SET 12 - salasaopaulo.art.br

1
SET 12 12.9 domingo 18H concerto digital CORO DA OSESP WILLIAM COELHO REGENTE FRANCIS POULENC [1899-1963] Huit Chansons Françaises [Oito Canções Francesas] [1945-46] MARGOTON VA T’A L’IAU [MARGOTON VAI COM SUA JARRA] LA BELLE SE SIED AU PIED DE LA TOUR [A BELA AOS PÉS DA TORRE VAI SE PÔR] PILONS L’ORGE [SOQUE A CEVADA] CLIC, CLAC, DANSEZ SABOTS [CLIC, CLAC, DANÇAM OS TAMANCOS] C’EST LA PETIT’ FILL’ DU PRINCE [É A PEQUENA FILHA DO PRÍNCIPE] LA BELLE SI NOUS ÉTIONS [OH BELA, SE NÓS ESTIVÉSSEMOS] AH! MON BEAU LABOUREUR [AH, MEU BELO LAVRADOR] LES TISSERANDS [OS TECELÕES] 20 MIN LILI BOULANGER [1893-1918] Renouveau [Primavera] [1911] [SOBRE TEXTO DE ARMAND SILVESTRE (1837-1901)] 7 MIN EDWARD ELGAR [1857-1934] From the Bavarian Highlands, Op. 27 [Das Terras Altas da Bavária, Op. 27] [1895] [TEXTO DE CAROLINE ALICE ELGAR, NÉE ROBERTS] THE DANCE [A DANÇA] FALSE LOVE [FALSO AMOR] LULLABY [CANÇÃO DE NINAR] ASPIRATION [DESEJO] ON THE ALM [NOS ALPES] THE MARKSMEN [OS ATIRADORES] 26 MIN FUNDAÇÃO OSESP PRESIDENTE DE HONRA FERNANDO HENRIQUE CARDOSO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO PRESIDENTE PEDRO PULLEN PARENTE VICE-PRESIDENTE STEFANO BRIDELLI CONSELHEIROS ANA CARLA ABRÃO CÉLIA PARNES ENEIDA MONACO HELIO MATTAR JAYME GARFINKEL LUIZ LARA MARCELO KAYATH MARIO ENGLER MÔNICA WALDVOGEL PAULO CEZAR ARAGÃO PÉRSIO ARIDA SERGIO SUCHODOLSKI TATYANA VASCONCELOS ARAUJO DE FREITAS DIRETOR EXECUTIVO MARCELO LOPES DIRETOR ARTÍSTICO ARTHUR NESTROVSKI SUPERINTENDENTE FAUSTO A. MARCUCCI ARRUDA GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO GOVERNADOR JOÃO DORIA VICE-GOVERNADOR RODRIGO GARCIA SECRETARIA DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETÁRIO SERGIO SÁ LEITÃO SECRETÁRIA EXECUTIVA CLÁUDIA PEDROZO TEMPORADA OSESP 2021 CORO DA OSESP CORO DA OSESP Criado em 1994 e reconhecido hoje como referência em música vocal no Brasil, o grupo aborda diferentes períodos e estilos, com ênfase nos séculos XX e XXI e na obra de compositores brasileiros. Gravou CDs pelo Selo Osesp Digital, Biscoito Fino e Naxos. Entre 1995 e 2015, teve Naomi Munakata como Coordenadora e Regente. De 2017 a 2019, a italiana Valentina Peleggi assumiu a regência do Coro, tendo William Coelho como Maestro Preparador – cargo no qual ele continua na Temporada 2020-2021. Em 2020, o Coro se apresentou no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), sob regência de Marin Alsop, Regente de Honra da Osesp. WILLIAM COELHO regente Regente Preparador do Coro da Osesp, é doutorando em Musicologia e bacharel em Regência pela USP. Foi professor de Regência na Universidade Federal de Juiz de Fora e é professor de Canto Coral na UNESP, de Regência na pós-graduação da Faculdade Paulista de Artes e professor convidado da Academia da Osesp. É Regente Titular da Eos Música Antiga USP e regente convidado das Orquestras Sinfônicas da USP e de Piracicaba. Foi finalista do Prêmio Jovem Talento 2019 da Revista Concerto e em 2020 regeu o Coro da Osesp no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça. MINISTÉRIO DO TURISMO, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, POR MEIO DA SECRETARIA DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA, FUNDAÇÃO OSESP, AB CONCESSÕES E ENEL APRESENTAM osesp.art.br salasaopaulo.art.br fundacao-osesp.art.br /osesp /osesp_ /osesp /videososesp CORO DA OSESP MAESTRO PREPARADOR WILLIAM COELHO SOPRANOS ANNA CAROLINA MOURA ELIANE CHAGAS ÉRIKA MUNIZ JI SOOK CHANG MARINA PEREIRA MAYNARA ARANA CUIN VALQUÍRIA GOMES VIVIANA CASAGRANDI CONTRALTOS / MEZZOS CELY KOZUKI CLARISSA CABRAL CRISTIANE MINCZUK LÉA LACERDA MARIA ANGÉLICA LEUTWILER MARIA RAQUEL GABOARDI MARIANA VALENÇA MÔNICA WEBER BRONZATI PATRÍCIA NACLE VESNA BANKOVIC MONITORA TENORES ERNANI MATHIAS ROSA FÁBIO VIANNA PERES JABEZ LIMA JOCELYN MAROCCOLO LUIZ EDUARDO GUIMARÃES ODORICO RAMOS PAULO CERQUEIRA MONITOR RÚBEN ARAÚJO BAIXOS / BARÍTONOS ALDO DUARTE FERNANDO COUTINHO RAMOS FRANCISCO MEIRA ISRAEL MASCARENHAS JOÃO VITOR LADEIRA LAERCIO RESENDE MOISÉS TÉSSALO SABAH TEIXEIRA MONITOR PIANISTA CORREPETIDOR FERNANDO TOMIMURA Francis Poulenc foi certamente o grande virtuose do Les Six, movimento de compositores apadrinhado por Erik Satie e que teve em Frank Martin e em Poulenc seus maiores expoentes. Auto-didata, ele também foi o mais prolífico do grupo – só de canções, são mais de 150 composições – e destacou-se por recuperar diversas melodias sacras, incorporando-as a uma roupagem essencialmente tonal e afastando-se da corrente composicional dodecafônica e atonal do século XX. Huit Chansons Françaises [ Oito Canções Francesas], apesar de secular e folclórica, também evoca antigas e conhecidas melodias, utilizando por vezes poemas também muito antigos e tradicionais da cultura popular francesa. Nada mais desejado para uma França que, entre 1945 e 1946, quando a obra foi composta, acabava de se livrar da ocupação nazista e desejava se reestruturar não apenas física e socialmente, mas também em sua cultura, emudecida por tanto tempo. Desde o início da ocupação alemã, Poulenc já estava muito envolvido no movimento de resistência e utilizou diversos textos do poeta Paul Éluard em obras célebres como Figure Humaine e Un Soir de Neige. Já essa suíte Oito Canções Francesas é, de fato, uma celebração ao fim da Segunda Guerra Mundial, bem como à cultura tradicionalmente francesa. Todavia, é uma música nova em folha, na qual melodias antigas se revestem do estilo moderno e único de Poulenc, num verdadeiro convite à joie de vivre! As canções se alternam entre estados de espírito antagônicos de melancolia e irreverência – por vezes quase obscena – refletindo o espírito do próprio Poulenc, a quem Claude Rostand, um de seus amigos, costumava nomear: “le moine et le voyou” (o monge e o vadio). Numa França que mesclava a tristeza pela desolação deixada pelos nazistas e o fulgor da liberdade e da reconstrução, não haveria obra que pudesse melhor expressar os sentimentos agora incontidos dos franceses naquelas primeiras manhãs do pós-guerra. Já o estilo madrigalesco e pouco contrapontístico das canções faz nítida referência aos antigos madrigais franceses e ingleses do século XVI, assim como algumas conotações sexuais de duplo sentido (“Poulenc vadio”) que essas obras, por vezes, intencionalmente carregavam. Entretanto, quando essas melodias leves e bem-humoradas se mesclam a um tratamento harmônico moderno, fazem soprar uma atmosfera nacionalista de uma França atemporal, ao mesmo tempo resiliente e vanguardista. Os ingredientes rústicos das melodias originais continuam indubitavelmente presentes – e marcantes – mas, sob o tempero agridoce do idioma moderno da harmonia de Poulenc, criam uma receita que combina, de maneira surpreendente, simplicidade e requinte. A propósito, o desejo de Poulenc em escrever para coro a capella nasceu após ouvir madrigais de Monteverdi sob a também requintada interpretação de Nadia Boulanger. Nadia era então já uma célebre compositora e viria a ser o esteio sobre o qual se ergueu, mesmo que brevemente, um dos maiores fenômenos da composição no início daquele século: Lili Boulanger. Criança prodígio, Marie-Juliette (Lili) nasceu numa família tradicional de músicos e, antes dos 5 anos de idade, já assistia às aulas de composição no Conservatório de Paris junto a sua irmã mais velha, Nadia Boulanger, à época já compositora de certo renome. Lili Boulanger tocava órgão, piano, violino, violoncelo e harpa e, aos 19 anos, se tornou a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome – cobiçado concurso de composição que já havia premiado figuras como Debussy, Florent Schmitt e seu próprio pai, Ernest Boulanger. Herdeira das linguagens quase idiomáticas de Claude Debussy e de Gabriel Fauré, de quem foi aluna, a jovem compositora francesa cultivou um estilo próprio no que diz respeito ao uso da harmonia, evocando a abordagem expandida do discurso harmônico de Richard Wagner. De saúde delicada desde criança, Lili morreu muito jovem, com apenas 24 anos, e deixou uma obra sedutora, repleta de harmonias luxuosamente coloridas, de um discurso narrativo envolvente e trazendo à luz poemas elegantemente desenvolvidos. Em Renouveau, Lili escolhe um poema de Armand Silvestre, destacado poeta parisiense cujos textos foram amplamente utilizados por Fauré. Renouveau (“Renovação”, ou mesmo “Primavera”) traz, como personagem principal, uma Primavera orgulhosa pela renovação que confere a tudo e a todos: desde as cores das flores aos sorrisos que coloca no coração dos mais tristonhos. Após a morte da irmã, Nadia deixa então de compor e se dedica à carreira de professora de composição, tendo por alunos figuras célebres como Aaron Copland, Leonard Bernstein e Astor Piazzolla. Apesar do espaço temporal curto que Lili Boulanger teve para compor, suas obras foram impactantes o suficiente para influenciar diversos compositores, entre eles Arthur Honegger que, assim como Poulenc, fazia parte do prestigioso Les Six. Não fosse a prematura morte de Lili Boulanger, a música francesa seria certamente ainda mais rica e apreciada do que já é. Durante os primeiros anos de vida de Lili Boulanger, o compositor inglês Edward Elgar e sua família passavam algumas temporadas no extremo sul da Baviera, na Alemanha. Nesses momentos de descanso aos pés dos alpes – arranjados por amigos que o compositor viera a retratar posteriormente em suas célebres Variações Enigma – Elgar pôde entrar em contato direto com diversas manifestações culturais dos vilarejos. Entre elas estavam canções e danças folclóricas como as Schnadderhüpfln e as Schuhplatter dança popular que utiliza as mesmas percussões corporais e estampidos dos tamancos presentes em "Clic, Clac, Dansez Sabots" das Chansons Françaises de Poulenc. Alice Elgar, poeta com quem Edward Elgar era casado, escreveu textos que retratavam o que eles haviam ouvido durante suas estadias na Baviera, e o compositor utilizou- os numa suíte de pequenas canções para coro e piano. Cada uma leva o nome do lugar de onde a ouviram: “The Dance” ouvida em Sonnenbichl, “False Love” em Wamberg, “Lullaby” em Hammersbach, “Aspiration” em Sanct Anton, “On the Alm” em Hoch Alp e “The Marksmen” em Murnau. Posteriormente, Elgar publicou outra versão da obra para coro e orquestra e, numa terceira versão, chegou a adaptar três movimentos somente para orquestra (Three Bavarian Dances, Op. 27 ), deixando evidente que, para além dos benefícios financeiros óbvios que cada nova versão trazia, essas canções populares eram muito queridas pelo compositor inglês. Em seu contexto original, tais canções populares como as Gstanzln (“estrofes”) são normalmente improvisadas por vozes masculinas por horas a fio e contém textos bem- humorados e até provocativos, muitas vezes zombando de autoridades como o Estado, imperadores, a Igreja e os proprietários das terras nas quais esses homens trabalham. Assim, como na música pós-guerra de Poulenc, aqui podemos notar a importância da música e da poesia ao denunciar e retratar os reflexos das relações sociais entre a classe trabalhadora e a elite burguesa. Mas, para muito além da crítica social, nessa seleção de canções, podemos ouvir e imaginar bailes regados a cerveja, a primavera com suas cores e o inverno com sua neve, paixões e desilusões amorosas, canções de ninar, orações comunitárias, e até mesmo disparos de espingarda, tudo ambientado no idílico cenário dos alpes da Baviera. [2021] WILLIAM COELHO ORIGINAL Poulenc [1899-1963] Huit Chansons Françaises 1. Margoton va t'a l'iau Margoton va t'a l'iau avecque son cruchon. La fontaine était creuse, elle est tombée au fond, Aïe, Aïe, Aïe, Aïe, Se dit Margoton. Par là passèrent trois jeunes garçons Que don'rez vous la belle qu'on vous tir' du fond Tirez d'abord dit elle après ça nous verrons Quand la belle fut tirée commence une chanson Ce n'est pas ça la bell' que nous vous demandons C'est votre petit coeur savoir si nous l'aurons Mon petit coeur messir's n'est point pour greluchons Aïe, Aïe, Aïe, Aïe, Se dit Margoton. 2. La belle se sied au pied de la tour La belle se sied au pied de la tour, Qui pleure et soupire et mène grand dolour. Son père lui demande : « Fille qu'avez-vous Volez-vous mari ou volez-vous seignour ?» « Je ne veuille mari, je ne veuille seignour, Je veuille le mien ami qui pourrit en la tour.» « Par Dieu, ma belle fille, alors ne l'aurez-vous Car il sera pendu demain au point du jour.» « Père si on le pend enfouyés moi dessous, Ainsi diront les gens ce sont loyales amours.» 3. Pilons l'orge Pilons l'orge pilons l'orge, pilons l'orge, pilons la. Mon père m'y maria pilons l'orge pilons la. à un vilain m'y donna, tirez vous ci, tirez vous la. A un vilain m'y donna, qui de rien ne me donna. Mais s'il continue cela battu vraiment il sera. 4. Clic, clac, dansez sabots Clic, clac, dansez sabots et que crèvent les bombardes. Clic, clac, dansez sabots et qu'éclatent les pipeaux. Mais comment mener la danse quand les belles n'y sont pas. Allons donc quérir les filles ben sur qu'il n'en manqu'ra pas? Ben l'bonjour messieux et dames donn'rez-vous la bell'que v'la? (Le père) Les fill's c'est fait pour l'ménage et pour garder la maison. Ouais mais pour fair' mariage vous faudra ben des garçons. Vous n'en avez point fait d'autre vous patronne et vous patron. (Le père) Allez donc ensemble au diable, ça s'ra ben un débarras. Ah! patron et vous patronne qu'on s'embrasse pour de bon. 5. C'est la petit' fill' du prince C'est la petit' fill' du prince qui voulait se marier. Sus l'bord de Loire mariez-vous la belle Sus l'bord de l'eau, sus l'bord de Loire joli matelot. Elle voit venir un'barque et quarant' galants dedans. Le plus jeune des quarante lui commence une chanson. Votre chanson que vous dites je voudrais bien la savoir. Si vous venez dans ma barque belle je vous l'apprendrai. La belle a fait ses cent toures en écoutant la chanson. Tout au bout de ses cent toures la bell' se mit à pleurer. Pourquoi tant pleurer ma mie quand je chante une chanson? C'est mon coeur qu'est plein de larmes parc'que vous l'avez gagné. Ne pleur' plus ton coeur la belle car je te le renderai. N'est pas si facile à rendre comme de l'argent prêté. 6. La belle si nous étions La bell' si nous étions dedans stu hautbois. On s'y mangerions fort bien des noix, On s'y mangerions à notre loisi. Nique nac no muse, Belle vous m'avez t'emberlifi, t'emberlificoté par votre biauté. La bell' si nous étions dedans stu vivier, On s'y mettrions des p'tits canards nager. On s'y mettrions à notre loisi. La bell'si nous étions dedans stu fourneau. On s'y mangerions des p'tits pâtés tout chauds. On s'y mangerions à notre loisi. La bell' si nous étions dedans stu jardin On s'y chanterions soir et matin On s'y chanterions à notre loisi. 7. Ah! mon beau laboureur Ah! mon beau laboureur, Beau laboureur de vigne ô lire ô lire, Beau laboureur de vigne ô lire ô la. ô lire ô la, N'avez pas vu passer Margueritte ma mie? Je don'rais cent écus qui dire où est ma mie. Monsieur comptez-les là, entrez dans notre vigne. Dessous un prunier blanc la belle est endormie. Je la poussay trois fois sans qu'elle osat mot dire. La quatrième fois son petit coeur soupire. Pour qui soupirez-vous Margueritte ma mie? Je soupire pour vous et ne puis m'en dédire. Les voisins nous ont vus et ils iront tout dire. Laissons les gens parler et n'en faisons que rire. Quand ils auront tout dit n'auront plus rien à dire. 8. Les tisserands Les tisserands sont pir' que les évèques: Tous les lundis ils s'en font une fête. Et tipe et tape et tipe et tape, est-il trop gros, est-il trop fin. Et couchés tard, levés matin. En roulant la navette le beau temps viendra. Tous les lundis ils s'en font une fête. Et le mardi ils ont mal à la tête. Le mercredi ils vont charger leur pièce. Et le jeudi ils vont voir leur maîtresse. Le vendredi ils travaillent sans cesse. Le samedi la pièce n'est pas faite. Et le dimanche il faut de l'argent maître. TRADUÇÃO POÉTICA Poulenc [1899-1963] Oito Canções Francesas 1. Margoton vai com sua jarra Margoton vai com sua jarra água buscar. A fonte estava vazia, e ao fundo ela foi despencar Ai, ai, ai, ai, pôs-se Margoton a falar. Por ali três jovens rapazes estavam a passar Bela, se vos tirarmos do fundo, o que vais nos dar? Tirais primeiro, disse ela, depois vamos analisar Quando a bela foi tirada, começou a cantar Isso não é, bela, que de vós estamos a desejar É saber se vosso pequeno coração vais nos dar Meu pequeno coração, senhores, nenhum adúltero vai tomar Ai, ai, ai, ai, pôs-se Margoton a falar. 2. A bela aos pés da torre vai se pôr A bela aos pés da torre vai se pôr, e chora e suspira e leva grande dor. Seu pai pergunta a ela: O que tendes, minha flor? Quereis um marido ou quereis um senhor? Eu não quero marido, eu não quero senhor, eu quero aquele que apodrece na torre, o meu amor. Por Deus, minha bela filha, então não o tereis se assim for pois ele será enforcado assim que a manhã mostrar sua cor. Pai, se o enforcarem, debaixo dele devei me dispor, “Estes são leais amantes”, então assim as pessoas vão expor. 3. Soque a cevada Soque a cevada, soque a cevada, soque a cevada, soque lá. Meu pai me casará – soque a cevada, soque lá – a um safado me dará, – puxe aqui, puxe lá. A um safado me dará, que nada me deu, nem dará. Mas se ele continuar com isso, ah! socado na verdade ele será. 4. Clic, clac, dançam os tamancos Clic, clac, dançam os tamancos assim e que arrebentem as bombardas. Clic, clac, dançam os tamancos assim e que ressoe o flautim. Mas como conduzir a dança quando as belas não estão? Vamos, pois, buscar as meninas é certo que faltar elas não vão? Bem, bom dia, cavalheiros e damas, Dareis a nós a bela que ali vai então? (O PAI) As meninas são feitas para o lar e para cuidar do almoço. Sim, mas pra que ela possa se casar precisais de um moço. Vós não fizestes diferente, vós, patroa, e vós, bom patrão. (O PAI) Vão todos juntos pro inferno, isso sim será bom. Ah! Patrão e vós, patroa Vamos nos beijar pra valer. 5. É a pequena filha do príncipe É a pequena filha do príncipe que queria se casar. À margem do Loire casareis com a bela à margem do rio, à margem do Loire, marinheiro gentil. Ela vê chegar un barco e quarenta cavalheiros dentro. O mais jovem dos quarenta começa uma canção para ela. A canção que recitais eu queria muito conhecer. Se vós vierdes ao meu barco, bela, eu a ensinarei a vós. A bela fez seus cem rodopios, ouvindo a canção. Ao fim de seus cem rodopios, A bela pôs-se a chorar. Por que tanto choro, minha amada, quando eu canto uma canção? É meu coração que está cheio de lágrimas, porque vós o ganhastes. Não choreis mais vosso coração, oh bela, que eu o devolverei a ti. Não é assim tão fácil devolver como se fosse dinheiro emprestado. 6. Oh bela, se nós estivéssemos Oh bela, se estivéssemos dentro destas matas formosas, nós comeríamos nozes deliciosas, nós comeríamos à vontade – nhac-nhac faz a boca. Vós me encantastes, oh beldade, estou encantado por vosso agrado. Oh bela, se estivéssemos dentro desta represa nós poríamos uns patinhos a nadar, com certeza, nos poríamos à vontade. Oh bela, se estivéssemos dentro deste fogão nós comeríamos uns pasteizinhos, todos quentes então, nós comeríamos à vontade. Oh bela, se estivéssemos dentro deste jardim nós cantaríamos noite e dia sem fim, nós cantaríamos à vontade. 7. Ah, meu belo lavrador Ah, meu belo lavrador, Belo lavrador de vinha, olê, olê, belo lavrador de vinha, olê, olá. Não vistes passar Marguerite, minha amada? Eu darei cem escudos a quem disser onde está minha amada. Senhor, contai-os então, entrai em nossa vinha. Debaixo de uma ameixeira branca, a bela está adormecida. Eu a cutuquei três vezes, sem que ela ousasse dizer palavra. Na quarta vez seu pequeno coração suspirou. Por que suspirais, Marguerite, minha amada? Eu suspiro por vós e não posso desmentir. Os vizinhos nos viram e eles irão contar tudo. Deixai as pessoas falarem e nós vamos rir. Quando eles tiverem dito tudo, não terão mais nada a dizer. 8. Os tecelões Piores que os bispos os tecelões são, toda segunda-feira uma festa eles dão. E bate aqui e bate ali, ela está muito grossa, ela está muito delgada. E dormir tarde, levantar de madrugada, rolando o tear, o bom tempo virá. Toda segunda-feira eles dão um festão, E na terça-feira a cabeça dói como numa explosão. Na quarta-feira carregar suas peças eles vão, E na quinta-feira com suas patroas eles estão. Na sexta-feira, eles trabalham sem parar então. No sábado as peças não estão prontas, não. E no domingo eles estão sem dinheiro, patrão. L. Boulanger [1893-1918] Renouveau Mesdames et Messieurs, c'est moi: moi le Printemps! Moi le Printemps, dont le sourire clair charme les plus moroses. Qui mets des rayons d'or dans les lys éclatants Et cache des baisers sous les lèvres des roses. J'arrive de l'azur et ne suis pas farouche, Eveillant sur mes pas les sons et les couleurs. Je revêts de beauté tout ce que ma main touche Et ma bouche s'empourpre au calice des fleurs. Je peuple les jardins et je tisse les nids, J'apprends des airs nouveaux aus pinsons comme aux merles Et dans les ruisseaux bleus qu'Octobre avait ternis, J'égrène des colliers de saphirs et de perles. J'ouvre les coeurs sur terre et dans le ciel, les ailes Au velours des iris, sur le bord des étangs, Je promène le vol des vertes demoiselles. Elgar [1857-1934] From the Bavarian Highlands, Op. 27 1. The Dance Come and hasten to the dancing, Merry eyes will soon be glancing, Ha! my heart upbounds! Come and dance a merry measure, Quaff the bright brown ale my treasure, Hark! what joyous sounds! Sweet-heart come, on let us haste, On, on, no time let us waste With my heart I love thee Dance, dance, for rest we disdain Turn twirl and spin round again, With my arm I hold thee! Down the path the lights are gleaming, friendly faces gladly beaming Welcome us with song. Dancing makes the heart grow lighter, Makes the world and life grow brighter As we dance along! 2. False Love Now we hear the Spring's sweet voice Singing gladly through the world; Bidding all the earth rejoice. All is merry in the field, Flowers grow amidst the grass, Blossoms blue, red, white they yield. As I seek my maiden true, Sings the little lark on high Fain to send her praises due. As I climb and reach her door, Ah! I see a rival there, So farewell! for evermore. Ever true was I to thee, Never grieved or vexed thee, love, False, oh! false, art thou of me. Now amid the forest green, Far from cruel eyes that mock Will I dwell unloved, unseen. 3. Lullaby Sleep, my son, oh! slumber softly, While thy mother watches o'er thee, Nothing can affright or harm thee. Oh! sleep, my son. Far-away Zithers play, Dancing gay Calls to-day. Vainly play Zithers gay! Here I stay All the day. Happily Guarding thee, Peacefully Watching thee. Sleep, my son, oh! slumber softly, While thy mother watches o'er thee, Oh! sleep, my son. 4. Aspiration Over the heights the snow lies deep, Sunk is the land in peaceful sleep; Here by the house of God we pray, Lead, Lord, our souls to-day. Shielding, like the silent snow, Fall his mercies here below. Calmly then, like the snow-bound land, Rest we in his protecting hand; Bowing, we wait his mighty will: Lead, Lord, and guide us still. 5. Ond the Alm A mellow bell peals near, It has so sweet a sound; I know a maiden dear With voice as full and round. A sunlight alm shines clear, With clover blossoms sweet; There dwells my maiden dear And there my love I meet. There flying with no fear The swallows pass all day, And fast, my maiden dear, Sees chamois haste away. I cannot linger here, I cannot wait below; To seek my maiden dear, I, to the alm must go. The mountain's call I hear, And up the height I bound; I know my maiden dear Will mark my Juchhé sound. Rejoicing come I here My flaxen-haired sweet-heart; I love thee maiden dear, Nay! bid me not depart! 6. The Marksmen Come from the mountain side, Come from the valleys wide, See, how we muster strong, Tramping along! Rifle on shoulder sling, Powder and bullets bring, Manly in mind and heart, Play we our part. Sure be each eye to-day, Steady each hand must stay If in the trial we, Victors would be! Sharp is the crack! 'tis done! Lost is the chance, or won; Right in the gold is it? Huzza! the hit! The sun will sink and light the west And touch the peaks with crimson glow; Then shadows fill the vale with rest While the stars look peace on all below. In triumph then we take away, And with our prizes homeward wend; Through meadows sweet with new-mown hay, A song exultant will we send. Elgar [1857-1934] Das Terras Altas da Bavária, Op. 27 1. A Dança Venha e se apresse, dance, olhos alegres logo estarão olhando de relance. Ah! Meu coração bate acelerado! Venha e dance um compasso divertido, sorva a cerveja de brilhante castanho, meu querido. Ouça! Que som tão animado! Venha querida, vamos nos apressar, venha, venha, não há tempo a desperdiçar, com meu coração eu amo você! Dance, dance, descansar nós não queremos, certamente. Gire, rode e rodopie novamente, com meu braço eu seguro você! Pelo caminho as luzes estão brilhando, rostos amigáveis alegremente irradiando nos recebem com música. Dançar faz os corações menos pesados, dançar faz o mundo e a vida mais iluminados à medida que dançamos! 2. Falso Amor Agora a doce voz da Primavera estamos escutando a cantar alegremente pelo mundo, júbilo a toda Terra ofertando. Tudo está alegre nos prados, flores crescem em meio à grama, produzem brotos vermelhos, brancos, azulados. Enquanto eu procuro minha fiel donzela, canta a pequena cotovia ao alto de bom grado a enviar os devidos louvores a ela. Quando eu subo e à porta fico rente, Ah! Eu vejo um concorrente ali, então adeus, eternamente! Sempre verdadeiro fui contigo, nunca magoei ou irritei a ti, amor. Falsa, oh! Falsa, és tu comigo. Agora a verde floresta avisto, nela, longe dos olhos cruéis que zombam, morarei sem ser amado, sem ser visto. 3. Canção de Ninar Durma, meu filho, oh! Um cochilo constante. Enquanto tua mãe olha por ti, vigilante, nada pode te amedrontar ou fazer mal neste instante. Durma, oh! Durma, meu filho. Bem distantes, cítaras ressonantes, alegres e dançantes, chamam dias radiantes. Em vão ressonantes, cítaras dançantes! Aqui estou, como antes em todos os instantes. Cantando, vigiando, em paz, olhando e velando. Durma, meu filho, oh! Um cochilo constante. Enquanto tua mãe olha por ti, vigilante, Durma, oh! Durma, meu filho. 4. Desejo Acima das alturas a neve cai intensamente, afundada em sono está a terra serenamente; Aqui na casa de Deus nós rezamos com ardor, conduza hoje nossas almas, Senhor. Protegendo, como a neve silenciosa, caia aqui sua misericórdia bondosa. Calmamente então, como a terra de neve cingida, descansemos, sob sua mão protetora, em guarida. Curvados, esperamos sua poderosa vontade, conduza, Senhor, e guia- nos em tranquilidade. 5. Nos Alpes Um sino melodioso repica do nada, ele tem um som tão doce; eu conheço uma donzela amada com voz assim cheia e macia e é como se dela fosse. A ponta dos alpes brilha, pelo sol iluminada, com doces trevos em flor; ali mora minha donzela amada e lá eu encontro meu amor. Ali, sem medo e em revoada, as andorinhas todo o dia passam, e ligeiras, minha donzela amada, veem as cabras que ultrapassam. Eu não posso ficar aqui de mão atada, eu não posso aqui embaixo esperar; para buscar minha donzela amada, eu, para os alpes, devo marchar. Da montanha eu ouço a chamada, e em direção às alturas eu salto de vez; eu sei que minha donzela amada irá reparar no meu Juchhe tirolês. Exultante venho à sua morada, minha moça de cabelos louros, tão querida; eu te quero, donzela amada – Não! Não ordenes minha partida! 6. Os Atiradores Venham das montanhas e de seus flancos, venham dos vastos vales brancos, vejam como fortes vamos nos formando, lado a lado caminhando! Espingarda a tiracolo posicionada, de pólvora e balas carregada, viris de corpo e alma viemos, nossa parte fazemos. Certeiro hoje cada olho deve estar, firme cada mão deve ficar nas provas que poderemos ter vitoriosos deveremos ser! Estridente é o estampido! Está feito! Perdida ou ganha é a oportunidade, não tem jeito. Foi bem no alvo? Confiro? Huzza! Que tiro! O pôr do sol vai clareando o oeste com sua luz mansa e, tocando os picos, um fulgor carmim traz. Sombras preenchem o vale que, então, descansa enquanto as estrelas olham pra todos aqui em paz. Triunfantes então, nós tomamos nosso rumo, e com nossos prêmios de volta para casa nos dirigimos pelos prados com feno recém-ceifado de doce sumo, exultantes, uma canção emitimos. L. Boulanger [1893-1918] Primavera Senhoras e senhores, sou eu: eu, a Primavera! Eu, a Primavera, cujo sorriso claro aos mais tristes responde, que nos lírios brilhantes raios de ouro gera e sob os lábios das rosas beijos esconde. Eu venho do azul e não sou acanhada, despertando sob meus passos os sons e as cores. Eu cubro de beleza toda coisa que por minha mão é tocada e minha boca se enrubesce no cálice das flores. Eu povoo os jardins e ninhos eu teço, Eu ensino novas árias aos melros, assim como aos tentilhões e, nos riachos azuis que Outubro desbotou, eu desço e desfio safiras e pérolas dos cordões. Eu abro os corações sobre a terra e no céu, as asas no veludo da íris, sobre a margem dos lagos. Eu levo a passear o voo das verdes libélulas ao léu.

Transcript of SET 12 - salasaopaulo.art.br

Page 1: SET 12 - salasaopaulo.art.br

SE

T 12

12.9 domingo 18H concerto digital

CORO DA OSESPWILLIAM COELHO REGENTE

FRANCIS POULENC [1899-1963] Huit Chansons Françaises [Oito Canções Francesas] [1945-46] MARGOTON VA T’A L’IAU [MARGOTON VAI COM SUA JARRA] LA BELLE SE SIED AU PIED DE LA TOUR [A BELA AOS PÉS

DA TORRE VAI SE PÔR] PILONS L’ORGE [SOQUE A CEVADA] CLIC, CLAC, DANSEZ SABOTS [CLIC, CLAC, DANÇAM

OS TAMANCOS] C’EST LA PETIT’ FILL’ DU PRINCE [É A PEQUENA FILHA

DO PRÍNCIPE] LA BELLE SI NOUS ÉTIONS [OH BELA, SE NÓS ESTIVÉSSEMOS] AH! MON BEAU LABOUREUR [AH, MEU BELO LAVRADOR] LES TISSERANDS [OS TECELÕES]20 MIN

LILI BOULANGER [1893-1918] Renouveau [Primavera] [1911] [SOBRE TEXTO DE ARMAND

SILVESTRE (1837-1901)]7 MIN

EDWARD ELGAR [1857-1934] From the Bavarian Highlands, Op. 27 [Das Terras Altas

da Bavária, Op. 27] [1895] [TEXTO DE CAROLINE ALICE ELGAR,NÉE ROBERTS]

THE DANCE [A DANÇA] FALSE LOVE [FALSO AMOR] LULLABY [CANÇÃO DE NINAR] ASPIRATION [DESEJO] ON THE ALM [NOS ALPES] THE MARKSMEN [OS ATIRADORES]26 MIN

FUNDAÇÃO OSESP

PRESIDENTE DE HONRAFERNANDO HENRIQUE

CARDOSO

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

PRESIDENTEPEDRO PULLEN PARENTE

VICE-PRESIDENTESTEFANO BRIDELLI

CONSELHEIROSANA CARLA ABRÃOCÉLIA PARNESENEIDA MONACOHELIO MATTARJAYME GARFINKELLUIZ LARA MARCELO KAYATHMARIO ENGLERMÔNICA WALDVOGELPAULO CEZAR ARAGÃOPÉRSIO ARIDASERGIO SUCHODOLSKITATYANA VASCONCELOS

ARAUJO DE FREITAS

DIRETOR EXECUTIVOMARCELO LOPES

DIRETOR ARTÍSTICOARTHUR NESTROVSKI

SUPERINTENDENTEFAUSTO A. MARCUCCI ARRUDA

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

GOVERNADORJOÃO DORIA

VICE-GOVERNADORRODRIGO GARCIA

SECRETARIA DE CULTURAE ECONOMIA CRIATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETÁRIO SERGIO SÁ LEITÃO SECRETÁRIA EXECUTIVACLÁUDIA PEDROZO

TEMPORADA OSESP 2021CORO DA OSESP

CORO DA OSESP

Criado em 1994 e reconhecido hoje como referência em música vocal no Brasil,

o grupo aborda diferentes períodos e estilos, com ênfase nos séculos XX

e XXI e na obra de compositores brasileiros. Gravou CDs pelo Selo Osesp

Digital, Biscoito Fino e Naxos. Entre 1995 e 2015, teve Naomi Munakata como

Coordenadora e Regente. De 2017 a 2019, a italiana Valentina Peleggi assumiu

a regência do Coro, tendo William Coelho como Maestro Preparador – cargo

no qual ele continua na Temporada 2020-2021. Em 2020, o Coro se apresentou

no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), sob regência de Marin Alsop,

Regente de Honra da Osesp.

WILLIAM COELHO regente

Regente Preparador do Coro da Osesp, é doutorando em Musicologia e bacharel

em Regência pela USP. Foi professor de Regência na Universidade Federal de Juiz

de Fora e é professor de Canto Coral na UNESP, de Regência na pós-graduação

da Faculdade Paulista de Artes e professor convidado da Academia da Osesp. É

Regente Titular da Eos Música Antiga USP e regente convidado das Orquestras

Sinfônicas da USP e de Piracicaba. Foi finalista do Prêmio Jovem Talento 2019

da Revista Concerto e em 2020 regeu o Coro da Osesp no Fórum Econômico

Mundial em Davos na Suíça.

MINISTÉRIO DO TURISMO, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, POR MEIO DA SECRETARIA DE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA, FUNDAÇÃO OSESP, AB CONCESSÕES E ENEL APRESENTAM

osesp.art.brsalasaopaulo.art.brfundacao-osesp.art.br

/osesp

/osesp_/osesp

/videososesp

CORO DA OSESP

MAESTRO PREPARADORWILLIAM COELHO SOPRANOSANNA CAROLINA MOURAELIANE CHAGASÉRIKA MUNIZ JI SOOK CHANGMARINA PEREIRAMAYNARA ARANA CUINVALQUÍRIA GOMESVIVIANA CASAGRANDI

CONTRALTOS / MEZZOSCELY KOZUKICLARISSA CABRALCRISTIANE MINCZUKLÉA LACERDA MARIA ANGÉLICA LEUTWILERMARIA RAQUEL GABOARDIMARIANA VALENÇAMÔNICA WEBER BRONZATIPATRÍCIA NACLEVESNA BANKOVIC MONITORA

TENORESERNANI MATHIAS ROSAFÁBIO VIANNA PERESJABEZ LIMAJOCELYN MAROCCOLO LUIZ EDUARDO GUIMARÃESODORICO RAMOS PAULO CERQUEIRA MONITORRÚBEN ARAÚJO

BAIXOS / BARÍTONOSALDO DUARTEFERNANDO COUTINHO RAMOSFRANCISCO MEIRAISRAEL MASCARENHASJOÃO VITOR LADEIRALAERCIO RESENDEMOISÉS TÉSSALOSABAH TEIXEIRA MONITOR

PIANISTA CORREPETIDORFERNANDO TOMIMURA

Francis Poulenc foi certamente o grande virtuose do Les Six, movimento de compositores apadrinhado por Erik Satie e que teve em Frank Martin e em Poulenc seus maiores expoentes. Auto-didata, ele também foi o mais prolífico do grupo – só de canções, são mais de 150 composições – e destacou-se por recuperar diversas melodias sacras, incorporando-as a uma roupagem essencialmente tonal e afastando-se da corrente composicional dodecafônica e atonal do século XX.

Huit Chansons Françaises [Oito Canções Francesas], apesar de secular e folclórica, também evoca antigas e conhecidas melodias, utilizando por vezes poemas também muito antigos e tradicionais da cultura popular francesa. Nada mais desejado para uma França que, entre 1945 e 1946, quando a obra foi composta, acabava de se livrar da ocupação nazista e desejava se reestruturar não apenas física e socialmente, mas também em sua cultura, emudecida por tanto tempo. Desde o início da ocupação alemã, Poulenc já estava muito envolvido no movimento de resistência e utilizou diversos textos do poeta Paul Éluard em obras célebres como Figure Humaine e Un Soir de Neige. Já essa suíte Oito Canções Francesas é, de fato, uma celebração ao fim da Segunda Guerra Mundial, bem como à cultura tradicionalmente francesa. Todavia, é uma música nova em folha, na qual melodias antigas se revestem do estilo moderno e único de Poulenc, num verdadeiro convite à joie de vivre!

As canções se alternam entre estados de espírito antagônicos de melancolia e irreverência – por vezes quase obscena – refletindo o espírito do próprio Poulenc, a quem Claude Rostand, um de seus amigos, costumava nomear: “le moine et le voyou” (o monge e o vadio). Numa França que mesclava a tristeza pela desolação deixada pelos nazistas e o fulgor da liberdade e da reconstrução, não haveria obra que pudesse melhor expressar os sentimentos agora incontidos dos franceses naquelas primeiras manhãs do pós-guerra.

Já o estilo madrigalesco e pouco contrapontístico das canções faz nítida referência aos antigos madrigais franceses e ingleses do século XVI, assim como algumas conotações sexuais de duplo sentido (“Poulenc vadio”) que essas obras, por vezes, intencionalmente carregavam. Entretanto, quando essas melodias leves e bem-humoradas se mesclam a um tratamento harmônico moderno, fazem soprar uma atmosfera nacionalista de uma França atemporal, ao mesmo tempo resiliente e vanguardista. Os ingredientes rústicos das melodias originais continuam indubitavelmente presentes – e marcantes – mas, sob o tempero agridoce do idioma moderno da harmonia de Poulenc, criam uma receita que combina, de maneira surpreendente, simplicidade e requinte.

A propósito, o desejo de Poulenc em escrever para coro a capella nasceu após ouvir madrigais de Monteverdi sob a também requintada interpretação de Nadia Boulanger. Nadia era então já uma célebre compositora e viria a ser o esteio sobre o qual se ergueu, mesmo que brevemente, um dos maiores fenômenos da composição no início daquele século: Lili Boulanger.

Criança prodígio, Marie-Juliette (Lili) nasceu numa família tradicional de músicos e, antes dos 5 anos de idade, já assistia às aulas de composição no Conservatório de Paris junto a sua irmã mais velha, Nadia Boulanger, à época já compositora de certo renome. Lili Boulanger tocava órgão, piano, violino, violoncelo e harpa e, aos 19 anos, se tornou a primeira mulher a ganhar o Prix de Rome – cobiçado concurso de composição que já havia premiado figuras como Debussy, Florent Schmitt e seu próprio pai, Ernest Boulanger.

Herdeira das linguagens quase idiomáticas de Claude Debussy e de Gabriel Fauré, de quem foi aluna, a jovem compositora francesa cultivou um estilo próprio no que diz respeito ao uso da harmonia, evocando a abordagem expandida do discurso harmônico de Richard Wagner. De saúde delicada desde criança, Lili morreu muito jovem, com apenas 24 anos, e deixou uma obra sedutora, repleta de harmonias luxuosamente coloridas, de um discurso narrativo envolvente e trazendo à luz poemas elegantemente desenvolvidos.

Em Renouveau, Lili escolhe um poema de Armand Silvestre, destacado poeta parisiense cujos textos foram amplamente utilizados por Fauré. Renouveau (“Renovação”, ou mesmo “Primavera”) traz, como personagem principal, uma Primavera orgulhosa pela renovação que confere a tudo e a todos: desde as cores das flores aos sorrisos que coloca no coração dos mais tristonhos.

Após a morte da irmã, Nadia deixa então de compor e se dedica à carreira de professora de composição, tendo por alunos figuras célebres como Aaron Copland, Leonard Bernstein e Astor Piazzolla. Apesar do espaço temporal curto que Lili Boulanger teve para compor, suas obras foram impactantes o suficiente para influenciar diversos compositores, entre eles Arthur Honegger que, assim como Poulenc, fazia parte do prestigioso Les Six. Não fosse a prematura morte de Lili Boulanger, a música francesa seria certamente ainda mais rica e apreciada do que já é.

Durante os primeiros anos de vida de Lili Boulanger, o compositor inglês Edward Elgar e sua família passavam algumas temporadas no extremo sul da Baviera, na Alemanha. Nesses momentos de descanso aos pés dos alpes – arranjados por amigos que o compositor viera a retratar posteriormente em suas célebres Variações Enigma – Elgar pôde entrar em contato direto com diversas manifestações culturais dos vilarejos. Entre elas estavam canções e danças folclóricas como as Schnadderhüpfln e as Schuhplatter – dança popular que utiliza as mesmas percussões corporais e estampidos dos tamancos presentes em "Clic, Clac, Dansez Sabots" das Chansons Françaises de Poulenc.

Alice Elgar, poeta com quem Edward Elgar era casado, escreveu textos que retratavam o que eles haviam ouvido durante suas estadias na Baviera, e o compositor utilizou-os numa suíte de pequenas canções para coro e piano. Cada uma leva o nome do lugar de onde a ouviram: “The Dance” ouvida em Sonnenbichl, “False Love” em Wamberg, “Lullaby” em Hammersbach, “Aspiration” em Sanct Anton, “On the Alm” em Hoch Alp e “The Marksmen” em Murnau. Posteriormente, Elgar publicou outra versão da obra para coro e orquestra e, numa terceira versão, chegou a adaptar três movimentos somente para orquestra (Three Bavarian Dances, Op. 27), deixando evidente que, para além dos benefícios financeiros óbvios que cada nova versão trazia, essas canções populares eram muito queridas pelo compositor inglês.

Em seu contexto original, tais canções populares como as Gstanzln (“estrofes”) são normalmente improvisadas por vozes masculinas por horas a fio e contém textos bem-humorados e até provocativos, muitas vezes zombando de autoridades como o Estado, imperadores, a Igreja e os proprietários das terras nas quais esses homens trabalham. Assim, como na música pós-guerra de Poulenc, aqui podemos notar a importância da música e da poesia ao denunciar e retratar os reflexos das relações sociais entre a classe trabalhadora e a elite burguesa.

Mas, para muito além da crítica social, nessa seleção de canções, podemos ouvir e imaginar bailes regados a cerveja, a primavera com suas cores e o inverno com sua neve, paixões e desilusões amorosas, canções de ninar, orações comunitárias, e até mesmo disparos de espingarda, tudo ambientado no idílico cenário dos alpes da Baviera.

[2021]

WILLIAM COELHO

ORIGINAL

Poulenc [1899-1963]Huit Chansons Françaises

1. Margoton va t'a l'iau

Margoton va t'a l'iau avecque son cruchon.La fontaine était creuse, elle est tombée au fond,Aïe, Aïe, Aïe, Aïe,Se dit Margoton.

Par là passèrent trois jeunes garçonsQue don'rez vous la belle qu'on vous tir' du fondTirez d'abord dit elle après ça nous verronsQuand la belle fut tirée commence une chansonCe n'est pas ça la bell' que nous vous demandonsC'est votre petit coeur savoir si nous l'auronsMon petit coeur messir's n'est point pour greluchons

Aïe, Aïe, Aïe, Aïe,Se dit Margoton.

2. La belle se sied au pied de la tour

La belle se sied au pied de la tour,Qui pleure et soupire et mène grand dolour.Son père lui demande :« Fille qu'avez-vousVolez-vous mari ou volez-vous seignour ?»

« Je ne veuille mari, je ne veuille seignour,Je veuille le mien ami qui pourrit en la tour.»« Par Dieu, ma belle fille, alors ne l'aurez-vousCar il sera pendu demain au point du jour.»

« Père si on le pend enfouyés moi dessous,Ainsi diront les gens ce sont loyales amours.»

3. Pilons l'orge

Pilons l'orge pilons l'orge,pilons l'orge, pilons la.

Mon père m'y mariapilons l'orge pilons la.à un vilain m'y donna,tirez vous ci, tirez vous la.

A un vilain m'y donna,qui de rien ne me donna.Mais s'il continue celabattu vraiment il sera.

4. Clic, clac, dansez sabots

Clic, clac, dansez sabotset que crèvent les bombardes.Clic, clac, dansez sabotset qu'éclatent les pipeaux.

Mais comment mener la dansequand les belles n'y sont pas.

Allons donc quérir les fillesben sur qu'il n'en manqu'ra pas?

Ben l'bonjour messieux et damesdonn'rez-vous la bell'que v'la?

(Le père) Les fill's c'est fait pour l'ménageet pour garder la maison.

Ouais mais pour fair' mariagevous faudra ben des garçons.

Vous n'en avez point fait d'autrevous patronne et vous patron.

(Le père) Allez donc ensemble au diable,ça s'ra ben un débarras.

Ah! patron et vous patronnequ'on s'embrasse pour de bon.

5. C'est la petit' fill' du prince

C'est la petit' fill' du princequi voulait se marier.Sus l'bord de Loiremariez-vous la belleSus l'bord de l'eau,sus l'bord de Loirejoli matelot.

Elle voit venir un'barqueet quarant' galants dedans.

Le plus jeune des quarantelui commence une chanson.

Votre chanson que vous ditesje voudrais bien la savoir.

Si vous venez dans ma barquebelle je vous l'apprendrai.

La belle a fait ses cent touresen écoutant la chanson.

Tout au bout de ses cent touresla bell' se mit à pleurer.

Pourquoi tant pleurer ma miequand je chante une chanson?

C'est mon coeur qu'est plein de larmesparc'que vous l'avez gagné.

Ne pleur' plus ton coeur la bellecar je te le renderai.

N'est pas si facile à rendrecomme de l'argent prêté.

6. La belle si nous étions

La bell' si nous étions dedans stu hautbois.On s'y mangerions fort bien des noix,On s'y mangerions à notre loisi.Nique nac no muse,Belle vous m'avez t'emberlifi,t'emberlificoté par votre biauté.

La bell' si nous étions dedans stu vivier,On s'y mettrions des p'tits canards nager.On s'y mettrions à notre loisi.

La bell'si nous étions dedans stu fourneau.On s'y mangerions des p'tits pâtés tout chauds.On s'y mangerions à notre loisi.

La bell' si nous étions dedans stu jardinOn s'y chanterions soir et matinOn s'y chanterions à notre loisi.

7. Ah! mon beau laboureur

Ah! mon beau laboureur,Beau laboureur de vigne ô lire ô lire,Beau laboureur de vigne ô lire ô la. ô lire ô la,

N'avez pas vu passerMargueritte ma mie?Je don'rais cent écusqui dire où est ma mie.

Monsieur comptez-les là,entrez dans notre vigne.Dessous un prunier blancla belle est endormie.

Je la poussay trois foissans qu'elle osat mot dire.La quatrième foisson petit coeur soupire.

Pour qui soupirez-vousMargueritte ma mie?

Je soupire pour vouset ne puis m'en dédire.Les voisins nous ont vuset ils iront tout dire.

Laissons les gens parleret n'en faisons que rire.Quand ils auront tout ditn'auront plus rien à dire.

8. Les tisserands

Les tisserands sont pir' que les évèques:Tous les lundis ils s'en font une fête.Et tipe et tape et tipe et tape,est-il trop gros, est-il trop fin.Et couchés tard, levés matin.En roulant la navettele beau temps viendra.

Tous les lundis ils s'en font une fête.Et le mardi ils ont mal à la tête.Le mercredi ils vont charger leur pièce.Et le jeudi ils vont voir leur maîtresse.Le vendredi ils travaillent sans cesse.Le samedi la pièce n'est pas faite.Et le dimanche il faut de l'argent maître.

TRADUÇÃO POÉTICA

Poulenc [1899-1963]Oito Canções Francesas

1. Margoton vai com sua jarra

Margoton vai com sua jarra água buscar.A fonte estava vazia, e ao fundo ela foi despencarAi, ai, ai, ai, pôs-se Margoton a falar.

Por ali três jovens rapazes estavam a passarBela, se vos tirarmos do fundo, o que vais nos dar?Tirais primeiro, disse ela, depois vamos analisarQuando a bela foi tirada, começou a cantarIsso não é, bela, que de vós estamos a desejarÉ saber se vosso pequeno coração vais nos darMeu pequeno coração, senhores, nenhum adúltero vai tomar

Ai, ai, ai, ai, pôs-se Margoton a falar.

2. A bela aos pés da torre vai se pôr

A bela aos pés da torre vai se pôr,e chora e suspira e leva grande dor.Seu pai pergunta a ela: O que tendes, minha flor?Quereis um marido ou quereis um senhor?

Eu não quero marido, eu não quero senhor,eu quero aquele que apodrece na torre, o meu amor.Por Deus, minha bela filha, então não o tereis se assim forpois ele será enforcado assim que a manhã mostrar sua cor.

Pai, se o enforcarem, debaixo dele devei me dispor,“Estes são leais amantes”, então assim as pessoas vão expor.

3. Soque a cevada

Soque a cevada, soque a cevada,soque a cevada, soque lá.

Meu pai me casará– soque a cevada, soque lá –a um safado me dará,– puxe aqui, puxe lá.

A um safado me dará,que nada me deu, nem dará.Mas se ele continuar com isso, ah!socado na verdade ele será.

4. Clic, clac, dançam os tamancos

Clic, clac, dançam os tamancos assime que arrebentem as bombardas.Clic, clac, dançam os tamancos assime que ressoe o flautim.

Mas como conduzir a dançaquando as belas não estão?

Vamos, pois, buscar as meninasé certo que faltar elas não vão?

Bem, bom dia, cavalheiros e damas,Dareis a nós a bela que ali vai então?

(O PAI) As meninas são feitas para o lare para cuidar do almoço.

Sim, mas pra que ela possa se casarprecisais de um moço.

Vós não fizestes diferente,vós, patroa, e vós, bom patrão.

(O PAI) Vão todos juntos pro inferno, isso sim será bom.

Ah! Patrão e vós, patroaVamos nos beijar pra valer.

5. É a pequena filha do príncipe

É a pequena filha do príncipeque queria se casar.À margem do Loirecasareis com a belaà margem do rio,à margem do Loire,marinheiro gentil.

Ela vê chegar un barcoe quarenta cavalheiros dentro.

O mais jovem dos quarentacomeça uma canção para ela.

A canção que recitaiseu queria muito conhecer.

Se vós vierdes ao meu barco,bela, eu a ensinarei a vós.

A bela fez seus cem rodopios,ouvindo a canção.

Ao fim de seus cem rodopios,A bela pôs-se a chorar.

Por que tanto choro, minha amada,quando eu canto uma canção?

É meu coração que está cheio de lágrimas,porque vós o ganhastes.

Não choreis mais vosso coração, oh bela,que eu o devolverei a ti.

Não é assim tão fácil devolvercomo se fosse dinheiro emprestado.

6. Oh bela, se nós estivéssemos

Oh bela, se estivéssemos dentro destas matas formosas,nós comeríamos nozes deliciosas,nós comeríamos à vontade– nhac-nhac faz a boca.Vós me encantastes, oh beldade,estou encantado por vosso agrado.

Oh bela, se estivéssemos dentro desta represanós poríamos uns patinhos a nadar, com certeza,nos poríamos à vontade.

Oh bela, se estivéssemos dentro deste fogãonós comeríamos uns pasteizinhos, todos quentes então,nós comeríamos à vontade.

Oh bela, se estivéssemos dentro deste jardimnós cantaríamos noite e dia sem fim,nós cantaríamos à vontade.

7. Ah, meu belo lavrador

Ah, meu belo lavrador,Belo lavrador de vinha, olê, olê,belo lavrador de vinha, olê, olá.

Não vistes passarMarguerite, minha amada?Eu darei cem escudosa quem disser onde está minha amada.

Senhor, contai-os então,entrai em nossa vinha.Debaixo de uma ameixeira branca,a bela está adormecida.

Eu a cutuquei três vezes,sem que ela ousasse dizer palavra.Na quarta vezseu pequeno coração suspirou.

Por que suspirais,Marguerite, minha amada?

Eu suspiro por vóse não posso desmentir.Os vizinhos nos virame eles irão contar tudo.

Deixai as pessoas falareme nós vamos rir.Quando eles tiverem dito tudo,não terão mais nada a dizer.

8. Os tecelões

Piores que os bispos os tecelões são,toda segunda-feira uma festa eles dão.E bate aqui e bate ali,ela está muito grossa, ela está muito delgada.E dormir tarde, levantar de madrugada,rolando o tear,o bom tempo virá.

Toda segunda-feira eles dão um festão,E na terça-feira a cabeça dói como numa explosão.Na quarta-feira carregar suas peças eles vão,E na quinta-feira com suas patroas eles estão.Na sexta-feira, eles trabalham sem parar então.No sábado as peças não estão prontas, não.E no domingo eles estão sem dinheiro, patrão.

L. Boulanger [1893-1918]Renouveau

Mesdames et Messieurs, c'est moi: moi le Printemps!Moi le Printemps, dont le sourire clair charme les plus moroses.Qui mets des rayons d'or dans les lys éclatantsEt cache des baisers sous les lèvres des roses.

J'arrive de l'azur et ne suis pas farouche,Eveillant sur mes pas les sons et les couleurs.Je revêts de beauté tout ce que ma main toucheEt ma bouche s'empourpre au calice des fleurs.

Je peuple les jardins et je tisse les nids,J'apprends des airs nouveaux aus pinsons comme aux merlesEt dans les ruisseaux bleus qu'Octobre avait ternis,J'égrène des colliers de saphirs et de perles.

J'ouvre les coeurs sur terre et dans le ciel, les ailesAu velours des iris, sur le bord des étangs,Je promène le vol des vertes demoiselles.

Elgar [1857-1934]From the Bavarian Highlands, Op. 27

1. The Dance

Come and hasten to the dancing,Merry eyes will soon be glancing,Ha! my heart upbounds!Come and dance a merry measure,Quaff the bright brown ale my treasure,Hark! what joyous sounds!

Sweet-heart come, on let us haste,On, on, no time let us wasteWith my heart I love theeDance, dance, for rest we disdainTurn twirl and spin round again,With my arm I hold thee!

Down the path the lights are gleaming,friendly faces gladly beamingWelcome us with song.Dancing makes the heart grow lighter,Makes the world and life grow brighterAs we dance along!

2. False Love

Now we hear the Spring's sweet voiceSinging gladly through the world;Bidding all the earth rejoice.

All is merry in the field,Flowers grow amidst the grass,Blossoms blue, red, white they yield.

As I seek my maiden true,Sings the little lark on highFain to send her praises due.

As I climb and reach her door,Ah! I see a rival there,So farewell! for evermore.

Ever true was I to thee,Never grieved or vexed thee, love,False, oh! false, art thou of me.

Now amid the forest green,Far from cruel eyes that mockWill I dwell unloved, unseen.

3. Lullaby

Sleep, my son, oh! slumber softly,While thy mother watches o'er thee,Nothing can affright or harm thee.

Oh! sleep, my son.

Far-away Zithers play, Dancing gay Calls to-day. Vainly play Zithers gay! Here I stay All the day. Happily Guarding thee, Peacefully Watching thee.

Sleep, my son, oh! slumber softly,While thy mother watches o'er thee,Oh! sleep, my son.

4. Aspiration

Over the heights the snow lies deep,Sunk is the land in peaceful sleep;Here by the house of God we pray,Lead, Lord, our souls to-day.

Shielding, like the silent snow,Fall his mercies here below.

Calmly then, like the snow-bound land,Rest we in his protecting hand;Bowing, we wait his mighty will:Lead, Lord, and guide us still.

5. Ond the Alm

A mellow bell peals near,It has so sweet a sound;I know a maiden dearWith voice as full and round.

A sunlight alm shines clear,With clover blossoms sweet;There dwells my maiden dearAnd there my love I meet.

There flying with no fearThe swallows pass all day,And fast, my maiden dear,Sees chamois haste away.

I cannot linger here,I cannot wait below;To seek my maiden dear,I, to the alm must go.

The mountain's call I hear,And up the height I bound;I know my maiden dearWill mark my Juchhé sound.

Rejoicing come I hereMy flaxen-haired sweet-heart;I love thee maiden dear,Nay! bid me not depart!

6. The Marksmen

Come from the mountain side,Come from the valleys wide,See, how we muster strong,Tramping along!

Rifle on shoulder sling,Powder and bullets bring,Manly in mind and heart,Play we our part.

Sure be each eye to-day,Steady each hand must stayIf in the trial we,Victors would be!

Sharp is the crack! 'tis done!Lost is the chance, or won;Right in the gold is it?Huzza! the hit!

The sun will sink and light the westAnd touch the peaks with crimson glow;Then shadows fill the vale with restWhile the stars look peace on all below.

In triumph then we take away,And with our prizes homeward wend;Through meadows sweet with new-mown hay,A song exultant will we send.

Elgar [1857-1934]Das Terras Altas da Bavária, Op. 27

1. A Dança

Venha e se apresse, dance,olhos alegres logo estarão olhando de relance.Ah! Meu coração bate acelerado!Venha e dance um compasso divertido,sorva a cerveja de brilhante castanho, meu querido.Ouça! Que som tão animado!

Venha querida, vamos nos apressar,venha, venha, não há tempo a desperdiçar,com meu coração eu amo você!Dance, dance, descansar nós não queremos, certamente.Gire, rode e rodopie novamente,com meu braço eu seguro você!

Pelo caminho as luzes estão brilhando,rostos amigáveis alegremente irradiandonos recebem com música.Dançar faz os corações menos pesados,dançar faz o mundo e a vida mais iluminadosà medida que dançamos!

2. Falso Amor

Agora a doce voz da Primavera estamos escutandoa cantar alegremente pelo mundo,júbilo a toda Terra ofertando.

Tudo está alegre nos prados,flores crescem em meio à grama,produzem brotos vermelhos, brancos, azulados.

Enquanto eu procuro minha fiel donzela,canta a pequena cotovia ao altode bom grado a enviar os devidos louvores a ela.

Quando eu subo e à porta fico rente,Ah! Eu vejo um concorrente ali,então adeus, eternamente!

Sempre verdadeiro fui contigo,nunca magoei ou irritei a ti, amor.Falsa, oh! Falsa, és tu comigo.

Agora a verde floresta avisto,nela, longe dos olhos cruéis que zombam,morarei sem ser amado, sem ser visto.

3. Canção de Ninar

Durma, meu filho, oh! Um cochilo constante.Enquanto tua mãe olha por ti, vigilante,nada pode te amedrontar ou fazer mal neste instante.

Durma, oh! Durma, meu filho.

Bem distantes,cítaras ressonantes,alegres e dançantes,chamam dias radiantes.

Em vão ressonantes,cítaras dançantes!Aqui estou, como antesem todos os instantes.

Cantando,vigiando,em paz, olhandoe velando.

Durma, meu filho, oh! Um cochilo constante.Enquanto tua mãe olha por ti, vigilante,Durma, oh! Durma, meu filho.

4. Desejo

Acima das alturas a neve cai intensamente,afundada em sono está a terra serenamente;Aqui na casa de Deus nós rezamos com ardor,conduza hoje nossas almas, Senhor.

Protegendo, como a neve silenciosa,caia aqui sua misericórdia bondosa.

Calmamente então, como a terra de neve cingida,descansemos, sob sua mão protetora, em guarida.Curvados, esperamos sua poderosa vontade,conduza, Senhor, e guia-nos em tranquilidade.

5. Nos Alpes

Um sino melodioso repica do nada,ele tem um som tão doce;eu conheço uma donzela amadacom voz assim cheia e macia e é como se dela fosse.

A ponta dos alpes brilha, pelo sol iluminada,com doces trevos em flor;ali mora minha donzela amadae lá eu encontro meu amor.

Ali, sem medo e em revoada,as andorinhas todo o dia passam,e ligeiras, minha donzela amada,veem as cabras que ultrapassam.

Eu não posso ficar aqui de mão atada,eu não posso aqui embaixo esperar;para buscar minha donzela amada,eu, para os alpes, devo marchar.

Da montanha eu ouço a chamada,e em direção às alturas eu salto de vez;eu sei que minha donzela amada irá reparar no meu Juchhe tirolês.

Exultante venho à sua morada,minha moça de cabelos louros, tão querida;eu te quero, donzela amada –Não! Não ordenes minha partida!

6. Os Atiradores

Venham das montanhas e de seus flancos,venham dos vastos vales brancos,vejam como fortes vamos nos formando,lado a lado caminhando!

Espingarda a tiracolo posicionada,de pólvora e balas carregada,viris de corpo e alma viemos,nossa parte fazemos.

Certeiro hoje cada olho deve estar,firme cada mão deve ficarnas provas que poderemos tervitoriosos deveremos ser!

Estridente é o estampido! Está feito! Perdida ou ganha é a oportunidade, não tem jeito. Foi bem no alvo? Confiro?Huzza! Que tiro!

O pôr do sol vai clareando o oeste com sua luz mansae, tocando os picos, um fulgor carmim traz.Sombras preenchem o vale que, então, descansaenquanto as estrelas olham pra todos aqui em paz.

Triunfantes então, nós tomamos nosso rumo,e com nossos prêmios de volta para casa nos dirigimospelos prados com fenorecém-ceifado de doce sumo,exultantes, uma canção emitimos.

L. Boulanger [1893-1918]Primavera

Senhoras e senhores, sou eu: eu, a Primavera!Eu, a Primavera, cujo sorriso claro aos mais tristes responde,que nos lírios brilhantes raios de ouro gerae sob os lábios das rosas beijos esconde.

Eu venho do azul e não sou acanhada,despertando sob meus passos os sons e as cores.Eu cubro de beleza toda coisa que por minha mão é tocadae minha boca se enrubesce no cálice das flores.

Eu povoo os jardins e ninhos eu teço,Eu ensino novas árias aos melros, assim como aos tentilhõese, nos riachos azuis que Outubro desbotou, eu desçoe desfio safiras e pérolas dos cordões.

Eu abro os corações sobre a terra e no céu, as asas no veludo da íris, sobre a margem dos lagos.Eu levo a passear o voo das verdes libélulas ao léu.