicologiaeeducacao.wordpress.com/
31
4 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA INFÂNCIA Martins (1999) acredita que o lúdico acerca as fantasias descompromissadas
com a realidade, e que proporciona aos objetos o ganho de poderes humanos, e aos
humanos, poderes sobre-humanos. Em outras palavras, é o lúdico que aguça a
imaginação e que está presente em produtos, brincadeiras e jogos. E se o lúdico
está intimamente ligado à imaginação, esta por sua vez está ligada a jogos,
brinquedos e brincadeiras.
Segundo Marinho (1992), a ludicidade é um dos principais eixos norteadores
do processo ensino-aprendizagem, pois possibilita a organização dos diferentes
conhecimentos numa abordagem metodológica com a utilização de estratégias
desafiadoras. Assim a criança motiva-se ainda mais a aprender, pois tem mais
prazer em descobrir. A brincadeira é uma das formas de estimular a ludicidade, é a
linguagem das crianças. Pela brincadeira pode-se aprender a interação social, a
trabalhar a atenção, seqüência, habilidades, solucionar problemas, explorar
sentimentos, desenvolver causa e efeito, estimular a criatividade, além de
desenvolver áreas do cérebro responsáveis pela afetividade e sociabilidade.
Além disso, para Marinho (1992) o lúdico possui relação com a construção
social da criança. Está intimamente ligado ao contexto social em que essa vive,
tendo em vista que as brincadeiras revelam a cultura e os costumes de uma
determinada sociedade.
O lúdico pode ser considerado como a forma em que as crianças representam
a cultura de uma sociedade e também uma forma por meio da qual descarregam
suas tensões e frustrações, além de ser um instrumento para a aprendizagem de
regras sociais. Sobre isso Vygotsky (1998, p. 132) comenta que “uma criança não se
comporta de forma puramente simbólica no brinquedo; ao invés disso, ela quer
realizar seus desejos, permitindo que as categorias básicas da realidade passem
através de sua experiência”.
Neste capítulo serão abordados temas referentes à importância do lúdico na
infância: importância dos jogos e da brincadeira. Este capítulo é extremamente
relevante, já que servirá de base para a elaboração do projeto da mesa pedagógica.
32
4.1 A LUDICIDADE COMO RECURSO EDUCATIVO O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. Se
achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao
jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo. O lúdico passou a ser reconhecido
como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano, de modo que a
definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da necessidade
lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.
A principal preocupação dos educadores refere-se a como ensinar,
envolvendo e estimulando o aluno a aprender.
Desde épocas passadas o jogo já era visto por vários estudiosos como uma
atividade bastante rica, no sentido de apontar possibilidades pedagógicas para o
desenvolvimento de conhecimentos em inúmeras áreas. Froebel, que foi o primeiro
pedagogo a incluir o jogo no sistema educativo, acreditava que as crianças
aprendiam através do brincar e a personalidade poderia ser aperfeiçoada e
enriquecida através do brinquedo.
É possível perceber que a valorização do jogo permanece no processo
educativo das crianças pelos educadores contemporâneos:
Jacquin (1963) enfatiza que o jogo facilita tanto o progresso da personalidade
integral da criança como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas,
intelectuais e morais. Partindo da consideração de que as atividades lúdicas podem
contribuir para o desenvolvimento intelectual da criança, Cratty (1975) sugere a
utilização de atividades motoras sob a forma de jogos para o domínio de conceitos e
para o desenvolvimento de algumas capacidades psicológicas, tais como: memória,
avaliação e resolução de problemas. De acordo com Piaget (1976) a atividade lúdica
é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo dessa forma,
indispensável à prática educativa. Vygotsky (1989) sustenta a idéia de que é enorme
a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. Para o autor, no brinquedo
a criança cria e expressa uma situação imaginária, além de projetar-se nas
atividades adultas de sua cultura e ensaiar seus futuros papéis e valores.
Estudos evidenciam a importância das atividades lúdicas, principalmente do
jogo na aprendizagem infantil, destacando que essas atividades são uma fonte de
prazer e descoberta para a criança. O lúdico tem grande valor educativo e pode ser
utilizado na escola como um dos recursos didáticos no processo de ensino-
33
aprendizagem, contribuindo com o desenvolvimento de atividades didático-
pedagógicas. Dessa forma, as atividades lúdicas contribuem de maneira significativa
para o processo de construção do conhecimento pelo indivíduo.
Segundo Marinho (1992), no brincar, casam-se a espontaneidade e a
criatividade com a progressiva aceitação das regras sociais e morais. Segundo o
autor, o brincar pode ser entendido como a capacidade de criar da criança e está
relacionado com a suas vivências. Toda brincadeira é uma imitação transformada,
no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente experenciada.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem e têm um
significado diferente daquele que aparentam ter. A brincadeira favorece na criança a
melhoria da auto-estima e contribui para a interiorização de determinados modelos
de adulto presentes nos diversos grupos sociais.
De acordo com Miranda (2001) a brincadeira é assunto sério. É justamente
quando a criança viaja na imaginação que ela experimenta o mundo e “treina” para
ser adulto. É interessante notar que para a criança, o ato de brincar e jogar
desempenha o mesmo papel, em nível de importância, que o trabalho produtivo para
os adultos, já que as situações vivenciadas através das brincadeiras e dos jogos
possibilitam o desenvolvimento da sociabilidade, da linguagem, da coordenação
motora, da noção espacial e corporal. Além disso, ela aprende a cumprir regras,
trabalhar em grupo, conhecer e desafiar limites, ao mesmo tempo em que melhora
sua agilidade e perspicácia diante das situações que aparecem durante as
brincadeiras e os jogos. Ou seja, o ato de brincar contribui para um melhor
desenvolvimento da criança em todos os aspectos: físico, afetivo, intelectual e
social.
“Brincando a criança organiza e constrói seu próprio conhecimento e
conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a expressão
oral e corporal, reforça as habilidades sociais e reduz a agressividade.”
(MIRANDA,1992). Beloni (2007) acrescenta que é através da atividade lúdica que a
criança prepara-se para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive,
integrando-se a ele, adaptando-se às condições que o mundo lhe oferece e
aprendendo a competir, cooperar com seus semelhantes e conviver como um ser
social.
34
Segundo Teixeira 1995 (apud NUNES), várias são as razões que levam os
educadores a recorrer às atividades lúdicas e a utilizá-las como um recurso no
processo de ensino-aprendizagem:
• As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança, e neste
sentido, satisfazem uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma
tendência lúdica;
• O lúdico apresenta dois elementos que o caracterizam: o prazer e o esforço
espontâneo;
Ele é considerado prazeroso, devido a sua capacidade de absorver o
indivíduo de forma intensa e total, criando um clima de entusiasmo. É este aspecto
de envolvimento emocional que o torna uma atividade com forte teor motivacional,
capaz de gerar um estado de vibração e euforia. Em virtude desta atmosfera de
prazer dentro da qual se desenrola, a ludicidade é portadora de um interesse
intrínseco, canalizando as energias no sentido de um esforço total para consecução
de seu objetivo. Portanto, as atividades lúdicas são excitantes, mas também
requerem um esforço voluntário;
• As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e
mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações
mentais, estimulando o pensamento.
Dessa maneira, o lúdico apresenta valores específicos para todas as fases da
vida humana. Assim, na idade infantil e na adolescência a finalidade do lúdico é
essencialmente pedagógica, visto que a criança e até mesmo o jovem geralmente
opõe uma resistência à escola e ao ensino, porque acima de tudo ela não é lúdica,
não é prazerosa. (NEVES, 2007). Por isso é muito importante que a escola ofereça
condições, com relação a espaços e materiais, entre outros aspectos, que
possibilitem o desenvolvimento de projetos e planejamentos que privilegiem a
ludicidade.
Portanto, a brincadeira, o jogo e o brinquedo, enfim as atividades lúdicas
devem ser utilizadas como recursos didáticos no processo educacional,
principalmente na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental.
35
4.2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR E DO JOGAR Uma das primeiras teorias sobre o brincar infantil surgiu no século XVIII e
entendia esta atividade como o produto de uma energia excedente.(GROOS,1976).
Já os estudiosos que dominaram as teorias do brincar na primeira metade do século
XX, como Piaget e Vygotsky, definem o brincar a partir da sua relação com o
desenvolvimento psicológico mais amplo. Posteriormente, teóricos como Berlyne
(1963) explica o brincar como um comportamento intrinsecamente motivado; e
Bruner (1976) postula o brincar como uma atividade que deve facilitar a
aprendizagem e/ou a prática de comportamentos específicos.
O brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde física, emocional e
intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer povo desde os tempos mais
remotos. Através deles, a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a
socialização, a iniciativa e a auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz
de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor. O jogo, nas
suas diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no
desenvolvimento psicomotor, bem como no desenvolvimento de habilidades do
pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a
criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de dados e a
aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que, por sua vez, acontecem
quando jogamos, quando obedecemos a regras, quando vivenciamos conflitos numa
competição ou em outras situações. (CAMPOS, 2006).
Oliveira (2002) afirma que o desenvolvimento humano decorre das trocas
recíprocas que se estabelecem durante toda a vida entre indivíduos e o meio, cada
aspecto influindo sobre o outro, por isso não se pode ignorar a significativa
contribuição que a brincadeira traz à infância. Ela favorece as trocas de experiências
vividas por cada criança, ajudando-a no processo de inserção na sociedade em que
vive, pois a auxilia na compreensão dos signos sociais que a rodeia.
O brinquedo facilita a apreensão da realidade e é muito mais um processo do
que um produto. Exige movimentação física, envolvimento emocional, além do
desafio mental que provoca. Possibilita a emergência de comportamentos
espontâneos e improvisados. O brinquedo é a essência da infância; é o veículo do
crescimento; é um meio extremamente natural que possibilita à criança explorar seu
36
mundo, possibilitando as descobertas, o entendimento, conhecer os seus
sentimentos, suas idéias e sua forma de reação. (OLIVEIRA, 2002).
Segundo Piaget (1967), da mesma forma, o jogo não pode ser visto apenas
como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o
desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral. Através dele se processa a
construção de conhecimento, principalmente nos períodos sensório-motor e pré-
operatório. Agindo sobre os objetos, as crianças, desde pequenas, estruturam seu
espaço e seu tempo, desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à
representação e, finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a
inteligência, pois se esforçam para superar obstáculos tanto cognitivos como
emocionais.
Tem-se expandido rapidamente a investigação sobre o papel e valor do jogo
no desenvolvimento humano. Um largo corpo de suportes científicos, muitas vezes
recorrendo a dimensões multidisciplinares de estudo, evidencia certas conclusões:
a) O jogo promove o desenvolvimento cognitivo em muitos aspectos: descoberta,
capacidade verbal, produção divergente, habilidades manipulativas, resolução de
problemas, processos mentais, capacidade de processar informação. (RUBIN et all,
1983);
b) Em sequência, o empenhamento no jogo e os níveis de complexidade envolvidos,
alteram e provocam mudanças na diversidade das operações mentais (LEVY, 1984);
c) A criança aprende a estruturar a linguagem através do jogo, isto é, brinca com
verbalizações e ao fazê-lo, generaliza e adquire novas formas lingüísticas.
(GARVEY, 1977);
d) A cultura é passada através do jogo. Esquemas lúdicos e formas de jogo passam
de geração em geração, adulto para a criança, e de criança para criança. (SMITH,
1979);
e) Habilidades motoras são formadas e desenvolvidas através de situações
pedagógicas que utilizam o jogo como meio educativo. (NETO & PIÉRON, 1993).
O jogo, portanto, é a mais importante das atividades da infância, pois a
criança necessita brincar, criar e inventar para manter seu equilíbrio com o mundo. A
importância da inserção e utilização dos brinquedos, jogos e brincadeiras na prática
pedagógica é uma realidade que se impõe ao professor. Brinquedos não devem ser
explorados somente para lazer, mas também como elementos bastante
enriquecedores a fim de promover a aprendizagem. Através dos jogos e
37
brincadeiras, o educando encontra apoio para superar suas dificuldades de
aprendizagem, melhorando o seu relacionamento com o mundo. Os professores
precisam estar cientes de que a brincadeira é necessária e que traz enormes
contribuições para o desenvolvimento da habilidade de aprender e pensar.
4.2.1 Jogos para crianças de 4 anos
Nessa idade, sua energia e sua iniciativa devem ser empregadas em jogos
livres. Começam a desenvolver mais as habilidades manuais, apreciando muito o
desenho e a pintura. A criança de 4 anos utiliza bastante a imaginação: aprecia
jogos de faz-de-conta e dos “jogos de papéis”. Além disso, é bastante curiosa e
começa a interessar-se mais pelos outros e a integrar-se em atividades de grupo
com outras crianças. É capaz de obedecer aos mais velhos, seguindo regras
simples do que "pode" e "não pode". Brincam de casinha, boneca, chutar bola.
Compreendem regras simples, como as do dominó, ao mesmo tempo em que
gostam de inventar suas próprias regras. A criança dessa idade mostra interesse em
aprender letras e números. Os jogos indicados são os que propiciam regras, além
dos brinquedos de estímulo criativo e de memória. (GESSEL,2007).
A figura 05 representa um dos jogos indicados para essa faixa etária: Logos
lógicos. Indica-se este jogo por estimular as crianças a entrarem em contato com
figuras geométricas e estimular a criatividade, através dos encaixes das peças.
FIGURA 5 – LOGOS LÓGICOS
Descrição: Formas e cores com encaixe. Indicação Pedagógica: Desenvolve a imaginação e a criatividade utilizando formas geométricas, cores primárias, espessuras, texturas e encaixes. Dimensões: 3 placas • 10mm • 21,5cm x 20cm 3 placas • 5mm • 21,5cm x 20cm
FONTE: www.jogospedagogicos.com.br
38
4.2.2 Jogos para crianças de 5 anos
A criança de cinco anos tem um domínio mais regular e mais seguro do corpo e
por isso, é capaz de brincar sem grande ajuda dos adultos. Interessa-se por pintar,
desenhar, cortar e colar. O material mais apreciado para seus brinquedos, quer
pelos meninos, quer pelas meninas, continuam a ser os blocos de construções. As
meninas gostam de fazer casas para as bonecas e de criar com elas situações
pessoais. Os meninos constroem estradas, pontes, túneis, aviões, caminhões
militares e carro de bombeiros. O interesse das crianças de cinco anos pelas casas
exprime-se na reprodução imaginativa de acontecimentos domésticos. Nessa fase
as crianças também gostam de se balançar, de galgar obstáculos, de saltar, de
patinar e de pular de lugares altos além de sentirem grande interesse pela leitura,
apreciando muito ouvir histórias infantis. (GESSEL,1999). Outros jogos sugeridos
são: jogos de tabuleiro, quebra cabeça, jogos de pintar, escrever, ler, colar ou
desenhar, jogos da memória.
A figura 06 representa um dos jogos indicados para essa faixa etária: a centopéia
vocálica. Indica-se este jogo por estimular a alfabetização das crianças nessa idade.
FIGURA 6 – CENTOPÉIA VOCÁLICA
Descrição: Quebra-Cabeça com Vogais.
Indicação Pedagógica: Desenvolve a coordenação motora, auxilia o reconhecimento de cores e a grafia das vogais.
FONTE: www.jogospedagogicos.com.br
39
4.2.3 Jogos para crianças de 6 anos
O interesse pela pintura, pelo corte e pela colagem continua sendo evidenciado
aos 6 anos. Uma das exigências mais positivas que fazem as crianças dessa idade
é a de uma bicicleta. Essa ânsia parece basear-se mais na necessidade e no desejo
de um exercício locomotor nas pernas e de equilíbrio do corpo do que o desejo de
possuir um veículo.
A diferença entre os sexos começa a definir-se mais claramente na escolha das
brincadeiras. Contudo, em brincadeiras de forte atividade motora e em brincadeiras
de imaginação, ambos os sexos competem num terreno comum. Verifica-se um
grande interesse por parte das meninas em brincar de boneca e casinha. Os
meninos mostram forte interesse em transportes e construções. Além disso, as
crianças mostram interesse pela leitura, escrita e pelos números. Os jogos
preferidos das crianças nessa fase são anagramas, dominó, damas e jogos de
cartas simples, pois são jogos que se ajustam bem a seus interesses intelectuais.
(GESSEL, 1999).
Pode-se perceber que o desenho e a pintura são uma das primeiras atividades
que as crianças desenvolvem, pois estimulam a criatividade e a imaginação, já que o
desenho é sempre acompanhado de confabulação e fantasia. Também possibilitam
que a criança melhore sua visão de mundo e de ser humano e que enriqueça sua
percepção.
A figura 07 representa um dos jogos indicados para esta idade: o jogo do quebra-
cabeças. Além disso este jogo estimula a criança a aprender as horas.
FIGURA 07 – RELÓGIO QUEBRA-CABEÇA
Descrição: Quebra-Cabeça. Indicação Pedagógica: De forma lúdica a criança aprende formas, cores, encaixe, grafia dos númerais, a identificação e formação das horas. Dimensões: 1 placa • 5mm • 21,3cm x 19,8cm
FONTE: www.jogospedagogicos.com.br
40
O estudo dos jogos neste capítulo foi essencial para definir que tipos de jogos
são mais adequados para as crianças em fase de iniciação escolar.
5 A IMPORTÂNCIA DAS CORES NO UNIVERSO INFANTIL
A cor é um dos fatores de grande importância para o bem-estar psicológico
das crianças, principalmente ao utilizarem o móvel com a finalidade de praticar
atividades escolares, já que a percepção visual pelo ser humano também envolve
aspectos subjetivos, simbólicos e culturais que podem influenciar no comportamento
das pessoas.
Segundo Pasteureau (1997), o uso das cores tem uma ligação direta no
desenvolvimento da criança. Estímulos decorrentes da presença de figuras coloridas
contribuem para o aprimoramento da capacidade motora e cognitiva, raciocínio, fala,
audição, entre outras funções. Isso acontece porque a criança é influenciada pelas
cores desde a fase inicial de vida, se estendendo por muitos anos. As cores alegres
e vibrantes comprovadamente chamam a atenção da criança. Por esse fato, os pais
devem usar e abusar do “mundo colorido” como peça importante também na
educação dos filhos.
As cores facilitam no processo de assimilação dos ensinamentos por parte dos
pais. É interessante observar de que maneira as cores podem influenciar na vida de
uma criança. Por exemplo, muitos pais estimulam a criança a comer frutas e
verduras, atraindo o olhar da criança para o prato colorido. Dessa maneira ela sente-
se convencida que o alimento em questão faz bem, é saudável e apetitoso. Da
mesma forma acontece com a higiene, quando os pais compram escova de dente,
xampu ou esponja de banho colorida para motivar indiretamente a criança a se
limpar.
Aplicadas na decoração de ambientes ou nos móveis, as cores constituem-se
como poderosos estímulos, capazes de promoverem as mais diversas sensações.
Definidas corretamente, elas podem representar um componente dos mais
importantes para a construção de móveis infantis que sejam agradáveis e atrativos
visualmente, além de estimular a criança a estudar.
41
Este capítulo abrangerá a importância e o significado das cores. A partir dessa
pesquisa, juntamente com a pesquisa de campo, é que serão escolhidas as cores
que melhor se adequam ao projeto da mesa pedagógica infantil.
5.1 SIGNIFICADO DAS CORES
O psicólogo Paulo Felix Conceição, vice-presidente da Associação Pró-Cor do
Brasil e membro do conselho técnico-científico da entidade, explica que, para que
haja uma melhor interação entre o ambiente e seus usuários, faz-se necessária uma
correta avaliação dos fatores que compõe o espaço, tais como: tamanho,
localização, posição, fluxo de pessoas, iluminação e ventilação, além de perfeito
conhecimento do perfil psicológico e social das pessoas que irão habitar esse
ambiente.
Em sua “Teoria das Cores”, Barros (2006, p. 302) afirma que“[...] cada cor
produz um efeito específico sobre o homem [...]” Esse efeito é em grande parte
produzido pelas propriedades e características de cada cor.
Pedrosa (2003), outro estudioso da cor, afirma que o vermelho, por exemplo,
é a cor que mais se destaca visualmente e a que mais rapidamente é distinguida
pelos olhos, pois é a mais saturada das cores. Já o laranja, apresenta a
característica da luminosidade, assim como o amarelo.
Neufert (1976) também realizou estudos sobre as relações do homem com a
cor. Para ele a cor tanto pode provocar otimismo ou depressão, quanto atividade ou
passividade. Em relação às cores e sua aplicação nos ambientes, o autor faz
algumas observações: A cor mais impulsiva é o alaranjado; seguem-se o amarelo,
os verdes e o púrpura. As menos impulsivas são o azul, o verde e o violeta (cores
frias). As cores impulsivas geralmente são indicadas para compartimentos
pequenos, as pouco impulsivas, pelo contrário, são indicadas para grandes
superfícies. As cores quentes são ativas, excitantes, porém também podem ser
irritantes. As cores frias são passivas, tranqüilizante ou íntimas.
A ação da cor depende também da iluminação e do ambiente. O branco é
considerado a cor da limpeza e da ordem absoluta. Na organização cromática dos
compartimentos o branco desempenha um papel muito importante para desligar as
cores umas das outras assim como neutralizar, aclarar, alegrar e estruturar.
(NEUFERT, 1976, p. 27).
42
O psicólogo Paulo Felix (2009) citou as características básicas de algumas cores:
Os azuis – É uma cor fria que acalma. É a cor do infinito, do sonho, da fidelidade, da
água e da aristocracia. Possui apelo racional associado à inteligência e ao
raciocínio, diferente do vermelho que possui apelo emocional. As tonalidades azuis
simbolicamente associadas à imensidão do céu, às águas claras e à espiritualidade,
provocam sensações refrescantes. São tons que permitem o relaxamento, alívio de
tensões e a calma, mas as nuances devem ser cuidadosamente estudadas e
dosadas, pois os excessos podem causar introversão e denotar tentativa de super-
controle dos sentimentos e da excitação.
Os amarelos - As tonalidades amarelas são, simbolicamente, associadas à luz, ao
sol, à consciência e à alegria de viver.Também estão ligadas à idéia de nobreza,
riqueza material e espiritual. No oriente é a cor mais importante depois do vermelho;
pela associação com a cor do ouro. Entretanto, o excesso de amarelo pode denotar
tendências excessivamente extrovertidas, que podem remeter a algo de mau gosto.
Os laranjas - As tonalidades laranjas pertencem a um grupo intermediário entre os
amarelos e os vermelhos. Estão ligados à idéia de vitalidade, alegria e
energia.Também estão associados a sinais de saúde e dinamismo, cor quente, viva,
alegre e acolhedora.
Os vermelhos - O aspecto simbólico do vermelho está relacionado à força da vida,
ao coração, ao erotismo, à nobreza, ao fogo, à proibição, mas também, se usado em
excesso, à instabilidade emocional e à agressividade. É uma das cores preferidas
pelas crianças e por ser a cor da criatividade, da alegria e do dinamismo é
considerada como a cor da infância. (PASTEUREAU,1997).
Os verdes - As tonalidades de verde estão ligadas ao sentido de esperança, de vida
e de sorte. É uma cor equilibrada, isto é, sem muita alegria ou tristeza, sem muita
paixão ou ódio. É associada a calmantes “justificando seu uso em hospitais, locais
de repouso e mesas de jogo.”(IIDA, 2005, p 484), assim como à saúde, higiene,
ecologia, natureza e à liberdade.
43
Branco - Cor da pureza, da castidade e da inocência. É, na cultura ocidental
associada à paz, à limpeza, à simplicidade e discrição, à sabedoria.
Preto - Cor da morte e do luto, na cultura ocidental. É a cor da depressão, da falta,
do pecado, do ódio, da solidão e da tristeza. Pode ser ainda associada à elegância,
modernidade e à autoridade.
A seguir o assunto tratado será a ergonomia, uma questão de grande
relevância para a definição das medidas do projeto.
44
6 ERGONOMIA
Segundo Rio e Pires (2001), Ergonomia é uma disciplina científica que estuda
o relacionamento do homem e o ambiente no qual desenvolve sua atividade,
buscando solucionar os problemas de saúde, segurança e conforto que podem
surgir desta relação.
Ainda segundo o autor, o estudo ergonômico pode ser dividido em duas
etapas:
Na primeira etapa é analisado o ambiente de trabalho, ou seja, local onde a
pessoa desempenha suas atividades. Na análise do ambiente verifica-se o layout, o
mobiliário, a iluminação, a temperatura, os ruídos e os elementos arquitetônicos.
Na segunda etapa do estudo ergonômico analisam-se as características
físicas do homem, a execução de seus movimentos e posturas corporais, e as
tensões musculares que surgem quando estas posturas são realizadas
inadequadamente.
Neste estudo, alguns fatores são detalhados, considerando a direta
interferência com a situação do mobiliário e da sala de aula.
Sendo assim são apresentados, dos fatores ambientais, o mobiliário, layout e
iluminação. Quanto à segunda etapa do estudo ergonômico, apresentam-se, na
seqüência, as considerações antropométricas.
Na primeira etapa, analisando o mobiliário deve-se considerar o seguinte:
- Se está disposto de forma que os espaços de uso ou alcances, propiciem as
melhores situações no desenvolvimento das atividades;
- Se possui elementos que possam machucar os segmentos corporais do
usuário;
- Se a relação espacial entre os móveis está proporcionando um conjunto
equilibrado.
Na análise da cadeira, especificamente, deve-se considerar o seguinte:
- Se permite a alternância postural e ao mesmo tempo evita o desconforto da
posição por períodos mais longos;
- Se evita induzir o usuário a posturas erradas, que possam desencadear
problemas na coluna lombar e cervical e nos membros superiores (ombros,
45
cotovelos e punhos), além de causar deficiências circulatórias nos membros
inferiores;
- Se é apropriada à atividade que o usuário desenvolve no dia-a-dia;
- Se está sendo usada corretamente, apoiando as nádegas no assento e os
pés no chão, ou em apoio próprio para esse fim, quando isso não puder
ocorrer é preciso possuir regulagens para permitir o mesmo.
Na análise da iluminação do ambiente deve-se considerar o seguinte:
- Sua adequação para cada atividade e o ideal é que permita contrastes pouco
intensos e ausência de ofuscamento, gerando boas condições de trabalho e
contribuindo para o conforto visual;
- Utilização de materiais ou cores com baixa intensidade refletora em
superfícies de mesas, para evitar reflexos de quaisquer espécies, por isto é
importante escolher adequadamente as cores do ambiente.
Na análise do layout, definido como o arranjo espacial do ambiente
constituído pela disposição do mobiliário, das máquinas e das pessoas, deve-se
considerar o seguinte:
- Se existe um conjunto de relações ótimas entre pessoas, espaços físicos,
componentes e disposição do mobiliário;
- Se as distâncias previstas nas áreas de fluxo ou circulação, movimentação ou
posturas, propiciam conforto entre as pessoas. Segundo RIO e PIRES (2001)
o estudo ergonômico do ambiente tem como objetivo proporcionar um estado
agradável e satisfatório de harmonia com o ser humano, evitando fadigas
físicas como distorções posturais e movimentos anti ergonômicos, que
resultam de adaptações corporais feitas no sentido de obter melhor
visualização de componentes colocados de forma inadequada no espaço.
As duas ciências contribuintes da ergonomia que mais se aproximam das
questões aproximadas ao móvel escolar são: a Antropometria e a Biomecânica.
A Antropometria estuda as medidas das várias características do corpo, sendo a
“estática” voltada para a medição das dimensões do corpo parado, e a “dinâmica”
centrada na medida das pessoas enquanto executam uma função.
46
A Biomecânica analisa as causas e fenômenos dos movimentos e é aplicável em
diversos campos de atividades como por exemplo: estudo de postura e locomoção;
classificação de grupos de movimentos em relação a postos de trabalho; estudos
das interfaces entre homem, máquina e meio ambiente; saúde e segurança nas
tarefas do trabalho; prevenção e reabilitação de processos patológicos relacionados
ao movimento; análise e diagnóstico do rendimento nos esportes, e outros. (CUNHA;
ESTEVES, 2001).
6.1 ERGONOMIA INFANTIL
Para a elaboração de um espaço interativo de ensino devem-se aplicar conceitos
ergonômicos. O estudo da ergonomia tem como objetivo integrar harmonicamente o
homem com seu posto de trabalho. A ergonomia tem aplicações gerais de
convivência do ser humano para gerar bem-estar, conforto e êxito nas atividades
que desenvolve diariamente. Com a ajuda da ergonomia pode-se adaptar de forma
usual, o espaço interativo de ensino relacionando a atividade, o espaço e seu
mobiliário. (IIDA, 2005).
No ambiente de estudos, mesa e cadeira são as peças mais importantes,
devendo possuir regulagens para que suas medidas possam permitir uma postura
correta de acordo com a faixa etária. A idade entre 3 e 12 anos tem sido a mais
esquecida – com freqüência são encontrados móveis para bebês e logo em seguida
para adolescentes já em escala adulta. A criança que começa a alfabetizar-se, por
exemplo, muitas vezes é obrigada a utilizar mesa e cadeira em escalas
inadequadas. Os próprios pais contribuem para esta filosofia, esquecendo que
durante anos estão privando seus filhos de um espaço mais ergonômico onde
possam crescer aprendendo a exprimir e expandir sua criatividade. Para que a casa
e a escola realizem da melhor maneira sua vocação de transmitir segurança e saber,
é necessário que o espaço arquitetônico e os móveis sejam projetados de maneira
adequada para as crianças, de modo a permitir o livre exercício da imaginação.
O ambiente deve ser claro e arejado, os móveis simples e leves e o material
prático e lavável. A zona de estudos também pode estar situada em diferentes
alturas: - A partir de 50 cm, por exemplo, o espaço embaixo é perfeito para guardar
brinquedos grandes e jogos, sem poluir visualmente o ambiente.
47
As figuras 08 e 09 abaixo mostram as medidas ergonômicas adequadas de mesa e
cadeira de estudo para cada idade, dentro do universo Infantil.
Figura 08: Medidas de mesa e cadeira escolar infant il Fonte: http://www.ignezferraz.com.br/mainportfolio4
Figura 09: Representação Ergonômica- Material de ap oio visual referente a Fig 06 Fonte: http://www.ignezferraz.com.br/mainportfolio4
Infelizmente observa-se que as crianças, ao entrarem sadias na escola, saem
anos depois com a postura comprometida de alguma forma. A causa desses
problemas, segundo Mandal (apud Moro, 2005), são as cadeiras inclinadas para
trás, com a superfície da mesa na horizontal, onde, na tentativa de se acomodar, as
crianças inclinam-se sobre a superfície da mesa, comprimindo as suas vértebras
lombares. A pressão mantida por diversas horas sobre os ossos em formação das
crianças, irá ocasionar transformações posturais permanentes, que provavelmente
comprometerá gravemente a saúde das crianças no futuro.
48
Infelizmente, conforme sustentado por KAO (1976), a utilização de
conhecimentos de Ergonomia às questões educacionais ainda são raros.
As Normas Brasileiras (NBR 140006/1997) prevêem esse problema, dividindo
a carteira escolar em sete classes de medidas de tamanho para mesas e assentos
em todas as instituições educacionais, onde deveriam ser observadas as variáveis
antropométricas de cada aluno. Porém, na prática, essa norma nunca foi obedecida.
Uma proposta ergonômica para o mobiliário escolar implica primeiramente em
disseminar os resultados de estudos sobre o tema e adoção de medidas práticas de
substituição do design da mobília atual para reduzir custos humanos nos alunos.
Essa humanização do posto de trabalho do estudante exigiria, também, a revisão
crítica de procedimentos associados às práticas antigas de concepção. As práticas
atuais de manejo do comportamento, para manter o estudante na posição sentada,
devem ser substituídas por conseqüências reforçadoras presentes no próprio
conjunto cadeira-mesa.
Além disso, não basta que cadeiras e mesas educacionais, para serem
reconhecidas como tal, localizem-se dentro das salas de aula. Antes de mais nada,
essas peças de mobiliário devem cumprir seu papel de agente físico facilitador no
processo educacional, como bem salientou SASAKI (1988). Desta maneira buscou-
se neste projeto, desenvolver um conjunto de móvel infantil pedagógico
ergonomicamente correto, que possa ser tanto de uso institucional, quanto de uso
residencial, podendo ser utilizado em atividades pedagógicas ou recreativas, de
maneira a influenciar positivamente no processo de aprendizagem das crianças em
fase de iniciação escolar.
6.1.1 Antropometria Infantil
Segundo Dul e Weerdmeester (1995), a antropometria estuda as dimensões e
proporções do corpo humano, os alcances dos movimentos, as variações
individuais, as diferenças entre as etnias, regiões e culturas. As dimensões
antropométricas são usadas na Ergonomia para planejar o dimensionamento do
espaço de trabalho, e projetar mobiliário e outros equipamentos (IIDA, 2005).
49
Conforme o autor, na realização de um projeto de mobiliário, ou qualquer
objeto que terá integração direta com um usuário, é necessária a aplicação de
parâmetros antropométricos para garantir conforto e segurança em sua utilização.
O levantamento antropométrico é realizado com o objetivo de oferecer dados
dimensionais, confiáveis e fiéis do homem para uso em projeto de produtos, móveis
e ambientes de trabalho.
Segundo Iida (2005), o método de medição do levantamento antropométrico
pode ser funcional, dinâmico e estático.
O método funcional trata da medição relacionada com a execução de tarefas
específicas, em que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas há a
conjunção de diversos movimentos para realizar uma função.
No dinâmico, são medidos os alcances dos movimentos, de todos os
segmentos corporais, como a cabeça, as pernas, os antebraços e os braços, e é
aplicado nos projetos de máquinas com partes móveis e ambientes de trabalho,
como pode ser visto na figura 10.
O método estático trata das medidas corporais do indivíduo com o corpo
parado ou com poucos movimentos, nas posições em pé ou sentada. Este tipo de
medição é aplicada nos projetos de objetos sem partes móveis ou com pouca
mobilidade, como por exemplo, o mobiliário.
Segundo IIDA (1990), o levantamento antropométrico é constituído por seis
etapas, que consistem em:
1º) Definição dos objetivos: onde e porquê serão utilizadas as medidas.
FIGURA 10– ANTROPOMÉTRIA DINÂMICA
FONTE: IIDA (1990)
50
2º) Definição das medidas: descrição detalhada indicando a postura corporal,
os instrumentos antropométricos a serem utilizados e as técnicas. Ex: medição com
ou sem calçado, com ou sem roupa, na postura ereta ou relaxada.
3º) Método de medição: direto, com instrumentos de medição como régua,
trena, fita-métrica e balança; ou indireto, através de fotos do corpo ou parte dele, a
probabilidade de erro é maior.
4º) Seleção da amostra: universo representativo de sujeitos onde serão
aplicados os resultados: país, atividade desenvolvida pelas pessoas e faixa etária.
5º) Medições: elaboração de roteiro de medidas e formulário para anotações,
e treinamento das pessoas que farão a medição.
6º) Análises estatísticas: média e desvio padrão, percentis.
Ao estabelecer as dimensões de uma cadeira, os aspectos antropométricos
devem estar relacionados às exigências biodinâmicas envolvidas. O processo de
estabilização corporal envolve não só a superfície do assento, mas também as
pernas, os pés e as costas em contato com outras superfícies. Além disso, certa
força muscular também é exigida. Se, através de um projeto inadequado de
antropometria, a cadeira não permitir que a maioria dos usuários de fato tenha os
pés ou as costas em contato com outras superfícies, a instabilidade do corpo
aumentará e uma força muscular adicional terá que ser gerada para manter o
equilíbrio. Quanto maior o grau de força muscular ou controle exigido, maior a fadiga
e o desconforto. (PANERO & ZELNIK,2002).
As dimensões básicas, geralmente aceitas no projeto de cadeiras e afins,
incluem altura, profundidade e largura no assento, altura do encosto e altura e
espaçamento dos apoios para braços. (PANERO & ZELNIK,2002).
Para a confecção do protótipo, observaram-se algumas normas presentes na
NBR 14006 (1997) para Móveis escolares:
- Dadas as peculiaridades das escolas brasileiras, as dimensões mínimas de
profundidade e largura do tampo da mesa foram definidas como 450 mm x 600 mm;
- A superfície da mesa especificada nesta norma é horizontal. Entretanto, se for
necessária uma superfície inclinada esta não deve ter uma inclinação maior que 10º;
- A inclinação do assento deve ter no máximo 4º. A superfície do assento pode ser
plana ou ter conformações. Qualquer conformação deve estar nos dois terços
posteriores do assento;
51
- As saliências não devem apresentar características cortantes ou perfurantes
capazes de causar ferimentos ou danos em vestimentas, quando verificadas
conforme a norma estabelecida;
- O tampo, encosto e assento nas superfícies em contato direto e constante com o
usuário não podem ser de material metálico.
Estas foram algumas considerações importantes tomadas como base para a
iniciação do projeto.
Este capítulo tratou da ergonomia e da antropometria infantil. Foi a partir
deste estudo, juntamente com a observação das medidas do mobiliário existente no
mercado e nas escolas, que se chegou à definição das medidas do projeto. A seguir
será abordada a questão da influência do design do mobiliário, voltado
principalmente à ergonomia.
52
7 A INFLUÊNCIA DO DESIGN DO MOBILIÁRIO INFANTIL NO
COMPORTAMENTO E APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS
Segundo Hatschbach (2006) o mobiliário escolar é sem dúvida um elemento
da sala de aula que influencia no desempenho, segurança, conforto e em diversos
comportamentos dos alunos. Quando não atende as necessidades físicas do usuário
esta influência é negativa, pois o uso contínuo do móvel pode provocar sérios danos
a sua saúde física.
Comportamentos indesejados na sala de aula, ocorrência de barulho
repetitivo, como também, comportamento acadêmico inapropriado, muitas vezes são
observados em decorrência do desconforto causado pelo mobiliário.
É comum verificarmos em instituições de ensino crianças de diversas idades
que compartilham os mesmos conjuntos escolares. Por exemplo, crianças da
primeira e oitava séries utilizando o mesmo móvel, desrespeitando as diferenças
físicas existentes entre crianças e adolescentes. Essa prática acaba ocasionando
desconforto postural e, por conseqüência, influencia no comportamento dos alunos
em sala de aula.
Hatschbach (2006) lembra que as regulamentações sobre o conjunto escolar
determinam que deve ser constituído por dois elementos independentes, a mesa e a
cadeira do aluno. A mesa deve possuir tampo, estrutura e porta-objetos, e a cadeira
deve ser constituída de assento, encosto e estrutura. O móvel precisa proporcionar
conforto e segurança ao aluno na relação com o conjunto cadeira e mesa conforme
as regulamentações sobre os aspectos ergonômicos da norma.
Pesquisas demonstram que há uma relação estreita entre carteiras escolares
e problemas médicos, segurança e disciplina na sala de aula. O mobiliário, em
função dos requisitos da tarefa, determina a configuração postural dos usuários e
define os esforços, dispêndios e constrangimentos - elementos essenciais para a
adoção de comportamentos diversos - estabelecidos numa jornada de trabalho em
sala de aula, além de manter vínculo restrito com a absorção do conhecimento
(Nunes et al., In Rangé, 1995).
Dessa maneira é importante que o móvel seja confortável, funcional e
apropriado ao tamanho da criança, além de ergonomicamente correto e visualmente
atrativo. Essas características farão com que as crianças sintam-se estimuladas a
aprender e a estar no ambiente de estudo, já que elas associarão o mobiliário a algo
53
positivo e agradável, o que acabará auxiliando e influenciando em suas atividades
pedagógicas.
A seguir será apresentado um tópico sobre os tipos de materiais mais comuns
de serem utilizados em móveis escolares, bem como suas características e
benefícios.
54
8 ESTUDO DE MATERIAIS
8.1 MDF
Segundo o Manual prático do mobiliário escolar, J. R. A. da CUNHA; R.
ESTEVES (2001), em função da pequena dimensão das fibras, a superfície do MDF
é mais lisa do que a maioria dos outros painéis utilizados na fabricação de móveis,
permitindo bom acabamento com pintura, laminação por folhas de celulose, ou
laminados melamínicos de alta pressão. Embora possuam uma menor quantidade
de resina e suas fibras sejam muito menores que as partículas dos aglomerados, a
densidade do MDF (Médium Density Fiberboard – “Placa de Fibras de Média
Densidade”) é muito próxima a dos aglomerados, estando entre 640 e 840 kg/m³,
dependendo da espessura da chapa.
Ainda se comparado ao aglomerado, o MDF possui preço superior, porém
algumas vantagens técnicas como sua maior resistência à umidade; ao arranque de
parafusos e usinabilidade têm feito este produto espaço crescente no espaço
moveleiro.
Dimensões comerciais de painéis de MDF :
Espessuras (em mm):
6 / 9 / 10 / 12 / 15 / 18 / 20 / 25 / 30 e 35
Dimensões da Placas (em m):
1,83 x 2,75.
8.2 MDP
O MDP é especialmente indicado para a produção de móveis residenciais e
comerciais de linhas retas, formas orgânicas, que não exijam usinagens em baixo
relevo, entalhes ou cantos arredondados.
O MDP é resultado do uso intensivo de tecnologia de prensas contínuas, de
modernos classificadores de partículas e complexos softwares de controle de
processo, associado à utilização de resinas de última geração e madeira de florestas
plantadas. Por isso, o MDP pertence a uma nova geração de Painéis de Partículas
de média Densidade com características superiores e totalmente distintas dos
painéis de madeira aglomerada de antigamente.
55
Características:
. Alta densidade das camadas superficiais, assegurando um acabamento superior
nos processos de impressão, pintura e revestimentos;
. Produção com o conceito de 3 camadas: colchão de partículas no miolo e camadas
finas nas superfícies;
. Homogeneidade e grande uniformidade das partículas das camadas externas e
interna;
. Propriedades mecânicas superiores: melhor resistência ao arrancamento de
parafuso, menor absorção de umidade e empenamento;
. Utilização de madeiras selecionadas provenientes de florestas plantadas,
econômica e ecologicamente sustentáveis.
O MDP é encontrado com revestimento melamínico em Baixa Pressão (BP),
Finish Foil (FF), ou sem revestimento para aplicação de Lâminas de Madeira,
Laminados de Alta-Pressão ou Pintura e Impressão.
8.3 COMPENSADO
De acordo com a NBR 94907 citado por CUNHA; ESTEVES (2001)
“Compensado ou Chapa de Madeira Compensada é um painel normalmente
composto de lâminas cruzadas entre si, ou lâminas em combinação com miolo de
sarrafeado ou outro tipo de painel à base de madeira.” Essas lâminas, normalmente
em número ímpar são coladas entre si perpendicularmente com um adesivo.
O nome Compensado deriva da compensação de esforços de empenamento
de uma prancha composta de lâminas de madeira coladas uma sobre as outras,
obtida pelo entrelaçamento dessas lâminas perpendicularmente entre si.
Pela existência de tensões internas e pela capacidade de absorção da umidade
do ambiente a madeira maciça e, mais ainda as lâminas finas de madeira,
movimentam-se, dilatando e contraindo conforme varia a umidade do ar. Sem a
compensação desses esforços seria impossível a obtenção de chapas planas
estáveis.
56
Segundo a NBR 9490 (Normas Brasileiras 9490) define:
a) Compensado é geralmente construído a partir com número ímpar de
camadas com grãos das lâminas adjacentes perpendiculares entre si.
b) As lâminas externas e todas as lâminas de ordem ímpar geralmente
possuem as grãs (veios) orientadas paralelamente à maior dimensão do
painel.
Os compensados podem ser fabricados integralmente com lâminas (laminados
ou multilaminados), ou compostos por lâminas e sarrafos de madeira maciça
(sarrafeados), estes últimos tendo sempre as lâminas do lado externo, recobrindo de
ambos os lados os sarrafos.
Existem ainda os compensados moldados, que podem originar peças curvas
moldadas conforme sua aplicação. Eles são utilizados geralmente, na fabricação de
assentos e encostos anatômicos para cadeiras.
Outro tipo de compensado existente é o naval. Este é muito utilizado na
construção civil ou em situações que exigem alta exposição à umidade.
Dentre suas vantagens Teixeira (1999) destaca:
- Uniformidade de resistência por causa da disposição cruzada das fibras;
- Menor possibilidade de fendas e empenamentos, pois os sentidos diferentes das
fibras compensam as diferenças de contrações.
- Facilidade em ser moldado;
- Em relação aos móveis, proporciona leveza física e pode ser aplicada nas suas
estruturas aparentes.
Desvantagens:
- Pode possuir restrições de natureza ambiental, ao utilizar madeiras maciças, ou
baixa disponibilidade de toras de qualidade para a laminação.
- Custos elevados em relação a outras madeiras transformadas.
57
8.4 AGLOMERADO
O aglomerado é uma chapa de madeira, com miolo composto de resíduos de
madeira como pó e serragem, resina e cola, que após passar por processo de
prensa se transforma em painel de madeira. Não possui acabamento, portanto, pode
receber qualquer tipo de revestimento. É Utilizado na fabricação de móveis de baixa
qualidade montados com cavilhas e cola. Não é recomendado o uso de pregos e
parafusos, devido ao risco de ocorrerem rachaduras. Disponível no tamanho-padrão
de 2,75 m x 1,83 m e espessuras que variam de 0,6 mm a 30 mm.
A madeira aglomerada é constituída por três camadas de diferentes
densidades, pois as duas camadas externas são densas, compactas e lisas, com
espessuras iguais e partículas finas; já a camada é menos densa, com porosidades
para absorver tensões (TEIXEIRA, 1999).
Teixeira (1999) destaca as vantagens desse material:
- Permite acabamento com laminado melamínico, lâminas de madeira, plásticos ou
pintura;
- Apresenta resistência à flexão e à ruptura;
- Bom isolante acústico e térmico;
-Laminação pode ser feita em qualquer direção;
- Partículas dispostas de maneira aleatória o que confere resistência multidirecional;
- Múltiplas aplicações: móveis, tampos de mesa, laterais de portas e de armários,
divisórias, laterais de estantes, cabeceiras, racks;
- Pode ser colado, grampeado e aceita buchas e dobradiças;
- Custo relativamente baixo.
Como desvantagem pode-se citar:
- A densidade reduzida do núcleo pode ocasionar problemas para a retensão de
ferragens, as quais precisam ser cuidadosamente selecionadas;
- Quando sem revestimento pode tornar-se muito suscetível à umidade, absorvendo
água e inchando.
58
8.5 LAMINADOS MELAMÍNICOS
Laminado melamínico (também conhecido como Fórmica, que é a marca
registrada de um fabricante) é um elemento decorativo inventado por John Frederick
Hosler e Theodore Russell Clarke, utilizando a resina melamínica. São chapas
compostas de folhas de papel “kraft” impregnadas com resinas fenólicas revestidas
com uma capa de papel claro de celulose pura, impregnado com resina melamínica.
Os papéis “Kraft” previamente banhados na resina fenólica e secos, são
formados em pilhas de cinco ou mais folhas recebendo como acabamento a última
folha de papel de celulose pura (branco, colorido ou impresso com motivos
decorativos) e impregnada com resina melamínica.
Este pacote de folhas saturadas de resinas é levado a prensas aquecidas em
pressões acima de 70 Kg/cm2 e temperatura de 160 º C ou mais. Para cada “pacote”
de folhas é intercalada uma folha de aço inoxidável denominada de “espelho”, que
conforme sua superfície brilhante, fosca ou texturizada, resultará a textura do
laminado. Em decorrência da combinação de elevada pressão e temperatura, uma
pilha de 6 a 7 folhas resultará em laminado de 0,8 mm de espessura, altamente
denso, com elevada resistência superficial ao impacto e principalmente à abrasão.
No mobiliário escolar sua principal aplicação se dá no revestimento dos
tampos das mesas, em função de sua resistência aos produtos de limpeza; à
umidade e à abrasão, além de suas características higiênicas. (TEIXEIRA, 1999).
8.5.1 Post-forming
O Fórmica Postforming é um laminado decorativo de alta pressão, termo-
moldável, que diferencia-se dos demais laminados devido a sua propriedade de
poder ser curvado quando aquecido em equipamento específico. A sua aplicação
em bordas arredondadas, com raio mínimo interno ou externo de 12,7 mm, permite
opções originais de design para revestimentos horizontais e verticais.
O Fórmica PF possui grande resistência ao desgaste, ao calor, ao impacto e a
manchas, tornando-o prático e durável. Sua composição baseia-se na impregnação
de materiais celulósicos com resinas termoestáveis, formando um conjunto que será
prensado por meio de calor e de alta pressão.
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No móvel escolar este material é indicado para revestimento de superfícies de
mesas e carteiras e como superfície em assentos e encostos anatômicos de
compensado moldado.
A seguir será apresentada uma breve pesquisa de mercado realizada pela
internet. O objetivo desta pesquisa é conhecer os tipos de carteiras infantis
existentes no mercado e a partir desse estudo, detectar as características positivas
do mobiliário, bem como a necessidade de melhoria existente.
60
9 PESQUISA DE MERCADO
9.1 CONJUNTOS ESCOLARES EXISTENTES NO MERCADO
Nesta etapa da pesquisa buscou-se fazer um levantamento dos móveis
existentes no mercado, através de pesquisas feitas pela internet. O objetivo dessa
pesquisa é observar o design do mobiliário contemporâneo, verificando seus
materiais, formatos, funcionalidades, cores, ergonomia, entre outras características.
Esta pesquisa contribuirá para o desenvolvimento do móvel infantil, já que serão
observadas as características positivas e negativas dos móveis existentes,
buscando, dessa maneira, perceber as necessidades das crianças que estão em
fase pré-escolar.
Segue os exemplos de móveis infantis pedagógicos existentes no Mercado
atualmente:
FIGURA 11 – CONJUNTO PRÉ-ESCOLAR TREVO
Tipo: Conjunto coletivo, composto por mesa em forma de
trevo e 4 cadeiras.
Materiais: Mesa em compensado revestido com fórmica
texturizada, e cadeiras com assento e encosto em ABS1.
Cores: Azul, amarelo, verde e vermelho.
Fabricante: Empresa CEQUIPEL.
FONTE: CATÁLOGO CEQUIPEL 2005
61
FIGURA 12 – CARTEIRA ESCOLAR COM INCLINAÇAO NO TAMPO
Tipo: Conjunto escolar com tampo levemente inclinado.
Materiais: Carteira com tampo em compensado revestido com post-forming2, e com gradil em aço. Cadeira com assento e encosto em compensado envernizados na cor natural e estrutura de aço. Cores: Tampo branco e estrutura azul. Fabricante: Empresa CEQUIPEL.
FONTE: CATÁLOGO CEQUIPEL 2005
FIGURA 13 – CARTEIRA ESCOLAR MODELO TRADICIONAL
Tipo: Conjunto escolar tradicional.
Materiais: Tampo, assento e encosto em compensado, com bordas arredondadas, e revestidos com fórmica. A carteira possui gradil para livros e a estrutura do móvel é toda em aço. Cores: Estrutura preta, e o assento, encosto e tampo em verde claro. Fabricante: Empresa CEQUIPEL.
FONTE: CATÁLOGO CEQUIPEL 2005
FIGURA 14 – CONJUNTO ESCOLAR BRINQUEDO
Tipo: Conjunto Brinquedo
Materiais: Pés e quadro fabricado em madeira de pinus e tampo em MDF.
Acompanha 4 cadeiras fabricadas em madeira de pinus. Ideal para crianças de até 6 anos. Pintura Atóxica.
Medidas: 52 cm de largura, 52 cm de profundidade e 50 cm de altura.
FONTE: http://www.macpool.com.br/Artigos/
62
FIGURA 15 – CONJUNTO ESCOLAR EM ABS
Tipo: Conjunto Escolar em ABS
Materiais: polietileno
Medidas: Comprimento: 74 cm
Largura: 46cm
Altura: 42 cm.
FONTE: http://www.fantasyplay.com.br
FIGURA 16 – CONJUNTO ESCOLAR MESA E BANCOS
Tipo: Mesa e bancos
Características: mesa acoplada a dois bancos para até 4 crianças. Possui porta-lápis direto no tampo.
Materiais: polietileno
Medidas: comprimento: 81 cm
Largura: 86 cm
Altura: 40 cm.
Fabricante: Brinquedos bandeirante.
FONTE: http://www.fantasyplay.com.br
63
FIGURA 17– CONJUNTO ESCOLAR ESCRIVANINHA COM CADEIRINHA
Tipo: Conjunto escolar escrivaninha com cadeirinha
Características: Espaço para guardar material ao levantar a tampa. Esta pode ser utilizada para escrever ou desenhar com caneta WMP.
Materiais: polietileno
Medidas: comprimento: 50 cm
Largura: 39,4 cm
Altura: 60 cm.
Fabricante : Xalingo
FONTE: http://www.fantasyplay.com.br
FIGURA 18– CONJUNTO ESCOLAR- ESCRIVANINHA TURTLE
FONTE: http://www.fantasyplay.com.br
Tipo: Conjunto escolar escrivaninha Turtle
Características: Uma inédita escrivaninha em formato
de tartaruga, com várias funções: a) mesinha para as crianças estudarem, lancharem, brincarem. b) levantando o tampo funciona como cavalete de
pintura com suporte para prender o papel.
Materiais: polietileno
Medidas: comprimento: 73 cm
Largura: 40 cm
Altura: 77 cm.
Fabricante : Step 2
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FIGURA 19– CONJUNTO ESCOLAR- ESCRIVANINHA LITLE TIKES
FONTE: http://www.pimpao.com.br/produtos.php
Tipo: Conjunto Escolar escrivaninha Litle Tikes Características: Inclui cadeira, nichos nas laterais para colocar revistas e espaços para guardar materiais. Pode ser usada como cavalete. Possui luz embutida. Materiais: Polietileno Medidas: Comprimento: 84 cm Largura: 48 cm Altura: 110 cm Fabricante: Litle Tikes
65
9.1.1 Análise da Pesquisa de Mercado
A pesquisa de mercado é de grande importância, pois é através dela que se
pode observar o que as empresas de móveis estão fabricando para o público infantil,
quais as tendências do mercado e se esses móveis estão satisfazendo as
necessidades das crianças.
Pôde-se perceber que existe uma variedade muito grande de tipos de
conjuntos escolares no mercado, feitos de diversos materiais, como: MDF,
compensados, aglomerados, revestidos em fórmica, estruturados em aço ou
madeira, ou feitos em material plástico - o ABS. Verificou-se, com essa pesquisa,
que as empresas que investem em Design no ramo do mobiliário infantil, ou seja,
que levam em consideração aspectos ergonômicos, funcionais e estéticos no móvel,
são na grande maioria das vezes, as empresas voltadas para uma classe social
mais elevada. Isso porque o emprego de processos e materiais diferenciados, como
os que utilizam o plástico moldado no processo de fabricação, acaba encarecendo o
produto final. Analisando essa situação, verificou-se a necessidade de projetar um
conjunto de móveis para atividades pedagógicas, que utilizasse processos e
materiais acessíveis a maioria das pessoas e, que ao mesmo tempo, fosse
confortável, ergonomicamente correto, funcional e atrativo para as crianças.
A seguir serão apresentadas as pesquisas de campo realizadas com
professores e alunos em quatro instituições de ensino na Cidade de Curitiba. Estas
pesquisas têm por objetivo detectar as necessidades existentes no mobiliário a partir
da observação e análise do mesmo, dentro destas instituições.
66
10 PESQUISA DE CAMPO EM ESCOLAS E CRECHES
Nesta etapa foram realizadas pesquisas de campo em quatro centros
educativos infantis da Cidade de Curitiba. As instituições pesquisadas foram: O
Centro Municipal de Educação Infantil da Prefeitura, localizado no Bairro Rebouças,
o Centro de Educação Infantil Pequeno Mundo, localizado no Bairro do Xaxim, o
Pólo de Educação Infantil Jesus Menino e o Centro de Educação Infantil Colméias,
ambas localizadas no Bairro Hauer. Estas pesquisas foram feitas através da
observação e análise da utilização do mobiliário escolar infantil. Também foram
aplicados questionários para professores e alunos, com o intuito de descobrir os
aspectos positivos e negativos observados no mobiliário, a fim de que estes fossem
estudados posteriormente para auxiliar no processo de desenvolvimento de idéias
para o móvel infantil pedagógico. Os questionários realizados podem ser conferidos
nos apêndices do trabalho.
10.1 RELATÓRIO DA PESQUISA REALIZADA NO CMEI DA PREFEITURA DE
CURITIBA
A primeira instituição a ser pesquisada foi o Centro Municipal de Educação
Infantil da Prefeitura de Curitiba, localizado na Av. Pres Getúlio Vargas, ao lado da
Faculdade OPET. Houve uma conversa com os professores da Escola dentro da
sala de aula, juntamente com as crianças. Durante essa conversa, foram aplicados
questionários para os professores, e, de forma oral, as crianças também puderam
manifestar suas opiniões.
Observou-se que as mesas da Instituição são feitas de compensado laminado
e a estrutura dos pés de ferro, como pode ser ilustrado na figura 20. Os móveis são
coloridos e considerados pelos professores como práticos e adequados ao tamanho
das crianças.
Das 3 pessoas entrevistadas, 100 % alegaram que as crianças mostram
algum tipo de resistência (choram, reclamam) quando suas mães as deixam na
creche, mas isso ocorre apenas no início, ou seja, rapidamente elas se acostumam
com o ambiente escolar.
Quanto ao tempo que as crianças permanecem sentadas fazendo alguma
atividade, a maioria dos professores entrevistados relatou que as crianças na faixa
67
etária de 4 a 6 anos de idade não permanecem muito tempo nessa posição, ficando
o período de 1 a 2 horas no máximo, sentadas. Durante a entrevista, observou-se
que as crianças estavam mudando constantemente de atividade, distraindo-se
rapidamente.
As atividades praticadas pelas crianças da escola são: pintura/desenho,
leitura, cortar/colar, brincadeiras/jogos e lanchar, sendo que as atividades realizadas
com maior freqüência e que as motivam mais são: pintura/desenho, brincadeiras e
jogos. (legos, bonecas, carrinhos).
Os professores afirmaram que as crianças sentem-se confortáveis ao praticar
suas atividades utilizando os móveis da escola.
Com relação à aparência dos móveis, a maioria dos professores respondeu
que é considerada “boa” e a característica que mais se destaca é a praticidade.
No item a que se refere às melhorias no mobiliário escolar, os professores
sugeriram que o tamanho das mesas fosse maior e que possuísse mais
funcionalidades. Além disso, afirmaram que o ideal seria que o conjunto oferecesse
maior conforto e segurança às crianças, devendo ser arredondado nos cantos, para
que as crianças não se machucassem.
Quanto às cores, a maioria dos professores sugeriu que o móvel fosse
colorido, podendo ser azul, amarelo, branco ou lilás.
As cores preferidas pelas crianças, na maioria foram as primárias: vermelho,
amarelo e azul.
Não foi possível compilar outros dados da instituição, como o Projeto político
pedagógico do Centro de Educação Infantil e fotos da instituição, já que a pesquisa
não foi realizada com prévia autorização da diretora da escola, que exigiu uma
autorização da prefeitura da Cidade. Como o processo era burocrático, achou-se
melhor finalizar a pesquisa, já que os dados principais já haviam sido coletados.
68
Figura 20: Tipo de mobiliário existente no CMEI
Fonte: www.linplast.com.br
10.2 CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL PEQUENO MUNDO
O Centro de Educação Infantil Pequeno Mundo, localizado na Rua Waldemar
Loureiro de Campos, no Bairro do Xaxim foi criado no ano de 2009, graças à
iniciativa de duas professoras amigas, graduadas em pedagogia que desde a época
da Universidade sonhavam em construir um Centro de Educação Infantil. Buscaram
apoio da família e conseguiram realizar o sonho há 1 ano.
A faixa etária das crianças atendidas pelo Centro de Educação Infantil
Pequeno Mundo é de 1 a 5 anos de idade. A escola possui: 1 biblioteca e vídeo, 1
sala de soninho, 1 sala de maternal II, 1 sala de pré I, 1 sala de pré II, 1 sala de
recreação, 4 banheiros, 1 área de serviço, 1 almoxarifado e 2 áreas verdes.
O Centro de Educação Infantil Pequeno Mundo possui aulas de dança,
espanhol, jardinagem, culinária, musicalização, judô, colônia de férias e contra- turno
para as crianças. O projeto contra-turno visa melhorar o aperfeiçoamento da criança
na escola. Funciona diariamente em turno aposto à escola, disponibilizando prática
recreativa e apoio pedagógico. Além disso, o Centro dispõe de alimentação como:
café, almoço e lanche.
A mesa e as cadeiras são de madeira pinus, pintados na cor verde, sendo
que a mesa é revestida em fórmica na cor branca e possui cantos arredondados
para evitar acidentes, como pode ser visto na figura 22.
A escola visa à construção de um espaço de convivência, de trocas, de
reelaboração de conhecimentos e de transformação social. A instituição de ensino
pesquisada entende a escola de educação infantil como um espaço onde a criança
69
pode se desenvolver através de um processo rico em interações e construção de
conhecimentos significativos, exercendo a cidadania desde a infância.
Figura 21: Centro de Educação Infantil pequeno Mund o
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 22: Conjunto Escolar do CEI Pequeno Mundo
Fonte: Autoria própria, 2010.
70
10.2.1 Relatório da Pesquisa realizada com professores no CEI Pequeno Mundo
De acordo com a pesquisa realizada com os professores, foi constatado que
as crianças mostram algum tipo de resistência (choram/reclamam) quando suas
mães as deixam na creche durante alguns dias, até se acostumarem com o novo
ambiente de estudo. Quanto ao tempo em que ficam sentadas, a maioria das
crianças não ultrapassa o período de 1 hora. As atividades que realizam nesse
tempo são: pintura/desenho, cortar/colar, leitura, escrita, brincadeiras/jogos, lanchar
e assistir tv. Destas, a que mais as motivam é a brincadeira, podendo ser individual
ou em grupo.
Os professores afirmaram que as crianças sentem-se bem ao utilizar os
móveis da escola e julgaram como “boa” a aparência dos mesmos. Para eles o
aspecto que mais se destaca no mobiliário existente, é a praticidade, deixando
aparência e conforto em segundo plano. Quanto às sugestões de mudanças, a única
destacada foi que os móveis fossem coloridos, ao invés de serem todos na cor verde
e branco.
71
10.2.2 Relatório da Pesquisa realizada com as crianças no CEI Pequeno Mundo
O método da aplicação do questionário foi em grupo e oralmente. Ao serem
perguntadas se as crianças apreciavam ir à escola e estudar, a grande maioria disse
que sim, por se sentir bem no ambiente.
As atividades mais praticadas na sala de aula são brincadeiras didáticas,
pintar, desenhar, jogos e assistir filmes. Destas, a atividade mais apreciada pelas
crianças é o “brincar”.
Ao serem perguntadas sobre a aparência dos móveis escolares, a maioria
respondeu que achava “bonito” e “confortável”. Quanto à preferência por cores do
móvel, as mais votadas pelas crianças foram: azul, vermelho e amarelo.
10.3 POLO EDUCACIONAL JESUS MENINO
O pólo Educacional Jesus menino localiza-se na Rua Dr. Julio César Ribeiro
de Souza, n 1332, no bairro Hauer em Curitiba. O público alvo da escola são
crianças de 6 a 10 anos e pré-adolescentes de 11 a 14 anos, do 1º ao 5º ano.
Geralmente os alunos que freqüentam a Escola advêm de famílias das comunidades
do Hauer e pertencem à classe média, em sua maioria.
A escola passou a ter legitimidade a partir de 01 de agosto de 2001, com a
cessação da Escola de Ensino fundamental Colméia junto à secretaria de Educação
do PR, em 31 de julho do mesmo ano, tendo sido criada em substituição a esta.
A empresa mantenedora da escola é a Prática Aliança, que é formada por
duas professoras estaduais aposentadas e uma advogada que se uniram para levar
em frente um ideal de trabalho, através do qual a educação possa exercer
efetivamente a sua função social. O ideal da Prática Aliança seria formar indivíduos
pensantes, críticos e conscientes que possam promover as mudanças necessárias
para a melhoria da sociedade em que vivem.
Todas as ações da escola adotam como princípios os valores preconizados
pelo cristianismo. Considera-se também a organização da família onde a relação
entre Deus e o homem é reavaliada colocando a caridade como uma das maiores
virtudes humanas, exigindo o amor ao próximo, como aquele que dedicamos a nós
mesmos.
72
Os professores que trabalham na instituição são, no mínimo, graduados em
algum curso da área educacional, possuindo experiência na função.
A escola funciona em um prédio reformado pela sua administração onde
desenvolve suas finalidades buscando atender as exigências dos órgãos
reguladores de suas atividades como: inspeção sanitária, setor de urbanismo da
prefeitura, corpo de bombeiros, entre outros órgãos.
O prédio da escola foi construído em 1970. O grupo mantenedor da escola
Jesus menino assumiu o Ensino fundamental em 2000. As suas dependências
ocupam todo o andar superior do prédio com área de atendimento de 548 m2. O
atendimento ao aluno é feito em 4 salas de aula de 48 m2. Todas possuem 2
grandes quadros de giz, mobiliário considerado adequado, pintura clara. São salas
bem iluminadas e arejadas. Possuem ainda uma mesa e um armário para guardar
material dos alunos, 1 tv 29 ‘, vídeo cassete e DVD. Há ainda uma sala de vídeo
com tv de plasma de 50’, aparelho DVD e 40 lugares com cadeiras almofadadas
para atividades extraordinárias, mesa do professor, aparador e armário para guardar
materiais.
O laboratório de informática é composto por 8 computadores conectados à
rede mundial de internet, através do sistema banda larga, onde existe um espaço de
atendimento aos alunos e 8 cadeiras.
A biblioteca consta com vasto acervo bibliográfico e bancada para 16 alunos,
constituindo-se em um espaço de troca de informações literárias e realização de
atividades específicas de leitura como o projeto “quem lê, vai longe”.
O acesso às dependências da escola é independente da creche que funciona
no térreo, possuindo uma escada externa.
Existe na entrada do prédio uma área de 50 m2 para a recepção das crianças
e entrega das mesmas no final das aulas. Dentro do prédio há uma sala de 67 m2
chamado de ”espaço de convivência”, onde são recepcionados os visitantes e
realizadas diversas atividades como coral e apresentações culturais.
Para os recreios e atividades de Educação física é utilizado um pátio interno
coberto de 150 m2 e outro descoberto com a mesma área. As duas instituições-
escola e creche - utilizam o mesmo espaço em horários alternados.
O Pólo possui diversos projetos interdisciplinares, tais como: canto, coral,
capoeira, ética e cidadania, esportes, informática, inglês e programa de resistência
às drogas e violência.
73
A escola Jesus menino, mostrada na figura 23, possui filosofia humanista, não
confessional, centrada em valores cristãos, ambiente social e propicia a vivência de
valores éticos e morais. Seu principio pedagógico educativo é baseado na
afetividade.
O conjunto escolar apresenta a carteira com tampo em compensado,
revestido na parte superior com fórmica na cor verde, com gradil de ferro para
guardar o material escolar. A cadeira apresenta assento e encosto em compensado
moldado, com cantos arredondados. A estrutura é em aço tubular com acabamento
em pintura epóxi preta, como pode ser visto na figura 24.
Figura 23 : Pólo Educacional Jesus Menino
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 24 :Conjunto Escolar da Escola Jesus Menino
Fonte: Autoria própria, 2010.
74
10.3.1 Relatório da Pesquisa realizada com professores na Escola Jesus Menino
A pesquisa foi realizada com 4 professores. 75% dos professores
concordaram que as crianças mostram algum tipo de resistência (choram,
reclamam) quando suas mães as deixam na escola. Apenas 25% afirmaram que
elas não apresentam resistência, adaptam-se rapidamente.
Quanto ao número de horas em que ficam sentadas, todos os professores
entrevistados responderam que as crianças permanecem o período de 3 a 4 horas
nessa posição, praticando algum tipo de atividade.
As atividades praticadas pelas crianças são: pintura, desenho, cortar, colar,
leitura, escrita, brincadeiras, jogos, lanchar, música e capoeira. Dessas atividades as
que mais motivam as crianças é pintura/desenho, ficando em segundo lugar as
brincadeiras e os jogos.
Quanto ao conforto dos móveis 50% dos professores responderam que as
crianças sentem-se bem, porém eventualmente reclamam de desconforto. Quanto à
aparência dos móveis 50% alegou ser boa e 50% considerou como “regular”.
Quando questionados sobre qual a característica que mais os agradam nos móveis
da escola, 75% dos professores entrevistados responderam que a característica
mais apreciada é a praticidade. Apenas para 25 % dos professores entrevistados, a
aparência é a característica mais evidenciada no conjunto escolar. Todos os
professores entrevistados sugeriram mudanças nos móveis da escola como:
cadeiras mais ergonômicas, carteiras mais funcionais, móveis modernos, de acordo
com a tendência, móveis com cores mais chamativas / quentes e cadeiras mais
confortáveis. 100% dos professores sugeriram que o móvel fosse colorido. O único
professor que especificou as cores, sugeriu o Azul e o lilás como preferidas.
75
10.3.2 Relatório da Pesquisa realizada com as crianças da Escola Jesus Menino
O método da aplicação do questionário foi realizado através da leitura
preliminar das questões para a classe e, posteriormente, a resolução das questões
pelos alunos. Ao serem perguntadas se as crianças apreciavam ir à escola e
estudar, todas as crianças disseram que sim, por se sentirem bem no ambiente e
acharem importante o estudo.
As atividades praticadas na sala de aula são: pintura/desenho, brincadeiras
didáticas, jogos, leitura e escrita. Destas, a atividade mais apreciada pelas crianças
é a leitura e o desenho/pintura.
Ao serem perguntadas sobre a aparência dos móveis escolares, a maioria
respondeu que achava “bonito” e confortável. Porém, algumas crianças reclamaram
do tamanho dos móveis (carteira/cadeira), por serem ou “muito altos”, ou “muito
baixos”. Quanto à preferência por cores do móvel, as mais votadas pelas crianças
foram: Rosa, vermelho e laranja.
10.4 CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL COLMÉIAS
O Centro de Educação Infantil Colméias localiza-se na Rua Julio César
Ribeiro de Souza, N º1332, no bairro Hauer, em Curitiba.
A idéia de se dar o nome de Associação das abelhinhas de Santa Rita de
Cássia à organização informal que existia na vila Hauer desde 1959, onde sua
fundadora Sra Nezita Blansky Kleenke, atendia aos pobres e carentes que vinham à
sua porta em busca de ajuda material, partiu da mesma pela devoção que tinha à
Santa Rita de Cássia.
Em 1962 o trabalho começou a tomar maior vulto tornando-se um referencial
de atendimento a pessoas carentes em toda Vila Hauer e imediações, fazendo-se
necessário organizar e sistematizar o trabalho através de uma entidade jurídica, que
tivesse legitimidade para realizar convênios e concorrer a verbas de órgãos públicos.
Assim em 1962 foi fundada a Associação das Abelhinhas de Santa Rita de Cássia,
com a finalidade de prestar assistência social à população carente da região,
concentrando seu trabalho nas mães, a fim de possibilitar às mesmas a realização
de um trabalho produtivo e remunerado como forma de aumentar o seu rendimento
76
familiar. Embora prestando uma homenagem à Santa Rita de Cássia, a entidade não
possuía vínculo com a Paróquia de Santa Rita, onde estava centralizado seu
trabalho. Com a construção da sede própria e conseqüente aumento de crianças em
idade escolar que acompanhavam suas mães nas atividades que desenvolviam,
iniciou-se na associação, informalmente, um atendimento específico, de caráter
educacional, restringindo-se ao ensino fundamental básico. A primeira turma de
alunos prestou exames na secretaria de Estado de educação do Paraná em 1967,
sendo toda a turma aprovada. Por isso o nome Colméia, nome dado à Escola pela
caracterização do trabalho desenvolvido pela Associação. ”Uma associação de
abelhinhas forma uma colméia” dissera Dona Nezita quando nomeou a escola.
De semelhante com a vida das abelhas, pode-se dizer que a entidade
desenvolve através de seu trabalho a chamada “trofalaxia”- troca de alimentos que é
uma das características básicas da organização social das Colméias, onde todos os
membros compartilham da mesma fonte de alimentos. Por meio da assistência que
promove no Centro de Educação Infantil Colméias, a entidade mantenedora busca
suprir as necessidades de alimentos, vestiários e educação das crianças carentes,
com recursos advindos de campanhas e doações provindas da própria comunidade.
Hoje, busca-se na inspiração de seu nome, a idéia de que todo seu trabalho
realizado no centro de Educação infantil deve ser tão organizado e disciplinado
como na comunidade das abelhas.
Modalidades ofertadas:
4 meses a 2 anos – Maternal- 2 turmas
2 anos- Maternal - 1 turma
3 anos- Maternal - 1 turma
4 anos - Pré -1 turma
5 anos - Pré II- 1 turma
6 anos Pré III- 1 turma.
Recursos físicos:
6 salas de aula, 1 biblioteca, 1 brinquedoteca, 1 sala de direção, 1 sala de
coordenação, 1 secretaria, 1 portaria, 1 sala de arquivo, 1 videoteca, 2 salas para
deposito, 1 dispensa, 5 banheiros, 1 lavanderia e 1 refeitório.
O público-alvo da escola seria famílias pequenas, formadas por pais operários
ou mães solteiras, com renda de mais ou menos 1,5 salário mínimo.
77
Quanto ao mobiliário, o conjunto escolar apresenta carteira retangular com
tampo em compensado, revestido na parte superior com fórmica na cor verde, com
gradil de ferro para guardar o material escolar. A cadeira apresenta assento e
encosto em compensado moldado, com cantos arredondados. A estrutura é em aço
tubular, como pode ser visto na figura 26. Esse conjunto escolar é voltado para as
crianças de 5 a 6 anos. A escola possui a mesma linha de conjunto escolar para
crianças de 3 a 4 anos. O que diferencia esses móveis, é que o tampo é
arredondado e as alturas da mesa e cadeira são menores, como pode ser
observado na figura 27. Essa adaptação foi idéia da própria diretora da Escola, que
mediu as crianças e fez uma média de todas as alturas para que o móvel pudesse
satisfazer a maioria destas.
Figura 25 : Centro de Educação Infantil Colméias
Fonte: Autoria própria, 2010.
78
Figura 26: Conjunto Escolar do CEI Colméias Fi gura 27: Conjunto Escolar do CEI Colméias
Fonte: Autoria própria, 2010. Fonte: Autoria própria, 2010.
10.4.1 Relatório da Pesquisa realizada com professores no CEI Colméias
De acordo com a pesquisa realizada com os professores, foi constatado que
as crianças mostram algum tipo de resistência (choram/reclamam) quando suas
mães as deixam na creche, até se acostumarem com o novo ambiente de estudo.
Quanto ao tempo em que ficam sentadas, a maioria das crianças não ultrapassa o
período de 1 hora. As atividades que realizam nesse tempo são: pintura/desenho,
cortar/colar, leitura, escrita, brincadeiras/jogos, lanchar. Destas, as atividades que
mais as motivam é a pintura e o desenho.
Os professores alegaram que as crianças sentem-se bem ao utilizar os
móveis da escola e julgaram como “boa” a aparência dos mesmos, sendo que o
aspecto que mais se destaca no mobiliário, é a praticidade e o conforto ergonômico.
Quanto às sugestões de mudanças, foi sugerido que os móveis fossem
coloridos, com cantos arredondados, feitos de um material que facilitasse a limpeza
e que possuísse uma gaveta embutida ou um nicho para guardar materiais
escolares.
79
10.4.2 Relatório da Pesquisa realizada com as crianças no CEI Colméias
O método da aplicação do questionário foi em grupo e oralmente. Ao serem
perguntadas se as crianças apreciavam ir à escola e estudar, a grande maioria disse
que sim, por se sentir bem no ambiente.
As atividades praticadas na sala de aula são brincadeiras didáticas, jogos e
incentivo a leitura e escrita. Destas, a atividade mais apreciada pelas crianças é o
momento da leitura, pois o professor, desde cedo, incentiva as crianças a
freqüentarem a biblioteca, contar e ouvir estórias.
Ao serem perguntadas sobre a aparência dos móveis escolares, a maioria
respondeu que achava “bonito” e “confortável”. Quanto à preferência por cores do
móvel, as mais votadas pelas crianças foram: azul, rosa e amarelo.
80
11 ANÁLISE DAS PESQUISAS DE CAMPO NAS ESCOLAS E RES ULTADOS
Percebeu-se com a presente pesquisa que a maioria dos Centros de
Educação Infantil utiliza móveis padronizados, sendo fabricados em compensado,
revestidos em fórmica e a estrutura em aço. Até mesmo a cor é padronizada, sendo
a verde a principal escolhida pelas instituições de ensino, por se tratar de uma cor
considerada “calmante”, visto que as crianças nessa fase são muito agitadas.
A única instituição pesquisada que utilizou a madeira como principal material
(tanto na estrutura, como no assento da cadeira e tampo da mesa), conferindo ao
móvel um aspecto mais “aconchegante”, como se pode verificar na figura 23, foi o
Centro Educacional Pequeno Mundo, uma Instituição de Ensino privada. Por outro
lado, a única instituição pesquisada que se preocupou em diversificar as cores dos
móveis para torná-los mais atraentes às crianças, foi o Centro de Educação
Municipal Infantil da prefeitura, localizado ao lado da Faculdade OPET. Além disso,
os móveis, apesar de não possuírem conforto aparente, devido ao material (assento
e fórmica e estrutura em ferro) estavam adequados em seu tamanho e altura para as
crianças.
Os móveis referentes às outras duas instituições pesquisadas (Centro
Educacional Jesus Menino e Centro Educacional Infantil Colméias) não
apresentaram nenhum elemento atrativo para as crianças. Porém pôde-se perceber
que ambas as Instituições se preocuparam em manter a ergonomia, adaptando as
medidas da mesa e cadeira para as crianças a partir da média das alturas e medidas
do corpo das crianças.
Pôde-se perceber que houve preocupação por parte de todos os Centros
Infantis pesquisados em deixar os móveis mais seguros para as crianças. As
instituições que se destacaram nesse aspecto foi o Centro de Educação Infantil
Colméia’s - que além de arredondarem os cantos das mesas e cadeiras, também
disponibilizaram mesas redondas especialmente para as crianças menores- e o
Centro de Educação Infantil Pequeno Mundo, que disponibiliza uma linha de móveis
em madeira, feita especialmente para as crianças da Escola.
Com relação ao aspecto funcional, todas as mesas pesquisadas atendem a
função básica - apoiar objetos. Os únicos mobiliários que atendem a função de
guardar materiais, são os existentes no Centro educacional Infantil Jesus Menino e o
81
Centro Educacional Infantil Colméia’s, em que as carteiras possuem um espaço
localizado abaixo da mesa para essa função.
Observa-se que em todas as Escolas pesquisadas há uma preocupação
grande com o incentivo da leitura, a prática de jogos pedagógicos em sala de aula e
as atividades em grupo.
Após analisar todos esses aspectos (funcionais, estéticos, ergonômicos e
pedagógicos) e após comparar as respostas dos questionários avaliados, algumas
necessidades e características foram identificadas abaixo:
- O móvel deverá ser colorido, respeitando a preferência de 100 % das
crianças entrevistadas, tomando o cuidado para não utilizar cores fortes em grande
quantidade, como o vermelho e laranja, visto que essas cores trazem sensação de
“agitação” à criança.
- O material escolhido para fabricar o Conjunto de mesa e bancos foi a chapa
de madeira de MDF, por se tratar de uma chapa resistente, de boa qualidade e
economicamente acessível;
- O móvel deve possuir medidas ergonômicas que sejam compatíveis para a
idade de 4 a 6 anos, baseando-se nas medidas já utilizadas pela Escola Colméia’s.
- O conjunto de mesa e banco deve ser seguro, confortável e atrativo para as
crianças. A mesa deve possuir cantos arredondados e o banco deve ser estofado
para oferecer o conforto exigido.
- O móvel deverá servir para até 4 crianças, já que é importante que elas
trabalhem em grupos e equipes para se socializarem;
- Como a mesa será pedagógica, haverá jogos em seu tampo, que deverão
ser compatíveis com a idade de 4 a 6 anos. Estes jogos contribuirão para o estímulo
da aprendizagem das crianças.
- O móvel deverá possuir espaços para guardar objetos como mochilas,
cadernos, lápis, tesouras, entre outros materiais didáticos.
- O móvel poderá ser utilizado tanto em instituições de ensino, como em
residências.
- O móvel deverá possuir características lúdicas, que vão atrair e despertar o
interesse das crianças.
Estas características e necessidades fazem parte da definição do projeto. O
próximo capítulo abordará toda a definição do protótipo: painel do usuário, geração
82
de alternativas, escolha dos jogos pedagógicos, processo de fabricação da mesa,
escolha das cores, memorial descritivo e análise de uso.
12 O PROTÓTIPO
A metodologia utilizada para a realização do projeto do protótipo foi baseada
em dois autores: Lobach e Baxter. Lobach (2000) afirma que todo o processo de
Design é tanto um processo criativo como um processo de solução de problemas
concretizado em um projeto industrial e incorporando as características que possam
satisfazer as necessidades humanas de forma duradoura, podendo se desenvolver
de forma extremamente complexa dependendo da magnitude do problema, e a
divide em quatro fases distintas: Análise do Problema, Geração de Alternativas,
Avaliação das Alternativas e Realização da Solução do Problema. Embora nunca
sejam separáveis no caso real, elas se entrelaçam umas às outras com avanços e
retrocessos durante o processo de projeto.
Já Baxter (1998) prioriza as questões mercadológicas quando diz que “a
inovação é um ingrediente vital para o sucesso dos negócios”, onde “o planejamento
incluindo identificação de uma oportunidade, pesquisa de marketing, análise dos
produtos concorrentes, proposta do novo produto, elaboração das especificações da
oportunidade e a especificação do projeto” são quesitos fundamentais para fazer
frente à concorrência industrial como estratégia empresarial inovadora, propondo
redução de custos e criação de uma identidade ou estilo no produto.
O presente trabalho baseia-se nessas duas metodologias, sem, entretanto,
preocupar-se com a ordem exata das “fases” de trabalho propostas, já que, como
bem salientou Bonsiepe (et al, 1984), “a metodologia não tem finalidade em si
mesma, é só uma ajuda no processo projetual, dando uma orientação no
procedimento do processo e oferecendo técnicas e métodos que podem ser usados
em certas etapas”, dessa forma o autor diz que o Designer deve ter o controle e a
decisão de qual a melhor alternativa a ser investida.
83
12.1 PAINEL DO USUÁRIO
O público-alvo escolhido para a realização do projeto da mesa e cadeira
pedagógica é constituído por crianças entre 4 e 6 anos de idade, em fase de
iniciação escolar. O perfil dessas crianças, representado pelo painel do usuário,
ilustrado na figura 28, é de crianças de classe média que apreciam os estudos,
brincadeiras, os amigos e a convivência familiar. São crianças que estão
desvendando o mundo, através de suas explorações diárias, tanto na escola, como
durante o convívio social. Praticam atividades como: desenho, pintura, colagem,
brincadeiras pedagógicas, leitura com ajuda dos pais ou professores e iniciação à
escrita. Além disso, apreciam cores vibrantes e chamativas.
84
Figura 28: Painel do Usuário
Fonte: Autoria própria, 2010.
85
12.2 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS E DEFINIÇÃO DO PROJETO
Para tornar possível a realização do projeto da Mesa Pedagógica Infantil,
foram realizadas algumas alternativas, as quais foram sendo transformadas de
acordo com as necessidades e viabilidades técnicas existentes.
A princípio, a preocupação principal era o formato, a estética da mesa e dos
bancos a serem projetados. Após realizar pesquisas acerca do mobiliário escolar
infantil em sites, revistas e nas escolas em que foram realizadas as pequisas de
campo, algumas idéias foram surgindo. A primeira idéia foi fazer a mesa e os
bancos, de maneira que ficassem acoplados um no outro. Ao mesmo tempo a mesa
seria redonda e o banco acompanharia esse formato. A idéia surgiu pensando na
necessidade de fazer um móvel que agradasse as crianças e, possuindo formato
orgânico, poderia atender essa expectativa. Depois de fazer o primeiro esboço a
lápis, algumas questões começaram a surgir. A principal delas foi com relação ao
processo de fabricação, em vista do tipo de material que se pensou em fazer. A
primeira idéia foi fazer o móvel em polietileno, visto que esse material é resistente,
pode ser produzido em diversas cores, possui boa aparência estética, e,
consequentemente, se torna atrativo para as crianças. Porém, ao pesquisar sobre o
custo do móvel nesse material e o processo produtivo, optou-se por substituí-lo pelo
MDF, que é um material resistente, mais conhecido e mais acessível
economicamente.
Por conta do tipo de material já especificado a “estética” do produto já foi
sofrendo alterações. Pensando em facilitar o processo de fabricação e ao mesmo
tempo, evitar “perda de espaço”, já que o tampo da mesa ocuparia grande área se
fosse redondo, foi decidido que o formato do móvel passaria a ser retangular,
possuindo apenas os cantos arredondados para evitar possíveis acidentes com as
crianças.
A idéia de fazer a mesa acoplada com os bancos surgiu ao observar algumas
formas geométricas. Um dos exemplos que contribuiu para isso pode ser observado
na figura 29.
Após estabelecer a idéia da mesa retangular, com cantos arredondados e que
fosse acoplado aos bancos, chegou-se a geração de algumas alternativas, que
foram sendo modificadas ao longo do projeto.
86
A idéia da primeira alternativa, gerada no programa Sketch up, era fazer uma
mesa pedagógica em formato de “T”, presa sobre uma plataforma de 10 cm de
altura, que contivesse dois bancos grandes em formato de “baú”, como pode ser
verificado na figura 30. Os bancos, além da função “sentar”, também poderiam ser
utilizados para guardar os brinquedos das crianças. Porém, ao visualizar a
alternativa, achou-se que a forma ficou “esteticamente pesada”, visto que os baús
teriam que ter mais ou menos 80 cm de largura cada, para que pudessem ser
utilizados por 2 crianças de cada lado, ao mesmo tempo. Além disso, o assento, que
também teria a função de tampo do baú, ficaria muito pesado para as crianças e
poderiam causar um acidente, quando estas tentassem abrir a fim de guardar ou
pegar algum brinquedo.
Como um dos objetivos do móvel era que contivesse um espaço para guardar
materiais, optou-se por substituir a sugestão do “banco baú” pela idéia de fazer o
banco retangular, com uma prateleira na parte inferior. Os pés passaram a ser
quadrados, com uma espessura menor que a base da mesa e maior que seu tampo.
Isso manteve a função de guardar materiais e conferiu um aspecto mais moderno e
leve ao móvel. A mesa manteve o formato em “T”, e acrescentou-se uma prateleira
na parte inferior desta, com a mesma função. A mesa manteve-se localizada sobre a
plataforma de 10 cm de altura. Além disso, surgiu a idéia de fazer uma espécie de
“rasgo” no tampo da mesa, que serviria para guardar lápis, borracha, entre outros
pequenos objetos que as crianças costumam perder. Essa alternativa pode ser
conferida pela figura 31.
Na alternativa 32 manteve-se a mesma idéia, porém o tipo de pés da mesa foi
modificado e, conseqüentemente, a prateleira também. Manteve-se o “rasgo” na
parte superior do tampo da mesa.
Ao observar que a prateleira poderia atrapalhar a movimentação das crianças
ao se sentarem, optou-se por retirá-lá e voltar com a primeira idéia do pé fixo no
tablado, acrescentando uma espécie de “porta lápis” ao lado dos pés, como pode
ser verificado na figura 33.
O Círculo colorido no centro da mesa, presente em todas as alternativas,
partiu da idéia de fazer uma espécie de “roleta de jogos”, em que apenas o círculo
giraria em um eixo que ficaria abaixo da mesa. Este círculo ficaria rente a mesa
possuiria um dispositivo que travaria seu movimento quando as crianças estivessem
jogando. A idéia foi abandonada, pois além de não apresentar uma função
87
considerada importante, restringiria a utilidade da mesa, caso as crianças quisessem
utilizar uma superfície lisa para desenhar, por exemplo.
As alternativas foram estudadas pela aluna, juntamente com a professora
Elenise, que leciona a Matéria de Projetos na UTFPR. Observaram-se
características positivas e negativas em todas as propostas e buscou-se aliar as
idéias mais viáveis. A professora observou que a idéia do “rasgo” no tampo da
mesa iria atrapalhar os alunos que quisessem utilizar o espaço para desenhar ou
escrever, visto que a mesa deveria ser utilizada por 4 crianças. Sugeriu-se que o
tampo fosse liso e que mantivesse a idéia do “porta-lápis” na lateral, acrescentando-
se gavetas pequenas no móvel.
Também foi observado que seria mais viável retirar o tablado do móvel, já que
este poderia causar acidentes para as crianças, além de perder a flexibilidade para
movimentação do móvel. Essa idéia proporcionou o acréscimo de mais uma
funcionalidade para o móvel, a de ser utilizado também como estante, bastando para
isso, colocá-los um sobre o outro, de maneira que os assentos dos dois bancos se
encontrassem.
Os “porta lápis” foram modificados, substituindo as “caixinhas” por porta-lápis
esteticamente mais interessantes, diante da possibilidade de comprá-los
separadamente. A parte inferior da mesa ficou livre e seus pés mantiveram a forma
retangular, porém optou-se por aumentar a espessura, a fim de proporcionar um
impacto maior. A figura 34 ilustra a alternativa final.
Além da professora Elenise, durante o processo de geração de alternativas,
foram levados em consideração as opiniões de amigos, familiares e do marceneiro
da UTFPR, Sr Francisco, levando em consideração os resultados obtidos pela
pesquisa realizada anteriormente com os professores e alunos dos Centros de
Educação Infantil.
88
.
Figura 29: formas geométricas acopladas
Fonte: http://www.romelhoartesvisuais.blogspot.com/
Figura 30: Alternativa 01
Fonte: Autoria própria, 2010.
89
Figura 31: Alternativa 02
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 32: Alternativa 03
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 33: Alternativa 04
Fonte: Autoria própria, 2010.
90
Figura 34: Alternativa 05
Fonte: Autoria própria, 2010.
12.2.1 Escolha dos Jogos Pedagógicos
Considerando que a mesa pedagógica a ser construída teria a função
principal de estimular a desenvolver a aprendizagem das crianças de 4 a 6 anos,
pesquisou-se jogos pedagógicos que poderiam satisfazer essa necessidade.
Constatou-se que existe uma infinidade de tipos de jogos para essa idade,
como quebra-cabeças, jogo da memória, trilhas, jogos de encaixe, jogos que
estimulam a escrita, a contagem, a identificação de números, cores, dentre outros
tipos. Alguns exemplos de jogos pedagógicos puderam ser conferidos nas figuras 5,
6 e 7.
Após pesquisar os tipos de jogos pedagógicos e suas funções, pensou-se em
como inseri-los na mesa. Foi então que surgiu a idéia de selecionar os jogos fixos
(de tabuleiro por exemplo) para que pudessem ser colados na mesa de modo que
apenas suas peças fossem soltas.
Os jogos escolhidos foram: o jogo de xadrez (figura 35), o jogo da velha
(figura 36), a trilha de números (figura 37) e a trilha do alfabeto (figura 38).
O jogo de xadrez foi escolhido porque ele contribui para o desenvolvimento da
memória, da capacidade de concentração e da velocidade de raciocínio.
91
De acordo com Vaz (2009), em estudo realizado na Alemanha Oriental,
comparando o desenvolvimento de grupos de estudantes de diversas idades,
separando-os em dois grupos: os que jogavam e os que não jogavam Xadrez,
concluiu-se que:
o O Xadrez estimula a atividade intelectual e estabiliza a personalidade de
crianças e jovens durante seu crescimento. Isso é evidente, sobretudo, na
puberdade: crianças que jogam Xadrez apresentam menos crises decorrentes
das transformações dessa fase etária do que as que não jogam.
o O raciocínio lógico e a capacidade de cálculo são estimulados, produzindo
excelentes resultados no desempenho escolar, com destaque particularmente
notável nos casos da Física e da Matemática.
o Em aspectos gerais, os alunos que jogam Xadrez apresentam nítida
superioridade em força de vontade, tenacidade, memória e concentração.
o O Xadrez ensina a criança a avaliar as conseqüências dos seus atos,
tornando-as mais prudentes e responsáveis.
Ainda de acordo com Vaz (2009), em pesquisas realizadas na Inglaterra, chegou-
se à conclusão de que a concentração e a habilidade em formular e posteriormente
concretizar planos no tabuleiro contribui significativamente para a tomada de
decisões e execução das mesmas. No caso das crianças e jovens, o Xadrez
estimula o desenvolvimento intelectual; no caso dos adultos e idosos, o Xadrez
contribui preservando por mais tempo a agilidade mental.
O jogo da velha teria se originado na Inglaterra, quando nos finais de tarde,
mulheres se reuniriam para conversar e bordar. As mulheres idosas, por não terem
mais condições de bordar em razão da fraqueza de suas vistas, criaram este jogo,
que passou a ser conhecido como o da "velha". Este jogo é ideal para o estimular o
raciocínio lógico das crianças, além de discriminar posição, estabelecer
comparação, utilizar os planos vertical, horizontal e os eixos cartesianos e formular
estratégias.
O jogo da trilha de números auxilia a criança a identificar as seqüências
numéricas, além de estimular a contagem. Já a trilha do alfabeto, auxilia a criança a
identificar a seqüência das letras do alfabeto e sua representação.
92
Os quatro jogos foram inseridos em um papel com a seguinte disposição: o
jogo da velha e o jogo de xadrez ficaram no centro de um fundo amarelo retangular
e as trilhas ficaram dispostas nos cantos da folha. Esta disposição, que pode ser
conferida pela figura 39, foi escolhida para que as quatro crianças pudessem utilizar
os diferentes jogos ao mesmo tempo, podendo jogar em dupla, com o adversário ao
seu lado, ou em dupla com o adversário à sua frente, no caso dos jogos de xadrez e
jogo da velha. No caso das trilhas, há a possibilidade das crianças jogarem em
dupla, trio ou em quatro pessoas. A figura 40 ilustra o resultado da aplicação dos
jogos na mesa pedagógica.
Figura 35: Jogo de Xadrez
FONTE: www.google.com.br/imagens
Figura 36: Jogo da velha
FONTE: www.google.com.br/imagens
93
Figura 37: Jogo da trilha de números
FONTE: www.google.com.br/imagens
Figura 38: Jogo da trilha do alfabeto
FONTE: www.google.com.br/imagens
94
Figura 39: Montagem dos jogos para mesa pedagógica
FONTE: Gustavo e Lucas, 2010.
Figura 40: Aplicação da Figura na Mesa Pedagógica.
Fonte: Autoria própria, 2010.
95
12.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA MESA PEDAGÓGICA
A primeira etapa do processo de fabricação da mesa foi o “pré-corte” na Serra
Circular, ou seja, o corte das peças da mesa e dos bancos, deixando dois
centímetros de sobra, para posterior acerto. Após essa etapa, as chapas foram
cortadas na medida exata em que seriam montadas (fig. 41). Estas peças foram
separadas (fig. 42).
Primeiramente optou-se por fazer o tampo da mesa pedagógica. Como o
tampo teria que ter 30 mm de altura, foi necessário fazer uma espécie de “quadro”,
em sua parte inferior. Para tanto, foi necessário cortar cinco ripas de madeira, as
quais foram coladas, furadas (fig. 43) e parafusadas (fig. 44) na parte inferior do
tampo de 15 mm. Estas ripas ficaram dispostas rentes ao tampo e uma delas foi
fixada no centro deste, para que a estrutura ficasse firme. (fig. 45).
Para a confecção dos pés da mesa, primeiramente cortaram-se os cantos das
4 peças, formando uma espécie de “dente” que encaixaria na parte inferior da
mesa(fig. 46 e fig. 47). Com o objetivo de fazer com que o pé da mesa obtivesse os
100 mm de espessura, uma peça em “L” foi parafusada entre as duas peças que
estruturavam os pés. Essa peça em “L” foi colocada voltada para o interior do pé da
mesa, de maneira a deixar um espaço para a entrada da gaveta e oferecer apoio a
esta (fig,. 48). Para finalizar o pé da mesa, as duas peças restantes foram
parafusadas, de maneira a formar uma espécie de “caixa” (fig. 49). Depois de
prontos, os pés foram encaixados na parte inferior da mesa (fig. 50).
O passo seguinte foi o “arredondamento” dos cantos da mesa. Desenhou-se o
raio de 50 mm nos cantos do tampo (fig. 51). Depois disso, com ajuda de uma serra
de mão, as bordas foram arredondadas (fig. 52). O acabamento foi dado utilizando
uma lixadeira automática e posteriormente, uma lixa simples. (fig. 53).
Os porta-lápis foram comprados em uma loja especializada em objetos para
artesanato. Estes foram colados na parte externa dos pés da mesa. Primeiramente
marcou-se a altura da posição dos mesmos e contornou-se a peça com um lápis.
(fig. 54). Depois, passou-se cola de contato nas partes inferiores dos porta-lápis (fig.
55) e nas partes externas dos pés da mesa. Esperou-se secar alguns minutos (fig.
57) e então foi realizada a colagem das peças (fig. 58).
Para a confecção dos bancos primeiramente foi feita a marcação da
disposição dos pés e da divisória interna com lápis (fig. 59). Depois, os pés foram
96
parafusados sobre o assento. A prateleira foi colada e a divisória interna parafusada
por cima do tampo. Para aumentar a espessura dos pés, colaram-se duas ripas de
madeira entre as duas chapas que formam o pé. A Figura 61 mostra o banco quase
finalizado. Como os pés do banco estavam presos somente com cola de contato, foi
necessário utilizar grampos, que foram prendidos de maneira a unir o “sanduíche” de
chapas (fig. 62).
As peças permaneceram presas por um período de 24 horas. Depois disso,
passou-se para o processo de finalização - o acabamento curvado dos pés.
Primeiramente desenhou-se o raio a lápis (fig. 63). Depois, utilizou-se a serra de
mão para recortar a chapa (fig. 64 e 65). O detalhe da curva pode ser conferido pela
figura 66.
É importante lembrar que os bancos podem ser dispostos de maneira a
formar uma estante infantil, bastando para isso, colocá-los um sobre o outro. (fig.
67). A fixação, nesse caso, é dada através de parafuso. Os bancos também podem
ser dispostos de maneira que os assentos se encontrem, transformando em uma
nova estante. Sua fixação, nesse caso, seria com velcro, o qual também possui a
função de fixador das almofadas do banco.
A estrutura da mesa pedagógica completa pode ser observada na figura 68.
As espumas foram adquiridas na própria Universidade. Posteriormente foram
cortadas no tamanho aproximado do assento dos bancos, com o intuito de deixar
uma pequena “folga” para sua posterior colocação. O estofamento das almofadas
para o banco foi um dos únicos serviços terceirizados no processo produtivo. A
fixação destas foi dada através da colagem de faixas de velcro na parte inferior das
almofadas, bem como na superfície do assento dos bancos.
O acabamento do móvel foi dado com lixa e a posterior utilização de primer.
Após a secagem do primer, a superfície do móvel foi lixada novamente até que
ficasse totalmente lisa para o recebimento da tinta. A tinta esmalte sintético “alto
brilho” foi aplicada nas cores vermelho, azul e amarelo (cada cor aplicada em suas
respectivas superfícies, determinadas no desenho) em três demãos. Cada demão
exigiu um período de aproximadamente 8 horas de secagem. Durante o processo da
pintura, tomou-se cuidado para que não as outras superfícies não fossem borradas
com cores diferentes das estabelecidas. Para isso, foi necessário colocar fita crepe
nos cantos do móvel e proteger algumas áreas com papéis, cada vez que a cor da
tinta era mudada.
97
A imagem dos jogos foi impressa em vinil devido ao fato de possuir facilidade
de limpeza, melhor acabamento e durabilidade. Além disso, a colagem de um
adesivo próprio para a mesa foi descartada, pois exigiria ajuda profissional, além de
encarecer o custo, sem necessidade.
A colagem do vinil foi feita com cola de contato. O resultado final da mesa
pronta pode ser conferido através da figura 69.
Figura 41: Pré-corte da chapa de MDF
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 42: Separação das chapas cortadas
Fonte: Autoria própria, 2010.
98
Figura 43: Furação das chapas de MDF
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 44: Parafusando a chapa de MDF
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 45: Quadro interno do tampo da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
99
Figura 46: Chapas de MDF cortadas e furadas - Pés d a mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 47: Disposição dos pés encaixados na parte i nterna da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 48: Fabricação do pé da mesa-peça em “L”
Fonte: Autoria própria, 2010.
100
Figura 49: Fabricação do pé da mesa-“caixa” pronta
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 50: pés encaixados na mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 51: Arredondamento dos cantos da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
101
Figura 52: Corte para Arredondamento dos
cantos da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 53: Lixamento dos cantos da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 54: Marcação da altura do Porta-lápis
Fonte: Autoria própria, 2010.
102
Figura 55: Passando cola de contato na peça
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 56: Cola de contato na parte externa dos pés da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 57: Processo de secagem das peças
Fonte: Autoria própria, 2010.
103
Figura 58: Porta-lápis após colagem
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 59: Marcação da disposição dos pés sob o tam po da mesa
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 60: Assento sendo parafusado sobre os pés do banco
Fonte: Autoria própria, 2010.
104
Figura 61: banco montado
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 62: Grampos prendendo os pés do banco
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 63: Desenho da curva dos pés
Fonte: Autoria própria, 2010.
105
Figura 64: Corte da curva dos pés
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 65: Corte da curva dos pés
Fonte: Autoria própria, 2010.
106
Figura 66: Pé após o corte curvado
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 67: Disposição dos bancos formando a estante infantil
Fonte: Autoria própria, 2010.
107
Figura 68: Estrutura do móvel pronta
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 69: Mesa Pedagógica pronta
Fonte: Autoria própria, 2010.
108
12.3.1 Escolha das cores para o Conjunto de Mesa Pedagógica e bancos infantis
Durante a pesquisa de campo feita com as crianças e professores, uma das
perguntas realizadas foi com relação à preferência das cores na mesa e banco
infantil. Além de levar em consideração a opinião das crianças, que optaram por
cores vivas na maioria dos casos, também levou-se em consideração a opinião dos
professores, que algumas vezes, optaram por cores mais “calmantes”. Além disso,
tomaram-se como base, pesquisas com relação ao significado das cores,
procurando oferecer ao móvel um aspecto alegre, divertido, harmônico e atraente
aos olhos das crianças. As cores que melhor atenderam aos critérios propostos
foram: o azul, o amarelo e o vermelho. Além de serem cores que agradam tanto
meninos, quanto meninas, podendo ser utilizadas para ambos os gêneros. Trata-se
de cores vibrantes, alegres, comunicativas e atraentes.
O azul é uma cor fria e segundo estudiosos, é a cor do sonho, da fidelidade,
da água e da aristocracia. Possui apelo racional associado à inteligência e ao
raciocínio. É relacionado à imensidão do céu, às águas claras e à espiritualidade,
provocando sensações refrescantes. Permite o relaxamento, o alívio de tensões e a
calma. Essa cor foi utilizada nos pés da mesa e nos pés de um dos bancos. Foi
utilizada em grande quantidade por ser uma das cores preferidas por adultos e
crianças, além de trazer sensação de calma, sem perder o “colorido” que representa
a infância.
O amarelo é simbolicamente associado à luz, ao sol, à consciência, à
extroversão e à alegria de viver. Também está ligada à idéia de nobreza, riqueza
material e espiritual. Foi utilizado no tampo da mesa, nos pés de um dos bancos e
em dois dos porta-lápis. Essa cor foi escolhida pelo fato de as imagens dos jogos já
possuírem cores fortes e coloridas, necessitando de um fundo mais claro para
contrastar, porém sem deixar de perder a “alegria” e a vivacidade infantil.
O vermelho está relacionado à força da vida, ao coração, á nobreza, ao fogo,
à proibição. É uma das cores preferidas pelas crianças e por ser a cor da
criatividade, da alegria e do dinamismo é considerada como a cor da infância.
(PASTEUREAU,1997). Foi utilizado nos assentos dos bancos (tanto na estrutura,
quanto no revestimento em corino) e em dois porta-lápis, a fim de contrastarem com
as outras cores existentes no móvel (amarelo e azul) e oferecerem um aspecto
vibrante e chamativo ao mobiliário. Procurou-se não utilizar esta cor
109
exageradamente para que o móvel não trouxesse sensação de agitação/inquietação
nas crianças.
12.4 MEMORIAL DESCRITIVO DO MÓVEL
O projeto de móveis infantis para crianças de 4 a 6 anos de idade contém:
- 1 mesa com tampos arredondados, medindo 1000x600mm; h= 500 mm;
- 2 bancos de 820x320 mm; h= 300mm;
- 4 porta-lápis, medindo 210x85mm; h=175mm;
A mesa pedagógica infantil é feita de MDF, possuindo 2 pés retangulares de
470 mm, que se encaixam abaixo do tampo retangular com cantos arredondados. A
mesa possui 4 porta-lápis coloridos, distribuídos da seguinte maneira: 2 porta-lápis
na parte externa do pé direito da mesa ( sendo um vermelho e o outro amarelo) e 2
porta-lápis na parte externa do pé esquerdo da mesa, possuindo as mesmas cores.
Os porta-lápis são feitos de MDF e possuem em sua extremidade superior o
desenho de uma estrela vazada, o que ofereceu ao móvel um aspecto ainda mais
infantil e lúdico. Eles podem ser utilizados para guardar lápis coloridos, giz, tesouras,
colas ou outros objetos, como agendas e cadernos de desenho. A mesa também
possui 4 pequenas gavetas, podendo ser utilizadas para guardar pequenos objetos,
como as peças dos jogos existentes na mesa.
A mesa possui 4 jogos diferentes: 1 trilha do alfabeto, 1 jogo da velha, 1 jogo
de xadrez (que também pode ser utilizado para jogar damas) e 1 trilha de números.
Estes jogos podem ser utilizados pelas crianças, tanto em dupla (no caso do
jogo da velha e jogo de xadrez) como em trio ou em 4 pessoas (no caso das trilhas).
Procurou-se distribuir estes jogos de maneira a facilitar sua utilização pelas crianças
e de aproveitar o espaço oferecido pela mesa: os jogos que geralmente são jogados
em dupla estão dispostos no centro da mesa, um em cada extremidade. Dessa
maneira, as crianças que sentarem-se em dupla poderão jogá-los facilmente. Já os
jogos que contém as trilhas, estão dispostos nos cantos direito e esquerdo da mesa,
podendo ser jogados em dupla (dois jogadores sentados do mesmo lado da mesa
ou cada jogador em um lado da mesa), em trio ou em quatro crianças, podendo
alternar os lugares.
A superfície lisa da mesa oferece a possibilidade das crianças a utilizarem
apenas como apoio, para desenho e pintura.
110
Os bancos também foram feitos de MDF, possuindo 2 pés quadrados cada,
com um acabamento arredondado no apoio. Os bancos possuem prateleiras
internas que podem ser utilizadas para guardar mochilas ou materiais escolares. O
assento possui uma almofada feita de espuma e revestida em corino vermelho,
fixada com velcro, o que ofereceu maior conforto para as crianças.
Além de possuírem a função de sentar, os bancos também podem ser
utilizados como estante infantil de duas maneiras:
- Se forem colocados um sobre o outro, de maneira que seus assentos se
encontrem (fig. 70), a fixação se dará através do próprio velcro existente no assento.
É interessante observar que a estante infantil obtém um jogo de cores interessante.
- Se forem colocados um sobre o outro normalmente, na mesma posição “de pé”, a
fixação deverá ser feita com parafusos. Observa-se que o aspecto da estante muda
totalmente, ficando mais harmoniosa e ganhando mais uma prateleira, o próprio
assento do banco.
Percebe-se que nos dois casos as almofadas deverão ser retiradas para tal
finalidade.
A mesa pedagógica infantil possui um aspecto alegre, com cores primárias e
vivas. É um móvel especialmente voltado para crianças na faixa etária de 4 a 6
anos. A mesa mostra-se extremamente funcional e pedagógica, já que os jogos
estimulam o desenvolvimento das crianças e socializam as mesmas. É importante
lembrar que na fase da infância é muito importante as crianças terem contato com
outras crianças da mesma faixa etária, já que elas devem se comunicar, aprender a
dividir, a brincar juntas, respeitar regras, aprender a ganhar e a perder.
Além disso, observa-se que os bancos oferecem conforto às crianças,
característica pouco encontrada nos móveis escolares atuais. Outra característica
que foi levada em consideração ao fabricar o móvel infantil, foi com relação à
segurança, buscando sempre arredondar os cantos do móvel para evitar possíveis
acidentes.
A figura 72 ilustra a representação da inserção da Mesa pedagógica em um
quarto infantil, demonstrando que o móvel também pode ser de uso residencial. As
figuras 73 e 74 ilustram a representação da mesa pedagógica em uma sala de aula.
111
Figura 70: Bancos sendo utilizados como estante inf antil
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 71: Bancos sendo utilizados como estante inf antil
Fonte: Autoria própria, 2010.
112
Figura 72: Inserção da Mesa Infantil pedagógica no Quarto de uma criança
Fonte: Autoria própria, 2010.
Figura 73: Esboço da Inserção da Mesa Infantil peda gógica em uma sala de aula
Fonte: Autoria própria, 2010.
113
Figura 74: Inserção da Mesa Infantil pedagógica em uma sala de aula
Fonte: Autoria própria, 2010.
13 ANÁLISE DE USO
Após a confecção do protótipo o móvel foi testado por duas crianças com
idade de 04 e 07 anos. Apesar do mobiliário ser voltado para crianças de 04 a 06
anos, foi possível perceber que também pode ser utilizado por crianças de outras
idades. A reação das crianças ao utilizarem a mesa pedagógica foi extremamente
positiva. Elas brincaram durante um período de 02 horas e se divertiram bastante.
Enquanto as crianças utilizavam o móvel, foi realizado um pequeno vídeo da sua
utilização. O resultado superou as expectativas, pois as crianças demonstraram, de
maneira espontânea, seu interesse e contentamento em utilizar a mesa pedagógica.
114
Figura 75: Mesa Infantil pedagógica
Fonte: Autoria própria, 2010.
115
Figura 76: Utilização da Mesa Infantil pedagógica
Fonte: Autoria própria, 2010.
116
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado foi de grande importância, pois envolveu pesquisas
muito valiosas acerca do universo infantil, as quais puderam dar suporte para o
desenvolvimento de um protótipo criado e desenvolvido pela própria aluna dentro da
Universidade.
Estudou-se acerca do desenvolvimento e aprendizagem infantil, dividindo as
fases em gradientes de desenvolvimento e observando suas principais mudanças,
além de observar os fatores que impulsionam o aprendizado. Também estudou-se
acerca da importância do lúdico na infância como um fator pedagógico e
fundamental na vida da criança, demonstrando seus diversos benefícios para o
desenvolvimento infantil. Além disso, estudou-se sobre o significado das cores, os
materiais utilizados para móveis escolares e sobre a ergonomia infantil.
Observou-se durante as pesquisas de mercado que existe uma variedade
muito grande de móveis infantis, no que diz respeito à diversidade de formas, cores
e materiais. Porém, estes móveis não são encontrados normalmente nas escolas e
creches da cidade, por possuir um custo elevado. Foi interessante observar que as
mesas e cadeiras infantis nessas instituições geralmente são padronizadas,
podendo ser encontradas, tanto em instituições públicas, como em instituições
privadas, sem muitas diferenças entre si.
Com relação à realização das pesquisas de campo nas escolas com
professores e alunos, foi uma oportunidade importante de conhecer as necessidades
das crianças e a opinião dos professores, que puderam sugerir maneiras de
melhorar o mobiliário. Percebeu-se que, tanto os professores, quanto as crianças,
deram extrema importância para as cores dos móveis, desejando móveis coloridos
no ambiente de estudo. Também foram observadas outras necessidades, como
ergonomia, conforto e funcionalidade.
As pesquisas de campo foram essenciais para o desenvolvimento do projeto,
pois foram através delas, é que as necessidades para sua realização foram listadas.
Um aspecto negativo encontrado durante as pesquisas, é que muitas escolas
mostraram-se receosas, muitas vezes, acreditando que a pesquisa faria uma
espécie de “fiscalização” dos móveis existentes ou da Instituição escolar. Outras
escolas exigiam um processo muito burocrático para a realização da pesquisa e
foram, portanto, descartadas.
117
Outro aspecto negativo é que não foi possível em nenhuma das escolas, tirar
fotos dos alunos utilizando as carteiras, pois deveria haver uma autorização dos
pais, que não estavam presentes no dia da pesquisa.
Por outro lado, algumas escolas foram muito receptivas com relação às
pesquisas e ao fornecimento de informações, como a Escola Colméias e a Escola
Jesus Menino, que enxergaram uma oportunidade de aproveitar o trabalho em
benefício próprio, valorizando o trabalho da aluna e oferecendo o suporte necessário
para sua realização, visando à possibilidade de comprar o protótipo posteriormente.
O interessante é perceber que durante a geração das alternativas, muitos
aspectos foram sendo observados e estudados, principalmente com relação à
viabilidade técnica, sendo modificados e aperfeiçoados com o tempo. Todos estes
estudos foram de extrema importância para a definição do projeto final. Mesmo
depois de ter definido o projeto, durante a confecção do protótipo, algumas
características foram modificadas a fim de facilitar e otimizar a fabricação, como por
exemplo a fabricação das almofadas soltas, que antes seriam estofadas junto à seus
respectivos bancos. Esta característica permitiu mais uma funcionalidade aos
bancos: utilizá-los como estante infantil.
Com relação à inserção do móvel na escola não foi possível realizá-la, em
vista da dificuldade de transportar o móvel até a instituição, sabendo-se que após
sua inserção, o móvel deveria ser transportado novamente para a Universidade no
dia da apresentação.
Foi possível notar durante o trabalho, que muitas idéias, quando modificadas,
em decorrência da falta de viabilidade técnica ou econômica, podem gerar novas
idéias que podem facilitar o desenvolvimento de um projeto e a fabricação de um
protótipo, sem deixar de manter sua qualidade e atender suas necessidades.
Uma sugestão de melhoria seria que o móvel pudesse ser feito em material
mais leve para facilitar o transporte, como polietileno ou chapa de bambu.
O Conjunto de mesa pedagógica infantil e bancos superaram as expectativas,
pois além de ser um móvel especialmente fabricado para crianças de 4 a 6 anos de
idade, possuindo preocupação com conforto (almofadas removíveis revestidas em
espuma), ergonomia (tamanho adequado da mesa e banco), estética (possuindo
cores alegres e vivas, além de motivos infantis), funcionalidade (possuindo espaços
para colocar objetos, tanto na mesa, quanto nos bancos), segurança (arredondando
os cantos da mesa e dos bancos) mostra-se pedagógica, oferecendo variedade de
118
jogos que estimulam o desenvolvimento das crianças e ajudam no processo de
socialização das mesmas. Por ser um móvel para 4 crianças, incentiva-se ainda
mais a socialização, visto que na fase pré-escolar é essencial as crianças terem
contato com outras crianças da mesma faixa etária, já que elas devem se
comunicar, aprender a dividir, a brincar juntas, respeitar regras, aprender a ganhar e
a perder. Dessa maneira, observando todos esses aspectos, é possível atingir o
objetivo principal do trabalho, que é o de estimular o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças na fase de iniciação escolar.
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