[SINDAE] Gota D'água - Ed. n.04 - Fevereiro 2015

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Salvador, 7 de janeiro de 2015. Exmo. Sr. Rui Costa D.D. Governador do Estado da Bahia Senhor Governador, É notório o avanço dos serviços de saneamento básico na Bahia nos últimos oito anos, quando o Estado passou a assumir o protagonismo no desenvolvimento de ações que atendiam aos anseios e reivindicações da sociedade. Tais avanços também foram possíveis graças à atuação consistente, engajada e afinada com as diretrizes e princípios do saneamento público por parte da Direção da Embasa. Esse trabalho foi responsável pela melhoria da qualidade e ampliação da cobertura dos serviços no estado, com grande ênfase na população de baixa renda, especialmente a rural, além dos benefícios assegurados para os trabalhadores da Empresa. As entidades que subscrevem esse documento mostram-se extremamente preocupadas com as propostas em curso para a Embasa, as quais vão distanciá-la da sua tarefa de garantir e ampliar o direito ao saneamento básico aos baianos. A possibilidade de abertura do capital da Empresa, as propostas de parcerias público-privadas, ou, ainda, outras modalidades de privatização, representaria um grande retrocesso da ação do Governo na área do saneamento básico no Estado, segmento incompatível com os mecanismos de mercado. Diante dos desafios para a universalização dos serviços é fundamental consolidar e ampliar o projeto que levou a Empresa a qualificar a sua atuação e elevar a sua condição de prestar serviços de qualidade à população. Inegavelmente, tal tarefa deve ser realizada por profissionais com compromissos claros quanto ao caráter público e social dos serviços, além de conhecimento técnico, probidade administrativa, ética, história vinculada ao campo do saneamento básico e legitimidade suficiente para assumir a liderança dessa importante instituição pública. Portanto, é extremamente preocupante a indicação de alguns nomes que vêm sendo cogitados para assumir a direção da Empresa, principalmente a sua presidência. Reiteramos a necessidade de se garantir a composição da diretoria dessa importante Empresa com nomes capazes de consolidar a sua atuação na direção da universalização de serviços de qualidade para os baianos. O desafio da Embasa, como uma empresa pública que presta serviços relevantes para a população, é de assegurar os avanços da sua atuação recente, não só garantindo e ampliando a sua capacidade de realizar obras, mas também a sustentabilidade dos serviços, qualificando as ações no campo da operação, da manutenção e do monitoramento, e, ainda, ampliando o diálogo com os titulares dos serviços e a sociedade civil organizada.

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Salvador, 7 de janeiro de 2015.

Exmo. Sr. Rui Costa D.D. Governador do Estado da Bahia

Senhor Governador,

É notório o avanço dos serviços de saneamento básico na Bahia nos últimos oito anos, quando o Estado passou a assumir o protagonismo no desenvolvimento de ações que atendiam aos anseios e reivindicações da sociedade. Tais avanços também foram possíveis graças à atuação consistente, engajada e afinada com as diretrizes e princípios do saneamento público por parte da Direção da Embasa. Esse trabalho foi responsável pela melhoria da qualidade e ampliação da cobertura dos serviços no estado, com grande ênfase na população de baixa renda, especialmente a rural, além dos benefícios assegurados para os trabalhadores da Empresa.

As entidades que subscrevem esse documento mostram-se extremamente preocupadas com as propostas em curso para a Embasa, as quais vão distanciá-la da sua tarefa de garantir e ampliar o direito ao saneamento básico aos baianos. A possibilidade de abertura do capital da Empresa, as propostas de parcerias público-privadas, ou, ainda, outras modalidades de privatização, representaria um grande retrocesso da ação do Governo na área do saneamento básico no Estado, segmento incompatível com os mecanismos de mercado.

Diante dos desafios para a universalização dos serviços é fundamental consolidar e ampliar o projeto que levou a Empresa a qualificar a sua atuação e elevar a sua condição de prestar serviços de qualidade à população. Inegavelmente, tal tarefa deve ser realizada por profissionais com compromissos claros quanto ao caráter público e social dos serviços, além de conhecimento técnico, probidade administrativa, ética, história vinculada ao campo do saneamento básico e legitimidade suficiente para assumir a liderança dessa importante instituição pública.

Portanto, é extremamente preocupante a indicação de alguns nomes que vêm sendo cogitados para assumir a direção da Empresa, principalmente a sua presidência. Reiteramos a necessidade de se garantir a composição da diretoria dessa importante Empresa com nomes capazes de consolidar a sua atuação na direção da universalização de serviços de qualidade para os baianos.

O desafio da Embasa, como uma empresa pública que presta serviços relevantes para a população, é de assegurar os avanços da sua atuação recente, não só garantindo e ampliando a sua capacidade de realizar obras, mas também a sustentabilidade dos serviços, qualificando as ações no campo da operação, da manutenção e do monitoramento, e, ainda, ampliando o diálogo com os titulares dos serviços e a sociedade civil organizada.

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Dessa forma, as entidades que subscrevem o presente documento, fiéis a história de luta dos movimentos sociais, vêm registrar a decisão coletiva de defesa firme e permanente dos serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento sanitário na Bahia, e para tanto estarão atentos, mobilizados e decididos a lutar contra qualquer ameaça de privatização dos serviços e de uso político inapropriado da Empresa que a conduza a interesses alheios aos do saneamento público.

Na certeza de que V.Exa., ao assumir o governo do Estado da Bahia, garantirá os avanços recentes do saneamento básico, dando prosseguimento ao projeto implementado na Embasa e realizando uma indicação para a direção da Empresa que esteja filiada a tal projeto,

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental/Seção Bahia Associação Movimento Paulo Jackson Federação Nacional dos Urbanitários Grupo Ambientalista da Bahia Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado da Bahia

SANEAMENTO BÁSICO É SAÚDE, É VIDA, NÃO SE CONJUGA COM AMBIENTE DE NEGÓCIOS.

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Sindicato entrega documento ao governador repudiando PPP e abertura de capital da Embasa

CUT COBRA, NO CONGRESSO, A DERRUBADA DAS MEDIDAS

PROVISÓRIASPÁGINA 5

CARAVANA DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO VAI MAPEAR EMPRESAS E

AUTARQUIASPÁGINA 5

NOVOS (AS) REPRESENTANTES SINDICAIS TOMAM POSSE

PÁGINA 2

www.sindae-ba.org.br

Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia Ano XXIX – Nº 04 – 9 de fevereiro de 2015

www.sindae-ba.org.br

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A abertura do capital da Embasa e a contratação de uma no-va parceria público-privada (PPP) no saneamento, conforme rumores que circulam nos meios políticos, terão reação contrária do Sindae, conforme documento entregue ao governador Rui Costa na quinta (5), durante a assinatura da ordem de serviço da linha 2 do metrô de Salvador. O governador prometeu analisar o conjunto de propostas feitas pelo Sindicato. PÁGINA 2

Compareça!

Na segunda-feira (16) de carnaval, vamos colocar o bloco na rua. Levaremos nossas bandeiras de luta para

a tradicional “Mudança do Garcia”.

COLEGIADO 2015:É HORA DE TOMAR AS RUAS

PÁGINAS 3 e 4

ALOÍSIO ROCHA

Maiores informações: (71) 3111-1700 ou pelo e-mail [email protected]

Page 4: [SINDAE] Gota D'água - Ed. n.04 - Fevereiro 2015

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Entidade entrega documento a Rui Costa repudiando PPP e abertura de capital da Embasa

ALOÍSIO ROCHA

Saae de Pindobaçu

também aprova pauta de

reivindicações

Grupo mais recente do interior fi -liado ao Sindae, no fi nal do ano passa-do, os (as) trabalhadores (as) do Saae de Pindobaçu, região de Campo Formoso, aprovaram a pauta de reivindicações na última segunda (2). Agora vão aguardar o início das negociações com a direção da autarquia visando o fechamento do primeiro acordo coletivo da categoria.

O documento, entregue pelo coorde-nador do Sindicato, Danillo Assunção, tam-bém cobra a manutenção da atual política de saneamento do estado, com a Emba-sa e a Cerb continuando como empresas públicas e tendo seus diretores indicados por critérios técnicos e não meramente políticos, especialmente com técnicos do quadro próprio das empresas. Cópias do documento também foram entregues a al-guns secretários estaduais e deputados da base aliada do governo.

Entidades ligadas ao saneamento con-tribuíram com a elaboração do documento, diante de informações oriundas da Secre-taria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), apontando para estudos sobre uma nova PPP e abertura de capital na Embasa. “Ire-mos pra cima do governo se necessário. A Embasa é uma empresa sustentável e capta recursos do governo federal. Quando vo-cê abre capital, é claro que acionistas vão querer lucro, desprezando o social, não in-vestindo para garantir os serviços de água e esgoto para a população de baixa renda. A visão é lucro, apenas lucro”, afi rmou Da-nillo. (Para ler na íntegra o documen-to acesse o site do Sindae)

Diretoria empossa representantes sindicais eleitos pela categoria

Eleitos no fi nal do ano passado, os (as) novos (as) representantes sindicais da Embasa, Emasa e Saae’s, de diferentes regiões do estado, foram empossados na úl-tima quinta (5), pela direção do Sindicato, durante o Colegiado 2015. Eles (elas) te-rão, durante o mandato de três anos, a importante missão de representar os (as) companheiros (as) em seus locais de trabalho, melhorando a interlocução com a direção da nossa entidade.

EMPRESA NOME LOCALIDADE

EMBASA

Adriano Lopes da Silva Gonçalves CamaçariJorge Nascimento Magalhães Júnior CABMário Sabino dos Santos Júnior EunápolisNeryvaldo Pereira dos Santos Itaberaba

EMASAAdriano Rodrigues Teixeira

ItabunaEmerson Ramos AlmeidaJorge Souza Barros Júnior

SAAE

Antônio Marcos da Costa Xavier RemansoFernando Péricles da Silva Santos Casa NovaJosé Antônio Leão de Souza Sento SéRaimundo Conceição Silva JuazeiroRosa Angélica Pereira Macaúbas

EMPRESA NOME LOCALIDADE

EMBASA Marcos Vinicius da Rocha Conceição CandeiasJadilton Cabral dos Santos CAB

SAAE Availson Dias dos Santos CarinhanhaKatilene Maria Carneiro São Feliz do Coribe

Os empossados foram:

Também eleitos, mas que tomarão posse em outra oportunidade:

IVAN AQUINO

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Palestrantes deixam recado: é preciso ir pra rua em defesa dos direitos da classe trabalhadora

COLEGIADO 2015

Quem passou pelos três dias do Co-legiado realizado pelo Sindae de quarta (4) até sexta última (6), em nosso audi-tório, ouviu um só recado: “é preciso ar-regaçar as mangas e ir pra rua”, confor-me sintetizou Rogério Matos, secretário da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU-CUT). Todos os palestrantes re-petiram esse conselho, ou alerta, como forma de enfrentar um cenário político, econômico e social dos mais adversos, que vem tirando conquistas históricas da classe trabalhadora e articula o desmonte do setor de saneamento para favorecer o avanço da privatização.

Perdas e ameaças foram listadas fa-cilmente, confi gurando um cenário de horror a ser enfrentado o quanto antes: de um lado temos o governo federal edi-tando medidas provisórias retirando con-quistas históricas, crise de água no Sul e Sudeste ameaçando o setor de energia, e de outro o governo estadual com amea-ças de parcerias público-privadas e aber-tura de capital na Embasa, além da escolha de dirigentes das empresas públicas me-diante uma tenebrosa e injustifi cável bar-ganha política, tendendo ao desmonte da

política de saneamento. Para completar esse cenário, a crise econômica amplian-do seus efeitos no país e muitas difi culda-des políticas em todo do governo federal.

O primeiro a indicar o caminho da rua para a classe trabalhadora, durante o Co-legiado, foi o ex-deputado, escritor, jorna-lista e professor Emiliano José. Disse que o Congresso Nacional fi cou mais conserva-dor nas últimas eleições, que o novo presi-dente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é o ápice da direita e que seu mandato vai se refl etir de forma dolorosa sobre a classe trabalhadora: “Já tivemos o veto ao projeto de participação popular. Ele é a favor do fi nanciamento privado de campanhas, nada fará pela re-forma política, que é essencial para a nos-sa vida. E a fl exibilização de direitos está por vir aí. O movimento sindical tem de colocar a luta política no centro das prio-ridades. Esse projeto político que está aí não é de um partido, foi plasmado pelos trabalhadores brasileiros”.

Disse ainda que o ex-presidente FHC se transformou num golpista con-tumaz e que “o processo de corrupção

é preciso arregaçar as mangas e ir pra rua.Rogério Matos, secretário da FNU-CUT

ALOÍSIO ROCHA

Encarte da edição de nº 04/2015

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na Petrobras vem desde o governo de-le, talvez antes até”. Alertou que desejam eliminar o regime de partilha do petró-leo e privatizar a empresa, que apesar dos escândalos, vem batendo recordes segui-dos. “Queriam acabar com Getúlio Vargas por causa da criação da Petrobras, agora está em nossa cara a mesma disposição, o mesmo argumento. A direita é poderosa, mas a mídia é hoje o maior partido de oposição. Bate tambor o tempo inteiro, desde o primeiro mandato de Lula, para desestabilizar o governo”, acrescentou.

O presidente da CUT Bahia, Ce-dro Silva, disse que “estamos enfrentan-do uma elite raivosa porque chegamos lá com um projeto de inclusão social". Em relação à Petrobras, disse que “a mídia, as elites e alguns juízes, todos estão em ci-ma para tentar destruir uma empresa que tem 78 mil empregados próprios e 350 mil terceirizados. Esse pessoal se articula para tomar o país de assalto”. Para esse enfrentamento, diz que os trabalhadores precisam se organizar mais e ir pra rua. Além disso, fez duras críticas às medidas provisórias 664 e 665 e afi rmou que é necessária uma grande luta para manter as conquistas.

A economista Ana Georgina, super-visora técnica do Dieese, ao se referir às recentes medidas provisórias do governo, disse que são um paradoxo, pois “pare-ce que estamos numa conjunta das mais adversas e não estamos. O desemprego chegou ao menor nível da história, a infl a-

ção está dentro da meta, dívida pública no menor patamar histórico e reservas mo-netárias de R$ 380 bilhões, dentre outros fatores positivos”. Advertiu que as medi-das econômicas (a exemplo do aumento dos juros) colocam em risco conquistas históricas, e que são as “mesmas medidas de austeridade que fazem estragos na Eu-ropa. O governo desonera o capital e a gente paga a conta”.

Ameaças diretas ao saneamento fo-ram apontadas pelo professor Luiz Ro-berto Moraes, que vê um desmonte com-pleto do setor, tanto na Bahia como no país, com “o capital entrando no ambien-te de negócio”. No plano federal, com a entrega do Ministério das Cidades para Gilberto Kassab, aponta para uma dispu-ta ferrenha por recursos, com uma cla-ra mudança de rumo para uma política neoliberal. Lembrou ainda que o Banco Mundial emprestou dinheiro ao Uniban-co para fi nanciar PPP’s no Brasil. A nível estadual, afi rmou que há um leilão so-bre a Embasa e que o governo contra-tou consultoria para estudar a estrutura organizacional da empresa e promover a abertura do capital. “Não temos nada im-plementado da Política Estadual de Sane-amento, não temos um plano de sanea-mento e a Agersa não regula nem fi scaliza nada. É preciso travar uma luta na rua, na justiça, na política”, sintetiza ele.

Mais uma vez presente no Colegiado, o presidente da Embasa, Abelardo de Oli-veira Filho, disse que é necessário regula-mentar o quanto antes a Política Estadu-al de Saneamento e criar um fundo para o setor, pois “sem dinheiro do Tesouro é difícil avançar mais na ampliação dos ser-viços em prol da população mais neces-sitada”. Fez um balanço de sua passagem na empresa, dizendo que foram executa-das 1.256 ações em 343 municípios, am-pliando de 494 mil para 999 mil as liga-ções na rede de esgotamento, e saindo de 2.304.972 para 3.270.569 de ligações de água. Sobre a crise da água em São Paulo, criticou o governo paulista por não inves-tir no setor, se preocupando em distri-buir dividendo aos acionistas da Sabesp.

Assessor da Diretoria de Recursos Hídricos da Cerb, João Lopes falou so-bre saneamento no meio rural, onde a Bahia tem um défi cit muito grande, espe-cialmente no semiárido, devido à proble-mas de gestão. “Os gestores manipulam,

não criam tarifa nem fazem hidrometra-ção, tudo por interesses políticos”. Disse ainda não entender porque o modelo de gestão compartilhada, adotado pioneira-mente em Seabra e depois em Jacobina, não é incentivado na Bahia, embora se-ja cada vez mais adotado no Ceará e em outros estados, já despertando interesse também em países como o México, Equa-dor, Colômbia, Índia e Etiópia.

Rogério Matos, secretário da Fede-ração Nacional dos Urbanitários, centrou sua palestra no momento político do Brasil. “No fi m da eleição foi dito que ha-veria terceiro turno. Depois o Congresso derrubou a proposta de participação so-cial, o governo perdeu na eleição da Câ-mara dos Deputados e a elite não dá des-canso. Temos de ir pra rua, do contrário nosso espaço fi cará ainda mais apertado”.

Afi rmou que a crise hídrica no sul e sudeste é uma abertura de porta para privatizar o setor. “São Paulo tinha pro-jetos há mais de 10 anos e nada fez, Mi-nas Gerais há mais de 20 anos. Nenhuma providência tomaram para evitar a cala-midade que aí está. E há muita irrespon-sabilidade com a água. De Minas partem 9 aquedutos para São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos transportando minério através da água. De tudo o que passa por eles, apenas 10% é de minério. E toda a água, tratada, é despejada no mar”. Rogé-rio também anunciou a criação do Cole-tivo de Luta pela Água, do trabalho para a criação de um observatório latino-ameri-cano do saneamento e da Rede de Sane-amento do Dieese. Afi rmou ainda que a FNU estará à frente, junto com o Sindae e a ISP, de um seminário internacional a ser promovido em Salvador no dia 19 de março, véspera do Grito da Água.

O vereador Gilmar Santiago advertiu a categoria para a ocupação conservado-ra de espaço nas empresas do setor, que vai resultar numa política conservadora. Outro parlamentar presente no Colegia-do foi o deputado federal Jorge Solla, ex--secretário de Saúde. Ele prometeu apoio ao Sindicato e abertura de canais no go-verno para evitar retrocessos na política de saneamento.

É preciso travar uma

luta na rua, na justiça, na

política.Luiz Roberto MoraeS

professor

Encarte da edição de nº 04/2015

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“O que vemos hoje no mundo é uma contaminação crescente do poder econômico sobre o poder político.Márcio Pochmann

Dieese mostra balanço das negociações em 2014

CUT vai ao congresso, cobra

a pauta dos trabalhadores e derrubada de medidas provisórias

Das 22 negociações de acordos co-letivos realizadas no primeiro semestre ano passado, com as principais empresas de saneamento do país, 63,6% resultaram em aumentos acima do INPC (5,82%), e 31,8% tiveram reajuste igual a esse índice. Em apenas uma empresa, a Sabesp (São Paulo), o reajuste fi cou abaixo (5,2%).

Esse balanço foi apresentado pelo eco-

nomista da Subseção do Dieese no Sindae, Élder Arimatea, durante o nosso Colegiado, como forma de subsidiar estratégias para a campanha salarial deste ano. Ainda segundo ele, a nível nacional, entre várias categorias, de 340 negociações realizadas também no primeiro semestre do ano passado, 93,2% tiveram aumento salarial acima do INPC. No Nordeste, o aumento médio acima des-se índice fi cou em 1,49%.

Em manifestação realizada na úl-tima quarta (4), no Congresso Nacio-nal, dirigentes da CUT de todo o país, juntamente com representantes de or-ganizações sociais e parlamentares, co-braram a aprovação da Pauta da Classe Trabalhadora e a derrubada das medi-das provisórias editadas pelo governo e que retiram direitos trabalhistas. No ca-so, o repúdio é contra as MP’s 664 e 665, lançadas em dezembro último, atacando benefícios como o seguro-desemprego, auxílio doença, abono salarial etc.

“Essas medidas prejudicam conquis-tas históricas da classe trabalhadora e acabaram rompendo um diálogo que es-tava iniciado com o movimento sindical. Nós não aceitamos isso. Não pode ha-ver uma política de reduzir as despesas do governo cortando as conquistas dos trabalhadores. Nós temos que taxar as grandes fortunas, os rentistas que rece-bem rendimentos das suas ações e não pagam um centavo de Imposto de Renda. São os ricos que têm que pagar e resol-ver essa defasagem econômica”, avalia o secretário nacional da CUT, Jacy Afonso.

Em relação à Pauta da Classe Traba-lhadora, os principais pontos são a redu-ção da jornada de trabalho para 40 horas sem redução de salário, fi m do fator pre-videnciário, reformas agrária e agrícola, arquivamento do projeto de lei 4330, que precariza as relações de trabalho ao am-pliar a terceirização, redução dos juros e do superávit primário e reforma política.

Especialistas cobram mais investimento em saúde e segurança do trabalho

Colocado em evidência no Colegia-do 2015, o tema “Saúde e Segurança do Trabalho” foi abordado por três especialis-tas, um deles Alexandre Jacobina, coorde-nador de Vigilância da Saúde no Trabalho, do Centro de Estudos da Saúde do Traba-lhador (CESAT), órgão estadual. Ele disse que a política nacional de saúde assegura a participação do trabalhador, mas que isso ocorre num patamar mínimo, por desin-formação ou falta de interesse. Elogiou o Sindae, lembrando que o Sindicato foi um dos pioneiros na luta pela implantação da política de saúde do trabalho na Bahia, que resultou na criação do Cesat.

A advogada Ísis Lélis, superintenden-te regional do Trabalho e Emprego, afi r-mou que saúde é um tema básico para todo trabalhador e que as entidades sin-dicais precisam investir mais nessa área, formar quadros para tratar do tema. “Ne-nhuma sociedade democrática sobrevive sem sindicatos fortes”, disse ela, lembran-do que as demandas sobre saúde e segu-rança do trabalho cresceram muito, mas a

estrutura do Ministério do Trabalho per-manece a mesma.

O coordenador técnico da Funda-centro, Robson Rodrigues da Silva, recla-mou da falta de importância do movimen-to sindical a esse tema. “Os sindicatos que tinham alguma coisa na área de saúde se desidrataram. É preciso investir. As empre-sas se profi ssionalizaram nessa área e os sindicatos precisam qualifi car dirigentes. Defendeu as Cipas, dizendo que elas são escolas de lideranças. Bruno Simões, téc-nico de Segurança do Trabalho da Embasa, também reclamou de mais formação nessa área, até porque “é preciso preparar a pes-soa para o mundo do trabalho. A escola não faz nada, a universidade também não e a empresa não tem cultura. O médico só procura o sintoma, não pesquisa o mundo do trabalho”. No fi nal, a diretora do Sindi-cato, Nadilene Sales, informou que o Sindi-cato irá fazer uma Caravana de Saúde e Se-gurança do Trabalho, mapeando empresas e autarquias, e também criará um Coletivo para atuar nessa área.

Movimentos exigem plebiscito para reforma do sistema político

A reforma do sistema político do Brasil voltou a ser cobrada pelo movi-mento sindical, pastorais sociais, partidos, organizações e ativistas durante ato rea-lizado na Câmara dos Deputados, na últi-ma quarta (4). As entidades manifestaram apoio ao Decreto Legislativo 1508/2014, que propõe a realização de plebiscito ofi -cial com a mesma pergunta do plebiscito popular, realizado no ano passado: “Vo-cê é a favor de uma Assembleia Nacional Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político?”.

“Além de ser eleitor, o cidadão tem que ter direitos políticos para construir uma democracia radical, direta, participati-va e não apenas representativa, porque is-so ainda é muito pouco. Estamos cientes que se formos depender apenas desta Ca-sa, as mudanças não serão feitas. É a rua que trás a essa Casa a força do enfrenta-mento. É a reforma política que vai propi-ciar a democratização da mídia e as demais reformas”, afi rmou a deputada federal Lui-za Erundina (PSB-SP), presidente da Frente Parlamentar pela Reforma Política.

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Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), fi liado à FNU/CUT;Responsabilidade: Diretoria Executiva; Editor: José Sinval Soares; Comp. e Impressão: Gráfi ca do Sindae;Tiragem: 8.000 exemplares; Endereço: Rua General Labatut, nº 65, Barris. Salvador – BahiaCEP: 40.070-100; Tel.: (71) 3111-1700; Fax: (71) 3013-6913Email: [email protected]

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ELEIÇÃO NA CIPAA partir desta terça (10) terá início o

processo eleitoral para escolha dos novos integrantes da Comissão Interna de Preven-ção de Acidentes (Cipa) do Saae de Itapetin-ga. Os (as) trabalhadores (as) devem partici-par ativamente, sempre buscando identifi car e optar por companheiros (as) que defen-dam os interesses da classe trabalhadora.

CLIMA DE DESERTO - IO calor desértico transformou num

inferno a vida de dezenas de empregados (as) da Cerb em Salvador. Existem 16 apa-relhos de ar condicionado quebrados em várias salas e a empresa vem alegando, re-petidamente, que não tem dinheiro para consertá-los. Tem aparelhos com a ventoi-nha quebrada, outro o compressor e as-sim vai... O jeito tem sido lavar o rosto seguidas vezes ou se refrescar em algum lugar. O ambiente de trabalho é dos mais insalubres. Mas nas salas dos diretores tu-do funciona direitinho.

CLIMA DE DESERTO - IIProblema semelhante ao da Cerb ocor-

re numa enorme sala do FT (Embasa). O ar condicionado quebrou e dezenas de empre-gados (as) não sabem o que fazer contra o calor. Arranjaram um ventilador, mas a “solu-ção” espalha mais calor do que refresca. O aparelho já quebrou outras vezes e voltou a funcionar através de “gambiarras”. O pesso-al cobra uma solução urgente, pois ninguém aguenta mais tanto sufoco.

ALTA NOS ALIMENTOSA cesta básica de alimentos teve al-

ta de 11,71% de dezembro a janeiro últi-mos, segundo pesquisa do Dieese. Passou a custar R$ 299,17, contra os R$ 267,82 do mês anterior. Mesmo assim, ainda em janeiro, a cesta de Salvador foi a sex-ta mais barata dentre as 18 capitais pes-quisadas. Nos últimos 12 meses, o custo dos alimentos básicos apresentou alta de 12,53% na capital baiana.

CONTATOOs associados abaixo-relacionados

devem entrar em contato com o setor jurídico do Sindicato, procurando por Eli-sabete: Pedro Machado, Euplio Portela de Lyra Neto, Constelatio de Jesus Araújo, Evandivaldo Manoel da Glória e Valdemi-ro Guilherme dos Santos.

FALECIMENTOO ex-companheiro Paulo Sérgio de

Castro Moreira, por muitos trabalhando nas Eta’s Principal e da Suburbana e tam-bém conhecido por Maicon, foi assassina-do a tiros em Castelo Branco na última terça-feira (3), durante seu horário de fol-ga. Seu enterro aconteceu dois dias de-pois, no Cemitério Bosque da Paz.

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Aumenta o número de conflitos pela água no Brasil

Em novo levantamento, a Comissão Pastoral da Terra informa que as disputas por recursos hídricos no Brasil atingiram um no-vo recorde histórico em 2013 e a Bahia fi -gura no topo desses problemas. A Comissão identifi cou 93 confl itos por água em 19 es-tados, o maior número desde 2002, quando eles passaram a ser monitorados pelo órgão, que é ligado à Igreja Católica. Isso representa um confl ito a cada quatro dias. Ainda segun-do a Pastoral, o número tende a aumentar: a quantidade de brigas pela água subiu 17% em 2013, na relação a 2012, e houve aumento de

16% entre 2012 e 2011.No ano passado, a Bahia foi o estado

que mais teve disputas deste tipo, num to-tal de 21. Em segundo lugar, fi cou o Rio de Janeiro, com sete. Por regiões, o Nordeste foi a mais confl itante, com 37 casos regis-trados, seguido pelo Norte, com 27 casos. Muitas destas disputas ocorrem para evi-tar a apropriação de recursos hídricos por empresas, como mineradoras e fazendas, ou para impedir a construção de barra-gens ou açudes. O levantamento completo será divulgado no próximo mês.

PLANTÃO DOS (AS) ADVOGADOS (AS) FEVEREIRO/2015

ADVOGADO (A)

Dr. Daniel ManhãTarde

–20 e 27

20 e 27–Dr. Daniel Manhã

Tarde–

12, 19 e 2612, 19 e 26

Dra. Gabriela

Dr. Eduardo

ManhãTarde

ManhãTarde

–10

1124

10–

2411

Dra. Márcia ManhãTarde

25–

–25

TURNOATENDIMENTO

TELEFONE PESSOAL

Contatos: (71) 3111-1700 E-mail: [email protected]