Sushi, tecnologia e aprendizagem - Instituto de Artes · Encontrei um livro de receitas da cozinha...

11
Sushi, tecnologia e aprendizagem Por Alice Dalgalarrondo INTRODUÇÃO: Desde criança sempre tive bastante contato com arte e literatura, tanto por incentivo de meus pais quanto das próprias escolas em que estudei. Ler e escrever são atividades que sempre me interessaram. Uni isso ao meu grande apreço por geopolítica, história e comunicação e concluí que gostaria de ser jornalista; correspondente de guerra, para ser mais exata. No entanto, pensando melhor na minha vocação e procurando algo que estava nas minhas raízes, redescobri meu gosto pela arte. Então, unindo esse gosto ao meu interesse por literatura e comunicação percebi que Midialogia seria uma melhor opção. Porém, um tanto quanto ousada, confesso. A parte tecnológica me preocupa um pouco, pois meu caso com ela nunca foi muito amigável. Mas estou aprendendo seu valor; o quanto ela me pode ser útil e importante para o meu trabalho, seja qual for este o que eu escolha futuramente. Dentro desse curso, notei que estou mais fortemente ligada à processos de criação e que a tecnologia contribuí muito para esses processos, por isso não posso de modo algum descarta-la. Durante esses anos de estudo, aprendizagem e contato com diversas áreas do conhecimento, desenvolvi – como qualquer outra pessoa naturalmente desenvolve – certas preferências em relação aos modos como adquiro conhecimento. São maneiras distintas de apreender as diferentes informações, embora certas tendências sejam mais evidentes que outras. Consigo me adaptar facilmente a diferentes métodos de ensino, portanto nunca tive muitas dificuldades em aprender. Mas possuo algumas preferências. Para realmente aprender gosto de ler sobre o assunto, refletir sozinha e discutir em grupo. Em uma aula expositiva, para entender melhor, gosto de exemplos, imagens, debates. Atividades práticas, artesanais e tecnológicas (como mexer com softwares, por exemplo) aprendo melhor observando e fazendo. E por aí vai. Dentre as atividades que mais gosto, além de algumas relacionadas ao meu curso, está a culinária. Aprendo a cozinhar basicamente observando os outros e tentando fazer, experimentando e errando. Eventualmente procuro alguma receita, quando aquilo que quero fazer não está no meu repertório culinário nem no de qualquer outra pessoa mais próxima. Também gosto de recortar as receitas que vêm em caixinhas de doces. Elas parecem deliciosas nas fotos, mesmo quando se trata de uma receita de souflé de beterraba com chuchu. Quando surge a oportunidade, faço as receitas. Acho que meu gosto pela culinária se desenvolveu basicamente porque gosto muito de comer. E mesmo o fato de ter sido uma criança gorda não me traumatizou posteriormente. Continuo apreciando essa arte que é a do bom garfo! Saber fazer bem algo implica gostar daquilo que se faz. E fazer com carinho, como diria minha mãe. E se comer é uma arte, cozinhar é uma arte maior ainda, pois requer habilidade e perspicácia. Em Educação e Tecnologia, uma matéria do curso de Midialogia (o qual estou cursando, se é que vocês ainda lembram depois de todo esse papo sobre aprendizagem, souflé e etc.), nos foi feita a proposta de elaborar um projeto, desafiando-nos a aprender algo utilizando a tecnologia. Pensei em tentar aprender algo relacionado às minhas atividades, mas conclui que essas coisas como edição, softwares e afins aprenderei algum dia, quando as situações me forçarem a tal. Então, já que gosto muito de culinária resolvi que tentaria alguma coisa nessa área. 1

Transcript of Sushi, tecnologia e aprendizagem - Instituto de Artes · Encontrei um livro de receitas da cozinha...

Sushi, tecnologia e aprendizagemPor Alice Dalgalarrondo

INTRODUÇÃO:

Desde criança sempre tive bastante contato com arte e literatura, tanto por incentivo de meus pais quanto das próprias escolas em que estudei. Ler e escrever são atividades que sempre me interessaram. Uni isso ao meu grande apreço por geopolítica, história e comunicação e concluí que gostaria de ser jornalista; correspondente de guerra, para ser mais exata.

No entanto, pensando melhor na minha vocação e procurando algo que estava nas minhas raízes, redescobri meu gosto pela arte. Então, unindo esse gosto ao meu interesse por literatura e comunicação percebi que Midialogia seria uma melhor opção. Porém, um tanto quanto ousada, confesso. A parte tecnológica me preocupa um pouco, pois meu caso com ela nunca foi muito amigável. Mas estou aprendendo seu valor; o quanto ela me pode ser útil e importante para o meu trabalho, seja qual for este o que eu escolha futuramente. Dentro desse curso, notei que estou mais fortemente ligada à processos de criação e que a tecnologia contribuí muito para esses processos, por isso não posso de modo algum descarta-la.

Durante esses anos de estudo, aprendizagem e contato com diversas áreas do conhecimento, desenvolvi – como qualquer outra pessoa naturalmente desenvolve – certas preferências em relação aos modos como adquiro conhecimento. São maneiras distintas de apreender as diferentes informações, embora certas tendências sejam mais evidentes que outras.

Consigo me adaptar facilmente a diferentes métodos de ensino, portanto nunca tive muitas dificuldades em aprender. Mas possuo algumas preferências. Para realmente aprender gosto de ler sobre o assunto, refletir sozinha e discutir em grupo. Em uma aula expositiva, para entender melhor, gosto de exemplos, imagens, debates. Atividades práticas, artesanais e tecnológicas (como mexer com softwares, por exemplo) aprendo melhor observando e fazendo. E por aí vai.

Dentre as atividades que mais gosto, além de algumas relacionadas ao meu curso, está a culinária. Aprendo a cozinhar basicamente observando os outros e tentando fazer, experimentando e errando. Eventualmente procuro alguma receita, quando aquilo que quero fazer não está no meu repertório culinário nem no de qualquer outra pessoa mais próxima. Também gosto de recortar as receitas que vêm em caixinhas de doces. Elas parecem deliciosas nas fotos, mesmo quando se trata de uma receita de souflé de beterraba com chuchu. Quando surge a oportunidade, faço as receitas.

Acho que meu gosto pela culinária se desenvolveu basicamente porque gosto muito de comer. E mesmo o fato de ter sido uma criança gorda não me traumatizou posteriormente. Continuo apreciando essa arte que é a do bom garfo! Saber fazer bem algo implica gostar daquilo que se faz. E fazer com carinho, como diria minha mãe. E se comer é uma arte, cozinhar é uma arte maior ainda, pois requer habilidade e perspicácia.

Em Educação e Tecnologia, uma matéria do curso de Midialogia (o qual estou cursando, se é que vocês ainda lembram depois de todo esse papo sobre aprendizagem, souflé e etc.), nos foi feita a proposta de elaborar um projeto, desafiando-nos a aprender algo utilizando a tecnologia. Pensei em tentar aprender algo relacionado às minhas atividades, mas conclui que essas coisas como edição, softwares e afins aprenderei algum dia, quando as situações me forçarem a tal. Então, já que gosto muito de culinária resolvi que tentaria alguma coisa nessa área.

1

Escolhi o sushi como meu projeto, porque sempre apreciei a culinária japonesa. Acho leve, saudável e artística. Sempre quis aprender a fazer sushi e vi aqui uma boa oportunidade para tal. E como tenho amigos e familiares que também gostam muito de comida japonesa resolvi aprender para agradar aos outros também, porque cozinhar para si mesmo parece não fazer muito sentido.

Pensando nisso resolvi, juntamente com uma outra amiga que também escolheu aprender o sushi como projeto, fazer um almoço, onde todos da turma possam constatar o resultado da nossa aprendizagem e também apreciá-lo. De fato, é desafiador cozinhar para tanta gente, mas é realmente prazeroso saber que poderei compartilhar o sabor da minha comida com meus colegas. Decidimos que o almoço também faria parte do projeto e que faríamos ele seguindo alguns costumes japoneses.

Além dessa parte de como fazer o sushi e como organizar o almoço, a aprendizagem me desafia a mais uma coisa: como eu aprendo. Sei de muitos métodos que são eficientes para que eu possa absorver conhecimento, como já mencionado antes nesse artigo. No entanto, o uso da tecnologia para aprender a cozinhar é algo não muito constante na minha vida e com o qual terei que lidar agora.

Já busquei receitas na Internet, mas isso para mim foi como procurá-las em um livro. Li, copiei a receita, fiz e pronto. Mas o sushi exige técnicas diferentes das que conheço. Não é como fazer uma torta, por exemplo, onde os passos são semelhantes, independentemente do recheio. O sushi é complexo, exige uma delicadeza especial, modos diferentes de se preparar os ingredientes. Sei que para atingir meu objetivo somente a leitura não será suficiente. Métodos diferentes terão que ser explorados, acredito eu.

OBJETIVOS E METODOLOGIA

Como objetivos para meu projeto estavam aprender a fazer sushi e organizar um almoço seguindo tradições japonesas. Descobri que existiam vários tipos de sushi, alguns até que desconhecia a existência. Para limitar um pouco meu objetivo, decidi que aprenderia somente dois tipos: o nigiri-zushi e o temaki.

Mas fazer o sushi implica se ater a cada detalhe. Da escolha dos ingredientes até a montagem do próprio sushi. Consequentemente, cada passo da feitura entra no meu projeto. São eles:- Procurar receitas;- Como escolher o peixe;- Como cortar o peixe; - Como preparar o arroz e seu tempero;- Como escolher outros ingredientes para o recheio;- Como montar cada um dos tipos de sushi.

Documentar o processo de aprendizagem também estava incluso nos meus objetivos. E para isso me valeria de relatórios e imagens. Esses relatórios me auxiliaram a escrever este artigo que também me submeteu a um outro processo de aprendizagem. Escrever um projeto, realizá-lo e elaborar um artigo sobre ele é algo maior, a estrutura de todo meu aprendizado sobre sushi. E entender como eu aprendo e como lido com a tecnologia para isso seria o principal objetivo dentro de todo esse processo. É o que vai me auxiliar em futuros projetos.

Para o almoço, inicialmente pensamos em decorar a mesa à moda japonesa, com alguns acessórios. Mas fazendo uma pesquisa de preço percebemos que sairia muito caro. Resolvemos então que seria feita uma pesquisa de alguns costumes e que passaríamos as instruções das boas maneiras japonesas aos nossos colegas no dia.

Entendi que onde encontraria uma diversidade maior de receitas e costumes japoneses, de fato, seria na Internet. Utilizei um site de busca (é... este mesmo! O que vai dominar o

2

mundo!) para encontrar informações sobre sushi. Encontrei várias receitas, como era de se esperar, e dentre elas escolhi as que me pareciam mais objetivas. Sobre os costumes alguns outros sites foram encontrados. Também dicas sobre como cortar e escolher o peixe, sobre tipos de recheio, de tempero para o arroz, de como montar o sushi pretendia procurar na Internet.

Daria prioridade aos sites que disponibilizassem imagens das etapas do preparo do sushi, como fotos e vídeos. Eventualmente, se os sites não fossem suficientes, procuraria receitas em livros ou revistas ou pediria ajuda a alguém. Encontrei um livro de receitas da cozinha japonesa da Folha de São Paulo e a Tatiana me emprestou algumas revistas com receitas de vários tipos de sushi.

O projeto foi acompanhado pelo meu professor, bem como a realização deste artigo. Durante as aulas lemos artigos sobre tecnologia na educação, métodos de ensino, modos de aprendizagem, sobre como escrever um projeto, discutimos sobre como pesquisar e documentar atividades. Enfim, foi um longo processo de aprendizagem para chegar nos resultados finais.

RESULTADOS:

• Produto: sushi

Foram realizados três testes durante o processo de aprendizagem. A cada teste percebia o que estava bom e o que ainda faltava para que ficasse melhor. Assim, conforme surgiam as necessidade de aprimorar o sushi, pesquisava mais.

- Primeiro teste O primeiro teste foi realizado no Domingo, dia 08/10, na casa da Tatiana, aquelaque vai preparar o almoço comigo. Fizemos dois tipos de arroz para vermos o que fica melhor com as receitas de sushi.

Uma delas foi feita em uma panela especial (uma panela de tomada própria para fazer o arroz) e outra foi feita em uma panela comum. A receita mandava abaixar o fogo depois que o nível da água ficasse mais baixo que o do arroz, mas eu esqueci isso durante o processo. Isso não fez muita diferença pois o arroz ficou bem cozido da mesma forma. O arroz feito na panela especial ficou um pouco mais duro que o feito na panela comum, talvez seja o caso de colocar um pouco mais de água ao fazer aquele.

Para fazer o sushi, me orientei por três receitas que encontrei na internet, uma do site do Terra (http://culinaria.terra.com.br/dicas/ ingredientes/0,,OI55988-EI149,00.html) , uma do Uol (http://madeinjapan.uol.com.br/2006/02/01/sushi/4/) e uma de um site chamado Notícias do Brasil (http://www.noticiasdobrasil.com.br/sushipreparo.htm). As três eram muito semelhantes entre si. Porém, uma complementava a outra em certos aspectos.

Para o tempero do arroz, também fizemos de jeitos diferentes. A Tatiana usou, no arroz cozido na panela especial, um tempero já pronto indicado por sua mãe. Para o arroz feito na panela comum, eu preparei um tempero seguindo as instruções das receitas que achei na internet. Todas elas indicavam o uso de uma alga chamada kombu no tempero, que eu não consegui encontrar. E uma delas instruía o uso de aji no moto, que eu também não tinha. Decidi fazer o tempero de arroz só com vinagre, sake, açúcar e sal.

Depois de pronto e temperado o arroz, deixamos ele descansando e fomos preparar o recheio. Tanto para o nigirizushi (um dos tipos de sushi que eu me propus a fazer) quanto para o tipo de sushi que a Tatiana estava preparando, iríamos precisar de peixe como recheio. O peixe escolhido nesse dia foi o salmão. Sabia que o salmão era um tipo de peixe bastante

3

utilizado no preparo do sushi. Pesquisei na Internet outros tipos de peixe que poderia utilizar. Em uma comunidade do orkut (“Sushi em São Paulo”: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=41410) encontrei algumas dicas . Mas mesmo assim, resolvi utilizar o salmão por falta de opções de peixe fresco na peixaria onde fui. Segui as instruções de um site chamado Mulher do Sapo (http://mulher.sapo.pt/XtDC/555017.html) sobre como escolher o peixe, como saber se ele está fresco e se pode ser comido cru. Ali também encontrei dicas sobre equipamentos necessários para o preparo do sushi.

Tive um pouco de dificuldade para tirar a pele e cortar o peixe. Nenhuma das receitas ensinava como tirar a pele e pedi a um amigo que me ajudasse. Ele me ensinou o modo correto, tirando um pedaço da pele. Eu observei e depois prossegui. As receitas não ensinavam de modo muito claro como cortar o peixe. Segui as instruções, mas senti falta de algumas imagens do ato de cortar. Lembrei que tinha visto no site Notícias do Brasil algumas fotos dos passos de como se deve cortar o peixe e tentei me basear por elas. Também, durante o processo, observamos em algumas revistas fotos de sushis prontos para ver se era mesmo daquela maneira que se cortava o peixe, se o sentido das fibras estavam iguais. Pareceu-me que o modo como fiz estava correto, baseando-me pelas imagens. O que fez falta realmente foi uma faca bem afiada. Mas mesmo assim percebi que precisava pesquisar um pouco mais sobre como cortar o peixe.

Tirando a pele Tiago ensinando a tirar a pele Cortando o peixe

Para observar fotos do sushi já pronto, as revistas e o guia de culinária da Folha de São Paulo foram úteis, mas esse material não explica muito bem como proceder passo a passo, então preferi me orientar pelos sites. Ao montar os sushi não senti nenhuma dificuldade. Os bolinhos de arroz ficaram a da forma ideal. Quando prontos, com o peixe em cima, eles ficaram da maneira como vejo em restaurantes e fotos.

Montando o niguirizushi Niguirizushi!!! Experimentando

4

Os dois tipos de arroz, tanto o feito com o tempero pronto como o feito com o tempero de vinagre, ficaram um pouco sem gosto. E o com o tempero pronto, além disso, ficou mais seco. Pensamos em algumas soluções: - adicionar mais água durante o cozimento do arroz feito na panela especial;- colocar mais tempero pronto;- misturar os dois tipos de tempero;- colocar a alga kombu e/ou aji no moto no tempero de vinagre como mandam as receitas.Estas soluções foram tiradas da nossa cabeça, seguindo intuições culinárias femininas.

- Segundo teste: O segundo teste foi realizado Domingo, dia 22 de outubro. Desta vez fiz sozinha, sem

a ajuda da Tatiana. Fiz só um tipo de arroz, na panela comum, com somente um tipo de tempero. O

tempero fiz como mandava uma receita, da mesma maneira que havia feito anteriormente, porém desta vez coloquei o aji no moto. Realmente, o arroz ficou mais saboroso. Entretanto, obtive a informação de que o aji no moto seria cancerígeno.

Pesquisei na internet sobre a procedência dessa informação. O assunto é bastante contraditório. Alguns sites dizem que o aji no moto realmente contém substâncias cancerígenas (certos aminoácidos) e outros defendem o aji no moto dizendo que ele proporciona uma alimentação mais saudável. Por via das dúvidas, resolvi que no próximo teste usaria outro tipo de tempero.

Desta vez fiz os dois tipos de sushi que tinha me proposto a aprender: o niginizushi (que já havia feito anteriormente, no primeiro teste) e o temaki. Além desses dois, ainda fiz um outro que não era minha proposta, mas que ficou muito bom também (e tenho testemunhas!). Para todos eles usei o salmão como recheio novamente. Desta vez, comprei o peixe fresco e coloquei no congelador. Tirei-o de lá mais ou menos uma hora antes de cortá-lo, pois uma senhora japonesa, dona de uma loja de produtos orientais em Bragança Paulista (e que também faz sushi) havia me dito que o peixe quando está um pouco congelado fica mais fácil de cortar. E realmente fica! Entretanto constatei que ainda precisava de uma faca bem mais afiada. Cortar o peixe é de extrema dificuldade.

Para esse teste, procurei fotos em sites para observar como se faz o corte correto. Percebi que somente o texto não seria necessário, eu teria que observar imagens para poder entender melhor esses processos. Alguns sites já citados possuiam fotos. O Notícias do Brasil foi bastante útil para que eu pudesse fazer o nigiri-zushi, com fotos mostrando os passos de como se deve cortar o peixe. Outro site chamado Nippobrasil (http://www.nippobrasil.com.br/2.semanal.culinaria/367.shtml) também ensina a montar o nigiri com fotos passo a passo.

Pelas fotos percebe-se bem qual é o sentido que as fibras tem que ficar e o ângulo que a faca faz para poder cortar o peixe em camadas mais finas. Mas foi aí que a faca afiada me fez falta, as camadas não ficaram tão finas quanto era necessário. Também acredito que um pouco mais de prática ajudaria.

Escolhendo recheios Cortando o peixe novamente

5

Alguns sites indicavam tipos de peixes e recheios que poderiam ser usados (como pepino, cenoura, manga, alface etc.). Para o recheio, além dos sites do Terra e do Noticías do Brasil (no site da Uol não tinha esse tipo de dica) também encontrei outros.

Para o temaki segui a receita do site do Terra (http://culinaria.terra.com.br/receita/0,4567,OI16701-EI36,00.html), porém, observando como se monta no site Nippobrasil (http://www.nippobrasil.com.br/2.semanal.culinaria/294.shtml), que possuí fotos dos passos de como enrolar o sushi. Este último site também dá uma outra alternativa de recheio para o temaki. Percebi que muito dependia da minha criatividade e bom gosto. Posso escolher os recheios que quiser, combiná-los da maneira como preferir. Isso também vale para temperos, como raíz forte, por exemplo.

Para montar o temaki e o nigiri foi tranqüilo. Porém o temaki, na hora de enrolar, não saiu exatamente da maneira como eu esperava. Era para formar um cone perfeito, no entanto uma parte da alga ficou sobrando na ponta. A Tatiana me disse que o erro está na forma de enrolar. Pesquisei bastante sobre isso depois e até observei um vídeo em um site (www.eatsushi.com) que mostra um sushiman cortando o peixe e montando vários tipos de sushi, entre eles o nigiri e o temaki. Mas creio que essas pesquisas não foram satisfatórias nesse ponto. De qualquer forma, o sabor ficou bom.

Sushi!!!

- Terceiro teste: Este terceiro teste foi realizado numa Quarta-feira, dia 15 de novembro. Mais uma vez,

sem a Tatiana por perto para me socorrer. Eu estava colocando todas as minhas expectativas nesse teste, afinal, era o último

antes do almoço onde todos provariam o meu sushi. Olhei mais fotos com cuidado e assisti aos vídeos novamente. E foi um desastre. O lógico da evolução de um aprendizado é que a cada tentativa, quanto mais estudo, mais aprimorado fica o resultado. No meu caso aconteceu o contrário.

Para o tempero do arroz, ao invés de colocar aji no moto, coloquei mais sal, novamente seguindo minhas intuições culinárias. O gosto ficou bom. Mas em algum momento do cozimento eu errei, porque o arroz ficou todo empapado. Acho que na pressa que ele ficasse pronto logo fui colocando mais e mais água sem fazer uma medida exata.

O peixe estava bem fresco, tão fresco que despedaçava a cada passada de faca (que pela primeira vez estava afiadíssima!). Não consegui cortar uma tira sequer corretamente para fazer o nigirizushi. Fiz uma meia dúzia deles, mas todos ficaram horrorosos. A minha sorte é que as receitas pedem que, para o recheio do temaki, o peixe esteja cortado em pedacinhos pequenos. Na raiva eu picotei tudo. Praticamente matei o peixe de novo.

Eu já havia pesquisado bastante sobre o nigirizushi e sobre como cortar o peixe. Assisti ao vídeo do sushiman no eatsushi.com. No entanto, o japa é muito rápido, possuí uma agilidade incrível que eu nem sonho em atingir. Mas dá para ter uma noção do que ele está fazendo com os ingredientes (quando fico sem piscar, obviamente). No Youtube achei um vídeo muito interessante (http://youtube.com/watch?v=4PqRbE8_aP8) que mostra um

6

sushiman fazendo o nigiri ao som de psy. O vídeo é todo mixado no rítmo da música, o que faz com que cada movimento do sushiman possa ser observado mais de uma vez.

Mas mesmo depois de tanto observar eu não consegui fazer da maneira como esperava. Nem o temaki saiu do jeito certo, ficou sobrando espaço na ponta, como da outra vez. Acredito que uma ajuda de alguém que entende seria muito útil, mas não consegui encontrar ninguém que me ensinasse. Prática também é fundamental. No entanto, errar é importante para o aprendizado, que está a todo momento em construção. Mas, mesmo sabendo disso, não deixei de ficar frustrada com meus erros.

Destruindo o peixe Montando o temaki Enganando

Meu pai experimentou depois de pronto e disse que estava uma delícia, mas eu não confio muito. Ele viu meu empenho e minha posterior decepção e quis me agradar, provavelmente. Eu experimentei também, mas estava tão enjoada daquele cheiro de peixe que achei tudo aquilo muito ruim. Depois tive que comer um pote bem grande de sorvete com doce de leite para tirar o gosto.

• Produto: o almoçoDia 21 de Novembro.A ansiedade era grande, ainda mais pelo fiasco que tinha sido meu último teste. Havia

olhado novamente todos os sites em que pesquisei, vi as fotos, os vídeos, li as dicas. Felizmente tudo correu bem. E com a ajuda da Tatiana tudo ficou muito mais fácil. Ela me deu algumas dicas, ensinou uns truques que aprendeu com um sushiman e que facilitaram o meu trabalho.

O arroz fizemos na panela especial (aquela lá da Tati) e temperamos como fiz da última vez. Talvez tenha faltado um “gostinho”, algo a mais, mas ficou bom do mesmo jeito.

Cortar o peixe ainda foi uma tarefa difícil. Ainda não adquiri a precisa habilidade de cortar corretamente as finas fatias para o nigirizushi. Mas a Tatiana me ensinou um modo bem mais fácil de tirar a pele do peixe que ela aprendeu com o sushiman e isso me poupou um grande esforço e me impediu de destruir o peixe como da última vez.

Tati ensinando um modo mais fácil de tirar a pele

Fui bem na montagem dos sushis. O nigirizushi ficou até que bonitinho, apesar da minha pouca prática em cortar peixe. O temaki ficou lindo! Escolhi bons recheios e consegui enrolar como mandam as receitas e foi só uma questão de jeito, de delicadeza e de raciocínio intenso (muitos cálculos matemáticos para elaborar um cone perfeito). A Tatiana também me ensinou uma técnica melhor para espalhar o arroz na alga.

7

Montando o niguirizushi Mais sushi Alice, Tati e sushi

Pronto o sushi, é chegada a hora de servi-lo. Preparamos uma mesa baixa, para as pessoas se sentarem no chão, como se faz no Japão. Colocamos sobre a mesa hashis (pauzinhos para comer), recipientes com molho de soja e uns cartões com indicações de alguns costumes que poderiam ser seguidos. Estes costumes pesquisamos em sites. Eu encontrei informações relevantes no Notícias do Brasil (http://www.noticiasdobrasil.com.br/etiquetajaponesa.htm). E também em outros sites:

http://www.pref.tochigi.jp/kokusai/life/portuguese/16.html; http://www.camposonline.com.br/gastronomia/curiosidades/index.htm.

Encontrei um outro vídeo no Youtube satirizando alguns dos hábitos japoneses (http://youtube.com/watch?v=GYlcgq-U5js), mas que me deram algumas idéias de como se portar à mesa.

Para mim funcionou bem. Eu compreendi como funcionavam esses costumes. Mas não consegui passar isso de maneira adequada para as pessoas. A idéia é que cada um lesse um cartão para todos e seguissem a regra nele escrita. De início, as pessoas fizeram o que eu esperava, mas depois ficaram todos tão entretidos com o sushi que esqueceram os cartões.

Pensei que eu e a Tati poderíamos ter dito as regras para todos, mas acredito que também não funcionaria. Estavam todos com tanta fome que não nos ouviriam.

Almoço “japonês” Provando... ... e aprovando

Quanto ao sushi, fiquei bastante contente com o resultado. O esforço foi grande, preparar o sushi é trabalhoso e delicado. Recebi muitos elogios e para mim isso foi extremamente gratificante. Professores e colegas que experimentaram gostaram e aprovaram a aparência. Fosse por beleza e sabor desse produto do meu processo de aprendizagem eu tiraria nota dez em Educação e Tecnologia.

• Sobre meu processo de aprendizagem

Lendo materiais e ouvindo instruções do meu professor, entendi cada passo da realização de um projeto. Primeiramente deu-se a escolha do tema e do produto, como já mencionado anteriormente. Depois elaborei um documento com os objetivos a serem atingidos (os quais também já citei) e estabeleci uma metodologia de pesquisa.

8

Conforme o caminhar do processo de aprendizagem, fui implementando as pesquisas, aprendendo com meus erros, documentando minhas atividades, aprimorando minhas técnicas e, assim, descobrindo formas de como trabalho e construo conhecimento.

O projeto é a estrutura de todo o processo. A forma de construção do conhecimento, seu principal resultado. É tomando ciência desta e de como se elabora um projeto que futuramente será praticamente útil para a realização de futuros trabalhos e projetos. O sushi foi uma maneira divertida que encontrei para aprender algo que realmente será necessário para minha formação.

Confesso que inicialmente não pensava desta forma. Não conseguia enxergar a relevância de todo esse processo. Só fui entender o real porquê dessa proposta de atividade depois de fazer pesquisas e relatórios. Percebi que estava, de fato, transformando informações em conhecimento a partir de reflexões, discussões, análises de imagens, elaboração de relatórios, cometendo erros.

Sempre tive consciência das formas como aprendo melhor. E também nunca tive muitos problemas em absorver conhecimento, pois me adapto fácil aos vários métodos de ensino e aprendizagem. Porém, cursando essa matéria (Educação e Tecnologia), obtive um maior esclarecimento sobre quais são minhas preferências de aprendizagem, realizando testes e atividades.

Estes testes e atividades me classificaram como uma aprendiz que possui habilidades para vários estilos de aprendizagem. No entanto, alguns deles prevalecem. Por exemplo, um teste apontou para uma preferência em aprender agindo e discutindo. Outro revelou uma maior predisposição minha em lidar com textos que com imagens.

Realizando o projeto, constatei o que acreditava e o que os testes indicavam: que sou apta a aprender em diferentes situações. Entretanto, percebi que alguns pontos são imprescindíveis para que eu consiga efetivamente compreender o que pretendo fazer.

Primeiro, a observação de imagens. Vídeos e fotografias me auxiliaram muito ao montar o sushi, mais até que os textos. Claro que precisei deles para as receitas; existem coisas que as imagens simplesmente não conseguem contar. Esse fato não confirma o resultado de um dos testes que diz que não sou uma boa aprendiz visual. Eventualmente, em outras situações, talvez eu não seja mesmo. Por exemplo, não consigo lidar com gráficos. Mas fotografias, desenhos e afins são sempre bem vindos para auxiliar a explicação.

Antes de realizar o projeto acreditava que aprendo seqüencialmente, passo a passo. Essa crença foi confirmada a partir do momento em que percebi que a cada teste precisava pesquisar um ou outro ponto que havia ficado em defasagem no teste anterior. Cada etapa foi avaliada separadamente para que depois eu pudesse chegar ao final do processo.

Outro fato que me auxilia bastante no processo de aprendizagem é a ajuda de alguém. Discutir e observar o que o outro faz é de extrema importância e pude constatar isso ao fazer o sushi. Quando o fiz juntamente com a Tatiana percebi que o prato saiu mais saboroso e mais bonito. Juntas pensávamos qual seria o melhor tempero, o melhor modo de se cortar o peixe, como faríamos para cozinhar o arroz etc. Claro que pesquisar e refletir sozinha também foi de extrema importância para posteriores discussões.

Senti falta de alguém que me orientasse, um especialista. Talvez atingiria resultados mais consistentes se conversasse com alguém que entende de sushi e o observasse fazendo. Mas, ao contrário da Tatiana, eu não tive essa oportunidade. Ela me passou algumas dicas pertinentes que foram passadas a ela, mas acredito que ver com os próprios olhos ajudaria mais.

Mas mesmo não tendo alguém que me orientasse, consegui desenvolver a atividade a qual me propus, com o auxilio da tecnologia (com a qual mantenho uma relação inconstante) e da ajuda de amigos.

9

CONCLUSÕES:

Atingi meus objetivos. Constatei preferências de aprendizagem, consegui fazer os dois tipos de sushi que me propus a aprender e realizei um almoço seguindo algumas tradições japonesas.

O sushi foi bem feito dentro dos meus padrões, dentro da minha prática adquirida. O almoço não saiu exatamente da maneira como eu esperava. Nesse ponto percebi que não tenho muita habilidade para controlar uma multidão esfomeada. Mas foi um bom almoço, sem dúvida.

Certamente que o processo não pára por aí. Sei que o conhecimento nunca cessa de ser construído. A cada nova tentativa de fazer sushi aprimorarei certos aspectos e a cada nova e qualquer atividade realizada e apreendida constatarei diferentes preferências ou reafirmarei as já constatadas.

Fazer sushi me ajudou em aspectos importantes. É um trabalho artístico e requer paciência e criatividade, o que eu realmente preciso e aprecio para minhas atividades acadêmicas e eventuais projetos. Também foi algo relaxante, que me ajudou a descansar um pouco da sobrecarga do semestre.

Entendi que bom humor e paz de espírito são fundamentais ao cozinhar. Que quando se faz para várias pessoas o estímulo é maior, a boa vontade aumenta e uma maior dedicação é imprimida ao prato. A energia do ambiente também é um fator importante para o resultado positivo do prato. No almoço do dia 21 de Novembro, senti boas vibrações. As pessoas estavam alegres, unidas, ajudando umas as outras e isso me acalmou. As energias e o humor foram a mim transferidas e eu pude realizar o sushi com amor (eu sei que é cafona, mas é a mais pura verdade) no intuito de agradar a todos.

O sushi agora deixa de ser projeto. Aprimorarei minhas técnicas eventualmente, quando surgir a vontade de fazer, quando quiser saborear um prato agradável, quando quiser agradar aos outros com uma comida especial. Para futuros projetos, o que fica dessa aprendizagem são as formas como eu construo conhecimento, até que ponto a tecnologia pode ser útil nesse sentido e como aproveitar pesquisas e discussões. Além, é claro, de como se realiza um projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Arroz para sushi passo a passo. Disponível em: <http://culinaria.terra.com.br/dicas/ ingredientes/0,,OI55988-EI149,00.html>. Acesso em: out. 2006.

Sushi receita e Nigirizushi. Redação Made in Japan. 2006. Disponível em: <http://madeinjapan.uol.com.br/2006/02/01/sushi/4/>. Acesso em: out. de 2006.

Preparo do sushi. Disponível em: <http://www.noticiasdobrasil.com.br/sushipreparo.htm>. Acesso: out. 2006

<http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=41410>. Acesso em: out. 2006

SOUZA, Clara de. Refeição japonesa. Disponível em: <http://mulher.sapo.pt/XtDC/555017.html>. Acesso em: out. 2006

RAKUMA, Marisa. Nigiri de salmão. Disponível em: <http://www.nippobrasil.com.br/2.semanal.culinaria/367.shtml>. Acesso em: out. 2006.

1

Sushi Temaki. Disponível em: <http://culinaria.terra.com.br/receita/0,4567,OI16701-EI36,00.html>. Acesso em: out. 2006.

Temaki. Disponível em: <http://www.nippobrasil.com.br/2.semanal.culinaria/294.shtml>. Acesso em: out. 2006.

Making sushi. Disponível em: <http://www.eatsushi.com/demos.asp>. Acesso em: out. 2006.

Sushi Master. Disponível em: <http://youtube.com/watch?v=4PqRbE8_aP8>. Acesso em: nov. 2006.

Etiqueta Japonesa. Disponível em: <http://www.noticiasdobrasil.com.br/etiquetajaponesa.htm>. Acesso em: nov. 2006.Costumes japoneses (NIHON NO SHUKAN). Disponível em: <http://www.pref.tochigi.jp/kokusai/life/portuguese/16.html>. Acesso em: nov. 2006.

Curiosidades. Disponível em: <http://www.camposonline.com.br/gastronomia/curiosidades/index.htm>. Acesso em: nov. 2006.

Sushi. Disponível em: <http://youtube.com/watch?v=GYlcgq-U5js>. Acesso em: nov. 2006.

MEDINA, Ignacio. Cozinha País a País: Folha de São Paulo. São Paulo: Ed. Moderna, 2006.

1