Tarcisio Torres Silva 57 Abciber

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 VIII Simpósio Nacional da ABCiber COMUNICAÇÃO E CULTURA NA ERA DE TECNOLOGIAS MIDIÁTICAS ONIPRESENTES E ONISCIENTES  ESPM-SP – 3 a 5 de dezembro de 2014 De volta à Natureza Selvagem: Imagem e Política nos Protestos Brasileiros de 2013 1  Tarcisio Torres Silva 2  PUC-Campinas Resumo Assim como outros protestos que as precederam globalmente, as manifestações que ocorreram no Brasil no ano de 2013 produziram uma grande quantidade de imagens que podem ser lidas à luz de um contexto de afeto e engajamento político. Neste trabalho, observamos a forma pela qual as imagens são articuladas dentro de narrativas de subjetivação que ora dialogam com os discursos de poder vigentes e ora transparecem possibilidades para um outro ser político. Neste último caso, identificamos nas imagens em movimento produzidas durante os eventos um potencial particular por revelar amarrações entre a essência natural dos indivíduos e as redes de comunicação por onde circulam. Palavras-chave: protestos no Brasil, biopolítica, imagem, essência natural, TICs. Introdução A Primavera Árabe, nome dado ao conjunto de mobilizações que marcaram a maioria dos países do norte da África no início do ano de 2011, foi o resultado do esgotamento de um modelo econômico, social e político-ditatorial predominante na maioria dos países do norte da África somado ao aumento do uso cívico da TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Sobre o assunto, muitos teóricos têm 1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Vigilância, Criptografia, Ativismo e Redes Sociais Federadas, do VIII Simpósio Nacional da ABCiber, realizado pelo ESPM Media Lab, nos dias 03, 04 e 05 de dezembro de 2014, na ESPM, SP.  2 Bacharel em Comunicação Social (ESPM) e Ciências Sociais (USP), mestre em Artes e doutor em Artes Visuais (UNICAMP), com período de estágio no departamento de Estudos Culturais do Goldsmiths College, Universidade de Londres. Professor da PUC-Campinas. tarcisio.silva@puc- campinas.edu.br  

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Política e redes sociais

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  • VIII Simpsio Nacional da ABCiber COMUNICAO E CULTURA NA ERA DE TECNOLOGIAS MIDITICAS ONIPRESENTES E ONISCIENTES ESPM-SP 3 a 5 de dezembro de 2014

    De volta Natureza Selvagem: Imagem e Poltica nos Protestos Brasileiros de 20131

    Tarcisio Torres Silva2 PUC-Campinas

    Resumo

    Assim como outros protestos que as precederam globalmente, as manifestaes que ocorreram no Brasil no ano de 2013 produziram uma grande quantidade de imagens que podem ser lidas luz de um contexto de afeto e engajamento poltico. Neste trabalho, observamos a forma pela qual as imagens so articuladas dentro de narrativas de subjetivao que ora dialogam com os discursos de poder vigentes e ora transparecem possibilidades para um outro ser poltico. Neste ltimo caso, identificamos nas imagens em movimento produzidas durante os eventos um potencial particular por revelar amarraes entre a essncia natural dos indivduos e as redes de comunicao por onde circulam.

    Palavras-chave: protestos no Brasil, biopoltica, imagem, essncia natural, TICs.

    Introduo

    A Primavera rabe, nome dado ao conjunto de mobilizaes que marcaram a maioria dos pases do norte da frica no incio do ano de 2011, foi o resultado do esgotamento de um modelo econmico, social e poltico-ditatorial predominante na maioria dos pases do norte da frica somado ao aumento do uso cvico da TICs (Tecnologias de Informao e Comunicao). Sobre o assunto, muitos tericos tm

    1 Trabalho apresentado no Grupo de Trabalho Vigilncia, Criptografia, Ativismo e Redes Sociais Federadas, do VIII Simpsio Nacional da ABCiber, realizado pelo ESPM Media Lab, nos dias 03, 04 e 05 de dezembro de 2014, na ESPM, SP.

    2 Bacharel em Comunicao Social (ESPM) e Cincias Sociais (USP), mestre em Artes e doutor em Artes Visuais (UNICAMP), com perodo de estgio no departamento de Estudos Culturais do Goldsmiths College, Universidade de Londres. Professor da PUC-Campinas. [email protected]

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    discorrido na tentativa de explicar a importncia da comunicao digital para as prticas polticas do mundo contemporneo.

    Nosso interesse nesse artigo propor uma articulao entre imagem,

    mobilizao social e redes sociais digitais. Assim, importante notar que o incio dos protestos desse perodo se deu a partir de um vdeo produzida na Tunsia. Trata-se das imagens de Mohamed Bouazizi, jovem vendedor ambulante tunisiano que na manh de 17 de dezembro de 2010 ateia fogo em si mesmo diante de um prdio do governo. Era a expresso de sua indignao por ser impedido pela polcia de vender suas verduras e frutas na rua, aps se recusar a pagar propina. Segundo Manuel Castells (2013:24-25), o primo do manifestante registrou a cena e distribuiu o vdeo pela internet que, seguido de outros suicdios e tentativas de suicdios, estimulou as pessoas a se manifestarem publicamente contra o governo por meio de protestos.

    O caso de Bouazizi bastante significativo para o que iremos explorar nesse artigo, pois alm de ser o evento que d incio s manifestaes dos pases rabes, tambm um caso de autoimolao em protesto contra o Estado. Trata-se da politizao da vida nua, quando toda e qualquer forma de mediao social se esvai, restando ao corpo a tarefa de expressar-se politicamente. Esse corpo, que to frequentemente observamos em ao performtica nos protestos contemporneos mobilizados pelas TICs, est no centro de nossas preocupaes para entendermos o papel da imagem no contexto poltico contemporneo.

    Interessa-nos o campo da imagem por considerarmos frutfera a sua associao com o campo da poltica, por entendermos que o sujeito poltico um sujeito guiado pelas emoes. Sendo assim, propomos compreender as possveis construes de sentido das imagens nos protestos contemporneos. Se a luta que est sendo estabelecida em diversas partes do mundo tem sido contra grandes instncias de poder, como o capital, o Estado e a mdia, consideramos que possamos trabalhar alguns significados construdos pelas imagens nos protestos brasileiros, mostrando continuidades com outros movimentos anteriores (Silva, 2012; 2013), assim como evidenciar algumas particularidades do caso brasileiro. Alm disso, as imagens so parte intrnseca das aes desses movimentos, pois perfazem boa parte dos contedos produzidos. So tambm fruto da potncia criativa dos ativistas, como nos coloca Castells:

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    O poder das imagens, assim como das emoes criativas provocadas pelas narrativas, ao mesmo tempo mobilizadoras e tranquilizantes, produziram um ambiente virtual de arte e significado no qual os ativistas do movimento podiam confiar para se conectar com a populao jovem em geral, transformando assim a cultura em instrumento de mudana poltica (CASTELLS, 2013:85).

    Feitas essas observaes, importante ainda deixar claro que o campo que gera a discusso dos movimentos sociais no Brasil o mesmo que permeia a problematizao de outros movimentos sociais contemporneos anteriores, dos quais a Primavera rabe um dos mais significativos. Em todos eles, nota-se o potencial poltico da produo de imagens que circulam em rede. essa caracterstica, alm de tantos outros paralelos que poderiam ser traados entre esses movimentos que gostaramos de explorar a partir de agora.

    Movimentos no Brasil

    Em junho de 2013, presenciamos uma srie de manifestaes pelo Brasil que surgiram, a princpio, como uma surpresa para a maioria dos governantes, mdia especializada e tambm a prpria populao. Nos dias que sucederam os primeiros atos, o discurso navegou do deslumbramento com as massas em polvorosa s crticas com os atos violentos que seguiam noite adentro depois das manifestaes pacficas. Aos poucos, os principais atores dessas manifestaes foram sendo desvendados, assim como suas demandas. A articulao inicial foi dada pelo MPL (Movimento Passe Livre) que, apesar da ampla visibilidade que ganhou com os protestos de junho, uma organizao que j desde 2005, quando foi fundado no Frum Social Mundial em Porto Alegre, defende a melhoria do transporte pblico, assim como sua gratuidade. Em junho, o MPL de So Paulo organizou passeatas contra o aumento da tarifa na cidade, desencadeando movimentos similares por centenas de cidades no pas. A rpida replicao do que estava acontecendo em So Paulo foi possvel graas prpria articulao em rede do MPL, que conta com coletivos em outras cidades no Brasil. A partir desses ncleos, protestos similares foram organizados, utilizando-se como base plataformas de redes sociais na internet.

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    Paralelamente principal reivindicao dos manifestantes, atuou com grande destaque tambm o grupo Mdia Ninja (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ao). Ele surgiu em 2011, a partir do Circuito Fora do Eixo, reunio de coletivos que trabalha na rea cultural por todo o Brasil. Organizado em rede, o circuito dispe de espaos coletivos permanentes (as chamadas Casas Fora do Eixo), mantendo-se por meio de organizao de eventos culturais e o compartilhamento de recursos financeiros gerados pelos participantes. As coberturas iniciais foram de eventos como a Marcha da Maconha e o evento Existe Amor em SP. Em 2012, o grupo enviou dois correspondentes ao Mato Grosso do Sul, para cobrir os protestos dos ndios guarani-kaiow (Bressane, 2013). O principal meio de divulgao o canal de transmisso ao vivo pela internet Ps-TV3, em que os participantes do Mdia Ninja transmitem em tempo real os eventos que presenciam. Em 2013, com as manifestaes de junho, o site tornou-se um dos principais instrumentos de divulgao independente dos eventos. No Brasil, assim como no resto do mundo, existem duas foras miditicas convivendo na cobertura dos conflitos. De um lado, a mdia especializada (tambm chamada de corporativa, vertical ou, simplesmente, de velha mdia). Do outro, indivduos ou grupos independentes (que por sua vez so chamados de mdia alternativa, horizontal ou livre) que cobrem os eventos com suas cmeras amadoras e transmisso via internet.

    Sabemos, porm, que a experincia de qualquer cidado no pas passou pelo consumo desses dois tipos de contedos, pois os limites so muito tnues para serem marcados com definio. O que existe so discursos, nem sempre unnimes, que colocam tais modos de contedos em conflito. Alguns profissionais da grande mdia questionam o valor das informaes transmitidas pelos ativistas, a falta de apuro e reflexo, alm da no checagem das informaes antes de transmitir determinadas opinies. J os ativistas acusam a mdia corporativa de falta de neutralidade, de dependncia financeira de anunciantes e governo, alm de ter um discurso retrgrado e pouco condizente com as novas geraes. O debate importante para sinalizar a presena de novos atores dentro do cenrio miditico no Brasil e no mundo. Porm, em grande medida, complexo, pois

    3 Disponvel em: . Acesso em 15 jul. 2014.

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    trata de contedos que o tempo todo esto em sinergia. Apropriaes so feitas de ambos os lados e o resultado o da pluralidade possibilitada pelo aumento das vozes que relatam um determinado fato. Como nosso intuito entender a articulao das imagens nos levantes brasileiros de 2013, faremos a opo de observar a produo de imagens de ambos os lados, tentando com isso minimizar eventuais distores que possam aparecer na anlise. Para tanto, selecionamos duas fotografias sobre as manifestaes de junho em So Paulo veiculadas pela Folha de S. Paulo e dois vdeos do Rio de Janeiro, um produzido coletivamente e outro veiculado pelo jornal O Globo, sem autoria clara. Observaremos que no conjunto geral, as imagens mostram cenas captadas por reprteres fotogrficos e ativistas, registrando o desenrolar dos fatos pelo pas. Cumprem, em ambos os casos, como dissemos, com um papel similar de narrar os fatos. Porm, um olhar mais apurado pode nos colocar frente a um debate que d s imagens em movimento um lugar particular, que pode nos auxiliar a entender melhor a mobilizao social que ocorreu em sequncia dos atos de violncia policial.

    So Paulo, 13 de junho de 2013

    A anlise dos fatos que se sucederam em So Paulo nessa data pode ser feita por meio de algumas imagens amplamente divulgadas durante os eventos. As figuras 1 e 2 foram divulgadas no mesmo dia, to logo surgiram as denncias de violncia policial contra os manifestantes. Posteriormente publicadas tambm na mdia impressa, as imagens traduzem de forma significativa a mudana de postura por parte do governo que decidiu a partir daquele momento reprimir os protestos, que j estavam na sua quarta edio em So Paulo, desde o incio de junho. A figura 1 mostra a jornalista da Folha de S. Paulo, Giuliana Vallone, atingida no olho juntamente com outro reprter fotogrfico da mesma empresa. Simbolicamente, fere os direitos da livre imprensa e todo o histrico de censura que viveu nosso pas. Em termos prticos, o ataque fsico imprensa induz a grande mdia elaborao de uma opinio mais concreta sobre os acontecimentos, assim como aumentar o espao para anlise e informao dos protestos.

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    A figura 2 mostra um casal annimo sendo agredido pela PM nas imediaes do MASP, na Avenida Paulista. Segundo a legenda da foto no site da Folha, a PM exigia com o ato que o casal sasse dali naquele momento. Selecionada como a principal dentre uma sequncia de quatro fotos (todas veiculadas no site), a imagem sugere um conflito claro com personagens bastante delimitados. De um lado, o manifestante de classe mdia, vtima e acuado. Do outro, a PM, violenta (com os dentes mostra, como um cachorro raivoso) e armada. Ao fundo, testemunhas (o pblico, o povo), assistem estarrecidas e com as mos sobre a boca cena de represso.

    Figura 1. A reprter da TV Folha Giuliana Vallone, atingida durante o protesto no dia 13 de junho por uma bala de borracha (Diego Zanchetta/Estado Contedo).

    Disponvel em: < http://f.i.uol.com.br/fotografia/2013/06/13/287566-640x480-1.jpeg>. Acesso em 15 jul. 2014.

    Figura 2. Policial agride casal, durante manifesto do dia 13 de junho de 2013, na avenida Paulista. (Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress)

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    Disponvel em: < http://f.i.uol.com.br/fotografia/2013/06/14/287642-900x548-1.jpeg>. Acesso em 15 jul. 2014.

    Para Lincoln Secco (2013), a divulgao da violncia policial nos protestos do dia 13 colaborou em grande medida para o que se sucedeu no pas. Antes do ato do dia 13, houve 3 outros atos (6, 7 e 11 de junho), com um nmero de manifestantes relativamente pequeno (os dois primeiros ficaram na casa de 2 mil). J no ato do dia 17 de junho, houve a participao de cerca de 250.000 pessoas. Segundo o autor:

    O ataque a jornalistas e a um movimento com a aparente composio social de classe mdia pode ter facilitado a solidariedade ao movimento. Acompanhando seu mercado, a direita miditica se viu forada a apoiar os manifestantes mas com sua prpria pauta. Por isso, o decisivo no foi a violncia, to natural contra trabalhadores organizados, e sim sua apropriao pela imprensa. (SECCO, 2013:74)

    Ao fazer isso, a mdia corporativa toca na essncia dos medos que afligem a classe mdia. Por colocar os corpos como esto, mostra a condio de fragilidade a que todos estamos expostos, quando colocados numa situao-limite com as tecnologias de poder. Segundo Brian Massumi (1993), os indivduos esto sujeitos s estratgias de biopoder na sociedade capitalistas e tais estratgias passam pela valorizao do medo, como um elemento constantemente presente no dia a dia das pessoas. O que vai delimitar os medos a que cada um est sujeito sua idade, gnero, preferncia sexual, raa, geografia ou qualquer nmero de distines valorizadas socialmente (MASSUMI, 1993:20). As duas fotos, por terem sido selecionadas, divulgadas e interpretadas dentro do ambiente miditico corporativo brasileiro, recebem a distino valorizada socialmente de classe-mdia. Ainda sob a lgica de Massumi, podemos dizer que o medo ento utilizado como uma estratgia de afronta ao poder executivo, representado pela figura da PM. Na sociedade neoliberal, o Estado deveria proteger, ou nas palavras de Michel Foucault, teria como tarefa fazer viver e deixar morrer (FOUCAULT, 2005, p. 287). Porm o que se mostra que ele fere, e ao assim fazer, ultrapassa barreiras da violncia socialmente aceitvel que, como nos lembra Lincoln Secco, passa pelo julgamento de classe no Brasil. Enquanto as fotografias acima nos fazem refletir sobre o potencial poltico-esttico que despertou a simpatia da classe mdia para com os eventos, observamos

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    que no caso das imagens em movimento que selecionamos, h uma construo narrativa que desafia tambm os sentidos. So vdeos produzidos e editados colaborativamente pelos ativistas durante a cobertura dos eventos ou publicados sem cortes nem edio, gerando um material bruto que gera credibilidade.

    A contraposio simplista e to comumente feita durante os eventos de 2013 entre imagens feitas por profissionais (no caso das fotografias mencionadas acima) versus imagens produzidas por cidados comuns, enfatizando positivamente as segundas por serem essas produzidas em um ambiente neutro, independente e participativo pode ser um tanto quanto arriscada, no momento em que inserimos juzo de valor sobre signos que disputam a ateno da audincia. As primeiras levam vantagem, pois tm o favorecimento de sua repercusso em mdias de grande de circulao, enquanto que as segundas tm divulgao mais limitada, ainda que constantemente apropriadas pela mdia corporativa, principalmente a televisiva.

    Nossa anlise, porm, tentar fugir dessa dicotomia enfatizando, sem contrapor, os modos de produo das imagens em movimento dos protestos. At porque em um dos exemplos dos vdeos no fica clara para ns a autoria do vdeo. Dessa forma, faremos uso de dois exemplos que tambm ganharam repercusso por envolver denncias que questionavam a atividade da polcia durante os protestos, dessa vez no Rio de Janeiro.

    Colaborao e flagrantes no Rio de Janeiro O primeiro exemplo trata-se de um confronto ocorrido entre a polcia do Rio

    de Janeiro e os manifestantes no dia 23 de julho de 2013. A passeata, que comeou de forma pacfica, saiu do Largo do Machado em direo ao Palcio de Guanabara, sede do governo. L o papa Francisco, em visita ao Brasil, recebia as boas-vindas das autoridades. A PM montou um bloqueio para impedir o acesso dos manifestantes. Quando esses derrubaram as grades que bloqueavam o acesso, comeou o confronto. Um episdio em particular chamou ateno durante esses conflitos. Um coquetel molotov atirado em direo PM e esta, prontamente, contra-ataca. Vrias pessoas so presas, mas apenas o manifestante Bruno Ferreira Teles passa a noite na delegacia, acusado de porte de coquetis. Na manh seguinte, com o apoio popular e falta de evidncias, a defesa de Bruno consegue o habeas corpus.

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    O fato seria mais um entre tanto casos de conflito entre polcia e manifestantes no fosse um detalhe: o vdeo4 produzido colaborativamente pelos manifestantes que cobriam o evento. Por meio da reconstruo das cenas, em ordem cronolgica, os ativistas propuseram uma narrativa que mostra que haviam policiais infiltrados entre os manifestantes. Entre eles, uma dupla de PMs teria atirado o coquetel contra seus colegas. A cena registrada, mostrando um sujeito com o rosto coberto e com camiseta preta estampada auxiliado por outro para acender o artefato. Em seguida, os fragmentos de vdeo mostram de vrios ngulos a mesma cena: um dos PMs tira a camiseta, enquanto seu parceiro carrega uma mochila. Passam ento pelo bloqueio policial, identificando-se. O udio original preservado na maioria das vezes, contribuindo para a ideia de multiplicidade de vozes, assim como para manter a referncia testemunhal dos fragmentos de vdeo. Em seguida, outros vdeos mostram a acusao da PM contra Bruno e sua priso5.

    Figura 3. Fragmento do vdeo colaborativo que sugere a participao de policiais no lanamento de coquetel molotov contra a prpria PM

    O segundo vdeo6 que selecionamos mostra a dificuldade de realizar uma anlise contraponto mdia corporativa e mdia alternativa, pois os discursos esto o tempo todo se fundindo, criando narrativas hbridas, com contedos que fazem auto-referncia uns aos outros. Trata-se de um vdeo divulgado pelo jornal O Globo, que

    4 Disponvel em: . Acesso em 14 jul.

    2014. 5 At o momento de concluso desse artigo, o que se pode apreender que a acusao

    contra os policiais estava sendo investigada, mas nada havia ainda de fato sido comprovado.

    6 Disponvel em: < http://www.youtube.com/watch?v=jLy_lFgISsA>. Acesso em 14 jul. 2014.

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    mostra, numa sequncia nica de pouco mais de quatro minutos, a abordagem de policiais a um grupo de manifestantes durante os protestos dos professores da rede municipal do Rio de Janeiro em 01 de outubro de 2013. No fica clara a autoria do vdeo, mas este poderia claramente ter sido produzido por um ativista (ou um jornalista independente) e posteriormente divulgado pelo jornal ou mesmo por um cinegrafista profissional. O material foi divulgado de forma bruta, sem edio ou narrador oculto. A nica interveno foi a insero do logotipo do jornal no canto esquerdo da tela.

    Por meio de vdeo, podemos notar que a cena novamente registrada por vrias pessoas em ngulos diferentes. A cmera que d origem ao vdeo em questo flagra com preciso o momento em que o policial derruba um morteiro na frente de um adolescente que estava sendo revistado, como forma de justificar sua priso em flagrante. Logo em seguida, um outro policial, que mais tarde seria identificado como o major Pinto, d voz de priso ao manifestante. A cena que se segue de indignao dos manifestantes, que acompanham a polcia caminhando pelas ruas do centro na tentativa de evitar a priso do colega. O vdeo gerou o afastamento dos policiais de suas funes at o momento em que o inqurito fosse concludo.

    Figura 4. Fragmento de vdeo que mostra policial militar atirando morteiro no cho.

    Os dois exemplos de imagens em movimento acima nos conduzem a refletir sobre o potencial poltico dessas imagens, quando comparadas ao primeiro bloco de imagens estticas. Enquanto que nas fotografias analisadas, parece haver uma marcao dos lugares, em que ficam claros os papis de opressor da polcia e de vtima dos manifestantes, no caso dessas imagens em movimento esses lugares no

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    esto to claros. Nas fotos que utilizamos como exemplo, a vtima exibida como frgil, inscrita dentro das circunstncias de opresso da qual no pode escapar. Nesse sentido, so imagens que esto inseridas dentro das polticas do medo que vo politizar os espaos miditicos dessa forma, provocando, como j argumentamos, a identificao da audincia com os movimentos por meio de narrativas de medo. J nas imagens em movimento selecionadas, o que observamos a pr-atividade dos sujeitos que figuram como o lado oprimido das cenas exibidas. No caso do vdeo colaborativo mostrando a ao do coquetel molotov, o sujeito narrador mltiplo e no aparece. Est oculto por trs das cmeras. Age como uma espcie de grande irmo s avessas, monitorando de forma onipresente os movimentos dos policiais. A narrativa, criada da forma como foi, ganha poder e desconstri a ideia do oprimido passivo. Ainda quando Bruno Teles mostrado estirado ao cho e depois preso, a cena ainda assim de resistncia. As cmeras brigam por espao e registram as vozes de seus donos confrontando a poltica e sua atitude intransigente. No segundo vdeo, temos a impresso de um cerco criado em torno da polcia por diversos manifestantes que filmam a cena com seus celulares. Direcionam suas falas para sugerir polcia o que pode ou no pode ser feito. A cmera na mo aqui um instrumento de poder, serve de artifcio e, como notamos principalmente neste caso, como prova de ao que foge da conduta correta por parte da polcia. Esse poder transformado em coragem que faz com que o sujeito que filma no se acue diante da polcia, seguindo-a enquanto esta carrega um dos integrantes do grupo. Nesse aspecto, gostaramos de propor que o que essas imagens esto produzindo uma transformao nos modos de subjetivao dos sujeitos polticos que agem pelas redes de comunicao. Elas criam narrativas que os colocam como sujeitos ativos das aes e que tornam menos claras as fronteiras entre opressor e oprimido. Funcionando dessa forma, contribuem para um reordenamento dos elementos visuais em circulao e, consequentemente, para o potencial de transformao da conduta dos prprios indivduos.

    A reinveno do sujeito e a volta natureza

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    Massumi j defendia a necessidade do sujeito se reinventar a fim de fugir das amarras do poder poltico construdo por meio do medo. Ainda que no seja possvel nos separarmos do medo, para o autor necessrio reinventar a resistncia. (Massumi,1993:ix). O que observamos que as imagens em movimento nos propem possibilidades para essa reinveno. Isso se d em funo da criao de espaos para a manifestao de um sujeito ativo digital, em contraposio passividade caracterstica da sociedade de massas.

    Essa transformao pode ser observada em funo da proliferao de vozes (to claramente observada no segundo vdeo, com diversas cmeras ligadas ao mesmo tempo), transformando o aparelho de registro em instrumento de poder. Os sujeitos ativos desafiam a conduta policial, investigam e questionam o que presenciam. Tal proliferao de vozes possibilitou, como vimos, que histrias fossem recontadas e condutas errneas fossem desmascaradas.

    Alm disso, compreendemos que a forma de fazer poltica nesses casos est vinculada existncia biolgica dos sujeitos. Notamos uma espcie de selvageria, uma volta natureza, quando observamos no s o registro, mas tambm a nfase dada a momentos em que o corpo posto em risco. Em um outro vdeo7 tambm de junho de 2013, por exemplo, uma ativista filma policiais trocando de roupa atrs de um camburo estacionado no meio de uma avenida. Ela narra a cena como uma prova de que os policiais estavam se infiltrando entre os manifestantes. Em seguida, um deles nota a filmagem e comea a perseguir a ativista. O que se segue uma cena de corrida, cmera trmula e o som de respirao ofegante. Ao fundo, ouve-se a voz do policial. Ela ento se esconde ao lado de algum e comenta: Tem um policial correndo atrs de mim. Arriscar-se, nesse sentido, um ato poltico. um desafio s estratgias polticas do medo.

    O que podemos notar na srie de manifestaes polticas em que se verifica a articulao de cidados por meio das TICs uma profunda crise poltica na representao democrtica. Desde o Ir em 2009, passando pelos eventos na

    7 FLAGRANTE POLICIAIS INFILTRADOS NA MANIFESTAO 17-06-13 #EstamosDeOlho.

    Disponvel em: < http://www.youtube.com/watch?v=lckL_dC_yck>. Acesso em 15 jul. 2014.

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    Primavera rabe (2010-2011), o movimento dos Indignados na Espanha (2011) e o Occupy Wall Street (2011) nos EUA, at chegarmos no Brasil em 2013, notamos que h uma grande insatisfao dessas populaes com os modelos de representao poltica que as cercam, da mesma forma como expressam os sinais claros de esgotamento do modelo econmico sustentado pelo capitalismo global.

    So em momentos de crise como esse que vivenciamos agora que parece haver um apego dos indivduos ao que lhe elementar, simples, que a sua prpria natureza. Natureza essa que, para Michel Maffesoli (2010), funciona como elo entre os indivduos, pois a partir dela que o senso de comunidade criado. O autor fala de coisas ligadas cultura popular e a multiplicidade das prticas cotidianas, especialmente as juvenis, que vivem serenamente num cosmos cujos diversos elementos entrecruzam-se harmoniosamente (MAFFESOLI, 2010:102).

    Nesse sentido, o apelo esttico de vdeos produzidos em manifestaes de contedos que exploram fatores elementares da natureza, favorece o senso de comunidade e a sensao de pertena. A fuga, a respirao ofegante, o corpo em risco (de morte, de priso e de flagelo) so exemplos da explorao esttica desses elementos. So maneiras de demonstrar que o simples fato de existir, de estar presente fisicamente, seja por meio de uma ocupao em uma praa em Madrid, seja pelo testemunhar de uma cena de violncia, so em si atos polticos. Lembrando o conceito de esttica da existncia de Michel Foucault, Maffesoli vai dizer que:

    (...) toda a educao moderna constitui em domar, bem cedo, a juventude e dela extirpar todo aspecto natural, toda selvageria. A tirar tudo que da origem, portanto original. Ou, empiricamente, de uma maneira vivida, no seio dessa simplssima vida cotidiana, v-se reaparecer o devir-animal que fica camuflado no crebro reptiliano de cada um e da sociedade em seu conjunto. Todas coisas prximas do que Michel Foucault chamava de esttica da existncia, que se ope ao poder biopoltico. Deslocamento que se transplanta do Ocidente, lugar da dominao, para o lado oriental. (MAFFESOLI, 2010:108)

    Assim, o que se nota que o devir animal reaparece nas manifestaes polticas recentes por todo o globo e a explorao da carne em ao transforma-se em um potencial esttico muito presente nesses eventos.

    H que se notar tambm que as imagens desse corpo fsico poltico que age nas manifestaes so compartilhadas em redes a partir das TICs. Nas redes, os afetos

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    trabalham no em funo de um enraizamento, de uma localidade, mas na ordem de fluxos. Sobre a relevncia das imagens nesses ambientes, Castells vai dizer que:

    Os movimentos (...) tm origem num apelo ao proveniente do espao de fluxos, que visa a criar uma comunidade instantnea de prtica insurgente no espao dos lugares. A fonte do apelo menos relevante que o impacto da mensagem sobre receptores mltiplos e inespecficos, cujas emoes se conectam sua forma e a seu contedo. O poder das imagens soberano. (CASTELLS, 2013: 162)

    Nesse aspecto, so construdas redes imaginadas que promovem o sentimento de partilha entre os indivduos nelas conectados. As redes so para Wendy Chun (2011) o espao por excelncia da atuao de uma potncia localizada em seus usurios que esto prontos para se mobilizar, em iminncia constante. Segundo ela as redes:

    (...) enfatizam o fluxo, o movimento, a adio e a eliminao constante de conexes: elas enfatizam os relacionamentos, e no as identidades. As redes ainda estruturam-se na crise em uma srie de agoras ou de agoras em potencial e no na atemporalidade. (CHUN, 2011: 111)

    Assim, a crise, que para Maffesoli promove o retorno natureza e essncia

    humana, encontra-se com a crise causada pela constante necessidade de questionamento da realidade promovida pelas redes, uma vez que os indivduos nela inseridos so encarados como multides inteligentes capazes de refletir e questionar sua realidade constantemente. Na crise, a elaborao de narrativas cujo corpo biolgico posto em evidncia colabora com a ideia de rede imaginada, pois favorece a partilha de um sensvel (Rancire, 2005) ou, nas palavras de Maffesoli (2010: 184), estimula a sensibilidade ecolgica dos indivduos em rede. Dessa forma, favorecem a mobilizao orquestrada da multido em eventos como os que presenciamos no Brasil. Alm disso, o fato de serem imagens em movimento que valorizam a ao do corpo e subvertem as relaes entre opressor e oprimido, faz com que os vdeos tambm favoream esse sentido de poder e de potncia dos usurios em rede. A potncia e o vigor da natureza humana que esto sendo evidenciados por meio das redes imaginadas encontram, em contrapartida, uma caracterstica que lhes coloca em um cenrio particular. Chun (2011) fala de um efmero persistente que seria caracterstico das redes. Um eterno retorno de mobilizaes que so importantes no momento em que acontecem, mas que em pouco tempo se esvaem. Para a autora,

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    este processo faz parte de uma transformao, ainda que no muito certa em seu formato concreto futuro.

    Concluses

    Em grande medida, diversos autores concordam que esses movimentos polticos de mobilizao social pelas redes, intensos e efmeros na sua essncia, tm como importncia a demonstrao de uma crise de representao e do esgotamento do modelo econmico-financeiro por que passam as sociedades contemporneas.

    A no concretizao das propostas no significa um fracasso perante as instncias de poder j estabelecidas, mas sim a evidncia de uma crise e da necessidade urgente de se repensar as prticas polticas, econmicas e sociais das naes. Ao colocar em destaque seus corpos em ao, os ativistas compartilham com a rede a potncia existente na essncia humana e a necessidade de haver esse resgate, como prope Maffesoli (2010).

    Talvez seja justamente esse o caminho para a reflexo das bases que reordenaro a ideia de democracia e representao poltica daqui em diante.

    Referncias BRESSANE, Ronaldo. Guerra dos memes. Revista Piau, junho de 2013. Disponvel em: < http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-82/esquina/guerra-dos-memes>. Acesso em 19 nov. 2013. CARVALHO, Janana. Aps suspeita de flagrante forjado no Rio, PMs so afastados de protestos. G1, 3 out. 2013. Disponvel em: < http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2013/10/apos-suspeita-de-flagrante-forjado-no-rio-pms-sao-afastados-de-protestos.html>. Acesso em 26 nov. 2013. CASTELLS, M. Redes de Indignao e Esperana. Rio de Janeiro, Zahar, 2013. CHUN, Wendy Hui Kyong. Imaginando Nmades. In. BEIGUELMAN, Giselle e LA FERLA, Jorge (org.). Nomadismos Tecnolgicos. So Paulo: Editora Senac, 2011. FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade. So Paulo: Martins Fontes, 2005. MAFFESOLI, Michel. Saturao. So Paulo: Iluminuras: Ita Cultural, 2010. MASSUMI, Brian. Everywhere you want to be: introduction to fear. In: MASSUMI, Brian (ed.). The Politics of Everyday Fear. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1993. PM acusada de infiltrar policial sem farda em protesto no Rio. G1, 23 jul. 2013. Disponvel em: . Acesso em 26 nov. 2013. RANCIRE, Jacques. A partilha do sensvel: esttica e poltica. So Paulo: Editora 34, 2005.

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