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1 Destaque Depec - Bradesco Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Ano XI - Número 73 - 27 de novembro de 2013 Andréa Marcos Angelo Surpresa negativa com saldo comercial ao longo de 2013 foi explicada pelo desempenho das exportações, porém esperamos recuperação moderada nos meses à frente Em outubro, o saldo comercial brasileiro ficou negativo em US$ 224 milhões, acumulando no ano déficit de US$ 1,832 bilhão. Isso representa uma redução significativa em relação ao resultado apurado no mesmo período de 2012, quando a balança comercial atingiu US$ 17,350 bilhões. Nossa perspectiva é de que o saldo comercial mostre ligeira melhora até o final do ano, encerrando 2013 com déficit de US$ 500 milhões. A melhora do saldo deve prosseguir em 2014, quando esperamos superávit de US$ 6,9 bilhões. Vale a pena dizer, que para entender melhor o comportamento das nossas compras e vendas externas, vamos abrir os dados, para melhor analisar. Isso porque, ao longo deste ano tivemos um montante atípico de embarques de plataforma de petróleo no valor de US$ 4,7 bilhões (a média dos últimos anos foi de US$ 1 bilhão ao ano). Pelo lado dos desembarques, devemos analisar as importações ajustadas por conta do atraso de registros de compras de petróleo, que ocorreu em 2012 (de julho a outubro), e que foi contabilizado no primeiro semestre deste ano. Apesar da volatilidade mensal da série de exportações brasileiras, verificamos uma tendência de queda do volume exportado ao longo de 2013. É sabido que um dos fatores que explicam esse comportamento é a venda de petróleo e derivados. No ano, os embarques de petróleo somam apenas US$ 17,5 bilhões, resultado bastante inferior ao apurado no mesmo período do ano passado, de US$ 25,4 bilhões (estimamos que as exportações de petróleo atinjam US$ 23,1 bilhões em 2013). Por sua vez, as importações de petróleo (considerando o ajuste de US$ 4,7 bilhões entre julho a outubro de 2012 e descontando o mesmo valor entre janeiro a maio deste ano) também aumentaram no acumulado do ano quando comparado com o mesmo período de 2012, saindo de US$ 18,96 bilhões para US$ 19,76 bilhões. Com isso, o déficit da conta de petróleo apresentou alta de 48%, ou de US$ 5,4 bilhões, de janeiro a outubro 2013 contra o mesmo período do ano passado, considerando os dados corrigidos das importações atrasadas. Esperamos que em 2014 o déficit da conta petróleo diminua de US$ 22,9 bilhões em 2013 para US$ 17 bilhões, com ajustes de importação de petróelo atrasada. Mas como temos ressaltado em nossas publicações, a conta petróleo não explica toda a deterioração do nosso saldo comercial. Quando analisamos o comportamento das exportações em valor e por grupo, acumuladas em 12 meses até outubro, identificamos figura semelhante à relatada acima: queda generalizada entre os grupos, exceto os básicos ex-petróleo, que subiram 4,5% no período mencionado (forte desempenho de produtos agropecuários). Também nos chama a atenção a queda de 5,1% das vendas de bens industrializados, quando excluídas as plataformas de petróleo. As exportações totais em valor cederam 2,3% em 12 meses, ao passo que descontadas as plataformas, houve queda de 4%, na mesma base de comparação. Lembrando que em 12 meses, as exportações de plataformas somam US$ 4,7 bilhões. 1 Como já foi comentado anteriormente no conjuntura da semana do dia 11 de outubro, essa operação é um registro contábil, totalmente legal, mas que não constitui uma exportação genuína. 2 Atraso de registros de compras de petróleo que ocorreu em 2012 (de julho a outubro) e que foi contabilizado no primeiro semestre deste ano.

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osAno XI - Número 73 - 27 de novembro de 2013

Andréa Marcos Angelo

Surpresa negativa com saldo comercial ao longo de 2013 foi explicada pelo desempenho das exportações, porém esperamos recuperação moderada nos meses à frente

Em outubro, o saldo comercial brasileiro ficou negativo em US$ 224 milhões, acumulando no ano déficit de US$ 1,832 bilhão. Isso representa uma redução significativa em relação ao resultado apurado no mesmo período de 2012, quando a balança comercial atingiu US$ 17,350 bilhões. Nossa perspectiva é de que o saldo comercial mostre ligeira melhora até o final do ano, encerrando 2013 com déficit de US$ 500 milhões. A melhora do saldo deve prosseguir em 2014, quando esperamos superávit de US$ 6,9 bilhões. Vale a pena dizer, que para entender melhor o comportamento das nossas compras e vendas externas, vamos abrir os dados, para melhor analisar. Isso porque, ao longo deste ano tivemos um montante atípico de embarques de plataforma de petróleo no valor de US$ 4,7 bilhões (a média dos últimos anos foi de US$ 1 bilhão ao ano). Pelo lado dos desembarques, devemos analisar as importações ajustadas por conta do atraso de registros de compras de petróleo, que ocorreu em 2012 (de julho a outubro), e que foi contabilizado no primeiro semestre deste ano. Apesar da volatilidade mensal da série de exportações brasi leiras, verif icamos uma tendência de queda do volume exportado ao longo de 2013. É sabido que um dos fatores que explicam esse comportamento é a venda de petróleo e derivados. No ano, os embarques de petróleo somam apenas US$ 17,5 bilhões, resultado bastante inferior ao apurado no mesmo período do ano passado, de US$ 25,4 bilhões (estimamos que as exportações de petróleo

atinjam US$ 23,1 bilhões em 2013). Por sua vez, as importações de petróleo (considerando o ajuste de US$ 4,7 bilhões entre julho a outubro de 2012 e descontando o mesmo valor entre janeiro a maio deste ano) também aumentaram no acumulado do ano quando comparado com o mesmo período de 2012, saindo de US$ 18,96 bilhões para US$ 19,76 bilhões. Com isso, o déficit da conta de petróleo apresentou alta de 48%, ou de US$ 5,4 bilhões, de janeiro a outubro 2013 contra o mesmo período do ano passado, considerando os dados corrigidos das importações atrasadas. Esperamos que em 2014 o déficit da conta petróleo diminua de US$ 22,9 bilhões em 2013 para US$ 17 bilhões, com ajustes de importação de petróelo atrasada.

Mas como temos ressal tado em nossas publicações, a conta petróleo não explica toda a deterioração do nosso saldo comercial. Quando analisamos o comportamento das exportações em valor e por grupo, acumuladas em 12 meses até outubro, identificamos figura semelhante à relatada acima: queda generalizada entre os grupos, exceto os básicos ex-petróleo, que subiram 4,5% no período mencionado (forte desempenho de produtos agropecuários). Também nos chama a atenção a queda de 5,1% das vendas de bens industrializados, quando excluídas as plataformas de petróleo. As exportações totais em valor cederam 2,3% em 12 meses, ao passo que descontadas as plataformas, houve queda de 4%, na mesma base de comparação. Lembrando que em 12 meses, as exportações de plataformas somam US$ 4,7 bilhões.

1 Como já foi comentado anteriormente no conjuntura da semana do dia 11 de outubro, essa operação é um registro contábil, totalmente legal, mas que não constitui uma exportação genuína.2 Atraso de registros de compras de petróleo que ocorreu em 2012 (de julho a outubro) e que foi contabilizado no primeiro semestre deste ano.

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* Exclusão do valor referente à exportação de plataforma para extração de petróleo. ** Importações ajustadas por conta do atraso de registros de compras de petróleo, que ocorreu em 2012 (de julho a outubro), e que foi contabilizado no primeiro semestre deste ano.

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Total Básicos ex-petróleo Petróleo Industrializados ex-derivados

Industrializados ex-plataformas

-30,0%

-25,0%

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0,0%

5,0%

10,0%

Valor

Var. %

Variação das exportações acumuladas em 12 meses até out/12 e out/13 – por grupos (US$ milhões e %)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

Assim, como explicitamos anteriormente fica evidente que tais registros acabam poluindo a análise dos dados do comércio exterior brasileiro. Por isso, vamos analisar as exportações sem plataforma e a importação com os ajustes necessários por conta dos atrasos ocorridos em 2012 para termos uma análise mais precisa do que está acontecendo com

a balança comercial. Ou seja, o saldo efetivo de 2012 (acumulado em 12 meses até outubro) foi de US$ 16,3 bilhões, não US$ 21,8 bilhões conforme apurado. Isso porque, efetivamente, as exportações caíram US$ 9,4 bilhões e as importações subiram US$ 6,6 bilhões, diferente do que foi de fato divulgado (US$ 5,5 bilhõese US$ 16 bilhões, respectivamente).

246.261

224.432

21.829

240.692 240.488

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180.000

270.000

Exportação Importação Saldo

out/12

out/13

-2,3% (-5,567 bi)7,2% (+16,056 bi)

-99,1% (-21,623 bi)

Exportações, importações e saldo comercial em 12 meses (US$ milhões)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

Exportações, importações e saldo

comercial em 12 meses (US$ milhões)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

245.474229.132

16.342

235.983 235.788

1950

90.000

180.000

270.000

Exportação ajustada s/ plataforma* Importação ajustada c/ atrasos** Saldo ajustado

out/12

out/13

-3,9% (-9,4 bi)2,9% (+6,6 bi)

-99% (-16bi)

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média 2012 jan - jun/13 jul- out/13

Média diária das exportação ex petróleo e ex plat desaz

Quando avaliamos a dinâmica mais recente das exportações, excluindo as exportações de petróleo e de plataforma, em valor, a média diária das exportações “ajustadas” entre julho e outubro mostra queda expressiva de 9% em relação ao primeiro semestre do ano. Para efeito de comparação, a média diária de 2012 foi de US$ 841 milhões e a média diária de 2013 até outubro, US$ 837 milhões. E, na abertura por produto, ainda considerando a mesma métrica, destacamos a queda de 32% dos têxteis, 32% de açúcar, 14% de metalurgia e 5,7% de químicos. Ou seja, essa piora é bem dispersa. Para qualificar a investigação, consideramos que as oscilações em valor derivam das variações de preço e quantum. Para tanto, utilizamos os dados da Funcex fazendo a mesma comparação da

média de julho a outubro contra a média do primeiro semestre, que também mostrou queda intensa em quantum desses produtos já citados. O efeito preço, olhando de forma agregada nas exportações, contribuiu com quase metade da queda de 9% observada no valor (média de julho a outubro contra a média do primeiro semestre). Portanto, bens básicos e semimanufaturados foram em grande medida responsáveis pela queda de preço, enquanto manufaturados ficaram praticamente estáveis na métrica mencionada. Já a queda de quantum resultou da venda menor de semimanufaturados e manufaturados, com os básicos como o destaque de alta (embarcamos umas das maiores safras de soja e também houve aumentos expressivos nas vendas de carnes).

Média diária das exportações ex- petróleo e ex-plataforma dessaz em valor (US$)- (média de 2012 e média de julho a outubro contra média de janeiro a junho)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

-28,5%

-15,6%

-10,4%-8,5% -8,1%

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Efeito preço -1,3%

Efeito preço +3,5%

Efeito preço +3%

Efeito preço +6,8%

Efeito preço -5,3%

Efeito preço -1,2%

Efeito preço -4%

Efeito preço -6%

Exportações brasileiras em

quantum dessaz: média de julho

a outubro/13 contra média do

1°semestre/13 - (%)

Fonte: FUNCEXElaboração: BRADESCO

Vale dizer que a queda de exportação em quantum já não está mais “contaminada” pelas barreiras comerciais impostas pela Argentina aos produtos brasileiros, em especial, manufaturados. Nos últimos meses as exportações de automóveis para o pais em questão aumentaram consideravelmente (+10% de média diária acumulada entre janeiro a outubro deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior). Os destinos que chamam atenção de queda das exportações brasileiras (excluindo

petróleo e plataforma), no acumulado em 12 meses, são: América Latina sem Argentina (-5%) e União Europeia (-11,8%). Em suma, as vendas de bens industrializados não conseguem exibir recuperação mesmo com a depreciação cambial verificada desde o ano passado. Isso pode estar ocorrendo diante da abundância de capacidade ociosa industrial nos principais países desenvolvidos, o que torna a concorrência com os produtos brasileiros muito acirrada.

Queda de 9%

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Blocos de destino das exportações brasileiras ex-petróleo e ex-plataforma: acumulado 12 meses %(em valor US$ milhões)

Fonte: FUNCEXElaboração: BRADESCO

-54,7%

-20,0%

-11,8% -10,2%-5,0% -4,9% -4,1% -2,4% -1,6%

0,1% 1,7%6,3% 7,1%

-60,0%

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Acumulado 12 meses

Na análise do comportamento das importações em valor e por grupo, no acumulado em 12 meses até outubro, temos que nossas compras seguiram fortes ao longo do ano, a despeito da depreciação da taxa de câmbio. Acreditamos que esse desempenho esteja refletindo a melhora da atividade econômica em relação ao ano passado (o PIB de 2012 apresentou

alta de 0,9% enquanto que em 2013 projetamos alta de 2,4%), o que é explicado pela alta da importação de bens intermediários (como farmacêuticos, químicos, adubos e fertilizantes) e bens de capital, que exibiram desempenho expressivo no primeiro semestre do ano (equipamentos de transportes e máquinas).

6.656

-1.868

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Total c/ajuste Combustíveis c/ajuste

Bens de Capital Bens de ConsumoDuráveis e não

duráveis

Intermediários

Valor

Var. %

Variação das importações acumuladas em 12 meses até out/12 e out/13 – por grupos (US$ milhões e %)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

No entanto, nos últimos meses, as importações estão mais moderadas. E, quando olhamos sob a ótica das importações sem petróleo, é verdade que a média diária excluindo esse produto e fazendo os ajustes sazonais, em valor, apresentou queda de 5,5% entre julho e outubro em relação ao primeiro semestre do ano (para efeito de comparação, a média diária de 2012 foi de US$ 730 milhões e a média diária de 2013 até outubro, US$ 765 milhões). No que tange os principais produtos que tiveram desempenho negativo nos últimos quatro meses até outubro, contra o primeiro semestre de 2013, temos queda de: -26% de produtos

químicos, -5% de siderúrgicos, -17,2% algodão, -31,5% leite e derivados. Caso curioso foi que em outubro as importações apresentaram alta de 9% dessazonalizada após queda de 9,6% no mês anterior. Mas acreditamos que essa alta expressiva nas importações em outubro se deve, em parte, ao “represamento” das compras à espera da nova alíquota de importação reduzida3, que passou a vigorar no mercado em 1°de outubro para alguns bens intermediários e de capital4. Portanto, mesmo com a alta expressiva das importações, acreditamos que foi um ajuste de nível, o que é ilustrado no gráfico a seguir.

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3 Lembrando que a alíquota mais alta vigorou por um ano para proteger alguns setores que estavam sofrendo com a concorrência dos importados. Segundo o governo, com a mudança no cenário internacional, a desvalorização do real e a necessidade de baratear o custo dos insumos usados pela indústria, foi decidido o retorno das alíquotas do imposto para os patamares originais.4 Máquinas e equipamentos, produtos químicos e siderúrgicos, como principais.

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média 2012 jan - jun/13 jul- out/13

Média diária das importações ex petróleo dessaz

Média diária das importações ex- petróleo dessaz em valor (US$)- ( média de 2012 e média de julho a outubro contra média de janeiro a junho)

Fonte: MDICElaboração: BRADESCO

Em suma, apesar da evidente piora do saldo comercial neste ano, acreditamos que nos próximos meses o déficit de US$ 1,8 bilhão apresente redução. Nossa perspectiva é de que o saldo comercial encerre 2013 com déficit próximo de US$ 500 milhões. Essa recuperação será pautada pela melhora tanto das exportações de petróleo quanto das demais exportações.

Para 2014, a balança comercial deve apresentar superávit de US$ 6,9 bilhões. Do ponto de vista do quantum exportado, isso se deve a três razões: (i) depreciação cambial, que eleva em alguma medida a competitividade de manufaturados; (ii) crescimento mundial mais acentuado (projetamos expansão de 3,6% do PIB global em 2014, sucedendo alta de 3,0% em 2013); e (iii) pela recuperação mais forte do quantum exportado de petróleo (projetamos que produção de petróleo salte para 6,1% em 2014, de -3% em 2013). No lado das importações em 2014, esperamos que o quantum reaja ao desempenho da atividade doméstica (projetamos PIB de 2014

em 2,1% após crescimento de 2,4% neste ano). No entanto, vale ressaltar que as importações podem ser ainda mais limitadas pela depreciação cambial, já que nossa projeção de câmbio é de R$ 2,35 ao final de 2014. Em relação aos preços de importação, deverão ceder, embora em magnitude muito inferior ao das exportações, ainda gerando uma queda de termos de troca. No entanto, contemplamos também em nosso cenário que a melhora do saldo comercial não será ainda maior, pois, no lado das exportações, trabalhamos com queda de preços de minério (- 7,5% no preço médio para 2014 em relação a 2013) e cotações agrícolas moderadas, principalmente soja e milho (projetamos -7,5% de queda no preço médio de 2014 para a soja e 21% para o milho), que os três juntos representam aproximadamente 25% da pauta de exportação. Porém, para prazos mais dilatados trabalhamos com saldos comerciais mais robustos, tanto por conta da recuperação da conta petróleo quanto pelo efeito da depreciação cambial sobre as exportações de manufaturados e semimanufaturados.

Saldo comercial 1995-2015

Fonte: SECEX/MDICElaboração: BRADESCO

-3.466-5.599-6.753-6.575

-1.199 -698

2.650

13.121

24.79433.641

44.70346.457

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24.83625.29020.147

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56.000

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2011

2012

2013

2014

2015

SALDO COMERCIAL - US$ BILHÕES

Queda de 5,5%

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Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Leandro de Oliveira Almeida/ Felipe Wajskop França Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Igor Velecico / Ellen Regina Steter / Priscila Pereira Deliberalli / Andréa Marcos AngeloAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Ana Maria Bonomi Barufi / Leandro Câmara NegrãoEstagiários: André Kengi Alves Hirata/ Alex Panoni Furtado / Laura Marsiaj Ribeiro / Klaus Heinz Troetschel / Guilherme Dalla Villa / Guilherme Marinho Lima / Vitor Inocêncio / Mariana Carvalhaes / Ariana Stephanie Zerbinatti

Equipe Técnica

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