Sustentabilidade e mobilidade: avançando no contexto pós...

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Educação para o desenvolvimento sustentável 2 l 2012 Sustentabilidade e mobilidade: avançando no contexto pós-Rio+20

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Educação para o desenvolvimento sustentável

2 l 2012

Sustentabilidade e mobilidade: avançando no contexto pós-Rio+20

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2 CRIE I 2012

[Carta ao leitor]

Mais uma vez a Revista CRIE chega em suasmãos com um objetivo único: ser um dos ins-trumentos motivacionais pelos quais algumaspautas sobre “Educação para o Desenvolvi-mento Sustentável” possam ser insiradas noseu dia a dia.

Atitude sustentável começa em todo lugar:em casa, na escola, na empresa, na universi-dade. É nisso que acreditamos e por isso edita-mos esta publicação, capitaneada pelo CentroRegional de Integração e Expertise (CRIE). Nãoimporta se você é professor, profissional liberal,comerciário, industrial, estudante, dona decasa, sejamos todos parceiros praticantes e dis-seminadores da uma educação transformadora,que inclui, amplia, socializa conhecimentos emprol de um mundo mais justo, sustentável esolidário.

Fruto da união de esforços de colabo-radores da UFPR, UTFPR, PUCPR e SistemaSesi/Senai-Fiep, a própria Revista CRIE – Edu-cação para o Desenvolvimento Sustentável es-pelha uma diversidade de parceiros e de ações.Juntos somos mais efetivos. Por isso, mais umavez trazemos iniciativas e projetos desenvolvi-dos com o intuito de semear a desejada culturade desenvolvimento sustentável, falando deeducação, inovação, energia e empregabili-dade.

Muitas dessas iniciativas foram apresen-tadas pelos nossos representantes na Rio+20,a Conferência Internacional que novamentecolocou em discussão o planeta insustentávelque não queremos. Membros do CRIE mostramo que as universidades e o setores ligados aoSistema Sesi-Senai estão fazendo em prol dasustentabilidade, em todos os âmbitos de atua-ção: social, econômico e ambiental. Confiraaqui algumas dessas iniciativas, divulgue, coo-pere e compartilhe.

Leticia HoshigutiEditora executiva

Índice6

CRIE inauguraComitê Jovem

10Olimpíada do

Conhecimento

13Sustentabilidade

Social

16Educação

Empreendedora

18Ciclomobilidade e

a Universidade

22Despoluição do

Rio Belém

24Reciclagem e

processos sustentáveis

26Viabilidade da energia solar

28Pegada ecológica

de Curitiba

30Licitações mais

sustentáveis

36Crie na Escola

38Mitos da

Reciclagem

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Editorial

Revista dos parceiros do Centro Regional de Integração de ExpertiseAno 2 – Edição 2 – 2012

Coordenadora: Zióle Zanotto Malhadas - CRIE

Corpo Editorial:Eloy Fassi Casagrande Jr. – UTFPRMarcelo Risso Errera – UFPRMárcia Elizabeth Brunetti – PUCPRMarco Secco – Sistema Fiep Sesi/SenaiZióle Zanotto Malhadas – CRIE/CURITIBA

Editora Executiva e Jornalista Responsável:Leticia Hoshiguti – UFPR

Projeto Gráfico: Iasa Monique Ribeiro

Diagramação: Saulo Kozel Teixeira

Editoração: SK Editora Ltda.

Revisão: Tatiana de Albuquerque Montefusco eLúcia Burzynski Bialli – SistemaFiep/Sesi/Senai

Apoio: Patrícia Charvet e Sônia Parolin –Sistema Fiep/Sesi/Senai

Foto capa e contracapa: shutterstock.com

Apoio Institucional:UFPR, UTFPR, PUCPR, Sistema Fiep/Sesi/Senai

Tiragem: 10.000 exemplares

Impressão: Gráfica InfanteImpresso em papel Couche certificado

Distribuição: Gratuita

Sede do CRIE:Escritório Verde da UTFPR – Av. Silva Jardim, 80780230-901 – Curitiba – Paraná – BrasilE-mail: [email protected]

R egistramos significativa evolução daconscientização da importância da in-serção do tema “sustentabilidade” nas

propostas empreendedoras de vários segmen-tos da sociedade paranaense, incentivando aconstrução das bases sólidas para gerarmosum futuro efetivamente sustentável, por meioda continuidade do entusiasmo reativado aoensejo da Rio+20 – Conferência Global dasNações Unidas para o Desenvolvimento Sus-tentável (Rio-junho de 2012), o que muito nos alegra e estimula a persistir natrajetória iniciada logo após a Conferência ECO-Rio-1992, e na configuração daUN-DEDS – Década das Nações Unidas para a Educação para o DesenvolvimentoSustentável (2005-2014) .

Ao tentar mapear os avanços ocorridos nesses 20 anos, constatamos que ésignificativo o esforço de muitas pessoas, que se alinharam conosco e continuama semear a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, a exemplo dos mem-bros do CRIE e de seus parceiros do setor público e privado, cujos trabalhos vo-luntários os enobrecem e indicam aos jovens estudantes os caminhos dafelicidade, por meio do trabalho honesto e solidário.

Acreditamos que os nossos jovens colherão os frutos das iniciativas desucesso da presente geração de professores e empreendedores, desde que elesparticipem e levem adiante esse trabalho construtivo, capaz de alavancar novosprojetos e semear um futuro sustentável.

Assim, comunicamos, com satisfação, a criação do CRIE-Jovem, derivado doprojeto Studio-Cidades e Biodiversidade/UTFPR, que abre uma nova frente depesquisa e trabalho integrado, na forma de um comitê de estudantes volun-tários – uma vertente profícua que, a exemplo do que já ocorre em vários países,nos quais alguns dos 101 Centros Regionais de Expertise (membros da Rede In-ternacional coordenada pela UNU-IAS) já contemplam os primeiros resultadosda ação dinâmica interinstitucional dos seus jovens = Youth Committee.

A mobilidade urbana sustentável, exemplificada pela bicicleta, que é temacentral desta edição, descortina novos cenários para aqueles que se locomovema caminho das universidades e do trabalho empresarial e mostra as perspectivasdos projetos pertinentes à EDS, decorrentes da nossa reflexão sobre a “pegadaecológica”, o empreendedorismo, o clima, a saúde, a energia e a biodiversidade,questões-chave para a construção de uma sociedade sustentável, que é a metamaior do CRIE.

Comitê Editorial

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RIO+20e o dever dos educadores

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[ Rio +20 ]

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icar alerta! Tomar conhecimento doconteúdo da Rio+20 é dever doseducadores, dos cientistas e de

todos os cidadãos conscientes.Medidas mais ousadas das Institui-

ções de Ensino Superior, em parceria coma comunidade, deverão ditar as diretrizescomo a ciência, a tecnologia e a inovaçãopoderão ajudar na transição para um de-senvolvimento sustentável, a partir daRio+20.

A Rio+20 – Conferência das NaçõesUnidas sobre Desenvolvimento Susten-tável – propôs mudanças de princípios,de comportamentos e de direcionamen-tos. A meta foi conclamar todos oscidadãos para a execução da tarefa globalde preservação da vida neste planetaporque a hora é agora! – Não podemosmais postergar as mudanças, na vã espe-rança de que surgirá milagrosamente umsalvador, e nós todos permaneceremos ir-responsáveis, ou quando muito, apáticos.

Ao que tudo indica, teremos de repetiraté a exaustão que todos são responsáveispela degradação ambiental e degeneraçãosocioeconômica. Chamar a atenção diaria-mente, por meio dos meios de comunicaçãoe das escolas, pode ajudar a conscientizar apopulação, mas não é suficiente.

Mudança de comportamento e açãoefetiva em prol da sustentabilidade, com-promisso renovado diariamente, poderágerar resultados significativos. Caso con-trário, não teremos a quem apelar ou aquem culpar pelas desgraças e tragédias.

A comunidade científica chegou àRIO+20 com uma mensagem clara para asociedade, disse Dra. Lidia Brito, diretora dadivisão de Políticas Científicas da UNESCO –“Uma das grandes conclusões da comu-nidade científica do planeta é que en-tramos em uma nova era, o Antropoceno.

Uma era em que o homem é a maior forçaa conduzir os destinos do planeta. Por-tanto, há uma nova responsabilidade doponto de vista da humanidade em re-lação ao planeta. Outra conclusão é queo Antropoceno é uma era de inter-conexões, na qual tudo está interligado.Essa interconexão também ocorre em umponto crítico, que são as fronteiras plane-tárias. Nas mudanças que introduzimosno sistema planetário, estamos a atingiressas fronteiras interligadas. Não é só oaumento da temperatura isoladamente,nem a acidificação dos oceanos, nem aperda da biodiversidade de forma indi-vidual, mas é como tudo isso está ligado.”

Vivendo e aprendendo... para semear

o futuro sustentável: “Nosso trabalho nãoé só mudar os princípios, acrescentarnovos ou eliminar qualquer um deles.Todos os 27 princípios da Declaração doRio e os 40 capitulos da Agenda 21 (assi-nados na Rio-1992) são igualmente rele-vantes e válidos hoje, se não mais!”, disseSha Zukang, secretário-geral da Rio+20.Lembrando que há um novo paradigmapara a sustentabilidade global, que re-quer um cientista, um educador e umcidadão cada vez mais multidisciplinar emais participativo na sociedade.

Profa. Dra. Zióle Zanotto Malhadas, coordenadora do CRIE – RCE - Curitiba - Paraná

[email protected]

F

Evento Pós-Rio+20Reconhecendo que a ConferênciaMundial Rio+20 assinala um novomarco para o Desenvolvimento Sus-tentável, o CRIE e a UTFPR planejampara 2013 um evento para apreciarcompromissos acordados durantea conferência. Buscará incentivaros segmentos sociais, econômicose ambientais para somar esforçosna construção de novo modelo dedesenvolvimento sustentável. Aação preparatória recomenda co-nhecer detalhes da proposta “ZeroDraft”, editado pela ONU para nor-tear os debates – “Avaliando o progresso até o momento e as lacunas remanes-centes na implementação dos resultados das maiores cúpulas de desenvolvimentosustentável, e abordando desafios novos e emergentes.” Saiba mais em www.unesco.org/new/pt/rioplus20/ e www.uncsd2012.org, e con-tate a equipe do CRIE: [email protected]

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Centro Regional de Integração eExpertise (CRIE) ganhou neste anouma nova unidade. É o CRIE-Jovem,

um novo espaço de interações destinadoaos jovens estudantes interessados emampliar os conhecimentos nas temáticasrelacionadas ao desenvolvimento sus-tentável, trabalhadas pelo Centro e seusparceiros: UTFPR, PUC, UFPR e Sesi-Senai/Fiep.

Entre as atividades do CRIE dire-cionadas ao comitê-jovem está a de fa-cilitar o treinamento dos jovens para asua integração na dinâmica social e noambiente de trabalho, mediante progra-mas complementares à educação formal.A ideia é ajudá-los a compreenderem seupapel no cenário mundial diante dos im-

pactos socioeconômicos e ambientais,estimulando a busca de soluções pormeio da pesquisa e das estratégias daEducação para o Desenvolvimento Sus-tentável.

As atividades iniciais visam incentivaras interações voluntárias e a participaçãodos jovens nos projetos e parcerias doCRIE – Centro Regional de Integração deExpertise – RCE-Curitiba-Paraná/UNU-IAS.E dentre os desafios já postos aos jovensintegrantes, destaca-se a criação e for-matação de novos projetos condizentescom os conceitos da Década das NaçõesUnidas da Educação para o Desenvolvi-mento Sustentável (UN-DEDS 2005-2014), bem como a sua adequação aosrequisitos necessários para a captação derecursos junto às agências financiadoras,de modo a possibilitar o desenvolvi-mento dos projetos.

O CRIE-Jovem corresponde ao “YouthCommittee” – grupos de estudantes atu-ando com os professores e pesquisadoresdos Centros de expertise – RCE-UNU-IAS,conforme bons exemplos de outrospaíses-membros da Rede Global de Cen-tros Regionais de Expertise, como o RCE-Saskatchewan, Canadá, RCE-Barcelona,Espanha; RCE-Graz, Áustria; RCE-Penang,

Malásia (veja em www.IAS.UNU.edu/RCE-ServiceCenter). Funcionando tambémnas instalações do Escritório Verde daUTFPR, o CRIE-Jovem já participa deações interativas com as equipes de doisprojetos:

n o Projeto “Studio Cidades e Biodiver-sidade”, grupo de pesquisa e inter-ações, no qual todos aprendem juntos- alunos, professores e pesquisadoresda UTFPR, UFPR, IFPR e CRIE. A coorde-nação desse grupo é da Profa. Dra. Ta-tiana Gadda ([email protected]);

n o Projeto “Vida à Água”, que ofereceoportunidades para os estudantes atu-arem efetivamente na Educação Ambi-ental para a Sustentabilidade nasescolas do município de Pinhais-PR. Acoordenação é da Profa. Dra. TamaraVanKaick – ([email protected]).

PARTICIPAÇÃO: estudantes interes-sados podem se inscrever via e-mail

[email protected]

O CRIE agora tem

Comitê jovemO

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[ Educação para a Sustentabilidade ]

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Studio Cidadese Biodiversidade

uma abordagem diferenciada

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[ Educação para a Sustentabilidade ]

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espondendo ao convite da UNU-IAS,o Projeto “Studio Cidades e Biodi-versidade” começou a ser rodado

este ano na UTFPR para a realização de umplano de ação denominado “Local Biodi-versity Strategies and Action Plans” (projetopiloto para Curitiba). O Studio simula ser ogoverno local pensando como melhorarsuas ações de conservação da biodiversi-dade a partir de informações colhidas eanalisadas sobre o status da biodiversi-dade e serviços ecossistêmicos relevantespara a cidade de Curitiba. Contando ape-nas com integrantes voluntários, o Studioreúne alunos, professores e pesquisadoresda UTFPR, UFPR, IFPR e FIE além de egres-sos da UTFPR e pesquisadores afiliados aoStudio.

A experiência, apesar de recente, temmotivado interações entre muitos jovensestudantes e pesquisadores de diferentesáreas de estudo e níveis. Desta forma ele étanto multidisciplinar e multi-institucional,como vertical, o que tem enriquecido a ex-periência educacional e auxiliado no dire-cionamento do seu objetivo final parameados de 2012, que é um documentosobre o status da biodiversidade na cidadede Curitiba e proposições para sua conser-vação. Esse documento será levado a COP11 na Índia, em outubro/2012 pela UNU-IAS.Ao mesmo tempo a continuidade do Stu-dio para 2013 já está sendo prospectadapor meio da formação de novos grupos depesquisa.

O Studio se divide inicialmente emnove eixos: Biodiversidade e Ecologia;Governança e Gestão; Urbanização e Geo-grafia; Desenvolvimento Social; EconomiaUrbana e Economia Industrial; Produção eConsumo; Ecologia Industrial, Legislação eLetras Português /Inglês, e cada qual contacom um professor orientador. O inicial de-

senho do Studio dividido nestas áreas deestudo, contudo, não tem a intenção depermanecer. Já nas primeiras semanas doStudio, os integrantes começam a sentirnecessidade de diálogo entre grupos e, umpouco mais tarde, até de fusão com outrosgrupos, promovendo naturalmente a inter-disciplinaridade.

Studios são ferramentas de apren-dizado raramente utilizados no Brasil, mascom ampla adoção no exterior. O StudioCidades e Biodiversidade é uma experiên-cia pioneira na UTFPR e tem se mostradouma ferramenta importante para o estudode temas complexos e com necessidade deimersão, como a biodiversidade. No Studio,o estudante deixa de ser fundamental-mente receptor de conhecimento para setornar ator na formação desse conheci-mento. Assim, o estudante é correspon-sável pelas tarefas do Studio, ao mesmotempo em que é fomentado seu senso depertencimento e participação dentro doprocesso de aprendizado.

O Studio Cidades e Biodiversidadetem proporcionado um frutífero ambi-ente para o ensino, pesquisa e extensão.Enquanto que semanalmente os inte-grantes são alimentados com palestrasselecionadas sobre o tema da Biodiversi-dade em horários definidos e pré-agen-

dados, os grupos se reúnem dentro desua conveniência para construírem umdocumento com foco em cada eixotemático. Esses documentos são investi-gações criteriosas com potencial para setransformar em publicações. Além disso,o Studio – Curitiba começa agora a trocarexperiências com outros Studios queestão sendo rodados simultaneamenteem outros locais do globo e revela seupotencial para ativar também a Educaçãopara o Desenvolvimento Sustentável,complementando outra vertente da Redeinternacional da UNU-IAS ao formar o“Youth Committee” do RCE-Curitiba-Pa-raná – o CRIE-Jovem.

Visando ainda a formação de um estu-dante mais bem preparado para o mundo,o Studio incentiva um ambiente bilíngue(português e inglês) no qual, além daredação do documento final na língua in-glesa, os estudantes podem fazer suas a-presentações nos seminários em inglês.

O Studio Cidades e Biodiversidadepretende ser um articulador de inúmerasações que produzam eco durante a Dé-cada da Biodiversidade da ONU (2011-2020).

Profa. Dra. Tatiana Gadda, coordenadora do Studio-UTFPR

[email protected]

R

Projeto promove interação entre jovens estudantes e pesquisadores de diferentes áreas

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omo culminância dos processosde educação profissional conduzi-dos pelo Senai, a instituição rea-

liza, a cada dois anos, a Olimpíada doConhecimento. É um momento ímpar noprocesso de formação do cidadão traba-lhador, fruto de muita dedicação, talento evontade de vencer. Os participantes apre-sentam, por meio de atividades teóricas epráticas, o nível de excelência e autonomiaatingido ao planejar e executar um projetorelativo à sua área de competência.

Os Atletas do Conhecimento são alu-nos do Senai oriundos dos cursos deAprendizagem Industrial, de QualificaçãoProfissional e de Habilitação Profissional,e nessa competição o importante é ad-quirir competência que, somada à expe-riência e conhecimento, representa umpassaporte para o sucesso no mercado detrabalho.

O evento contribui para a atualizaçãode toda a estrutura técnica e metodológi-ca, adequando a educação profissional àsexigências do setor produtivo industrial.O atributo principal da Olimpíada do Co-nhecimento é a valorização do papel da

C

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[ Educação para a Sustentabilidade ]

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educação profissional na formação dasnovas gerações de trabalhadores indus-triais. Trabalhadores conscientes, proa-tivos e dinâmicos, com olhar apreciativonas suas ações e na forma de ver, avaliare criticar o mundo.

OlimpíadaA Olimpíada do Conhecimento foi origi-

nada no Torneio de Formação Profissionalque, por sua vez, inspirou-se nas com-petições internacionais iniciadas em 1950,na Espanha e Portugal. A mudança deTorneio para Olimpíada foi marcada pelapercepção de que, além das qualidadestécnicas do fazer, era preciso avaliar as ha-bilidades intelectuais dos competidores,pois até então o processo de avaliação erapraticamente restrito ao produto no qualo aluno trabalhava. Não eram levados emconta conceitos que o mercado exige hoje,como liderança, formação de equipe,transferência de conhecimento, pesquisae outras mais.

O evento é aberto à visitação pública,oportunizando aos visitantes circularempróximos aos competidores, identifican-

Olimpíada doConhecimento:Reconhecimento da Educação Profissional

Alunos competidores com Marco Secco, diretor regional do Senai Paraná (segundo à esquerda)

do o progresso alcançado por cada umdeles e sem interferir nas ações desen-volvidas. Todos esses elementos soma-

dos elevam a exigência de concentração,método, disciplina e espírito de com-petição.

Ü

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EtapasVisando uma melhor seleção dos

competidores, a Olimpíada é desenvol-vida em várias etapas:

n Etapa Escolar: os alunos são sele-cionados em cada Unidade de Edu-cação do Senai.

n Etapa Estadual: os melhores alunosde cada Unidade de Educação concor-rem entre si.

n Etapa Nacional: acontece a cada doisanos, sempre nos anos pares, e reúnealunos competidores do Senai detodos os Estados da Federação. Asprovas são selecionadas pelo Departa-mento Nacional do Senai e aplicadaspor técnicos dos Departamentos Re-gionais e/ou convidados de empresas.

n Etapa Internacional: Promovido pelaOrganização Internacional para a Pro-moção da Educação - World Skills, oTorneio Internacional também acon-tece a cada dois anos, porém semprenos anos ímpares, e reúne represen-tantes de mais de 50 países, envol-vendo em média 900 competidores e700 especialistas, divididos em 47ocupações.

O Brasil participa do evento desde1983, com alunos do Senai. Nesses 28anos, a evolução dos competidores bra-sileiros tem sido constante, alcançandoalto nível técnico e resultados significa-tivos nas últimas competições, recebendovárias medalhas e diplomas de excelência.

NovidadesA Etapa Estadual da Olimpíada do

Conhecimento 2011 reuniu 157 alunoscompetidores, representantes de 25 Uni-dades de Educação do Senai Paraná, os

quais competiram entre si visando a es-colha do melhor profissional de cada umadas 33 ocupações em que foram reali-zadas provas seletivas. Foram aplicadas eavaliadas por 89 profissionais do Senai oude empresas convidadas. No total houve avisitação de aproximadamente 10.000pessoas. Ao final de toda a competição, oSenai Paraná selecionou uma equipe com-posta por 36 campeões que irão represen-tar o Estado na próxima Etapa Nacional,que acontecerá em novembro de 2012, nacidade de São Paulo/SP. Os vencedoresdessa Etapa irão representar o Brasil emLeipzig, na Alemanha, em 2013.

CompetênciaO Senai Paraná apresentou uma exce-

lente participação nas últimas Etapas Na-cionais e conseguiu a quarta colocaçãogeral nas duas últimas edições. Tambémficou evidenciada a competência dessainstituição nas etapas internacionais, coma participação de Ezequiel Martins Vieira,competindo na ocupação de Aplicação deRevestimento Cerâmico, no Japão, em

2007. Mais recentemente, na últimaedição do World Skills, realizada em Lon-dres no início de outubro 2011, o alunodo Senai Paraná, Gabriel D’Espindula,competiu com mais 18 concorrentes deou tros países na ocupação de EletrônicaIndustrial e obteve medalha de ouro.Assim, um aluno de nosso Estado foi re-conhecido como sendo o melhor domundo nessa área de trabalho. Essas açõesconfirmam o alto nível técnico-profis-sional do corpo docente do Senai Paranáe a habilidade de transmitir os conheci-mentos profissionais necessários paraatuação junto ao setor industrial aosalunos formados pela instituição. Nessemesmo evento, a Delegação Brasileira,composta por 28 alunos do Senai, classi-ficou-se na segunda colocação geral entreos 50 países participantes, mostrandotoda a competência adquirida pelosalunos do Senai.

Gilberto Baggio, Gerência de Educação Profissional, Senai Paraná

[email protected]

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[ Inovação e Sustentabilidade para Empregabilidade ]

2012 I CRIE 13

cada vez mais comum observarmosações de cunho social nas quais a tec-nologia é utilizada para desenvolver

o tema sustentabilidade, desfazendo o mitode que esteja necessariamente ligada àpoluição e ao consumo excessivo. A es-cola, por se apresentar como um espaçoem que o conhecimento científico, as ex-

periências e os valores culturais conviveme se complementam, é o ambiente idealpara o desenvolvimento de programasque unam tecnologia e sustentabilidade.

Nessa vertente, o Serviço Social da In-dústria (Sesi) e o Serviço Nacional deAprendizagem Industrial (Senai) insti-tuíram, em 2004, o Programa Sesi Senai

na Escola - Indústria Itinerante, com o ob-jetivo de propiciar aos alunos da rede es-tadual de ensino ações de orientaçãoprofissional por meio de atividades liga-das à tecnologia, bem-estar e empre-endedorismo. Em todas as ações doprograma são trabalhados valores: soli-dariedade, respeito à diversidade étnica

SustentabilidadeSocial e TecnologiaÉ

Atividade propicia união de conhecimentos em tecnologia, bem-estar e empreendedorismo

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e cultural, à equidade de gêneros, alémdo respeito ao planeta.

O programa foi idealizado pela Dire-toria de Operações do Senai Paraná comoforma de aproximar os alunos de 7ª a 8ªséries do mundo do trabalho – o queocorre explicitamente nos cursos de edu-cação profissional oferecidos por esta en-tidade, e implicitamente na educaçãoformal.

As experiências ou os produtos tec-nológicos desenvolvidos durante o Pro-grama Sesi Senai na Escola IndústriaItinerante são complementos impor-tantes aos saberes comumente aprendi-dos no Ensino Fundamental. Algunsalunos, ao realizarem as atividades pro-postas no Programa, conseguem expandirsua compreensão dos princípios estuda-dos nas disciplinas de Química, Física,Matemática e etc. , por vê-los aplicadosem situações reais.

A metodologia do Programa SesiSenai na Escola Indústria Itinerante pri-vilegia a investigação de objetos deaprendizagem, a socialização do conheci-mento e a interdisciplinaridade. As ativi-dades pedagógicas desenvolvidas nestaação ocorrem no próprio ambiente esco-lar e são vinculadas ao Projeto Políti-co-Pedagógico da escola, a fim de aten-derem às especificidades da formaçãodo aluno e de sua realidade.

O programa desenvolve-se da seguin-te forma: após o contato da escola com oSesi ou com o Senai, é apresentado ao di-retor da escola, aos professores e aosalunos, sucessivamente. A partir daí, a im-plementação dos projetos é feita emparalelo pelas duas entidades.

Senai (eixo da tecnologia): para as 7as

séries, os técnicos do Senai podem optarentre um concurso de aviões de papel ou

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Alunos constroem aquecedor solar com materiais recicláveis

Atividade propicia aplicação de princípios estudados em sala de aula

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É impossível mensurar o im-pacto que um programa como

este causa na vida dos alunos.Ainda que façamos análises qualita-

tivas e quantitativas baseadas emdados, o verdadeiro fator de avali-

ação do sucesso não pode ser colo-cado em gráficos, pois é representado

pela mudança de vida e pela geraçãode novas expectativas.

O Programa certamente será aperfei-çoado e expandido no decorrer dos anos.No entanto, hoje, ele já demonstra seucaráter socialmente responsável.

• As vantagens de permanecer naescola;

• Economia pessoal;

• Empresa em ação.

Para uma análise efetiva dos resulta-dos do programa, ao término do anoletivo são compilados indicadores quan-titativos (média escolar e evasão) equalitativos, mediante pesquisa com adireção e os professores dos colégios.As questões da pesquisa qualitativafocam as mudanças de comportamentovisíveis nos alunos, como preservaçãodo ambiente escolar e a mudança deconduta dos alunos dentro da sala deaula.

Em outubro de 2004, quando se ini-ciou o programa, foram inscritos 504alunos do ensino fundamental. A partir de2006, o Programa toma forma e seguemantendo a média de 14.300 alunosatendidos/ano, que puderam adquirir va-lores para viver em sociedade.

[ Inovação e Sustentabilidade para Empregabilidade ]

2012 I CRIE 15

Regina Berbetz, Gerente de Educação Sesi

[email protected]

Tatiana de Albuquerque Montefusco, Gerência de Educação Senai

[email protected]

campeonato de pião de madeira. Nas 8as

séries, os técnicos optam pela produçãode algum produto tecnológico como buzi-na automotiva, fogão solar, aquecedorsolar, tornado doméstico ou periscópio.Todos os produtos são desenvolvidoscom o aproveitamento de lixo reciclável.

Sesi (eixo da saúde e bem-estar): paraimplementação dos projetos do Sesi, ostécnicos orientam os alunos a desen-volverem trabalhos nas seguintes ver-tentes:

n Objetivos do milênio: os alunos elegem um dos 8 Objetivos doMilênio (www.objetivosdomilenio.org.br)que leve à efetivação de soluções para aprincipal carência da comunidade.

n Valorizar é Preciso:os alunos aprendem sobre susten-tabilidade e desenvolvem projetos depesquisa e produtos utilizando lixoreciclável.

n Árvore da Vida: os alunos constroem árvores com ma-terial reciclado, cujas raízes são “nu-tridas” com valores e geram “frutos”.

n Construindo Saúde: os alunos são orientados sobre osbenefícios de um estilo de vidasaudável.

n Junior Achievement (eixo de em-preendedorismo): para o tema em-preendedorismo, há uma parceriacom a Junior Achievement Paraná –fundação educativa sem fins lucra-tivos, mantida pela iniciativa privada– que desenvolve três projetos:

Representação dos eixos de atuação doPrograma Sesi Senai na Escola Indústria

Itinerante (Sesi/PR e Senai/PR, 2003)

BEM-ESTAR TECNOLOGIA

VALORES

EMPREENDEDORISMOS

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Para transformar paradigmas, educação empreendedora

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[ Inovação e Sustentabilidade para Empregabilidade ]

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inserção das disciplinas de ino-vação e empreendedorismo noseixos curriculares deveriam ser

vistas como prioritárias dentro das novasabordagens educativas (enfatizadas pelaONU-UNESCO na Década da Educaçãopara o Desenvolvimento Sustentável -2005-2014). A educação empreendedoratem o papel fundamental de buscar o de-senvolvimento de indivíduos com com-petências profissionais fundamentadasna ciência, na tecnologia, na cultura e naética. Mais: de propiciar o desenvolvi-mento profissional, responsável, consci-ente, criativo e crítico.

A inovação e o empreendedorismodevem permear os conteúdos desde oensino médio até os cursos de graduaçãonas diversas áreas, evitando restringi-losà área de Tecnologia de Informação e Co-municação. Essas mudanças educacionaissão fundamentais para que possamosgerar novas práticas que atrelem a for-mação de um indivíduo que repense etransforme suas ações, gerando novosconhecimentos para o desenvolvimentosustentável.

No contexto em que o valor está nocapital intelectual, não mais nos aspectostécnicos, numa era em que as tecnologiasevoluem, facilitam e dão velocidade aosprocessos comunicacionais, gerenciais eoutros necessários à organização de umasociedade, que, conforme Castells (1999),gera novas bases de organização social emrede, cria-se uma sociedade da infor-mação, em que o lidar com a informação econhecimento possibilitam novas frentespara um desenvolvimento sustentável.

Uma nova economia, com o surgi-mento de empresas produzindo mais emelhores produtos, graças ao incrementodo nível de competência dos seus tra-

balhadores, no início dos anos 80, obri-gou-as a repensar o sistema de produção.Exigiu trabalhadores mais bem prepara-dos, atuantes, com a crescente demandapor soluções criativas. Concomitante-mente a essa mudança, atrelada às tec-nologias digitais de informação ecomunicação, ocorreram a implantação deprocedimentos de produção e serviçosmais sofisticados. Deixamos de ser umasociedade industrial e passamos a serpós-industrial: a era do conhecimento, naqual é fundamental que os empresários egestores percebam a importância de ino-var e empreender.

É uma cultura empreendedora (co-nhecimento de gestão, planejamento, or-ganização, direção e controle) que somapropriedade intelectual, pesquisa e de-senvolvimento, refazendo a estrutura daforça de trabalho, estratégias, parceriascom outras empresas, ciência da triplahélice (ETZKOVITZ, 2010) e, acima detudo, a organização como pilar de susten-tação. As ações de empreendedorismo ede inovação surgem como fatores funda-mentais no desenvolvimento sustentávele as empresas precisam de pessoas como devido conhecimento nessas áreas.

Nos países mais adiantados – ReinoUnido, Irlanda, Noruega e Bélgica – mais de200 mil estudantes estão envolvidos anu-almente, e de 30 a 50 % dos estudantesdo ensino secundário participam de pro-gramas de formação para disseminar oempreendedorismo. No Brasil, a ideia de

empreendedorismo ainda deve ser am-pliada. É preciso capacitar também osprofessores e abrir mais incubadoras denegócios, parques e hotéis tecnológicos,firmando parcerias para troca de expe-riências com outras instituições de ensinoe pesquisa.

Hoje contamos com algumas iniciati-vas, como Sebrae no campo do ServiçoBrasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresas e o Bota pra Fazer, da Endeavor,porém ainda muito aquém das necessi-dades. Também como pioneiras na área,vemos a Fundação Getúlio Vargas (FVG),em São Paulo, e a Faculdade de Adminis-tração e Economia (FEA) da USP, quecomeçaram com a disciplina Criando Em-presas, em 1984. Desde então, ambas asinstituições trabalham com conceitosrelacionados ao ato de empreender egerir negócios.

Recomenda-se, portanto, a inserçãodessas temáticas no currículo escolar,com o intuito de contribuir para uma atu-ação empreendedora e sustentável, poissegundo o escritor ganhador de trêsprêmios Pulitzer, Thomas L. Friedman, nolivro “O Mundo é Plano – Uma HistóriaBreve do Século XXI” (Objetiva, 2007), aprática de incentivo a pequenas empre-sas empreendedoras é a melhor forma decombater à pobreza – “é transformandopequenos negócios em grandes e empre-gando cada vez mais pessoas”. Talvez,ainda sem respostas a todas as questõesformuladas, esteja aí uma boa estratégiapara o Brasil crescer.

Eliane Cordeiro de Vasconcellos Garcia Duarte, Vanderlei Moroz,

Karine Pinheiro de [email protected]; [email protected]

A

A inovação e o empreende-dorismo devem permear os conteúdos desde o ensino

médio até os cursos de graduação nas diversas áreas,evitando restringi-los à área de Tecnologia de Informação

e Comunicação.

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[ Inovação e Sustentabilidade ]

2012 I CRIE 19

ma das imagens emblemáticas daChina comunista mostrava ovolumoso tráfego de bicicletas

nas vias urbanas – sem nenhum carro.Num período polarizado entre capita-lismo e comunismo, esta era uma sínteseda incapacidade do comunismo em levarqualidade de vida para um povo. Hojeimagem semelhante se tornou em-blemática de cidades como Copenhaguee Amsterdã. Outros tempos, outro con-texto e claro outra realidade. O fato é quehoje a garantia da opção da ciclomobili-dade urbana para os cidadãos refletecivilidade, consciência coletiva e arrojotecnológico de uma cidade.

Nesse contexto, professores, alunos etécnicos administrativos da UFPR traba-lham continuamente com a comunidadeno programa de extensão denominadoCiclovida. Desde 2004, o Ciclovida buscatransformar a Universidade Federal doParaná em um núcleo irradiador de umacultura de mobilidade urbana mais sau-dável e ambientalmente sustentável. Es-se núcleo já tem escala significativa emsi, pois a comunidade universitária chega

a quase 50.000 pessoas.O programa consiste de diversos proje-

tos multidisciplinares e tem liderança doNúcleo de Psicologia do Trânsito da UFPR.Alguns projetos desenvolvem ações pe-riódicas de mobilização e divulgação comoo Desafio Intermodal em Curitiba, que cami-nha para a sua 6ª edição, a mobilizaçãolocal para o Dia Internacional Sem Carro e oCarona Solidária. Outras atividades são depesquisa e diagnóstico para identificar amelhor maneira de implementar infraestru-tura e oferecer condições operacionais. Asquestões ambiental e energética permeiamtodos os projetos e os benefícios são com-putados por meio de planilhas específicaselaboradas pela equipe. Outro aspecto dasustentabilidade é estimar os benefícioseconômicos, de qualidade de vida e nasaúde individual e coletiva.

A participação da comunidade univer-sitária estende-se ao design de paraciclose gráficos dos impressos de divulgação daciclomobilidade. Um dos documentos é omanual do ciclista, que informa sobre alegislação específica, segurança, manuten-ção, rotas e ciclovias.

O programa produziu um vídeo queestá disponível no site do programawww.ciclovida.ufpr.br, com o apoio de umartista de rua e da UFPR-TV.

Um dos desdobramentos do programafoi ampliar os esforços para um movimentode compartilhamento de veículos (caronaou revezamento). O Carona Solidária, aindaem fase piloto, amplia a rede de contatopara compartilhar os veículos.

O Ciclovida conta com o apoio institu-cional da UFPR, pois está alinhado com asdiretrizes de promoção de sustentabili-dade e de ações práticas como resolver aquestão do déficit de estacionamentosnos campi.

Alguns indicadores como gastos, calo-rias consumidas, emissões evitadas e litrosde combustível não queimados são divul-gados para promover a adesão de maisadeptos à ciclomobilidade.

Prof. Dr. Marcelo Risso Errera, professor da Engenharia Ambiental da UFPR

[email protected]

Ciclo mobilidadee a Universidade

U

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ensar soluções de mobilidade parauma comunidade universitária quegira em torno de 50 mil pessoas

adquire, nessa proporção, importânciapara toda Curitiba ou qualquer outragrande cidade. Como polo irradiador deuma nova cultura que valoriza a ciclomo-bilidade, o Ciclovida revaloriza o ambi-ente urbano e a melhoria da qualidade devida na cidade.

O projeto da ciclofaixa em implan-tação na Rua Marechal Floriano, entre oterminal do Carmo e a Linha Verde, no

bairro Hauer, começa a materializar umaideia defendida há quase 10 anos peloscicloativistas. As laterais das canaletassão locais apropriados para a instalaçãodas ciclofaixas, que permitem a integra-ção com transporte coletivo e a conexãocom outros trechos de ciclovias, tudo comum custo baixo, uma vez que já é um trechopavimentado, unindo os eixos Norte/Sul eLeste/Oeste. Se forem implantadas emtodas as canaletas, a cidade ganhará 70km de ciclofaixas

No âmbito da UFPR, dois modelos de

paraciclos foram instalados nos campi doJardim Botânico e Centro Politécnico. Aotodo somam 300, sendo 150 do paracicloAurea, já apelidado de “Arroba” – pelasemelhança com o símbolo tipográfico uti-lizado nos endereços eletrônicos da inter-net – e o modelo I, que também ganhou oapelido de “Pen Drive” (lembra o acessóriode informática). Os dois modelos foram es-colhidos entre 27 propostas apresentadaspelos alunos do curso de Design na disci-plina de Design de Produto, ministradapelo professor Ken Ono Fonseca, que

P

Bom para a universidade, bom

Participantes do movimento

Bicicletada de Curitiba

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[ Inovação e Sustentabilidade ]

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para a cidadeaceitou a parceria com o Ciclovida para in-cluir a pauta da mobilidade em suas aulas.

O envolvimento de estudantes, profes-sores e técnicos de diversas áreas distintasdemostra como a atuação do Ciclovida émulti, inter e transdisciplinar. Além do De-sign, envolve disciplinas como a de Geren-ciamento de Tráfego, na Engenharia Civil,ou o módulo Mobilidade por Bicicleta, dadisciplina Cidade e Meio Ambiente, na Ar-quitetura. Desenvolve estudos sobre os im-pactos causados pelas emissões com opessoal da Engenharia Ambiental; a En-

genharia da Produção e a Análise de Sis-temas estão elaborando um software paragerenciar o programa de carona solidária. AEducação Física pesquisa os impactos dociclismo na saúde. A sede do programa é noNPT ( Núcleo de Psicologia do Trânsito), dodepartamento de Psicologia da UFPR, noqual acontecem pesquisas sobre o com-portamento no trânsito e o gerenciamentodo programa .

O Ciclovida procura desenvolver par-cerias internas e externas: com os movi-mentos Bicicletada e Cicloiguaçu nos

eventos Arte/Bicicleta/Mobilidade, comexposições e mostras de curtas, no De-safio Intermodal que acontece todos osanos, na Semana de Mobilidade, palestrasnas universidades que em 2012 percor-rerão as várias universidades da cidadee o recém-criado Grupo Nemus – Núcleode Estudos de Mobilidade Urbana Sus-tentável, parceria entre UFPR, UTFPR,PUCPR e Universidade Positivo. A nossaparticipação na Agenda 21 do Estado e arepresentação da comunidade acadêmicana Conferência Internacional Rio + 20 re-forçou ainda mais esse envolvimentoentre os parceiros.

Que a complexidade deste temaganhe cada vez mais parceiros. Algunsquilômetros desse longo caminho já forampedalados. Faltam muitos outros e daí anecessidade da centenária UFPR tornar-seum grande polo irradiador dessa transfor-mação cultural, necessária para a cons-trução de uma cidade mais humana.

José Carlos Assunção Belottocoordenador do Projeto Ciclovia

[email protected]

Leticia Hoshiguticoordenadora executiva da CRIE

[email protected]

Belotto conduz “ciclotáxi”no

Dia Mundial sem carro

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Do Projeto

PUC sustentávelà despoluição do

Rio Belém

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[ Educação e Cultura para Conservação ]

setembro 2012 I CRIE 23

Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) desenvolve desde2011 o Projeto PUC SUSTENTÁVEL, iniciativa da Universidade que marcao início das suas atividades internas voltadas para a sustentabilidade.

O Projeto é fruto de debates entre professores e representantes da Reitoria, queresultou na identificação das diversas pesquisas que já vinham sendo realizadase que têm como enfoque a sustentabilidade.

O Projeto incentiva as atividades acadêmicas de ensino, pesquisa e extensãonas diversas dimensões da sustentabilidade – Sociais, Econômicas, ambientaise Culturais. Para firmar este compromisso, a PUCPR inaugurou o Marco da Sus-tentabilidade, construído com materiais como tijolo produzido com pó de már-more e madeira certificada, com origem de reflorestamento. A placa com o textodo lançamento foi produzida no laboratório da PUCPR a partir de latas dealumínio consumidas no próprio câmpus Curitiba. O evento contou com o plantiode 50 árvores de diferentes espécies por diretores, pró-reitores e colaboradoresda Universidade.

Entre as ações já iniciadas do PUC Sustentável está a revitalização do RioBelém, que acompanha um projeto internacional de Gestão das Águas. Estaideia recebeu o incentivo da Federação Internacional das Universidades Católi-cas, entidade que envolve as Universidades da Colômbia, Argentina e quatrouniversidades católicas brasileiras, entre elas a PUCPR.

O projeto engloba toda a bacia hidrográfica do Rio Belém, buscando a revi-talização deste importante rio verdadeiramente curitibano. Entre as ações, umasérie de atividades focadas na eliminação de duas causas da poluição em todaa bacia do rio Belém: a poluição proveniente dos esgotos domésticos que sãolançados indevidamente nas redes de galerias de águas pluviais – apesar deexistirem redes de esgotos em todas as ruas da bacia hidrográfica deste rio – ea poluição difusa – esta é mais difícil de ser removida –, que é o resultado detodas as atividades humanas nas cidades, desde as consequências ambientaisadvindas da circulação de veículos, o lançamento dos resíduos nas ruas, a de-posição inadequada de resíduos em terrenos baldios, lixo informal, lixo dostranseuntes, entre outras.

As atividades voltadas para a despoluição dos rios urbanos, ou Revitalizaçãode Rios Urbanos, já estão sendo desenvolvidas em diversas cidades do mundo(Rio Tâmisa, em Londres; Rio Sena, em Paris; Rio Anacostia, em Washington, D.C.;Rio Isar, em Munique; Rio Cheonggyecheon, em Seul; Rio Reno, na Suíça, França,Alemanha e Holanda; e outros).

Acredita-se que a partir de agora, passada a Conferência do Meio Ambiente– Rio + 20, as ações de despoluição dos rios urbanos sejam intensificadas.

Carlos Melo Garcias, Mestre e doutor em Gestão Urbana, e professor

da Escola de Engenharia da [email protected]

A

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“O objetivo do processo de

reciclagem é transformar os resíduos

desperdiçados em materiais

que possam ser usados

novamente...”

Prof. Dr. José Fernando Arns

Reciclagem:vale a pena quando os processos são

sustentáveis

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[ Energia renovável para Equidade ]

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eduzir o desperdício é de fato aprimeira grande contribuição so-cioambiental e extremamente ne-

cessária. A reciclagem de resíduos advindosde diferentes fontes pode novamente agre-gar valor social, ambiental e econômico.Esta é uma área rica de pesquisa, de ensinoe extensão.

Hoje a reciclagem de entulho vemsendo discutida e aplicada por questõesambientais, porém, as técnicas de reci-clagem deste material ocorreram porvolta de 1860. A primeira aplicação signi-ficativa do uso do entulho reciclado só foiregistrada após o final da Segunda GuerraMundial, na reconstrução de diversascidades europeias que tiveram seus edi-fícios totalmente demolidos e o escom-bro ou entulho resultante britado para aprodução de alguns materiais, como agre-gado, blocos de concreto, outros.

O objetivo do processo de reciclagemé transformar os resíduos desperdiçadosem materiais que possam ser usados no-vamente, possuindo eles as mesmas fun-ções e características físico-químicas dealguns materiais convencionais.

Apesar dos altos benefícios advindosda reciclagem, não se pode deixar de con-siderar que a reciclagem de resíduos,assim como qualquer atividade humana,também pode causar impactos ao meioambiente. Variáveis como o tipo de resí-duos, a tecnologia empregada e a utiliza-ção proposta para o material recicladopodem tornar o processo de reciclagemainda mais impactante do que o próprioresíduo era antes de ser reciclado. Dessaforma, o processo de reciclagem acarretariscos ambientais que precisam ser ade-quadamente gerenciados, pois a reci-clagem só vale a pena se os impactosambientais durante suas etapas forem

R

menores que aqueles relativos à pro-dução de materiais originais. Sob o pontode vista energético, a energia utilizadapara a coleta, separação, tratamento deresíduos e processamento do materialtem que ser menor do que aquela uti-lizada para a extração de matérias-primase processamento de materiais originais.

Esse projeto tem por base a interdisci-plinaridade e interinstitucionalidade bus-cando formas de reaver novos produtos apartir deste até ainda dito “lixo”. Mas nadaadianta se não houver paralelamenteações educativas e fiscais que auxiliem na

construção de um processo sustentável. Resultante deste processo é importante

ressaltar a inclusão social e a inserçãoprofissional da população, priorizando par-cerias e programas integrados de forma in-terdisciplinar com as áreas tecnológica eeducacional junto a estas novas técnicas etecnologias verdes.

Prof. Dr. José Fernando Arns,

coordenador do ECOHABITARE Sistemas

Sustentáveis – PUCPR

[email protected]

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Sistema Fotovoltaicocomprova a viabilidade daenergia solar

Sistema Fotovoltaico instalado no Escritório

Verde da UTFPR

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[ Energia renovável para Equidade ]

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Sistema Fotovoltaico Conectadoà Rede Elétrica (SFCR), instaladono Escritório Verde (EV) da Uni-

versidade Tecnológica Federal do Paraná(UTFPR), nos primeiros dias de abril, ultra-passou a marca de 1 MWh de energia ge-rada. O SFCR com 2,1 kWp de potênciainstalada e ocupando uma área do te-lhado da edificação de apenas 15 m², emoperação desde o dia 14 de dezembro de2011, já produziu energia suficiente paraatender, durante um mês, cinco residên-cias com consumo médio mensal de 200kWh/mês (que é valor de referência deconsumo para uma residência de classemédia com quatro moradores).

Com menos de quatro meses de ope-ração, resultou em uma média mensal degeração nos meses do verão de cerca de270 kWh/mês (época de melhor desem-penho esperado do SFCR), energia queexcede a necessidade mensal do EV, oque torna esta edificação, na análise debalanço energético, uma edificação deenergia positiva, ou seja, ele exporta e-nergia para a rede elétrica (no caso, arede interna da UTFPR).

O acompanhamento durante estesprimeiros meses de operação do SFCR doEV em Curitiba confirma ser um sistemade alta confiabilidade (opera de formaininterrupta desde sua instalação), a ge-ração de energia elétrica está em con-formidade com os valores esperadosbaseado nos dados de irradiação solar doAtlas Solarimétrico Brasileiro para a regiãode Curitiba, opera de forma limpa e silen-ciosa e não necessita de área adicional,visto que o painel fotovoltaico é instaladosobre o telhado da edificação. Essas ca-racterísticas fazem da geração fotovoltai-

ca a forma mais promissora de geraçãodistribuída para o ambiente urbano.

Prof. Dr. Eloy F. Casagrande Jr.,Ph.D., Pós-doutor em Inovação Tecnológica e

Sustentabilidade, Coordenador do Escritório Verdeda UTFPR, Universidade Tecnológica Federal do

Paraná (câmpus Curitiba)[email protected]

Prof. Dr. Jair Urbanetz,Doutor em Engenharia Civil, área de Sistemas

Fotovoltaicos pela UFSC, Professor do Departa-mento Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT), Univer-

sidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)[email protected]

O

O SFCR, com 2,1 kWp de potência instalada e ocupando uma área do

telhado da edificação de apenas 15 m² já produziu

energia suficiente para atender, durante um mês,

cinco residências com consumo médio mensal

de 200 kWh/mês

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Pegada deCuritiba,

40% acima da média brasileira

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[ Energia renovável para Equidade ]

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uito se tem falado sobre susten-tabilidade, aquecimento global,impactos ao meio ambiente e

escassez de recursos naturais, maspouco se sabe a respeito das ferramen-tas utilizadas pelos especialistas paramensurar essas informações. Uma de-las – e que vem ganhando bastanteaceitação – é o cálculo da Pegada Ecoló-gica.

Trata-se de uma metodologia desen-volvida pela ONG norte-americana Glo-bal Footprint Network (GFN), que játrabalha com essa ferramenta em maisde 150 países. Ela consiste em um cál-culo para determinar o grau de impactodo homem sobre os ecossistemas eavaliar a capacidade ecológica necessá-ria para sustentar o consumo de produ-tos e estilos de vida. Ou seja, é umaforma de mensurar a quantidade de re-cursos naturais renováveis consumidospor uma população específica, em re-lação à capacidade de os ecossistemaslocais em prover esses mesmos recursos.

Para testar essa metodologia, o SenaiParaná, em parceria com a ONG norte-a-mericana e com o apoio da PrefeituraMunicipal, mediu a Pegada Ecológica deCuritiba, a qual se revelou pouco mais de40% acima da média brasileira, resul-tando em 3,4 gha (hectares globais) porpessoa. Em tese, isso significa que, setoda a população mundial vivesse no es-tilo de vida em que vivem os curitibanos,necessitaríamos de 2 planetas parasuprir todas as demandas.

A explicação para isso está, principal-mente, nos gastos do curitibano comtransporte privado, valor superior à mé-dia nacional. Esse dado chama a atençãoespecialmente porque contrasta com aboa infraestrutura de transporte público

existente na capital paranaense. Outrofator explicativo é o alto consumo cu-ritibano de carnes e de bens de serviçosproduzidos a partir de animais.

O que contribui para mitigar os im-pactos da Pegada Ecológica de Curitibasão os diversos parques verdes exis-tentes, que melhoram a qualidade devida da população e ajudam a manter abiocapacidade a longo prazo. De formageral, se o resultado do estudo realizadoem Curitiba não revela um cenário ideal,ao menos a cidade exibe uma situaçãobastante favorável se comparada à deoutras metrópoles de mesmo porte ehábitos de vida semelhantes.

Com essa nova ferramenta, a PegadaEcológica, o Senai Paraná pretende colo-car à disposição das equipes de planeja-mento das cidades um verdadeiro mapados hábitos de consumo de suas popu-lações e do consequente impacto sobreos ecossistemas locais. Esse conjunto deinformações estratégicas e correlacio-nadas vai contribuir para melhorar adefinição das políticas públicas e a alo-cação de recursos pelas administraçõesmunicipais.

Se há qualquer dúvida quanto àrelevância desse trabalho, ela pode serrespondida ao se constatar os prejuízosde toda ordem ocasionados pelas fre-quentes enchentes ocorridas em váriasregiões do País. Os custos econômicos esociais dessas tragédias são, certamente,muito superiores ao que seria gasto commedidas preventivas e de preservaçãodo meio ambiente.

Pedro Américo Duarte, Gerência de Tecnologia Industrial do Senai

[email protected]

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Para forçar novas práticas,

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[ Energia renovável para Equidade ]

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oda administração pública precisaadotar critérios de sustentabili-dade ambiental nas suas licitações.

Só assim o mercado se renderá às novaspráticas e passará a oferecer produtos eserviços condizentes com aspectos sus-tentáveis.

Ainda que tardiamente, o governofederal mostra que os legisladores estãomais conscientes da responsabilidadecom o meio ambiente. Em 23 de junho de1993, foi promulgada a Lei Geral de Lici-tações (Lei 8.666), que estabeleceu asnormas para as contratações pelo poderpúblico, que é o estatuto das licitações econtratos administrativos. E somenteapós quase duas décadas da ediçãodessa Lei, o governo vem estabelecer me-didas com vistas a assegurar a sus-tentabilidade ambiental.

A Instrução Normativa 01/2010, daSecretaria de Logística e Tecnologia de In-formação do Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão (MPOG) estabelecediretrizes para a aquisição de bens e con-tratação de obras e serviços no âmbito daadministração pública federal. Assim oEstado torna-se um importante indutorde políticas públicas voltadas à promoçãoda sustentabilidade ambiental.

A partir dessa Instrução, as licitaçõessustentáveis correspondem a uma formade inserção de critérios socioambientaisnas compras e contratações realizadaspela Administração Pública, visando àmaximização do valor adicionado (utili-dade, prazer, satisfação do usuário, satis-

fação das necessidades, contribuiçãopara operações eficientes) e, ao mesmotempo, a minimização dos impactos am-bientais e sociais adversos.

Tal normativa autoriza os órgãos da ad-ministração federal a contratarem produ-tos e bens constituídos por materialreciclado, atóxico e biodegradável e queexijam produtos sustentáveis ou de menorimpacto ambiental em relação aos seussimilares, de acordo com os requisitos am-bientais para a certificação do Instituto Na-cional de Metrologia, Normatização eQualidade Industrial (INMETRO).

Ao editar essa norma, a Secretaria deLogística do MPOG seguiu o exemplo dainserção de uma gestão pública socioam-biental – o programa da Agenda Ambientalda Administração Pública (A3P), desen-volvido pelo Ministério do Meio Ambiente.Esse programa visa promover a reduçãodos gastos institucionais e contribuir paraa revisão dos padrões de produção e con-sumo e adoção de novos referenciais desustentabilidade.

O governo federal promulgou ainda aLei 12.349/2010, que altera, entre outras,a 8.666/93, acrescentando no seu artigo3º mais um elemento entre os princípios:o de “desenvolvimento nacional susten-tável”, além de outros dispositivos queainda carecem de regulamentação.

Não se pode imputar totalmente aculpa à administração pública por nãoabordar na Lei 8.666/93 os critérios deproteção do ecossistema. Ao mesmotempo, não se pode compreender que a

Lei estabeleceu o conjunto de elementosque devem compor o projeto básico, den-tre eles os estudos técnicos que as-segurem o adequado tratamento do im-pacto ambiental do empreendimento, enesses estudos não há critérios depreservação do ecossistema. Tambémnão elencou, dentre as exigências de ha-bilitação técnica, documento compro-batório dos licitantes, da regularidadeambiental, como a origem da madeira ouda matéria-prima extraída do meio ambi-ente.

Vale ressaltar, também, que o legis-lador, na edição da Lei 8.666/93, preo-cupou-se tão somente com a questão dacorrupção e a improbidade administrativa,no processo de compra e contratação deobras e serviços, esquecendo-se do meioambiente e do benefício social.

Não somente os gestores governamen-tais, mas também os agentes responsáveispelo processo das contratações públicasdevem estabelecer estratégias para quetodas as licitações sejam efetivadas se-gundo as normas de sustentabilidade.Devem ser treinados e especializados, as-sim como também as indústrias e fornece-dores devem adaptar seus produtos àsexigências legais que dão suporte a essenovo modelo de desenvolvimento susten-tável.

José Clóvis Pereira Borges, Administrador na UFPR e Mestre em

Gestão de Políticas Pú[email protected]

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licitações sustentáveis

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magine um jipe 4x4 e um trailer re-cheados de equipamentos para pra-ticar esportes radicais na natureza, com

toda a infraestrutura para acampamento eque ainda capturasse imagens? É assimque funciona o projeto EcoTrailer, idea-lizado por Luiz Vicente Horokoski, o Ba-balu. O intuito da façanha é utilizar toda asua estrutura móvel para capturar ima-gens, fazer mostras fotográficas e filmes,expondo as maravilhas da natureza e o im-pacto ambiental que causamos durante opercurso. Pratica-se, a partir disso, a edu-cação ambiental não só em locais urbanos,mas também em comunidades rurais enaturais de difícil acesso.

A principal ideia do projeto não é ini-bir, mas sim incentivar o uso do meio am-

biente, de maneira consciente, para queocorra a preservação do espaço natural,como legado para as futuras gerações.Será criada uma maior interação junto àsinstituições de ensino em todas as faixas,do fundamental ao acadêmico, do ensinopúblico ao ensino privado, reforçando oconceito de ecocidadania junto aosalunos, professores e colaboradores.“Creio que seja de suma importância odespertar do individual em relação aquestões ambientais para formar um co-letivo consciente que gere soluções noâmbito da preservação do meio ambientee na melhoria da qualidade de vida”, dizBabalu.

Em parceria com a UTFPR, a convite doProf. Eloy Casagrande, o EcoTrailer leva al-gumas ideias implantadas no EscritórioVerde. Em sua adaptação e reforma, estãosendo aplicados materiais sustentáveis,

como painel solar e iluminação em LED.O projeto quer reforçar a necessidade douso consciente da natureza e mostrar queé possível fazer diferente. O EcoTraileracredita na premissa de que somos po-tenciais responsáveis pela qualidade doambiente em que vivemos. Independentede status ou condição social, todospodemos fazer algo para melhorar a qua-lidade do meio e preservar a natureza.

Prof. Dr. Eloy F. Casagrande Jr.,Coordenador do Escritório Verde da UTFPR

[email protected]

Profa. Dra. Zióle Zanotto Malhadas, coordenadora do CRIE – RCE - Curitiba - Paraná

[email protected]

Luiz Vicente Horoski (Babalu)[email protected]

I

Parceria Sustentável:

Ecotrailer e Escritório Verde da UTFPR

[ Energia renovável para Equidade ]

Estrutura móvel é base para acampamentos e propicia captura de imagens

Projeto reforça conceitos de ecocidadania

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[ Notas ]

2012 I CRIE 33

Revitalização deRios Urbanos

A Pontifícia Universidade Católica doParaná (PUCPR) vai promover, nos dias 22,23 e 24 de outubro deste ano, o II SeminárioInternacional – Sustentabilidade AmbientalUrbana: Revitalização de Rios Urbanos.Coordenado pelo Professor Carlos MelloGarcias, o evento vai propiciar debates ediscussões sobre questões de sistema deinformações geográficas em ambientes ur-bano; monitoramento ambiental na recu-peração de rios urbanos; experiências emprogramas e projetos de revitalizaçãode rios urbanos no Brasil e no mundo;educação ambiental: Instrumento de com-plemento na formação profissional, revitali-zação e renaturalização de rios urbanos. OSeminário terá palestrantes da Colômbia eda Argentina, além de representantes deduas outras PUCs brasileiras.

RIO+20 livre de carbono

O evento do PRME na ConferênciaMundial Rio+20 é considerado livre decarbono. Com a ajuda do Senai Paraná asemissões de gases de efeito estufa foramneutralizadas com o plantio de árvoresnativas. O cálculo das emissões realizadopelo Senai Paraná, contemplou os ser-viços de transporte, energia, resíduos,GLP, materiais, entre outros. O objetivo foia realização de um evento mais susten-tável, prevendo também a gestão dos

resíduos sólidos, com a devida separaçãoe destinação social e ambientalmente res-ponsável.

Projeto comunitário da PUCPR

A PUCPR incentiva seus estudantes anovos horizontes e novos desafios, in-cluindo a qualificação para a cidadania, aformação voltada à responsabilidade so-cial e ambiental, oferecendo-lhes, além deconhecimento, lições de vida. Por meio daRede do Projeto Comunitário, que estácomemorando os 10 anos de atividades,cerca de 3000 estudantes, semestral-mente, têm a opção de escolher entremais de 300 diferentes projetos - de cul-tura, entretenimento, saúde, cidadania,educação, meio ambiente e desenvolvi-mento comunitário.

N A C I O N A I S

100 anos da UFPRA Universidade Federal do Paraná comemora 100 anos de fundação

no dia 19 de dezembro. Fundada em 1912, é motivo de orgulho para opovo paranaense, símbolo da cidade de Curitiba. Sua missão maior éfomentar, construir e disseminar o conhecimento, contribuindo para aformação do cidadão e desenvolvimento humano sustentável.

Os membros do CRIE e da revista CRIE desejam longa vida à UFPR.Que o próximo centenário seja trilhado por uma comunidade univer-sitária que busque cada vez mais a educação para o desenvolvimentosustentável em todas as suas ações baseadas no tripé ensino, pesquisae extensão.

As ações do Projeto Comunitário be-neficiam cerca de 48.000 pessoas em maisde 30 municípios do Estado do Paraná.

R$ 150 mi paranovos Senai

Nos próximos três anos, o SenaiParaná fará investimentos de R$ 150 mi-lhões na ampliação e aperfeiçoamentode suas estruturas. Serão oito novos Cen-tros de Formação Profissional, cinco insti-tutos de Tecnologia e um Instituto deInovação. As ações são do Programa deApoio à Competitividade da IndústriaBrasileira, que no país envolverá investi-mentos de R$ 1,5 bilhão, com financia-mento do BNDES. O objetivo é aumentara oferta de mão de obra qualificada, de-senvolver e disponibilizar tecnologiasavançadas e apoiar a cultura de inovaçãona indústria brasileira.

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34 CRIE I 2012

Já somos 100 RCEsA Rede Internacional de RCEs – Regional Centres of Expertise – coordenação

UNU-IAS (Japão) celebra a aprovação do centro número 100. Assinalamos a expan-são da Rede de Centros de Expertise da América do Sul e Caribe, que conta agoracom seis RCEs: RCE-Chaco, Argentina; RCE-Bogotá, Colômbia; RCE-Guatemala; RCE-Lima - Callao, Peru; RCE-São Paulo, Brasil e RCE-Curitiba-Paraná, Brasil (mais infor-mações em www.ias.unu.edu/rce).

Projeto das 100 mil árvoresO FUTURO – o projeto das 100.000 árvores – nasceu no contexto do Centro Re-

gional de Excelência em Educação para o Desenvolvimento Sustentável da ÁreaMetropolitana do Porto. Resulta doconhecimento acumulado durante aelaboração do Plano Estratégico deAmbiente da Área Metropolitana doPorto (2003-2008). Prevê reflorestar,até 2015, cerca de 100 hectares deáreas queimadas ou degradadas,com cerca de 100 mil árvores nativas da região. Permitirá anular 20.280 toneladasde dióxido de carbono da atmosfera ao longo dos próximos 40 anos. A campanhade plantação recomeça em outubro de 2012.

Conheça mais: www.ias.unu.edu/efsd

Convite: Conferência ICITISA UTFPR, Universidade Positivo, IBEPE e CRIE convidam para” a Conferência In-

ternacional: Inovação, Tecnologia e Internacionalização para a Sustentabilidade(ICITIS), de 15 a 17 de novembro de 2012, no Auditório da UTFPR. O objetivo doevento é consolidar as interações da Rede Internacional de Pesquisa, Inovação eEnsino Superior. Reunirá “practitioners” e interessados no desenvolvimento depadrões sociais e organizacionais que estimulem novos comportamentos capazesde promover a sustentabilidade local e globalmente.

Conheça mais em http://icitis2012.wikidot.com.

[ Notas ]

I N T E R N A C I O N A I S

ONU premia Escritório Verde

O Projeto do Escritório Verde (EV)da Universidade Tecnológica Federaldo Paraná (UTFPR) recebeu reconhe-cimento da Organização das NaçõesUnidas (ONU) por contribuição napromoção de participação comu-nitária em práticas para a sustentabi-lidade. O prêmio for recebido no dia24 de setembro, pelo coordenadordo projeto, Prof. Dr. Eloy CasagrandeJr., em Tongyeang, Coreia do Sul, na“Sétima Conferência dos Centros deExpertise em Educação para o De-senvolvimento Sustentável”.

A premiação não é somente pelosprincípios da construção sustentávelaplicadas no EV, mas também peloconceito, a ideia de tornar o espaçoeducativo e interativo para a comuni-dade. Unindo e avaliando a integra-ção das tecnologias aplicadas, osresultados passam a ser didáticos, es-timulando aqueles que o visitam aacreditarem que mudanças são pos-síveis para reduzirmos o impactoambiental no Planeta, por meio do for-talecimento da “educação para a sus-tentabilidade”, que se desenvolve emconjunto com os parceiros do CRIE.

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[ O que ler ]O melhor amigo do educador é o livro. O objetivo desta seção é contribuir para a atualização e o enriquecimento intelectual por meio das recomendaçõespara “LEITURA EDIFICANTES” (resenhas).

2012 I CRIE 35

n Mundo Sustentável traz soluções para vivermos nummundo autossustentável, procurando despertar a sociedadepara a importância do debate de questões que estão intrin-secamente relacionadas ao modelo socioeconômico em queestamos imersos. Rediscute o papel do profissional de im-prensa em relação a essas questões, apresenta sugestõespara a formação dos jornalistas na área ambiental e a ne-cessidade de se incorporar no dia a dia das redações omesmo senso de urgência presente nos relatórios cien-tíficos que denunciam o risco de experimentarmos umcolapso ambiental.

n Mundo sustentável 2, já estamos cami-nhando em direção a novo modelo de civiliza-ção? Acidentes e incidentes gerando uma criseplanetária. Questões urgentes: energia, biodiver-sidade, água, lixo, planejamento urbano, meios deprodução e de consumo, saúde, educação e comu-nicação são alguns dos temas em destaque no livro.Abre espaço ainda para profissionais que são refer-ência nas suas respectivas áreas: Adalberto Veríssimo,Marcos Terena, Miriam Leitão, Paulo Saldiva, RobertoSchaeffer, Roberto Smeraldi, Samyra Crespo, SérgioAbranches e Suzana Khan.André Trigueiro é jornalista, criador do curso de Jorna-lismo Ambiental da PUC/RJ, coordenador editorial e umdos autores dos livros “Meio Ambiente no século XXI” e “Espiritismo e Ecologia”.

Os 50 Mais Importantes Livrosem Sustentabilidade. Título original: The Top 50 Sustainability BooksAutor: Wayne Visser and Universityof CambridgeEditora: Greenleaf. Resumo e mensagens fundamentaiscontidas nos 50 livros consideradosmais importantes sobre sustentabili-dade escritos nos últimos 50 anos, deacordo com uma pesquisa realizadacom 3.000 líderes e ex-alunos do Pro-grama de Sustentabilidade da Univer-sidade de Cambridge. Impactante eobjetivo, aborda as contradições e la-cunas sobre o assunto, indispensávelpara mudanças de modelos mentaise práticas de produção e consumosustentáveis. Tradução: [email protected]

L E I T U R A S E D I F I C A N T E S

n Governança da Ordem Ambiental Internacional e In-clusão Social, do Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais/IEA,da USP. Traz contribuições para os temas discutidos na RIO+20, rela-cionados à governança, à inclusão social e à economia verde. Destaqueao capítulo “Saúde, pobreza e mudanças climáticas”, que reúne re-flexões sobre as relações entre economia verde, inclusão social esaúde, combate à pobreza, políticas territoriais associadas à inclusãosocial, o papel dos catadores e a gestão dos resíduos sólidos e avançosnas pesquisas climáticas. Recomenda-se a leitura: www.agencia.fapesp.br/15380

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36 CRIE I 2012

1. ProblematizarCom base em situações reais conhecidas,o professor incentiva os alunos a expor oque pensam sobre as situações vivenci-adas, sem limitações. Deve-se fazer comque sintam a necessidade da aquisição deoutros conhecimentos que ainda nãodetêm, ou seja, identificar o PROBLEMAque precisa ser enfrentado.

Momentos pedagógicos

ma das atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidaspelo Grupo PET-Química da UFPR consiste na elaboração e apli-cação da Experimentação Problematizadora no ensino médio,

conforme metodologia de ensino baseada nas ideias de Paulo Freirepara a educação informal, adaptada para a educação científica.

A atividade é realizada em uma escola pública de Curitiba no con-traturno e poderá ser replicada em outras escolas, dependendo da boavontade do professor, que poderá seguir as instruções passo a passo. Otema gerador utilizado para contextualizar o ensino é “como fazer a es-colha de combustível para o seu carro”.

4. Questionar Questionar os alunos e pedir que tentemresponder em grupo (10 minutos). Depoisanotar a resposta dos alunos no quadro: Oque são combustíveis? Cite exemplos decombustíveis que você conhece. Você sabea diferença entre combustível renovável enão renovável? Será que a queima doscombustíveis é sempre completa? Seráque a queima de combustíveis libera sem-pre a mesma quantidade de energia? Umcombustível é mais poluente que outro?

Após anotar no quadro, o professor, combase nas respostas, deve questionar asconcepções alternativas, do senso comumdos alunos, de modo que eles percebamque o conhecimento que têm não é sufi-ciente para dar conta de responder oproblema proposto inicialmente.

3. ExemplificarUtilizar o conhecimento aprendido emoutras situações, do contexto local e deoutros contextos, também problematiza-dos como no momento inicial. Pergunta:Por que substituir combustíveis não re-nováveis por renováveis?

Tecer questões sobre o conhecimento dosalunos sobre os combustíveis, suas dife-renças, sobre a queima dos combustíveis,liberação de energia, poluição gerada.

2. OrganizarOs conhecimentos necessários para a

compreensão dos temas e da problemati-zação inicial são sistematicamente estu-dados neste momento. Devem ser utilizadasdiferentes atividades didáticas para com-preensão do(s) conceito(s) necessário(s)para entender e resolver a problemática a-presentada.

U

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[ CRIE na Escola ]

2012 I CRIE 37

na educação científica e tecnológica

Para obter mais informações ou solicitar uma ação do grupo na sua escola, contate [email protected]

Profa. Dra. Orliney Maciel Guimarães, Tutora do Grupo PET-Química da UFPR

Ampliando a discussão

O professor pode retomar os resulta-dos obtidos e colocá-los numa tabela,no quadro, com os preços de cada umdos combustíveis para proporcionaruma discussão mais ampla, relacio-nando com as questões ambientais,econômicas e políticas sociais en-volvidas na questão da escolha decada um deles.

8. ConcluirO professor deve lançar uma novaquestão que pode ser calcada no próprioexperimento ou ser baseada em outrocontexto, para que ele aplique os conhe-cimentos adquiridos. Após a realização doexperimento sobre a queima de com-bustíveis, perguntar:– se você fosse adquirir um automóvel,

qual você escolheria: bicombustível(flex), a álcool, à gasolina ou a diesel?Por quê? (Justifique sua resposta).

7. RegistrarPedir aos estudantes que anotem a cor dachama, se há formação de muita ou poucafuligem e temperatura. Os resultados obti-dos devem ser registrados em tabela e,com base neles, introduzir os conteúdosnecessários para entendimento do exper-imento realizado e levá-los a responder osquestionamentos feitos no primeiro mo-mento. O objetivo é que a explicação dosalunos se aproxime dos conhecimentoscientificamente aceitos.

6. MedirMede-se a tempe-ratura inicial daágua. Adicionar 2mL de combustívelna cápsula de por-celana e iniciar aqueima dele. Ano-tar a temperaturafinal após a queima do combustível. Soli-

5. ExperimentarO experimento consiste na queima dequatro diferentes combustíveis: gasolina,etanol, óleo diesel e biodiesel. Colocar nobéquer ou copo de vidro 20 mL de água ecom um termômetro que é suspenso porum barbante e deve estar submerso naágua. É importante que a distância seja amesma para cada combustível.

citar aos alunos que determinem a varia-ção da temperatura, a qual corresponde àquantidade de energia liberada na quei-ma do combustível.

Resultados obtidos na realização da queima dos combustíveis: gasolina, álcool, óleo diesel e biodiesel.

Amostra Cor da chamaQuantidade Variação da de fuligem Temperatura

Gasolina Alaranjada Moderada 200C

Álcool Azul Nenhuma 200C

Óleo Diesel Alaranjada Muito grande 750C

Biodiesel Alaranjada Grande 660C

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Portanto, essa é a forma mais eficaz deseparação de resíduos. Ademais, os cata-dores preferem coletar dessa forma, já queeles têm toda uma estrutura no próprio bar-racão da Cooperativa para separar os resí-duos adequadamente para seremreaproveitados e ou reciclados.

O Programa “Separando Juntos” é ins-titucional e resulta de parceria entre aPrefeitura Municipal de Curitiba (PMC) e aUniversidade Federal do Paraná (UFPR), quevisa o Gerenciamento Integrado de Resí-duos, por meio de um processo de Edu-cação Ambiental para a Sustentabilidade

A população acadêmica da Universi-dade Federal do Paraná-UFPR é de aproxi-madamente 55.000 habitantes, o que ébastante significativo quando se trata dageração de resíduos. Considerando-seuma Instituição formadora de opiniões eum grande gerador de resíduos sólidos, aUniversidade não poderia deixar de im-plantar um programa de gerenciamentode resíduos. Portanto, desde 2005, a im-plementação e a difusão do programa deseparação do lixo, juntamente com umaproposta educativa para a diminuição degeração de resíduos na UFPR, vem ao en-contro da política proposta pela Agenda21 para o desenvolvimento sustentável. AUnidade que coordena esse programa é aDivisão de Gestão Ambiental.

O programa tem como objetivo princi-pal promover uma mudança de atitudes,

envolvendo toda a comunidade univer-sitária na proposta de redução, separaçãoe destinação adequada dos resíduos gera-dos na UFPR, despertando assim, o sen-tido de corresponsabilidade e garantindoqualidade ambiental, além de propor-cionar benefício social a diversas famíliasde catadores que vêm coletando todo oresíduo reciclável na Universidade, con-tribuindo com a renda e o resgate de suacidadania.

Objetivando atender os princípios daSustentabilidade, incentivamos mudançasglobais por meio de ações locais, comorepensar sobre seus hábitos de consumo,reduzir ao máximo o volume de resíduosgerados e o consumo de produtosdescartáveis, por meio de uma mudançade atitude, visando combater o desperdí-cio, reaproveitar e reutilizar o máximo pos-sível, recusar embalagens desnecessárias,e, por fim, reciclar os produtos. Dessaforma, estaremos respeitando a vida, poisalém de transformar o lixo em novos pro-dutos, que gera economia de energia ematéria-prima, viabiliza empregos e tam-bém representa um combate à degra-dação da natureza visando a melhoria daqualidade de vida.

Regina Célia Zanelatto, Divisão de Gestão Ambiental – UFPR.

[email protected]

MIt s da RecIclageM

38 CRIE I 2012

o contrário do que muitos acredi-tam, as lixeiras seletivas de cincocores, como azul (para papel), ver-

melha (para plástico), verde (para vidro),amarela (para metal) e cinza (para rejeitos)e/ou marrom (para orgânicos), definitiva-mente não funcionam na prática, muitasvezes até confundem o usuário mesmoquando elas contam com os respectivosadesivos sobre quais resíduos depositar.Percebemos que o correto seria consi-derar apenas um conjunto de duas cores,sendo uma verde, para Resíduos Reci-cláveis, e outra na cor cinza, para Rejeitose Orgânicos.

A

“Separando Juntos” na UFPR

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Novo logo, símbolo de integração e multidisplinaridade

O novo logo do CRIE é fruto do trabalho da Econsultoria (Empresa Júnior Multidisciplinar deConsultoria em Sustentabilidade) da UTFPR. Criação do aluno de design Jonas Lopes Guerra, amarca, escolhida pelo grupo gestor do Centro, teve ajustes na forma, na cor e na tipografia execu-tadas pela estudante Mariana Kazama, responsável também pelas assinaturas e manual de marca.

O símbolo representa a integração e a multidisciplinaridade, principais características do CRIE –mostradas por meio da possibilidade de outros encaixes. Devidamente encaixadas e organizadas,as peças formam uma imagem maior que todas. Uma rede sólida, de sinergia, em que se percebeo aspecto mais amplo e ainda assim valoriza-se o único, o individual. Educação para o desenvolvimento sustentável

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‘‘Na contramão da ansiedade em que vivemos, existe uma luz no fim do túnel = a esperança de construirmos um futuro sustentável, liderada pela solidariedade, harmonia e bondade, isto é, a não violência! ’’EDS-UNESCO