Sistemas de Classificação Biológica · botânico sueco Carl von Linné (1707-1778), também...

31
Sistemas de Classificação Biológica Prof. Especialista Felipe de Lima Almeida

Transcript of Sistemas de Classificação Biológica · botânico sueco Carl von Linné (1707-1778), também...

Sistemas de Classificação Biológica

Prof. Especialista Felipe de Lima Almeida

Breve história da classificação dos seres vivos

Embora se conheçam cerca de 1.250.000 espécies de animais

invertebrados, a grande maioria deles, mais de 1 milhão, tem corpo

formado por segmentos transversais, revestido por uma armadura

resistente (o exoesqueleto), e apêndices corporais (pernas, antenas

etc.) dotados de juntas articuladas;

Essas características compõem o padrão corporal básico dos animais

denominados artrópodes (termo que significa “pernas articuladas”), e

a enorme diversidade do grupo resulta de variações em torno desse

padrão.

O grupo dos artrópodes é atualmente composto por insetos, crustáceos,

aracnídeos e miriápodes, entre outros animais menos conhecidos.

Dentro do grupo dos artrópodes pode-se, por exemplo, reconhecer

claramente um “padrão inseto” — corpo revestido por exoesqueleto,

dividido em cabeça, tórax e abdome, e apêndices articulados, sendo três

pares de pernas e um par de antenas.

Nos três últimos séculos, pensadores e cientistas têm se empenhado

em desenvolver um sistema eficiente para organizar e compreender a

diversidade de formas de vida;

Esse sistema é a classificação biológica, ou taxonomia, que

distribui os seres vivos em grupos hierárquicos denominados táxons,

com grupos “menores” incluídos em outros mais abrangentes;

Táxon é qualquer agrupamento de organismos com base em

semelhanças: pode ser uma espécie ou conjunto de espécies.

Reino

Filo Classe

Ordem Família

Gênero Espécie

Atualmente, a taxonomia faz parte de um ramo da Biologia denominado

Sistemática, cujo principal objetivo é estudar e compreender a

diversidade da vida, como veremos mais adiante.

A classificação de Aristóteles

O filósofo grego Aristóteles (348-323

a.C.) foi pioneiro em classificar os seres

vivos.;

Em um de seus trabalhos, ele

demonstra uma visão avançada da

classificação biológica ao destacar a

importância da organização corporal

dos animais como critério para dividi-

los em grupos, ideia que só foi

retomada mais de 2 mil anos depois,

por Lineu.

Aéreos Terrestres Aquáticos

O sistema de classificação de Lineu

A classificação biológica moderna

teve início com os trabalhos do

botânico sueco Carl von Linné

(1707-1778), também conhecido

por Carolus Linnaeus;

As ideias de Lineu sobre

classificação biológica foram

publicadas em seu livro Systema

Naturae (Sistema natural), cuja

primeira edição saiu em 1735.

Ele ponderava que era preciso

escolher criteriosamente as

características utilizadas para agrupar

os seres vivos;

Lineu acreditava que as características

anatômicas eram as mais adequadas

para agrupar os seres vivos e utilizou-

as como critério principal em seu

sistema de classificação.

Ele agrupou os animais de acordo com

semelhanças na organização corporal

e as plantas, de acordo com a forma

corporal e a estrutura de flores e

frutos.

A nomenclatura binomial

Um dos méritos de Lineu foi associar à classificação dos seres vivos

um sistema eficiente para lhes dar nomes, ou seja, uma nomenclatura

biológica;

Ele propôs que o “nome científico” de todo ser vivo fosse sempre

composto por duas palavras, a primeira referindo-se ao epíteto

genérico e a segunda, ao epíteto específico;

Por atribuir dois nomes a cada espécie, o sistema criado por Lineu

ficou conhecido como nomenclatura binomial, e é utilizado até hoje.

Cães e lobos, que Lineu considerava duas espécies distintas, eram

para ele semelhantes o bastante para ser colocadas juntas em um

táxon mais abrangente, hierarquicamente superior ao de espécie, que

ele chamou de gênero. Essas espécies teriam um mesmo epíteto

genérico — Canis — acompanhado dos respectivos epítetos

específicos — familiaris e lupus —, portanto: Canis familiaris e Canis

lupus.

É possível que você conheça nomes científicos como Homo sapiens

(espécie humana), Drosophila melanogaster (mosca-do-vinagre, ou

mosca-da-banana), Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná), Musa

paradisiaca (banana), entre outros.

Uma das regras da nomenclatura binomial determina que os nomes

científicos dos organismos sejam escritos em latim (ou devem ser

latinizados);

A primeira letra do epíteto genérico deve ser sempre maiúscula e a

do epíteto específico, minúscula;

Além disso, o nome científico sempre deve ser destacado no texto

em que aparece, seja pela impressão em itálico ou grifado;

Na nomenclatura binomial, o epíteto genérico é sempre um

substantivo e o epíteto específico é geralmente um adjetivo, que

qualifica o gênero;

Por isso, de acordo com as regras nomenclaturais, podemos

escrever o nome genérico sozinho, desde que seguido de uma

abreviatura padronizada.

Por exemplo, para nos referirmos a um animal do gênero Canis sem

especificar se é lobo, coiote etc., apenas acrescentamos a abreviatura

“sp.” após o nome do gênero. Veja na frase: “O que se pode dizer,

pelos rastros do animal, é que se trata de um Canis sp.”. Para nos

referirmos simultaneamente a várias espécies do gênero Canis,

acrescentamos a abreviatura “spp.” após o nome do gênero. Veja na

frase: “Os Canis spp. possuem dieta essencialmente carnívora”.

Ao contrário do gênero, o epíteto específico não pode ser escrito

sozinho. Por exemplo, o nome científico de uma mosca escura comum

em nossas casas é Musca domestica; entretanto, se escrevermos

domestica isoladamente não identificaremos aquela mosca, pois

existem (ou podem existir), em outros gêneros, espécies com esse

mesmo epíteto específico. Alguns exemplos de espécies que

compartilham o epíteto específico domestica são: Curcuma domestica

(cúrcuma), uma planta da qual se extrai um corante utilizado em

culinária; Nandina domestica, um tipo de bambu; Monodelphis

domestica, um pequeno mamífero marsupial encontrado em florestas

tropicais da América do Sul.

Ao ser utilizado pela primeira vez em um texto, o nome científico deve

necessariamente ser escrito por extenso; nas demais vezes em que

aparece, a parte genérica pode ser abreviada. Por exemplo, depois de

nos referirmos ao nome científico Canis lupus uma primeira vez em

um texto, podemos passar a escrever simplesmente C. lupus.

A nomenclatura científica é rigorosa?

Por exemplo, na Região Sul do Brasil há um pássaro conhecido

popularmente como cardeal, classificado pelos biólogos como

Paroaria coronata. Essa mesma espécie também vive no pantanal

mato-grossense, onde recebe o nome popular de galo-da-campina; ou

seja, a mesma espécie, P. coronata, é conhecida por dois nomes

regionais diferentes (no Sul, cardeal e, no Centro-Oeste, galo-da-

campina). No pantanal mato-grossense vive também a espécie

Paroaria capitata, conhecida localmente por cardeal; ou seja, a

denominação popular “cardeal” refere-se a duas espécies distintas (no

Sul, P. coronata e, no Centro-Oeste, P. capitata). E, como se não

bastasse essa confusão, no Nordeste brasileiro dá-se o nome de

galo-da-campina a uma terceira espécie do mesmo gênero, Paroaria

dominicana.

Paroaria coronata

Paroaria capitata

Paroaria dominicana

Conceito biológico de espécie

Nas décadas de 1930 e 1940, dois grandes cientistas e divulgadores da

teoria evolucionista, Theodosius Dobzhansky (1900-1975) e Ernst Mayr

(1904-2005), propuseram uma conceituação de espécie que ficou

conhecida como conceito biológico de espécie.

Segundo Dobzhansky e Mayr: “Espécie é um grupo de populações cujos

indivíduos, em condições naturais, são capazes de se cruzar e de

produzir descendentes férteis, estando reprodutivamente isolados de

indivíduos de outras espécies”.

Equus caballus Equus asinus

Mula

Em alguns jardins zoológicos do mundo já foram obtidos cruzamentos

entre leões (Panthera leo) e tigres (Panthera tigris). O cruzamento entre

um leão e uma tigresa produz o híbrido denominado liger (do inglês, lion e

tiger).

Em cruzamentos entre um tigre e uma leoa, por sua vez, surge outro tipo

de híbrido, o tigon (do inglês, tiger e lion). Segundo biólogos de alguns

zoológicos, fêmeas de tigon férteis já foram cruzadas com tigres,

produzindo descendentes também férteis, batizados de ti-tigons.

As diferentes classificações

Reino Monera

O reino Monera reúne os seres procarióticos, cuja principal

característica é possuírem células sem separação física entre o

material nuclear e o citoplasma.

Reino Protoctista

O reino Protoctista inclui os protozoários, seres eucarióticos,

unicelulares e heterotróficos, e as algas, seres eucarióticos,

unicelulares ou multicelulares, e autotróficos fotossintetizantes.

Reino Fungi

O reino Fungi inclui os fungos, seres eucarióticos, unicelulares ou

multicelulares com corpo formado por filamentos (hifas). Eles

assemelham-se às algas na organização e na reprodução, mas

diferem delas por serem heterotróficos.

Reino Plantae

O reino Plantae reúne as plantas, seres eucarióticos, multicelulares e

autotróficos fotossintetizantes.

Reino Animalia

O reino Animalia reúne os animais, seres eucarióticos, multicelulares

e heterotróficos. Esse grupo inclui uma grande variedade de

organismos, desde animais simples, como as esponjas, até animais

complexos, como os cordados, grupo ao qual pertencemos.

Vírus, um caso a parte

Os vírus não estão incluídos em nenhum dos

cinco reinos, pois não possuem células (são

acelulares), a unidade fundamental de todos

os outros seres vivos.

Eles são constituídos por uma ou algumas

moléculas de ácido nucleico, que pode ser o

DNA ou o RNA, envoltas por moléculas de

proteínas.

Os vírus são sempre parasitas intracelulares:

somente conseguem se reproduzir no interior

de células de outros seres.