Suplemento Feira da Agricultura - Fersant

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ECONOMIA 02 de Junho de 2010 O MIRANTE As empresas associadas do Cluster Agro- Industrial do Ribatejo têm neste momento em execução 21 projectos nas áreas de inovação e desenvolvimento tecnológico, representando um investimento de mais de 51 milhões de euros, comprovando, assim, a vitalidade e importância deste sector de actividade para o desenvolvimento da região. Os projectos foram na sua maioria apresentados ao sistema de incentivos do PRODER e QREN, e encontram-se direc- cionados para o desenvolvimento de novos produtos e processos, a modernização de equipamentos, a eficiência energética e ainda a investigação em parceria com ins- tituições de ensino, o que corresponde às principais linhas de orientação estratégica, do Cluster. O Cluster Agro-Industrial do Ribatejo foi criado e dinamizado por iniciativa da Nersant, é constituído por 34 empresas e entidades associadas e encontra-se formal- mente reconhecido como Estratégia de Eficiência Colectiva pelo QREN. Uma das principais vantagens resultante deste reco- nhecimento reflecte-se na possibilidade dos projectos das empresas que se enquadrem dentro das prioridades definidas beneficia- rem de tratamento preferencial no acesso aos sistemas de incentivos do QREN, através de majoração das taxas de incentivo e de concursos com verbas específicas. Empresas do Cluster Agro-Industrial do Ribatejo investem 51 milhões de euros em inovação Fersant é uma das maiores evoluções do CNEMA dos últimos anos II Há cerca de setecentas associações empresariais e isso enfraquece os empresários Presidente da NERSANT diz que a associação tem sido mais ouvida pelos ministros dos governos socialistas. Uma entrevista numa altura em que a associação assume a feira empresarial em conjunto com a Feira Nacional de Agricultura que se realiza de 5 a 13 de Junho VI Três Dimensões Dina Eiras Identidade Profissional Há mais de 30 anos a zelar pela Escola Sá da Bandeira Cristina Fernandes é chefe dos auxiliares de uma das escolas secundárias de Santarém X Empresa da Semana A Santécnica nasceu para renovar e modernizar centro histórico de Santarém Leonel Martinho do Rosário usa a argamassa da imaginação e originalidade XI 30 anos, interna de pediatria, Entroncamento IX Portugal pode reforçar liderança no sector da cortiça Ministro da Agricultura inaugurou Feira Internacional da Cortiça em Coruche VIII EDP reconhece trabalho desenvolvido por funcionários com 25 anos de casa XIII Cerimónia nacional de entrega de medalhas realizou-se em Santarém

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Economia 02 de Junho de 2010

O MIRANTE

as empresas associadas do cluster agro-industrial do Ribatejo têm neste momento em execução 21 projectos nas áreas de inovação e desenvolvimento tecnológico, representando um investimento de mais de 51 milhões de euros, comprovando, assim, a vitalidade e importância deste sector de actividade para o desenvolvimento da região.

os projectos foram na sua maioria apresentados ao sistema de incentivos do

PRoDER e QREn, e encontram-se direc-cionados para o desenvolvimento de novos produtos e processos, a modernização de equipamentos, a eficiência energética e ainda a investigação em parceria com ins-tituições de ensino, o que corresponde às principais linhas de orientação estratégica, do cluster.

o cluster agro-industrial do Ribatejo foi criado e dinamizado por iniciativa da nersant, é constituído por 34 empresas e

entidades associadas e encontra-se formal-mente reconhecido como Estratégia de Eficiência colectiva pelo QREn. Uma das principais vantagens resultante deste reco-nhecimento reflecte-se na possibilidade dos projectos das empresas que se enquadrem dentro das prioridades definidas beneficia-rem de tratamento preferencial no acesso aos sistemas de incentivos do QREn, através de majoração das taxas de incentivo e de concursos com verbas específicas.

Empresas do Cluster Agro-Industrial do Ribatejo investem 51 milhões de euros em inovação

Fersant é uma das maiores evoluções do CNEMA dos últimos anos II

Há cerca de setecentas associações empresariais e

isso enfraquece os empresários

Presidente da NERSANT diz que a associação tem sido mais ouvida pelos ministros dos governos socialistas. Uma entrevista numa altura em que a associação assume a feira empresarial em conjunto com a Feira Nacional de Agricultura que se realiza de 5 a 13 de Junho VI

Três Dimensões

Dina Eiras

Identidade Profissional

Há mais de 30 anos a zelar pela Escola Sá da BandeiraCristina Fernandes é chefe dos auxiliares de uma das escolas secundárias de Santarém X

Empresa da Semana

A Santécnica nasceu para renovar e modernizar centro histórico de SantarémLeonel Martinho do Rosário usa a argamassa da imaginação e originalidade XI

30 anos, interna de pediatria, Entroncamento IX

Portugal pode reforçar liderança no sector da cortiça Ministro da Agricultura inaugurou Feira Internacional da Cortiça em Coruche VIII

EDP reconhece trabalho desenvolvido por funcionários com 25 anos de casa XIIICerimónia nacional de entrega de medalhas realizou-se em Santarém

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02 Junho 2010 | O MIRANTEII | ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT

aposta. Fersant traz 95 expositores para o CNEMA foto o MIRaNtE

Os responsáveis do CNEMA não admitem que a junção da Feira Empresarial da Região à Feira da Agricultura pode ter sido potenciada pela quebra de importância do centro de exposições de Santarém, mas os 95 expositores que a Fersant traz a Santarém vão fazer com que o espaço fique mais composto.

A realização da Feira Empresa-rial da Região de Santarém – Fersant no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, constitui a evolução mais importante da Feira Nacional de Agricultura nos últimos anos. Quem o reconhece é o director do centro de exposições, Vasco Gracias. A Fersant decorre pela primeira vez fora do pa-vilhão da Nersant, em Torres Novas, realizando-se em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura entre 5 e 13 de Junho. Na apresentação da Fersant, Vasco Gracias admitiu ainda que esta feira organizada pela Nersant é fundamental para o futuro da Feira Nacional de Agricultura.

Para a direcção do CNEMA é mui-to importante a parceria feita com a Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant resultante de dois anos de negociações. “O que a Fersant traz ao CNEMA é muito qua-litativo”, justificou Vasco Gracias, que recusou associar a junção das feiras à quebra de expositores da Feira de Agricultura e à perda de importância que o parque de exposições de San-tarém tem vindo a registar nos últimos tempos. O director do CNEMA não

Fersant é uma das maiores evoluções do CNEMa dos últimos anosFeira empresarial realiza-se pela primeira vez em Santarém, em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura

explicitou em que termos foi feito o negócio entre as duas entidades.

Para o presidente da comissão executiva da Nersant, António Cam-pos, a realização da feira empresarial em paralelo com a Feira Nacional de Agricultura tem por objectivo captar público para além da dimensão regio-nal, aproveitando o facto de a FNA ter visitantes de todo o país. E assim “criar um espaço de lançamento, promoção e divulgação de produtos e serviços da região”, dando uma “maior visibili-dade nacional à capacidade produtiva

e inovadora das nossas empresas”, justificou.

A Fersant, que se realiza ininterrup-tamente há 20 anos, decorre todos os dias na nave B do CNEMA das 10h30 às 22h30, com a presença de 95 expo-sitores instalados em 156 módulos de exposição. No dia 7 de Junho a entrada na feira é gratuita enquanto nos outros dias o ingresso custa cinco euros. Incluída na Fersant está a entrega do Galardão Empresa do Ano, numa parceria com O MIRANTE, e que se realiza no Convento de S. Francisco,

em Santarém, no dia 8 de Junho. Nesta iniciativa serão distinguidas a Empresa do Ano, PME do Ano e Micro-Empresa do Ano. Serão ainda entregues prémios mulher empresária, jovem empresário e carreira empresarial.

A Nersant vai aproveitar também a feira para divulgar o EmpCriança. Um projecto destinado aos alunos do 4.º ano do Ensino Básico que tem como principal objectivo sensibilizar as crianças para o empreendedorismo e para a actividade empresarial. No dia 8 de Junho a partir das 09h45, vão ser entregues certificados de participação e apresentados os projectos desen-volvidos pelos alunos. Nesta iniciativa participa a ministra da Educação, Isabel Alçada.

Os expositores presentes na fei-ra empresarial são oriundos de 17 concelhos do distrito de Santarém. E apesar de estarmos num período de crise a Nersant regista a presença de 61 novos expositores, enquanto 31 são repetentes. Na Fersant estão representados sectores como o co-mércio, ensino, imprensa, indústria, agro-indústria, serviços, associações e organismos públicos.

Os expositores presentes na feira empresarial são oriundos de 17 concelhos do distrito de Santarém

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O MIRANTE | 02 Junho 2010 ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT | III

foto arquivo O MIRANTE

A 47ª Feira Nacional de Agricultura/57ª Feira do Ribatejo – que decorre em Santarém entre 5 e 13 de Junho - tem este ano um cartaz musical que podia competir perfeitamente com muitos dos festivais de Verão que se vão organizando pelo país. Pelo grande palco do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) vão passar Mickael Carreira (dia 5), Tony Carreira (6), Daniela Mercury (9), Ana Moura (10), Buraka Som Sistema (11) e Xutos & Pontapés (12) como nomes mais sonantes, numa variedade de estilos que pretende levar à feira diferentes tipos de públicos.

Para além desses espectáculos que prometem arrastar multidões, há também

PROTAGONISMO. Os campinos voltam a estar em destaque no programa da feira

Daniela Mercury, Tony Carreira e Xutos & Pontapés na Feira de AgriculturaCartaz musical promete atrair públicos diversos ao CNEMA, em Santarém

O cavalo na feira é outro dos protago-nistas. Ao longo do certame não faltarão concursos de coudelarias, da égua afilha-da do cavalo do Sorraia e de equitação tradicional e equitação de trabalho. Um concurso nacional de raças caninas por-tuguesas, demonstrações de cães pastor e de falcoaria e corridas de galgos são outras actividades onde os animais são os alvos das atenções.

No recinto da feira não vão faltar os comes e bebes, com a presença de oito restaurantes de carnes de raças autóc-tones, tasquinhas regionais, enchidos e queijos regionais e doces tradicionais.

A Feira Nacional de Agricultura vai ainda englobar provas conduzidas de vinhos e azeites premiados, provas gas-tronómicas, demonstrações de cozinha ao vivo, além do Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados, Concurso Nacional de Azeites Virgem Extra e Packaging e Concurso Nacional de Mel.

Os bilhetes diários para a feira custam cinco euros. Uma caderneta de 10 bilhetes custa 35 euros e um livre trânsito custa 18 euros. No dia 7 de Junho, segunda-feira, a entrada é livre.

espaço para as sevilhanas, danças de salão, bandas filarmónicas, folclore, mú-sica popular e ainda festas temáticas e DJ Sessions pela noite dentro. A animação diária do recinto será também assegurada pelos concelhos ribatejanos a quem cada dia é dedicado.

Como a feira é subordinada à agricultu-ra, não faltarão obviamente as exposições

de animais e de maquinaria agrícola e os seminários técnicos. A componente riba-tejana será assegurada pelas habituais entradas e largadas de toiros e mesa de tortura, exibições de escolas de toureio e treinos de forcados. Os campinos vão mostrar a sua competência e galhardia em provas de velocidade, perícia e condução de cabrestos.

Os bilhetes diários para a feira custam cinco euros. Uma caderneta de 10 bilhetes custa 35 euros e um livre trânsito custa 18 euros. No dia 7 de Junho, segunda-feira, a entrada é livre

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02 Junho 2010 | O MIRANTEIV | ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT

foto O MIRANTE

O Ministério da Agricultura vai publicar uma portaria que prolonga ex-cepcionalmente, para efeitos de seguro, o período de produção de tomate para a indústria, como medida excepcional resultante do atraso na sementeira cau-

sado pelas chuvas tardias deste ano. As chuvas tardias retardaram a plantação do tomate, levando a que a última fase de colheita ocorra “já num período de maior risco, na primeira quinzena de Outubro”, disse o ministro da Agricultura, António Serrano.

Período de produção de tomate para indústria prolongado para efeitos de seguro

A portaria conjunta com o Ministério das Finanças, enviada para publica-ção na sexta-feira, vai precaver essa situação, uma vez que estava já fora do período normal de colheita e não estava abrangido pelas seguradoras, algo que punha em risco as plantações, explicou.

“Havia a necessidade de trabalhar com as seguradoras um reforço da cobertura de risco dos produtores, sob pena de eles não plantarem e isso traduzir-se-ia em menos vendas, em menos exportações, que são cruciais para Portugal”, argumentou o ministro. A portaria beneficia, segundo o minis-tério, os agricultores que contratem seguros para colheitas de tomate para a indústria, desde que o contrato integre a cobertura de risco de chuvas persistentes.

Em vigor a partir da sua publicação, que deverá ocorrer esta semana, esta medida excepcional para o ano de 2010 resulta de “um trabalho conjunto com os representantes do sector e com as seguradoras”, explicou António Serrano, afirmando que será também reforçada a intervenção do Estado.

“Encontrámos forma de reforçar também a intervenção do Estado, do Ministério da Agricultura e das Finanças, para garantir que os seguros seriam feitos em condições de cobertura de risco mais interessantes daquelas que existiam”, disse, explicando que permite “aumentar a taxa de cobertura para um período mais difícil”.

Feira do toureio equestre regressa a Santarém

A Feira Internacional do Toureio Equestre regressa a Santarém. Pela Praça de Toiros Celestino Graça vão passar grandes nomes do toureio nos dias 6, 10 e 12 de Junho, em espectácu-los com preços a partir de cinco euros. Às 17h30 de 6 de Junho realiza-se a corrida de homenagem a António Sala. Actuam os cavaleiros Rui Salvador, Luís Rouxi-nol, Tito Semedo, José Manuel Duarte, Sónia Matias e Tomás Pinto. Para pegar os seis toiros da ganadaria Herdeiros Dr. António Silva, vão estar os forcados de Santarém e de Montemor.

No Dia de Portugal, 10 de Junho, entram em praça às 17h30 os cavaleiros João Moura, Diego Ventura e João Mou-ra Júnior. Os toiros são da ganadaria Fermín Bohórquez, que serão pegados pelos grupos de forcados de Santarém e de Alcochete. Na última corrida, dia 12, comemora-se o 95º aniversário do Gru-po de Forcados Amadores de Santarém, que vai ficar responsável pelas pegas dos seis toiros da ganadaria Castro. Com início à mesma hora, esta corrida reúne os cavaleiros António Telles, João Salgueiro e Moura Caetano.

As três corridas são abrilhantadas pela banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 de Alcochete. Os bilhetes podem ser reservados até duas horas antes dos espectáculos, pelo telemóvel 914094038.

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O MIRANTE | 02 Junho 2010 ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT | V

António Serrano apelou ainda às autarquias e às associações locais para que sejam “parceiros fundamentais na dinamização de espaços” que permitam aos pequenos agricultores, que não têm força negocial junto das grandes superfícies, vender directamente aos consumidores.

O ministro da Agricultura, António Serrano, veio a Santarém entregar os primeiros contratos de dinamização de territórios rurais aprovados ao abrigo das medidas 3.1 (diversificação da economia e criação de emprego) e 3.2 (melhoria de qualidade de vida), que são geridas pelos Grupos de Acção Local (GAL). Foram contempladas, nesta cerimónia, 30 entidades associadas da Charneca Ribatejana - Associação para a Promo-ção Rural, Associação para a Promoção do Desenvolvimento Rural do Ribatejo (APRODER) e Associação para o Desen-volvimento Integrado do Ribatejo Norte (ADIRN).

Apoios que correspondem a um

DESAFIO. António Serrano referiu que veio a Santarém simbolizar o arranque deste projecto

Cinco milhões de financiamento para novos projectos de desenvolvimento rural na regiãoMinistro da Agricultura veio a Santarém entregar os primeiros contratos

investimento de 5 milhões de euros (3 milhões dos quais de despesa pública) e que deverão criar 75 postos de trabalho. “Queremos que este dinheiro seja bem aplicado e represente um contributo po-sitivo para o desenvolvimento da região”, frisou. Para o ministro, este investimento “em pequenos negócios e pequenas estruturas de apoio ao desenvolvimento”, em áreas tão diversas como o turismo, artesanato, actividades de solidariedade

social, micro empresas, ajuda a aumentar a coesão territorial. “Lutamos para que o interior não se afaste mais dos indicadores de desenvolvimento do litoral, que tem sido o grande problema de Portugal e doutros países”, afirmou.

António Serrano apelou ainda às autarquias e às associações locais para que sejam “parceiros fundamentais na di-namização de espaços” que permitam aos pequenos agricultores, que não têm força

negocial junto das grandes superfícies, vender directamente aos consumidores. “As autarquias têm que criar condições para que os produtores dialoguem com os consumidores de modo a que estes criem laços de afectividade”, considerou o governante.

Numa cerimónia que não chegou a demorar uma hora, realizada no Governo Civil, António Serrano realçou ainda que no anterior quadro comunitário de apoio a intervenção no mundo rural através da iniciativa comunitária Leader permitiu um investimento superior a 300 milhões de euros e a criação de mais de 6000 postos de trabalho indirectos e 2500 directos.

A presidente da Federação “Minha Ter-ra”, Regina Lopes, apelou ao ministro da Agricultura que continue a trabalhar para simplificar o PRODER, reconhecendo que esta é uma fase muito importante do trabalho dos GAL para a concretização de projectos e que demonstra que o território rural “tem iniciativa e reage com determinação à crise”.

Com o reconhecimento, em Janeiro, dos últimos três dos 47 Grupos de Acção Local (GAL) que praticamente cobrem todo o território nacional, foram até agora aprovados um total de 500 projectos, com um montante de investimento público de 373 milhões de euros, que irão criar mil postos de trabalho, disse o ministro. No final da cerimónia, realizada na tarde de 26 de Maio, os convidados tiveram a oportunidade de degustar alguns produ-tos regionais da área de intervenção dos Grupos de Acção Local presentes.

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02 Junho 2010 | O MIRANTEVI | ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT

foto O MIRANTE

José Eduardo Carvalho, presidente da associação empresarial da região de Santarém avança com as medidas que a organização vai defender para atenuar os efeitos da crise. Diminuição da taxa única da segurança social e aumento do IVA, diminuição dos salários das administrações públicas e manutenção do sistema PME Invest para garantir crédito bancário. E avisa: “Se não fizermos isto o FMI vai fazê-lo por nós em Agosto ou Setembro”.

Se os governos tivessem estado mais atentos ao que os empresários e as suas associações têm dito nos últimos anos, seria mais fácil à nossa economia aguentar esta crise?

O problema é saber que empresários é que os governos ouvem. Em Portugal há perto de 700 associações empre-sariais. Ninguém sabe como existem ou como subsistem. Algumas só têm existência porque é importante para o seu presidente ter um acesso directo ao secretário de Estado. Claro que esta divisão do movimento associativo agra-da a quem governa. Por outro lado, em

determinados momentos os governos são mais sensíveis aos argumentos dos banqueiros e dos grandes grupos do que aos argumentos das associações empresariais.

Os empresários não conseguem influenciar as decisões dos gover-nos?

Há situações em que isso acontece mas são raras. É um desencanto. O que os empresários pensam não é tido em conta a maioria das vezes. Os pequenos-almoços que se possam ter com o ministro ou com o secretário de Estado; as pequenas reuniões ou a participação nos conselhos económico-sociais não chegam para influenciar decisões a nível da economia.

No universo das associações empresariais onde se situa a NER-SANT?

Em termos patrimoniais e de provei-tos estamos entre as maiores do país. E há outros indicadores a considerar. A AIP, por exemplo, tem 4.200 asso-ciados e nós temos 1.400. O VAB da nossa estrutura accionista ultrapassa 95 por cento do VAB criado na região. Temos uma dimensão que, associada ao trabalho desenvolvido, nos dá peso e credibilidade junto das instituições que interagem connosco.

Quais os resultados obtidos pela NERSANT junto dos governos nos últimos anos?

Tivemos um ministro que nos ouviu muito no tempo dos governos de Ca-

vaco Silva, que foi o Engº Mira Amaral (Indústria e Energia). Mas os ministros do Partido Socialista ouviram mais a Associação e os interesses dos empre-sários do distrito de Santarém que os Ministros do tempo de Durão Barroso e Santana Lopes.

Só para dar um exemplo, em 2008, pela primeira vez, os órgãos sociais da NERSANT, todos - Conselho Geral e Assembleia Geral - fizeram confe-rências de imprensa e contestaram publicamente o que estava a suceder quanto à reprovação das candidaturas de empresas da região ao QREN e aos PO regionais. Fomos ouvidos por membros do Governo e até houve uma reunião na qual estiveram pre-sentes quatro secretários de Estado com governadores civis, os quatro presidentes das CCDR e o gestor do QREN. Expusemos as nossas razões, fomos rebatidos…

E o resultado?O que é um facto é que se com-

pararmos as taxas de aprovação das candidaturas do distrito de Santarém em 2008 e 2009 elas aumentaram 200 por cento de um ano para o outro.

Outra situação foi quando ficámos dois anos e meio fora dos Fundos Es-truturais com tudo o que isso significava. Também conseguimos ultrapassar a situação com um ministro do PS.

Nem sempre a NERSANT anda a pregar no deserto.

Não. Em relação às medidas

Há cerca de setecentas associações empresariais e isso enfraquece os empresários Presidente da NERSANT diz que a associação tem sido mais ouvida pelos ministros dos governos socialistas

anti-crise, por exemplo, um conjunto significativo de propostas que nós fizemos, foi aceite e implementado. Por exemplo, a criação dos fundos de fusões e aquisições, para as empresas ganharem dimensão e internaciona-lizarem-se. A criação de um fundo de investimento imobiliário. Arranjar uma forma de fazer protecção social aos empresários, nomeadamente aos empresários em nome individual, em situações de insolvência ou de falência. Foram propostas que se fizeram e que tiveram acolhimento.

Todos os processos que o gover-no pôs à disposição para criação de empresas já satisfazem a Nersant?

Em relação ao processo de forma-lização de empresas Portugal está à frente de muitos países da Europa. Em termos de apoio à criação de empresas e de incentivos ao empreendedorismo não estamos tão avançados.

Quais são as falhas?Em primeiro lugar é preciso que se

refira a questão cultural. Não há uma cultura propícia ao aparecimento de empresas. Na década de 80 houve um “boom” graças a algumas medidas implementadas mas se formos verificar onde estão e o que fazem, descobrimos que o tal “boom” não foi tão importante quanto isso. E a partir de uma certa altura houve um enorme refluxo. Nós temos dificuldades todos os anos em atribuir o Galardão para o Jovem Empresário, o júri tem dificuldade em escolher. Poucos jovens se sentem atraídos para esta actividade.

É por falta de apoios?Os apoios também são um proble-

ma. Há uma diferença entre os apoios para quem tem uma empresa em actividade e para aqueles que entram de novo. As “start-ups” são sempre penalizadas. Têm sempre apoios mais baixos. É algo que não se percebe.

Qual é a situação a nível das em-presas de capital de risco?

Continuam sem funcionar, ou se funcionam, não funcionam como de-veriam funcionar.

Porquê?O capital de risco é um produto que

a partir de uma certa altura se estra-gou. Deixou de servir para apoiar o lançamento de novas empresas; para financiamento de iniciativas empresa-riais e passou a ser um instrumento para actuar em situações de crise ou de prevenção. Para responder a situações conjunturais.

Antes da crise havia a ideia de fazer uma dotação muito forte nos fundos de capital de risco. Inclusivamente criar sociedades de capital de risco regionais. Empresas de capital de risco ligadas a universidades. Mas a crise veio baralhar tudo. Deixou de haver recursos alocados a essas iniciativas e estamos neste momento numa fase um

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O MIRANTE | 02 Junho 2010 ESPECIAL FEIRA DA AGRICULTURA - FERSANT | VII

foto O MIRANTE

pouco complicada em que as grandes empresas de capitais de risco ainda funcionam, como a Inovcapital que vai fazendo algumas operações mas o ca-pital de risco nos bancos, por exemplo, desapareceu.

Os candidatos a empresários já são capazes de transformar uma boa ideia num bom negócio?

Quando há uma situação de cresci-mento económico, o acesso ao crédito é fácil. Há a possibilidade de haver um maior leque de actividades empresariais financiadas, implementadas. Quando

começa a haver restrições no acesso ao crédito, tudo isso acaba.

As crises geram por vezes si-tuações de difícil compreensão. Passa-se alguma no Distrito de Santarém?

A apresentação de propostas para instalação de empresas nas áreas que temos disponíveis nos Parques de Negócios nunca foi tão grande como agora. O que é um pouco paradoxal em relação a este cenário. É de facto algo de difícil compreensão.

Qual a região mais próxima de Santarém a nível empresarial?

Há Lisboa, Porto e Península de Setúbal. Depois Aveiro e Braga e a seguir, neste momento, Leiria e Coimbra estão no mesmo patamar que nós.

Somos uma região de micro e pequenas e médias empresas?

O tecido das PME é muito mais forte em Braga e Leiria, por exemplo do que aqui. Apesar de haver uma franja significativa de pequenas e micro empresas, em termos de PIB e VAB, temos grandes empresas.

Quais as empresas mais afecta-das pela crise?

As empresas de mercado regulado, como as de energia e telecomunica-ções, por exemplo, não estão com grandes dificuldades. A nível da distribuição, apesar da retracção do consumo e de haver uma concorrên-cia brutal, as empresas mantêm-se. As empresas que exportam e as que se estão a lançar em projectos de internacionalização, também estão a responder bem. E é impressionante o número de empresas que no último ano e meio está com negócios no estrangeiro. Quem está com maiores dificuldades é quem continua ligado a alguns sectores de mão-de-obra inten-siva, nomeadamente construção civil e as empresas que estão vocacionadas para o mercado interno.

O QuE vAI AcONTEcER NA REgIãOFalou de internacionalização.

Quais são os mercados onde as em-presas da região estão a entrar?

A procura de mercados emer-gentes, nomeadamente em África, é uma das grandes preocupações operacionais das empresas da região. É impressionante a capacidade das nossas empresas, nomeadamente em Angola.

Há alguns anos o maior proble-ma, nomeadamente em Angola, era a burocracia. Isso foi ultrapas-sado?

O sistema está mais agilizado. E por vezes já temos agradáveis surpre-sas. Houve uma empresa da região que precisou da ajuda da NERSANT para fazer o registo de uma patente em Angola. À partida pensámos que não haveria nenhum instituto naquele país que regulasse aquilo. Mas ele existe e funciona. Neste momento, por exemplo, já há empresas que estão a fazer certificação de qualidade em Angola.

Os problemas vão sendo todos ultrapassados?

O maior é o dos pagamentos. Ainda há pouco tempo o Estado angolano devia 3,5 mil milhões de euros a em-

presas. Não só portuguesas.Não é só o Estado português que

não paga a horas.Não. Claro que não. Em Angola

falta agora consolidar o mercado interno. Com o desenvolvimento do mercado interno em diversos sectores haverá mais oportunidades. Seria um desastre para as nossas empresas se Angola não se desenvolvesse.

E Espanha?Gostava que me indicassem qual

o grande investimento; a grande concessão de uma grande estrutura que tivesse sido ganha por uma em-presa portuguesa em Espanha. É um mercado próximo mas só funciona de lá para cá. E os mercados de Leste quase desapareceram dos objecti-vos das empresas da região. Alguns desses países também estão com dificuldades, como é sabido.

As soluções da NERSANT para ultrapassar a crise

É notória a descida acentuadíssima do financiamento. O crédito está a baixar de forma alarmante. O fisco, com a redução das receitas fiscais, vai continuar a utilizar alguns instru-mentos, nomeadamente as penhoras das contas correntes de clientes o que acaba por provocar a insolvência das empresas.

E as medidas tomadas?Foram medidas agressivas no que

diz respeito à arrecadação de receitas. Do lado da despesa são intenções vagas, que não temos tanto a certeza que venham a funcionar.

Só há dois caminhos. Baixar salá-rios. Um grande economista america-no de esquerda que é o Krupper disse que Portugal precisa baixar salários. E a outra era desvalorizar a moeda.

Nem o PS nem o PSD tiveram coragem de diminuir salários na ad-ministração pública. Nem cordenar as protecções sociais. Mas do lado dos privados isso está-se a fazer. Cada vez há mais acordos negociados entre empresas e trabalhadorespara redu-zir, de forma negocial os salários.

O que é mais frequente é haver suspensão dos prémios de produtivi-dade, de absentismo e de aumentos salariais.

Os privados estão a fazer mas percebe-se que é muito difícil baixar salários.

A desvalorização da moeda saindo do Euro também não é saída. Aumen-távamos a capacidade exportadora mas devido ao peso que a dívida tem, nas empresas, particulares e nomea-damente nos bancos, ficávamos com a dívida tutelada numa moeda forte que é o euro e ficávamos com os activos numa moeda fraca. Era o caminho para as falências.

“Seria um desastre para as nossas empresas se Angola não se desenvolvesse”

“Se não tomarmos medidas o FMI irá tomá-las por nós”

“Defendemos três medidas para atenuar os efeitos da crise. A primeira é reduzir drasticamente a taxa social única da segurança social e subir o IVA ao mesmo tempo, de forma a manter a arrecadação fiscal ao mesmo nível. Baixávamos drasticamente os custos do trabalho para as empresas sem mexer nos salários e isso iria contribuir para o aumento da competitividade.

Por outro lado devia haver alguma

diminuição dos salários das admi-nistrações públicas ou pelo menos congelamentos do 13º e 14º mês ou o seu pagamento através de certificados de aforro.

Manter as PME invest. É impensável acabar com elas. Os bancos só estão a dar crédito às empresas que vão com a garantia dos PME Invest. Se acabarem com este instrumento acaba o crédito.

Isto é o que defendemos. Achamos esquisito que algumas associações empresariais tenham medo de dizer que o acordo entre PS e PSD a este nível foi incipiente. Se não fizermos isto, o FMI vai fazê-lo por nós em Agosto ou Setembro. Não há outra solução”.