Sobre a lei e o evangelho
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P571
Philpot, J. C. – 1802 -1869 Sobre a lei e o evangelho / J. C. Philpot Tradução , adaptação e edição por Silvio Dutra – Rio de Janeiro, 2017. 44p.; 14,8 x 21cm Título original: On the Law and the Gospel 1. Teologia. 2. Vida Cristã 2. Graça 3. Fé. 4. Alves, Silvio Dutra I. Título CDD 230
3
Sumário
Introdução.......................................................
4
Por que a lei não é a regra de vida do crente.................................................................
6
Qual é, então, a regra de vida do
crente? ..............................................................
14
Desmentir a objeção lançada sobre nós de que nossas opiniões
conduzem ao antinomianismo doutrinário ou prático...............................
21
4
Introdução:
Meu caro senhor,
Em uma de suas cartas, você expressa o
desejo de que eu dê meu ponto de vista
sobre este assunto: "Por que, a meu ver, a
lei não é a regra de vida do crente". Ao fazer
isso, aproveitarei a ocasião para oferecer
meus pensamentos sobre esses três
pontos distintos;
1. Por que a lei não é a regra de vida do
crente.
2. Qual é a regra.
3. Desmentir a objeção lançada sobre nós,
de que nossas opiniões conduzem ao
antinomianismo doutrinário ou prático.
Por um crente, eu entendo alguém que
pela fé em Cristo é libertado da maldição e
escravidão da lei e que sabe algo
experimentalmente da vida, luz, liberdade
e amor do evangelho glorioso da graça de
Deus. Pela lei eu entendo principalmente,
5
embora não exclusivamente, a lei de
Moisés. E pela regra da vida, eu entendo
um guia para fora e para dentro, segundo o
qual um crente dirige sua caminhada e
conversão diante de Deus, da Igreja e do
mundo.
É muito necessário ter estritamente em
mente, que estamos falando inteiramente
e unicamente de um crente. O que tem a lei
a ver com um crente em Cristo Jesus? Será
exigido pela vontade revelada de Deus,
para tomar a lei como uma regra
orientadora em sua vida? Respondo; Não. E
por várias razões.
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1. Por que a lei não é a regra de vida do
crente.
Deus não nos deixa em liberdade para
tomar à vontade uma parte da lei e deixar a
outra. Deve ser tomado ou deixado como
um todo, pois Deus assim o revelou. Não
consigo encontrar em nenhuma parte da
Palavra de Deus qualquer mitigação de
seus termos, ou qualquer redução à
metade dela, de modo que, de acordo com
os pontos de vista de muitos teólogos que
escreveram sobre o assunto, podemos
estar mortos para ela como uma aliança;
como regra geral.
A característica essencial e distintiva da lei
é que ela é uma aliança de obras, exigindo
completa e perfeita obediência, anexando
uma tremenda maldição à menor violação
de seus mandamentos. Se, então, eu, como
crente, tomar a lei como minha regra de
vida, eu a tomo com a sua maldição;
coloco-me sob o seu jugo, pois ao recebê-la
como meu guia, (e se não o faço, não é o
meu governo), tomo-a com todas as suas
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condições e fico sujeito a todas as suas
penalidades. A conexão entre uma aliança
e suas regras é claramente mostrada em
Gálatas 5: 1-6 onde o apóstolo testifica
"todo homem que é circuncidado, é
devedor de toda a lei". É ocioso falar de
tomar a lei para uma regra de vida, e não
para um pacto, pois as duas coisas são
essencialmente inseparáveis; e como
aquele que guarda toda a lei e, no entanto,
ofende em um ponto, é culpado de todos os
demais (Tiago 2:10), assim aquele que leva
apenas um preceito da lei para o seu
governo, (como os gálatas tomaram o da
circuncisão),e tendo adotado um,
praticamente adota-se o todo, e adotando o
todo se coloca sob a maldição que atribui a
sua infração.
As pessoas falam muito fluentemente
sobre a lei ser uma regra de vida, e pensam
pouco das consequências resultantes,
porque entre elas está que seus preceitos
escritos e não o seu mero espírito, devem
ser a regra. Ora, estes preceitos pertencem
a ela somente como uma aliança, pois
nunca foram separados pela Autoridade
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que os deu, e o que Deus uniu, que
nenhum homem separe. Mostrar a
conexão entre os preceitos e a aliança é o
tema principal da Epístola aos Gálatas, que
estavam olhando para a lei e não para o
evangelho, de modo que tendo começado
no Espírito, estavam tentando ser
aperfeiçoados pela carne. Ler com olhos
iluminados, esta Epístola abençoada
decidiria de imediato em favor do
"evangelho" como nossa regra orientadora
da conduta cristã e da nossa conversação.
Observe como Paulo repreende aqueles
que assim agem; ele os chama de "gálatas
insensatos", e pergunta quem enfeitiçou
aqueles que não queriam obedecer à
verdade (isto é, ao evangelho), "diante de
cujos olhos Jesus Cristo foi evidentemente
posto Crucificado entre eles".
Ele apela à sua própria experiência e
pergunta-lhes; "Vocês receberam o
Espírito pelas obras da lei, ou pelo ouvir da
fé?"
Ele traça uma linha de distinção aqui,
entre aquelas obras que são feitas em
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obediência à lei como uma regra
orientadora, e o poder de Deus sentido no
coração que assiste a um evangelho
pregado quando ouvido na fé,
perguntando-lhes sob qual dos dois eles
tinham recebido o ensinamento e o
testemunho do Espírito abençoado.
Mas, observe, ainda, como ele os convida a
"caminhar no Espírito" Gálatas 5:16. Agora,
andar é viver e agir, e a regra que ele dá
aqui para viver e agir não é a lei, mas o
Espírito. Ele lhes fala da bem-aventurança
deste divino guia; "Se você é conduzido
pelo Espírito, você não está sob a lei", isto é,
nem como um pacto nem como regra, pois
que eles eram livres da sua maldição como
uma aliança condenadora, e dos seus
mandamentos como um jugo aflitivo que
nem eles nem seus pais puderam suportar
(Atos 15:10). Mas, mostra-lhes que a
libertação da lei não os libertou de uma
maior e mais perfeita regra de Obediência,
ele lhes ordena a "cumprirem a lei de
Cristo", que é amor, um fruto do Espírito,
não produzido pela lei que opera ira e gera
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filhos para a escravidão (Romanos 4:15;
Gálatas 4:24).
Se estamos dispostos a cumprir a inspirada
Palavra da Verdade, precisamos ir além da própria Epístola para decidir toda a
questão, porque nela estabelecemos a regra segundo a qual os crentes devem
andar, que é uma "criatura nova" (ou uma nova criação); " Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão
tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.
E a todos quantos andarem conforme esta regra, paz e misericórdia sobre eles e sobre
o Israel de Deus”. (Gálatas 6: 15-16).
A lei ou a obra do Espírito sobre o coração
é mantida aqui, como a regra de uma
caminhada de crentes?
A lei é estritamente um pacto de obras;
nada sabe de misericórdia, nada revela
sobre a graça e não comunica o Espírito
abençoado. Por que, então, se sou crente
em Cristo, e tenho recebido a Sua graça e a
verdade no meu coração, devo adotar para
a regra da vida aquilo que não testifica de
Jesus na Palavra, ou na minha
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consciência? Se eu devo andar como um
crente, deve ser por uma vida de fé no
Filho de Deus (Gálatas 2:20). A lei é minha
regra aqui? Se é, onde estão essas regras
para serem encontradas? "A lei não é de fé".
Como, então, pode estabelecer regras para
a vida de fé? Se eu quiser andar como um
crente com a Igreja, que ajuda a lei me dará
lá?
Caminhar como tal deve ser pela lei do
amor, como revelado em Cristo e tornado
conhecido em meu coração pelo poder de
Deus. Se eu ando nas ordenanças da casa
de Deus, será que estas coisas serão
reveladas na lei?
Damos à lei a devida honra. Ela tinha uma
glória, como o apóstolo argumenta em 2
Coríntios 3, como ministério da morte e
condenação, mas esta glória é eliminada;
por que devemos olhar para ela agora,
como nosso regra orientadora? O
ministério do Espírito, da vida e da justiça
"excede muito mais em glória", e por que
seremos condenados, se preferirmos o
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Espírito à letra, a vida à morte e a justiça à
condenação?
Uma regra deve influenciar, assim como
orientar, ou então será uma regra morta.
Se você escolheu ser guiado pela carta de
morte, que só pode ministrar condenação
e morte, e escolhemos para o nosso
governo o que ministra o Espírito, a justiça
e a vida, quem tem a melhor regra? É
muito temível que aqueles que assim
andam e falam, ainda têm o véu sobre o
coração e não sabem nada do que o
Apóstolo quer dizer quando diz; "Agora, o
Senhor é o Espírito, e onde o Espírito do
Senhor está aí há liberdade, mas todos nós,
de rosto aberto, contemplando como por
espelho a glória do Senhor, somos
transformados na mesma imagem de
glória em glória, como o Espírito do
Senhor." (2 Coríntios 3: 17-18).
Mas não só temos essas deduções para
influenciar a mente em rejeitar a lei, como
uma regra para a caminhada dos crentes,
porém temos o testemunho expresso de
Deus como um mandado para fazê-lo.
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Lemos, por exemplo que; "Eu pela lei estou
morto para a lei, para viver para Deus"
(Romanos 7: 4). Como crente em Cristo, a
lei está morta para mim, e eu para ela. O
Apóstolo abriu clara e lindamente este
assunto. Ele assume que um crente em
Cristo é como uma mulher que se casou
novamente após a morte de seu primeiro
marido; e declara que "ela é obrigada pela
lei de seu marido enquanto ele vive, mas se
o marido morrer, ela é solta da lei de seu
marido" (Romanos 7: 2) e está livre para
contrair novas núpcias com outro. Claro
que o primeiro marido é a lei, e o segundo
marido é Cristo. Agora, adotando a figura
de Paulo, não podemos justamente
perguntar: Qual é a regra da conduta da
esposa quando se casou novamente, os
regulamentos do primeiro ou do segundo
marido?
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2. Qual é, então, a regra de vida do crente?
Ele está sem regra? Será que ele é infiel,
porque abandona a lei de Moisés, porque
seu governo não tem guia para dirigir seus
passos? Deus me livre! Porque eu
subscrevo coração e alma às palavras do
Apóstolo - "Não estando sem lei diante de
Deus, mas debaixo da lei de Cristo" (1
Coríntios 9:21) - (nota de rodapé - não sob a
lei, como nossa versão registra, não
havendo nenhum artigo expresso ou
implícito no original). O crente tem então,
uma regra de orientação que podemos
chamar brevemente de "o evangelho".
Esta regra podemos dividir em dois ramos;
o evangelho escrito pelo dedo divino sobre
o coração, e o evangelho escrito pelo
Espírito abençoado, na Palavra da verdade.
Estes não formam duas regras distintas,
mas uma é a contrapartida da outra, e são
mutuamente úteis e corroborativas uma
da outra. Uma das promessas da Nova
Aliança em Jeremias 31: 21-34 e Hebreus 8:
8-12 (comparada) foi - "Escreverei a Minha
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lei no seu interior e escreverei em seus
corações". Esta escrita da lei de Deus em
seu coração, eu não preciso te dizer, é o
que a distingue da lei de Moisés, que estava
escrita em tábuas de pedra, e se torna uma
regra interna, enquanto a lei de Moisés era
apenas uma regra externa.
Esta regra interna parece ser apontada em
Romanos 8: 2 onde encontramos estas
palavras "Porque a lei do Espírito de vida
em Cristo Jesus me libertou da lei do
pecado e da morte". Por "a lei do Espírito da
vida", entendo que a regra orientadora
(uma regra na Escritura é frequentemente
chamada de lei; a palavra “lei” em hebraico
significando literalmente "instrução") do
Espírito de Deus, enquanto no coração de
crentes, é vida comunicadora. É, portanto
a influência libertadora, santificadora e
orientadora do Espírito de Deus em sua
alma, como lei ou regra, que o livra da "lei
do pecado e da morte"; pelo que não
entendo como sendo a lei de Moisés, mas
o poder e prevalência de sua natureza
corrupta. Se esta é então, uma exposição
correta do texto, temos uma regra interna
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orientadora distinta da lei de Moisés e uma
regra viva no coração, que a lei de Moisés
nunca foi nem poderia ser, pois não
comunicou o Espírito (Gálatas 3: 2-5).
“1 Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou
a vós, ante cujos olhos foi representado
Jesus Cristo como crucificado?
2 Só isto quero saber de vós: Foi por obras
da lei que recebestes o Espírito, ou pelo
ouvir com fé?
3 Sois vós tão insensatos? tendo começado
pelo Espírito, é pela carne que agora
acabareis?
4 Será que padecestes tantas coisas em
vão? Se é que isso foi em vão.
5 Aquele pois que vos dá o Espírito, e que
opera milagres entre vós, acaso o faz pelas
obras da lei, ou pelo ouvir com fé?” (Gál 3.1-
5)
Mas esta regra interna como sendo "a lei
do Espírito de vida" tem poder para
conduzir todos os filhos de Deus, pois no
mesmo capítulo em Romanos 8:14 o
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Apóstolo declara que, "todos os que são
guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de
Deus". Esta liderança é peculiar aos filhos
de Deus e é uma evidência de sua filiação,
que os livra da lei; pois se formos guiados
pelo Espírito, não estamos sob a lei
(Gálatas 5: 8), nem como uma aliança nem
como uma regra, pois temos uma aliança e
uma regra melhor (Hebreus 8: 6). Qual é o
principal uso de uma regra, senão
conduzir? Mas quem pode conduzir como
um guia vivo? Como uma lei morta pode
levar uma alma viva?
A prova de que somos filhos de Deus é que
somos guiados pelo Espírito, e esta
liderança interior torna-se nossa regra
orientadora.
E não é desprezível a orientação do Espírito
abençoado, para estabelecer-se em
oposição à Sua regra orientadora, a lei
morta de Moisés, e chamar aqueles
antinomianos que preferem um guia vivo
para uma letra morta.
Este guia vivo é aquele Espírito Santo
abençoado que "guia a toda a verdade"
(João 16:13).
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Aqui está a principal bênção da obra e a
graça no coração, que a liderança e
orientação do Espírito abençoado formam
um regime vivo a cada passo do caminho;
pois Ele não só vivifica a alma na vida
espiritual, mas mantém a vida que Ele deu;
e realiza (ou termina) até o dia de Jesus
Cristo (Filipenses 1: 6). Esta vida é eterna,
como o bem-aventurado Senhor no poço
de Samaria declarou, que a água que Ele dá
ao crente é uma fonte saltando para a vida
eterna (João 4:14).
É, pois, o que está nascendo na alma do
crente, que é a regra que guia, pois como
produzindo e mantendo o temor de Deus,
é "uma fonte de vida para se afastar das
armadilhas da morte" (Provérbios 14:27).
Mas, para que esse "governo interno que
guia" não seja abusado, o que poderia ser
por "entusiasmo", e para que não sejam
substituídos por fantasias ilusórias para o
ensino do Espírito Santo, o Deus de toda a
graça deu a Seu povo uma "Regra externa"
nos preceitos do evangelho como
declarado pela boca do Senhor e Seus
apóstolos, porém mais particularmente
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como recolhido nas epístolas, como um
código permanente de instrução para a
família viva de Deus. Tampouco se opõem
à regra que acabo de falar, mas pelo
contrário, harmonizam-se inteira e
completamente com ela, pois de fato é
uma e a mesma regra; a única diferença
entre elas é que o Espírito abençoado
revelou-a primeiro na PALAVRA
ESCRITA, e pela aplicação da Palavra à
alma faz com que a outra seja uma regra
viva no coração.
Agora, não há uma única partícula de
nossa caminhada e conduta diante de Deus
ou do homem, que não seja revelada e
inculcada nos preceitos do evangelho,
embora não tenhamos minúsculas
orientações, temos o que excede todas
essas minúcias desnecessárias; princípios
mais abençoados, impostos por todo
motivo gracioso e santo, formando,
quando corretamente visto e acreditado,
um perfeito código de conformidade
interna e externa com a vontade revelada
de Deus, bem como de toda caminhada e
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conduta santa em nossas famílias na igreja
e no mundo.
Eu diria que um crente tem uma regra para
andar que é suficiente para orientá-lo em
cada passo do caminho, pois se ele tem os
eternos e vivificantes ensinamentos e
orientações do Espírito Santo para tornar a
sua consciência terna no temor de Deus, e
uma lei de amor escrita no coração pelo
dedo de Deus; e além disso tem os
preceitos do evangelho como um código
completo de obediência cristã, o que mais
pode querer para torná-lo perfeito em toda
boa palavra e obra? (Hebreus 13:21). A lei
pode fazer alguma destas coisas por ele?
Pode dar-lhe a vida, em primeiro lugar,
quando é uma carta de morte?
Pode manter a vida, se não está em seu
poder outorgá-la?
21
3. Desmentir a objeção lançada sobre nós
de que nossas opiniões conduzem ao
antinomianismo doutrinário ou prático.
Mas, pode ser perguntado: "Vocês então,
deixam de lado os dois grandes
mandamentos da lei; "Amarás o Senhor
teu Deus" etc. e "teu próximo como a ti
mesmo"?
Não, pelo contrário, o evangelho como
uma regra externa e interna cumpre
ambos, pois "o amor é o cumprimento da
lei". (Romanos 13:10). Portanto, esta regra
abençoada do evangelho, não só não anula
a lei quanto ao seu cumprimento, mas por
assim dizer, absorve em si mesma e
glorifica e harmoniza seus dois grandes
mandamentos, cedendo-lhes em
obediência de coração, (que a lei não podia
dar), porque os crentes servem na
novidade do Espírito, não na velhice da
letra (Romanos 7: 6), como o homem livre
de Cristo (João 8:32) e não como o escravo
da lei de Moisés. Esta é obediência
disposta, e não uma tarefa legal. Isto
22
explicará o significado do Apóstolo,
"Porque eu me deleito na lei de Deus
segundo o homem interior", pois o novo
homem da graça, sob a poderosa
influência do Espírito Santo, se deleita na
lei de Deus, não apenas por sua santidade,
mas como inculcando aquilo que
preenche o coração renovado, e o deleite
interior no amor a Deus e ao Seu povo.
(Nota do tradutor: Em Romanos 3.31 o apóstolo
diz o seguinte:
“Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo
nenhum; antes estabelecemos a lei.”
Assim, ao mesmo tempo que o crente não está
sob a lei, e sim sob a graça, ele não está de modo
nenhum, vivendo contra a lei, por viver na fé,
pois, na verdade, não há outro modo de se
cumprir de fato todas as exigências morais da
lei, como expressadas nos dez mandamentos,
senão por um viver na fé, que é somente
mediante a graça de Jesus Cristo operando no
coração.
23
É tão verdadeiro que esta vida de fé que nos
chegou por meio de Jesus Cristo é o que dá pleno
cumprimento à lei, que o próprio Senhor viveu
sob a lei e a cumpriu perfeitamente, inclusive
em obediência passiva ao morrer em nosso
lugar na cruz, carregando sobre si os nossos
pecados, de modo que a lei tivesse o motivo
necessário para que Ele morresse, uma vez que
não tinha pecado. Se Jesus não tivesse carregado
os nossos pecados sobre Si, ele viveria
eternamente na carne neste mundo, porque é
certo que aquele que não tem pecado não deve
morrer de modo algum.
Assim, cumprindo perfeitamente todas as
exigências da Lei, e morrendo em nosso lugar,
também morremos para a Lei, pela nossa
identificação com Ele, não para vivermos contra
a Lei, mas para vivermos de modo digno de
Deus, conforme o dizer do apóstolo que não
anulamos a lei pela fé, antes confirmamos a lei.
O Que é a Antiga Aliança
A Antiga Aliança ou Antigo Testamento recebe
também as seguintes designações na Bíblia:
Primeira Aliança (Hb 8.7); Lei de Moisés (I Cor
24
9.9); Lei do Senhor (II Cr 31.3,4): Lei de Deus (Ed
7.21); Lei (Rom 3.19); Aliança da Letra (II Cor 3.6);
Ministério da Morte (II Cor 3.7), e Ministério da
Condenação (II Cor 3.9).
Foi celebrada por Deus com a nação de Israel
quando esta foi libertada do cativeiro egípcio
(cerca de 1440 aC). A Antiga Aliança abrangia
todos os israelitas em todas as gerações de
Israel, de Moisés até a morte de Jesus, e por isso,
possuía também um caráter essencialmente
coletivo quanto às aplicações das suas
promessas de bênçãos (Lev 26.3-13; Dt 7.12-26;
11.8-32; 28.1-14), e de maldições (Lev 26.14-42; Dt
11.26-28; 27.26; 28.15-68). Apesar do caráter
essencialmente coletivo daquela aliança, a
mesma não excluía a responsabilidade
individual de cada israelita perante Deus (Dt
24.16; Ez 18.20). Mas, à responsabilidade pessoal,
sobrepunha-se a coletiva, com vistas
principalmente, à manutenção da unidade de
Israel como nação separada para o serviço de
Deus, e para preservá-la da idolatria e costumes
pagãos das demais nações. Daí o mandamento
que proibia o casamento de israelitas com
gentios.
25
Não porque os demais povos fossem
desprezados por Deus, conforme os israelitas
passaram a interpretar o mandamento, mas
simplesmente para preservar Israel dos
costumes das nações até que Jesus viesse e
inaugurasse a Nova Aliança.
Ao dar a lei a Israel através da mediação de
Moisés, firmando com a nação a chamada
Antiga Aliança ou Testamento, Deus não tinha
em vista forjar o legalismo no seu povo, mas
forjar a justiça, o amor e a santidade, através da
obediência à Sua santa vontade, expressada nos
diversos mandamentos da lei.
A palavra LEI, recebe no texto da Bíblia,
diferentes conotações. Por vezes, é usada com o
significado do Pacto ajustado por Deus com os
israelitas a partir de Moisés, ou seja, a Aliança
Antiga propriamente dita.
Em outras passagens, refere-se aos cinco
primeiros livros da Bíblia, ou Pentateuco,
também conhecidos como livros da lei de
Moisés.
26
Quando aparece a expressão a Lei e os Profetas,
normalmente é uma referência ao conjunto das
Escrituras do Velho Testamento (At 13.15), ou ao
Pacto Antigo propriamente dito (Lc 16.16).
E, finalmente, em outras porções bíblicas, a
palavra Lei, designa o conjunto de
regulamentos e mandamentos civis,
cerimoniais e morais, constantes sobretudo do
Pentateuco.
Por exemplo, quando Jesus disse que não veio
revogar a lei e os profetas (Mt 5.17), estava se
referindo às Escrituras do Velho Testamento; e
quando afirmou que a lei e os profetas haviam
vigorado até João Batista (Mt 11.13; Lc 16.16), ao
Pacto, à Aliança Antiga.
O Que é a Nova Aliança
Ao instituir a Nova Aliança no seu sangue, Jesus
revogou a Antiga Aliança e marcou o
encerramento do período da dispensação da lei,
mas não revogou, isto é, não cancelou, as
Escrituras do Velho Testamento (Mt 5.17).
27
Essa questão não pode ser compreendida à luz
de um enfoque legalista, pois nos remeteria
consequentemente a considerar que a Antiga
Aliança ainda estaria em vigor por não terem
sido revogadas as Escrituras que lhe são
correspondentes.
Entretanto, o Velho Testamento, incluindo os
preceitos relativos à Aliança, é um testemunho
da vontade de Deus e da própria revelação
referente a Jesus Cristo.
Se as Escrituras dão testemunho do Senhor,
como Ele as revogaria? Se o fizesse estaria
negando a Si mesmo e à obra que recebeu do Pai
para realizar. Abraão, Moisés e os profetas,
falaram de Jesus. Os utensílios e ofícios do
tabernáculo e do templo ensinam-nos acerca
dEle, em figura.
A forma como o pecado entrou no mundo e a
provisão que Deus fez para salvar o pecador ali
também estão revelados.
A própria remoção do pacto antigo está revelada
nas Escrituras do Velho Testamento, atestando
que de fato o problema do pecado só poderia ser
28
resolvido pela inauguração da Nova Aliança (Jer
31.31-34).
Vemos assim, a confirmação da validade das
Escrituras porque por elas se testifica que o
Pacto Antigo foi substituído pelo Novo, e que
Jesus é o Seu Mediador, conforme nelas
também se testifica (Is 42.6,7; 49.8,9).
A Nova Aliança não foi um plano emergencial
concebido por Deus, por terem os israelitas
violado a Antiga Aliança.
Em absoluto. Ela já estava no Seu coração desde
antes da criação do mundo. E fora prometida a
Abraão antes mesmo da celebração da Antiga
(Gên 17.1-5), tendo sido a promessa
posteriormente confirmada pelo ministério dos
profetas.
“6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te
pela mão, e te guardei; e te dei por mediador da
aliança com o povo, e luz para os gentios;
7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da
prisão os presos, e do cárcere os que jazem em
trevas.” (Is 42.6,7)
29
“6 Sim, diz ele: Pouco é que sejas o meu servo,
para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a
trazer os preservados de Israel; também te porei
para luz das nações, para seres a minha salvação
até a extremidade da terra.
7 Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, e o
seu Santo, ao que é desprezado dos homens, ao
que é aborrecido das nações, ao servo dos
tiranos: Os reis o verão e se levantarão, como
também os príncipes, e eles te adorarão, por
amor do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel,
que te escolheu.
8 Assim diz o Senhor: No tempo aceitável te
ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te
guardarei, e te darei por pacto do povo, para
restaurares a terra, e lhe dares em herança as
herdades assoladas;
9 para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em
trevas: Aparecei; eles pastarão nos caminhos, e
em todos os altos desnudados haverá o seu
pasto.”(Is 49.6-9)
Paulo compreendeu melhor e mais
rapidamente do que qualquer outro o caráter da
30
Nova Aliança, que estava sendo oferecida a
todos os gentios, e que os desobrigava do
cumprimento minucioso das condições de
culto, ritos e todos os mandamentos civis e
cerimoniais da Lei de Moisés.
Um gentio não precisaria viver como um judeu,
como no caso da Antiga Aliança, para que
pudesse ser aceito como integrante do povo de
Deus.
Jesus e nenhum dos apóstolos ensinaram contra
a lei, pois fora outorgada pelo próprio Deus a
Moisés para vigorar como termos da Antiga
Aliança, que firmara com a nação de Israel, e
para servir também de testemunho a todo o
mundo gentílico, acerca do Seu caráter e da Sua
vontade.
Desta forma, nem Paulo ou qualquer outro dos
apóstolos ensinou contra a lei.
Eles sabiam que a justiça que é pela fé, e
operante segundo a graça, passou a se
manifestar com o advento de Jesus. Mas
também sabiam que Deus havia salvado e
31
justificado pela graça, mediante a fé, a muitos
nos dias do Antigo Testamento.
Não foi este o caso de Abraão? A ponto de ser
designado como pai dos que creem.
Mas, a Antiga Aliança foi revogada, e suas
ordenanças civis e cerimoniais já não são
obrigatórias aos israelitas, com quem foi
celebrada, e muito menos aos gentios, quanto
ao seu cumprimento, bem como não é aplicável,
à igreja, de forma específica, o seu sistema de
bênçãos e maldições, ritos etc, desde a
inauguração da Nova Aliança, que a revogou.
“Pois todos os profetas e a lei profetizaram até
João.” (Mt 11.13)
“A lei e os profetas vigoraram até João; desde
então é anunciado o evangelho do reino de
Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.”
(Lc 16.16)
“e rasgou-se ao meio o véu do santuário.” (Lc
23.45)
32
“9 Porque, se o ministério da condenação tinha
glória, muito mais excede em glória o ministério
da justiça.
10 Pois na verdade, o que foi feito glorioso, não o
é em comparação com a glória inexcedível.
11 Porque, se aquilo que se desvanecia era
glorioso, muito mais glorioso é o que
permanece.” (II Cor 3.9-11)
“13 Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo
chegastes perto.
14 Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os
povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio, na sua carne
desfez a inimizade,
15 isto é, a lei dos mandamentos contidos em
ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois
um novo homem, assim fazendo a paz”, Ef 2.13-
15)
“18 Pois, com efeito, o mandamento anterior é
ab-rogado por causa da sua fraqueza e
inutilidade
33
19 (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e
desta sorte é introduzida uma melhor
esperança, pela qual nos aproximamos de
Deus.” (Hb 7.18,19)
“6 Mas agora alcançou ele ministério tanto mais
excelente, quanto é mediador de um melhor
pacto, o qual está firmado sobre melhores
promessas.
7 Pois, se aquele primeiro fora sem defeito,
nunca se teria buscado lugar para o segundo.
8 Porque repreendendo-os, diz: Eis que virão
dias, diz o Senhor, em que estabelecerei com a
casa de Israel e com a casa de Judá um novo
pacto.” (Hb 8.6-8)
“Dizendo: Novo pacto, ele tornou antiquado o
primeiro. E o que se torna antiquado e
envelhece, perto está de desaparecer.” (Hb 8.13)
“8 Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e
holocaustos e oblações pelo pecado não
quiseste, nem neles te deleitaste (os quais se
oferecem segundo a lei);
34
9 agora disse: Eis-me aqui para fazer a tua
vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o
segundo.” (Hb 10.8,9)
Nova Aliança é designada na Bíblia como sendo
As Fiéis Misericórdias Prometidas a Davi, como
se lê em Is 55.3 e Atos 13.34.
“E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos
para que jamais voltasse à corrupção, desta
maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as
santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos
13.34)
“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a
vossa alma viverá; porque convosco farei uma
aliança perpétua, que consiste nas fiéis
misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3)
É dito no texto de Isaías (VT) que seria feita uma
aliança eterna, que estaria baseada nas
misericórdias fiéis que Deus havia prometido a
Davi.
Trata-se de uma aliança de misericórdias, e
misericórdias que não falharão, porque não
foram prometidas pelo homem, mas
prometidas por Deus a Davi.
35
Esta aliança eterna, que é a Nova Aliança, que
vigoraria na dispensação da graça em que temos
vivido, foi prometida em várias passagens do
Velho Testamento.
Davi veio a se referir a ela tanto na hora da sua
morte, conforme relato de II Samuel 7.12-17,
quanto no Salmo 89, nos quais afirma a
segurança e estabilidade desta aliança
prometida, bem como o seu caráter de
livramento da condenação eterna para os
aliançados, ainda que estes viessem a
transgredir eventualmente os mandamentos de
Deus, porque o Senhor afirmou que corrigiria os
aliançados, mas que não deixaria jamais de estar
aliançado com eles.
O fiador, o mediador, seria o Renovo justo que
brotaria do tronco de Jessé, a saber, o Senhor
Jesus, quem é Aquele que garante a eternidade
da aliança.
Vejamos então, alguns textos da Bíblia que se
referem à citada aliança de misericórdias, e de
misericórdias fiéis que durarão para sempre, e
pelas quais nossos pecados e transgressões são
perdoados e esquecidos por Deus para sempre:
36
“12 Quando teus dias se cumprirem e
descansares com teus pais, então, farei levantar
depois de ti o teu descendente, que procederá
de ti, e estabelecerei o seu reino.
13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu
estabelecerei para sempre o trono do seu reino.
14 Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; se
vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de
homens e com açoites de filhos de homens.
15 Mas a minha misericórdia se não apartará
dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de
diante de ti.
16 Porém a tua casa e o teu reino serão firmados
para sempre diante de ti; teu trono será
estabelecido para sempre.
17 Segundo todas estas palavras e conforme toda
esta visão, assim falou Natã a Davi.” (II Samuel
7.12-17)
Esta passagem das Escrituras registra quando a
promessa foi feita por Deus a Davi através do
profeta Natã.
37
“20 Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo
óleo o ungi.
21 A minha mão será firme com ele, o meu braço
o fortalecerá.
22 O inimigo jamais o surpreenderá, nem o há
de afligir o filho da perversidade.
23 Esmagarei diante dele os seus adversários e
ferirei os que o odeiam.
24 A minha fidelidade e a minha bondade o hão
de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu
poder.
25 Porei a sua mão sobre o mar e a sua direita,
sobre os rios.
26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu
Deus e a rocha da minha salvação.
27 Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito, o mais
elevado entre os reis da terra.
28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça
e, firme com ele, a minha aliança.
38
29 Farei durar para sempre a sua descendência;
e, o seu trono, como os dias do céu.
30 Se os seus filhos desprezarem a minha lei e
não andarem nos meus juízos,
31 se violarem os meus preceitos e não
guardarem os meus mandamentos,
32 então, punirei com vara as suas transgressões
e com açoites, a sua iniquidade.
33 Mas jamais retirarei dele a minha bondade,
nem desmentirei a minha fidelidade.
34 Não violarei a minha aliança, nem
modificarei o que os meus lábios proferiram.
35 Uma vez jurei por minha santidade (e serei eu
falso a Davi?):
36 A sua posteridade durará para sempre, e o
seu trono, como o sol perante mim.
37 Ele será estabelecido para sempre como a lua
e fiel como a testemunha no espaço.” (Salmo
89.20- 37)
39
Nesta passagem do Salmo 89, Deus fala
profeticamente acerca da aliança que faria com
os crentes através de Jesus Cristo.
Note a promessa que é feita especialmente nos
versos 28 a 35.
“1 São estas as últimas palavras de Davi: Palavra
de Davi, filho de Jessé, palavra do homem que foi
exaltado, do ungido do Deus de Jacó, do mavioso
salmista de Israel.
2 O Espírito do SENHOR fala por meu
intermédio, e a sua palavra está na minha
língua.
3 Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim
me falou: Aquele que domina com justiça sobre
os homens, que domina no temor de Deus,
4 é como a luz da manhã, quando sai o sol, como
manhã sem nuvens, cujo esplendor, depois da
chuva, faz brotar da terra a erva.
5 Não está assim com Deus a minha casa? Pois
estabeleceu comigo uma aliança eterna, em
tudo bem definida e segura. Não me fará ele
40
prosperar toda a minha salvação e toda a minha
esperança?” (II Samuel 23.1-5)
Estas foram as últimas palavras proferidas por
Davi, antes de morrer, e ele foi levado pelo
Espírito a falar do caráter da Nova Aliança, que
seria feita com Jesus Cristo, que descenderia
segundo a carne, da sua casa, da qual se diz no
verso 5 que é eterna, e em tudo bem definida e
segura, ou seja, ela foi planejada
meticulosamente por Deus para dar a
segurança da eternidade aos aliançados, a
saber, aos crentes que perseveram em Jesus
Cristo.
“32 E nós vos anunciamos o evangelho da
promessa, feita aos pais,
33 a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos
deles, levantando a Jesus, como também está
escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje
te gerei.
34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos
para que jamais voltasse à corrupção, desta
maneira o disse: E cumprirei a vosso favor as
41
santas e fiéis promessas feitas a Davi.” (Atos
13.34)
Este é um dos testemunhos confirmatórios do
Novo Testamento de que as promessas feitas a
Davi, se referiam à aliança que é feita entre Jesus
Cristo e os eleitos, e Paulo afirma
expressamente no verso 32, que tal promessa foi
a promessa do evangelho que Deus fizera aos
patriarcas de Israel, e neste caso,
especificamente a Davi.
Há muitas outras referências na Bíblia a esta
aliança, e também especialmente ao modo
como Deus a prometeu através de Davi, dAquele
que viria a descender dele no futuro, e com o
qual o trono de Davi é estabelecido eternamente
com todos aqueles que também viverão
eternamente, por estarem aliançados ao Rei
Justo que reinará com justiça pelos séculos dos
séculos.
Veja por exemplo, para finalizar, a repetição da
promessa através do profeta Jeremias, cerca de
quatrocentos anos depois de Davi.
42
“14 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que
cumprirei a boa palavra que proferi à casa de
Israel e à casa de Judá.
15 Naqueles dias e naquele tempo, farei brotar a
Davi um Renovo de justiça; ele executará juízo e
justiça na terra.
16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém
habitará seguramente; ela será chamada
SENHOR, Justiça Nossa.
17 Porque assim diz o SENHOR: Nunca faltará a
Davi homem que se assente no trono da casa de
Israel;
18 nem aos sacerdotes levitas faltará homem
diante de mim, para que ofereça holocausto,
queime oferta de manjares e faça sacrifício
todos os dias.
19 Veio a palavra do SENHOR a Jeremias,
dizendo:
20 Assim diz o SENHOR: Se puderdes invalidar a
minha aliança com o dia e a minha aliança com
a noite, de tal modo que não haja nem dia nem
noite a seu tempo,
43
21 poder-se-á também invalidar a minha aliança
com Davi, meu servo, para que não tenha filho
que reine no seu trono; como também com os
levitas sacerdotes, meus ministros.
22 Como não se pode contar o exército dos céus,
nem medir-se a areia do mar, assim tornarei
incontável a descendência de Davi, meu servo, e
os levitas que ministram diante de mim.” (Jer
33.14-22)
Estas palavras foram proferidas por Jeremias no
Espírito, depois de lhe ter sido revelado qual o
efeito prático de tal aliança que seria firmada
conforme a promessa que Deus havia feito a
Davi:
“31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com
a casa de Judá.
32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da
terra do Egito; porquanto eles anularam a minha
aliança, não obstante eu os haver desposado, diz
o SENHOR.
44
33 Porque esta é a aliança que firmarei com a
casa de Israel, depois daqueles dias, diz o
SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas
leis, também no coração lhas inscreverei; eu
serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo,
nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece
ao SENHOR, porque todos me conhecerão,
desde o menor até ao maior deles, diz o
SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e
dos seus pecados jamais me lembrarei.” (Jer
31.31-34)
Esta promessa é repetida em várias passagens
do Novo Testamento, como por exemplo em
Hebreus 8.6-13; 10.15-18.)