Seminário sobre O Horla de Guy Maupassant slides

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O Horla Variações do mito do duplo na literatura ocidental Profª Suzana Yolanda L. Machado Cánovas Patrícia Rufino de Carvalho Letícia C. A. Rodrigues

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Slide para apresentação comparativa das duas versões do conto O Horla. Além de uma abordagem da temática do duplo existente no texto.

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  • O HorlaVariaes do mito do duplo na literatura ocidental

    Prof Suzana Yolanda L. Machado Cnovas

    Patrcia Rufino de CarvalhoLetcia C. A. Rodrigues

  • Questo do duplo na literatura

    Doppelgnger termo utilizado por Jean-Paul Richter em 1876: duplo, segundo eu

    Segundo Nicole Bravo, duplo aquele que caminha ao lado, companheiro de estrada;

    Pode ser classificado em 7 modalidades: Perserguidor; Gmeo; Bem-amado;

    Tentador; Viso do Horror; Salvador; Duplo no tempo.

  • Histrico

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  • MaupassantGuy de Maupassant (Frana :1850 1893) Escritor com mais de 300 contos, alm de

    peas de teatro, poesias, crnicas e romances;

    Bel-Ami; O Colar, Bola de Sebo, O Horla

    Retrata situaes psicolgicas e crtica social com caractersticas naturalista;

    Faleceu no manicmio, aps tentativa de suicdio;

  • Maupassant

    Maupassant estava perfeitamente lcido quando escreveu a novela em agosto de 1887. A idia (sic) para a novela relembra o criado de quarto, foi inspirada por uma palestra entretida com um amigo, o qual dissertara a respeito de um indivduo que se sentia prestes a enlouquecer [...] Sua novela, portanto, poder ser considerada mais como intuio do que como um registro de experincias (RANK, 1393, p.64-65)

  • O Horla

    Escrita em 26/10/1886;

    Narra fatos que j aconteceram;

    Presena de um narrador em 3 pessoa e em 1 pessoa;

    A personagem-narrador encontra-se em uma casa de sade;

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    Escrita em 1887; Narrao em forma

    diarstica, medida em que aconteceram;

    Narrador encontra-se em casa;1

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  • O HorlaA personagem-

    narrador relata fatos que aconteceram com ele cerca de um ano antes;

    Est em uma casa de sade e seu mdico chama alguns colegas, para juntos deliberarem sobre o caso; visto sua dvida sobre o problema;

    A personagem - narrador narra os eventos que acontecem em sua vida no perodo de 08 de maio a 10 de setembro;

    Apresenta-se como fruto de suas razes ancestrais, de onde retira seus pensamentos;

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  • O HorlaBusca reforar sua

    sanidade mental; Daqui h algum

    tempo, sabero todos que tenho o esprito to so, to lcido, to clarividente quanto os seus (p. 109)

    um homem que, fechado em sua casa, o esprito so (p. 115)

    Questiona-se sobre sua sanidade mental;

    Ser que um arrepio de frio[...] abalou meus nervos (p. 131)

    Ser que a forma das nuvens [...] que, passando diante dos meus olhos, perturbou meu pensamento? (p. 131)

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  • O HorlaRelata que no

    ltimo outono ele foi acometido por mal-estares estranhos e inexplicveis: inquietao nervosa, superexcitao, humor azedo, cleras sbitas inexplicveis, insnias;

    Em 8 de maio v duas embarcaes inglesas e uma brasileira navegando pelo Sena, e sada o navio brasileiro com prazer;

    Em 8 dias sente-se triste e tem febre, com um enervamento febril que deixa sua alma indisposta;

    Sensao de perigo;

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  • O HorlaA personagem-

    narrador chama o mdico, que receita brometo de potssio e duchas;

    A personagem-narrador vai ao mdico, que receita brometo de potssio e duchas;

    Brometo de potssio foi usado como anticonvulsivo e sedativo nos sculos XIX e XX, considerado o 1

    medicamento para tratar epilepsia; Efeitos do uso: reaes centrais levando da

    sonolncia ao coma perda completa ou parcial da conscincia, delrio, agressividade, psicose;

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  • O HorlaMesmo com medicamento, continua piorando:

    sente-se aniquilado ao dormir, com a sensao de estar morto de todo o ser;

    Agitao com o crepsculo, como se a noite escondesse para mim uma ameaa terrvel (p.133), quando est em seu quarto, olha embaixo da cama, tranca porta com duas voltas;

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  • O Horla

    Durante o sono aniquilador sente um peso esmagador sobre o peito, uma boca que comia sua vida pela sua boca. Tem espasmos e tem impresso de acordar com uma faca na garganta; agonizante coberto de sangue;

    Dorme longamente por duas ou trs horas, depois tem um pesadelo, algum se aproxima, olha, apalpa, ajoelha sobre seu peito e tenta estrangul-lo; (p. 135)

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  • O Horla

    Julian-Damazy

    com a espantosa sensao de um peso sufocante no peito, e de uma boca que comia minha vida, sobre minha boca[] Imaginem um homem que dorme, a quem tentam assassinar, e que se acorda com uma faca na garganta; e que expira coberto de sangue (1 verso - p. 111;113)

  • O Horla

    Emagrece de maneira preocupante e o cocheiro comea a ter os mesmos sintomas que ele. (p. 113); pensa em se afastar por dois ou trs meses, mas no vai;

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  • O Horla2 de junho visita a floresta de Roumare e sente

    que est sendo seguido, amedrontado ele gira e parece esquecer por onde tinha vindo e no sabe mais nada;

    3 de junho depois de uma noite horrvel ele decide se ausentar;

    Aps 30 dias, retorna da viagem a Saint-Michel com a certeza de estar curado;

    Descreve sua viagem, bem como o encontro com o monge e a possibilidade do invisvel.

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  • O Horla

    Monte Saint-Michel

  • O Horla

    3 de julho volta a dormir mal; o cocheiro tambm apresenta-se doente, desde que a personagem se ausentou na viagem; (p. 141)

    4 de julho sente-se apanhado novamente pela doena: sente algum agachado em cima dele, que sua boca sobre a minha bebia minha vida entre meus lbios (p. 141), sente-se aniquilado;

    possibilidade de nova partida;

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  • O Horla1 sinal: aps pesadelo,

    encontra a garrafa de gua vazia; (p. 113)

    Na noite seguinte: Tranca o quarto. Depois de um pesadelo, encontrou a garrafa vazia novamente;

    Questiona se algum entrou no quarto ou se pode ser sonmbulo;

    5 de julho assustado pelo que aconteceu na noite anterior sensao de que algum quer assassin-lo com uma faca no pulmo, v a garrafa de gua vazia;

    Sente comoo horrvel de pensar que possa ser ele;

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  • O Horla

    Ento, eu era sonmbulo, viva, sem o saber, desta dupla vida misteriosa que faz duvidar se no existem dois seres em ns, ou se um ser estrangeiro, desconhecido e invisvel, anima, por momentos, quando nossa alma est embrutecida, nosso corpo cativo que obedece ento a este outro, como a ns mesmos, mais do que a ns mesmos (2 verso p. 143)

  • O Horla

    Recorre a artimanhas: Coloca ao lado da gua:

    vinho, leite (que no suporta), e doce de chocolate;

    Mudava as bebidas e comidas a cada noite;

    Percebeu que s tocava nos lquidos (leite e gua);

    10 de julho resolve fazer experincias:

    Dia 6 e 7 coloca na mesa vinho, leite, gua, po e morangos ;

    Dia 8 retirou gua e leite percebe que no tocou em nada;

    Quem estava ali s consome gua e leite;

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  • O HorlaNova estratgia:

    enrola os objetos em tiras de musselina e passa grafite nas mos, lbios e bigode;

    Todos sem mancha de grafite, mas foram tocados, pois a toalha no estava como ele colocara beberam gua e leite;

    Dia 9 faz outro teste: enrola as garrafas de gua e leite em musselina branca e amarra as tampas, e grafa os lbios, barba e mos com grafite;

    Ao acordar, encontra os panos imaculados beberam gua e leite (p. 145)

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  • O HorlaDe repente cessou.

    Acha que acabou; (o cocheiro havia

    deixado-o h um ms)

    Vai para Paris: Afirma que perdeu a

    cabea nos ltimos dias;

    vtima de imaginao nervosa;

    descontrole que beira demncia;

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  • O HorlaEm Paris assiste pea de Alexandre Dumas, filho

    assume que a solido perigosa para as inteligncias que trabalham; (p. 147)

    16 de julho conhece dr. Parent (interessado nas manifestaes por conta da hipnose e sugesto);

    O dr. Parent hipnotiza sra. Sabl, que v em um carto o reflexo do primo, como se fosse em um espelho;

    Sente-se perturbado com a visita da prima para pedir o dinheiro, conforme o dr. Parent a tinha hipnotizado;

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  • O Horla

    Ainda em Paris questiona o lugar de onde se fala para crer no sobrenatural (ilha de Grenouillre? ndia? Monte Saint-Michel);

    29/30 de julho retorno para casa; 2 de agosto tempo magnfico; 4 de agosto brigas entre os funcionrios;

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  • O HorlaPrimavera ele v a

    rosa sendo colhida e flutuando no ar; tomado por um pnico louco, tentou apanhar, mas ela desapareceu e ele fica colrico;

    Seria alucinao?

    6 de agosto v a rosa sendo colhida;

    Alucinao?! Mostra-se certo de haver um ser invisvel ao seu lado;

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  • O Horla

    Eu passeava s duas horas, em pleno sol, pelo meu roseiral... [...] vi, vi nitidamente, bem perto de mim, o caule de uma destas rosas se dobrar [...] como se esta mo o tivesse colhido! [...] assustadora mancha vermelha a trs passos de meus olhos (2 verso - p. 161)

  • O HorlaAinda no acredita no

    sobrenatural, mas seus criados comeam a brigar, coisas estranhas acontecem pela casa;

    A casa volta a ficar calma de novo;

    No passavam de sonhos?!

    7 de agosto dorme tranquilo, a criatura bebe gua, mas no perturba;

    Pergunta-se se est louco (p. 161);

    Fala do mal-estar inexplicvel, sente dolorosa necessidade de voltar, como se aguardasse uma m notcia; (p. 163)

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  • O Horla13 de agosto No posso mais querer; mas

    algum quer por mim; e eu obedeo (p. 165); 14 de agosto algum possui minha alma e a

    governa, algum comanda todos os meus atos; 15 de agosto justifica a hipnose da prima

    (Paris) como o governo de um ser/querer exterior, invisvel;

    16/17 de agosto altera-se depois de ir biblioteca pegar para ler o tratado do Dr. Herman Herestauss habitantes desconhecidos do mundo antigo e moderno (p. 167;169);

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  • O Horla 20 de julho Musset

    aberto em Noite de Maio; ele dorme 40 minutos e quando acorda v as folhas sendo folheadas por dedos invisveis; na nsia de pegar o invisvel, ele derruba poltrona e lmpada; (p. 119)

    Assume para os mdicos que ele mesmo nomeou a criatura como Horla.

    17 de agosto l e reflete sobre os seres vivos, os homens so fracos. Depois de dormir 40 minutos ele v as pginas do tratado ser folheada. Tenta agarr-lo e derruba cadeira e lmpada; Sua inteno de esmag-lo contra o cho; (p. 171)

    18 de agosto est disposto a obedecer aos impulsos, vontades, ser humilde, pois ele mais forte, at o dia...

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  • O Horla19 de agosto

    notcia do Rio de Janeiro epidemia de loucura em So Paulo; sucessor dos homens, temido pelos primitivos;

    Ouve o nome, o ser invisvel grita seu nome O Horla (p. 173);

    19 de agosto Eu o matarei. Eu o vi! (p. 177);

    ele, ele, o Horla, que me atormenta, que me faz pensar essas loucuras! Ele est em mim, ele tornou-se minha alma; eu o matarei! p. 177)

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  • O HorlaUm dia, enquanto lia,

    sentiu o Horla, depois de algum tempo, no conseguia enxergar seu reflexo no espelho;

    Depois vislumbra-se em meio a uma bruma no fundo do espelho, atravs de uma cortina dgua;

    19 de agosto - no v seu reflexo no espelho;

    Vislumbra a si mesmo no meio de uma bruma, cortina dgua... (p. 179)

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  • O Horla

    Via-se como em pleno dia, e no me vi no espelho!... Ele estava vazio, claro, profundo, cheio de luz! Minha imagem no estava dentro... e eu, eu estava defronte! Eu via o grande vidro lmpido de algo a baixo. E eu olhava aquilo com olhos enlouquecidos [...] Depois eis que de repente comecei a me perceber numa bruma, no fundo do espelho, numa bruma como atravs de um lenol de gua; e me parecia que aquela gua deslizava da esquerda para a direita, lentamente, tornando mais precisa minha imagem (2 verso p. 179)

  • O HorlaNo dia seguinte foi

    para a casa de sade, pedir ajuda;

    Conta com o veredito de dr. Marrande sobre os vizinhos que apresentam o mesmo estado que ele;

    De 20 de agosto a 10 de setembro planeja a morte do Horla;

    9/10 de setembro meia noite arma para prender o Horla no quarto. Quando pensa que o prendeu, atira fogo na casa. Depois de um tempo, ouve o grito de mulheres e recorda-se que trancara seus criados na casa que era consumida pelo fogo;

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  • O HorlaSer que ele morreu?! Seria possvel mat-lo? A soluo se apresenta para a personagem como

    sua morte, somente assim, ele estaria livre do Horla.

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  • Nada mais frgil do que faculdade humana de admitir a realidade, de aceitar sem reservas a imperiosa prerrogativa do real. (ROSSET, 1999, p. 11);

    s vezes se diz que o iludido no v: ele est cegado. intil a realidade se oferecer sua percepo: ele no consegue perceb-la, ou a percebe deformada, to completamente atento que est apenas aos fantasmas de sua imaginao e de seu desejo. (ROSSET 1999, p 14);

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  • [...] o iludido transforma o acontecimento nico que percebe em dois acontecimentos que no coincidem, de tal modo que a coisa que percebe posta em outro lugar, incapaz de se confundir consigo mesma. Tudo se passa como se o acontecimento fosse magicamente cindido em dois, ou melhor, como se dois aspectos do mesmo acontecimento viessem a assumir cada um uma existncia autnoma. (ROSSET, 1999, p. 18).

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  • Esta fantasia de ser o um outro cessa naturalmente com a morte, porque sou eu quem morro, e no o meu duplo: a frase clebre de Pascal (Morre-s) designa muito bem esta unicidade irredutvel da pessoa face morte, mesmo se ela no a tem principalmente em vista. A morte significa o fim de qualquer distancia possvel de si para si, tanto espacial quanto temporal, e a urgncia de uma coincidncia consigo mesmo; (ROSSET, 1999, p. 86).

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  • Referncias

    BRAVO, Nicole. Duplo. In: BRUNEL, Pierre (org). Dicionrio de mitos literrios. Trad. Carlos Sussekind et al. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 1997. p. 261-287.

    MAUPASSANT, Guy de. O Horla. In: ______. Madame Hermet e outros contos fantsticos. Trad. Carmen Lcia Cruz Lima Gerlach e Maria Jos Werner Salles. Florianpolis: Editora da UFSC, 1999. p. 108-185.

    RANK, Otto. O duplo. Trad. Mary B. Lee. 2.ed. Rio de Janeiro: Coeditora Braslica, 1939.

    ROSSET, Clment. O real e seu duplo: ensaio sobre a iluso. Apresentao e Traduo de Jos Thomaz Brum. Porto Alegre: L&PM, 1999.

  • HistricoObras Comdia dos Erros Dom Quixote O Homem que vendeu a sombra As aventuras da noite de So Silvestre William Wilson O retrato Oval O Duplo O Retrato de Dorian Gray O Mdico e o Monstro O Horla