SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ... · práticas discursivas de leitura, oralidade e...
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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONALDO ESTADO DO PARANÁ
Donatília Duzolina Rocha de Paula
ABORDAGENS SOBRE O GÊNERO DE TEXTO CONTO
FANTÁSTICO: sequência didática
Campo Mourão2010
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
DO ESTADO DO PARANÁ
Donatília Duzolina Rocha de Paula
ABORDAGENS SOBRE O GÊNERO DE TEXTO CONTO
FANTÁSTICO: sequência didática
Projeto Didático Pedagógico apresentado à Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) e à Secretaria de Estado do Paraná (SEED). Com vistas ao Pro grama de Desenvolvimento Educacional(PDE) sob a orientação do Prof. Me. Antonio Carlos Aleixo.
Campo Mourão2010
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professor PDE: Donatilia Duzolina Rocha de Paula
Área/Disciplina PDE: Língua Portuguesa
NRE: Campo Mourão
Professor Orientador : Antonio Carlos Aleixo
IES vinculada: FECILCAM
Escola de Implementação: Colégio Estadual de Campo Mourão - EFMPN
Público objeto da intervenção: 7ª Série (8º Ano)
TEMA DE ESTUDO DO PROFESSOR PDE
MODELO DIDÁTICO DE GÊNERO DE TEXTO
TÍTULO
ABORDAGENS SOBRE O GÊNERO DE TEXTO CONTO FANTÁSTICO: sequência
didática
“Tudo leva a crer que existe um certo ponto do
espírito em que vida e a morte, o real e o
imaginário, o alto e o baixo cessam de ser
percebidos contraditoriamente.”
( André Breton)
Sumário
1. APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA ...... 6 2. A QUESTÃO DA METODOLOGIA NO TRABALHO DO PROFESSOR ................................... 7 3. APRESENTANDO OS PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES DO PROJETO ........................... 10
3.2 SITUANDO OS OBJETIVOS DA PRIMEIRA PRODUÇÃO................................................133.3 ANÁLISE SOBRE A PRIMEIRA PRODUÇÃO.....................................................................15
4. MÓDULO 1: ESTUDANDO ELEMENTOS ENUNCIATIVOS E EXPRESSIVOS DO TEXTO ............................................................................................................................................................ 16 5. MÓDULO 2: EXPLORANDO NÍVEIS DA LEITURA: INTELIGÍVEL, INTERPRETÁVEL, COMPREENSÍVEL ........................................................................................................................... 18 6. MÓDULO 3: MUNDO DISCURSIVO DO NARRAR ............................................................ 20 7. MÓDULO 4: INTERTEXTUALIDADE ...................................................................................... 22 8. MÓDULO 5: OFICINA SOBRE O FILME OS IRMÃOS GRIMM ............................................. 24 9. MÓDULO 6: EXPLORANDO A ESTRUTURA GERAL DO TEXTO / LÉXICO / ASSUNTO /TEMA / PRESENÇA DE ELEMENTOS FANTÁSTICOS .......................................... 27 10. MÓDULO 6: DISCURSO DIRETO/INDIRETO E INDIRETO LIVRE ................................. 30 11. A PRODUÇÃO FINAL .............................................................................................................. 33 12. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES ........................................................................................ 35 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 36
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1. APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NA ESCOLA
O Projeto: Abordagens sobre o gênero de texto conto fantástico:
sequência didática busca contribuir para o desenvolvimento integral dos alunos,
dado que a metodologia da Sequência Didática (DOLZ, NOVERRAZ & SCHNEWLY,
2004) preconiza que o desenvolvimento, em cada nível, acontece em espiral, isto é,
considera a diversidade de gêneros textuais como objeto de estudo que se amplia
de acordo com os objetivos propostos em cada nível. O referido gênero, pelo fato de
apresentar uma linguagem altamente metafórica, auxilia o aluno na compreensão de
leituras mais complexas, contribuindo para ampliar a sua visão de mundo.
Outro fator que justifica esse trabalho refere-se ao Interacionismo Sociodiscursivo
(BRONCKART, 2007) que estabelece o conceito de que é nas práticas sociais, onde
destacamos a escola, e através da linguagem, nas suas dimensões discursivas e
textuais, que podem ser desenvolvidas a consciência humana e também as
capacidades mentais.
Finalmente destacamos a importância da interação, dentro do espírito desse
trabalho, que retoma Bakhtin (2003), fundada sobre a inter-ação, que considera as
duas faces da palavra: origina-se de alguém e se dirige para alguém, indo além do
diálogo e constituindo-se em todas as formas de comunicação verbal, aproximando
professor e aluno na descoberta das vozes presentes nos textos fantásticos.
Assim, considerando o problema que emerge do contexto escolar e dá-se a
conhecer pelas falas de professores e professores-pedagogos, no desempenho dos
próprios alunos e que também é muito citado nos Conselhos de Classe: a
dificuldade para a leitura compreensiva de textos nas séries finais do Ensino
Fundamental - torna-se urgente realizar esforços no sentido de resolver essa
questão.
Considerando o que foi exposto, julga-se relevante o seguinte
questionamento:
Qual seria a metodologia de trabalho mais adequada para a consecução de
atividades didáticas que pudessem oferecer melhor aproveitamento na formação de
leitores?
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Tomando como base o questionamento acima, o trabalho propõe, como
objetivo geral, a elaboração de um modelo de sequência didática para ensinar o
gênero de texto Conto Fantástico, explorando com os alunos minicontos de Marina
Colasanti, tecendo atividades de linguagem que considerem os conhecimentos
prévios desses estudantes e propondo a leitura como uma ação de linguagem
emancipadora e transformadora.
Para alcançar esse objetivo, o professor revisará literaturas com enfoque no
fantástico, gêneros e sequência didática com o intuito de construir um processo
visando ao domínio do gênero de texto conto fantástico e ao aprimoramento das
práticas discursivas de leitura, oralidade e escrita, tendo como meta contribuir para
a melhoria da educação paranaense.
2. A QUESTÃO DA METODOLOGIA NO TRABALHO DO PROFESSOR
Nos últimos anos, a grande pergunta para muitos professores é a seguinte:
Como fazer para ensinar melhor?
Como resposta, a metodologia da sequência didática (DOLZ, NOVERRAZ &
SCHNEWLY, 2004) vem apontando resultados bastante significativos já
demonstrados por vários autores: Cristóvão (2008), Nascimento (2009), apenas
considerando nomes paranaenses. Observa-se que a referida metodologia pode ser
aplicada nas várias disciplinas, podendo assim ser disseminada nas escolas, não
como a única, mas, certamente, como uma boa opção de trabalho para os
professores.
Dentre os pontos positivos do trabalho com SD, destacamos a relevância do
trabalho coletivo, o qual poderá acontecer nas horas-atividade, momento em que os
envolvidos produzirão sequências didáticas embasadas em leituras e estudos para
responder às necessidades de formação intelectual dos alunos de forma mais
efetiva.
No fazer pedagógico, segundo o procedimento da sequência didática, torna-
se fundamental que o professor busque fundamentação teórica nos gêneros
discursivos de Bakhtin (2003), na teoria histórico-cultural de Vigotski (2009), nos
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conceitos do interacionismo sociodiscursivo (ISD), de Bronckart (2007) e na
metodologia da. sequência didática proposta por Dolz, Noverraz & Schnewly (2004)
e Nascimento(2009).
O presente trabalho: Abordagens sobre o gênero de texto conto fantástico:
sequência didática - desenvolve-se a partir dos autores citados e inicia-se
considerando o esquema apresentado por Dolz, Noverraz & Schnewly (2004,p.98)
Figura 1 – Esquema da Sequência Didática proposta por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.98)
A partir desse esquema os autores oferecem referências claras para que o
professor organize as suas atividades didáticas.
. Um trabalho organizado em forma de SD propõe atividades elaboradas
visando ao domínio de um gênero que seja adequado e relevante para a série em
que se pretende ensiná-lo. Após selecionar o gênero de texto a ser trabalhado, faz-
se um estudo sobre ele, iniciando-se a partir desse procedimento a elaboração da
sequência didática, planejando as atividades adequadas para cada uma de suas
etapas que consistem em:
Apresentação da situação: momento em que se constrói a representação do
gênero, percebendo os conhecimentos que o aluno possui sobre ele, trazendo
informações sobre o produtor, o destinatário, suportes em que circula, sobre a sua
importância e, principalmente, construindo um objetivo final para esse estudo com
os alunos (um encontro literário, uma apresentação, postagem em blog ou similar,
coletânea, entre outras possibilidades). Ainda neste momento, pode-se trazer um
bom texto do gênero pretendido para discussão e reconhecimento do gênero pelos
estudantes.
Produção inicial: nessa etapa, o aluno tentará elaborar o primeiro texto,
evidenciando ao professor as suas representações do gênero. Parece importante
comentar que a primeira produção fornece os subsídios necessários para a
Apresentaçãoda
situação
Produção inicial
Móduo I
Módulo II
Módulo III
Produção final
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elaboração dos módulos que serão elaborados, visando a que o aluno domine o
gênero.
Módulos: nessa fase deverão ser mobilizadas as três capacidades de linguagem
para a leitura e/ou produção:
a. Capacidade de ação: mobiliza os seguintes conhecimentos: representação do
contexto físico, representação/interação comunicativa e conhecimento de mundo -
conforme se depreende do trecho abaixo:
(...) refere-se à adaptação das características do contexto e de seu contexto referencial. Envolve as situações de interação de uso da linguagem no contexto compartilhado pelos falantes, permitindo que eles adaptem sua produção de linguagem às situações de comunicação e às características do contexto.”
(DOLZ & SCHNEWLY, 1998,p.77)
b. Capacidade discursiva: essa capacidade considera como o falante/produtor
mobiliza modelos discursivos essenciais para a compreensão e/ou produção de um
texto. Assim, as atividades discursivas elaboradas pelo professor devem considerar
a infraestrutura geral do texto, os tipos de discurso e as sequências que o
constituem, ensinando o aluno a :
• perceber a organização do texto;
• reconhecer as diferentes configurações gráficas presentes nos textos;
• notar características que aproximam ou distanciam o autor do leitor;
• diferenciar textos pela sua sua organização.
c. Capacidade Linguístico-discursiva: prende-se à arquitetura interna dos
textos e consideram quatro aspectos:
• operação de textualização: (conexão, coesão verbal e nominal);
• vozes enunciativas: diferentes vozes presentes nos textos – autor, narrador,
personagem; outros).
• operação de construção de enunciados;
• escolhas lexicais.
Produção final: é a etapa onde o aluno elabora a reescrita final do seu primeiro
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texto, incorporando a ele as modificações,apreendidas durante a aplicação dos
módulos, que julgar necessárias, para melhor adequá-lo ao gênero de texto
estudado.
3. APRESENTANDO OS PROCEDIMENTOS E ATIVIDADES DO PROJETO
ABORDAGENS SOBRE O GÊNERO DE TEXTO CONTO FANTÁSTICO:sequência didática
Esta sequência didática, com base em Dolz & Schnewly (2004) e Nascimento
(2009) propõe o ensino do gênero de texto conto fantástico visando a que os alunos
desenvolvam as capacidades de linguagem, por meio das práticas discursivas
de oralidade, leitura e escrita, em situações de ensino mediadas pelo professor,
num processo de avaliação diagnóstico, formativo, contínuo e somativo. Para o
desdobramento do processo serão consideradas as seguintes etapas:
Apresentação da situação, Produção Inicial dos estudantes, Módulos para
desenvolver as capacidades de linguagem (ação, discursivas e linguístico-
discursivas) e, como última etapa, a Produção Final.
3.1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
Nessa primeira etapa, o professor trará o gênero de texto conto fantástico
para discussão com os alunos, aferindo os conhecimentos reais que apresentam
sobre o assunto através de questionamentos. Nesse momento de interação, os
alunos expressarão suas opiniões sobre como percebem esse gênero, narrarão
textos fantásticos que fazem parte de seu repertório, serão tecidos comentários
sobre os meios de suporte desses textos, de onde provem, a quem se dirigem,
intertextualidade, finalidade, a forma e espaços em que circulam socialmente e
quais temas são freqüentes nesse gênero de texto.
Ainda nesse contexto, os estudantes serão motivados a definirem um
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objetivo final para a socialização dos textos que serão produzidos e reelaborados
durante o processo da sequência didatica.
Para finalizar, o professor explicará que os estudos sobre literatura fantástica,
a serem realizados na turma, versarão sobre textos de Marina Colasanti, em sua
maioria retirados do livro “Contos de amor rasgados”, publicado no ano de 1986, e
também incluirá material biográfico sugerido para os estudantes.
ESCLARECIMENTO:
Existe uma enorme dificuldade para a cessão de Direitos Autorais. A
alternativa encontrada foi a compra de vários volumes do livro “Contos de
amor rasgados” pela escola, contribuindo assim para que seja possível a
implementação das atividades pedagógicas propostas no trabalho.
ATIVIDADE: CONHECENDO A AUTORA
MARINA COLASANTI , filha de Manfredo Colasanti, ex-ator e apaixonado pela
guerra, nasceu em 26 de setembro de 1937, na cidade de Asmara, capital de uma
antiga colônia italiana na África,viveu na Itália durante dez anos, chegando ao
Brasil em 1948, após a segunda guerra mundial, e vive até hoje no Rio de Janeiro.
A autora escreveu mais de trinta livros de diferentes gêneros de texto: crônicas,
poemas, contos. Formou-se em Belas-Artes, porém também atuou no Jornalismo
(roteirista e apresentadora de TV). É casada com o escritor e poeta Affonso
Romano de Sant’ Ana.
Em suas obras são temas frequentes a situação feminina, o amor, a arte, e
problemas sociais brasileiros.
Algumas obras:
Ana Z. Aonde vai você?; Eu sei, mas não devia; Eu sozinha; Uma ideia toda azul; A
morada; Contos de amor rasgados, entre outros.
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ATIVIDADE COMPLEMENTAR PARA A APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO
01. Agora que esclarecemos alguns conceitos importantes sobre o gênero texto
Conto Fantástico e sobre a autora escolhida para o nosso trabalho, você lerá um
conto escrito por Marina Colasanti. Torna-se importante destacar que o livro “Contos
de amor rasgados” foi publicado em 1986, portanto no período histórico pós-
ditadura, onde temas até então proibidos como a liberação da mulher, direitos
sociais, preconceito, começavam a ser discutidos amplamente.
Com base nas leituras responda as seguintes proposições:
a. Quem é a autora? Destaque fatos sobre ela que chamaram sua atenção.
___________________________________________________________________
b. Para quem escreveu esse miniconto? Quando?
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c. De qual instituição, isto é, de qual posição social origina-se o texto lido?
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d. Qual seria uma possível intencionalidade da autora ao escrever um texto como
esse?
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De água nem tão doce
Criava uma sereia na banheira. Trabalho, não dava nenhum, só a
aquisição dos peixes com que se alimentava. Mansa desde pequena, quando
colhida em rede de camarão, já estava treinada para o cotidiano da vida entre
azulejos.
(...).
(COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, São Paulo:
Record, 2010, p. 75-76).
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e. Qual poderia ter sido o percurso desse texto até chegar a essa sala de aula?
___________________________________________________________________
f O texto lido é um conto fantástico. Quais elementos do conto o tornam pertencente
a esse gênero?
___________________________________________________________________
g. Você considera que o elemento fantástico prevalece até o final do texto? Por
quê?
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h. Quais situações o texto apresenta que nos fazem hesitar entre o real e o
sobrenatural?
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i. A leitura pode provocar uma reflexão para além do texto? Comente.
___________________________________________________________________
PROPOSIÇÃO DE TAREFA:
Ao final da aula será solicitado aos alunos que pesquisem, em grupos, contos
fantásticos, entrevistas, artigos sobre a autora e os tragam para serem lidos na
classe e, posteriormente, fixados no mural da escola, considerando a perspectiva
de socializar as leituras realizadas.
3.2 SITUANDO OS OBJETIVOS DA PRIMEIRA PRODUÇÃO
Para Nascimento (2009) e também para Dolz&Schnewly (2004), a primeira
produção consiste num grande momento da sequência, pois a partir dela serão
levantadas as dificuldades discursivas e linguístico-discursivas dos estudantes,
diagnosticando, assim, a zona de desenvolvimento real dos mesmos. Após a
análise desses dados, o professor elaborará, em forma de módulos ou oficinas,
atividades que sejam significativas para mediar a aprendizagem dos alunos, agindo
conforme orienta Vigotski (2009).
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COLÉGIO ESTADUAL DE CAMPO MOURÃO – EFMPN
Aluno (a)____________________________Nº:____Série:____Data:____________
A PRIMEIRA PRODUÇÃO
A partir dos conceitos estudados sobre o gênero de texto Conto Fantástico, cada um de vocês está convidado a visitar esse mundo sobrenatural e ser também o(a) autor(a) de uma história surpreendente e espetacular .
TÍTULO:____________________________________________________________
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3.3 ANÁLISE SOBRE A PRIMEIRA PRODUÇÃO
Segundo Nascimento (2009), e da mesma forma Dolz & Schnewly (2004), a
análise minuciosa da primeira produção dos estudantes orientará o professor na
elaboração de cada módulo ou oficina propondo atividades que estimulem os alunos
na superação das dificuldades observadas nos textos, propondo atividades de ação,
discursivas e lingüístico-discursivas, organizadas de tal forma, que produzam
desenvolvimento da aprendizagem e possibilitem o domínio do gênero de texto em
questão como também desenvolvam a leitura compreensiva, a oralidade e a
escrita.
Dessa forma, ao considerar o exposto, elaboramos a seguinte análise sobre a
Produção Inicial:
As produções evidenciam problemas referentes aos seguintes aspectos:
• Textos muito próximos da oralidade;
• Ausência de características próprias do gênero;
• Uso de mecanismos inadequados de conexão;
• Uso indevido da coesão verbal e nominal;
• Léxico reduzido;
• Dificuldades ortográficas.
Considerando o que foi exposto, o professor passa a dispor de dados
relevantes para auxiliar os alunos a desenvolverem as capacidades de linguagem
essenciais para o domínio do gênero de texto Conto Fantástico.
Para minimizar essas dificuldades serão trabalhados problemas enunciativos,
textuais, lingüísticos e relativos ao domínio da escrita, buscando interferir na zona
proximal de desenvolvimento dos alunos através de atividades que estimulem as
capacidades humanas superiores: atenção, representação, inferência, abstração e
síntese.
Com esse objetivo serão desencadeadas ações de ensino que privilegiem os
seguintes conteúdos:
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• Níveis de leitura: inteligível, interpretável, compreensível;
• Elementos do contexto de produção: função social do gênero, locutor,
intencionalidade, informatividade, destinatário, suporte, assunto, tema;
• Tipo discursivo textual dominante (narração);
• Sequências: descritiva, narrativa;
• Os tipos de discurso: direto, direto livre, indireto, indireto livre;
• Mecanismo de coesão por conexão e coesão verbal e nominal;
• Operadores argumentativos;
• Pontuação e paragrafação;
• Ortografia.
Após a análise dos textos, o professor devolverá os originais aos alunos com os
comentários que se fizerem necessários, retendo cópias dos mesmos. A partir desse
momento os estudantes darão início às atividades propostas, sabendo que deverão
aperfeiçoar esses contos durante o processo de aplicação da SD.
4. MÓDULO 1: ESTUDANDO ELEMENTOS ENUNCIATIVOS E EXPRESSIVOS DO TEXTO
01. Será que podemos afirmar que os textos somente existem porque foram escritos
para alguém? Exploraremos esse assunto e muitos outros após a leitura silenciosa
do conto publicado em 1986.
Enquanto o cão espia
Para evitar que fosse devorado pelo cão, colocaram o gato na grande gaiola branca
que pendia do teto presa por uma corrente.
(...).
Leia mais...
(COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro - São Paulo: Record, 2010,
p.81-82).
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a. Ao lermos um texto, torna-se importante lembrar quem é o autor empírico dele,
em qual espaço social foi produzido, pensar nos objetivos desse autor, no percurso
histórico que esse conto percorreu até chegar aqui nessa sala de aula para vocês
lerem.
A partir do que foi dito, retome a pergunta 1 e procure respondê-la, considerando o
que aprendeu sobre a autora.
___________________________________________________________________
b. É comum a confusão entre autor e NARRADOR, porém o narrador é como se
fosse o gerente do texto, criado pelo autor. Ele penetra num outro mundo, o mundo
do NARRAR, onde dispõe histórias a partir de outras tantas que já existem, usando
o FOCO NARRATIVO na 1ª ou na 3ª pessoa.
Já que falamos nisso, qual é o foco narrativo desse conto? Comprove a sua
resposta com um trecho do conto.
___________________________________________________________________
c. O narrador, além de sua própria voz, distribui as vozes das personagens que
podem ser pessoas, animais, objetos, instituições sociais (igreja, clube…). Procure
descobrir quais vozes estão presentes no texto.
___________________________________________________________________
d. Encontre no texto as marcas comprobatórias de que se trata de uma narração
do gênero textual Conto Fantástico. Sublinhe-as no conto.
e. Releia o segundo parágrafo eliminando os adjetivos destacados. Agora, procure
analisar a importância deles para o efeito de sentido do texto, explicando se eles
podem ser retirados sem prejuízo para a compreensão do conto.
___________________________________________________________________
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5. MÓDULO 2: EXPLORANDO NÍVEIS DA LEITURA: INTELIGÍVEL, INTERPRETÁVEL, COMPREENSÍVEL
De acordo com Orlandi (1988), a relação entre o sujeito leitor e o texto
acontece de maneira indireta e de forma ativa pois o sujeito carrega marcas de sua
historicidade e se relaciona com o texto a partir de pontos de entrada relacionados a
sua historicidade e a do texto.
Para a autora, o sujeito-leitor pode apreender a significação dos textos em três
níveis:
a. inteligível – leitura em sentido denotativo (codificação);
b. interpretável - nível em que a atribuição de sentidos considera o contexto
linguístico (coesão);
c. compreensível – onde sentidos são atribuídos no processo de significação
no contexto da situação - esse nível estabelece relações entre
enunciado/enunciação.
Que lhe parece um mergulho no texto, procurando atingir o seu
nível de compreensão?
Agora, você lerá um conto que mexerá com a sua capacidade de compreender
01. Após a leitura do texto acima, podemos refletir sobre algumas questões:
Enfim, um indivíduo de idéias abertas
A coceira no ouvido atormentava. Pegou o molho de chaves, enfiou a
mais fininha na cavidade. (...)
Leia mais...
(COLASANTI, Marina, Contos de amor rasgados, p.81-82. Rio de Janeiro,São
Paulo:Record, 2010 ,p.9).
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a. O narrador apresenta um ponto de partida,uma situação inicial que nesse
caso, se funde com o problema a ser resolvido , para que a história possa
acontecer. Encontre essa parte no texto e sublinhe-a.
b. Quais foram as ações que o personagem realizou para solucionar o
problema?
______________________________________________________________
c. Como ocorre a resolução do problema inicial ?
______________________________________________________________
d. Após a resolução do problema o texto apresenta uma nova situação de
equilíbrio, a situação final. Sublinhe esse trecho no miniconto.
ENTRETANTO…
...a leitura poderia nos levar a refletir sobre outros significados para a compreensão
do texto? Podemos lê-lo simplesmente ao pé da letra?
___________________________________________________________________
a. Num aprofundamento da leitura poderíamos entender que coceira é, na verdade
uma metáfora, uma representação para algo que ele deseja expressar. O que
poderia ser?
___________________________________________________________________
b. E a chave, o que poderia significar? Por que teria ele escolhido a mais fininha do
molho?
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c. Como poderíamos compreender a frase “…percebendo que sua cabeça
lentamente se abria.” - relacionando-a ao título do conto?
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d. É possível perceber que a leitura se dá na tríade: autor ( o produtor do texto)-
texto- (considerado como uma estrutura repleta de lacunas e não ditos) –
leitor( aquele que atribui sentidos aos textos),e que é, fundamentalmente, através
do conhecimento do leitor que a leitura se materializa? Comente.
___________________________________________________________________
e. Considerando o que aprendeu, explique o sentido do título.
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PROPOSIÇÃO DE TAREFA
Embora o trabalho de classe tenha como foco os contos fantásticos escritos
por Marina Colasanti, para um melhor aprendizado, torna-se importante conhecer
outros escritores desse gênero. Pesquisem em grupos sobre os seguintes autores:
Murilo Rubião, Edgar Alan Poe, Franz Kafka, José J. Veiga, Juan Rulfo, entre outros,
trazendo contos de cada um deles para a realização de um Circuito de Leitura em
classe e, posteriormente, serem expostos no mural da Escola.
6. MÓDULO 3: MUNDO DISCURSIVO DO NARRAR
Torna-se importante explicar aos alunos que os textos devem ser
considerados como discursos, pois, para serem compreendidos devem ser
relacionados às condições em que foram produzidos, aos mundos dos quais
procedem: subjetivo, físico ou social, evidenciando também, que, na interação, os
seres humanos utilizam, de acordo com os seus objetivos, formas do narrar ou do
expor.
O aluno deverá compreender que o mundo discursivo é o mundo virtual
constituído pela atividade da linguagem (oral ou escrita) e está relacionado ao
mundo ordinário em que se desenvolvem as ações humanas, criando um efeito de
verossimilhança.
Vejam como esse texto é instigante...
01. Ao tomarmos conhecimento do fato narrado percebemos que saímos do nosso
A quem interessar possa
Abriu a janela no exato momento em que a garrafa com a mensagem
passava, levada pelo vento. (...) .
Leia mais...
(COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, São Paulo: Record,
2010, p.31).
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mundo ordinário e adentramos numa outra dimensão: a do mundo virtual. Podemos
dizer que esses dois mundos se relacionam. Por quê?
___________________________________________________________________
02. O dicionário define a palavra verossimilhança, assim: “aquilo que tem
semelhança com a verdade .
Considerando o que foi dito, podemos dizer que o miniconto tem uma aparência
de verdade? Explique.
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03. O mundo discursivo do conto é situado em “outro lugar” onde fatos considerados
impossíveis no mundo real podem acontecer. Cite alguns desses fatos.
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04. No texto narrativo acima há verbos no pretérito perfeito (que indicam ações
acabadas no passado): viu, pegou, abriu… Porém um dos verbos indica uma ação
que começou no passado, mas não terminou nele. Circule-o no texto.
05. Quais afirmativas abaixo são possíveis ao considerarmos o título do texto: A
quem interessar possa:
( ) O título aproxima o texto do leitor pelo fato de apresentar o verbo no tempo
presente.
( ) Transmite a possibilidade de que a mensagem na garrafa seja para o leitor.
( ) Faz propaganda de garrafas com mensagens.
06. Pronomes pessoais retos ou oblíquos desempenham a função de substituir ou
acompanhar nomes nos textos.
a. Qual palavra os pronomes oblíquos destacados no conto estão substituindo?
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b. Qual a importância desses pronomes no texto?
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7. MÓDULO 4: INTERTEXTUALIDADE
INFRAESTRUTURA GERAL DO TEXTO - MECANISMO DE TEXTUALIZAÇÃO: A CONEXÃO
Sant` Anna ( 2004) comenta sobre a paródia como uma das formas possíveis
de intertextualidade. O gênero de texto paródia consiste na produção de textos
sobre outros textos já existentes, produzindo inversão de sentido, usando recursos
como a criticidade ou o humor.
Bronckart (2007) orienta para as superposições presentes nos textos,
denominadas por ele de folhado textual; que compreendem: a infraestrutura geral do
texto ( onde se privilegia o estudo a organização do conteúdo temático, os tipos de
discurso, a noção de sequência), os mecanismos de textualização (a conexão, a
coesão verbal e nominal) e os mecanismos enunciativos (posicionamento
enunciativo e vozes presentes nos discursos).
ATIVIDADE
O professor levará os alunos para a Sala de Informática, onde será realizada
pesquisa sobre os Irmãos Grimm e também a leitura de algumas de suas
histórias.
Essa atividade tem como objetivo preparar e motivar os estudantes, dando-lhes as
informações necessárias para que compreendam melhor o filme Os Irmãos Grimm
ao qual assistirão.
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Tema da Pesquisa: OS IRMÃOS GRIMM
Importante! A pesquisa deve ser entendida como um resumo dos acontecimentos centrais da biografia .
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PROPOSIÇÃO DE TAREFA
Os alunos serão orientados para assistirem ao filme “Os Irmãos Grimm” em equipes
e realizarem anotações, trazendo-as para serem discutidas em sala.
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8. MÓDULO 5: OFICINA SOBRE O FILME OS IRMÃOS GRIMM
01. Num primeiro momento os alunos, em grupos, apresentarão aos colegas as suas
anotações e comentários sobre o filme.
02. A seguir, o professor fará considerações sobre a literatura fantástica dando a
perceber que ela implica numa integração do leitor/expectador no mundo das
personagens, onde:
• O mundo das personagens deve ser visto como um mundo de criaturas vivas
que nos leve a hesitar entre uma explicação natural ou sobrenatural para os
acontecimentos;
• A hesitação, a dúvida, também pode ser experimentada por personagens;
• O fantástico é permeado pela ambiguidade (o duplo sentido), geralmente
conseguido pelo uso do pretérito imperfeito e das modalizações;
• Essas considerações se aplicam ao filme assistido?
03. Para Todorov (1992), o gênero de texto Fantástico agrupa outros subgêneros.
Ficaria assim:
Fantástico puro – há hesitação, incerteza existe o tempo todo – exige a dúvida.
Fantástico estranho – acontecimentos que pareciam sobrenaturais recebem
explicação racional.
Fantástico maravilhoso - narrativas que se apresentam como fantásticas e que
terminam com a aceitação do sobrenatural.
Estranho puro – as leis da realidade permanecem inalteradas e permitem explicar
os fenômenos descritos pelas leis da razão, porém são inacreditáveis, chocantes,
provocam reações nas personagens e nos leitores/ expectadores.
Maravilhoso puro - admite a existência de novas leis da natureza, pelas quais o
fenômeno pode ser explicado.
25
04. O que vocês observaram no filme no que se refere às possibilidades do
fantástico? Quais outros filmes ou histórias poderiam ser encaixados nas
afirmações acima.
05. Pode-se afirmar que uma nova história está sendo vivida pelos personagens
Jake (Jacob) e Will (Willhem) e que ela é construída a partir de outras que
existiam anteriormente? Comente.
06. No filme “Os Irmãos Grimm” há menção de várias histórias infantis muito
conhecidas. Dizemos que o filme realiza a intertextualidade ao trazer essas histórias
para compor o filme .
Quais narrativas pertencentes ao gênero fantástico maravilhoso você
identificou no filme?
PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADE:
O professor distribuirá máscaras de personagens de vários tipos (de histórias
infantis, filmes de terror…) para os alunos e orientará para que se reúnam em
grupos e inventem uma história fantástica para apresentar aos colegas.
Será que existem novas histórias dentro de antigas histórias? Vocês
conhecem algumas?
Perdida estava a meta da morfose
Durante todo o verão, o sapo coaxou no jardim, debaixo da janela da
moça. Até que uma noite, atraída por tanta dedicação, ela desceu para procurá-lo
no canteiro. (...)
Leia mais...
(COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro - São Paulo:Record,
2010, 41).
26
01.Acredito que vocês se lembraram do conto maravilhoso O rei sapo, não é
mesmo? Quando um texto menciona outro, ocorre a intertextualidade. Há várias
formas intertextuais, duas delas são a paródia e a paráfrase.
Paródia – na paródia há inversão de sentidos, produz efeitos críticos ou
humorísticos.
Paráfrase – na paráfrase permanece a mesma idéia, o mesmo significado,
mudam apenas as palavras.
a. Considerando as explicações acima, responda: o texto lido possui elementos que
o caracterizam como uma paródia ou uma paráfrase? Explique.
___________________________________________________________________
02. Para compreender melhor esse conto, proponho que numerem as frases de 1 a
7, seguindo a ordem do texto.
( ) Em seu lugar dormia um rapaz moreno, semelhante a tantos outros
rapazes morenos e louros que haviam passado pela sua cama, sem jamais
conseguir fazê-la estremecer.
( ) Durante todo o verão, o sapo coaxou no jardim, debaixo da janela da
moça.
( ) Levou-o para a cama.
( ) A seu lado, jazia a pele inútil.
( ) Naquela noite o sapo não coaxou.
( ) Ela desceu para procurá-lo no canteiro.
( ) Sem aviso, o sapo havia desaparecido.
03. Observem que existem vocábulos destacados no texto: são chamados de
organizadores textuais. São eles que auxiliam o autor a amarrar as suas ideias,
elaborando melhor o texto, relacionando as partes que constituem a narração. Eles
expressam sentidos, por isso pesquise no conto os organizadores textuais
relacionando-os aos significados abaixo:
27
a. Oposição, ideia contrária: __________________________________
b. Tempo:_________________________________________________
c. Substituição:____________________________________________
d. Lugar:_________________________________________________
04. Embora o conto apresente a estrutura de uma sequência narrativa (tempo,
espaço, personagens, situação inicial, complicação, ações, resolução e situação
final), podemos perceber em algumas partes do texto o uso da sequência
descritiva (com predomínio da descrição das personagens, emprego de adjetivos)_
identifique no texto essas sequências descritivas.
05. Como poderia ser compreendido o título do conto?
___________________________________________________________________
PROPOSIÇÃO DE TAREFA
Pesquisa e exemplificação sobre os processos intertextuais: citação, alusão,
estilização, paráfrase, paródia – lembrando que esses recursos de linguagem são
frequentes na esfera literária e em outras esferas do conhecimento como: artística,
jornalística, publicitária e midiática.
O trabalho deverá ser apresentado oralmente aos colegas.
9. MÓDULO 6: EXPLORANDO A ESTRUTURA GERAL DO TEXTO / LÉXICO / ASSUNTO /TEMA / PRESENÇA DE ELEMENTOS FANTÁSTICOS
No que concerne à exploração da estrutura geral do texto, embasamos nosso
projeto nos estudos de Bronckart (2007, p.119-123). Buscamos ainda trazer para o
aluno subsídios para a diferenciação entre assunto e tema e também buscamos
analisar a percepção dos elementos fantásticos no texto assimiladas pelos
estudantes até esse momento, orientados pela visão de Todorov (1992).
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Também pareceu oportuna uma atividade para ampliação do léxico, levando a uma
leitura compreensiva mais profunda do conto.
O título do texto que será lido nos contextualiza numa região rica em minérios, o
Estado de Minas Gerais, lugar de garimpeiros e aventureiros em busca de riquezas.
O título do texto que será lido nos contextualiza numa região
rica em minérios, o Estado de Minas Gerais, lugar de
garimpeiros e aventureiros em busca de riquezas.
01. Você observou que existem espaços em branco ao lado de algumas palavras do
texto. Usando o dicionário, procure compreender o seu sentido, transcrevendo ali
apenas o significado pedido pelo contexto.
02. O conto lido foi organizado em parágrafos que evidenciam as partes de uma
sequência narrativa:
• a fase da situação inicial - onde existe um estado que pode ser considerado
“equilibrado”;
• a fase da complicação - em que ocorre uma perturbação na narrativa,
criando tensão);
• a fase das ações - que são os acontecimentos desencadeados por essa
perturbação);
• a fase de resolução - na qual aprecem acontecimentos que levam a uma
Pequena fábula de Diamantina
Tendo herdado a casa do avô na cidade distante, para lá
mudou-se com toda a família, contente em retomar o contato com
suas origens. Em poucos dias, já trocava dedos de prosa com o
farmacêutico, o tabelião, o juiz. E por eles ficou sabendo, entre
uma conversa e outra, que as casas daquela região eram
construídas com areia de aluvião, onde não raro se encontravam
pequenos diamantes.
(...)
Leia mais...
(COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, São Paulo:Record,
2010, p.53 - 54).
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redução da tensão);
• a fase da situação final - que apresenta um novo estado de “equilíbrio”.
Agora, que tal vocês voltarem ao texto e tentar descobrir o início e o término
dessas fases?
03. Quando falamos em assunto e tema pode haver confusão sobre eles.
Lembrando:
• Assunto: matéria ou conteúdo de que trata o texto.
• Tema: abstração ou ideia geral sobre o assunto, geralmente é expresso por
um substantivo abstrato.
a. Considerando o exposto, qual seria o assunto do conto lido?
___________________________________________________________________
b. Qual das alternativas abaixo deve ser considerada como o tema?
( ) A pobreza muda o agir das pessoas.
( ) Mudanças de comportamento.
( ) Ambição.
04. Elabore um comentário explicando como você percebe a presença do elemento
fantástico nesse texto.
___________________________________________________________________
LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL
01. Proponho que vocês auxiliem a autora e façam uso de toda a sua imaginação.Leiam o texto abaixo e inventem um final que seja capaz de surpreender até mesmo Marina Colasanti…
De um certo tom azulado
Casou-se com o viúvo de espessa barba, embora sabendo que antes três
esposas haviam morrido. E com ele subiu de mula até o sombrio castelo.
(...)
Leia mais...
COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro – São Paulo:Record,
2010, p.113-114).
30
02. Agora, faremos a leitura dos desfechos criados por vocês e os confrontaremos
com aquele criado pela autora. Vamos descobrir juntos quais foram os mais
criativos.
10. MÓDULO 6: DISCURSO DIRETO/INDIRETO E INDIRETO LIVRE
Você terá a oportunidade de ler agora um dos contos preferidos da autora ...
01. Após a leitura desse belo conto e numerar os seus parágrafos, você deverá
anotar os números dos parágrafos que se referem às seguintes partes do texto.
a. Situação inicial: ____________________________________________________
b. Complicação:_______________________________________________________
c. Ações: ____________________________________________________________
d. Resolução:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
e. Situação final:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
A moça tecelã
“Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.
Linha clara, para começar o dia. Delicado traço…
(…)
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.”
Leia mais...
http://www.releituras.com/i_ana_mcolasanti.asp
31
02.Há uma passagem no texto que recupera uma situação típica dos contos
maravilhosos envolvendo princesas e vilões. Encontre-a no conto lido e a transcreva
abaixo.
___________________________________________________________________
03. Quando lemos os textos de uma maneira mais profunda, percebemos que
existem, outros sentidos ocultos nele, saber ler as entrelinhas é fazer isso: captar o
que não foi dito, estabelecendo outras relações de sentido.
Sabendo que a metáfora consiste numa representação do real, como poderíamos
explicá-la em relação ao conto lido?
___________________________________________________________________
04. Retorne ao conto e observe que a autora usou expressões (pronomes,
substantivos) para não repetir os nomes das personagens. Encontre e transcreva
do texto as palavras que os estão substituindo:
a. a moça tecelã:
___________________________________________________________________
b. um marido :
___________________________________________________________________
05. A autora apresenta um estilo marcado pela clareza e simplicidade ao escrever.
Observe como utiliza frases curtas, bem pontuadas, divide as partes do texto em
parágrafos bem estruturados e amarrados entre si .
Para escrever assim precisamos conhecer grupos de palavras que são chamados
de organizadores textuais que são responsáveis pela articulação e coerência entre
as partes do texto (conjunções, advérbios ou locuções adverbiais, grupos
preposicionais, grupos nominais e segmentos de frases).
Agora, volte ao texto, observe alguns organizadores textuais presentes ali.
Sabendo que eles auxiliam na junção de frases e também de parágrafos, - busque
entender a função e o sentido deles no texto para você resolver as questões
propostas a seguir.
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a. Analise o conto e retire dele os marcadores de sequências temporais (isto é,
organizadores textuais que situam o tempo dos acontecimentos da narrativa).
___________________________________________________________________
b. Observe os operadores argumentativos destacados e reescreva-os à frente do
significado que melhor corresponde a cada um deles.
“Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e
espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados,
para que o sol voltasse a acalmar a natureza.”(parágrafo 5)
• indica o objetivo; a finalidade para a qual a ação se destina;
• Implica na apresentação de uma ideia contrária, adversativa;
• Indica adição entre um elemento anterior e outro posterior.
c. “ (...).A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol(...)”.
Verifique qual significação seria mais apropriada para o operador argumentativo destacado:
( ) expressa uma explicação;
( ) expressa adição;
( ) expressa oposição, ideia contrária.
06. Procure reler o primeiro e o último parágrafos. Em seguida, explique como eles
se relacionam.
___________________________________________________________________
07. Assim como as pessoas, as personagens de uma narração podem se expressar
por meio da fala. Damos o nome de discurso à fala das personagens em uma
narração.
No discurso direto, quem conta o fato é a própria personagem e a fala é
acompanhada por verbos de elocução (do dizer): (falar, perguntar responder, afirmar,
insistir...). Entre o verbo de elocução e a fala da personagem há uma pausa
marcada por sinais de pontuação – (dois pontos, travessão e de forma menos
comum: aspas ou até mesmo a ausência desses sinais).
No discurso indireto, o narrador reproduz a fala da personagem. No
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discurso indireto o verbo de elocução (do dizer) se torna o núcleo do predicado da
oração principal, seguido da oração subordinada substantiva objetiva direta, que
completa o sentido do verbo de elocução.
No discurso indireto livre estão associadas as características do discurso
direto e do discurso indireto. Nesse tipo de discurso, a fala do narrador aparece no
discurso da personagem, que é marcado por hesitações, dando a perceber o fluxo
de pensamentos do personagem.
a. Agora vocês está preparado(a) para identificar no conto lido as falas dos
personagens que se constituem em discurso direto,circulando nelas os
verbos de elocução (do dizer).
______________________________________________________________
b. Você irá escolher uma das frases identificadas no exercício acima e
reescrevê-la empregando o discurso indireto. Fique atento!
______________________________________________________________
c. Leia o trecho escrito por Graciliano Ramos, Vidas Secas, p.39 e procure
identificar nele trechos que apresentam o discurso indireto livre.
“Se não fosse isso… Ah! Em que está pensando? Meteu os olhos pela grade da
rua. Chi! Que pretume! O lampião da esquina se apagara, provavelmente o
homem da escada só botara nele meio quarteirão de querosene.
11.A PRODUÇÃO FINAL
A sequência didática, na fase da apresentação da situação, discutiu a
questão do objetivo que leva uma sequência a materializar-se.
Nesse caso, as produções finais dos alunos serão apresentadas durante um
encontro literário, a que pretendemos dar um formato e institucionalizar com a
participação dos alunos da série envolvida.
Esse evento intenciona criar um espaço para formação de leitores, onde
obras literárias de diferentes gêneros sejam lidas, estudadas e divulgadas.
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COLÉGIO ESTADUAL DE CAMPO MOURÃO – EFMPN
Aluno (a):_____________________________________Série:___________Nº_____
Disciplina:____________________________________Data :_________________
Atividade de produção de texto:
Após os estudos e reflexões sobre o gênero de texto Conto Fantástico
e sobre a sua produção inicial, você irá redigir a versão definitiva do
seu conto fantástico. Capriche!
TÍTULO: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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12. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES
AÇÃO 1: Apresentação da proposta de implementação do projeto na escola – 4
aulas- (11 a 19/08/2011)
AÇÃO 2: Apresentação da situação de ensino, análise de conto fantástico,
descoberta do objetivo final do projeto a ser desenvolvido pela turma e a primeira
produção textual dos alunos: 6 aulas (22 a 26/08/2011)
AÇÃO 3: MÓDULO 1 - Estudo dos elementos enunciativos e expressivos do texto
Enquanto o cão espia, de Marina Colasanti: 2 aulas ( 29/08/2011)
AÇÃO 4: MÓDULO 2 - Explorando níveis de leitura ( inteligível, interpretável,
compreensível) no conto: Enfim, um indivíduo de ideias abertas: 2 aulas (30/08 a
01/09/2011)
AÇÃO 5: MÓDULO 3 - Mundo discursivo do narrar, a –partir do texto: A quem
interessar possa: 2 aulas ( 05/09/2011)
AÇÃO 6: MÓDULO 4 - Intertextualidade, Infraestrutura geral do texto, Mecanismo
de textualização: conexão e coesão, Oficina sobre Os Irmãos Grimm: 6 aulas
( 08/09 a 12/09)
AÇÃO 7: MÓDULO 5 - Estrutura geral do texto/ léxico/ assunto/ tema/ percepção de
elementos fantásticos: 2 aulas ( 13/09 a 16/09/2011)
AÇÃO 8: MÓDULO 6 - Explorando a estrutura geral do texto/ léxico/assunto/tema/
percepção de elementos fantásticos no texto: Pequena fábula de Diamantina : 2
aulas ( 19/09/2011 )
AÇÃO 9: MÓDULO 7 - Discurso direto, indireto e indireto livre e revisão dos
conteúdos estudados com base no conto: A moça tecelã: 4 aulas ( 20/09 a
26/09/2011)
AÇÃO 10: MÓDULO 8 - A produção final: 2 aulas( 27/09 a 3/10/2011)
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REFERÊNCIASBAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
BRONCKART, Jean Paul. Atividades de linguagem, textos e discursos. 2ª ed. São Paulo: Educ, 2007.
COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, São Paulo: Re-cord, 2010.
COLASANTI, Marina. Minha guerra alheia. Rio de Janeiro, São Paulo: Record, 2010.
CRISTOVAO, Vera Lúcia Lopes. Estudos da Linguagem à Luz do Interacionismo Sociodiscursivo .In: Interacionismo sociodicursivo (ISD):quadro epistemológi-co para estudos da linguagem. Londrina: UEL, 2008.
DOLZ, Joaquim, NOVERRAZ, Michèle &SCHNEWLY, Bernard. “Sequências Didáti-cas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento”. In: Gêneros ora-is e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2004.
EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: Uma Introdução. 4ª ed. São Paulo: Mar-tins Fontes, 2001.
NASCIMENTO, Elvira Lopes. Gêneros textuais: da didática das línguas aos ob-jetos de ensino.. In:Gêneros da atividade, gêneros textuais: repensando a interação em sala de aula. São Carlos: Claraluz, 2009.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 1988.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. De-partamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Língua Portuguesa. Curitiba, 2008.
RODRIGUES, Selma Calasans. O fantástico. 1ª ed. São Paulo: Ática, 1988.
SANT`ANA, Affonso Romano de. Paródia, Paráfrase & Cia. 7ªed.São Paulo:Ática, 2003.
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. 2ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva S.A., 1992.
TULESKI, Silvana Calvo. VIGOTSKI – A construção de uma psicologia Marxista. 2ªed. Maringá: UEM, 2008.
VIGOTSKI, L.S. A construção do pensamento e da linguagem.Tradução:Paulo Bezerra. 2ª ed.São Paulo: Martins Fontes,2009.