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SIM VOCÊ PODE FINANCIAR Não importa o tamanho ou o valor. Aeronaves executivas, mesmo aquelas de grande porte, podem ser adquiridas por meio de financiamentos bancários de diversas modalidades. Solange Galante FLAP INTERNACIONAL 102 FLAP INTERNACIONAL 103

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SIMVOCÊ PODE FINANCIARNão importa o tamanho ou o valor. Aeronaves executivas, mesmo aquelas de grande porte, podem ser adquiridas por meio de financiamentos bancários de diversas modalidades.

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ção um pouco mais estruturada, normalmente com aeronaves que estão acima de 10 milhões de dólares, como um Sovereign, um G550, um Global 6000, um Falcon 7X, por exemplo. As operações com esses aviões de maior valor em reais, no Brasil, são menos frequentes porque acabam se tornando um pouco caras, já que este perfil de cliente costuma ter acesso a linhas em dólares que variam de 2,5% a 6% ao ano e, nor-malmente, eles já têm operações em dólar. Nesse formato, os bancos estrangeiros, usualmente, não têm uma empresa de leasing própria operando no Brasil: eles estão simplesmente emprestando

O mercado de arrendamento mercantil desencadeia uma série de efeitos na economia brasileira, que resultam na elevação da eficiência e no aumento da competitividade empresarial. Dentro desse contexto, a aviação é um dos setores no mundo que mais se utilizam das operações de leasing, além de ser uma operação atrativa para investimentos a longo prazo, face à estrutura da operação. Como consequência, novos bancos começaram a entrar no mercado de leasing de aeronaves executivas na modalidade de importa-ção por encomenda, uma vez que esta operação vem crescendo muito em volume. A concorrência entre os bancos é muito saudável para o mercado porque ainda há cliente que acha que precisa dis-por dos milhões à vista para adquirir a aeronave, muitas vezes desconhecendo que pode financiá-la. Com a concorrência, essa operação se tornou mais barata e todos são beneficiados com isso.

Em uma das modalidades o cliente, pessoa física ou jurídica, escolhe o banco nacional de sua preferência, que figurará como encomendante da operação e emitirá um pedido de compra de uma determinada aeronave, e a trading proces-sará a operação. A trading fatura para o banco e o banco faz um arrendamento mercantil, que é o nome verdadeiro do conhecido leasing, para esse cliente. Por exemplo, o avião vem em nome da Comexport, que é a importadora, o banco faz o financiamento em nome do cliente e quando a aeronave chega ao Brasil a trading recolhe os impostos de nacionalização e vende a aeronave para o banco que, a partir de então, assina com o cliente, o arrendatário, o contrato de leasing. O segundo formato, também muito usado agora no Brasil, é a operação com os bancos estrangeiros. Isso já existia antes, mas agora eles estão atuando com mais frequência no Brasil. Aí é uma opera-

em dólares. A trading precisa vincular o próprio Radar, o documento obrigatório para operações de importação e exportação, ao do cliente final. O cliente normalmente tem uma empresa, uma patrimonial, uma holding, e é ela que vai obter o Radar. “Aqui dentro da Comexport, por exemplo, temos um funcionário que cuida só de Radares e vinculações dos clientes”, informa Juliano Lefèvre, diretor comercial da Comexport. O Radar tem duas modalidades, o limitado e o ilimitado. O limitado só dá possibilidade de importar até 150 mil dólares a cada seis meses para operação. “Então, para todas as operações de aeronaves, podemos afirmar que o Radar necessário é o ilimitado, por que pratica-mente não há operação abaixo de 150 mil dólares. O formato funciona assim: nós vamos importar a aeronave, vender por encomenda para o cliente final, que tem o Radar Ilimitado vinculado conosco,

e esse cliente vai receber uma linha de crédito fora do Brasil ou na sua empresa e, posteriormente, alienará a aeronave a este banco estrangeiro.”

“Quatro anos atrás tínhamos uns três bancos vinculados com a gente, hoje em dia já temos cinco, seis bancos vinculados. Há bancos que tive-ram o produto, saíram do mercado e retornaram agora”, diz Maria Eduarda A. Simonsen, gerente comercial de Aeronaves da Sertrading. Itaú e o Bradesco são os maiores bancos do segmento, sendo que o Bradesco, o pioneiro, pelo ranking de 2012 da Associação Brasileira de Leasing, tinha, sozinho, quase 65% do mercado, sendo seguido pelo Itaú, com quase 17%. As razões do interesse são unânimes: alto valor agregado, maior ganho no spread – que é simplesmente a diferença entre os juros que o banco cobra ao emprestar e a taxa que ele mesmo paga ao captar dinheiro –, taxa

A aviação é um dos setores que mais se utiliza das operações de leasing.

A carteira de aviação representa hoje cerca de 20% dos negócios de crédito do Itaú Private Bank.

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A Société Générale Equipment Finance hoje tem foco maior no segmento de helicópteros.

de inadimplência baixíssima – não é da cultura do cliente que adquire um avião executivo deixar de pagar a parcela – e é ainda excelente para estreitar o bom relacionamento com o cliente, principalmente na área de Private dos bancos e, eventualmente, conseguir oferecer outros tipos de produtos, outros investimentos, etc. Os ban-cos afirmam que o leasing está ganhando força principalmente nos setores mais modernos e dinâ-micos da economia, como bens de capital e bens duráveis. O Banco Itaú, por exemplo, intensificou esse tipo de financiamento há cerca de dois anos e a carteira de aviação representa hoje cerca de 20% do total de negócios de crédito de seu Private Bank. “São, atualmente, cerca de 80% de aviões e 20% de helicópteros em nossa carteira, sendo 40% do total composto por aeronaves novas e 60% por seminovas”, informa Paulo Meirelles Santos, diretor do Itaú Private Bank.

“O Santander Brasil sempre financiou aero-naves executivas. Recentemente, intensificamos nossa atuação após iniciativas institucionais, como o lançamento do produto Leasing Doméstico de

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Produtos Importados (LDPI), destinado ao financia-mento de máquinas e equipamentos importados, incluindo as aeronaves executivas”, informa Ricardo Henrique Russo, superintendente executivo de Ven-das Especializadas da unidade de negócios Global Banking & Markets (GB&M) do Santander.

Entre os bancos estrangeiros, a Société Géné-rale Equipment Finance (SGEF), empresa do Grupo SG especializada em financiamento de máquinas/equipamentos e aeronaves, com escritórios em 25 países, iniciou suas atividades no Brasil no final de 2008, financiando em 2010 sua primeira aeronave. “A concorrência só confirma a decisão certa da SGEF de entrar neste mercado antes e do foco em estruturar e personalizar a demanda do cliente com um produto diferenciado. Oferecemos o Leasing Im-portação Doméstico em Dólar, que traz um hedge natural relativo ao preço das aeronaves no Brasil, já que as mesmas são sempre cotadas nesta moeda”, explica Francisco José Barretto Giorno, chefe de IT e Aeronaves do banco. Ele também observa que, no passado, a SGEF financiou vários segmentos, mas hoje está mais focada em helicópteros. “No entanto, ao longo destes últimos anos, foram feitas também algumas experiências envolvendo o financiamento de modelos previamente aprovados de aviões corporativos e estudamos aeronaves de grande porte e jatos da categoria light sob demanda específica. Foram financiadas dez aeronaves ao longo dos cinco últimos anos, sendo 50% heli-cópteros e 50% aviões, 70% da carteira de novas aeronaves.” Em 2013 a SGEF esteve distante do mercado devido a uma reestruturação nesta área, mas reforçou a atividade no final de 2013 e acaba de entregar uma aeronave, além de ter mais seis propostas em andamento. “Com nosso foco reno-vado no final de 2013, verificamos grande demanda de aeronaves novas, o que nos surpreendeu muito. Depois da crise de 2010 surgiram boas oportuni-

dades de mercado para aeronaves usadas e agora está se invertendo esta situação.”

Os bancos passaram também a se interessar mais pelas aeronaves de maior valor. “Aeronave de alto valor é investimento alto, então, obviamente, o retorno é maior para os bancos, mas também em relação às aeronaves de alto valor, estes clientes tendem a ser mais fiéis ao banco e o banco conse-gue atingir um cliente que para ele pode ser muito interessante no seu investimento e para outros produtos”, observa Maria Eduarda, da Sertrading. “Embora tenhamos uma certa preferência pelas aeronaves maiores, o foco é realmente o cliente que necessita de financiamento e leasing para diferentes modelos, desde os menores na faixa de 1 milhão de dólares até os grandes jatos”, explica Paulo Meirelles, do Itaú.

Segundo Rui Pereira Rosa, superintendente executivo do Departamento de Empréstimos e Financiamentos do Bradesco, seu banco sempre operou no arrendamento de aeronaves no País, porém, a partir de 2006, o mercado foi potencia-lizado com a regulamentação das operações de Importação por Encomenda “e nós implantamos uma estrutura especializada para viabilizar as operações através da Bradesco Leasing. O Brasil tem sido e continua a ser um mercado muito importante para o setor da aviação executiva”. De acordo com o executivo, o Bradesco atua em todos os segmentos onde as aeronaves possam ser utilizadas. “Temos em nosso portfólio desde aeronaves executivas até aeronaves de uso agríco-la, portanto, o acompanhamento das tendências de mercado é um fator primordial para atender a todos os perfis.”

Para o Itaú, segundo Paulo Meirelles, o mais importante é estruturar a melhor alternativa para o cliente e isso coloca o banco à frente muito em função de sua oferta global de produtos. “Em geral

a concorrência sempre esteve presente, talvez os bancos estejam mais interessados neste tipo de negócio atualmente, o que faz com que a precifi-cação seja muito semelhante. A diferença está na assessoria na escolha da melhor forma de comprar a aeronave, com o foco na necessidade do cliente.”

Por sua vez, Felipe Videira, diretor de Negó-cios da Cisa Trading, não acha que haja um maior interesse dos bancos locais, já que eles sempre se mostraram presentes. “Acredito mesmo é no crescimento do próprio mercado, com a entrada de novos bancos, novos clientes, bem como um aumento da nacionalização das aeronaves de médio e grande porte, o que acaba criando uma maior demanda para o financiamento local.” A Cisa trabalha diretamente e indiretamente com to-dos os bancos atuantes no mercado de aeronaves executivas e Felipe afirma que a empresa teve seu melhor desempenho na importação de aeronaves executivas no ano de 2013. “Esperamos um cres-cimento para o ano de 2014. Apesar de estarmos próximos das eleições, esperamos um mercado aquecido para o segundo semestre, sempre con-tando com os resultados da Labace.” “Para nós, trading, essa abertura dos bancos é fundamental, porque facilita muito a nossa operação, já que temos o Radar junto a alguns bancos, e para o próprio cliente, pois tirar o Radar não é uma coisa tão simples”, observa Maria Eduarda, da Sertra-ding, que está no mercado desde 2009 e cresce, anualmente, mais de 100%. No ano passado, a empresa importou cerca de 35 aeronaves. “Este ano a gente deverá fazer a importação de cerca de 30 aeronaves, um pouco menos que em 2013, não por causa do mercado, mas por opção nossa, temos dado preferência a um mercado mais abran-gente, menor número de aeronaves com tíquete maior. Já trouxemos, até agora, no meio do ano,

18 aeronaves, devemos terminar o ano com 30, mas com um faturamento de mais do que o dobro do segmento.”

“As operações de importação por encomen-da com os bancos representam uma fatia muito importante no nosso faturamento e, para atender a esta demanda, a nossa empresa montou uma estrutura operacional específica para este seg-mento de mercado”, informa Getúlio Sanches Junior, gerente comercial de Aeronaves da Cotia. Ele informa ainda que o ano de 2013 foi muito bom para a Cotia e, no que tange às operações de encomenda com bancos, a empresa de trading teve um crescimento em relação ao ano de 2012. “Neste ano de 2014, apesar de existirem muitas distrações no mercado em geral, tais como Copa do Mundo e eleições, este segmento tem deman-dado muitos novos negócios.”

VANTAGENSOs bancos têm interesse em financiar porque

para eles é muito atrativa essa operação. Já em relação ao cliente, muitas vezes, embora inicial-mente ele não tenha esse interesse, ele acaba financiando a aeronave porque o maior atrativo do banco é possuir o Radar“ e aí ele utiliza o Radar do banco e da trading. Habilitar-se no Radar da Receita Federal (RF) é obrigatório para quem quiser importar ou exportar. A habilitação no Radar é uma autorização que permite acesso ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) da RF.

Segundo Ricardo Russo, do Santander, o fi-nanciamento de aeronaves em reais elimina o risco cambial, variável exógena à gestão de muitas com-panhias, e desobriga as empresas de recorrerem aos instrumentos do mercado de derivativos para prote-ção cambial (hedge). “Além de ser um produto de

Os bancos passaram também a se interessar mais pelas aeronaves de maior valor.

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As operações de leasing proporcionam recursos de longo prazo, até dez anos.

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financiamento de médio e longo prazo indexado em reais, ainda proporciona benefícios fiscais inerentes a uma operação de Leasing Financeiro Doméstico, em que 100% da contraprestação pode ser dedutível da base de incidência do Imposto de Renda. Os clientes também contam com eventual benefício (economia) nos processos de importação, que neste produto (LDPI) é feito integralmente por uma trading com-pany parceira do Santander – os benefícios fiscais são aplicáveis àqueles clientes que adotam o regime de Lucro Real e que efetivamente apresentam lucro em seus demonstrativos de resultados.”

“Temos a vantagem de diversificar nosso portfólio em diferentes subsegmentos e não sofrer tanto com oscilações específicas de uma única fatia do mercado”, explica Francisco Giorno, do SGEF. Ele destaca ainda que, além de taxas me-lhores em dólares, o cliente tem também como atrativo um financiamento na mesma moeda de

O financiamento em dólar tem a vantagem de ser na mesma moeda de cotação das aeronaves.

Há ainda o financiamento pelo BNDES, com condições atrativas para quem quer comprar uma aeronave nova de fabricação nacional.

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cotação das aeronaves e, portanto, uma operação com um hedge natural.

Rui Pereira Rosa explica que as operações de leasing proporcionam recursos de longo pra-zo (até dez anos), viabilizando aos clientes do Bradesco o acesso a bens sem a necessidade de imobilização de recursos próprios, e elas podem ser atendidas em até 100% do valor do bem, de acordo com análise de cada proposta, adequando os pagamentos de acordo com a necessidade de cada cliente. Rui acrescenta que, dentro do port-fólio de financiamentos do Bradesco, há ainda o BNDES, através do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), com condições atrativas para quem quer comprar uma aeronave nova de fabri-cação nacional, modalidade em que o Bradesco se constitui no principal agente financeiro. “A demanda para financiamento de aeronaves novas no mercado local aumentou em função das boas

condições de custo e prazo oferecidos pelo BNDES Finame, por meio do PSI. Este programa pode chegar a um custo fixo de 6% ao ano, abaixo do patamar observado pelo benchmark de juros do mercado brasileiro (Selic)”, explica Ricardo Russo, superintendente do Santander.

Paulo Meirelles, do Itaú Private Bank, também destaca os incentivos para o financiamento de aeronaves fabricadas no Brasil, com condições de juros bastante atrativas e de longo prazo para os clientes brasileiros. Segundo o executivo do Itaú, o resultado, desde 2013 até o momento, foi muito bom, tendo o banco conseguido superar as expectativas muito em função de uma estrutura de atendimento com equipe qualificada e muito focada em estruturar a melhor alternativa de finan-ciamento para os clientes. “Quanto ao segundo semestre, esperamos uma pequena desaceleração, muito em função dos eventos que ocorreram ou

que estão por vir (Copa e eleições).”“Adicionalmente, entendemos que as solu-

ções financeiras também contribuem para mitigar possíveis efeitos das restrições e obstáculos estru-turais do País. Não somos especialistas no mercado de aviação executiva no seu sentido mais amplo, mas sabemos que o financiamento neste tipo de negócio é uma excelente ferramenta de medi-ção do comportamento e das suas tendências. Está claro que há um aumento na demanda por financiamentos de aeronaves executivas desde a crise de 2008. Tanto é que tomamos a decisão de investir em novos produtos, como o LDPI”, observa Ricardo Russo, do Santander. “A SGEF acredita neste mercado e está apta a estruturar operações de acordo com a demanda de cada cliente. Sendo o Brasil um País com dimensões surperlativas, a aviação não é luxo e sim necessidade básica de logística”, conclui Francisco Giorno.

O Brasil continua sendo um mercado muito importante para o setor da aviação executiva.

Praticamente inexiste inadimplência para quem financia aeronaves de alto valor, segundo os bancos.

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