“Seu New Wave”: disputas juvenis e rock em Florianópolis ... · 19 anos eu tinha quando vim...
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“Seu New Wave”: disputas juvenis e rock em Florianópolis (década de 1980)
CARLOS EDUARDO PEREIRA DE OLIVEIRA1
Apressando, e com espaço limitado para relembrar fatos e fotos, vou apenas
instigar a imaginação do leitor que viveu aquela época de rock, surfe e
brotos no grande palco da Ilha, a nossa Joaca, antes da fama mundial de
Florianópolis. Aquela era ainda uma época em que a cidade não tinha sido
invadida. Iam a praia as mesmas turmas que iam às festas do Paineiras, do
Doze e que se encontravam à noite no Big Bravos, Iron Bar, Agapito... A
cidade na verdade era uma turma só (MENEZES, 2008).
Em um dos textos de sua coluna, o jornalista Cacau Menezes inicia uma fala
apaixonada sobre o Bar do Chico, restaurante que se localizava na praia da Joaquina, na
região leste da Ilha de Santa Catarina. Por lá, segundo Menezes, se encontravam os
jovens que circulavam por uma Florianópolis que, segundo ele próprio, ainda “não tinha
sido invadida”. Esses jovens, para o autor, são os mesmos que iam a diversos outros
locais, e que, “na verdade, era uma turma só”.
A colocação de Cacau Menezes se aproxima de uma ideia homogênea sobre a
juventude. Quando afirma que, “na verdade, era uma turma só” que vivia em
Florianópolis, o jornalista evoca uma série de elementos que corroboram com ela, e que
não estão, necessariamente, escritos. O que Menezes agencia nessa frase? Qual é sua
visão sobre os jovens que viviam na capital catarinense na “época dourada” do Bar do
Chico? Essas perguntas dialogam com este trabalho: através de entrevistas realizadas
com músicos, radialistas, jornalistas e outros que participavam das cenas de rock na
cidade, e ancorada com as questões sobre a memória e a forma como ela se constitui no
presente, o objetivo aqui proposto é analisar as disputas entre os jovens de Florianópolis
nos anos 1980, tendo como foco aquelas que se perfaziam no rock. Assim, podemos
lançar uma pergunta que costura a narrativa: afinal, Florianópolis era composta por
“uma turma só”?
“Eles ficaram perdidos quando Florianópolis foi invadida, entendeu?”: a capital
nos anos 1980.
Ricardo Davoli (ou Pena), natural de São Paulo, veio para Florianópolis no final
da década de 1970 para cursar Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina.
Escolheu a cidade por abrigar o melhor de dois mundos: o surf e a universidade pública.
1 UDESC, mestrando em História, apoio CAPES.
2
Eu vim em 79. 19 anos eu tinha quando vim pra cá. Aí vim pra fazer
Geografia. Porque eu tinha que fazer uma universidade federal, porque
minha família não tinha grana e tal, e ai, porra, juntei tudo, porque eu já
pegava onde, já andava de skate lá em São Paulo. Já curtia o rock and roll,
desde moleque, como eu te falei. Então falei, puta, Floripa é o lugar certo,
tem surf, e, po, eu vou pra lá, universidade federal, não pago nada, vou pra
lá2.
Assim como Pena, José Luis Carvalho (ou Zeca) veio para Florianópolis por
conta das ondas. Praticante do surf “desde sempre”, chegou em 1982 para trabalhar com
música. Natural de São Paulo trabalha como DJ “desde que nasceu”, e junto com Pena
foi um dos idealizadores e apresentador do programa de rádio Sincronia Total, que
diariamente tocavam diversas músicas do espectro do rock. Osias Alves Jr, 47 anos, é
natural de Santos, litoral paulista, mas veio para Biguaçu, na região metropolitana da
capital, aos seis anos, em 1976. Cursou e se graduou em jornalismo na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) no final dos anos 1980, tendo um trânsito constante
com a Ilha de Santa Catarina.
Antônio Carlos de Barros, 66 anos, é músico radicado em Florianópolis. Natural
de São Paulo, entre idas e vindas acabou por escolher a Ilha de Santa Catarina como sua
casa. Chegou a cidade pela primeira vez em 1976, com 26 anos, para trabalhar com a
confecção de pranchas de surf e, paralelamente, a música.
Vim pra morar. Então eu falei, cheguei... Eu tinha uma faculdade trancada
de Engenharia lá em São Paulo... Porque eu já fazia prancha, tinha minha
oficina. Então o que eu ganhava, tinha meu fusquinha, então o que eu
ganhava botava de gasolina pra pegar onda no fim de semana. (...) Então, eu
cheguei aqui em Florianópolis, foi nessa época aqui, em 76. Em 77, 78, a
gente começou a formar isso aqui, que foi a banda Paz e Amor nas Estrelas.
Eu e um amigo meu que também fazia prancha. Eu falei ‘po, você tem que
fazer prancha lá cara, em Florianópolis’3.
Assim como esses sujeitos, outros também migraram para a capital a partir da
década de 1970. Florianópolis viveu uma explosão migratória, complexificando e
modificando a sua paisagem urbana, contrastando com a cidade que se desenhava até
esse período, com um núcleo urbano pouco extenso, rodeada por núcleos esparsos e
dedicados a atividades agrícolas e pesqueiras, em que somente tinham contato com o
centro urbano quando necessário, tendo que enfrentar diversas dificuldades, como as
distâncias, precariedade das vias e falta de meios de locomoção (FALCÃO, 2010, p.2).
2 Pena. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, ago. 2017
3 Antônio. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, nov. 2017
3
Conseguimos identificar um período de grande desenvolvimento urbano em
Florianópolis após os anos 1970. O aumento populacional, em decorrência das
migrações e do crescimento da população que resedia na cidade, se demonstra como um
fator preponderante nessa análise, como evidenciado por Rafael Dias. Segundo o autor,
houve uma radicalidade nas transformações urbanas e sociais na segunda metade do
século XX, com uma ocupação intensa de toda parte insular de Florianópolis, e
principalmente após a década de 1970, com a chegada de migrantes, muitas vezes
naturais de outras capitais do país, evidenciando que o maior contingente era do meio
urbano (DIAS, 2013). Além disso, temos uma complexificação da estrutura econômica
da cidade, com o aumento de empregos ligados à área governamental e o aumento de
trabalhadores públicos. Segundo Dias, podemos perceber que Florianópolis empregava
muitas pessoas de áreas que não na indústria, carro-chefe das maiores cidades do
Estado, como Joinville e Blumenau. Boa parte desses trabalhadores era migrante,
contribuindo para essa mudança.
Pena, Zeca, Osias e Antônio migraram para Florianópolis nesse período.
Independente de suas motivações, podemos compreender suas falas sob a ótica do
deslocamento, de pessoas em trânsito que saíram de suas cidades natais, e vieram
procurar abrigo em uma nova cidade. Uma capital que, em contraste com São Paulo,
reunia aspectos que consideravam cruciais para suas vidas. Antônio, ao falar sobre sua
vinda para Florianópolis, é categórico:
Vim aqui pro paraíso né cara. Eu não queria mais cidade grande, eu queria
mais a natureza, eu queria a onda, a praia, então eu vim pro paraíso. Isso
aqui antigamente era uma coisa... Hoje o cara que tá com quase 40 anos e
fala “puta Antônio, lembra, eu era moleque naquela época, e você falava que
isso aqui ia se tornar e eu não acreditava”, ia se tornar um inferno. (...) As
pessoas alimentavam os filhos, entravam na Lagoa pra caçar o siri e o
camarão, que era desse tamanho. O cara entrava, “não não, pera ae”. A
gente pegava onda, vinha pra casa, que era lá no Canto da Lagoa, o cara já
parava “não, pera ae, desce aí, come um camarãozinho”. Aí o cara pegava
um balde, entrava a pé na Lagoa, isso eu vi cara, pegava uns camarões desse
tamanho [fazendo sinal com as mãos de algo grande]. Ele alimentava os 10
filhos assim. (...) Eu fui um dos primeiros a chegar, quando eu cheguei aqui
só tinha uma pessoa que tinha vindo de São Paulo já, que tinha alugado uma
casinha. (...) Mas eu vim pro paraíso nessa época, mas agora eu to querendo
retornar ao paraíso, um lugar igual a quando eu cheguei aqui, não tinha
asfalto não tinha nada. Procuro esse lugar de novo, um lugar assim pra
viver4.
4 Antônio, op cit.
4
Pena, ao discorrer sobre seu início de amizade com Zeca, corrobora com a ideia
de que todos em Florianópolis se conheciam, faziam parte da mesma turma, quando
coloca sua impressão sobre a cidade dos anos 1980.
A gente já se conhecia, e o Zeca tinha um monte de coisa de som, de vinil,
que eu não tinha. O Zeca era mais chegado prum reggae, curtia rock
também, mas ele tinha muita coisa de reggae que eu nem conhecia. (...) E ai
a gente começou a fazer umas festas juntos aqui na Lagoa. Porque não tinha
nada, não tinha bar, não tinha porra nenhuma, e as pessoas se conheciam,
todo mundo se conhecia da praia, ‘ah, vamos fazer uma festa na casa de
fulano’, ‘tá, quem vai fazer o som?’ ‘O Pena e o Zeca’5.
Zeca também adiciona elementos que corroboram com essa visão.
Puta, era a cidade mais linda do Brasil. Nossa, era um tesão cara. Todo
mundo se conhecia aqui, todo mundo era amigo, todo mundo se respeitava,
não tinha violência, pessoal era legal. Nunca teve um problema, tinha uma
briga ou outra, mas era muito pouco. Nada. Não tinha nem página policial.
Policial de vez em quando ia lá, em Biguaçu, o cara pegava facão, passava
na galinha do outro, era o máximo, não tinha nem página policial6.
André Seben é músico e jornalista, radicado em Florianópolis, mas natural de
Joaçaba, cidade do interior catarinense. Com 47 anos, toca guitarra em uma banda – a
Farra do Bowie – e trabalha em uma editora. Mesmo vindo de outra realidade urbana,
Seben corrobora com essas mesmas visões sobre Florianópolis
Isso aqui era um sítio, velho. Eu vim morar aqui em 1982. Isso aqui era uma
estrada de chão... A minha casa era aqui, por isso o prédio tem o nome do
meu pai, não é porque meu pai é o dono do prédio. Mas a gente construiu
uma casa aqui, depois pra vender pra construtora, a construtora, dentro do
negócio, ‘não, a gente bota o nome do seu pai’, sabe? [...] Mas enfim, isso
aqui era um sítio, estrada de chão. A primeira vez que eu vim visitar o
terreno, aqui, eu tinha 8 anos, um cachorro me mordeu, era só bambu7.
Podemos compreender, através dessas falas, que existem diversas narrativas
sobre a Florianópolis dos anos 1980. Entretanto, elas resguardam pontos em comum,
inclusive com aquela passagem que inicia esse texto. Algumas colocações sobre a
cidade oitentista dão conta desses aspectos. A população urbana ultrapassou a rural
somente na década de 1970, em Santa Catarina, como evidencia Dias (DIAS, 2013,
p.34). Ademais, diferente de outras cidades do Estado, Florianópolis recebeu maior
número de migrantes vindos de outros centros urbanos, como São Paulo e Porto Alegre,
por exemplo, influenciando na sua demografia. É desse fluxo migratório que Pena,
5 Pena, op cit.
6 Zeca Carvalho. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, ago. 2017.
7 André Seben. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, set. 2016
5
Zeca, Osias e Antônio são provenientes. Novamente recorrendo as suas falas, vimos que
a saída desses grandes centros se ancoram, principalmente, na procura por uma cidade
calma, pacata e próxima a praia. Zeca, ao falar sobre a relação com as bandas, diz que
“o pessoal do Inocentes ficava aqui na minha casa. Não é que ficava, é porque era
assim, sabe? Em São Paulo já era uma cidade mais fria né?8”. Antônio foi mais incisivo:
“Ah, dai eu larguei São Paulo, cheguei pros meus pais e falei ‘ó, até logo, to indo
embora, vou morar em Santa Catarina’. Por causa das ondas que tem aqui. Daí eu
peguei meu fusca e vim embora”.
Visões sobre uma cidade pacata, que não tinha violência e, quando tinha,
acontecia longe da ilha, em uma região periférica (na qual se localiza Biguaçu e outros
municípios da região metropolitana). Um lugar em que todos se conheciam,
congregavam uma amizade mútua, se respeitavam e viviam em harmonia. Uma
definição que se aproxima daquilo que o catolicismo prega como o paraíso. As
narrativas desses sujeitos se cruzam quando colocam Florianópolis nesse patamar.
Novas formas se experenciar a cidade eram postas a prova, muito por conta da vinda
desses migrantes urbanos, acostumados com um ritmo diferente no seu cotidiano. Dias
coloca que a urbanização em Florianópolis teve caráter modernizante e acelerado, em
que podemos ver contrastes entre as novas e antigas formas de se viver e enxergar
Florianópolis (DIAS, 2013). Entretanto, mesmo com esses choques, vimos um conjunto
de discursos sendo evocados pelos próprios migrantes, como essa ideia de que todos se
conheciam, ou que a cidade era um paraíso na terra. Segundo Reinaldo Lohn,
Grande parte da população de Florianópolis vivenciou a construção, na
década de 1960, de um dilema que opôs desenvolvimento e mudança a atraso
e tradição. Um horizonte polifônico abriu-se, para logo ser fechado,
traduzido em termos de passado ou futuro. Quanto ao presente, esse parecia
pouco interessar. Como uma cidade sem presente, a capital parecia
reproduzir ritmos que remetiam ao passado e às sociabilidades tradicionais,
com sua decantada mansidão e tranquilidade (LOHN, 2016, p.169).
Mais uma vez, colocamos em voga a pergunta inicial do trabalho: Florianópolis
era composta por uma única “turma”? Podemos levantar pontos que contrastam a ideia
de uma cidade única, onde todos se conheciam, sem crimes, em que todos faziam parte
de uma mesma turma. Somente a partir desse exercício, começaremos a enxergar
Florianópolis como uma cidade complexa e multifacetada, com inúmeras disputas e
embates em sua malha urbana, e com sujeitos tão multifacetados quanto ela.
8 Zeca. Op. cit.
6
“Musiquinha new wave”: os embates do rock em Florianópolis
Uma das formas de analisar o caráter polifônico de Florianópolis é através da
música. Somente pela sua pluralidade, poderíamos compreender os espaços que cada
estilo musical ocupa na estrutura urbana: as rodas de samba na Travessa Ratclif e no
Mercado Público aos sábados; o sertanejo em casas de shows com grande estrutura; as
baladas alternativas no Centro, uma região conhecida pela prostituição; e o rock, em
suas diferentes acepções e com locais espalhados pela cidade. Entretanto, o objetivo
deste trabalho é analisar o rock através de um olhar histórico, colocando pontos que
dialoguem com questões de identificações e urbanidades. Para isso, voltemos a matéria
de Cacau Menezes sobre o Bar do Chico, “o templo mais festeiro da cidade nos anos
1980” (MENEZES, 2008).
Como colocado anteriormente, ele afirma que todos faziam parte de uma mesma
turma, que ia até a praia da Joaquina, a “única praia das décadas de 70 e 08 que
bombava em Floripa”, para se divertir no bar em questão, “antes da fama mundial de
Florianópolis”. Vimos, inclusive, que a narrativa é evocada pelos sujeitos aqui
entrevistados, dando conta de que na capital “todos se conheciam”, não existia crime,
um paraíso na terra. Porém, devemos lançar questões sobre essas afirmações.
Comecemos, então, com a fala de Menezes: quem são esses “todos” que ele evidencia
em sua matéria, que “todo dia, dando sol, todo mundo dava um pulo até a praia da
Joaquina”?
Imagine um lugar onde todos os dias, as melhores e mais conhecidas pessoas
da cidade — de 15 a 50 anos, se encontravam para conversar, beber,
dançar, mergulhar, jogar futebol, frescobol, surfar e até fumar maconha. E
de barrigas e pernas de fora. A Joaquina foi a cópia mais fiel do Pier de
Ipanema, no Rio. E o Bar do Chico era a nossa Pizzaria Guanabara, o point
da moçada no Baixo Leblon (MENEZES, 2008).
Podemos compreender essas afirmações através da inserção social do próprio
Cacau Menezes. Filho de um dos maiores jornalistas do Estado, Manoel de Menezes,
exerce a mesma profissão do pai desde a década de 1970, se notabilizando pela sua
coluna social nos principais jornais de Santa Catarina. Uma figura pública, que
organizou em 1978, nesse mesmo Bar do Chico, o festival Rock, Surfe e Brotos9, junto
9 Realizado em Junho de 1978, foi idealizado por Cacau Menezes e Ricardinho Machado, também
jornalista e colunista social. Consistia em um campeonato de surf durante o dia e, a noite, bandas de rock
faziam seus shows. Ficou marcado pela ação da Polícia Militar e, principalmente, na figura do Delegado
7
com Ricardinho Machado, também colunista social na cidade. O evento, em conjunto
com o Palhostock10
, está no panteão dos maiores que ocorreram na região, e que tinham
o rock como pano de fundo. Conseguimos estruturar uma noção do local de fala do
jornalista, inserido na classe alta de Florianópolis, com trânsito facilitado nesse meio e
com peso de ser alguém famoso na cidade. Como ele mesmo coloca em sua matéria
Foi lá que fizemos, eu e Ricardinho, o lendário Rock, Surfe e Brotos. Foi lá
na Joaquina que convenci, numa festa no hotel do meu pai, o indicado
prefeito de Florianópolis, Esperidião Amin, debutando no cargo, a
pavimentar a estrada da Joaquina. Foi para lá que levei o Tim Maia, o
Serguei, o Edu K, o Evandro Mesquita, o Pato Banton, o Cidade Negra
(MENEZES, 2008).
Podemos compreender que Menezes está falando de uma determinada camada
da juventude florianopolita, em uma classe social com alto poder aquisitivo, inserção
em diversos meios da sociedade que outros jovens não estavam presentes. Como
aqueles que estiveram no show da banda punk paulista Cólera, em 1987, no bar Metrô,
localizado no bairro Estreito, região continental de Florianópolis. O grupo, um dos
maiores do gênero no país, veio para a cidade por intermédio de Pena e Zeca, e
enfrentaram diversos problemas. Segundo Pena:
Eles tinham um pouco de medo. Bom, a gente fez o Cólera, cercaram o
quarteirão e levaram todo mundo em cana. Acabou o show, abriu as portas
do final do show, quem tava dentro do show assistindo saía e entrava no
camburão. Não precisava nem perguntar, era direto. Prenderam 300
pessoas. Quarteirão da Metrô tava cercado com uns 20 camburão, ônibus
pra levar os caras. Queriam prender a banda e queriam prender a gente
também. Mas a gente se escondeu lá, nos fundos lá, ficamos lá até o negócio
se acalmar, entendeu? Porque ninguém tinha visto punk rock, os caras
ficaram assustados. Os caras da Metrô, que fizeram o show, viram os caras
chegando lá de moicano, com umas correntes, com umas botas, uns saltos de
metal, eles falavam ‘que que são esses caras?’. Isso era 87, imagina?11
Elói, fazendo uma grande operação para acabar com o evento. A sua célebre frase, “nem todo maconheiro
é surfista, mas todo surfista é maconheiro”, estampou as manchetes do jornal O Estado no período,
marcando esse evento. Para saber mais sobre o tema, ver: BORGES, Maurio. Rock, Surf e Brotos:
muita polícia e pouca onda. Blog Waves, 2008. Disponível em: <
http://waves.terra.com.br/surf/noticias/colunaspalanquemovel/rock-surf-e-brotos/muita-policia-e-pouca-
onda> Acesso em: 16/09/2017. ILHA 70. Roteiro e Direção: Marco Martins e Loli Menezes.
Documentário, 7:12. Vinil Filmes, 2010. Disponível em: <
https://www.youtube.com/watch?v=sATEz4yR2X0> Acesso em: 16/09/2017 10
Palhostock – originalmente, 1º Festival de Música Pop – foi uma festival de música que pretendia
seguir os moldes do Woodstock, com música ao ar livre. Um dos maiores festivais catarinense dos anos
1970 reuniu uma série de jovens no estádio Renato Silveira, em Palhoça, em Outubro de 1974. Para saber
mais, ver: DE SOUZA, Manoela. Música e Constentação: Palhostock, o Woodstock de Santa Catarina.
Revista Santa Catarina em História, Florianópolis, v.9, n.2, 2015, p.38-50. ILHA 70, op. cit. 11
Pena. Op cit.
8
A escolha do local, segundo Zeca, se deu por conta da “estrutura mais ou menos pras
bandas poderem” tocar. Mesmo assim, o que ele recorda sobre o show foi a atuação da
polícia. Como ele coloca
O Cólera mesmo, a polícia do exército foi lá e cercou... Tava tendo
campeonato Brasileiro de Surf né, na Joaquina, o Dadá Figueiredo, cara
pegava onda pra caralho, adorava Dead Kennedy’s, adorava. E o Dadá foi
lá nesse show né velho, vendo o Cólera, do Redson, meu amigo que morreu,
quando de repente escuta falar a moçada que tava saindo ‘meu, os caras
cercaram, cercaram a Metrô’, e a Polícia do Exército prendendo todo
mundo que tava de coturno, prenderam. Deram a volta no lugar, cercaram,
que nem bandido, metranca e o cacete... ‘cê tá de coturno, tira’... Prenderam
o Dadá Figueiredo. E eu que fazia o som do campeonato também, direto,
chegou lá, cadê o Dadá? Chamavam o Dadá... Falei, ‘caralho o Dadá foi
preso!’. Os caras cercaram a Metrô só porque a moçada tava de coturno,
porra meu!12
Podemos enxergar uma complexidade na juventude florianopolitana. Cacau
Menezes coloca que todos faziam parte do mesmo grupo, mas vimos através das falas
de Pena e Zeca que não existiam ligações estreitas entre o Bar do Chico, por exemplo, e
o bar Metrô. Aprofundando, a única turma de Menezes, na verdade, era uma daquelas
que viviam em Florianópolis, e que pouco se aproxima da turma que viu o show da
banda Cólera e teve problemas com a polícia. Podemos entender que ambas as visões
fazem parte da cidade, e dela são produtos. A diversidade de narrativas existentes sobre
o rock é posta a prova através desses pontos. Mesmo com o rock sendo um dos
aglutinadores dos jovens inseridos nessas diferentes realidades, quero chamar a atenção
para a sua heterogeneidade.
Devemos compreender a juventude como uma construção histórica, indo de
encontro com a ideia dos jovens inseridos em uma unidade social. Como coloca José
Machado Pais, as representações correntes sobre ela é que a condicionam sobre uma
noção homogênea da juventude (PAIS, 1990). Assim, demonstra-se essencial questionar
esse caráter unitário, trabalhando com as fissuras dessas mesmas representações e
discursos construídos sobre ela, colocando outro olhar sobre o conceito. Para Ana Maria
Frota, encará-la por esse viés nos auxilia a compreender suas “múltiplas emergências”,
evidenciando um caráter multifacetado em que os sentidos sobre ela são construídos,
evidenciando-a como uma categoria historicamente construída (FROTA, 2007).
12
Zeca. Op cit.
9
Dialogando com essas noções, podemos compreender as fissuras em uma ideia
unitária sobre a juventude florianopolitana. Na década de 1980, conseguimos enxergar
diferentes grupos que coexistem na cidade, com trânsitos próprios e sociabilidades
diversas. Como evidenciado anteriormente, a juventude que Cacau Menezes coloca
dialoga com a juventude de Pena e Zeca na questão do rock. Porém, se afasta em
diversos outros pontos, como as classes sociais envolvidas e os locais que transitavam,
por exemplo. Podemos nos aprofundar em mais duas questões, para analisar a
complexidade dos jovens oitentistas que viviam na capital de Santa Catarina: as relações
entre aqueles que moravam na ilha e no continente, e a preferência por certos estilos de
rock de acordo com a localização.
Osias nos dá alguns indícios sobre as fissuras entre os jovens do rock em
Florianópolis. Para ele:
Os roqueiros assim de... pesado assim e tal, de heavy metal né, eram uma
minoria. Porque Florianópolis tinha uma fama assim, de cidade de... porque
na época surgiu uma música chamada New Wave. Aí o New Wave era como
se dizesse assim que ‘seu New Wave’, quer dizer ‘seu viadão’. O New Wave
era xingamento porra. Escutar The Cure não, The Cure aí é... como vou
dizer assim... é o fim da picada né13
.
Próximo ao gênero do heavy metal, Osias via poucas opções de locais e bandas
desse estilo. Além disso, enxergava uma proliferação de bandas com outro estilo
musical, o new wave, sendo algo característico de Florianópolis. Osias, como colocado
anteriormente, residia em Biguaçu, região metropolitana da capital e distante 20km dela.
Assim como ele, outras pessoas que residiam nas cidades próximas reservavam
características diferentes daqueles que estavam na Ilha de Santa Catarina, respaldadas
por questões de classe, por exemplo. A área continental da cidade – e sua região
metropolitana – foi povoada por trabalhadores que não encontravam moradia dentro da
ilha, principalmente por conta dos altos preços dos imóveis, fruto de especulação
imobiliária que teve um boom a partir dos anos 1970. Como Lohn coloca
As diferentes opções de desenvolvimento, a escolha dos locais para a
expansão e localização de novos empreendimentos públicos e privados, a
suburbanização da área continental e o enobrecimento da região norte da
ilha, corresponderam a diferentes formas de pensar a cidade. (LOHN, 2016,
p.19).
13
Osias. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, set. 2017
10
Corroborando com essas colocações, podemos aproximar essa discussão com a
formação de bandas na cidade nos anos 1980. Mesmo não alcançando sucesso nacional,
as bandas de rock de Florianópolis reservavam uma grande fama regional, em shows
com grande público, músicas próprias e LP’s lançados. Entre essas, podemos destacar
Expresso Rural14
, Tubarão15
, Decalco Mania16
, e Burn17
, todas bandas de rock18
, com
estilos próprios e que se diferenciavam. As três primeiras, por exemplo, contavam com
moradores de Florianópolis, principalmente da região central, e faziam uma música que
se aproximava do New Wave. Já a última, com membros que residiam na região
continental e metropolitana da capital, era um som mais pesado, próximo ao heavy
metal. Segundo Rodrigo de Souza Mota, “estas bandas são compostas, geralmente, por
cabeludos que muitas vezes são considerados drogados ou marginais apenas pela
aparência. Na verdade, usam esta aparência para chocar.” (MOTA, 2009, p.54). Osias
discorre sobre essa diferenciação:
O Burn é lá de São José, lá da região do bairro Ipiranga. Então o Burn ali,
aquela música ali, o rock, era tido como da periferia e dos mais pobres. A
ilha preferia uma música mais new wave, mais ligada ao reggae, ou é
surfista, mas aquela musiquinha que a gente odiava né. Musiquinha new
wave. (...) Quando eu entrei na faculdade de jornalismo, eu escrevi uma
reportagem, um trecho da matéria, sobre uma banda, acho que era o
Heroica. (...) Foi em 1988, entrei na faculdade nessa época né. Aí eu escrevi
o seguinte, eu não sei, a frase foi muito doida né, aí falando que o Heroica
né, entrou no cenário da ilha dominada por bandinhas que tocam música de
ameba, amestrada (...). Então era esse cenário de Florianópolis, é o
popzinho, a musiquinha mauricínha. E o continente era a região dos mais
roqueiros, dos mais pesados e tal, que gostava mais dessa música mais
pesada, mais underground19
.
14
Uma das principais bandas de rock de Florianópolis no período, Expresso Rural foi formada em 1981
por Zeca Petry e Daniel Lucena. Naturais de Lages, região serrana do Estado, montaram a banda em
conjunto com outros quatro músicos, todos naturais da mesma região. Mesmo assim, é radicada em
Florianópolis. Em seus primeiros trabalhos, se aproximavam do rock rural e do folk, e posteriormente, ao
new wave. 15
Outra banda com relativo sucesso na cidade, a Tubarão (ex-Ratones) foi formada em 1977, pelos
irmãos Paulo e André May, naturais de Tubarão, região sul do Estado. Vieram a Florianópolis para a
universidade, e alcançaram sucesso regional nos anos 1980. Seu estilo de música era próximo ao new
wave. 16
Mesmo sem gravar um EP, a Decalco Mania foi uma das grandes bandas do período em Florianópolis.
Marcado pelo estilo new wave, era formada por Iran Melo, Murilo Valente, Airton Perrone, Ivan Ratclif,
Kaw Régis e Murilo Verde. O ponto alto foi a abertura do show da banda Barão Vermelho, no Circo
Voador do Rio de Janeiro que rendeu uma boa exposição para a Decalco, além de elogios do então
vocalista Cazuza. 17
Burn foi um dos principais nomes do metal catarinense nos anos 1980. Criada em São José (região
metropolitana de Florianópolis) pelos irmãos Márcio Silva e Vitor Celso, o Burn ficou famoso pelos
efeitos de iluminação utilizados, os instrumentos feitos manualmente, e por ser uma das primeiras bandas
desse gênero musical na região. 18
Para saber mais sobre estas e outras bandas de rock de Florianópolis, ver: MOTA, Rodrigo de Souza.
Rock dos anos 1980, prefixo 48: um crime perfeito? Dissertação (mestrado em História). Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). 2009, 180 p. 19
Osias, op cit.
11
Conseguimos observar um distanciamento, nas narrativas colocadas, entre os
ilhéus e os continentais em Florianópolis. Relembrando, Osias é morador de Biguaçu,
região metropolitana da capital e distante, aproximadamente, 20km do Centro. Nos anos
1980, poderia ser apontando como um headbanger20
, por conta de suas falas aqui
elencadas, e também pelo seu gosto musical, que passa por bandas de heavy metal como
Exodus, Venom e Iron Maiden. Aprofundando nessa diferenciação, podemos enxergar
um distanciamento não somente pela localização geográfica, mas também pelo estilo
musical ouvido e executado nesses locais: aqueles que moravam na Ilha eram
relacionados ao new wave, seja pelas músicas das bandas que se ali se situavam, ou
pelos locais que as tocavam; em um contraste estético e técnico muito grande para com
o metal, por exemplo, era encontrava reverberação na região continental.
Desta forma, temos a marginalização e a rebeldia como elementos centrais na
constituição das identificações desses jovens citados anteriormente. Aqueles que
estiveram no show da banda Cólera sofreram com os olhares tortos dos donos do local
e, também, com a investida da polícia, assim como os cabeludos das bandas de heavy
metal da região continental e metropolitana de Florianópolis. A diferenciação com o
restante da sociedade é uma forma de constituição de identificações para esses jovens,
que buscavam na chave da diferença com os new waves ilhéus sua própria forma de se
enxergar como sujeito. Como Costa, Tornero e Tropea apontam
De alguna manera, se sienten minusvalorados o desplazados por el sistema –
la escuela, la familia, los adultos, etc. – y quieren conducirse de un modo que
expresa que se resisten a ese desplazamiento. De esta manera, cuando se
visten, se adornan o se comportan siguiendo ritos, ritmos y costumbres que
no pertenecen a la normalidad adulta, están manifestando su rebeldía y
buscando, a través de ellas, la construcción de una nueva identidad y de una
nueva reputación (COSTA, TORNERO, TROPEA, 1996, p.13)21
.
Lançando questionamentos sobre as afirmações anteriores, uma delas chama a
atenção: o fato de remeter um gênero musical a sexualidade. Condicionando o new wave
a homossexualidade, podemos compreender um fator que estigmatizava o gênero e,
principalmente, a sexualidade, colocando esse fator como um distanciamento entre esses
20
Headbanger é a denominação utilizada para a cultura de fãs de heavy metal e suas variações, fazendo
menção a forma de “dança” desse estilo musical. 21
“De alguma forma, eles se sentem subestimados ou desprezados pelo sistema – a escola, a família, os
adultos, etc. - e querem se comportar de uma maneira que expressa que eles resistem a esse deslocamento.
Desta forma, quando se vestem, se adornam ou se comportam seguindo ritos, ritmos e costumes que não
pertencem à normalidade adulta, estão manifestando sua rebeldia e buscando, através delas, a construção
de uma nova identidade e uma nova reputação” (Tradução livre feita pelo autor).
12
sujeitos. Quem morava na Ilha, então, era o playboy, que escutava new wave e, por
conta disso, homossexual; enquanto os continentais eram pobres, que ouviam heavy
metal, e eram heterossexuais. Mesmo com características transgressoras para a
sociedade, através de suas roupas, cabelos e atitudes, resguardam alguns de seus
aspectos normativos, especialmente aqueles calcados na esfera da sexualidade. Com um
discurso pejorativo sobre a homossexualidade, a hierarquizam negativamente com
relação a heterossexualidade, resultando em lugares-comuns, com visões esteriotipadas
e preconceituosas22
. Com isso, condicionam uma prática musical a sexualidade para
colocá-la em detrimento de outras.
Considerações finais
Era música ridícula dos anos 80, Menudos né. Aí... a gente, roqueiro, fazia
piada né. Ao The Cure, né, aquela música Boys Don’t Cry, fazia uma piada
daquilo ali. Até, deixa eu lembra, tinha uma... É, nós tínhamos um ataque ao
Boys Don’t Cry, né, e nós tínhamos uma piada com o The Menudos né.
‘Dança sem parar’, é ridículo23
.
Uma das afirmações que Osias colocava se mostra interessante. “A gente,
roqueiro, fazia piada”. A piada, nesse caso, era com os Menudos, e também com The
Cure e o new wave, e quem dava risada desses estilos eram os “verdadeiros roqueiros”,
na sua visão. Se diferenciar dessas músicas era essencial na construção da identificação
como headbanger: um acordo tácito, extremamente visível em diversos momentos. Ao
escutar heavy metal, automaticamente, excluiria toda uma sorte de outros estilos.
Podemos compreender as vicissitudes da juventude ligada ao rock, na Florianópolis dos
anos 1980, através desses olhares. A música, ligada ao espaço, podem dar indícios
importantes sobre as diferenças entre os grupos, compreendendo a juventude como uma
categoria heterogênea.
No que diz respeito a esse trabalho, enxergamos diversas diferenças entre ilha e
continente. Paulo Carreirão, empresário e dono de um restaurante de comina natural no
centro da cidade nos anos 1980, deixa isso bem claro, ao falar para seu irmão que ele
“não vai ao Estreito faz 20 anos”, ou que “é mais fácil a gente ir pros Ingleses do que
22
Para ver mais: QUEIROZ, Igor Henrique de Lopes. As sexualidades desviantes nas páginas do
jornal Diário Catarinense (1986-2006). Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal de
Santa Catarina, 2014, 262p. 23
Osias, op cit.
13
pra Coqueiros”24
, colocando que, mesmo Estreito e Coqueiros serem bairros da região
continental de Florianópolis e próximos a região central, não eram lugares que
frequentavam. Pelo contrário, se deslocavam, em alguns momentos, ao bairro dos
Ingleses, na região norte da Ilha e a aproximadamente 39 quilômetros de distância do
centro da cidade.
As particularidades na relação entre os habitantes da ilha e do continente são
inúmeras. A tentativa, nessa poucas páginas, é de realizar um estudo inicial sobre elas,
calcada no rock e nas juventudes de Flórianópolis dos anos 1980. Para isso,
caminhamos por questões de classe, moradia, espoliação urbana, direito a cidade,
sexualidade e música: aspectos que podem dar um caldo interessante para a análise
desses distanciamentos, espaciais, temporais e comportamentais. Em uma primeira
análise, conseguimos entender a reverberação de gêneros próximos ao heavy metal nas
regiões periféricas da capital catarinense, conectando os pontos anteriores, tecendo uma
narrativa que dialogue com essa afirmação. Entretanto, essa é apenas uma primeira
análise sobre esse objeto, que dá conta de um caminho a ser percorrido.
A cultura urbana florianopolitana pode ser entendida através de um olhar sobre
os sujeitos e locais de rock que nela existiam. Analisar essas disputas e negociações
entre os jovens da cidade envolve compreender a questão das suas identificações e
formas de se portarem na urbe. As visões construídas sobre Florianópolis por aqueles
que moravam “do lado de lá da ponte” 25
, assim como os embates entre os nativos e os
migrantes, dão caldo para o emaranhado cultural que a cidade se envolve.
REFERÊNCIAS
COSTA, Pere-Oriol, TORNERO, José Manuel Pérez e TROPEA, Fábio. Tribus
urbanas, el ânsia de identidad juvenil: entre el culto a la imagen y la autoafirmación a
través de la violencia. Barcelona (Espanha): Paidós, 1996, 246 p.
DIAS, Rafael Damaceno. A efêmera chance de encantar o mundo: Florianópolis nas
últimas décadas do século XX. Tese (doutorado em História). Universidade Federal do
Paraná. 2013. 160 p.
FALCÃO, Luis Felipe. Palavras indesejadas: relatos que estorvam a ideia de uma
história única e uniforme (Florianópolis, últimas décadas do século XX). In: X Encontro
24
Paulo Carreirão. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, nov. 2017 25
Uma gíria para referenciar aqueles que moravam na região continental de Florianópolis e municípios da
região metropolitana.
14
Nacional de História Oral – Testemunhos: história e política. 10, 2010, Recife. Anais do
X Encontro Nacional de História Oral. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
2010, p. 1-10.
FROTA, Ana Maria Monte Coelho. Diferentes concepções da infância e adolescência: a
importância da historicidade para sua construção. Estudos e Pesquisas em Psicologia,
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PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude - alguns
contributos. Análise Social, Lisboa, v. 25, n. 2, p.139-165, jan. 1990.
Fontes orais
André Seben. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, set. 2016
Antônio. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, nov. 2017
Osias. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, set. 2017
Paulo Carreirão. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, nov. 2017
Pena. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, ago. 2017
Zeca Carvalho. Entrevista concedida ao autor. Florianópolis, ago. 2017