Somos Um País de Medrosos

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  • ENTREVISTA

    "Somos um pas de medrosos"

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  • ECARLOS VAZ MARQUES21/02/2016 - 00:52

    provavelmente o nome mais respeitado da psicanlise

    em Portugal. Antnio Coimbra de Matos, 86 anos,

    dedicou grande parte da sua actividade ao estudo da

    depresso. Admite que estaremos provavelmente a

    viver um perodo de depresso colectiva. Deitmos o

    pas no div do psicanalista.

    ntra-se no consultrio e d-se de caras com uma curva doDouro. A vista assombrosa de So Leonardo de Galafuratransporta-nos para uma espcie de tempo mtico.Pendurada na parede em frente porta, aquela fotografia

    uma janela para as origens de Coimbra de Matos. Ao longo deduas horas de conversa, o psiquiatra e psicanalista, nascido em1929, evoca por diversas vezes episdios da infncia parailustrar o que diz. Embora se tenha afastado da importncia quea teoria psicanaltica clssica d ao passado. Antnio Coimbrade Matos um vido consumidor da ideia de futuro. A papeladaque se amontoa na secretria a que nos sentamos, um de cadalado, revela o tipo de organizao muito pessoal de quemprivilegia a actividade arrumao obsessiva. Fumaincessantemente e concede-se a si prprio o tempo necessriopara responder a cada pergunta. Como se fosse a primeira vezque algumas das questes se lhe colocassem.

    Pode-se falar em estados de depresso colectiva?Pode. A depresso uma coisa individual mas h situaes emque aparecem mais casos depressivos. Em momentos de crise.Como agora.

    Diria que estamos a passar por uma depressocolectiva?H uma maior incidncia de depresses. Em certos momentospodemos falar de uma depresso colectiva(https://www.publico.pt/economia/noticia/france-telecom-

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  • regista-25%C2%BA-caso-de-suicidio-de-funcionarios-1405324).Isso foi muito evidente naquele caso muito falado da FranceTelecom (https://www.publico.pt/sociedade/noticia/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal-1420732).

    Em que houve uma srie de suicdios de trabalhadoresda empresa.Sim. Isso foi muito noticiado (https://www.publico.pt/mundo/noticia/na-francesa-orange-os-suicidios-em-2014-sao-ja-quase-tantos-quantos-os-de-2013-1628826).

    H pouco tempo foram divulgados nmeros querevelam um aumento dos casos de suicdio(https://www.publico.pt/sociedade/noticia/suicidios-aumentaram-no-centro-e-interior-norte-1707315) emPortugal.Sim. H um trabalho clebre, um trabalho seminal, em que o paida Sociologia, o Durkheim, verificou que quando h guerras erevolues a depresso e os suicdios diminuem porque aspessoas se revoltam. Quando as pessoas no se revoltam, quese suicidam; quando se sujeitam, quando no tm condiespara protestar com mais veemncia.

    Na sua definio, segundo li, o que distingue adepresso normal da depresso patolgica justamente a capacidade de revolta.Sim.

    Em Portugal, no somos l muito bons nisso, nacapacidade de revolta colectiva, pois no?No, somos um bocado passivos. Os espanhis so muito maisagressivos, revoltam-se muito mais.

    Sim, nas imagens das manifestaes em Espanha ou naGrcia vemos um grau de revolta que noidentificamos em Portugal.Isso verdade. Noto isso na rea cientfica. Aqui em Portugal,vamos a um congresso e se dizemos: No estou nada de acordo

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  • com isso dizem-nos logo: Foste muito agressivo com aqueletipo. Isso, num congresso internacional, a coisa mais banal domundo e ningum leva a mal, nem diz que est a ser agredido.

    Somos mais susceptveis?Sim. E mais delicados, mais medrosos. Somos um pas demedrosos.

    a velha ideia dos brandos costumes?Dos brandos costumes mas tambm da atitude do poder. Opoder em Portugal sempre foi menos violento. Isso no facilita arevolta. O Salazar no matava, mandava prender. Francomatava mesmo e isso cria uma revolta maior.

    E considera isso mais negativo do que positivo?Sim, h uma sujeio maior. Umas vezes mais negativo, outrasvezes mais positivo. A nossa colonizao foi muito melhor doque a colonizao de outros pases, nomeadamente de Espanha.

    Somos um bocado passivos. Somos um pas demedrosos.

    (//imagens7.publico.pt/imagens.aspx/1032307?tp=UH&db=IMAGENS)

    Manifestao contra a presena da troika em Outubro de 2012 ENRIC VIVES-RUBIO

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  • Fizemos uma colonizao mais respeitadora, mais suave(/1670745).

    capaz de haver gente nos estudos coloniais de cabelosem p com essa ideia de que a colonizao portuguesater sido branda; tambm houve grandes atrocidades.Mas no foi to agressiva como a dos espanhis, pelo menos naAmrica Latina.

    No tivemos um Corts.Os espanhis liquidavam aqueles indivduos. Nsescravizvamo-los e tal.

    V uma continuidade de carcter ao longo dos sculosno povo portugus?Repare na nossa luta contra os rabes, no princpio danacionalidade: conseguimos conquistar territrio maisfacilmente porque o Afonso Henriques e os outros no matavamos rabes. A maior parte dos alcaides foram feitos governadorescivis. J os espanhis chegavam l e liquidavam os alcaides:substituam-nos logo e s vezes at os matavam. Ns fomosmais diplomatas.

    Identifica nisso um trao de continuidade?Sim. Percebi-o muito cedo, ainda na instruo primria. Fiz ainstruo primria numa aldeia do Douro e ouvia dizer que oAfonso Henriques era um mata-mouros. Eu inventei uma outradesignao: no era um mata-mouros, era um fode-mouras[risos]. Eles conquistavam as mouras e no precisavam deliquidar os mouros. Na maior parte das vezes aproveitaram aestrutura montada pelos rabes. Os espanhis no fizeram isso etiveram muito mais dificuldade em conquistar.

    O facto de nos revoltarmos menos do que outros povos,significa que somos mais atreitos depresso?No sei dizer ao certo mas haver vrios factores para isso. Umdos factores a nossa histria, a expanso, as descobertas, ospais que saam. Os homens iam para a guerra, iam para as

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  • colnias, para os descobrimentos, e os filhos ficavam com asmes. Nas famlias em que o pai est ausente, isso cria umamenor agressividade, fica-se mais passivo. H um trabalhointeressante da Professora Celeste Malpique, do Porto,precisamente sobre o pai ausente. Fez esse estudo nas zonas deOvar e de Aveiro, onde os homens iam para a pesca do bacalhau.

    (//imagens9.publico.pt/imagens.aspx/1032309?tp=UH&db=IMAGENS)

    Napsicanliseestou maisinteressadono futuro doque nopassado. Apsicanliseclssica estsempre muitoligada aopassado: oque aconteceucom amezinha,com opaizinho. Euando maisligado quiloque a pessoaprojecta nopresente e

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  • Isso lembra-me uma frase sua a explicar a diferenaentre os papis do pai e da me: quando a criana temmedo, a me d-lhe a mo......e o pai d-lhe um pontap no cu. O meu pai fez-me isso umavez, tinha eu para a uns dez, onze anos. Tinha montado umcavalo que l havia e que era um bocado arisco. Estvamos noquintal da casa e o cavalo comea a empinar-se. Fiquei commedo e gritei pelo meu pai. Ele veio ter comigo e julguei que iasegurar-me o cavalo. Mas no. Pegou no chicote e d duasporradas no animal. O cavalo largou-se, sai pelo porto da casa,pela estrada fora. Sei que perdi os estribos, agarrei-me ao selim,e ia a chamar ao meu pai filho da puta, c por dentro [risos].Mas nunca mais tive medo dos cavalos.

    Essa distino de papis entre o pai e a me ainda assim to clara?. O homem, em relao criana, tem uma atitude diferente dada mulher. O homem faz mais movimentos extensivos, parafora, perifricos, centrfugos. As mulheres fazem maismovimentos centrpetos. O homem pega no beb e temtendncia para o pr assim [demonstra, afastando os braos docorpo].

    H at pais que atiram a criana ao ar.Sim. As mulheres raramente fazem isso. Isto induz a um tipo derelao diferente. Os homens falam de uma forma mais grave, asmulheres de maneira mais meldica (/1637635).

    Diria que essas caractersticas so inatas ou culturais?So inatas. Isto faz-se em todas as culturas. Em algumas sermais forado.

    Como que enquadra isso em realidades novas como a

    para o futuro. 8 1787"Somos um pas de medrosos"

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  • dos casais homossexuais com filhos? difcil responder. Os casais homossexuais no sopatognicos. No h perigo nenhum na adopo por casaishomossexuais (/1723842). Agora, uma situao com um riscoum bocadinho maior.

    A que nvel?Mais facilmente pode haver dificuldades adaptativas.

    Por causa dos diferentes papis que no estopreenchidos?Sim. E no s. Os casais heterossexuais so mais harmnicos.Nos casais homossexuais h mais frequncia de conflitos, deseparaes. So menos estveis, de uma maneira geral.

    Diz isso com base na sua experincia emprica ou emestudos publicados?H estudos sobre isso. E depois a experincia que temos declnica.

    Tem detectado alteraes a esse nvel?Ocorrem mudanas na medida em que isso existe, aceite, cultural. As coisas melhoram. Os casais homossexuaistornam-se mais harmnicos por causa da aceitao. Numacultura em que a homossexualidade no aceite os casaisenvergonham-se, escondem-se, so criticados, h reparos.Portanto reagem a isso. Se so aceites sentem-se integrados.

    Voltando ideia de depresso colectiva: sente-a no seuconsultrio?No sinto muito. A clnica do consultrio de classe alta. Noshospitais v-se mais, h mais depresses. Parece-me que serassim, mas no tenho estatstica nenhuma que o comprove.

    Com tanta coisa em transformao na sociedade, o que que lhe parece mais comum a nvel individual: o quepermanece ou o que se altera?Mais do que a mudana nos quadros clnicos ou nas coisas que

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  • aparecem, a mudana em mim prprio. So as coisas novasque vou descobrindo ou que vou investigando.

    De que tipo?A minha tcnica hoje muito diferente do que era h 20 ou 30anos.

    O que que mudou?Muita coisa. At as concepes tericas. A inovao, ainvestigao so a base de todo o movimento. Se a pessoa se fixanaquilo que descobriu ou que aprendeu, s tantas estfossilizada.

    fcil ficar fossilizado nesta actividade?Em todas as actividades fcil. Na nossa talvez mais porque

    Os homens iam para a guerra,para as colnias,para os descobrimentos, e os filhos ficavam comas mes. Nas famlias em que o pai est ausente,isso cria uma menor agressividade, fica-se mais

    passivo.

    (//imagens3.publico.pt/imagens.aspx/1032313?tp=UH&db=IMAGENS)

    BRUNO LISITA

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  • mais complexa, e as pessoas aprendem sempre muita coisa edepois repetem aquilo que j sabiam. As pessoas dizem-me isso:No percebo, voc agora vem com umas ideias completamentediferentes. No sou nenhum maluco, fui vendo umas coisas,algumas ideias que tinha e que no estavam muito certas eentretanto fui trilhando outros percursos.

    D-me o exemplo de uma dessas alteraes.Por exemplo, aprendi, e durante muito tempo procedi assim,que os sonhos nocturnos eram uma coisa muito importante, quenos davam grandes indicaes. Hoje a minha teoria que ossonhos nocturnos pouco nos dizem porque so um trabalho dememria.

    Portanto, a interpretao dos sonhos j no lheinteressa.No. muito mais importante aquilo a que chamo o sonho-projecto, os devaneios diurnos que temos. Esses que estovirados para o futuro. Diz-se muitas vezes que o homem umanimal de hbitos, mas no verdade. O macaco um animal dehbitos, o homem um animal criador, est sempre a criarcoisas novas. E por isso criou uma civilizao. O ser humano de tal modo criador e eu sou ateu! que at criou um deus.Deus uma criao do homem. Na psicanlise estou maisinteressado no futuro do que no passado. A psicanlise clssicaest sempre muito ligada ao passado: o que aconteceu com amezinha, com o paizinho. Eu ando mais ligado quilo que apessoa projecta no presente e para o futuro.

    No seu div no lhe interessa aquilo que foram asvivncias e as memrias recalcadas?Isso tambm importante. Costumo dizer aos meus alunos, nabrincadeira, que os analistas clssicos me fazem lembrar umcondutor de automveis que vai sempre a olhar para oretrovisor; depois espeta-se no primeiro eucalipto. No issoque me interessa. D-se uma vista de olhos de vez em quandomas olha-se em frente, fundamentalmente.

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  • Imagino que isso lhe valeu algumas antipatias oumesmo inimizades dentro do meio da psicanlise.Sim, sim. E crticas.

    Porque que h uma to grande animosidade entreescolas teraputicas?Como uma cincia mais difusa, com menos certezas, maisfcil formar essas escolas e crenas. Religies, quase; seitas. Masa propsito disso, h uns anos recebi um prmio nos EstadosUnidos, e um dos analistas de l, com quem depois mecorrespondi bastante, mandou-me um mail: Mas isso que vocdisse uma mudana total de paradigma, no ? Pois ,disse-lhe eu.

    A que que ele se referia?Precisamente a isto de que estvamos a falar, porque napsicanlise clssica o paciente repete muito as coisas queaprendeu na infncia. A minha teoria que ele, ao longo da vida,vai aprendendo coisas novas e vai mudando. E isso que oimportante.

    Tambm reconstrumos e reinventamos o passado.Sim, mas vivemos do futuro, no do passado. Infelizmente nemsempre assim, mas assim que deve ser. Veja na polticaportuguesa: foi o problema do Scrates, e antes do Scrates doGuterres... Noutro dia dizia a um amigo meu: naturalmente, aculpa foi do Afonso Henriques, que conquistou isto aos mourosem vez de ir para a Galiza.

    Andamos a olhar demasiado para o espelho retrovisor?Andamos. De uma maneira geral, nos pases europeus. H umestudo que j tem uns 30 anos, de psiclogos e psicanalistasamericanos, que se limitaram a investigar a dcada de 70.Foram buscar 400 artigos que vm de duas revistas depsicanlise bastante conhecidas, seleccionaram 200 artigosescritos por psicanalistas europeus, e 200 artigos escritos porpsicanalistas americanos. E s foram investigar uma coisa: onmero de vezes que citavam Freud. A diferena era de dez

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  • vezes mais para os europeus. [risos] o peso da histria. Etambm a coisa cultural: os europeus so mais conservadores. frequente ir-se a uma conferncia sobre filosofia e ter de seouvir falar no Aristteles e no Plato.

    (//imagens4.publico.pt/imagens.aspx/1032314?tp=UH&db=IMAGENS)

    Vivemos dofuturo, no dopassado.Infelizmentenem sempre assim. Veja napolticaportuguesa:foi oproblema doScrates, eantes doScrates doGuterres... Aculpa foi doAfonsoHenriques,queconquistouisto aosmouros emvez de ir paraa Galiza

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  • Sente-se mais americano, nisso?Muito mais. Alis, tenho muito mais contacto com analistasamericanos do que com analistas europeus. Esse prmio que mederam nos Estados Unidos, na Europa no mo davam.Deram-mo voluntariamente, foram eles que me seleccionaram,pelos meus escritos. Na Europa achavam que aquilo no tinhamuito interesse.

    Rev-se mais no pragmatismo americano.No caso da anlise, sim. Noutras coisas no. Noutros aspectostm muitos defeitos. Mas os filsofos so muito maispragmticos. Os filsofos europeus esto presos s abstracestodas.

    Com a sua idade seria natural que o peso daexperincia j tivesse uma prevalncia maior do que oda tentativa de descobrir.As coisas evoluem investigando, no acumulandoconhecimentos.

    Como que se d, por exemplo, com a revoluotecnolgica? No vejo aqui nenhum computador.No, porque os computadores j chegaram tarde demais e eu jno tinha muita pacincia para aprender a lidar com aquilo. Aminha secretria que trata disso. Mas acho que importante,aquilo bom.

    Nunca usa computador?No. Mesmo o telemvel, uso-o mal.

    Sabe o que o Instagram?Sei [risos].

    Sabe o que o Facebook?Tambm sei, mais ou menos.

    As redes sociais so apenas novas formas decomunicao ou parece-lhe que h o risco de mexerem

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  • com caractersticas fundamentais das pessoas?Penso que se no forem em excesso, no. Como tudo.

    A instantaneidade da comunicao ter alteradoalgumas das caractersticas relacionais que existiam nasua juventude?No sei. Ouo os meus colegas, na faculdade de psicologia,dizerem: Esta malta hoje no presta, no nosso tempo que erabestial. Pois, eu acho que os alunos agora so muito melhoresdo que eram no meu tempo. Muitssimo melhores. Mais vidos,mais interessados. A evoluo positiva. No meu tempo deestudante a maior parte dos colegas s pensava em futebol e embeber copos. Hoje vem-se vrios alunos e alunas interessadosem filosofia, poltica, histria.

    No se reconhece, portanto, no discurso da crise devalores.No, de maneira nenhuma. Os valores que so outros. Emrelao aos valores da religio, do pecado, so outros.

    Quais diria que so hoje os valores estruturantes?O primeiro de todos a liberdade. E por outro lado o de havermenos proibies. A minha liberdade s acaba quando perturbaa liberdade do outro. a nica proibio. Depois a moral: h umtipo de moral, a que chamo exgena, ou heternoma, que vemditada pelo outro. Pela religio, pelo partido poltico, pelacultura. E h uma moral endgena e autnoma, que dependesimplesmente de o indivduo ter empatia e compaixo pelosofrimento do outro. Se me ponho no lugar do outro e ficopreocupado se ele no est bem, construo a minha moral.Aquela que me ensinada no tem interesse nenhum. Porexemplo, h uma coisa que muito discutida e em que vriaspessoas no esto de acordo comigo: continua-se a dizer que preciso impor limites s crianas. No preciso impor limitesnenhuns s crianas, preciso simplesmente mostrar-lhes que arealidade tem limites; a realidade fsica e a realidade social. Se acriana bate com a cabea na parede magoa mais a cabea doque a parede [risos]. Se chama filho da puta ao pai, se calhar o

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  • pai fica chateado e deixa de brincar com ele, j no lhe apetecejogar bola. s isto.

    H agora uns pediatras que dizem que as crianasganharam um tal controlo, e uma tal ateno dasfamlias que se tornaram pequenos ditadores(/1722130).Ah, isso aquele idiota do Urra. Um cretino.

    O espanhol Javier Urra.Sim. S diz idiotices [risos]. Mas tem cargos importantes: professor catedrtico na Universidade Complutense de Madrid e, ou foi, o provedor dos menores em Espanha. Os livros deletm vrias edies mas um homem execrvel. Numa entrevistaque li dele, acaba dizendo que castigava os filhos porque gostavamuito deles. Bestial! [risos]

    Continua-se a dizer que preciso impor limites scrianas. No preciso impor limites nenhuns s

    crianas, preciso simplesmente mostrar-lhesque a realidade tem limites.

    (//imagens6.publico.pt/imagens.aspx/1032316?tp=UH&db=IMAGENS)

    PEDRO CUNHA

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  • Est mais prximo, nesse aspecto, do Dr. Spock.O Spock era muito melhor.

    Ou de Berry Brazelton.Esse bom. Mas tem uma teoria com a qual no estoutotalmente de acordo: diz que o beb precisa de amor edisciplina. O beb no precisa de disciplina, precisa de umambiente ordenado, de um ambiente disciplinado. diferente.Se um dia lhe derem a refeio s trs horas, no dia seguinte sseis da tarde, noutro dia deitam-no s oito, e depois s onze...

    Isso desestruturante.. Se o ambiente for ordenado a criana integra-se nisso. Se eu,como professor, protesto por os alunos chegarem tarde aula,no d em nada. Agora, se eu chego a horas, ele habituam-se achegar a horas.

    E o que que faz quando h prevaricadores?No Centro de Sade Mental e Infantil tnhamos dez ou onzeequipas e fazia uma reunio por semana com cada uma delas, euma vez por ms uma reunio geral com toda a gente. Essasreunies eram s nove da manh; das nove s onze. E as pessoaschegavam sempre atrasadas. Fiz vrias coisas at quesimplesmente escrevi num quadro, quem chegar depois dasnove e dez favor no interromper. Comearam a ir a horas. Aspessoas protestam quando imposto, mas se for dito com jeitoacabam por colaborar. E h outra coisa: a ideia do nossogoverno anterior era a de que as sociedades progridem porcompetio. No, as sociedades progridem por colaborao. No nos perodos de guerra que se fazem as grandes descobertas, nos perodos de paz.

    H uma ideia muito difundida de que o investimentomilitar que tem providenciado grandes avanos...No.

    ...at na rea da psicologia.O Hitler que dizia mais ou menos isso: que a guerra trazia

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  • desenvolvimento.

    Como que encara a questo com que todos temos denos confrontar: a ideia da morte?Fiz uma conferncia aqui h tempos num congresso de filosofiaem que me convidaram para falar sobre isso. Primeiro recusei,depois insistiram muito comigo. Pus uma condio: S se forfalar ao mesmo tempo da sexualidade e da morte [risos]. Todostemos uma angstia, que no propriamente a angstia demorte, essa comum nos animais; a angstia perante a morteimediata, o risco. Os homens e os macacos superiores - oorangotango, o gorila, o chimpanz - j tm alguma conscinciadisso, tm aquilo a que chamo a angstia essencial. Umaangstia perante a finitude da vida. Tm conscincia de que avida tem um limite. Essa angstia no totalmente resolvida,mas resolvida em parte pelo que se chama a imortalidadesimblica. Sei que vou morrer daqui a uns anos, mas tambmsei que fiz algumas coisas que ficaram, que foram teis. Ensineialgumas coisas porreiras a umas pessoas. Sei que vou morrermas diverti-me mais ou menos. Fiz umas asneiras, mas tambmfiz algumas coisas bem feitas. H uma certa satisfao, no vouvazio e insatisfeito.

    Essa conscincia aumenta com o passar do tempo, ounem tanto?Nem tanto. Temos de ter sucesso em algumas coisas quefazemos. Se s se tem insucesso isso deprime, causa mau estar.Os americanos falam muito dos trs g, a propsito do amor.Good, giving and game. Bom, generoso e divertido. O mundodeve ser bom, generoso e divertido.

    Isso aplicado ao amor?Sim, ao amor e s relaes em geral. Mas eles falam disto apropsito do amor. O bom amor aquele que good, givingand game (jogo, mas que eu traduzo para divertido).

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  • Tambm temos de aprender a viver com os momentosmenos divertidos para no desistirmos primeiracontrariedade.Isso outra teoria. A teoria da psicanlise clssica a de que asdores so boas, que preciso sofrer para ficar mais forte, paraenrijecer o carcter. No nada a minha teoria. A dor inevitvel, no boa. H sempre insucessos, h sempre dores.

    Eu estava a referir-me chamada gratificaoimediata, cuja necessidade, segundo se dizfrequentemente, tem vindo a crescer.Pois, a teoria clssica a de que a gratificao imediata m eque se deve educar para a frustrao. Reduzir a frustrao lentae progressivamente, o que ensinam os clssicos. No de facto

    (//imagens7.publico.pt/imagens.aspx/1032317?tp=UH&db=IMAGENS)

    Sei que voumorrer masdiverti-memais oumenos. Fizumasasneiras, mastambm zalgumascoisas bemfeitas. Huma certasatisfao,no vou vazioe insatisfeito.

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  • a minha teoria. A frustrao sempre m e deve evitar-se. O quese deve fazer outra coisa: desenvolver a capacidade deespera, o que diferente. Estou suado, vim a correr, apetece-mebeber uma cerveja gelada. Mas percebo que se descansar umbocado a cerveja me vai saber muito melhor. No a mesmacoisa que manter a frustrao, ou que considerar a frustraotil.

    H hoje patologias mentais novas? difcil dizer mas h algumas.

    O DSM [o Manual Diagnstico e Estatstico deTranstornos Mentais] agora maior.O DSM uma porcaria. Aquilo um catlogo condicionado pelaindstria farmacutica para venderem mais medicamentos.

    Todos temos l um lugarzinho.Sim, sim. E um medicamento apropriado.

    Quais so ento as novas patologias?H uma maior quantidade de traos de psicose, narcisismo,borderline. Porque h uma menor intimidade entre as pessoas.As relaes so mais superficiais, menos ntimas, menosvinculadas, mais annimas. De maneira que no hfamiliaridade. Deixou de haver a confiana, a colaboraomtua.

    Isso um efeito da vida urbana por contraponto vidarural?Claro, das grandes cidades. E do estilo de vida que as pessoaslevam, tambm. Hoje as pessoas s so ntimas entre dois outrs amigos. No meu tempo era ntimo de todas as pessoas daminha aldeia. Mesmo nas cidades havia aquela coisa de bairro,as pessoas iam a casa uns dos outros. Hoje temos maisconhecidos do que amigos. H uma diminuio da espessuraafectiva dos laos.

    No haver, por outro lado, uma maior liberdade?

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  • Porque essa situao de antigamente era tambm deum grande controlo sobre os indivduos.Sim. Nesse aspecto, sim.

    O que que prefervel?Bom, os extremos sero sempre maus. Mas no sei se a situaode antigamente era assim de tanto controlo. As pessoasrespeitavam mais os segredos, por exemplo. Hoje respeitammenos. Se pedir a um amigo seu para respeitar um segredo, eledi-lo logo na primeira esquina.

    No tem grande confiana na natureza humana, pelosvistos.A vida actual mais insegura.

    Existe isso da natureza humana?Existe, um bocado diferente da natureza dos macacos, porexemplo [risos].

    Mas reconhece a existncia de padres decomportamento, independentemente da cultura, daorigem, do meio em que se cresceu?O problema dos valores um problema posto do ponto de vistamoral, quase religioso. Do ponto de vista tico, esttico,tambm. Mas o importante aquilo que tem valor para a vida,aquilo que vital. O que acontece que para o homem, porcomparao com o macaco, importante a beleza de uma rosa, operfume de uma mulher. O que tem valor para a nossa vida no s o cheiro a cio.

    Ou seja, no s o aspecto pragmtico.Tambm pragmtico: isto permite escolher melhor, saberquem a pessoa. A seleco muito mais complexa porque onmero de dados que recolhemos muito maior.

    H muito mais variveis em jogo.Muitssimo mais. Para um macaco interessa que a fmea estejareceptiva. Para o homem interessa que a mulher seja simptica,

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  • que goste dele; uma srie de coisas. Agora, o que acho que tempouco interesse so esses valores com sentido tico e moral.Como dizia um amigo meu que j faleceu: O que interessa namulher so as caractersticas morais, mas se for bonita ajuda.

    Pode dizer-se que um optimista?Sou.

    Acha que estamos a aperfeioar-nos?Sim, no tenho dvidas. Apesar de todos os defeitos, cada vez sevive melhor. A curva da civilizao isto [desenha no papel umacurva], ascendente. Mas a ascenso na subida no contnua,h ciclos. E depois h a visibilidade social. Aqui h uns anosnuma conferncia com o Dr. Jorge Macedo o historiador quefoi director da Torre do Tombo , houve uma coisa que no meagradou: ele falou muito da violncia, referindo que a violnciaera muito grande nas cidades. E eu disse-lhe: Parece impossvelum professor de Histria estar a dizer-me isso; sabe melhor doque eu que no tempo do Marqus de Pombal a mdia deassassinatos era de um ou dois por dia em Lisboa, e Lisboa tinhacento e tal mil habitantes. Hoje tem 600 mil e se calhar so doisou trs por ms. H aqui um problema interessante: no tempodo Marqus de Pombal matava-se uma pessoa no Rossio e emAlfama ningum sabia; hoje matam uma pessoa em Nova Iorquee logo noite j sabemos. uma iluso, um problema devisibilidade social.

    A visibilidade social tem a ver com um papelprogressivamente maior dos media; os media soindutores de ansiedade?No. Isso outra histria. Fiz parte de um grupo de trabalhoorganizado pela Maria Barroso, da Fundao Pro Dignitate. Fuium dos fundadores daquilo. E ela tinha essa ideia: porque semostram as mortes, as revolues? Isso no tem mal nenhum, ainformao elucida as pessoas. Mas ainda h tempos ouvi oprofessor Daniel Sampaio, que um tipo inteligente, dizer queno se podia falar do suicdio dos jovens porque issocontaminava, induzia outros. Pelo contrrio; sabendo as pessoas

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  • os perigos que existem, no vejo perigo nenhum nisso. O perigo no informar.

    No v sequer a possibilidade de isso contribuir paraum acrscimo da ansiedade?A, o que acho que o grande modelo a prpria natureza. Oque no podemos dar um acidente de automvel e mostrar so carro todo esborrachado, um tipo a deitar sangue. mostrar acena toda, mostrar a vida. Salientar s aquilo que pode serprejudicial e provocar grande ansiedade.

    Hoje temos a ameaa terrorista, a ameaa dos vrus,agora a ameaa do mosquito. Estamos a receberpermanentemente estas doses de alarmeJ pensou que em vez de estarmos aflitos com o mosquito quetransmite o Zika (/185), devamos pensar que isso pode ser umprocesso de resolver as dificuldades de protenas, e comear acomer esses mosquitos num prato especial? [risos]. Commanteiga, um bocadinho de mel...

    Por qualquer razo no nas protenas do mosquitoque as pessoas pensam em primeiro lugar.Mas podem comear a pensar nessa vantagem.

    Se por absurdo tivesse disposio uma mquina dotempo, para onde escolheria viajar?Para o futuro. O passado passou, que que ia fazer com opassado? No gostava nada de voltar atrs, gostava de ter mais100 anos frente. O bife que me interessa o que vou comerlogo noite, no o que comi ontem [risos].

    COMENTRIOS

    H 42 minutos

    julio"Que poca terrvel esta, onde idiotas dirigem cegos" William Shakespeare

    Um discurso de palavra fcil qui polmico, prprio de um homem donorte. claro que no por eu no ser do norte que discordo doprofessor. Naturalmente interessa-me o bife que vou comer "hoje".

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  • Isso, contudo, no apaga da minha memria o bife que comi "ontem". Possocompar-los. Aferir a qualidade, preos e questionar as causas de tantas alteraes nobife que mais parece um farincio. Muitas outras coisas eu no vivi. Mas esto naminha e na memria colectiva do nosso povo. Como se pode considerar medroso umpovo que, em "cascas de noz", enfrentou o conhecido e o desconhecido e deu " novosmundos ao mundo"? A um povo cuja dispora se baseia em sofrimento, luta edeterminao para enfrentar o desconhecido? S baseando-se na mentira. Salazar nomatou?

    H 40 minutos

    julio"Que poca terrvel esta, onde idiotas dirigem cegos" WilliamShakespeare

    Quem matou Bento Gonalves, Milito Ribeiro etantos outros? E Humberto Delgado? Pobretestemunho!

    H 21 minutos

    julio"Que poca terrvel esta, onde idiotas dirigem cegos" WilliamShakespeare

    Apagar a nossa memria apagar a nossa Histria, anossa experincia, o nosso conhecimento e... o futuro.Essa, , no fundo, a linha do professor. A mesma linhaque os detentores do poder financeiro seguem;- qualreligio, baseada no mesmo conceito - o pecado, apresuno em ns inculcada de que lhes somosdevedores - o controlo das nossas "almas". Devemosesquecer que na "crise" 32/33, pessoas se atiravamdas janelas dos altos prdios? Porqu? Para nocomparar os responsveis de hoje que, j no seatiram das janelas abaixo e, ainda, so compensadoscom prmios e chorudos bnus? Ou devemoscontinuar a ser martelados, porque o vivemos, com2008, para esquecer que hoje vivemos semanalmenteum, cada vez pior, 2008? No nos adormea mais,professor. Quer queira quer no a Revolta vir!

    H 54 minutos

    MCACidad da finis terr

    Nunca vi tantas tiradas preconcebidas numa mesma entrevista.

    15:12

    Mario Moreno

    At que enfim algum sem papas na lngua de dizer a verdade nua ecrua do que ser portugus... Concordo plenamente... Pois s umpovo burro e cobarde aguentou 50 anos de Salazar, e 20 anos deCavaco e 4 (ou mais ) de Passos Coelho...

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  • H 56 minutos

    Hugo Vaz

    Ele no disse que o povo Portugus burro... alis elediz mesmo que essa faceta identitria do povoPortugus tanto benfico como negativo,dependendo da situao e deu exemplos disso: foiextremamente til na reconquista aos mouros. S sedeu ao trabalho de ler o ttulo?

    14:57

    Arons VCTocha, Coimbra, Portugal - Paris, France

    Quase nos leva a afirmar que o portugus rfo de pai, de tal modoele covarde e previsvelconfesso que partilho desse ponto de vista.O mesmo no posso dizer dessa cegueira egosta que projecta o futurono alheamento das consequncias, quase uma apologia do alzheimer,de tal modo apela venda de automveis sem retrovisor

    14:58

    Arons VCTocha, Coimbra, Portugal - Paris, France

    Diria que o homem mais um animal manipulador doque criador, pois inova na percepo mas mantm atendncia para o declnio, corrompe a ideia deprogresso omitindo as fraquezas e os paradoxos.

    14:59

    Arons VCTocha, Coimbra, Portugal - Paris, France

    Neste sentido, se o sonho/projecto pretende dar umpasso em frente recusando o sonho/memria, creioque entra no quadro manipulador que descrevo atrs,pois nenhum futuro vlido sem memoria, o quadrode migraes que tanto nos preocupa hoje emana darecusa da memria, ao no nos darmos comoculpados da decadncia ecolgica pretendemosignorar que as migraes provm essencialmente daescassez de recursos naturais e no das escassez derecursos tecnolgicos, a tal prepondernciasonho/futuro. Se no olharmos para o passadotornamo-nos imunes e alheios s consequncias dosnossos erros e foi assim que chegmos aqui, com osolhos fincados no futuro sempre que asconsequncias dos nossos actos se confinam decadncia dos outros, ser assim que Coimbra deMatos evita a depresso?

    Arons VCTocha, Coimbra, Portugal - Paris, France

    Coimbra de Matos chega a ser pattico, seno ridculo, quando afirma

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    15:03

    que as coisas evoluem investigando, noacumulando conhecimento, como se Poincar notivesse chegado teoria do caos com os erros deNewton e Kepler, como se se chegasse cura para amalria com a contabilizao dos mortos e no com oconhecimento da origem da doena. J o prmio queos americanos lhe atriburam parece emanar mais danecessidade que os americanos tm de consolidarapoios nessa rea na Europa, do que da pertinncia eda utilidade dos preceitos que nos vende.

    13:17

    ana cristinaconsultora , Lisboa

    somos um pas de medrosos, que faz deportaes desumanas e temmanuais escolares racistas. somos isso tudo, mas tambm somos ocontrrio disso tudo.

    12:31

    agany

    Se fosse concedida vida eterna aos ateus, ainda assim, no creriam.

    13:41

    ana cristinaconsultora , Lisboa

    verdade. eu nem creria nem quereria. basta ler "oImortal" do Jorge luis Borges. a eternidade? nem debandeja....

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