Semmais 09 abril 2016

16
Sábado 9 | Abril | 2016 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 897 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais PUBLICIDADE Os últimos acontecimentos na Ameixoeira, com um tiroteio que feriu dois civis e três polícias, levou os dirigentes sindicais da polícia a virar agulhas para os bairros problemáticos do distrito, com o da Bela Vista, em Setúbal, à cabeça. Os agentes da PSP, nomeadamente, registam que já lá vai o tempo em que os arruaceiros ou criminosos fugiam perante a chegada das brigadas. Agora, não raramente, promovem o confronto. E por isso querem mais meios. SOCIEDADE PÁGINA 4 A SEMANA PÁGINA 2 HELDER MOURA PEREIRA EM SETÚBAL O poeta vai apresentar em Setúbal o seu mais recente livro – Golpe de Teatro. É na Casa da Cultura, em sessão Muito Cá de Casa, no dia 15, às 22 horas. O actor José Nobre vai “dizer” poemas do livro, e Rosa Azevedo vai apresen- tar a obra do poeta e moderar o debate. Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal e é figura de destaque da Literatura em Portugal. SOCIEDADE PÁGINA 5 IPS GANHA PROJETO DE 4,3 MILHÕES E ENTRA NA “LIGA DOS CAMPEÕES” O Instituto Politécnico de Setúbal vai gerir o projeto de sustentabilidade energética em ha- bitação, designado TESSe2b, financiado em 4,3 milhões de euros, cujo protótipo vai ser apli- cação em vários países da Europa. É a entrada no topo da investigação a nível europeu. SOCIEDADE PÁGINA 3 “OCEAN ALIVE” QUER MARISCADORES DO SADO A DEFENDER GOLFINHOS A organização “Ocean Alive”, liderada pela bióloga Raquel Gaspar, vai aproveitar, hoje, a esperada invasão de mariscadores no estuário do Sado para sensibilizá-los na apanha de sacos de plástico, responsáveis por grandes riscos no ecossistema dos golfinhos do Sado. POLICIAS PEDEM MAIS MEIOS PARA “GERIR” BAIRROS PROBLEMÁTICOS NO DISTRITO

description

Edição do Semmais de 9 de Abril

Transcript of Semmais 09 abril 2016

Page 1: Semmais 09 abril 2016

Sábado 9 | Abril | 2016

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 897 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

PUBLICIDADE

Os últimos acontecimentos na Ameixoeira, com um tiroteio que feriu dois civis e três polícias, levou os dirigentes sindicais da polícia a virar agulhas para os bairros problemáticos do distrito, com o da Bela Vista, em Setúbal, à cabeça. Os agentes da PSP, nomeadamente, registam que já lá vai o tempo em que os arruaceiros ou criminosos fugiam perante a chegada das brigadas. Agora, não raramente, promovem o confronto. E por isso querem mais meios.

SOCIEDADE PÁGINA 4

A SEMANA PÁGINA 2HELDER MOURA PEREIRA EM SETÚBALO poeta vai apresentar em Setúbal o seu mais recente livro – Golpe de Teatro. É na Casa da Cultura, em sessão Muito Cá de Casa, no dia 15, às 22 horas. O actor José Nobre vai “dizer” poemas do livro, e Rosa Azevedo vai apresen-tar a obra do poeta e moderar o debate. Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal e é figura de destaque da Literatura em Portugal.

SOCIEDADE PÁGINA 5IPS GANHA PROJETO DE 4,3 MILHÕES E ENTRA NA “LIGA DOS CAMPEÕES”O Instituto Politécnico de Setúbal vai gerir o projeto de sustentabilidade energética em ha-bitação, designado TESSe2b, financiado em 4,3 milhões de euros, cujo protótipo vai ser apli-cação em vários países da Europa. É a entrada no topo da investigação a nível europeu.

SOCIEDADE PÁGINA 3“OCEAN ALIVE” QUER MARISCADORES DO SADO A DEFENDER GOLFINHOSA organização “Ocean Alive”, liderada pela bióloga Raquel Gaspar, vai aproveitar, hoje, a esperada invasão de mariscadores no estuário do Sado para sensibilizá-los na apanha de sacos de plástico, responsáveis por grandes riscos no ecossistema dos golfinhos do Sado.

POLICIAS PEDEM MAIS MEIOS PARA “GERIR” BAIRROS PROBLEMÁTICOS NO DISTRITO

Page 2: Semmais 09 abril 2016

2 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

SEMANAMORTE PREMATURA DE COMANDANTE DE BOMBEIROS

O COMANDANTE DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SESIMBRA, RICARDO CRUZ, DE 43 ANOS DE IDADE, FOI ENCONTRADO MORTO

NO INTERIOR DA SUA VIATURA, APARENTEMENTE POR DOENÇA SÚBITA. FORAM OS PRÓPRIOS EFETIVOS DAR CONTA DO SUCEDIDO,

APÓS CHAMADA PARA A OCORRÊNCIA, NA ZONA DO ZAMBUJAL CASAL DAS FIGUEIRAS, ONDE RESIDIA.

O SEGUNDO COMANDANTE DAQUELA CORPORAÇÃO LAMENTOU O DESAPARECIMENTO DO SEU SUPERIOR, QUE CONSIDEROU «UMA

GRANDE PERDA». LUÍS SARAIVA DISSE TRATAR-SE DE «UMA PESSOA NOVA, COM MUITO AINDA PARA DAR À INSTITUIÇÃO E À

CAUSA PÚBLICA E QUE DESAPARECEU PREMATURAMENTE».RICARDO CRUZ, CASADO E COM DOIS FILHOS, LIDERADA A CORPORAÇÃO DESDE 2003, ALTURA EM QUE SUCEDEU AO

CARISMÁTICO FERNANDO GATO.

Detido por posse de explosivos no Barreiro e incêndio no Montijo

Secretário de Estado da Indústria visitou empresa instalada na Moita

Um homem de 31 anos foi detido pela PSP de Setúbal durante a

madrugada da última quarta-feira, no Barreiro, pela posse de quatro enge-nhos pirotécnicos. A detenção surgiu no seguimento de uma de-núncia de que “um indivi-duo havia arremessado um petardo seguido de ex-plosão contra uma janela de uma casa tendo depois fugido do local”, explicou a polícia. Os agentes acaba-ram por intercetar o sus-peito e apreenderam di-verso material pirotécnico.

João Vasconcelos, Se-cretário de Estado da Indústria, visitou, no

dia 5 de abril, a empresa tecnológica portuguesa In-trosys, no âmbito de um programa que decorreu no distrito de Setúbal. Ao lon-go de todo o dia, reuniu-se com um conjunto de em-presas e entidades para se inteirar das principais questões de relevo econó-mico e industrial que afe-tam a região. Entre as várias visitas realizadas, a Secretaria de Estado escolheu a In-trosys na Moita, uma em-

António Franco Alexan-dre, Helder Moura Pe-reira, João Miguel

Fernandes Jorge e Joaquim Manuel Magalhães publica-ram, há quarenta anos, um “livro” diferente. Era um Cartucho (assim se chamou a edição), e é hoje peça rara mesmo nas bibliotecas mais recheadas. Referimos a efe-méride e destacamos mais uma edição de um livro de poemas de Helder Moura Pereira – Golpe de Teatro. Com esta publicação assi-nalam-se 40 anos de pro-dução literária do poeta. Vamos comemorar com ele, na Casa da Cultura, em Se-túbal, em sessão Muito Cá de Casa, sexta-feira, dia 15, às 22h. O actor José Nobre vai “dizer” poemas do livro, e Rosa Azevedo vai apre-sentar a obra do poeta e moderar o debate.

HELDER MOURA PEREIRA PUBLICA HÁ 40 ANOS E FAZ LANÇAMENTO DE NOVO LIVRO EM SETÚBAL

“Golpe de Teatro” em Muito Cá de Casa

Helder Moura Pereira nasceu em Setúbal, a 7 de ja-neiro de 1949. Foi professor no Ensino Secundário e Assis-tente da Faculdade de Letras de Lisboa (Departamento de Estudos Anglo-Americanos). No King’s College da Univer-sidade de Londres, como Leitor, ensinou Literatura Portu-guesa. Lecionou também Português e Técnicas de Expres-são do Português nos cursos de Formação Profissional da Faculdade de Medicina Dentária de Lisboa. Ingressou no Ministério da Educação em 1986, tendo exercido funções técnicas na área da educação de adultos, nomeadamente em animação de leitura e nos grupos de planeamento e redação da revista “Forma” e do jornal “Viva Voz”. Foi técnico superior do Ministério da Justiça, em funções no Estabelecimento Prisional de Lisboa. O seu trabalho poético tem vindo a ser publicado regularmente pela Assí-rio & Alvim, obtendo o reconhecimento do público e da crítica. É disso exemplo a atribuição de diversos prémios literários, entre eles o Prémio de Poesia Luís Miguel Nava e o Prémio de Literatura Casa da América Latina/Banif, este último pela sua tradução do livro “O Inútil da Famí-lia”, de Jorge Edwards. De resto, a sua atividade como tra-dutor é também notável e tem traduzido regularmente autores como Ernest Hemingway, Jorge Luis Borges, Sylvia Plath, Charles and Mary Lamb, Sade, Guy Debord. wook.pt

© A

ntón

io C

orre

ia

No mesmo dia um in-cêndio destruiu um arma-zém de uma empresa de madeiras, na última quar-ta-feira, em Pegões, no concelho do Montijo. Os bombeiros conseguiram impedir que as chamas se

presa que exporta 98% da sua produção e que é res-ponsável pela conceção dos sistemas de controlo dos robôs que constroem os carros de diversas

propagassem a um outro armazém maior que existe no local, não se tendo re-gistado nenhum ferido na ocorrência. No local esti-veram 15 veículos a com-bater as chamas, com 40 operacionais.

marcas de automóveis. A Introsys é uma mul-tinacional portuguesa na-cional de referência na in-vestigação em inteligência artificial e cibernética.

Page 3: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 3

SOCIEDADE

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

GNR NÃO TEM MÃOS A MEDIR E O FENÓMENO NÃO PARA DE AUMENTAR NO DISTRITO

Furto de pinha na região já é assunto de profissionaisEsta semana foram mais dois casos, mas todas as semanas as autoridades policiais registam incidentes nesta atividade ilegal e lucrativa. Com apenas a apanha de uma saca, os meliantes conseguem mais de 30 euros.

O furto de pinhas continua sem abrandar na região. Já esta semana, depois da apa-

nha ter terminado, a GNR deteve mais suspeitos, ao intercetar um casal em flagrante delito quando roubava pinhas. Já tinham na sua posse cerca de 200 quilos daquele fruto seco. Metade do que tinham colhido outros dois homens na localidade de Foros de Albergaria, Alcácer do Sal, quando foram abordados pela GNR. Estes são apenas dois dos ca-sos mais recentes, mas recorde--se que o fenómeno tem cresci-do na região, explicando os produtores que a tentação pelo roubo de pinhas se justifica com o facto de o quilo deste fruto as-cender aos 80 cêntimos, en-quanto as sacas utilizadas na colheita têm capacidade de 40

quilos. Ou seja, ganhar 32 euros pode estar à distância de encher uma simples saca. É por estes valores que o fur-to de pinhas continua a ser das maiores dores de cabeça dos proprietários dos pinhais no distrito, sobretudo na franja en-tre Pegões e Alcácer do Sal. Esta prática - que aumentou nos últi-mos anos, quase de braço dado com a subida do desemprego - funciona como uma espécie de «trabalho sazonal», segundo as autoridades, levada a cabo por mão-de-obra «especializada», com recurso a carrinhas, esca-das e ferramentas adequadas. Quem o faz, chega ao detalhe de roubar apenas as pinhas que estão nos ramos interiores das árvores, deixando os frutos que se encontram na parte de fora. Um esquema de conhecedores para iludir os proprietários, se-gundo as próprias autoridades.

Ação desregrada leva tudo em frente

Os furtos deixam marcas bem visíveis no terreno. Além de ár-vores despidas de frutos, tam-bém as cercas surgem cortadas amiúde. Há quem comece a fur-tar pinhas antes da época legal-mente estipulada (16 de dezem-bro), quando o pinhão ainda não atingiu a seu nível ideal de maturação. Segundo os produtores, as pi-nhas furtadas são vendidas sem qualquer documento aos inter-mediários que, por sua vez, as fazem chegar às fábricas, a quem cobram o IVA. «Essa taxa é o lu-cro dos intermediários», garante o empresário Hélio Cecílio, re-clamando maior fiscalização nas florestas e sensibilização das au-toridades no sentido de terem mão pesada «cada vez que en-contrarem carregamentos de pi-

nhas antes de 15 de Dezembro.» Não é de hoje que a indús-tria do pinhão reclama fiscali-zação apertada junto das auto-ridades no combate aos roubos e às colheitas fora de prazo,

alertando para outros casos de comércio paralelo, pedindo à ASAE que vá às feiras à procura de vendedores de pinhão e que lhe solicite os documentos rela-tivos ao produto.

MAIOR MARÉ DO ANO VAI LEVAR INVASÃO DE MARISCADORES NO ESTUÁRIO DO SADO

“Ocean Alive” quer mariscadores a apanhar sacos de sal em defesa dos golfinhos

Os voluntários da “Ocean Alive” vão aproveitar faina da apanha de lingueirão para alertarem da importância da recolha de embalagens de plástico de sal vazias deixadas na maré. Isto, porque são um risco para ecossistema marinho dos golfinhos.

A partir das 10.00 horas deste sábado e até ao início da tar-de os mariscadores deverão

«invadir» o estuário do Sado para se dedicarem à apanha do lin-gueirão, aproveitando aquela que será a maior maré do ano. No ter-reno irão encontrar uma campa-nha de sensibilização, com vários voluntários da Ocean Alive, a alertarem para a importância da recolha de embalagens de plásti-co de sal vazias deixadas na maré e que correm o risco de passar a fazer parte do ecossistema mari-nho dos golfinhos. As artes de pesca que os ma-riscadores utilizam resumem-se a um balde de plástico que trans-porta embalagens com sal fino. O mariscador, à medida que per-corre o estuário no período da baixa-mar, vai localizando sinais da presença do molusco enterra-do na areia através de um peque-no buraco em forma de oito, e é dentro dele que deita o sal, obri-gando o lingueirão a sair parcial-mente da “toca” por ser muito sensível à salinidade. O problema é que, como

alerta a bióloga Raquel Gaspar, da Ocean Alive, à medida que as embalagens de sal são despeja-das, vão sendo deixadas no local da apanha. E é aqui que os vo-luntários da associação vão in-tervir, procurando sensibilizar os mariscadores para as ques-tões ambientais.

Campanha dos mariscadores deu 1500 embalagens

Na última campanha foram re-colhidas 1500 embalagens, esti-

mando Raquel Gaspar que cada mariscador utilize em média cerca de dez frascos por dia. O seu impacto na natureza, quan-do chega ao rio, faz-se sentir nas pradarias marinhas, sobre-tudo, destacando a Ocean Alive que 80% do lixo que está no Oceano é plástico. «As embalagens de plástico de sal terão um longo processo de degradação que dura entre dezenas a cerca de 400 ou 500 anos. Primeiro, as partículas de médias dimensões das embala-

gens poderão ferir, asfixiar, causar úlceras ou a morte de animais marinhos. Por exem-plo, as aves marinhas confun-dem o plástico das embalagens que boia com os peixes de que se alimentam», alerta , acres-centando ainda que parte das embalagens vai dar às praias de Setúbal, Troia e Arrábida, «constituindo também um ris-co para a saúde pública, por exemplo, causando ferimentos para quem caminha descalço na areia».

Miguel Laranjeira, fre-quentou o Instituto dos Pupilos do Exército e,

até 2007, abarcou a carreira mi-litar, com missões em teatro de operações no estrangeiro. São partes destas experiências que o autor, natural de Luanda e resi-dente do Seixal, presta agora em jeito mais solto, numa curiosa obra literária, dada a conhecer, hoje, na Galeria de Exposições Augusto Cabrita, no Seixal. O livro, que titulou “Dos Pu-pilos ao Exército em 50 Tons de Riso”, cuja apresentação está a cargo de Helena Madeira, reme-te-nos para o dia-a-dia num re-gime de internato, com caracte-rísticas bem definidas, que diferem em muito da vida «cá fora». Neste caso, na instituição castrense, muito mais. Neste volume, o leitor é con-vidado a visitar o Instituto dos Pupilos do Exército, a Academia Militar e várias unidades do Exército, em episódios curiosos, quantas vezes engraçados, ou até mesmo hilariantes, os quais são característicos da vida no meio castrense, tendo sido em grande parte vivenciados pelo autor, que é licenciado em Gestão de Em-presas, casado e tem um filho.

Revisitar os “Pupilos do Exército” pela literatura de Miguel Laranjeira

Page 4: Semmais 09 abril 2016

4 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

SOCIEDADETIROTEIO DA AMEIXOEIRA LANÇA ALERTA JUNTO DAS POLÍCIAS E FOCO NA REGIÃO DÁ SINAL VERMELHO

Dirigentes policiais pedem mais meios para bairros problemáticos do distrito

As forças policiais afirmam que há quinze, vinte anos, em bairros como o da Bela Vista, em Setúbal, quando a polícia chegava os desordeiros e criminosos fugiam. Agora confrontam os agentes, «muitas vezes com os meios que têm à mão».

O debate é lançado após o ti-roteio na Ameixoeira que causou cinco feridos, dois

civis e três polícias: «Sobretudo, os agentes que prestam serviço nos bairros mais problemáticos têm ter mais meios para garanti-rem a sua própria segurança e defenderem os cidadãos», alerta

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

PUBLICIDADE

ao Sem Mais Paulo Rodrigues, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP), que coloca na lista al-guns dos bairros do distrito de Setúbal, onde a criminalidade é mais acentuada. «Não facilitar tem que ser sempre a palavra de ordem», in-siste, admitindo ser esta a máxi-ma seguida, por exemplo, entre os cerca de 50 elementos que

trabalham na esquadra da Bela Vista, alertando ainda para a im-portância dos agentes conhece-ram bem os bairro e, se possível, até as próprios moradores. Paulo Rodrigues explica que há hoje uma nova postura dos desordeiros e criminosos. «Há 15 ou 20 anos, quando a PSP chega-va, os indivíduos que estavam a cometer crimes fugiam. Hoje é tudo diferente. Eles confrontam

a polícia, muitas vezes com os meios que têm à mão», justifica. Já César Nogueira, da Asso-ciação Profissional da Guarda, acrescenta que «há um senti-mento de impunidade» de quem utiliza armas contra as forças policiais. «Em tribunal os crimi-nosos sentem que estão mais protegidos. E se os polícias rea-gem, como aconteceu com o Hugo Hernano, ainda têm pro-blemas. Passamos a ser os crimi-nosos e os criminosos passam a ser as vítimas», lamenta César Nogueira, denunciando a exis-tência de postos territoriais da GNR no distrito onde há apenas dois coletes balísticos para todo o efetivo.

Perigos à espreita em qualquer situação

«Claro que se os militares vão desprotegidos, nem que seja

para uma simples quezília de vizinhos, estão fragilizados porque sentem que estão mais expostos a uma fatalidade», sublinha, enquanto Paulo Ro-drigues destaca para um sem número de vezes em que os agentes vão para o terreno ten-tar resolver apenas um proble-ma de barulho na casa de um vizinho, mas acabam recebidos a tiro ou à pedrada. «É aqui que os recursos são essenciais», diz, reportando--se, sobretudo, ao número de polícias por carro-patrulha. «Terão que ser três ou quatro elementos durante a noite e não os dois habituais. Depois têm que estar dotados de equi-pamentos de proteção pessoal, para minimizarem o efeito de qualquer agressão. Só assim a intervenção pode ter um míni-mo de segurança», resume o dirigente.

ESTALEIRO DA MITRENAApartado 135 | 2901-901 Setúbal | PortugalTel +351 265 799 100 | Fax +351 265 719 [email protected] | www.lisnave.pt

Exportamos 98% da nossa produçãoIncorporamos 90% de produção nacional

abcdefghijk

CONQUISTANDO O FUTURO

Page 5: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 5

SOCIEDADE

O Instituto Politécnico de Setúbal vai avançar com um projeto que visa asse-

gurar a sustentabilidade energé-tica das habitações com recurso às energias renováveis (solar e geotérmica), através de uma so-lução inteligente e mais rentável economicamente para a popu-lação, com reduzido impacto ambiental. O projeto TESSe2b, que é co-ordenado pelo IPS e financiado com 4,3 milhões de euros por programas comunitários, foi apresentado na quinta-feira, na Casa da Baía, com as presenças de Pedro Dominguinhos, presi-dente do IPS, e de Luís Coelho, coordenador do projeto. O instituto e dez parceiros europeus, durante quatro anos, vão desenvolver uma investiga-ção inovadora na área da eficiên-cia energética, nomeadamente no que concerne ao armazena-mento de frio e de calor, incluin-do a criação de protótipos para aplicação em três países da União Europeia, designadamen-te Chipre, Espanha e Áustria. Pedro Dominguinhos consi-dera que se trata de um projeto «fundamental» para o IPS, na me-dida em que «é dos poucos coor-denados por institutos politécni-cos do nosso País e também ao nível da energia no nosso País». O projeto pretende desenvol-ver uma situação «inovadora, amiga do ambiente, inserindo-se na estratégia europeia de maior eficiência energética, no âmbito das energias renováveis. «É um projeto profundamente exigente. Tem vertentes importantes ao ní-vel da qualidade, dos resultados e da comunicação. Envolve todo o instituto, além dos docentes», su-blinha Pedro Dominguinhos, que acrescenta que estamos perante um «exemplo claro de uma políti-ca de investigação e de desenvol-

vimento para uma instituição de ensino superior, numa área que é profundamente inovadora mas, também, exigente ao nível das políticas europeias».

«Energia é aposta forte do IPS»

À semelhança da energia, uma área com forte aposta do IPS, existem outros projetos coorde-nados por Luís Coelho. Pedro Dominguinhos destacou o labo-ratório de mobilidade que tem desenvolvido projetos com vá-rias empresas e o laboratório do movimento humano, que tam-bém foi construído recentemen-te, que trabalha na área da saúde e que tem tido um impacto «ex-tremamente relevante». Por sua vez, Luís Coelho afir-mou que o projeto é «pertinente», pois consta de um sistema de ar condicionado e aquecimento das águas sanitárias para as habita-ções. «Neste momento a energia é cada vez mais cara. Ter aqueci-mento por caldeira, a gás natural ou por caldeira a gasóleo é impra-ticável. A tendência das pessoas é abandonar as caldeiras e passa-rem para o chamado ar condicio-nado ou bombas de calor e haven-do essa pertinência, resolveu-se desenvolver um sistema muito mais eficiente, comparado com o que existe no mercado». E conclui: «É um sistema mais eficiente energeticamente e, em termos quantitativos, esta-mos a falar de um aumento de eficiência de 25 a 30 por cento, o que é significativo comparado com as capacidades das tecno-logias de aumentar a eficiência energética. Este sistema baseia--se na sustentabilidade ambien-tal, uma vez que usa fontes re-nováveis de energia. Depois, queremos tornar este sistema de fácil aplicação e compacto nas habitações».

COORDENAÇÃO VALE 4,3 MILHÕES, PROTÓTIPOS VÃO SER APLICADOS EM VÁRIOS PAÍSES E ESPERAM-SE RESULTADOS DAQUI A CINCO ANOS

Politécnico de Setúbal lidera projeto europeu de poupança de energia IPS avança para projeto, com fundos europeus, que promove um ambiente mais sustentável nos lares portugueses. Daqui a 4/5 anos o resultado do projeto estará disponível para ser instalado nas nossas casas para pouparmos energia e ser-mos mais amigos do ambiente

Page 6: Semmais 09 abril 2016

6 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

MOITA CANIL INTERMUNICIPAL QUASE CONCLUÍDO Os presidentes e vereadores com pelouro das câmaras municipais do Barreiro e da Moita visitaram, no passado dia 1 de abril, as novas instalações do Centro Intermuni-cipal de Recolha de Animais Errantes (CI-RAE), em fase de conclusão, na Quinta das Rebelas, junto ao mercado abastecedor do Barreiro. A necessidade de melhorar e alargar as instalações atualmente existen-tes nos dois concelhos esteve na origem da colaboração entre as duas autarquias que repartem as despesas de construção do novo equipamento e partilham recur-sos. O canil intermunicipal tem 33 boxes para cães, celas de quarentena, um gatil e um espaço administrativo.

SINES ÁFRICA COM FORTE PRESENÇA NO FMM África volta a ter presença forte no FMM deste ano. Pat Thomas & The Kwashibu Area Band é projeto em torno de um dos maiores vocalistas do highlife. O guitarris-ta e vocalista Moh! Kouyaté é um músico da Guiné-Conacri a meio caminho entre a tradição mandinga, os blues, o jazz e o rock. Mbongwana Star é uma banda con-golesa criada em torno de Coco Ngambali e Theo Nzonza, dois antigos membros de Staff Benda Bilili. Konono n.º 1 é um expoente da música de transe congolesa baseada em distorções elétricas artesanais. A cantora maliana Khaira Arby é uma das vozes mais representativas dos blues do deserto. Danyèl Waro é um gigante da mú-sica de Reunião, ilha vulcânica do Índico sob administração francesa. Vítor Tavares é uma lenda do funaná e do seu instru-mento-símbolo, a gaita. Bamba Wassoulou Groove é uma banda em que as guitarras elétricas tomam a dianteira do palco.

SETÚBAL JUNTAS DE FREGUESIA CONTEMPLADAS COM APOIO FINANCEIROO município aprovou 250 mil euros às juntas de freguesia para construção e re-qualificação de edifícios administrativos.O subsídio, no valor de 50 mil euros para cada uma das cinco juntas, destina-se a apoiar projetos, executados ou em desen-volvimento, de ampliação de sedes ou de construção de novas e ainda de criação de instalações para serviços operacionais. No caso de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, a verba visa apoiar a ampliação da sede. A Junta de Azeitão recebe apoio para recon-versão do edifício do antigo posto de turis-mo. Já a União das Freguesias de Setúbal é apoiada na construção do polo operacional de Vanicelos e para a ampliação da sede. Quanto a S. Sebastião, a intenção é subsi-diar a reformulação do antigo mercado do Br.º Humberto Delgado.

BARREIRO 500 ANOS DO FORAL MANUELINO REVELAM GRANDES MOMENTOS As comemorações dos 500 anos do foral manuelino de Coina prolongam-se por um ano. Foram apresentadas no dia 6 ao movimento associativo e à população, em Coina. A vereadora Regina Janeiro e Naciolinda Silvestre, presidente da União das Freguesias de Palhais e Coina, estiveram na sessão, que contou com uma “aula” de contextualização histórica. «A história deste pequeno concelho está recheada de grandes momentos», referiu a vereadora durante a sessão, como a indústria vidreira na “Real Fábrica de Vi-dros Cristalinos de Coina”. «Era, também, um dos principais portos de ligação entre as duas margens do Tejo, na ligação a Lis-boa» e «a ligação entre o sul e o norte de Portugal, mais tarde desempenhado pelo Barreiro, fez com que até reis tenham pernoitado em Coina», lembrou.

ALCÁCER DO SAL CENTRO SOCIAL DA COMPORTA GANHA MAIS ESPAÇOA ampliação do Centro Social de S. Pedro da Comporta é inaugurada este sábado, às 15 horas, com a presença dos pre-sidentes do município, da Assembleia Municipal e da Junta de Freguesia.«Um equipamento de grande importân-cia para a população da Comporta, que passa a contar com um centro moderno e com capacidade de resposta às suas necessidades sociais», refere o edil Vítor Proença. A obra que passou pela adap-tação do antigo edifício escolar que foi cedido pela edilidade vai ter capaci-dade para responder às necessidades da população através dos serviços de centro de dia para idosos e creche para as crianças. As obras dotam o espaço de creche e apoio domiciliário.

GRÂNDOLA MUNICÍPIO REQUALIFICA ESCOLA PRIMÁRIA DO LOUSAL O município está a terminar a requali-ficação da primária do Lousal. Com um investimento a rondar os 50 mil euros, a intervenção incluiu a reparação e pintu-ra do interior e exterior, salientando-se o revestimento das paredes em gesso cartonado, a construção de uma cober-tura no espaço do recreio, a execução de nova rede de esgotos e a instalação de ar condicionado nas salas e no refeitório. A obra surge no seguimento do trabalho que tem vindo a ser realizado de manu-tenção e requalificação do parque esco-lar, prevendo-se também para breve o início da requalificação da EB1, que está em fase final de projeto, e que terá um investimento de 3 milhões de euros.

ALMADA INSTITUIÇÕES DO ENSINO MOSTRAM OFERTA EDUCATIVADe 12 a 14, as instituições de ensino regressam à Praça da Liberdade para dar a conhecer a oferta educativa local. A mostra conta com mais de uma centena de atividades, entre animações e ateliês. A 13.ª edição da Mostra do Ensino Supe-rior, Secundário e Profissional permite o contacto direto entre a comunidade e as instituições de ensino localizadas no con-celho, num espaço privilegiado de parti-lha de experiências e de conhecimento. Dedicado especialmente aos alunos do 2.º e 3.º ciclo, dos ensinos secundário e profissional e à comunidade educativa em geral, a mostra decorre das 10 às 13 e das 14 às 18 horas, sob o lema “O Ano Interna-cional do Entendimento Global”.

PALMELA POPULAÇÕES PARTICIPAM NA GESTÃO DO CONCELHOComeça a 11 de abril a primeira ronda de reuniões do projeto de participação cidadã “Eu Participo!”, que decorrerá até ao final do ano, por iniciativa da Câmara. Nesta fase, que conta com a realização de cinco reuniões descentralizadas para auscultação e debate com as populações das diferentes freguesias, o município vai ouvir sugestões e preocupações e recen-sear propostas concretas de obras e ações para o próximo ciclo de trabalho. Em setembro, as propostas agora recolhidas serão apresentadas e hierarquizadas, pro-curando integrá-las nas Grandes Opções do Plano. Os inquéritos à população, dis-tribuídos em papel nas reuniões, estarão, também, disponíveis para preenchimento em formato digital, em www.cm-palmela.pt, entre 11 de abril e 31 de maio.

MONTIJO BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS TÊM NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS Amável Pires é o novo presidente da dire-ção, Amândio de Carvalho, preside a mesa da Assembleia Geral, e Joaquim Marrafa é o presidente do Conselho Fiscal. A tomada de posse dos órgãos sociais decorreu dia 2.A vereadora Clara Silva deixou votos para que a «relação frutuosa» entre as duas entidades se possa «manter e desenvolver». E relembrou o importante trabalho dos bombeiros na área social, na saúde e no apoio à comunidade: «O melhor são as pessoas e é para as pes-soas que os bombeiros têm trabalhado ao longo da sua existência», afirmou. O novo presidente aposta em «gestão cui-dadosa e criteriosa dos meios financeiros e humanos e compromete-se a trabalhar para o prestígio da associação».

LOCAL

SANTIAGO DO CACÉM CINEMA ANIMA FÉRIAS INFANTIS NO CERCAL DO ALENTEJO A Câmara Municipal de Santiago do Cacém, em colaboração com a Junta de Freguesia do Cercal de Alentejo, levou a cabo, entre os dias 22 de março e 3 de abril, a iniciativa “Cinema em Férias” no Cercal do Alentejo, que possibilitou uma quadra da Páscoa diferente e especial-mente animada para 455 crianças da freguesia. As sessões decorreram no auditório da Junta de Freguesia local e os sete filmes exibidos foram O Gangue do Parque, Miúdos e Graúdos, Ratatui, Os Simpsons, O Gangue dos Tubarões, Uma Vida de Insecto e Justin e a Espada da Coragem.

SESIMBRA DÍVIDA GLOBAL DO MUNICÍPIO DECRESCE Em 2015, o município reduziu a dívida global em 2,8 milhões de euros. No final do ano o valor situou-se nos 24,7 mi-lhões, dos quais 5,2 de curto prazo.Este é um dado bastante positivo se se tiver em conta, por um lado, as restrições financeiras impostas pelos orçamen-tos de Estado, que provocaram vários constrangimentos ao funcionamento da autarquia e, por outro, ao elevado volume de investimentos realizado nos últimos anos, sobretudo nas áreas da habitação, educação, cultura, saneamento, reabilita-ção urbana ou rede viária. Face à Lei das Finanças Locais, a margem de endivida-mento da autarquia sesimbrense é agora de 27 milhões de euros, superior à dívida global em 2,3 milhões.

SEIXAL ATIVIDADES NOS MOINHOS PARA TODA A COMUNIDADE No âmbito do Dia Nacional dos Moi-nhos, este sábado e domingo, tem lugar o evento “Moinhos Abertos” com ativida-des dirigidas à participação de todos. O Seixal, onde se conserva um impor-tante património moageiro, associa-se mais uma vez às comemorações com a realização de visitas acompanhadas ao moinho de maré de Corroios, enqua-dradas no tema “À Descoberta de um Moinho”. Das 15 às 17 horas, o moinho de maré acolhe o DocMoinhos, uma mostra de cinema documental relativa a patri-mónio molinológico através da qual se apresentam diversos filmes, alguns dos quais premiados em festivais nacionais e internacionais, prevendo-se momentos de debate com alguns dos realizadores.

ALCOCHETE SAÍDA DE CAMPO PARA IDENTIFICAÇÃO DA FLORA DAS SALINAS O autor do livro “Plantas para curar e para comer”, Miguel Boieiro, é o guia desta iniciativa, agendada para o próxi-mo dia 16, com início às 10 horas, com a visualização de um documentário sobre as salinas do Samouco, seguindo-se uma apresentação do referido livro pelo próprio autor. Antes do almoço, segue-se uma análise de espécies vegetais recolhi-das nos terrenos da fundação e, à tarde, uma saída de campo para identificação da flora. A iniciativa, que decorre entre as 10 e as 17 horas, é organizada pela Fundação das Salinas do Samouco e tem um custo de 10 euros, sem almoço, e de 20 euros, com almoço.

Page 7: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 7

PARTICIPAÇÃO NO CONGRESSO DA AMALENTEJO ULTRAPASSOU AS EXPETATIVAS E QUER AGORA REUNIR CONSENSO NACIONAL

Recolha de “35 mil assinaturas” pressiona regionalização no AlentejoForam cerca de 500 os participantes no congresso que pretende voltar a trazer para o debate público a regionalização. As espe-cificidades do Alentejo, região que está na moda, ficaram bem evidentes. Agora o manifesto segue o seu caminho.

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

Os cerca de 500 participan-tes no Congresso do movi-mento AMAlentejo deram

luz verde à recolha das 35 mil as-sinaturas necessárias para levar à Assembleia da República a pro-posta de um projeto-lei que con-temple a criação de uma comu-nidade regional como solução transitória até à regionalização. A «Declaração de Troia» foi apro-vada com apenas duas absten-ções. O Alentejo procura, desta forma, garantir a criação de uma estrutura com as atribuições da

MARIA LUÍS ALBUQUERQUE, COMO VICE-PRESIDENTE E PEDRO DO Ó RAMOS NO CONSELHO NACIONAL

PSD da região reforça peso nos órgãos nacionais

Maria Luís Albuquerque, como vice-presidente, e Pedro do Ó Ramos na Co-

missão Política Nacional, são os dois nomes mais sonantes da re-presentação dos social-democra-tas do distrito nas cúpulas do PSD a nível nacional, eleitos no 36.º Congresso que se realizou em Es-pinho no último fim-de-semana. O presidente da distrital, e de-putado, Bruno Vitorino, que terá assento no Conselho Nacional por inerência, fala mesmo em «re-sultado histórico», uma vez que, segundo afirma «nunca o distrito teve tão significativa e importante representação nacional», aludin-do ainda ao peso ganho com a eleição de outros militantes: Pau-lo Ribeiro, vice-presidente da dis-trital, Lina Gonzalez, da secção de Almada, Nuno Carvalho, presi-dente da secção de Setúbal e Luis Rodrigues, militantes do Seixal,

POLITICA

Comissão de Coordenação e De-senvolvimento Regional, aler-tando António Ceia da Silva, membro da comissão promoto-ra do AMAlentejo – que fez o discurso de encerramento – que «o mais importante foi colocar este ponto na agenda política», como um primeiro passo para que o Alentejo possa começar a decidir as suas próprias priori-dades, em sede de planos estru-turais, de desenvolvimento re-gional e fundos estruturais comunitários. Mas o caminho ainda é lon-go. Para já o processo vai ser su-jeito à elaboração jurídica cons-titucional. «Não será para o

imediato. Vai demorar o tempo que for necessário», sublinhava no final do Congresso, revelan-do que as conclusões da reunião magna alentejana seguem agora para os órgãos de soberania. «Demos um contributo para que a questão da regionalização, sempre falada mas sempre adia-da, possa estar no topo da agen-da política a nível nacional. Não podemos ficar nos meio ter-mos», acrescentou, reiterando que «é necessário haver um po-der regional eleito e órgãos elei-tos. Toda a região vai ganhar com isso».

Ceia da Silva garante que haverá menos despesa

Já em resposta às correntes de opinião que apontam para o au-mento da despesa pública, com a criação das regiões adminis-trativas, Ceia da Silva deixava a garantia de que será exatamente ao contrário. Ou seja, o também presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribate-jo alertava que a despesa será menor, alegando que a regiona-lização implica a substituição de alguns organismos «que existem neste momento e que não farão sentido existirem num quadro de governo regional». Na sequência do que relem-braram outros intervenientes ao

GOVERNO AUSENTE SEM FAZER GRANDE MOSSAA ausência de qualquer membro do atual governo não deixou de ser sentida. E também a de muitos autarcas socialistas da região, nomeadamente presidentes de câmara. Mas essa “falta de comparência” não parece ter feito grande mossa. «Apenas constatámos, porque o convite foi feito e seria uma oportuni-dade para que o governo pudesse expor o seu projeto de des-centralização», confessou ao Semmais José Soeiro, dirigente do PCP e um dos membros da comissão organizadora.

Soeiro reafirmou mesmo a satisfação «pelo carácter politica-mente transversal» do evento, plasmado na comissão da AMAlentejo e dos oradores em cada painel. E assim foi, nome-adamente com Carmelo Aires, ex-vice presidente da CCDR Alentejo, que numa alocução acintosa, não deixou de historiar criticas as forças políticas de esquerda quanto ao processo da regionalização.

Também o presidente da Câmara de Grândola, Figueira Men-des, em declarações ao Semmais frisou o aspecto essencial do projeto: «O que aqui se sente é uma grande unidade em torno desta necessidade da descentralização orgânica do processo de desenvolvimento. E não há razão para se pensar em políti-ca partidária».

O edil confia que este «é um primeiro passo» para gerar uma onda a nível nacional, porque é necessário, como salientou, «um consenso muito alargado». R.T.

longo da jornada em Troia, Ceia da Silva deu o exemplo da «for-ça» protagonizada pelas regiões de vários países europeus, onde vigora a regionalização, casos da Alemanha, Áustria, Bélgica ou França. «Têm um poder re-gional com assento no Conselho

Europeu. Ouvimos todos os dias falar na Europa das regiões, mas Portugal não tem regiões. É fun-damental que as tenha para po-dermos ser mais reivindicativos e podermos criar mais dinâmi-cas de desenvolvimento regio-nal», sublinhava.

que não foi indicado pela distrital mas liderou uma lista própria, to-dos para o Conselho Nacional; e ainda Miguel Salvado, presidente da concelhia de Almada, para a Comissão Nacional de Auditoria Financeira. «A distrital de Setúbal do PSD nunca teve uma representação tão significativa e importante nos órgãos nacionais do partido. O reconhecimento do valor de muitos dos nossos militantes é a

prova de que o distrito de Setú-bal é muito relevante em termos nacionais», afirmou o líder da distrital em jeito de balanço. Também a moção que a dis-trital levou ao congresso de Es-pinho, defendendo a criação de uma agência para atrair investi-mento para a região, que inte-grasse parceiros estratégicos, com vista ao desenvolvimento económico, foi aprovada por larga maioria.

AUTARCA NUNO CANTA, LIDERA MESA DA CPD

Socialistas do distrito elegem novos órgãos do partido

Os socialistas do distrito, li-derados por António Men-des, escolheram, esta quin-

ta-feira, os representantes dos novos órgãos distritais, com Nuno Canta, presidente da Câmara do Montijo, a liderar a Mesa da Co-missão Política Distrital, João Couvaneiro, como diretor do Ga-binete de Estudos, Raul Cristovão, a dirigir o Fórum Autárquico, Sér-gio Paes, o Departamento de Edu-cação e José Capela, responsável pela Comunicação. No secretariado da federação, António Mendes vai contar com um colégio composto por Euridi-ce Pereira, José Luís Barão, Cata-rina Marcelino, Carlos Pires, Te-resa Almeida, Clarisse Campos, Alexandra Ruivo, Lídia Henri-ques, Bruno Barata, António Ca-racol, Maria Fernanda Esfola, Nélson Pólvora e José Courinha Leitão. «É uma equipa experiente e com provas dadas e agora va-

mos construir um distrito mo-derno, líder, cosmopolita, e com futuro», disse ao Semmais o pre-sidente da federação socialista. Segundo António Mendes, os órgãos do partido na região vão concentrar-se na atividade do governo e na preparação das eleições autárquicas de 2017. «Esperamos trazer para a ação política uma nova geração de autarcas em muitos municípios, com a força, ânimo e empenho de colocar o nosso distrito nes-te patamar de modernidade e ambição», reforçou.

Page 8: Semmais 09 abril 2016

8 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

ENSINO

A FESTA DO COLÉGIO CAMPO DE FLORESA festa anual do Campo de Flores é uma grande festa. Como grande festa que é, acontece porque o eclodir das emoções e sentimentos dos seres humanos é genuíno. Nós, seres humanos, precisamos de manifestar essa emotividade, mas gostamos de o fazer em conjunto, partilhando-a, se possível, numa grande celebração. No ano letivo de 2015/2016, O Campo de Fores celebrou a primavera. Com a festa da primavera celebra-se a renovação da vida. Haverá coisa mais genuína para uma escola celebrar? Esta efusão de calor humano faz-nos falta, e é preciso, a cada ano, acendê-lo nos nossos corações. Mas o Campo de Flores vai sempre mais longe! O Campo de Flores gosta de se desafiar e fá-lo porque tem a clara consciência de que esse é o dever da escola. O Campo de Flores gosta de juntar ao coração o pensamento. A grande festa da primavera do Campo de Flores centrou-se, este ano, numa máxima de grande profundidade ética: Sou porque Somos! Que quer dizer esta mensagem? Esta mensagem é o lema do ano letivo de 2015/2016: é o núcleo de todo o projeto educativo do Campo de Flores a desenvolver-se ao longo de todo ano, a cada dia, todos os dias. Ao invés da mensagem egocêntrica que invade o nosso quotidiano, o projeto educativo do Campo Flores, de uma forma firme, serena, esclarecida e amiga, passa a cada dia a todos os seus membros, muito em particular às crianças e aos jovens alunos, uma mensagem ética. No Colégio, o outro não apenas deve ser tolerado ou aceite: o outro, ou seja, o meu semelhante, faz-me falta para eu poder crescer e ser eu próprio. Outros optam por valorizar formas mais histriónicas de se afirmarem. Campo de Flores revela o seu carácter neste ideal solidário, que, ao longo de quase meio século, tem vindo a merecer a confiança de tantas e tantas famílias. A festa da primavera do Campo de Flores, como já é costume, utilizou a dramaturgia, a metáfora literária, para organizar a apresentação das suas forças vivas. Toda a narrativa da festa se inspirou numa das mais belas obras de um dos maiores escritores de todos os tempos: William Shakespeare. Uma equipa de professores e alunos congregou-se para transmutar o Sonho de Uma Noite de Verão na mensagem! Deste modo foi dado a cada um dos alunos um papel ou uma função nessa encenação agora renovada. Foi um festival de luz, som e cor, com coreografias de grande efeito cenográfico e musical. Houve trabalho rijo na preparação de todas as cenas apresentadas. Interessante é o facto de todo esse labor ser voluntário (850 alunos participaram) e ser oferecido dos tempos livres de professores e alunos. Que trabalhão! Mas quem corre por gosto, não cansa … Imagine-se, então, como estava aquele grande recinto desportivo, orgulho do município de Almada, totalmente apinhado de gente: somámos vários milhares. É de realçar que para o sucesso da prolífera coreografia contribuiu decisivamente a espetacular colaboração das atividades de enriquecimento curricular, nomeada-mente os desportos gímnicos, o ballet e a dança hip-hop. Bem assim, há destacar o notável desempenho do elenco teatral, com um trabalho de encenação e direção de atores muito consistente. Foi notória a revelação do talento de alguns jovens atores. Por todas estas razões e bons argumentos, ou porque apenas estava feliz, logo se percebeu que João Rafael de Almeida, Diretor do Colégio, transbordava de confiança e otimismo nas suas palavras de boas vindas. O programa da festa desenrolou-se com muito ritmo, sem paragens entre as sequências, o que atesta o nível quase profissional de toda a produção. Merecem louvor as professoras e os professores, as educadoras, os vigilantes e as vigilantes, os técnicos de equipamen-to que, num vaivém quase dançante, orquestraram todos aqueles grupos de alunos de forma tão harmoniosa. Os catorze números, ou cenas, permitiram que todos aqueles que quiseram participar mais diretamente na representação ou nas coreografias, desde o pré--escolar ao secundário, tivessem o seu momento ou o seu protagonismo. A criativi-dade da equipa dramatúrgica colocou uma personagem muito bem conseguida no meio da fantasia shakespeariana: o génio da lâmpada. Assim, a narrativa pôde ter uma maior abrangência colocando os dois irmãos, o Tiago e a Sofia, o realismo e o idealismo, o materialismo e o altruísmo, entre o Desejo, metáfora deste mundo em que vivemos, e o planeta Terra com toda a sua problemática ambiental e social. Parabéns também ao Puck e à fada da primavera. Oberon e Titânia também estiveram bem. Make a Wish, no final, representou o elo mais forte com os mais necessitados que a festa pretendeu também simbolizar e concretizar: todas as contribuições monetárias da festa foram doadas à Associação “Make a Wish” (mais de três mil euros) que procura cumprir os desejos de crianças e jovens com doenças graves. Quando o Doutor João Rafael de Almeida proferiu as palavras de despedida, não estávamos cansados, e ainda fomos ficando, já finda a festa, para mais uns abraços e palavras, antes de seguirmos para as férias da Páscoa.

PUBLICIDADE

Page 9: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 9

ENTRE O GESTO E A ESCRITA CULTURA RICARDO GUERREIRO CAMPOS EXPÕE O SEU MAIS RECENTE TRABALHO NA CASA DA CULTURA DE SETÚBAL

Ensaio sobre a solidão e a identidade

INTERROGAÇÕES JOSÉ TEÓFILO DUARTEFOTOGRAFIAS MARTA BANZA O trabalho pictórico realizado pelo Ricardo

Guerreiro Campos no seu ano de finalista da FBAUL (2014) levou à letra a expressão

“trabalho pictórico”. Primeiro, porque se tratava de um trabalho mesmo – o autor preparava, arranjava ou cortava os suportes, muitas vezes rectângulos de madeira de baixa altura e dimensão em extensão ho-rizontal, preparava, construía o suporte onde fazia inscrever um fragmento de imagem. Em segundo lugar, dir-se-ia que essa “imagem” era sempre pictórica, ou fantasmagoricamente pictórica não sendo puramente da ordem da pintura: evocava o preto e branco do desenho quanto o preto e branco da fotografia. Por fim, não só o suporte como também a imagem eram trabalhados, retalhados, reduzidos ao frag-mento quase ilegível de tão subtil. O ponto de partida para o pequeno desenho inscrito na larga e horizontal “linha” ou pedaço de madeira podia ser a fotografia ou um frame de um vídeo, mas uma imagem trabalhada era/é, sobretudo, um fragmento (uma boca, mão, uma linha branca num rectângulo maior, etc.), fragmento esse que, devido à sua escala e forma de presença, ora não era visto, ora era/é visto como aquilo que não era (não é): um desenho, uma fotografia p/b, uma parte da própria ripa quando os nós se faziam notar. O que parece não é – se algo parece um desenho, é porque é uma pintura (o contrário também é aplicável).De outro modo, havia um jogo e um trabalho: o trabalho supunha a feitura do suporte e da imagem, o jogo tratava de nos fazer oscilar entre imagens (quando a imagem central, um corpo, por exemplo), entre imagens e entre o pequeno e o grande formato, pois o trabalho convocava o exterior à imagem e nele integrava a não-imagem, ou seja, aqui, o vazio. E o formato, grande ou pequeno tudo aqui parece ser da ordem do indecidível, é fruto tanto da imagem como do seu exterior, quer dizer, a imagem é todo o campo do suporte, ora preenchido, ora esvaziado: esvaziado de imagem mas contaminado por esta. Uma palavra que podemos ir buscar pode ser “interactividade”. A imagem joga com o que a rodeia, teatraliza todo o campo (e a realidade da cenografia e do teatro não é estranha ao autor, com experiência no terreno); a imagem interage com o vazio e espaço que a cerca/rodeia. Dessa envolvente a imagem deixa de o ser para, tudo no seu conjunto, ser antes FORMA, outra Realidade (pois muitas vezes a imagem é Realista e a capacidade de representação do autor vem à superfície). Mas a FORMA é o conjunto da imagem, do que a rodeia e do suporte. Esta interacção é interior ao “trabalho pictórico”, é esta interacção que faz de um trabalho um “trabalho pictórico” e não apenas um desenho ou uma pintura, se não quisermos usar o termo “instalação” (também viável). Esta realidade interna é interactiva, disse, mas também performativa. O “trabalho pictórico” é performativo porque as suas partes relacionam-se e fazem-se umas às outras ou umas com as outras. Trata-se, portanto, de uma performance pictórica. Mas há, no Ricardo Campos, uma outra vontade: não só a que o liga ao teatro, mas também à arte como campo que pode formar o visível, o gosto pelo visível, o gosto pictórico ou, numa perspectiva digamos “humanista”, o autor não deixa de estar ligado à arte como coisa potenciadora de educação e formação, frequentando mesmo um mestrado em Educação Artística. Então teremos de concluir que a arte educa porque impõe ao espectador um trabalho, que é um traba-lho de ver e construir o visível. Um trabalho parale-lo, claro, ao do artista. Que vê, constrói e volta a ver. E dessa conjugação nascem as Formas.

Esta exposição convoca a instalação e a experimen-tação. É preocupação primeira do teu trabalho?Parece-me que acaba por ser mais uma consequên-cia do que uma preocu-pação inicial. O meu processo criativo é muito desassossegado, muito impaciente. Durante um período, num determina-do projecto, convoco da minha biblioteca visual um conjunto de imagens que me interessam trabalhar, e o processo resulta da procura pela melhor forma dessas ima-gens, que são ideias visuais, se darem a ver. Desta forma, experimento vários media para a mesma imagem. Assim, emerge a experimenta-ção. E a instalação é um desses media, como o desenho, a pintura, a foto-grafia (ou a performance e o vídeo, noutras exposições).

O mote para esta exposi-ção surgiu desse convívio de disciplinas?Esta exposição surge como uma síntese do meu pensamento plástico nos últimos três anos e foi dessa forma que a encarei. Como um resumo. E é simultanea-mente um ponto de situação, para me encon-trar em vários aspectos, pessoal e profissional-mente.O meu trabalho sou eu. Homem do século XXI com determinadas preocupações, reflexões e ambições. Não consigo (não quero!), nem me faz sentido construir uma entidade artística (plásti-ca, visual e performativa) diferente do que eu sou, ou falar de uma determi-nada temática que não me implique. O processo de criação é-me natural, no sentido em que são as minhas crenças e o meu corpo (literal e metafori-camente) que lá estão. Certamente que o que o público vê é diferente do que o que eu como criador vejo, mas interes-sa-me falar para e sobre a Humanidade como um todo, sem-tempo e

Construir formas: a tarefa do autor e do observador

sem-lugar. Gosto de olhar para as pessoas na sua solidão, no sentido da sua interioridade. No fundo, falo sobre pessoas que olham para dentro de si e que se questionam.

Consegues identificar uma influência? Algo que te tenha soprado um rumo? São tantas as influências. Tenho autores a que recorro frequentemente e que têm a capacidade de me desarmar a cada aproximação. Desmon-tam-me por completo. Refiro-me à música, à literatura, ao cinema, ao teatro, e claro, às artes plásticas. Não consigo negar a marca de dois autores maiores e que me acompanham sempre: Manuel António Pina e Vergílio Ferreira. Ou na música: o Concerto de Colónia de Keith Jarrett. Ou a procura de identida-de nos discursos plásticos de Helena Almeida e Jorge Molder. São tantas as referências que nos constroem que não conseguimos estabelecer limites nem fronteiras para tudo o que nos salta à vista, nos seduz, nos toca ou nos repugna a cada dia. Emaranha-se tudo interiormente numa teia de memórias.

Identificas-te com alguma ideia artistica contemporâ-nea?Identifico-me, como já referi anteriormente, com a ideia de solidão - que a meu ver anda de mãos dadas com o conceito de identidade. Interessa-me muito questioná-los tendo em conta a socieda-de contemporânea e as premissas actuais das relações humanas, referenciada na minha experiência concreta, no meu passado, nas minhas origens.

Existe aqui um caminho a percorrer?Já por várias vezes dei comigo a olhar para o conjunto de trabalhos expostos e a pensar que, pelas diferentes respostas e propostas que obtive durante este processo, o caminho pode ter vários sentidos. No entanto, há alguns aspectos que me interessam mais continu-

ar a trabalhar do que outros, como a fragmen-tação/deambulação do corpo num espaço íntimo e o vestígio da sua passagem. Acredito que o processo criativo é composto por ciclos mais curtos e por ideias que ora se despertam, ora estão mais adormecidas em nós. Tudo vai e tudo volta — a seu tempo.

O artista habita um lugar de solidão. Essa condição estimula-lhe a necessidade de percepção da realidade. Os materiais circulam em seu redor e desafiam-no para as mais ousadas experiências. As experiências são um desafio, mas também instalam a disciplina. Uma estranha disciplina.Carlos Vidal, crítico de arte e seu professor na Faculdade de Belas Artes, fala, na coluna aqui ao lado, nos enleios do processo criativo. Associa a palavra “interactividade” à acção de Ricardo Guerreiro Campos. E acrescenta: “A imagem joga com o que a rodeia, teatraliza todo o campo (e a realidade da cenografia e do teatro não é estranha ao autor, com experiência no terreno); a imagem interage com o vazio e espaço que a cerca/rodeia”. Fui falar com o Ricardo. Eis a conversa.

A DOR DÓI, O BOI MUGERICARDO GUERREIRO CAMPOSPINTURA | INSTALAÇÃO

MARÇO | ABRIL | 2016CASA DA CULTURA | SETÚBALOrganização: DDLX | CMSm@rço.28 | Mês da Juventude Setúbal

PENSANDO MELHOR...

CARLOS VIDAL CRÍTICO | PROFESSOR

Page 10: Semmais 09 abril 2016

10 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

CULTURA

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

PUBLICIDADE

Depois de ter brilhado no Festival de Teatro “Conte 2016”, na Póvoa de Lanho-

so, com a conquista de quatro prémios, com o musical “O Prin-cipezinho”, o GATEM – Grupo de Animação e Teatro Espelho Má-gico, de Setúbal, acaba de trazer de Espanha o prémio UNIR de Melhor Espetáculo Internacio-nal da Escenamateur.

GATEM CONTINUA A EMOCIONAR E A CONQUISTAR OS JURADOS

“Principezinho” ganha prémio internacional de melhor espetáculo em Espanha

Numa altura em que o grupo está a celebrar os seus 20 anos de atividade, este prémio internacio-nal é recebido com grande carinho e emoção. «É obra! Sentir a cultura a unir povos e respetivas identida-des não tem conta nem medida. Em boa hora, eu, Ricardo Cardoso e o saudoso Fernando Guerreiro cons-truiram o GATEM, que ‘setubalizou’ por conta e risco de um espetáculo artístico surpreendente, com a maior das simplicidades ao arrepio das abordagens já feitas», referiu a diretora Céu Campos.

«Enorme conquista em solo ibérico»

Pedro Pina, vereador da Cultura da Câmara de Setúbal, realçou que o município «congratula-se por mais esta enorme conquista, em solo ibérico, o que nos enche de orgulho e nos faz acreditar que todos os esforços se tradu-zem em resultados quando a vontade e o querer imperam, as-sociados naturalmente ao talen-to também presente. Nesta hora de alegria, mas, e sobretudo, de

ANA CARVALHO,DIVISÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO«MUITOS PARABÉNS A TODOS» Já Ana Carvalho, chefe da Di-visão da Cultura da Câmara de Setúbal, também endere-çou os parabéns ao grupo, que produz teatro para toda a família. «Muitos parabéns a todos os que estão na génese e trabalharam para este pré-mio. Calculo que o maior prémio seja a reação do pú-blico no fim de cada espetá-culo mas o reconhecimento institucional e a nível inter-nacional representa muito. Parabéns. Já vi o vídeo e ar-repiei-me, imagino vocês».

reconhecimento a nível interna-cional, a par do que aconteceu ainda há poucos dias na edição do concurso nacional de teatro de Póvoa de Lanhoso, a autar-quia agradece e reconhece o va-lor que o GATEM tem desenvol-vido em prol do teatro». “O Principezinho”, espetácu-

A comemorar 20 anos de vida, o grupo de teatro Espelho Mágico, continua a somar pon-tos em vários concur-sos. De Madrid, trouxe agora para Setúbal o prémio de melhor espe-táculo internacional. Com o “Principezinho”, de novo. O musical continua a encantar e a causar emoção por onde passa. É obra!

lo destinado a toda a família, é um musical adaptado por Mi-guel Assis de “Le Petit Prince”, de Saynt Exupéry, musicado por António Carlos Coimbra, com poesia de Luís Filipe Estrela, fi-gurinos e cenografia de Céu Campos e encenação de Miguel Assis.

Page 11: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 11

PUBLICIDADE

CULTURA

SETÚBAL9SÁBADO21H30CARMINHO REGRESSA A SETÚBAL FÓRUM MUNICIPAL LUÍSA TODI

A fadista Carminho está de regresso aos palcos de Setúbal para uma atuação no âmbito do ciclo “Concertos Íntimos 2016”, que inclui ainda Miguel Araújo, em maio, e um espetáculo surpresa no terceiro quadrimestre.

SESIMBRA9SÁBADO21H30ANA BOLA SEM FILTRO TEATRO JOÃO MOTA

Neste monólogo, ligeiro e bem-disposto, Ana Bola procura uma crítica direta e sem papas na língua a uma realidade gritante: a total falta de respeito pela arte, pelos artistas e pelo trabalho sério, que é substituído por atentados ao talento e à experiência.

ALCOCHETE9SÁBADO21H30CORO JUVENIL INTERPRETA TEMAS INTEMPORAIS FORUM CULTURAL Com direção musical de Nuno Margarido Lopes, o Coro Juvenil de Lisboa do Teatro Nacional de S. Carlos regressa ao fórum cultural, mas desta vez acompanhado pelo Trio on The Ritz para apresentar o programa “Coros de Jazz” que integra temas intemporais de George Gershwin, Irving Berlin, Paul Desmond e Cole Porter.

PALMELA9SÁBADO21H30TEATRO SEM DONO ESTREIA ESPETÁCULO SOBRE 25 DE ABRIL CENTRO CULTURAL DO POCEIRÃO O Teatro Sem Dono estreia “A Última Noite”. O espe-táculo, que estará em itinerância pelo concelho ao longo do mês, no âmbito das comemorações do 25 de Abril, resulta da formação Teatro Com Idade, realizada em 2015, e conta com a participação do Coral 1.º de Maio do Bairro Alentejano. O texto, de Nelson Fernandes, leva-nos numa viagem até à noite de 24 de Abril de 1974.

SEIXAL9SÁBADO21H30TRIBUTO A ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA FORUM CULTURAL DO SEIXAL

O Coro dos Tribunais apresenta um concerto de tributo a Adriano Correia de Oliveira, com música e poesia, inserido nas comemorações do 42.º aniver-sário do 25 de Abril. Pelo palco passarão músicos como Rui Pato, Vitorino, Filipa Pais, Zeca Medeiros, Carlos Alberto Moniz, Carlos Carranca, Gil Alves, João Domingos, Jorge A. Silva, Paulo Borges, Manuel Teixeira, entre outros.

MONTIJO9SÁBADO21H30CANTAR COM AMIGOS IV TEATRO JOAQUIM D́ ALMEIDA

O Grupo Coral do Montijo apresenta “Cantar com Amigos IV”, um encontro para celebrar a amizade. O espetáculo conta com a participação dos grupos Dance2You e Prece Mintiera, e dos amigos Ti Maria Albertina, Vânia Fernandes, Luís Sousa, e a Escola de Artes Sinfonias & Eventos.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO NO BARREIRO E EM LISBOAEsta semana temos convites para oferecer aos nossos leitores para a revista do Parque Mayer, em Lisboa, “Revista quer… é Parque Mayer”, com Mariema, Paulo Vasco, Alice Pires e Flávio Gil, bem como convites para o musical “Tarzan”, também em cena no Politeama. E para a comédia “Hotel da Bela Vista”, da companhia ArteViva, no Barreiro, também temos convites para sextas-feiras e sábados, às 21h30. Ligue 918 047 918 ou 969 431 085.

Revista popular regressa aos palcos da AMBA

Mariema recebe prémio “Máscaras de Ouro”

A Associação de Mora-dores do Bairro da Anunciada (AMBA),

em Setúbal, estreou, com casa cheia, no passado dia 2, a sua nova revista popular intitulada “Café sem concer-to & Cantigas sem vergo-nha”, pelo seu grupo cénico. Com textos e músicas de António Reizinho e ar-ranjos musicais de Manuel Carlos, o espetáculo tem como cantora residente Su-sana Martins, que se estreia na revista popular. A ence-nação é de Fátima Geraldo.

A atriz Mariema, que completou há bem pouco tempo 50 anos

de carreira, foi homenage-ada, no dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, pela di-reção do Teatro Maria Vitó-ria, tendo recebido a mais prestigiada distinção da-quele teatro, as “Máscaras de Ouro”. A cerimónia aconteceu durante a representação da revista “Revista quer… é Parque Mayer!”, em cena na única sala de espetácu-los em atividade no Par-que Mayer, em Lisboa, ex-plorada pela companhia do empresário/produtor Hélder Costa. Considerada uma das grandes vedetas da revista à portuguesa, Mariema al-cançou «muitos dos seus maiores êxitos no Teatro Maria Vitória. É de toda a justiça esta homenagem.

Não falta a sátira política, com muitas críticas às polí-ticas de Pedro Passos Coe-lho, mas também há críticas religiosas, sociais e home-nagem às conserveiras e aos pescadores de Setúbal. Hortense Passos, presi-dente da coletividade, afir-mou que o trabalho foi cansativo, pois desde ou-tubro que estavam a en-saiar, mas que «vale sem-pre a pena ver uma casa cheia de público a aplau-dir-nos. Isto compensa o nosso trabalho. É tudo fei-

A Temporada de Músi-ca da Casa de Ópera do Cabo Espichel

despede-se este sábado, às 16 horas, na Igreja de Nossa Senhora do Cabo Espichel, com o espetáculo intitula-do “Ópera no Espaço Luso--brasileiro do Século XVIII”, pela Orquestra Bar-roca do Amazonas. A orquestra formada em 2009 por professores e alunos da Universidade do Estado do Amazonas, que vem pela primeira vez a Se-simbra, irá executar, com cópias fiéis dos instrumen-tos da época, o património brasileiro do período colo-nial, especialmente do sé-culo XVIII e início do sécu-lo XIX. O concerto tem entrada gratuita.

Cabo Espichel acolhe concerto pela Orquestra Barroca do Amazonas

Aliás, é hábito o nosso tea-tro homenagear no Dia Mundial do Teatro algu-mas personalidades liga-das ao meio teatral e, este ano, não foi exceção», re-fere a direção do teatro. Emocionada, a atriz Mariema, quando recebeu as “Máscaras de Ouro”, agradeceu, dizendo: «Há muito tempo que corria atrás delas. Muito obriga-do, meu amigo de longa data, Hélder Costa».

Mariema, segundo fonte do Teatro Maria Vitória, ape-sar da idade, vai manter-se integrada no elenco da atual revista popular. «A Mariema está muito bem neste espe-táculo. O público reconhece que a idade já não é a mes-ma, mas, não é por isso, que deixa de vir para a ver. Ela é muito acarinhada e muitas pessoas não deixam de lhe querer dar um beijinho ou um mimo no final do espetá-culo», sublinha.

AGEN

DA

to por amor à camisola». Já Fátima Geraldo, en-cenadora e atriz, não tem dúvidas de que a nova pro-dução foi do agrado do pú-blico. «Já estávamos à es-pera desta boa reação das pessoas. Há cerca de três anos que não fazíamos re-vista e este regresso está a ser um sucesso. Valeu a pena o esforço», vinca. Susana Martins realçou que a AMBA é como «uma segunda casa», pois foi ali que começou a dar os pri-meiros passos enquanto fa-

dista e animar os bailes. «A Hortense é avó de todos os artistas. Só tenho a agrade-cer o trabalho que ela nos proporciona. Ela disponibi-liza sempre esta sala para a apresentação de trabalhos e para espetáculos solidários. A minha participação nesta revista é a minha forma de agradecer à Hortense», su-blinha, acrescentado que o público aderiu «muito bem» ao espetáculo. Os escassos apoios es-tão prometidos mas ainda não chegaram. «Estão pro-metidos os apoios da União de Freguesias, para fazer dois espetáculos para os idosos, mas também não pedimos mais nada a ninguém. Foi tudo feito com o nosso esforço e com as receitas de bilheteira». A revista volta este sá-bado ao palco da AMBA, com bilhetes a 3,5 euros. Depois, estão já garantidas duas saídas para fora de Setúbal. Regressa depois aos palcos da AMBA em datas a definir.

Page 12: Semmais 09 abril 2016

12 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

NEGÓCIOSFORUM DA SUSTENTABILIDADE NA HERDADE DE ESPIRRA, EM PEGÕES, REUNIU FIGURAS DE TOPO COM SECRETÁRIO DE ESTADO DA INDÚSTRIA

The Navigator Company contribui com mais de 2 700 milhões para o PIB nacional

TEXTO ANTÓNIO LUÍSIMAGEM SM

João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria, ficou encantado e deslumbrado com a importância da Navigator Company para a economia nacional. A seu ver, trata-se de uma empresa única na vanguarda da sustentabilidade económica, ambiental e social, constituindo uma referência nacional, devido à visão integra que teve sustentabilidade.

PUBLICIDADE

O secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, realçou

que «não é todos os dias que vemos as empresas a assumir, de forma tão clara, a sua disponibilidade e compromisso para ajudar o País. É uma empresa que que opera internacional-mente num setor onde os níveis de regulamentação e exigência em matéria de sustentabilidade ambiental, mas não só, são hoje os mais elevados de toda a economia portuguesa». João Vasconcelos fala-

va na 2.º Forum de Sus-tentabilidade da The Na-vigator Company, que debateu o impacto da ati-vidade da empresa no de-senvolvimento económi-co, ambiental e social em Portugal, bem como nas regiões onde estão locali-zadas as suas diferentes unidades produtivas, no-meadamente Setúbal, Ca-cia, Figueira da Foz e Vila Velha de Ródão. O evento decorreu na Herdade de Espirra, em Pegões, no passado dia 5. O representante do Governo felicitou os acio-nistas e os gestores da Portucel/Soporcel, que «no pico de uma das

maiores crises económi-cas dos últimos 100 anos, respondendo a mercados extremamente exigentes e em circunstâncias de acesso ao crédito muitas vezes limitadas e num ce-nário de perda de recur-sos humanos qualificados para o estrangeiro, tive-ram um espírito empre-endedor, a coragem a vi-são de aprovar um investimento que nos permitiu ter em Portugal aquela que é hoje a maior e a mais moderna fábrica de papel de Mundo». João Vasconcelos, após ter visitado a fábrica da Portucel, não tem difi-culdades em perceber

porque é que a Portucel é o segundo mais exporta-dor português para expor-tações para 130 países. Esta sua produção equi-vale hoje a 1 por cento do PIB do País ou porque é líder mundial no segmen-to de papel de escritório. «Mas não é só o investi-mento permanente em in-fra-estruturas e tecnolo-gias que justifica esta posição de liderança. A Portucel é hoje uma em-presa única na vanguarda da sustentabilidade eco-nómica, ambiental e so-cial, constituindo uma re-ferência nacional, o que também se deve à visão integrada que tiveram da

sustentabilidade», subli-nhou o governante.

«Navigator é o terceiro maior exportador nacional»

O Forum da Sustentabili-dade é uma iniciativa cria-da com o intuito de poten-ciar plataformas de diálogo, contribuindo para o aperfeiçoamento da sustentabilidade das atividades da companhia através do convite à parti-cipação de personalidades da sociedade civil de reco-nhecido valor nas suas áreas de intervenção. João Castello Branco, vice-presidente da Navi-gator Company, chamou a atenção para a importân-cia do tema em análise, ou seja, a dimensão do real impacto da empresa no desenvolvimento econó-mico, ambiental e social em Portugal e nas regiões

MAIS DE 2 MIL COLABORADORES DIRETOS As fábricas de Setúbal, Figueira da Foz, Cacia e Vila Velha de Ródão, que contam com mais de 2 mil colaboradores diretos, geram, de forma indi-reta, mais de 31 mil empregos a nível nacional.Por cada posto de trabalho das quatro fábricas são gerados de forma indireta 15 empregos a nível nacional. Quanto ao impacto de cada uma das unidades fa-bris da NC nas respetivas regiões, destacam-se os 2 por cento do PIB do Baixo Vouga (Cacia), os 39 por cento das exportações do Baixo Mondego (Fi-gueira da Foz), a fábrica de Setúbal contribui para a existência de mais de 2 500 postos de trabalho na Península de Setúbal e mais de 21 por cento dos gastos da fábrica de Vila Velha de Ródão pro-vêm de fornecedores da Beira Interior Sul.

onde estão localizadas as unidades produtivas da empresa. O anfitrião agra-deceu especialmente a participação dos oradores convidado. O administrador João Correia recordou que «es-tamos perante o terceiro maior exportador nacio-nal, sendo o que gera maior Valor Acrescentado Nacional, representado cerca de 1 por cento do PIB nacional e cerca de 3 por cento do total de bens exportados por Portugal. «Somos a maior empresa nacional industrial e com maior presença interna-cional, pois as suas vendas têm como destino 130 paí-ses dos cinco continen-tes», vincou. A encerrar o evento, Diogo da Silveira, CEO da Navigator Company, des-tacou a importância deste ‘retrato’ qualitativo e quantitativo da realidade do ‘core business’ da em-presa e que constitui um excelente instrumento de trabalho no sentido da in-trodução de melhorias e de novas áreas de inter-venção no quadro de um programa de expansão e internacionalização que está em marcha e se pre-tende aprofundado no próximos anos. O 3.º Forum da The Navigator Company tem lugar a 27 de setembro e irá debruçar-se sobre a “Certificação Florestal”, sendo que o 1.º, que decor-reu em 2015, foi dedicado à “Prevenção em Incên-dios”.

Page 13: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 13

DESPORTO

Festival noturno de natação sincronizada anima Setúbal

V corrida solidária angaria fundos para apoiar populações mais vulneráveis

Palmela e Clube Portais da Arrábida promovem maratona de fitness

Setúbal recebeu recentemente o Sincroshow – Festival No-turno de Natação Sincroni-

zada, uma das iniciativas de des-taque da programação da Cidade Europeia do Desporto e na qual participaram aproximadamente uma dezena e meia de atletas da Seleção Nacional Absoluta de Natação Sincronizada e do Sport Algés e Dafundo. O espetáculo, que teve a du-

Setúbal Cidade Europeia do Desporto continua a ser palco das diversas provas. No total, são mais de duas centenas de iniciativas, entre as quais se destaca o Festival Noturno de Natação Sincronizada.

PUBLICIDADE

ração de uma hora e meia, com-binou coreografias a solo e em dueto com efeitos musicais e luminosos que surpreenderam os cerca de 500 espectadores que assistiram à iniciativa. O Sincroshow incluiu, tam-bém, danças e saltos acrobáti-cos de mais de uma dezena de atletas das classes de ginástica do Clube Naval Setubalense e de dança jazz do Vitória Futebol

O município de Grândola or-ganiza uma corrida e uma caminhada, na EB1 D. Jorge

de Lencastre, este sábado, às 10 horas. Fernando Vasco, vice-pre-sidente da Médicos do Mundo, vai marcar presença no evento. A Corrida Solidária é um projeto da Médicos do Mundo que, desde 2007, desafia a co-munidade a organizar corridas, marchas ou caminhadas, com a finalidade de refletir sobre o

tema da edição, “Educação para a Cidadania Global”, e angariar fundos para apoiar as popula-ções mais vulneráveis de Norte a Sul do país, através de proje-tos da MdM. Quase trezentas organiza-ções e mais de 30 mil pessoas vão caminhar ou correr pela Médicos do Mundo (MdM). Mais de 330 mil pessoas participaram nas quatro edições passadas da Corrida Solidária.

O Clube Portais da Arrábida, em Quinta do Anjo, vai acolher, este sábado, a

partir das 14h30, uma Maratona de Fitness. Trata-se de uma ini-ciativa promovida pela Câmara Municipal de Palmela e pelo Clube Portais da Arrábida, no âmbito do Programa Municipal de Desenvolvimento da Ginásti-ca, para a qual se espera a parti-cipação de cerca de uma cente-na de pessoas de diversos clubes e associações do Concelho de Palmela e concelhos vizinhos. Palmela vai estar representada

na maratona através da Socieda-de Filarmónica União Agrícola, de Pinhal Novo, União Desporti-va da Palhota, Clube Portais da Arrábida, Teatro Estranhamente Louco e Absurdo, Cooperativa de Habitação de Quinta do Anjo e de vários professores, a título individual. Os participantes na Maratona de Fitness (entrada livre) pode-rão experimentar as várias mo-dalidades: zumba, pump, locali-zada, combat, hip hop, taekwondo, zumba kids, pilates, cross training e step.

Clube. Organizada pela Câmara Municipal de Setúbal e pelo Clube Naval Setubalense, com o apoio da Federação Portuguesa de Natação, o festival contou, pela primeira vez, com a parti-cipação da Seleção Nacional desta modalidade, equipa que se encontra na fase final de pre-paração para representar Por-tugal no Campeonato da Euro-pa de Natação.

Page 14: Semmais 09 abril 2016

14 | SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016

OPINIAO

LETRAS EM PAPEL QUADRICULADO

MARGARIDA NIETOESTUDANTE

Raul TavaresDiretorED

ITORIA

L

Diretor Raul Tavares | Redação: Anabela Ventura, António Luís, Bernardo Lourenço, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores | Departamento Comercial Cristina Almeida - coordenação | Direção de arte e design de comunicação DDLX – www.ddlx.pt | Serviços Administrativos e Financeiros Mila Oliveira | Distribuição José Ricardo e Carlos Lóio | Propriedade e Editor Mediasado, Lda; NIPC 506 806 537 Concessão Produto Mediasado, Lda NIPC 506 806 537 | Redação: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910-564 Setúbal. E-mail: [email protected]; [email protected]. | Telefone: 93 53 88 102 | Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA. Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Maiscom, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

Um grande país que insiste em ser pequeno. Um pequeno país que sonha

em ser grande. Unidos pela língua. Unidos pela história. Unidos pela impotência de não conseguirem ser o que querem.Um suficientemente pequeno para ser “salvo” por uma troika qualquer. Outro tão grande que só pode ser salvo por si próprio. Entre os dois a distância da evidente proximidade. A distân-cia das ridículas relações comerciais. Ou a falta delas. O Brasil “vale” 1,14% das exporta-ções e 1,43% das importações portuguesas (2015. AICEP). Voltem a ler estes dois números, por favor, e reflitam por um momento. Se existem números que nos expõem ao ridículo estes são dois deles. Brasil que tem “só” 208 milhões de habitantes com a evidente dimensão económica que isso, também, representa. Ou deveria representar. Para um país irmão estamos falados.Estamos, na verdade, perante demasiados falantes de portu-guês para tão pouco comércio. O facto é que relações baseadas no sentimentalismo dão nisto. Muito discurso. Muitas proclamações.

Pouco realismo. Quase nenhum valor. Comparemos com o peso e a importância das relações entre o Reino Unido e os EUA e tiremos as necessárias conclusões: eles fazem; nós falamos.Ultimamente, porém, algo nos aproxima. E esse algo não tem nada a ver com a economia. Esse algo é a corrupção. Grande “pobre” noticia. Dificilmente quer no contexto da América quer no contexto da Europa dirigentes do “topo do topo” são envolvidos em casos de corrup-ção. Nós somos a exceção. Que grande “rica” exceção.Políticos nossos que inocentes até prova em contrário, claro. Mas, ainda assim, inocentes que tiram toda a inocência aos seus respetivos países. Portugal e Brasil caminham assim juntos. No desprestígio da classe politica e na ascensão de estrelas vindas do mundo da justiça.Cá como lá um caldo de cultura comum. O Estado omnipresen-te, omnisciente e omnipotente. O Estado dos negócios e o Estado do assistencialismo. O Estado como ponto de encontro de tudo e de todos. Um imenso facilitador do que não precisa

de ser facilitado. Um conceito de bem comum que abrange principalmente a banca. A cada um segundo o montante da sua conta bancária. De cada um segundo a sua impossibilidade em fugir aos impostos. E, se ain-da assim não correr bem, o Estado pode sempre licenciar as offshores. Longe da costa, perto do mais puro interesse indivi-dual. Capitalismo bem educado para uns muito poucos. Selva-gem para os restantes.Brasil e Portugal a mesma luta: não ter a quem se queixar. A não ser a nós próprios, nesta falta de cidadania que tanto comprome-te. O individualismo ganhou. Uma ideia coletiva de sociedade náufraga a cada novo escândalo revelado. Qualquer referência à sociedade civil perdeu credibili-dade tantos os grandes e peque-nos interesses que tomaram conta do pedaço. Lá como cá.

Resta-nos o sol que deve estar a chegar. E o otimismo junto. Para além do futebol claro (Euro 2016), sendo nós eternos favoritos a ganhar… experiência. Até nisso estamos mais próxi-mos do Brasil. Solidariedade na derrota (no Maracanã ou na Luz) e esperança na próxima geração de “ouro”.Portugal e Brasil não têm um destino traçado. Nem um destino que marca a hora. O destino fazemos nós. Os políti-cos elegemos nós. As regras das sociedades fazemos nós em cada momento e em cada lugar. Somos nós o problema. Somos nós, também, a solução.O futuro, esse, esconde-se nas canções dos Rolling Stones e na atitude dos Sex Pistols. Duas bandas Rock. Dois caminhos para mudar o mundo. Porque afinal o mundo talvez não precise de ser mudado. Antes inventado.

Um imenso Portugal. Um pequeno Brasil.

TURISMO SEMMAIS

JORGE HUMBERTO SILVACOLABORADOR

Há dias assim, mais propensos à reflexão, pondo em nossas mãos a

enxada do saber e da experiên-cia da vida e cavando no mais profundo da nossa razão de ser. Esta, por sua vez, confrontando--nos com o passado e procuran-do não perder o sonho dum futuro mais certo e previsível, como se fosse possível dominar essa dinâmica, mais dependente de forças estranhas que se intrometem no nosso quotidiano e são mais determinantes que a nossa própria vontade.A nossa razão de ser, afinal esse percurso que radica na génese de quem somos, o que fizemos, o que julgamos saber fazer, as falhas que cometemos, as marcas indeléveis do sofrimento sentido ou que nos dão ânimo pelo seu significado no ego que sabe bem aquecer. Esse retrato de nós próprios, agora tão na moda nas vulgarizadas selfies, que devendo ser a preto e branco, isento de excessiva emoção, deve reservar as cores e os aromas mais bonitos, para não esmorecermos e dar alento, para encararmos momentos menos bons, suscetí-veis de acontecerem.Estes dias são assim mesmo,

impregnados duma certa melancolia, também ela necessária a uma reflexão calma e serena, mas que de todo não deve ser angustiante. Deve ser uma melancolia consciente, que não nos trazendo exaltação nos deve permitir regressar a caminhos já percorridos e encontrarmos as encruzilhadas marcantes dum percurso feito de indecisões e de determina-ção. Uma melancolia em que o corpo se abandone e a entrega aos valores do espírito prevale-ça, sendo tranquila e apetecida. E que se faça, também, em perfeita comunhão com tudo e todos os que nos rodeiam e que de forma inquestionável em muito contribuíram e contri-buem para o que fomos e somos, não faltando à chamada de outros tempos que se avizinham. São estes dias, o acontecimento de nos procurarmos razão, como

A chuva de abril encanta telhados e canteiros. As flores agradecem a sua

chegada e cumprimentam o suave toque das gotas de água acariciando as suas pétalas. As árvores estão frondosas, a relva brilha e os passarinhos moldam o chilrear ao ritmo da chuva. O odor a terra molhada invade o ar, embalsama-o, nutre-o. As nossas narinas dão graças àquele aroma relaxante e inspiram fundo, aproveitando-o. A chuva é particular – murmura aos nossos ouvidos o mesmo som, mas cada um recebe diferentes mensagens. Celestial, para quem escuta atentamente, no conforto da casa, do carro, ou do comboio. Inconveniente, para quem solta um suspiro descobrin-do que não trouxe guarda-chuva. Desconfortável para quem caminha sob ela, perdido numa cidade. Confortável para quem caminha sob ela, perdido em pensamentos. Irresistível para o casal de namorados que passeia calmamente sob o chapéu-de--chuva. Abominável para os que temem tempestades. Divertida para os netos de galochas e inoportuna para as avós que os acompanham. Assim é a chuva – gotas de vida semelhantes tocando corações diferentes.

quem faz um acerto de contas e lhes tira a prova real da vida vivida. Como se procurar razão, fosse um ato deliberado e necessário, que justificasse tanto do que se viveu duma forma ou de uma maneira mais emotiva. E mais do que isso, essa razão fizesse prevalecer a matéria dum corpo, ausente de espírito, esse sim determinante de todas as camadas que se foram sobre-pondo e que nos foram moldan-do, dando-nos a impressão da pessoa que somos.Nestes dias em que deambula-mos pelos caminhos esconsos deste ser que somos e procura-mos iluminar os locais mais recônditos da caverna em nós edificada, fica-nos por fim uma sensação estranha de abando-no, duma sábia prostração onde se legitima a preguiça tantas vezes esquecida num mundo imperativo de ocupação e trabalho.

Há dias assim Aguaceiros na Mente

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES

JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS ECONOMISTA

Lamechices de fim-de-semana

Devia haver um período de nojo para quem, como eu, está quase

obrigado a escrever um texto da sua lavra, todas as sema-nas, tanto quando possível sobre a realidade concreta, do nosso quotidiano, e o mais presente possível.Normalmente, procuro um enfoque, um tema que me ponha os neurónios (mais ou menos afinados) a mexer um bocadinho mais. Esta semana é daquelas que nada apetece dizer. A razão é simples: apetece usar a liberdade de expressão e desatar a bordejada verbal. Mas de neurónio a hipotála-mo, lá vou regulando o meu autónomo sistema nervoso.Por isso não apetece falar nem da Isabel Jonet, a toda podero-sa senhora do mata-fome que, de sangria em sangria, vai desancando nos seus protegi-dos, porque são calões, agarradinhos às redes sociais em vez de trabalharem; ou dos homossexuais que só devem oferecer alimentos em período de abstinência sexual; ou mesmo daquela lição matriar-cal (lembram-se) de que devemos todos “reaprender a viver mais pobres”.Não; nem quero falar, da prince-sa da arte contemporânea, de seu nome Joana Vasconcelos, que num anúncio sobre o fenómeno dos refugiados, se lembrou de artilhar - a fazer de conta, claro – a sua ‘mala-de--cartão’, com o seu iPhone, o seu iPad, sem esquecer o lápis e os rabiscos das suas ousadas, puras e recicladas obras.Nem de um ministro que, em defesa da sua honra, se demitiu em vez de esbofetear (atenção que uso a expressão queirosia-na, tal como o próprio) os pretensos caluniadores. Enfim, hoje estou mesmo assim. Não apetece mesmo nada dar atenção a estas coisas munda-nas que se passam aqui, bem perto, estão bem presentes e são muito concretas.E, já agora, quem nunca apeteceu dar duas bofetadas em alguém – desta feita à séria - que atire a primeira pedra…

Page 15: Semmais 09 abril 2016

SEMMAIS | SÁBADO | 9 DE ABRIL | 2016 | 15

OPINIÃO

Costuma dizer-se que quem não tem assun-to fala do tempo, e o

certo é que, no dia-a-dia, são frequentes as conversas onde se fala do muito calor, da chuva que não acaba e até da crítica aos serviços de meteorologia porque disse-ram que se podia ir para a praia e afinal Sol nem vê-lo.Um tema que até nem se tor-nou muito quente foi o con-gresso dos social-democra-tas onde alguns militantes deram a entender que nem tudo tinha acabado da me-lhor maneira e isso teve eco numa votação, a mais fraca de sempre, para o actual líder.A semana começou com uma “notícia” que se poderia con-siderar bombástica, mas os portugueses sempre se pau-taram pelo bom comporta-mento e de milhões de docu-mentos revelados apenas um compatriota aparece mencio-nado no «Panama Papers».E, diga-se em abono da ver-dade, que nada nos interes-sa que o presidente daquele ou do outro país tenha es-quemas para engrandecer ainda mais a sua fortuna pessoal, ou que este ou aquele empresário ou fute-bolista proteja em “paraísos fiscais” os tostões que vai amealhando.

JORG

E SAN

TOS

JORN

ALIST

A

FIO

DE P

RUM

O

A semana começou com uma “notícia” que se poderia considerar bombástica, mas os portugueses sempre se pautaram pelo bom comportamento e de milhões de documentos revelados apenas um compatriota aparece mencionado no «Panama Papers».

Desde a instalação, no final dos anos 70, da Compa-nhia de Teatro de Almada

(então denominada Grupo de Campolide) nesta cidade, a formação de públicos e a animação cultural têm andado a par e passo com a criação artística, influenciando-se mutuamente. De facto, a relação íntima entre o teatro e a polis estabeleceu-se naturalmente na Grécia antiga, quando os gregos criaram a tragédia. E privar o teatro desta sua vertente original será, parece-me, esvaziá-lo da sua essência e transformá-lo noutra coisa – entretenimento, porventura. Do diálogo estabelecido com a comunidade em que se insere (representada por associações, grupos de amadores, socieda-des filarmónicas, etc.), as escolas foram desde o início um parceiro privilegiado e funda-mental da nossa actividade – nas escolas formam-se os cidadãos de Almada, o nosso público futuro. E este trabalho tem tanto de estimulante quanto de incessante: as gerações de estudantes suce-dem-se e o diálogo vai tomando

novas formas, com novos interlocutores. E quando falamos de interlocu-tores, estamos a falar, em grande medida, dos professores do ensino primário, básico e secundário do concelho de Almada – do ensino estatal e do ensino privado – que reconhe-cem no teatro essa sua matriz fundamental, que é a da formação de cidadãos. Trata-se, as mais das vezes, de um tipo de relação que passa por cima das formalidades institucionais, porque o que está em causa é o amor pela Arte, que, nas palavras do encenador Peter Stein, “é o único bem e o único feito alcançado pela raça humana que, de alguma forma, justifica a sua existência”. Estes professores – entusiastas, inquietos, verdadeiros pedago-gos – são, efectivamente, o esteio no qual assentam as pontes que estabelecemos entre o teatro e a escola. E quem são esses professores?Não são necessariamente os professores de Português, ou Inglês, ou Francês (embora também os haja, claro). Quantas vezes não nos deparamos com

um entusiasta professor de Química, ou de Educação Física, ou de Religião e Moral, que não perde uma peça com os seus alunos? Vêm realizar um trabalho não-remunerado, fora do horário do expediente, e cientes de que provavelmente o único reconhe-cimento que terão será o nosso, o dos artistas, e – mais importante – o dos alunos. São pessoas que não se limitaram a escolher uma profissão, mas sim uma activida-de para as suas vidas, que implica um empenhamento ético. Quando digo “ético”, digo “para além da relação com a tutela”, digo “um compromisso com as suas consciências”. Trata-se de pedagogos implicados no devir da Humanidade: de cidadãos que se dedicam a formar cidadãos. Cabem nesta descrição todos os professores neste momento em

actividade? Não cabem: reconheçamo-lo sem ilusões. Bem sei que não se poderá resolver esta questão de um momento para o outro. Bem sei que o Ministério da Educação tem sido uma espécie de gigante insuflável, obrigado a dar voltas sobre si mesmo consoante os dislates de alguns Governos que se têm sucedido nas últimas décadas. Mas podemos reivin-dicar, isso sim, que estes professores, estes heróis da pedagogia – possam ter condi-ções para concretizar o com-promisso que assumiram consigo mesmos e com o País. Podemos lutar para que não sejam tragados pela burocracia, nem apagados pelo desânimo.Podemos trazê-los ao teatro e dar-lhes as condições para que se façam acompanhar dos seus melhores amigos: os alunos.

A escola vem ao Teatro

Panama papers / XXXVI Congresso do PSD

Primavera

PANAMA PAPERS: Paraísos Fiscais/Offshores Financeiros - o Maior “Cancro” da Socieda-de Actual

Os Paraísos Fiscais nasceram na Suíça no rescaldo (1920) da 1ª Guerra Mundial. Também por isto nunca quis entrar na União Europeia. Numa 2ª fase, pós-2ª Guerra Mundial: dadas as crescentes pressões internacio-nais contra o Imperialismo, é aprovada a 14.12.1960 na ONU a Resolução 1514 que dá a autode-terminação aos Países, incluindo o usufruto das suas matérias--primas (por exemplo países produtores de petróleo) e marca o início das descolonizações. Dada esta transferência de poder, como compensação, as 7 principais companhias petrolífe-ras à data (“7 irmãs”) convencem os países exportadores de petróleo a praticarem preços baratos e, para fugirem aos impostos no país de origem passam a usar navios petroleiros de suas subsidiárias com “bandeira de conveniência” do Panamá ou Libéria. Conseguem assim fugir ao controlo da Reserva Federal dos EUA não pagando impostos caros e obtêm seguros baratos. EUA fazem “vista grossa” porque paga o petróleo barato. Por sua vez vendem petróleo caro às refinarias ocidentais. Cria-se o mercado dos Petrodólares. Dado o êxito Londres cria os seus próprios paraísos fiscais e estende-os a outros sectores

BOCA DE CENA

RODRIGO FRANCISCODIRETOR DA CTA

obtendo chorudas comissões. Na Guerra-Fria, a Rússia receia o controlo dos EUA no negócio petrolífero com o Irão e usa: Chipre, Emirados Árabe Unidos e Londres. Proliferam Paraísos Fiscais. Por volta de 1980, quando da criação da 1ª zona Comercial no coração da Europa, logo antes da Globaliza-ção, dá-se nova proliferação de paraísos fiscais e a dispersão do Suíço. Saddam Hussein pós invadir o Kuwait (alegando que este estraga o negócio pratican-do preços abaixo dos da OPEP) quer receber em euros (mais valorizados) em vez de em dólares. Assim afronta interesses e sentencia-se. Sem regulação séria nem controle, os Paraísos Fiscais facilitam a corrupção mundial, nomeadamente: na lavagem de dinheiro, fuga fiscal, tráfico de armas e droga, terrorismo, com todos os terríveis inconvenientes daí derivados. Bin Laden usava-os para financiar as suas activida-des terroristas. O Estado Islâmico faz o mesmo. Portugal, ingenuamente, acaba com a Zona Franca da Madeira, motivando a fuga de muitas empresas aí sediadas para outros offshores. Portugal tem sentido bastante os nefastos efeitos deste sistema de fraudes financeiras global, nomeada-mente com os famigerados: BPN, BES, BANIF. Já se sabe há muito que empresários, políticos e governantes usam desavergo-nhadamente esta via. O G20 diz

que “quer acabar” com os Paraísos Fiscais mas como tem no seu seio países que também vivem destes interesses instala-dos, parecido com o que acontece com o combate às alterações climáticas, não se vislumbra o “fundo do túnel”. O PANAMA PAPER tem a novidade da enorme quantidade de provas e por desmascarar tantos lideres mundiais. E ainda só foi numa empresa.

XXXVI Congresso do PSD Houve delegados que só entraram para “marcar o ponto” e saíram pouco depois, certa-mente para irem conviver para outras bandas. No 2.º dia, após o jantar, às 22:30 ainda só estavam cerca de 50 pessoas na sala, situação estranha mas demonstrativa do desinteresse. No momento da votação das moções, depois da meia-noite, só metade dos delegados estavam presentes (a outra metade nem regressou do jantar) onde era habitual a maioria estar presente. Outro aspecto negativo foi a pressão exercida para que só surgisse uma lista ao Concelho Nacional. Caciquismo? Felizmente que

surgiram 8. Explicação: Para quê votar se já se sabia que a grande maioria das moções iam ser aprovadas? Foram todas aprovadas. Mas, a mais impor-tante e fundamental foi: em vez de as eleições internas serem realizadas pós-Congresso, depois de se ouvirem as propos-tas dos potenciais candidatos a líder, “inverteu-se o sentido democrático” forçando - à cautela - a que o líder já tivesse sido antecipadamente escolhido, daí não terem comparecido alguns de outros potenciais candidatos. Por exemplo, Rui Rio está a “queimar cartuchos” para quê? Para voltar a ser o candidato do PSD à Autarquia do Porto? Onde estava o irreverente Alberto João Jardim? E Nuno Sarmento, não foi por achar que ainda não vale a pena? Ganhou o consensual Luís Marques Guedes que aumentou o nº de lugares no Conselho Nacional mas não conseguiu a maioria, e perdeu Passos Coelho que voltou a reduzir na Comissão Política Nacional. Vamos ver as poste-riores consequências de Passos Coelho impor Marco António e Maria Luís Albuquerque.

ACTUALIDADES

CALDEIRA LUCASCONSULTOR E ESPECIALISTA EM TRANSPORTES

Interessa-nos, isso sim, que em vez de programarmos a vidinha pelas informações sobre o tempo que vai fazer, percamos tempo a ver os panfletos das grandes su-perfícies para ir buscar aquele produto que está anunciado com um bom desconto, mesmo sabendo que quando lá chegarmos já o “stock” está esgotado.Contudo, porque há que acreditar que o dia de ama-nhã será melhor do que o de ontem, levantemos a cabeça porque estamos na Prima-vera, mesmo sabendo que “em Abril, águas mil”.

Page 16: Semmais 09 abril 2016