Sedutora alva 15

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Arietta Madson, dezoito anos, acaba de entrar em uma fase decisiva em sua vida. No vilarejo, marcado por lendas e segredos, onde nasceu, quando ainda estava sendo gerada por sua mãe, foi marcada por um juramento mortal. Meses antes de a promessa ter um fim, ela tenta evitar ao máximo mais problemas para os que a cercam, os que têm a missão de proteger predestinadas como ela.

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São Paulo 2014

Thiele Maria

Sedutora Alva

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Copyright © 2014 by Editora Baraúna SE Ltda

Capa Marcos Leite Silveira da Silveira.

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Sabrina Brito

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ ________________________________________________________________M285s

Maria, Thiele Sedutora alva / Thiele Maria. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2014.

ISBN 978-85-437-0221-6

1. Romance brasileiro. I. Título.

14-18191 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________26/11/2014 27/11/2014

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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Dedico a Deus, pois nos piores momentos nos co-nectamos com a fé e isso me ergue, dá forças, me move e mantém meus sonhos cada vez mais próximos.

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Há séculos, na cidade de Ilwaco, em um vilarejo for-mado por famílias com um grau de parentesco distante, uma mulher grávida ficou gravemente doente. Seu estado de saúde só vinha a piorar a cada dia que se aproximava do nascimento do bebê. Em uma noite, quando a lua acabava de surgir no horizonte, a jovem grávida come-çou a sentir as contrações do parto, uma dor indescritível, que deixava claro a todos que a jovem não resistiria.

Depois de horas arrastadas por dores, a mulher não suportou e morreu, mas, antes, deixou a menina. A pri-meira predestinada.

Dias depois do nascimento da filha e da morte da esposa, o pai, viúvo, recebeu a visita de um homem de nome Olivier. O homem afirmou que estava sendo ator-mentado por pesadelos durante todas as últimas noites e que necessitava conhecer a menina. Quando a tocou, usou um de seus dons, sentiu o que se tratava.

Ao perceber a reação de Olivier ao tocar na menina, o viúvo assustouse e tentou retirar a filha dos braços do desconhecido, mas fracassou. Logo Olivier mostrou as garras, deixando claro quem realmente era, fazendo com que as lendas viessem a se tornar reais para o viúvo.

Influenciado por seus inúmeros pesadelos, Olivier afirmou que o homem e o restante da vila possuíam algo além dos outros humanos, uma espécie de missão. Disse que toda a menina que nascesse em noite de lua seria uma predestinada.

Para ter certeza de suas visões, Olivier acompanhou de perto todo o desenvolvimento da menina, sem revelar sua verdadeira identidade, colocando seus possíveis dons

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à prova. Foi então que com dezoito anos, bastou a jo-vem dizer apenas uma frase para ele ter certeza de suas visões. A predestinada afirmou que Olivier não era como os outros humanos, afirmou que seu cheiro era diferente, sua respiração, e que deixava um rastro por onde passava. Olivier afirmou que a menina tinha a sina de dar fim a uma epidemia que estava fugindo do controle e ele acre-ditava ter sido criada por ele. Ela teria de eliminar os do luar, os quais, aparentemente, eram seres humanos, mas em noite de luar davam lugares a seres irracionais.

Todos da vila possuíam um laço eterno com elas. A sina deles era protegêlas.

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Há exatos dezoito anos, idade de Arietta, ocorreu uma grande e terrível tragédia na vila Uma amizade proi-bida, foi o pivô de tal tragédia. A vila era vizinha de uma família, sendo que a convivência era harmoniosa, pois tal diferença era imperceptível aos olhos menos atentos.

Maristela e Gregory eram um apaixonado casal, pais de uma linda menina, loira, cabelos cacheados, olhos cla-ros, de nome Suzel, que por sua vez, possuía uma afetuo-sa e recíproca amizade para com as crianças da vila.

Os componentes da comunidade contentavam-se com o momento pelo qual atravessavam, de forma que esse contentamento era virtude de um longo período sem ataques por parte inimigos, os do luar. Quando Arietta ainda estava sendo gerada por sua mãe, a vila recebeu a visita de Olivier, o líder das predestinadas, o único ser imortal. Assim como os do luar, Olivier também car-regava um lobo dentro de si, mas possuia um absoluto controle sobre ele, e, como as predestinadas, possuia inú-meros dons. Único e com estas tamanhas características, todos se rendem a ele, curvando-se e temendo a morte. Esta visita foi o motivo da grande tragédia que destruiu parte da vila e também a família vizinha.

Por não suportar a convivência com nenhum outro ser, sempre foi solitário — o que era uma característica de todos os do luar, — apenas surgia para causar conflitos. Foi justamente este o motivo que o levou até à vila.

Ao avistar todos da vila conviverem praticamente como humanos normais, as crianças convivendo com Suzel, as meninas predestinadas sem serem treinadas para quando chegada o momento estivessem preparadas e, o

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que mais despertou sua fúria, a vila não atacando os do luar. Era missão evitar a existência e o contato dos do luar com humanos, mas os componentes da vila, duran-te algumas gerações, treinaram as meninas predestinadas para somente atacar os do luar quando entrassem em seu caminho. Mesmo depois do ocorrido, a amizade existen-te foi superior. Todos da vila começaram a se proteger da família de lobos do luar, mas o que jamais poderiam ima-ginar é que aquela família sequer conseguiria defenderse deles e, ao perceberem isso, em prol da antiga amizade, decidiram auxiliar a família ensinandoos primeiramente a pouparem a vida humana e guardarem a setechaves em noite de luar o segredo de suas existências.

Tudo retornava ao normal. Mas Olivier logo des-cobriu que seu plano havia fracassado, decidindo então retornar com discrição e acabar de uma vez por todas com a trégua. Conseguiu. Ao chegar, o único ser que o viu foi Suzel. Decidiu matála, fugindo sem que nin-guém percebesse. A intenção de seu plano era dar a en-tender que a causadora da morte era uma predestinada da vila que não conseguiu conter seus instintos. Ao avis-tar a filha morta, Maristela, desesperada, avisou ao ma-rido. Com a certeza de suas conclusões, o casal foi até a comunidade para fazer um juramento a Katherine e seu marido, Eltore, pois sabiam que a menina se tratava de uma predestinada pelo estado de saúde de Katherine. O juramento foi o de que dias antes da filha do casal ter seus dons aflorados, eles voltariam.

Logo depois da fuga do casal, Katherine não resistiu à dor, após o nascimento de Arietta.

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~ 1 ~ Aula

— Arietta, você já está pronta? — Eltore perguntou na porta de seu quarto. — Posso entrar? — Colocou a mão sobre a maçaneta.

— Sim. Pode entrar. — Seu tom de voz era triste. —Sei que você não queria esses treinos, mas precisa

entender que... Ela o interrompeu.— Precisa estar preparada para tudo o que vier pela

frente! — Disse com sarcasmo, olhandoo firmemente. — Já sei disso, pai.

— Kennedy vai levar você até Violet. Está decidido. — Perfeito. — Deu um sorriso descontente.Desceram em silêncio. Estava visível em suas ati-

tudes que a partir daquele dia sua vida se tornaria um pesadelo, porque não suportava o fato de ser vigiada e o pior, ser vista como indefesa. Sabia que todos aqueles treinos não eram somente por uma exigência de Olivier, mas também por não a acharem o suficiente para que o juramento não se cumprisse.

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— Bomdia, maninha. Pronta para os treinos? — Perguntou Kennedy, zombando. — Pai, — Enquanto dizia, fitavaa cuidando sua reação. — vou levar Herbert para dar cobertura.

Todos da vila, principalmente os homens, prepara-vamse o suficiente para serem páreo a um do luar, pois, quando não estavam sobre o efeito da lua, eram pessoas como qualquer outra. Desta forma, cumpriam sua sina que era de manter salvas as predestinadas antes de esta-rem prontas, depois era como se a situação se invertesse.

— Ótimo. Seguranças! — Ela interrompeu a con-versa. Não podia ter situação pior do que aquela.

— Acho muito bom. Todo cuidado é pouco. — Afirmou Eltore.

— Vocês não entendem que posso me defender so-zinha! — Exclamou, incrédula. Sabia que o que estava afirmando era absurdo, mas queria demonstrar ser forte.

— Como pode se defender sozinha se não possui seus dons? — Perguntou Eltore, perdendo o restante da paciência. — Não a perca de vista. — Ordenou a Kenne-dy, ao vêla sair porta a fora.

— Pode deixar. — Garantiu, indo em direção à porta. O caminho até a casa da família de Irís, — Violet

era mãe de Irís. — onde ocorriam os treinos, foi todo em silêncio. Para aumento de sua revolta, a única coisa que se ouvia, enquanto caminhavam, eram todos da vila comen-tarem sobre ela. Principalmente Cecille e Levi, o casal mais velho da vila portanto, os mais sábios e respeitados.

— Arietta, espere! — Era Irís, sua melhor amiga.

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— Oi, Irís. — Disse, ao vêla se aproximar. — É por con-ta do juramento. — Afirmou, ao perceber o olhar da amiga.

— Ah... — Irís olhou novamente para os dois, mu-dando de assunto, pois sabia que isso incomodava Ariet-ta. — Vou acompanhar minha amiga predestinada em seu primeiro treino. — Tentou harmonizála, mas sem sucesso.

— É. — Concordou com a amiga. As duas se distanciaram de Kennedy e Herbert, mas,

ainda assim, estavam sobre os olhares deles. Irís aprovei-tou a distância, mas falando baixo para, pelo menos, ten-tar dificultar a audição dos ouvidos a sua volta.

— Todos da vila estão comentando. — Afirmou, olhando para frente

— Comentando o quê? — Já sabia a resposta, mas pretendia demonstrar falta de interesse para que Irís desistisse do assunto.

— Você sabe... — Agiu melancolicamente, voltan-do a olhála. — Estão todos comentando que seu pai não vai opinar caso se relacione mais sério com um... alguém aqui da vila e resolva ter uma família. Parece que o Sr. Levi não gostou nem um pouco...

— E daí? — Ainda demonstrou indiferença. Para os humanos, a vila ou comunidade, como chamavam, era vista como um local formado por parentes de primeiro, segundo ou até terceiro grau, que tinham alguma descen-dência cigana. Por conta do modo praticamente nômade das predestinadas, elas ainda eram vistas como ciganas pelos humanos. Arietta sabia que a atitude dela e de seu pai de não excluírem a hipótese de ela se apaixonar por um humano e não abrir mão dessa paixão era algo extre-

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mamente delicado entre todos eles, pois o segredo estava em jogo e a continuidade da raça também. Mas havia algo a mais para as predestinadas do que para as demais meninas da aldeia. Para a vila, não conseguissem cuidar de uma família e seguir sua sina e era proibido escolher entre as duas opções.

— Como assim “e daí”? Sua família vai se encrencar, sa-bia?! — Perguntou incrédula diante da falta de interesse dela.

— Não importa o que disserem, mesmo se tratando do Sr. Levi, meu pai disse que não voltará atrás em relação a isso! — Revoltandose, disse alto o suficiente para que todos a sua volta escutassem. Uma das coisas que a deixava mais revoltada era os outros interferindo em sua vida.

— Bom, mas por falta de opção não é. — Íris, não se dando por vencida, virou lentamente a cabeça para trás e olhou Herbert. — Além de ser bonito é um dos mais fortes da vila e ele sempre foi louco por você, sabia? — Afirmou rindo, voltando o olhar para ela.

— Você sabe o que penso em relação a Herbert. Ele é como Kennedy para mim. — Realmente nunca con-seguiu olhar nenhum dos meninos da comunidade com outros olhos. Sorriu com ironia. — Se acha Herbert tão bonito assim, faça bom proveito.

— Mas não é de mim que ele gosta, é de você! E, aliás, não é nele que meu pai está de olho, mas sim em... Kennedy. — Afirmou timidamente, voltando o olhar para o chão.

— Você, minha cunhada?! — Perguntou incrédula, soltando uma gargalhada.

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— Shhh, eles estão ouvindo. — Sussurrou desespe-rada. — Você não aprova? — Franziu a testa, demons-trando preocupação.

— Está brincando? Considere-se já da família. — Demonstrou sinceridade, logo se lembrando de algo extremamente importante, temendo que Irís talvez não desse tanta importância quanto devesse. — Mas me diga, você ama Kennedy a ponto de ficar com ele?

— Amar, não sei. Mas sempre gostei de Kennedy, você sabe. Ele sempre demostrou levar nossa missão a sério. O cara ideal. — Comentou, não dando muita im-portância a pergunta, olhandoa com um longo sorriso.

— Seria capaz de ficar com Kennedy somente por levar a missão e tradições a sério? — Não conseguia acreditar nas palavras da amiga, temendo por todos os envolvidos. A naturalidade de Irís demonstrou o quanto o amor, que sempre foi a ela o maior dos sentimentos, era insignificante para a vila.

— Sim. O que importa não é amar, mas sim, pensar no melhor para si mesma. — Afirmou Irís, logo demons-trando repulsa e fazendo com que Arietta percebesse que aquelas palavras não eram de sua autoria. — Arietta, às vezes você parece não ser uma predestinada. — Final-mente percebeu que Arietta não gostou nem um pouco da história e decidiu confortála. — Nada é certo ainda, Arietta... ainda quero pesquisar mais um pouco.

— Se for assim, que não seja certo nunca! — Ex-clamou, olhando fixamente para Irís — Kennedy não merece sofrer. — Tinha a certeza de que a falta daquele sentimento, somente causava dor aos envolvidos. Mesmo