Sete Projetores (v2, 2012)

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Sete Projetores Edição 1 Primavera de 2012

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Projeto de revista sobre cinema Sete Projetores repaginado e repensado. Ediçao tematica sobre filmes de crime e mafia.

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Editoria lEscrever sobre cinema é uma tarefa complexa. Não é preciso somente conhecimento.

É necessário paixão. Paixão pelos detalhes, pela observação, o que inclui saber criticar quando necessário e elogiar quando se deve.

Essa foi nossa tarefa. Escrever sobre cinema com propriedade, analisando apenas um dos muitos segmentos desse vasto mundo. Para tanto, embarcamos no mundo da máfia e fomos a fundo nessa pesquisa, levando a sério ao máximo nossa missão de passar ao leitor todos os fatos pertinentes acerca desse assunto.

Tivemos a própria protagonista como nossa aliada na busca por alcançar nossa proposta editorial. Corremos atrás dos melhores mafiosos do cinema; procuramos suas histórias, ao mesmo tempo vívidas e cheias de violência, que prometeram (e cumpriram) não deixar ninguém dormir na cadeira do cinema. Além disso, percebemos que esse enredo não se encontra somente nos cinemas, como nos prova Frank Sinatra com sua vida cheia de histórias que imitam os filmes – ou vice-versa.

Nossos mafiosos foram além das nossas expectativas. Com isso, precisávamos de um encaixe para a nossa temática. Assim, como quando um criminoso consegue sua recompensa pelo serviço prestado, alcançamos o ápice ao analisar a obra completa do mais conhecido gângster dos cinemas: O Poderoso Chefão. Ele foi, de fato, um grande chefe ao nortear todos os outros mafiosos envolvidos em nosso curta-metragem, levando-nos a um triunfante desfecho: a finalização de uma produção totalmente nossa.

Com essa bagagem cheia de grandes desafios e personagens, embarcamos nessa superprodução, que é a Revista Sete Projetores, com o objetivo de entreter o leitor e demonstrar o quão grande é o potencial de envolver, surpreender e instigar todos aqueles que sentem-se atraídos pela mágica da telona.

Bruno Benaduce Emanuelli MelloLi nguagem Cinematográfica em O Poderoso Chefão2

Maurício de Souza FanfaA gangue Barrow abre as portas da próxima sessão8

Israel Henrique OrlandiFrank Si natra ou John Baron?12

Maiara Sandielly LimaAs mel hores máfias do ci nema13

Inari Jardani Fraton

Revista Sete Projetores Edição 1 Primavera de 2012

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4 divulgação; Paramount Pictures

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Li nguagem Cinematográfica em O Poderoso ChefãoBruno Benaduce Emanuelli Mello

“The Godfather” teve a direção do americano Francis Ford Cappola (Detroit, 7 de Abril de 1939) e contou com o orçamento inicial de cerca de US$2,5 milhões, sendo gravado pela produtora Paramount Pictures, em 1971 e tendo sua estreia mundial em 1972.

O filme é uma adaptação do romance do escritor estadunidense Mario Puzo (15 de outubro de 1920 – 2 de julho de 1999) que estava em franca ascensão quando o drama foi gravado e tem cerca de 175 minutos de duração.

Neste filme presenciamos a trajetória de Michael Corleone (Al Pacino), visto como um herói de guerra pela sua família mafiosa, que controla os negócios ilegais de Nova York nos anos de 1940 e 1950.

Esta é comandada por Don Vito Corleone ou “Padrinho” (Marlon Brando), pai de Michael e um dos mafiosos mais respeitados de NY.

PLANO GERAL ABERTO

Este plano pode ser claramente exemplificado através do filme no momento em que Michael Corleone (Mike) vai até o local no qual combina um encontro com o possível mandante da tentativa de assassinato de seu pai.

É mostrado em PGA o restaurante em que há o encontro durante mão mais que alguns segundos, de forma que o espectador se sinta habituado com o local para somente então dar continuidade à cena.

Coppola utiliza deste plano para habituar o espectador com o ambiente, tornando mais fácil o entendimento do que acontecerá nas cenas seguintes sem nenhum esforço em relação ao espaço.

Após a conversa dos dois (feita em PP, exemplificado abaixo) é novamente mostrado o restaurante em PGA, antes de Mike ir ao banheiro, reforçando a noção de espaço em relação aos atores para os telespectadores.

Planos Cinematográficos

As escolhas dos planos não são feitas de maneira aleatória, há toda uma lógica de cena que o diretor quer passar, trabalhando juntamente do diretor de fotografia, escolhem qual a melhor maneira de expressar para o público o que querem.

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CLOSE

Mostra o rosto inteiro do personagem, do ombro para cima, definindo a carga dramática do ator. O enquadramento de maior percepção dos telespectadores é utilizado sempre afim de “marcar” algo importante ao longo da narrativa do filme.

Na cena em que Mike revela a seus irmãos o seu plano parar matar Sollozo, ele é mostrado em plano inteiro e aos poucos a câmera vai fechando no seu rosto, caracterizando o close.

PLANO PRÓXIMO

Também conhecido como primeiro plano, enquadra o(s) personagem(s) do busto para cima, evidenciando o ator e mostrando assim suas características, intenções e atitudes.

Temos come exemplo também a cena do encontro entre Mike e Sollozo. Após a apresentação do local onde a cena ocorrerá, Coppola utiliza o PP para prender o telespectador à conversa entre os dois e suas expressões faciais.

Durante a conversa podemos notar além da face dos atores, parte de seu corpo, tornando dramática a cena, pois sabemos que irá acontecer um assassinato, porém não conseguimos ver a mão dos envolvidos, somente seus rostos.

DETALHE

Este mostra partes do corpo em extremo detalhes, como boca, mãos, etc. Notamos no momento logo após a revelação do plano citado acima, em que é mostrado à arma na qual Mike utilizará para o assassinato.

Mesmo esta não tendo expressões, cria-se um drama que nos leva a pensar como será o assassinato que será feita por aquele objeto em destaque.

Cores

As cores não se fazem muito perceptíveis, reforçando o “clima sério” que uma família mafiosa apresenta (suponho, pois nunca conheci um mafioso). A luz é utilizada genialmente por Goton Willis (diretor de fotografia), dando o toque mais que perfeito para a tensão.

Willis utilizou a iluminação de baixo para cima sombreando a região dos olhos dos mafiosos, fazendo-os ainda mais misteriosos. São raros os momentos em que a luz aparece como nas cenas do casamento da filha de Don Vito e as em que Michael está na Sicília. Notamos que nas cenas iniciais do

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filme a escuridão e o tom dourado tomam conta do escrito do “Padrinho” e nas cenas do casamento, a luz do sol.

Há uma brilhante jogada de Willis quando intercala o escritório do padrinho, com poucas luzes, criando uma tensão sem igual ao telespectador e o casamento, que conta com iluminação do sol e algumas cores que somente aparecem nesta parte nos vestidos das convidadas. Então, através da luz podemos ir da calmaria que o casamento passa até o misterioso Don Corleone e seu escritório “assombrado”.

Outra bela jogada de fotografia foi o fato de que quando Michael chega ao casamento de sua irmã, ele está com roupas de condecorados sobreviventes de guerra, destacando-se dos demais homens presentes na festa.

Porém, após a tentativa de assassinato de seu pai vai se tornando agressivo, juntamente com a fotografia e seu figurino que passa de um herói de guerra para o vestuário tradicional de gangster, assim como seu rosto, que antes era nítido, vai aos poucos ficando “sombrio” e modelando aos poucos a mudança de “caráter” do personagem.

Devido a estas características, a fotografia de “The Godfather” se transformou na principal referência para todos os filmes de máfias.

Tempos

É importante entendermos que uma das coisas mais importantes de um filme é conseguir alternar noites e dias. Não são necessárias legendas para que possamos perceber estas, mas sim pequenos “macetes” que são assimilados pelos telespectadores de maneira natural.

Coppola os utiliza, como por exemplo, nas cenas iniciais do filme, onde a família, assim como os demais convidados se encontram vestidos de acordo com uma temperatura “agradável”, homens de terno e mulheres de vestidos. Até aí não temos noção exata de que mês está acontecendo o filme, mas já sabemos que não é no inverno e que se passa por volta da década de 60, devido aos trajes e aos carros que as pessoas utilizam.

Outra maneira de localização através do tempo é que pela conversa entre Don Vito e seu filho adotivo Tom. Estes conversam sobre a vinda de Johnny, cantor e sobrinho do “Padrinho” que veio diretamente da Califórnia para o casamento. Jhonny está com problemas e o “Padrinho” diz que vai o ajudar mandando Tom, à noite, para Califórnia.

Após a cena da valsa do casamento, Tom aparece dentro de um estúdio, fazendo com que assim entendamos de maneira subjetiva que outro dia se passa, pois ele já está na Califórnia.

O passeio de Mike com a esposa, em NY, durante o Natal é outro exemplo. Podemos perceber, além das vestimentas de inverno, o clima que está nevando e a própria data comemorativa que representa o mês de dezembro e o inverno americano.

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Por fim, as duas maneiras de passagem do tempo utilizadas por Coppola que são mais perceptíveis para o telespectador são:

1. Após o assassinato do restaurante (citado acima) aparecem inúmeros jornais com títulos como “Polícia procura assassino de policial”, “Capitão da polícia envolvido com drogas”, “Barzini é interrogado devido à disputa entre famílias”, “Assassinato de gangster”, Terceiro mês de violência entre gangsteres” e “Poderoso Chefão do crime organizado, Vito Corleone, volta para casa”. Nestes casos notamos claramente, através dos jornais, que se passaram no mínimo três meses após o acontecimento, de acordo com a chamada do penúltimo jornal mostrado e também pelo fato de Vito ter recebido alta do hospital.

2. Após Mike cometer o assassinato, vai para a Sicília, na Itália, onde conhece uma garota por quem se apaixona. É mostrado de maneira muito rápida o relacionamento dos dois, em apenas algumas cenas notamos que Michael vai até a casa da moça, se apresenta à família desta e logo após aparecem na cerimônia de casamento deles mesmos.

Trilha Sonora

Na cena do casamento, como na fotografia, apresentam-se trocas brutas de trilhas quando Coppola intercala casório e o escritório. Para o primeiro há diversas canções alegres, já para o segundo, não há música (perceptível), somente o silêncio que de acordo com MARTIN (2007), “é capaz de sublinhar com força a tensão dramática de um momento”. Nesta cena somente o silêncio e o som das falas se fazem presentes, criando a tensão citada por Martin.

Mas entre os diversos sons e trilhas presentes no filme, nenhum é mais notável do que a trilha principal e de abertura do filme. Como citado anteriormente, ela abre o filme e já nos passa a sensação do poder que Don Vito e sua família representam.

Também podemos notar a trilha principal numa das cenas mais marcantes do filme e do cinema mundial: a cabeça de cavalo na cama. Quando o suposto mafioso e diretor de cinema nega a atuação do sobrinho de Don Vito no filme, logo pela manhã é encontrada a cabeça de um de seus cavalos que custam em torno de 600 mil dólares.

Ao mesmo tempo em que o diretor vai descobrindo o sangue em seus lençóis, a trilha vai aparecendo suavemente ao fundo, até que quando a encontra, a trilha fica evidente e nos causando a sensação, desta vez mais do que evidente, que Don Corleone é sua família mafiosa são “os caras”.

Já para a cena em que tentam assassinar Don Vito na fruteira, quando ele diz a seu subordinado que irá comprar algumas frutas, a música ao fundo é suave, tranquila, remetendo a ideia de que Corleone, apesar de ser um dos mais bem sucedidos e perigosos mafiosos, também é uma pessoa normal, que faz compras e aprecia frutas.

Porém após seus “inimigos” dispararem diversas vezes contra ele, a trilha principal volta novamente fazendo com que nós “pisemos” novamente no chão e entendamos que a realidade de Corleone é a máfia.

Finalizando esta parte de trilhas, aproveitarei e falarei sobre o encerramento do filme e a importância em que a trilha é empregada. Após sua esposa questionar se Michael realmente tinha se tornado um “membro” da família e este negar, a trilha principal ressurge e ao mesmo tempo é mostrada a imagem de Mike tendo sua mão beijada, como faziam quando Don Vito era o Don Corleone da família.

Fica claro através da imagem que Mike se tornou o sucessor de seu pai, porém com o emprego da trilha há o que alguns chamam de “clímax” do cinema, fazendo nos remeter a tudo o que Don Vito representava, seu poder, honra, etc e que agora será vivido por Mike.

A trilha ilustra a imagem e vice-versa.

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Devido a todas as técnicas utilizadas no filme – algumas citadas no presente artigo – e suas atuações magistrais, concluo que esta é uma das grandes obras, se não a maior do cinema.

Sua fotografia é belíssima e como citada acima foi a pioneira em filmes de máfia e servem como modelo padrão para todos os filmes de máfia atuais.

As técnicas de passagem do tempo são esplendorosas e sutis, sendo absorvidas naturalmente pelos telespectadores. Em nenhum momento ficamos “por fora” do que está acontecendo e onde.

A trilha sonora é impecável, sendo considerada por mim a mais marcante de todo o cinema.

Elas não acompanham o filme ou o filme acompanha elas, mas sim as duas se fazem necessárias para que se tenha uma perfeita harmonia, tornando assim o “andar” do filme excepcional, levando em conta que devido a sua longa duração não ficamos cansados de acompanhar a trama.

Por fim, entendemos que o filme não se trata de Don Corleone e sim de Mike, que se submete a trocar todos os seus princípios por amor, sim, amor.

Alguns podem pensar que o amor é o maior clichê cinematográfico, porém o que levaria Michael a trocar sua honra militar pela família?

O amor, pelo pai e pela família. [x]9

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10 divulgação; Warner Bros

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A gangue Barrow abre as portas da próxima sessãoMaurício de Souza Fanfa

Clyde Barrow, interpretado por Warren Beatty, veste trajes formais e um chapéu branco durante a grande crise nos Estados Unidos, tentando sobreviver de forma marginal à sociedade, roubando um carro. Uma entediada e seminua Bonnie Parker, por Faye Dunaway, esgueira-se até a janela, “Ei, rapaz! O que quer mexendo no carro de minha mãe?”. Não muito tempo depois disso, estão os dois na cidade. Clyde masca um palito de fósforos e eles bebem garrafas de refrigerante. Bonnie desafia Clyde enquanto toca quase sensualmente em seu revólver, ele rouba um pequeno mercado e logo eles estão beijando-se em alta velocidade em um carro roubado.

Na realidade, Bonnie Parker e Clyde Barrow formavam um famoso casal de foras-da-lei que viajou pela região central dos Estados Unidos roubando bancos, lojas e matando pessoas. Com o ego vitaminado pela mídia sensacionalista da época, o casal e sua gangue (que incluía outros familiares e colegas) tornaram-se rapidamente foragidos famosos, inimigos públicos. A versão do primeiro encontro mais aceita pelos historiadores é de que, no ano de 1930, Bonnie Parker apaixona-se por Clyde Barrow quando encontra-o na casa de uma amiga em comum. Apesar de não sobreviverem aos anos 30, a história da gangue seguiu no imaginário e cultura popular americana, e chegaram glamourizados às telas do cinema, por Arthur Penn, através dos esforços do próprio Warren Beatty, ator que interpreta Clyde.

Robert Benton crescera no Texas, terra onde Bonnie e Clyde, agora nos anos 50, eram heróis populares, personagens. Benton e David Newman, por volta de 1963, eram fãs aficionados de Truffaut, encontraram um livro chamado Os Tempos de Dillinger, que contava as aventuras da gangue Barrow, e decidiram escrever um roteiro sobre os bandidos. Mandaram-no mais tarde, sem pensar duas vezes, ao mentor Truffaut, que os enrolou enquanto pôde e acabou largando o roteiro nas mãos de Warren Beatty, ator bonitão de Hollywood, que devorou o roteiro em minutos em decidiu produzi-lo.

Na década de 1960, o gênero gângster era considerado um gênero morto. Todos os hoje considerados grandes clássicos viriam depois nas mãos de Francis Ford Coppola e Martin Scorsese, mandando para o fundo das prateleiras dos filmes como Scarface – A Vergonha de uma Nação (1932) e Inimigo Público (1931), com filmes como O Poderoso Chefão e Os Bons Companheiros. Foi Bonnie & Clyde que mudou os trilhos desse gênero, abrindo caminho para os novos clássicos.

Beatty e o roteiro de Benton e Newman foram rejeitados por vários diretores até ser aceito por Arthur Penn, um diretor quase falido responsável por fracassos financeiros como Mickey One, filme

11domínio público;

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em oposição à violência que até então os tinha marcado.

Bonnie & Clyde iria estreiar em 1967, na pior data possível em uma sessão modesta num cinema drive-in do Texas, fadado ao fracasso depois do pessoal do estúdio assistir com deboche os primeiros cortes da película. Mickey One, parceria anterior entre Beatty e Penn, havia feito um pequeno sucesso no Canadá, então, o melhor que conseguiram para este filme, era uma pré-estreia no Festival de Montreal: o público aplaudiu em pé.

O sucesso de um filme dependia fortemente dos críticos e, nos Estados Unidos, os jornais e revistas ridicularizaram com a produção. Como se Bonnie & Clyde tivesse sido sabotado por uma mídia assustada pelo novo cinema. Por outro lado, em Londres, o filme foi um sucesso e, em dezembro, a revista Time publicou uma matéria chamada “O Novo Cinema: Violência... Sexo... Arte...”, na capa Bonnie & Clyde, considerado o melhor filme do ano e um marco na história do cinema.

O filme foi relançado em 25 cinemas e até fevereiro estava em 340 cinemas, rendendo dez vezes mais que a primeira estreia. No Oscar de

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que trouxe má fama também a Beatty. Ambos levaram o projeto a Jack Warner, um dos fundadores da Warner Bros.

Warren Beatty prometeu a Jack Warner que faria o filme com pouco mais de um milhão e meio - o filme acabou custando dois milhões e meio. Reza a lenda que Beatty teria beijado os sapatos de Warner, que negou produzir mais uma maluquice dele e Arthur Penn. Warner cedeu, mais tarde, com um acordo que parecia razoável. Beatty e Penn (entusiasmados pela rejeição de Warner ao roteiro) acabaram contratando Robert Towne, conhecido pelo trabalho com redação de diálogos em roteiros de televisão, para pincelar o roteiro e consertar certas falhas do enredo.

Towne mudou a ordem de diversas cenas e fez uma contribuição chave: tanto Beatty quanto Penn tinha problemas com o ménage à trois entre Bonnie, Clyde e outro homem. “Não vou fazer papel de veado”, dizia Beatty, porém, o problema sexual do personagem era um ponto chave do script. Os roteiristas aceitaram fazer mudanças e o personagem de Clyde tornou-se impotente, agora o grande trunfo e ponto alto do roteiro era a cena em que Clyde conseguia fazer amor com Bonnie,

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1968, Bonnie & Clyde teve dez indicações, deixando a equipe certa de que sairiam vencedores. Levaram apenas duas estatuetas: melhor atriz coadjuvante e melhor fotografia. O que não faria a menor diferença. Bonnie & Clyde consolidou-se como aquilo que a Time havia previsto, um marco. O novo cinema realmente era real, estava ali, e foi possível graças à saliva de Beatty nos pés de Jack Warner, passando por Benton, Newman, Truffaut, Penn, Towne, Dunaway...

A história de Bonnie Parker e Clyde Barrow, depois de meia dúzia de assaltos a bancos e dezenas de pequenas lojas e postos de gasolina, correndo os Estados Unidos em um Ford V8, faziam sucesso entre as manchetes de jornais e geravam glamour no cinema, como a própria Bonnie deve ter sonhado ao comparar a gangue Barrow a Jesse James. Bonnie & Clyde era uma afronta aos costumes que o cinema havia tão calmamente adotado e dava uma sacudida em Hollywood: dali para frente, apenas os

novos mestres manter-se-iam em pé. [x]

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Frank Si natra ou John Baron?Israel Henrique Orlandi

Na década de 20 até a década de 30, os Estados Unidos passavam por uma mudança drástica em suas leis, proibindo o comércio e circulação de bebidas alcoólicas em todo país. Justamente nesse período, uma família, dona de um bar na cidade de New Jersey, sentia que precisava contornar a situação, nem que fosse necessário o “auxílio” de atravessadores de bebidas, ou, mais comumente chamados, mafiosos.

Francesco Sinatra (avô de Frank Sinatra), era o principal elo entre o bar e as encomendas ilícitas. Lucky Luciano, como era chamado entre os comparsas de crime, é relatado como o criador da máfia moderna. Frank Sinatra conviveu, e se beneficiou da relação com seu avô e com os mafiosos, chegando a trabalhar discretamente a serviço deles. Em uma destas ocasiões, Sinatra

levou até Nova York uma maleta com 3,5 milhões de U$D em notas de 50, transporte executado em nome da máfia, segundo o comediante Jerry Lewis, seu amigo íntimo. Mas qual seria a intenção de Frank Sinatra em ajudar a máfia?

No livro de sua biografia Sinatra: The Life, Anthony Summers diz que, em diversas ocasiões no início de sua carreira na banda Tommy Dorsey, os italianos da máfia investiram muito dinheiro para alavancar e ampliar o número de shows pelo país. Até mesmo a influência de sua saída da banda, para iniciar sua carreira solo, foi por conta da relação intíma com os fãs-criminosos. Há uma relação de cumplicidade e, ao mesmo, tempo de admiração nessa conturbada e fantástica história de Sinatra.

Como se não fosse suficiente ter a máfia em sua vida real, o cantor atuou em um filme de 1954 Meu Oficio é Matar de Lewis Allen, no qual Sinatra extravasa sua vontade criminosa e faz o papel de um mafioso chamado John Baron, que busca matar o presidente de seu país. Como tudo o que Frank fazia era bem feito e tinha grande repercussão, acredita-se que seu amigo da vida real e mafioso, Lee Harvey Oswald, teria assistido ao filme e se inspirado, o levando a apertar o gatilho contra a vida de John Kennedy.

A arte e a vida real acabam se cruzando na história deste talentoso e ímpar cantor, contudo há uma pergunta pertinente: seria Frank Sinatra o John

Baron da vida real? [x]

divulgação; Libra Productions

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domínio público;

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As mel hores máfias do ci nemaContrabando, assaltos, jogos e apostas ilegais,

prostituição, tráfico de drogas, assassinatos, traições, compra de autoridades. Ao longo do século XX essas ações caracterizavam as organizações criminosas denominadas Máfias. Suas atividades influenciavam diretamente na vida civil e política das cidades onde comandavam.

As máfias mais conhecidas do mundo são a Italiana, a Russa, Americana, Japonesa e a Chinesa. Os mais poderosos mafiosos tiveram suas histórias imortalizadas em filmes e crônicas, onde são contadas vida e morte de cada um, seus crimes, influências e marcas.

Conheça agora os melhores filmes sobre máfia, os mafiosos do cinema mais conhecidos de todos os tempos e os atores que os interpretaram.

Maiara Sandielly Lima

O Poderoso Chefão (1972)

Marlon Brando foi o protagonista Don Vito Corleone nesse clássico de 1972. Corleone é o chefe de uma família mafiosa italiana de Nova York. O filme é dirigido por Francis Ford Coppola e lucrou, só em bilheterias, cerca de 490 milhões de reais.

Scarface (1983)

Al Pacino interpretou o criminoso cubano Tony Montana no ano de 1983. O filme conta a história de um exilado cubano em Miami, nos Estados Unidos Tony se alia a máfia ítalo-americana, tornando-se, com o tempo, o chefe do tráfico de drogas na Miami dos anos 70, ganhando cada vez mais dinheiro e poder. O filme foi dirigido por Brian de Palma.

divulgação; Paramount Pictures

divulgação; Universal Pictures

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Os Bons Companheiros (1990)

A história de Henry Hill (Ray Liotta), um garoto do Brooklyn que sempre sonhou em ser gangster, é contada nesse filme baseado em fatos reais e dirigido por Martin Scorsese.

No filme, Henry Hill se torna protegido de James “Jimmy” Conway (Robert De Niro) e Tommy DeVito (Joe Pesci), dois grandes mafiosos da época, começando sua carreira criminosa com 11 anos de idade. Criado como filho por James, Henry comete golpes cada vez maiores, casa-se com Karen Hill (Loraine Bracco), conquista prestígio e poder com grandes roubos e tráfico de drogas.

O Poderoso Chefão II (1974)

Na segunda parte do filme, Robert de Niro interpreta o jovem Vito Corleone. Após a máfia local matar sua família, ele foge de sua cidade em Sicília, na Itália, e vai para os Estados Unidos, onde constrói um império através da máfia.

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divulgação; Paramount Pictures divulgação; Warner Bros

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Os Infiltrados (2006)

O jovem Billy Costigan (Leonardo DiCaprio) é infiltrado pela polícia na organização mafiosa do irlandês Frank Costello (Jack Nicholson), conquistando rapidamente a confiança dos criminosos. Ao mesmo tempo, Collin Sulivan (Matt Damon) é infiltrado na polícia como informante de Costello, também com rápida ascensão. Sem saber a identidade um do outro, os dois passam a se incomodar com a dupla jornada de trabalho que levam, tendo a obrigação de obter informações para quem trabalham. Quando as duas organizações descobrem que há entre eles um traidor, os dois passam a correr risco e tentam salvar a própria pele. O filme dirigido por Martin Scorsese é uma regravação do filme ‘Conflitos Internos’ (2002), de Hong Kong.

Os Intocáveis (1987)

O filme conta a história do agente federal Eliot (Kevin Costner) em uma caçada ao maior mafioso de todos os tempos, Al Capone, interpretado por Robert de Niro. Eliot logo percebe que sua tarefa não será nada fácil, pois o mafioso comanda todas as forças policiais. Com a ajuda de Jimmy Malone (Sean Connery), Oscar Wallace (Charles Martin Smith) e George Stone (Andy Garcia), formam um quarteto intocável pela corrupção, que tenta acabar com o poder de Al Capone.

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divulgação; Paramount Pictures divulgação; Warner Bros

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ExpedienteProjeto

Redação

Revisão

Bruno MelloInari FratonIsrael OrlandiMaiara LimaMarina MachiavelliMaurício Fanfa

Inari Fraton

Bruno MelloIsrael OrlandiMaiara LimaMaurício Fanfa

O Poderoso Chefão (The Godfather) 1972 Francis Ford Coppola, Paramount Pictures | Bonnie & Clyde Uma Rajada de Balas (Bonnie & Clyde) 1964 Arthur Penn, Warner Bros | Meu Ofício é Matar (Suddenly) 1954 Lewis Allen, Libra Productions | O Poderoso Chefão II (The Godfather: Part II) 1974 Francis Ford Coppola, Paramount Pictures | Os Bons Companheiros (The Goodfellas) 1990 Martin Scorsese, Warner Bros | Os Intocáveis (The Untouchables) 1987 Brian De Palma, Paramount Pictures | Os Infiltrados (The Departed) 2006 Martin Scorsese, Warner Bros.

“Eu queria ter o conhecimento sobre filmes que ele tem. Ele é como uma enciclopédia. Eu poderia ligar para ele e perguntar sobre um certo filme, e ele saberia sobre ele. Ele assistiu tudo, é ótimo.”

Robert De Niro sobre Scorsese

“E até hoje eu ainda não encontrei ninguém que possa me surpreender na tela do jeito que ele o faz. Não me vem a cabeça nenhum ator capaz de fornecer tanta energia e emoção.”

Martin Scorsese sobre De Niro

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