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SEMINÁRIO DE ESCATOLOGIA O TEMPO NAS PROFECIAS CÉSAR BRASIL RIEN

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SEMINÁRIO DE ESCATOLOGIA

O TEMPO

NAS PROFECIAS

CÉSAR BRASIL RIEN

O TEMPO NAS PROFECIAS

Cesar B. Rien [email protected]

2 Título: O TEMPO NAS PROFECIAS CONTIDAS NO PLANO DA SALVAÇÃO Direitos Autorais Reservados por César Brasil Rien 2004 Edição Atualizada Todos os direitos estão reservados. Proibida a divulgação ou cópia sem a permissão escrita do autor. Contatos: [email protected] EDITADO NO BRASIL

21 R557t Rien, César Brasil O tempo nas profecias contidas no plano da salvação. César Brasil Rien. - Porto Alegre: Adventus Gráfica e Edi- tora de Santos & Sarmento Ltda., 2002. 66 p. 29,7 cm (A4) Pesquisa Teológica. 1. Adventos e profecias simbólicas. 2. O Plano da Redenção em símbolos. 3. Festas judaicas e Messianis-mo. 4. Teologia dos 1° e 2° Adventos. 5. Escatologia Bíbli-ca e Apocalipse.

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P R E F Á C I O

De vez em quando o Cristianismo é agitado por movimentos isolados que

tentam marcar uma data específica para o FIM DO MUNDO, enquanto as denomina-

ções que se consideram sérias ficam apenas observando o fracasso dos agitadores.

Por ser mais seguro, os teólogos fizeram um pacto de nunca mais estudar o aspecto

de tempo das Profecias Bíblicas não-cumpridas, para evitar novas tentativas de

marcar datas. Esta atitude, muito louvável, tem evitado que os administradores

percam tempo em discussões inúteis, podendo dedicar-se, então, ao fortalecimento e

desenvolvimento das organizações religiosas a que pertencem. Esse esforço, na

opinião dos dirigentes, tem conseguido combater tudo que possa prejudicar a pureza

de suas doutrinas.

Este autor, que é totalmente favorável à manutenção da pureza doutriná-

ria, procura através desta pequena obra demonstrar às organizações evangélicas

tradicionais e às pentecostais que não devem temer o estudo de certos temas con-

trovertidos. Desde que esse estudo busque esclarecer as revelações contidas na

Bíblia, é claro. Deste modo, o autor procura quebrar o antigo “tabu” que ainda existe

sobre o estudo da questão do tempo nas Profecias Bíblicas. A intenção deste estudo

é demonstrar claramente que, apesar de a Teologia atual dar ênfase apenas ao

componente tipológico das profecias, também existe outro componente da maior

importância que merece toda a atenção dos estudiosos: o componente temporal. O

autor mostra que as Escrituras Sagradas contêm todos os elementos necessá-

rios à demonstração da existência e da importância do componente temporal,

visando à melhor compreensão das profecias contidas no Plano da Redenção.

Isto torna possível um entendimento mais claro e mais amplo da Vontade

Divina para Seu Povo, porque faz ficar evidenciado que: AMBOS, A TIPOLOGIA E O

TEMPO DETERMINADO FORAM DIVINAMENTE DESIGNADOS, CADA UM PARA

UMA FINALIDADE DISTINTA. E que ambos são interdependentes e complemen-

tares entre si, não podendo ser dissociados um do outro.

O AUTOR.

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UM GRAVE PROBLEMA A RESOLVER

“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.

“E lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” – Gên. 2:15-17. 1

... “Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Se-

nhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comerás de toda árvore do jardim?

“Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.

“Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os

olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. “Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos,

e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu.

“Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, costuraram folhas de figueira, e fizeram cintas para si.

“Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela vira-da do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim.

“E chamou o Senhor Deus ao homem, e lhe perguntou: Onde estás? “Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo e

me escondi. “Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da ár-

vore de que te ordenei que não comesses? “Então disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela me deu da

árvore, e eu comi. “Disse o Senhor Deus à mulher: Que é isso que fizeste? Respondeu a

mulher: A serpente me enganou, e eu comi. ... “E a Adão disse: ... “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela fos-

te tirado; porque tu és pó e ao pó tornarás. ... “Fez o Senhor Deus vestimentas de peles para Adão e sua mulher, e os

vestiu. “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós,

conhecedor do bem e do mal; assim, para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente [em pecado]; o Senhor Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden...

“E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida.” – Gên. 3:1-13 e 17, 19, 21-24. 2

_________________________ 1, 2. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Al-gumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.

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O relato bíblico da desobediência do homem tem sido ridicularizado pelos

que se acham sábios, conforme a sabedoria do mundo. Nenhum ser humano, por

mais conhecimentos filosóficos e científicos que possua, consegue avaliar o significa-

do desse nefasto acontecimento. Somente o Criador pode avaliar corretamente esse

evento e suas conseqüências. Portanto, para compreendê-lo, necessitamos de uma

atitude humilde e de fé para ouvir aquilo que o Criador tem a nos ensinar sobre isso.

O primeiro ensinamento contido no relato da Criação é que o Criador fez o

homem para ser feliz. Para tanto, o Senhor criou a Natureza com um suprimento ili-

mitado de coisas úteis aos seres humanos, enfim, tudo o que pudesse beneficiá-lo,

incluindo-se aí o dom de trazer novas vidas à existência, mediante o casamento. Por

isso, a família é tão importante no relacionamento humano e no relacionamento dos

seres humanos com seu Criador. Outro ponto importante, que se infere da leitura de

Gên. 3:8, é que os seres humanos tinham o alto privilégio de receber diariamente, à

tardinha, a visita pessoal do Criador, para uma amizade e um companheirismo face a

face. Mas aconteceu alguma coisa que mudou radicalmente toda essa felicidade: a

desobediência. Adverte-nos o profeta:

“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” – Isa. 59: 2. 3

Quando Adão e Eva desobedeceram, eles receberam sobre si os efeitos da

transgressão. Um dos efeitos diz respeito ao relacionamento interpessoal ou hori-

zontal. Vemos, no relato de Gên. 3, que após ser perguntado por Deus se havia co-

mido o fruto do conhecimento do bem e do mal, Adão acusou Eva pelo ocorrido. Por

sua vez, Eva, ao ser questionada, lançou a culpa sobre a serpente. Fica evidente,

aqui, que a harmonia do relacionamento amoroso entre Adão e Eva foi quebrado,

fazendo surgir, assim, uma tensão horizontal, quer dizer, entre o ser humano e seu

semelhante. Ao tentarem afastar a culpa de si mesmos, Adão e Eva estavam, na

verdade, culpando a Deus, pois o Senhor havia dado Eva para ser companheira de

Adão. Por sua vez, a serpente era Criação de Deus. Surge, então, a tensão vertical

entre o ser humano e seu Criador. Assim, foi rompido o companheirismo com Deus.

_________________________ 3. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Algu-mas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.

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A desobediência é rebelião contra o Criador, e a rebelião é uma atitude

gravíssima, que nos leva a desprezar a misericórdia do Senhor (1 Ped. 3:20; Heb.

3:12-19), a menos que haja em nós o arrependimento e a conversão, que é o retorno

a Deus (em hebraico, teshuvah). O Senhor mesmo nos convida:

“Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã.” – Isa. 1:18. 4

A conseqüência da rebelião, ou seja, do pecado, é a morte (Rom. 6:23), a

qual passou para todos os humanos (Rom. 5:12). Em Gên. 3:22-23, está esclarecido

que o homem e a mulher foram expulsos do Éden antes de comerem o fruto da

Árvore da Vida. Ou seja, eles não receberam o Dom da Vida Eterna e ficaram sujeitos

à morte. Mas a morte que resulta do pecado não é esta que ocorre todos os dias en-

tre a humanidade. A morte que é a maldição do pecado é a morte eterna (Apo. 20:6

e 14), que nos separa definitivamente de Deus e da família de Deus (Efe. 4:18). Foi

para remover essa maldição do pecado que Deus enviou Seu Filho, na forma de um

ser humano fraco, humilde e sofredor. Em Jesus, o Criador sofreu a conseqüência do

pecado em nosso lugar. Jesus morreu em nosso lugar; e depois ressuscitou (Rom.

4:23-25), para garantir para os que nEle crêem o direito à ressurreição da Vida Eterna

(Rom. 6:22-23). Uma dentre muitas definições bíblicas para o pecado é esta:

“Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pe-cado é a transgressão da lei.” – I João 3:4. 5

Qual é a relação entre a lei e o pecado?

“... Visto que ninguém será justificado diante dEle por obras da lei, em ra-zão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.” – Rom. 3:20. 6

“Que diremos, pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não teria

conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobi-ça se a lei não dissera: Não cobiçarás.

... “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo e justo e bom. ... “Porque bem sabemos que a lei é espiritual...” – Rom. 7:7, 12 e 14. 7

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4, 5, 6 e 7. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Algumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.

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Vemos, assim, que a função da lei é definir o que é pecado, mostrando a

cada um de nós nossa condição de pecadores perdidos. Ao mesmo tempo, essa

mesma lei nos mostra o quão urgentemente necessitamos do efeito purificador do

sangue de Jesus Cristo, nosso Salvador. Então, a lei nos leva para Cristo. Assim, a

Lei de Deus, ou Decálogo, tem o objetivo de nos mostrar a existência de duas

grandes tensões: a tensão vertical e a tensão horizontal. E essas tensões precisam

ser resolvidas. A existência da tensão vertical é demonstrada pelos quatro primeiros

mandamentos da Lei de Deus (Êxo. 20:2-11), pois dizem respeito ao Criador. Já a

existência da tensão horizontal é demonstrada pelos outros seis mandamentos (Êxo.

20:12-17), porque estão focalizados em nosso relacionamento com o próximo.

Para resolver o grave problema da desobediência (=pecado), Deus elabo-

rou previamente um plano de resgate chamado PLANO DA SALVAÇÃO (I Ped. 1:19-

21; Mat. 13:35, 25:34; Efe. 1:4; Heb. 2:3). Somente o Plano da Salvação pode re-

solver a tensão vertical e a tensão horizontal. Essas tensões foram resolvidas por

Cristo (Efe. 2:16-19; II Cor. 5:18-19). A resolução de ambas, na vida do crente, de-

pende da habitação do Espírito em nossas mentes e corações (Heb. 10:15 a 17). E a

concessão do Espírito depende de nos submetermos à Vontade de Deus para nós,

mediante a fé no sacrifício de Seu Filho (Heb. 11:6). Existe uma relação teológica

entre a salvação, a fé, a obediência e a concessão do Espírito, como está escrito:

“... embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas cousas que sofreu e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da Salvação Eterna para todos os que Lhe obedecem, tendo sido nomeado por Deus Sumo Sacerdote, segundo a ordem [sacerdotal] de Melquisedeque.” – Heb. 5:8-10. 8

“... e que agora se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus Eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações...” – Rom. 16:26. 9

“Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que Lhe obedecem.” – Atos 5:32. 10

“E aquele que guarda os Seus Mandamentos permanece em Deus, e Deus nele. E nisto conhecemos que Ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.” – I João 3:24. 11

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8, 9, 10 e 11. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referên-cias e Algumas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ.

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Vemos, assim, portanto, que também existe uma relação teológica entre o

Espírito Santo e os Dez Mandamentos, ou Decálogo.

Como afirmamos antes, o Plano da Redenção foi esboçado com a função

de resolver ambas as tensões horizontal e vertical. Esse plano é a única maneira efi-

caz de reconciliar os seres humanos com seu Criador e com seus semelhantes. Mas

os principais beneficiados, nós, precisamos cooperar com o Plano da Redenção para

torná-lo mais eficiente. A eficácia e a eficiência foram, assim, incorporadas ao plane-

jamento divino muito tempo antes que a ciência da administração fosse organizada

pelos pensadores humanos.

Se o Plano da Redenção requer que os seres humanos participem de seus

elementos constitutivos, então fazia-se necessário que esse plano fosse tornado co-

nhecido aos humanos, não é mesmo? Assim foi que o Criador decidiu tornar conheci-

da Sua Vontade e Desígnio aos seres criados, aos quais Ele tanto almeja beneficiar.

E a forma de comunicação escolhida foi a Revelação de Si mesmo aos profetas, para

que estes transmitissem aos escolhidos qual é o propósito Divino para suas vidas.

Inicialmente, essa Revelação precisou ser guardada na memória, e passa-

da oralmente de geração a geração para não ser esquecida. Chegou, porém, o dia

em que os humanos aprenderam a registrar por escrito sua história de vida e, com is-

so, a Revelação também passou a ser gravada em caracteres alfabéticos para que as

gerações futuras tivessem acesso a ela. Assim, pelas mãos do Profeta Moisés surgiu

a Torá, que é a primeira porção formadora das Escrituras Sagradas. Após a Torá os

demais profetas escolhidos por Deus fizeram seus próprios registros e os acrescenta-

ram às Santas Escrituras (Amós 3:7). Assim, a Revelação chegou aos nossos dias.

É importante notar que a Revelação foi dada aos humanos de forma cifrada

e não como uma narrativa aberta, seqüencial e ininterrupta. Certamente existem afir-

mações claras, que não deixam dúvidas sobre seu significado. Mas, também, existem

as revelações cifradas que contém ensinamentos ocultos, que precisam ser investiga-

dos com oração e dedicação pelo pesquisador para que sejam compreendidas com

clareza (Isa. 28:10). Essa forma de comunicação de Deus a Seus profetas é feita

através de "símiles" (Ose. 12: 10) e "sombras" (Heb. 10:1). Essas revelações que

estavam veladas é que vamos passar a estudar de agora em diante.

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CAPÍTULO 1

AS

FORÇAS PROFÉTICAS

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I N T R O D U Ç Ã O

Um dos desafios enfrentados pela Teologia é o fato de não ser considera-

da uma Ciência exata. Cada uma das religiões existentes entre a Humanidade (cris-

tianismo, judaísmo, islamismo, budismo, bramanismo, etc.) possui teologia própria. E

não apenas as religiões, mas também as suas subdivisões e sectarismos possuem

teologia voltada ao objetivo de dar suporte a sua razão de ser, ao motivo de sua

existência. Muitas seitas apegam-se a um determinado aspecto da religião e o levam

como bandeira, tornando-se intolerantes com os demais da mesma fé que não ado-

tam sua linha de pensamento e prática. É claro que isto desvirtua a finalidade da boa

prática religiosa, que é religar o homem a Deus.

No cristianismo, apesar das denominações serem diferentes e até diver-

gentes, a teologia possui alguns pontos em comum. O principal deles, é claro, diz

respeito à pessoa de CRISTO, sem o qual não há razão de ser para a vida cristã.

Contudo, na maioria das vezes, é esquecido que a pregação de Jesus tinha como um

de seus propósitos conduzir o cristão a tratar com tolerância os seus semelhantes

que têm idéias e práticas diferentes.

Outro ponto em comum diz respeito ao estudo das Santas Escrituras, na

qual estão registradas a promessa de um Redentor (no Antigo Testamento = AT) e o

cumprimento da promessa (em o Novo Testamento = NT). No afã de compreender a

Bíblia e explicá-la de forma inteligível à razão humana, os teólogos cristãos adotaram

uma terminologia própria. Um exemplo disso é a palavra tipo, que pode ser traduzida

como símbolo prefigurativo/preditivo. O seu antônimo é a palavra antítipo, que pode-

mos traduzir como sendo o personagem histórico ou o fato (evento) histórico real que

era prefigurado pelo tipo. Mas há ocasiões em que não é possível criar um termo

teológico apropriado para uma determinada explicação. Por este motivo, e por razão

exclusivamente didática, tomaremos emprestadas as palavras força e impulso da

ciência exata chamada Física, por serem as palavras mais adequadas à explanação

do tema que desejamos estudar. Também para fins didáticos usaremos a técnica da

recapitulação, pois “a repetição é a mãe do aprendizado”. Por isto, esperamos poder

contar com a tolerância de nossos leitores.

O AUTOR.

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MÓDULO I

A FORÇA TEMPORAL

PREDITIVA

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O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO

“TEMPO DETERMINADO”

A versão da Bíblia para o português, feita pelo padre João Ferreira de Al-

meida, traz a expressão “tempo determinado” em diversos versículos. Essa tradução

foi feita com base nos manuscritos gregos disponíveis. No texto grego é utilizada

apenas uma palavra: kairós/kairóis/kairon (que são flexões de kairós):

“Αυται αι εορται τω κυριω κληται αγιαι ας καλεσετε αυτας εν τοις καιροις αυτων..” 12 - Lev. 23:4 [grifo suprido]

Na tradução para o português, surge a expressão tempo determinado:

“São estas as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que procla-mareis no seu tempo determinado.” – Lev. 23:4. 13 [grifos supridos]

SIGNIFICADO PRIMÁRIO: A FORÇA TEMPORAL PREDITIVA

A palavra kairós (flexionada como kairoùs) aparece, pela primeira vez, no

Livro do Gênesis:

“και ειπεν ο θεος γενηθητωσαν φωστηρες εν τω στερεωµατι του ουρανου εις φαυσιν της γης του διαχωριζειν ανα µεσον της ηµερας και ανα µεσον της νυκτος και εστωσαν εις σηµεια και εις καιρους και εις ηµερας και εις ενιαυτους.”.14 - Gênesis 1:14. [grifo suprido]

Inicialmente, a expressão tempo determinado está diretamente relaciona-

da com as estações climáticas: Primavera, Verão, Outono e Inverno, como se lê na

versão bíblica abaixo:

“Disse também Deus: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.” – Gên. 1:14. 15 [grifos supridos]

_________________________ 12. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org). 13. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atuali-zada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ. 14. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org). 15. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atuali-zada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.

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Há, ainda, outra variante da tradução de João Ferreira de Almeida, muito

interessante para nosso estudo, onde o mesmo texto bíblico tem o seguinte teor:

“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separa-ção entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.” – Gên. 1:14. 16 [grifos supridos]

Já a Bíblia de Jerusalém traduz de outra forma:

“Deus disse: ‘Que haja luzeiros no firmamento do céu para separar o dia e a noite; que eles sirvam de sinais, tanto para as festas quanto para os dias e os anos; que sejam luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra’ e assim se fez.” – Gên. 1:14-15. 17 [grifos supridos]

A tradução da Bíblia de Jerusalém decorre da existência de uma antiga

tradição dos povos orientais, que consiste na realização de festas religiosas para

celebração das colheitas anuais. Essa tradição foi incorporada por Deus ao sistema

religioso dos Hebreus:

“As primícias dos frutos da tua terra trarás à casa do Senhor teu Deus.” – Êxo. 23:19. 18 [grifos supridos]

“Também guardarás a festa das semanas, que é a festa das primí-cias da ceifa do trigo e a festa da colheita no fim do ano.” – Êxo. 34:22. 19 [grifos supridos]

Durante o período de servidão no Egito, os israelitas aprenderam que ocor-

riam duas colheitas anuais. Na Primavera, ocorria a colheita dos cereais e no Outono

ocorria a colheita dos frutos da terra.

_________________________ 16. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida com Referências e Algu-mas Variantes – Edição Revista e Corrigida, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro – RJ. 17. A Bíblia de Jerusalém. Nova edição, revista. Edições Paulinas, São Paulo–SP, Brasil, 1985 – Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais (ver página do imprimatur). 18, 19. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atualizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.

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Durante a peregrinação pelo deserto, essas duas festas foram caracteriza-

das de forma bem distinta, sendo introduzidas no cerimonial do Santuário. Conside-

rando que os hebreus viviam no Hemisfério Norte, a Primavera iniciava no final de

março ou início de abril e o Outono em setembro. Jesus também falou da colheita de

cereais, que ocorre na Primavera, mencionando que há um tempo determinado para

ela, conforme está registrado em Mateus 13:30. Vejamos o texto grego:

“αφετε συναυξανεσθαι αµφοτερα µεχρι του θερισµου και εν τω καιρω τουθερισµου ερω τοις θερισταις συλλεξατε πρωτον ταζιζανια και δησατε αυτα ειςδεσµας προς το κατα καυσαι αυτα τον δε σιτον συναγαγετεεις την αποθηκην µου.” 20 [grifo suprido]

Podemos fazer a seguinte tradução daquele texto:

“Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo determinado (da co-

lheita), direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado;

mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.” [grifamos]

A colheita dos cereais era celebrada na estação climática da Primavera, e o

Dia de Pentecostes era a ocasião máxima da celebração da ceifa da Primavera, co-

mo se lê abaixo:

“E celebrarás a Festa das Semanas (Pentecostes) ao Senhor teu Deus, com ofertas voluntárias da tua mão, segundo o Senhor teu Deus te houver abençoa-do.” – Deu. 16:10. 21 [explicação entre parênteses suprida]

Da mesma forma, Jesus afirmou que há um tempo determinado para a

colheita dos frutos da terra, que ocorre no Outono. Isso está registrado em Mateus

21:34:

“οτε δε ηγγισεν ο καιρος των καρπων απεστειλεν τους δουλους αυτου προς τους γεωργους λαβειν τους καρπους αυτου.” 22 [grifo suprido]

__________________________ 20. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org). 21. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atua-lizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ. 22. The Blue Letter Bible On Line (www.blueletterbible.org).

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Traduzindo-se para o português, o texto acima tem o seguinte significado:

“Quando o tempo determinado da colheita das uvas chegou, enviou os

seus servos aos lavradores, para receberem as uvas a que tinha direito.” [grifos su-

pridos]

A colheita dos frutos da terra era celebrada na estação do Outono, e a Fes-

ta dos Tabernáculos era a ocasião máxima da celebração da colheita do Outono:

“Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo, haverá descanso solene.” – Lev. 23:39. 23 [grifos supridos]

“A Festa dos Tabernáculos celebra-la-ás por sete dias, quando houveres recolhido da tua eira e do teu lagar.” – Deu. 16:13. 24 [grifos supridos]

Fica evidenciado que, num primeiro momento, as Santas Escrituras utilizam

a expressão tempo determinado para caracterizar as estações do ano com suas

colheitas específicas: a dos cereais, na Primavera, e a dos frutos da terra, no Outono.

No Outono eram colhidas as seguintes frutas: romãs, uvas, figos, tâmaras,

damascos e azeitonas, além de outras. Era no Outono que se realizava a vindima,

quando as uvas deviam ser pisadas no lagar para produzir o “vinho novo” ou mosto.

Também, nessa ocasião, as azeitonas eram maceradas no lagar para a

extração do óleo de oliva, tão necessário no dia-a-dia das famílias, mas, também,

para preparação do óleo da unção sacerdotal e do óleo sagrado para o candelabro do

Tabernáculo (Menorá).

As Escrituras também relacionam essa expressão às Festas Religiosas,

porque elas estão diretamente ligadas às Festas de Colheita. Essas ocasiões são

próprias para o culto de Ação de Graças, com o objetivo de agradecer a Deus o

resultado do trabalho agrícola e a subsistência das famílias do povo.

_________________________ 23 e 24. A Bíblia Sagrada, Traduzida em Português por João Ferreira de Almeida - Edição Revista e Atualizada no Brasil, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Rio de Janeiro - RJ.

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Assim, essa expressão pode assumir dois significados no seu sentido

primário:

1) os cereais ficarão maduros na Primavera e a primeira colheita do ano

agrícola ocorrerá, com toda certeza, na estação da Primavera e não no Outono;

2) os frutos da terra ficarão maduros no Outono e a última colheita do ano

agrícola ocorrerá, com certeza, no Outono e não na Primavera.

Como tudo ocorre invariavelmente de modo infalível, periódico e constante,

isso dá às estações climáticas de colheita uma importância muito grande dentro do

conceito de tempo dos povos que dependem de sua regularidade, conduzindo os

fatos a uma condição de certeza absoluta quanto a sua ocorrência, a uma condição

de previsão infalível.

Deste modo, fica estabelecido que a expressão “tempo determinado”, em

relação a tempo específico, tem uma força temporal preditiva que é derivada do

sentido primário ou literal do termo, em decorrência da observação do suceder

sistemático e infalível das estações climáticas e das suas respectivas produções

agrícolas específicas (a colheita de cereais na Primavera e a colheita dos frutos da

terra no Outono).

A definição do Dicionário Zeta-Kappa do Novo Testamento Grego-Inglês,

para o termo kairós, nos esclarece isso:

“Kairós. tempo de Deus, isto é, Seu tempo determinado... Todavia, kairós usualmente denota ‘um ponto ou momento específico no tempo’...” 25 [grifos supri-dos]

Para fins proféticos essa força temporal preditiva está focalizada nas

estações climáticas de colheita (Primavera/Outono), como evidenciam as Escritu-

ras.

_________________________ 25. The Complete Biblical Library – The New Testament Greek-English Dictionary Zeta-Kappa, vol. 13, page 213, Printed in United States of America 1990 by R. Donnelley and Sons Company, Chicago, Illinois 60606.

O TEMPO NAS PROFECIAS

Cesar B. Rien [email protected]

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Prova do Módulo I 1- Qual é a expressão bíblica, em português, que expressa o fator temporal? a) tempo qualquer b) tempo nenhum c) tempo determinado 2- Das palavras abaixo, qual é o original grego que expressa o fator temporal? a) cairo b) kairós e suas flexões (corresponde ao hebraico mo’ed) c) quarois 3- A expressão tempo determinado aparece pela 1ª vez na Bíblia em qual texto? a) Dan. 11:29 b) Lev. 23:4 c) Gên. 1:14 4- As versões bíblicas traduzem a palavra kairós de diversas maneiras. Qual é a tradução mais ade-

quada para expressar o fator temporal? a) estações b) festas c) tempo determinado 5- De acordo com os textos de Êxo. 23:19 e 34:22, a expressão tempo determinado está ligada a

qual atividade agricola? a) arar ou lavrar a terra b) semeadura c) colheita dos frutos e ceifa do trigo e da cevada 6- Jesus afirmou, em Mat. 13:30, que há um tempo determinado para a colheita dos cereais. De

acordo com Deu. 16:10, qual é a festa que Deus determinou para ser celebrada a colheita dos cereais?

a) Páscoa b) Primícias c) Pentecostes 7- Considerando que a Bíblia foi escrita no Hemisfério Norte, em que estação climática é celebrada a

colheita dos cereais? a) Outono b) Inverno c) Primavera 8- Jesus afirmou, em Mat. 21:34, que há um tempo determinado para a colheita das uvas e frutos

da terra. De acordo com Lev. 23:34 e 40, a Festa dos Tabernáculos foi determinada por Deus pa-ra a celebração da colheita dos frutos da terra. Em que estação climática ela é celebrada?

a) Inverno b) Verão c) Outono 9- A observação da ocorrência sistemática e infalível das estações das colheitas anuais deu aos se-

res humanos a certeza absoluta quanto a sua ocorrência, conduzindo os fatos a uma condição de previsão infalível. Qual é a força profética que se origina dessa certeza e dessa previsão infalível?

a) força centrífuga b) força centrípeta c) força temporal preditiva 10- Em quais meses do Calendário Bíblico (calendário judaico) são celebradas a Páscoa e o Pente-

costes? a) Abibe (ou Nisan) e Sivan b) Kisleu e Tevet c) Tishri e Adar