Shantala – nutricao afetiva
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SHANTALA – NUTRIÇÃO AFETIVA
“Nutrir a criança? Sim.
Mas não é só com o leite.
É preciso pegá- la no
colo. É preciso acariciá-
la, embalá- la, e
massageá- la. É
necessário conversar
com sua pele, falar com
suas costas que têm
sede e fome, como seu
ventre.” Leboyer
BREVE HISTÓRICO
Shantala é uma massagem oriental para bebês. Originária da Índia, onde é tradicionalmente passada de mãe para filha. É tão antiga que não se sabe dizer exatamente quando se originou. Tem movimentos inspirados na Massagem Ayurvédica (Ayu = vida e Veda = conhecimento).
Aqui no ocidente, tornou-se popular na década de 70, quando o médico francês Frédérick Leboyer publicou seu livro ilustrado.
BREVE HISTÓRICO
Quando Leboyer encontrou uma jovem massageando seu filho numa calçada de Calcutá, ficou impressionado com a cena. A jovem possuia toques firmes, olhar concentrado, cheio de afeto.
Para ela, era como se o mundo a sua volta simplesmente não existisse. Tudo que importava era o seu bebê e vivenciar o momento dos dois.
Assim, deslumbrado com o que via, o médico pediu que a jovem (chamada Shantala, por isso o nome da massagem!) deixasse que ele a fotografasse durante as massagens, resultando em 1976, no livro publicado e vendido até hoje!
IMPORTÂNCIA DO TOQUE
“O toque humano é como o alimento, vital para o bebê. Se não houver nutrição correta, a criança será prejudicada. O mesmo acontece com o toque carinhoso, na falta desse, o desenvolvimento emocional, físico será prejudicado.
Podemos estabelecer também outras formas de aproximação com o bebê, como abraçar, segurar, embalar, olhar, aumentando a ligação com a nossa criança.” Giannotti.
O sentido mais intimamente associado à pele (tato) é o primeiro a desenvolver-se no embrião humano. Por isso, antes que o bebê nasça, ainda no meio intra-uterino, já obtém experiências cutâneas, é tocado por estruturas que o acolhem. Montagu (1998)
De acordo com Winnicott, as experiências de vida intra-útero não são perdidas pelo bebê, de forma que antes mesmo do parto ele seja capaz de reter memórias corporais. Seus movimentos, seus membros, fazem com que descubra o ambiente, o espaço e isso se transforma num padrão de relacionamento.
IMPORTÂNCIA DO TOQUE
Durante o parto, o bebê sofre uma série de choques e, para amenizar esses efeitos, é essencial o contato materno.
A estimulação cutânea do pós-parto (amamentação, carícias, contato corporal...) são importantes para melhorar as funções respiratórias, nutrição tecidual e oxigenação sanguinea.
Todo contato estimula vinculação afetiva e a Shantala vem somar neste aspecto.
BENEFÍCIOS
Fortalece o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê e também entre o pai e o bebê, deixando o relacionamento ainda mais íntimo e o bebê mais confiante (seguro);
Ativa a circulação sanguínea e linfática;
Promove relaxamento, diminuindo o stress, inclusive na fase de dentição;
Desenvolver os órgãos dos sentidos (tato, olfato);
Tranqüiliza e melhora a qualidade do sono do bebê;
Alivia e previne gases, cólicas e prisão de ventre, pois estimula o peristaltismo;
Amplia a capacidade respiratória, aliviando as tensões das costas e liberando a caixa torácica;
Aumenta a resistência imunológica;
BENEFÍCIOS
Auxilia no crescimento físico e no desenvolvimento motor;
Favorece o ganho de peso;
O bebê desenvolve atenção para o próprio corpo (esquema corporal);
Favorece uma auto-imagem corporal saudável (imagem corporal);
Auxilia o pleno desenvolvimento de crianças prematuras;
Auxilia no tratamento de crianças portadoras de necessidades especiais como Síndrome de Down e Paralisia Cerebral, contribuindo ainda, tanto no tratamento de crianças autistas, quanto de crianças hiperativas.
INDICAÇÕES
Pode ser iniciada a partir de 1 mês de vida, respeitando-se apenas a cicatrização umbilical e a sensibilidade da pele do bebê.
Leboyer sugere que os primeiros 4 meses são fundamentais.
No primeiro ano de vida, traz muitos benefícios para o desenvolvimento do bebê.
Normalmente crianças que recebem massagem desde bebês, desejam continuar recebendo por muito tempo! Não há idade definida para ser interrompida.
CONTRA-INDICAÇÕES
Não deve ser realizada quando o bebê estiver doente (com baixa imunidade);
Com febre;
Alergias de pele (do tipo transmissível);
Desacordado;
Com frio ou calor;
Estômago cheio ou vazio;
Evitar regiões recém- vacinadas;
Também evitar variações de posturas e movimentos em bebês que apresentam refluxo gastro-esofágico (neste caso, a cabeça do bebê deverá ficar mais elevada) e hérnia umbilical.
AMBIENTE E PREPARAÇÃO
Shantala é realizada com o bebê desnudo, sobre as pernas estendidas, num local tranqüilo e aquecido, utilizando óleo de origem vegetal para facilitar o deslizamento das mãos e também beneficiar ainda mais a pele do bebê.
A temperatura deve proporcionar conforto ao bebê, não deve estar frio, nem quente.
O local deve estar bem tranquilo, sem músicas, ruídos, etc.
Os materiais necessários:
Óleo Vegetal ( lavanda, semente de uva, amendôas, etc.)
Recipiente para o óleo
Toalha
Fralda de pano
DURAÇÃO E REPETIÇÃO
A massagem dura cerca de 15 a 30 minutos, dependendo da idade do bebê e aceitação ao toque.
Realizada diariamente, por até 2 vezes. De preferência, uma delas pela manhã.
Sugere-se que nas primeiras vezes, a repetição seja de 4 a 5 vezes, até ambos estarem confiantes.
Não há limite de repetições. Aqui vale perceber a aceitação do bebê!
A PRÁTICA!
Pode-se iniciar Shantala em qualquer faixa etária e deverá ser realizada até que ambos queiram.
A massagem consiste em movimentos lentos, suaves compressões e alongamentos passivos por todo o corpo do bebê, tais como: peito, braços, mãos, barriga, pernas, pés, costas e rosto.
No final da massagem, é dado banho de imersão, para que fique mais relaxado, sentindo-se seguro.
PEITO
Primeiro Movimento:
Posicionar as mãos no centro do peito do bebê, uma ao
lado da outra, abri-las em direção aos ombros e descer
pelas laterais do tronco. Repetir o movimento.
Segundo Movimento:
A partir do quadril esquerdo do bebê, deslize sua mão
direita em diagonal até o ombro oposto e retornar.
Terminando esse movimento, iniciar o movimento no
quadril direito do bebê e em diagonal terminar o
movimento no ombro esquerdo. Repetir o movimeto.
BRAÇOS E MÃOS
Primeiro Movimento: Pode deixar em decúbito lateral. Segurar com a sua mão
esquerda o punho esquerdo do bebê e com a mão direita, envolver o ombro esquerdo do bebê, como um bracelete. Percorrer todo o braço em direção ao punho. Repetir o movimento.
Segundo Movimento: Posicionar uma mão ao lado da outra, próximas ao ombro
do bebê e massagear em sentido oposto (como se fosse uma torção) até o punho. Repetir o movimento.
Mãos: Passar o polegar no centro da mão em direção aos dedos.
Depois, passar a mão na palma da mão do bebê e no dorso. Ao final, estique os dedinhos do bebê.
BARRIGA
Primeiro Movimento:
Mãos partindo abaixo das ultimas costelas e
descendo perpendiculares até o púbis do bebê.
Quando uma das mãos acaba o movimento, a
outra inicia.
Segundo Movimento:
Com uma das mãos segurar os pés do bebê,
erguendo um pouco as pernas. Rolar o antebraço
deslizando das últimas costelas até o púbis. Não
é necessário colocar pressão no antebraço.
PERNAS E PÉS
Primeiro Movimento:
Posicionar uma das mãos no inicio da coxa do bebê e a
outra próxima ao tornozelo. Deslizar em direção ao
tornozelo. Repetir o movimento.
Segundo Movimento:
Com as mãos juntas, circundar a perna do bebê, num
movimento de torção, indo da coxa em direção ao
tornozelo. Repetir o movimento.
Pés:
Massagear os pés com os polegares, indo em direção a
cada dedo e em seguida, com toda a mão.
COSTAS
Primeiro Movimento: Apoiar o bebê nas pernas, deixando-o em posição de “gatinho”.
As palmas das mãos devem deslizar uma após a outra, para frente e para trás e da cervical em direção aos glúteos e depois subir é Repetir o movimento.
Segundo Movimento: Na mesma posição, uma das mãos se posicionará na altura dos
ombros e a outra, permanecerá no glúteo.A mão que estava nos ombros, descerá até os glúteos e, no final do movimento, fazer uma leve pressão no glúteo, como se encontrasse suas duas mãos, terminando o movimento. Repetir o movimento.
Terceiro Movimento: Ainda na mesma posição, uma das mãos deve iniciar o
movimento na altura dos ombros. A outra mão, segura delicadamente os pés do bebê. Deslizar ao londo do corpo do bebê. Repetir o movimento.
ROSTO
Começar pela fronte e, a partir do meio da testa, deslocar as pontas dos dedos para os lados, contornando as sobrancelhas, retornando ao meio para recomeçar;
Afastar os dedos a cada repetição: têmporas, contorno dos olhos e ao longo das bochechas;
Com os seus polegares, massagear suavemente o nariz do bebê;
Aplique, agora, os polegares nos olhos fechados da criança. A pressão deve ser a de uma pluma! Se os olhos do bebê estiverem abertos, os seus polegares deverão fechá-los com delicadeza.
Descer os polegares seguindo as linhas externas do nariz,dirigindo-se para as comissuras da boca e bochechas.
EXERCÍCIOS
Os braços: Faça com que os dois braços da criança se cruzem sobre o peito. Depois, torne a abrí-los para voltá-los à posição inicial. Repetir o movimento.
Um braço, uma perna: Segure um dos pés do bebê e a mão do lado oposto, de modo que braço e perna se cruzem. Assim, o pé do bebê tocará o ombro oposto, enquanto a mão irá tocar a nádega do lado oposto. Em seguida, reconduza as pernas à primeira posição. Repetir o movimento.
Padmasana: Segure os dois pés do bebê cruzando as perninhas de modo a trazê-las para a barriga. Depois, ao contrário, "abra", ao esten-der e separar as pernas para trazê-las de volta à posição inicial. Em seguida, torne a fechar, fazendo, de novo, com que as pernas se cruzem. Repetir o movimento.
EXERCÍCIOS
Os três exercícios encerram a sessão.
É preciso ter muito tato. Sensibilidade. Eficiência.
Reunir delicadeza e vigor.
Ter sempre em mente os objetivos dos exercícios!
De acordo com Leboyer, cada exercício tem uma função específica:
Ao cruzar os braços sobre o peito, você libera no bebê toda a tensão que poderia se manter nas costas. E, desse modo, liberar a caixa torácica e a respiração pulmonar.
Ao cruzar um braço com uma perna, opor um ombro e o outro quadril, você faz com que a coluna vertebral se sujeite a uma inclinação e torção sobre o seu eixo, liberando simultaneamente a coluna de qualquer tensão.
Ao cruzar as pernas sobre a barriga, no Padmasana, você provoca a abertura e o relaxamento das articulações da bacia, particularmente de suas junções com o sacro e a base da coluna vertebral.
BANHO DE IMERSÃO
Este banho não tem como intuito “lavar” a criança. Não se trata de asseio e sim, de BEM ESTAR!
A água completa o trabalho da massagem, relaxando as tensões que ainda podem existir no corpinho do bebê;
A banheira deve estar bem cheia, para cobrir o bebê. Segurá-lo de forma que ele possa flutuar na água;
Pode-se utilizar o ofurô do bebê.
REFERENCIAL TEÓRICO
BARBOZA, D. Shantala – O toque que traz vida. 10ª Edição.
GIANNOTTI, M. Massagem para bebês e crianças. 4ª Edição.Loyola.
LEBOYER, F. Shantala massagem para bebês: uma arte tradicional. Ed. Ground, 8ª Edição.
MONTAGU, A. Tocar, o significado da pele humana. Summus Editorial.
A EQUIPE PIRILAMPO AGRADECE
A PARTICIPAÇÃO DE TODOS!