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SEAB – Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento
DERAL - Departamento de Economia Rural
Análise da Conjuntura AgropecuáriaAno 2016
PECUÁRIA DE CORTEDezembro de 2016
Números do Cenário Nacional
O Brasil, segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE, em 2015 apresentou um rebanho de 215.199.488 cabeças, número 1,3% superior
ao ano de 2014 (212.366.132 cabeças), mostrando crescimento do setor.
Entre os Estados, Mato Grosso ficou em primeiro lugar no “ranking” do número de
cabeças com 29,3 milhões de animais. Minas Gerais posicionou-se em 2°lugar, com 23,7
milhões de cabeças, embora este estado tenha grande número de animais especializados
na produção leiteira que compõe este número. O Paraná ficou em décimo lugar com 9,3
milhões de bovinos, deste total aproximadamente 6 milhões fazem parte do rebanho de
corte.
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Tabela 1 – BRASIL – Rebanho Bovino - Ranking Descendente
Ano 2015 (Cabeças)
“Ranking” Unidade da Federação Nº cabeças
1 Mato Grosso 29.364.042
2 Minas Gerais 23.768.959
3 Goiás 21.887.720
4 Mato Grosso do Sul 21.357.398
5 Pará 20.271.618
6 Rio Grande do Sul 13.737.316
7 Rondônia 13.397.970
8 Bahia 10.758.372
9 São Paulo 10.468.135
10 Paraná 9.314.908
11 Tocantins 8.401.580
12 Maranhão 7.643.128
13 Santa Catarina 4.382.299
14 Acre 2.916.207
15 Ceará 2.516.197
16 Rio de Janeiro 2.351.451
17 Espírito Santo 2.223.531
18 Pernambuco 1.948.357
19 Piauí 1.649.549
20 Amazonas 1.293.325
21 Alagoas 1.255.696
22 Sergipe 1.231.130
23 Paraíba 1.170.803
24 Rio Grande do Norte 918.952
25 Roraima 794.783
26 Distrito Federal 96.576
27 Amapá 79.486 Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal
O que podemos observar também, neste levantamento é o crescimento do número
de bovinos nos Estados do Norte do País, como Rondônia, Tocantins e Pará. Com
destaque para o Pará com 20,2 milhões de cabeças, crescendo quase 2% em relação ao
ano de 2014 (19,9 milhões de cabeças).
Apesar do crescimento das lavouras, principalmente de milho e soja no
Centro-Oeste brasileiro, esta é ainda a região pecuária mais importante do país.
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Figura 01 - BRASIL – Divisão Regional (Ocupação Pecuária)
Fonte: www.jetdicas.com.br
Abates
No ano de 2015 o Brasil abateu 30,6 milhões de cabeças bovinas, 9,6% a menos
que no ano de 2014, quando o volume abatido foi de 33,9 milhões de cabeças.
Acompanhando o decréscimo no número de abates, a produção de carne
logicamente também reduziu. No ano de 2014 o Brasil produziu 8,0 milhões de toneladas
de carne bovina, com queda de 6,25% para o ano de 2015 quando a produção foi de 7,5
milhões de toneladas.
Comparando-se janeiro a junho de 2015/16 o volume de animais abatidos também
apresentou decréscimo de 2,8% (15,3 milhões de cabeças em 2015, contra 14,9 milhões
em 2016).
Esta redução se deve a alguns fatores como: diminuição do rebanho de matrizes
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devido aos baixos preços da arroba que vinham sendo praticados em anos anteriores, o
que levou muitos pecuaristas a substituírem a atividade pecuária pela atividade agrícola,
principalmente lavouras de milho e soja.
Nos últimos anos os preços a arroba reagiram, mas ainda continuou o avanço das
áreas principalmente de soja sobre as pastagens devido aos elevados preços da saca do
cereal, além disso o grande volume de matrizes abatidas levou a uma escasses e
valorização das categorias de reposição, o que encareceu a produção pecuária. Somado
a estes fatores a crise econômica e a inflação que gerou a alta dos insumos pecuários,
como: medicamentos, ração, sal mineral, equipamentos, entre outros elevaram os custos
de produção.
Este ano em particular, um dos principais fatores que elevaram os custos de
produção foi a alta nas cotações do milho, ocasionada principalmente pela alta do dólar e
pela queda na produção nacional do cereal.
Tabela 2 – MILHO – Alta nas Cotações (Outubro de 2015/16) * (R$/saca)
Mês *Preço Variação %
Outubro 2015 24,3732Outubro 2016 32,11
Fonte: SEAB/DERAL
Como o milho é componente principal na dieta dos bovinos, seja na forma de ração
concentrada, grão úmido, farelo ou silagem, a alta do produto contribuiu para a diminuição
na oferta de bovinos gordos, principalmente provenientes de confinamento.
Outro fator atípico este ano foi o clima, o frio intenso que veio já no final de maio e
começo de junho, com geadas precoces, prejudicando as pastagens nativas e cultivadas
de verão. Em um momento em que ainda não estavam em condições de uso as
pastagens cultivadas de inverno (aveia e azevém). Além disso, excesso de chuvas e
pouca luminosidade após a implantação destas pastagens de inverno, atrapalharam o
bom desenvolvimento das mesmas. Ainda somado a estes fatores, as fortes geadas na
região Sul acabaram com muitas áreas de cultivo de milho destinadas a produção de
silagem.
Todos estes fatores em conjunto, oneraram em muito a engorda dos bovinos,
diminuindo a oferta e sustentando as cotações nacionais da arroba.
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Mercado Externo – Balança Comercial
Tabela 3 - BRASIL - Exportações de carnes bovina (2010 a 2016*)Ano Volume (T) Valor (US$ FOB)
Carne Bovina
2016* 1.041.180 4.054.113.026
2015 1.361.396 5.795.100.705
2014 1.545.047 7.148.919.141
2013 1.504.317 6.660.011.367
2012 1.242.492 5.744.134.848
2011 1.095.601 5.348.496.552
2010 1.230.570 4.795.356.990Fonte:Agrostat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC *jan-setembroNota:carne bovina (miudezas, in natura e industrializada);
No ano de 2014, as exportações de carne bovina foram 12% maiores em volume e
19% maiores em valor em relação ao ano seguinte (2015), apesar da menor valorização
do dólar. Em setembro de 2014, a cotação da moeda americana estava a cerca de R$
2,23.
Tabela 4 - BRASIL - Exportações de carnes bovina (jan. a set. anos 2015 e 2016)Ano Volume (T) Valor (US$ FOB)
Carne Bovina
2015 976.688 4.214.821.753
2016 1.041.180 4.054.113.026
Variação % 6,6 - 3,8Fonte:Agrostat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC *jan-setembroNota:carne bovina (miudezas, in natura e industrializada);
Fazendo um comparativo da época atual, observamos que de janeiro a setembro
de 2016, o país exportou um volume 6,6% maior que no ano de 2015, entretanto no
mesmo período a receita obtida foi 3,8% menor em 2016, em relação a 2015. Este fato se
deve a queda na valorização do dólar. Em novembro de 2015, a cotação da moeda
americana estava cerca de R$ 3,80. Atualmente a cotação esta em R$ 3,20,
apresentando queda de 16% em relação ao ano passado, o que explica um maior volume
exportado, com menor receita obtida.
Além dos preços externos atrativos, outro fator que ocasionou o aumento no
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volume das exportações, foi a abertura de novos mercados para a carne bovina brasileira.
Fator importante e que ajuda na sustentação da cadeia, em um ano de crise econômica,
queda no poder aquisitivo da população e redução do consumo interno.
Segundo levantamento do SINDICARNES-PR, período de janeiro a agosto (2016),
Hong-Kong lidera a lista dos principais países importadores da carne bovina brasileira,
com 21,8% do total exportado em volume, seguido do Egito com 15,4%, China 3º lugar
com 10,3%, Rússia na 4ª posição com 9,9%, Irã na 5ª posição com 6,0%, Chile na sexta
colocação com 5,2%, Estados Unidos na 7ª posição com 2,3% do total exportado e Arábia
Saudita, que não importou no ano de 2015, encontra-se na 12ª colocação com 2,2% de
participação.
A Rússia, tradicional mercado, porém instável, vem reduzindo suas compras devido
à problemas econômicos internos, ficando na 4ª colocação.
Com a assinatura do acordo comercial firmado entre Brasil e Estados Unidos,
sobre a comercialização de carne bovina “in natura” para este país. A expectativa é que
os embarques comecem em 90 dias, após a finalização dos trâmites administrativos.
O fim das negociações foi selado na quinta-feira (29/07), em Washington, durante o
IX Comitê Consultivo Agrícola (CCA) dos dois países. A conclusão da negociação é
importante para o Brasil não só pelo potencial de compra daquele mercado, mas também
porque os EUA são uma referência para outros importadores de carne bovina “ in natura”.
O Brasil já vende carne bovina industrializada para os EUA e no ano passado elas
somaram US$ 286,8 milhões. Com o fim dessa negociação em relação à carne fresca e
congelada, os frigoríficos brasileiros, juntos, terão uma cota de até 64,8 mil toneladas por
ano. Para batê-la, o Brasil terá também de derrubar os concorrentes que estão dentro
dessa mesma cota. Como contrapartida, os Estados Unidos poderão vender a sua
proteína para consumidores brasileiros.
Estado do Paraná
O Estado do Paraná no ano de 2015, segundo o IBGE, apresentou um rebanho
bovino composto por 9,3 milhões de cabeças. Destas aproximadamente 6,1 milhões
formam o rebanho de corte. O estado é o 10º colocado no “ranking” do número de
cabeças e participa com 4,3% do total do rebanho brasileiro, formado por 215 milhões de
cabeças.
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TABELA 5 - BRASIL e PARANÁ - Pecuária: Efetivo do Rebanho (cabeças), 2015
Tipo de Rebanho Brasil Paraná Partic.% “Ranking”(°)
Bovinos 215.199.488 9.314.908 4,3 10Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal (PPM)-2015
Na tabela a seguir podemos observar a queda no número de cabeças abatidas
(-14%) e produção de carne (-11%) no ano de 2015 em relação ao ano de 2014.
TABELA 6 - PARANÁ - Abate de Bovinos com Serviço de Inspeção Federal, Estaduale Municipal - SIF, SIP, SIM - 2010 a 2016* Ano N° de cabeças Kg
Bovinos
2016* 581.489 141.234.899
2015 1.246.716 300.302.908
2014 1.450.453 336.966.026
2013 1.424.743 333.179.882
2012 1.346.753 314.985.686
2011 1.204.666 279.585.426
2010 1.459.406 338.599.312IBGE: Pesquisa Trimestral do Abate de Animais / Ano 2010 a 2016* (jan a junho)
Esta queda se deve a alguns fatores, como falta de oferta de categorias de
reposição como bezerros e garrotes, gerada pelo grande abate de matrizes observado em
anos anteriores. No Estado do Paraná, este grande abate de fêmeas ainda em idade
produtiva, deveu-se principalmente pela substituição da pecuária de corte por atividades
agrícolas especialmente o cultivo da soja, cana-de-açúcar e milho. Atividades que tem se
mostrado muito mais rentáveis que a pecuária de corte tradicional, sem uso de
tecnologias e ineficiente.
TABELA 7 - PARANÁ - Abate de Bovinos com Serviço de Inspeção Federal, Estaduale Municipal - SIF, SIP, SIM – Comparativo 2015 – 2016 (*jan a junho) Ano N° de cabeças Kg
Bovinos
2016* 581.489 141.234.899
2015* 591.971 140.630.487IBGE: Pesquisa Trimestral do Abate de Animais / Ano 2015 e 2016* (jan a junho)
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No comparativo do primeiro semestre de 2015 e 2016, o número de cabeças
abatidas caiu 1,7%, a produção de carne se elevou em 0,4%, mantendo-se estes índices
quase estáveis entre estes anos.
A atual conjuntura, de alta nos preços das categorias de reposição, aumento nos
custos de produção, impulsionados principalmente pela alta do milho, sementes de
pastagens, combustíveis, energia, sal mineral, medicamentos entre outros componentes,
aliado as altas cotações dos produtos agrícolas, especialmente soja e milho, tem
contribuído para uma contenção no avanço dos rebanhos e volume de abates (oferta),
situação que tende a mudar, com a manutenção dos preços da arroba em alta e reposição
do rebanho de matrizes.
Cotações da Arroba
TABELA 8 - PARANÁ – Preços Pagos aos Produtores – Arroba do Boi, Vaca e Boi Magro p/Engorda (cabeça) – Médias Mensais e Anuais
Fonte: SEAB/DERAL
Conforme a tabela acima, os preços da arroba do boi gordo elevaram-se em 0,50%
no período de janeiro a outubro de 2016, comparando-se o mês de outubro de 2015 ao
mesmo mês de 2016 a variação foi de 3%.
Os preços do boi magro também apresentaram variações, 6,3% entre janeiro a
outubro de 2016 e 6,4% comparando outubro de 2015/16.
Os preços da vaca em pé variaram em -0,2% de janeiro a outubro de 2016 e 2,3%
comparando outubro de 2015 ao mesmo mês de 2016.
Geralmente as cotações da arroba tendem a se elevar no período de entressafra
do boi, período que vai mais ou menos de maio a setembro, aonde entra o período de
inverno, frio e geadas no Sul do Brasil e das estiagens no restante do país.
No período de entressafra, as pastagens tendem a escassear, devido ao frio
intenso ou seca, obrigando os pecuaristas a investirem em alimentação alternativa, seja
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Produto Unidade OUT/16 SET/16 AGO/16 JUL/16 JUN/16 MAI/16 ABR/16 MAR/16 FEV/16 JAN/16 DEZ/15 NOV/15 OUT/15 Ano/16* Ano/15
Boi gordo arroba 149,50 147,26 146,70 147,44 147,11 145,81 150,63 151,57 150,75 148,77 147,75 146,60 145,27 148,56 143,95
1.761,74 1.712,73 1.593,56 1.575,54 1.638,89 1.618,33 1.685,78 1.709,13 1.690,92 1.656,22 1.691,56 1.672,59 1.654,95 1.664,28 1.630,35
arroba 138,80 137,46 137,33 138,19 138,21 136,80 140,21 141,70 141,24 139,09 137,58 136,33 135,57 138,90 133,83
Boi magro p/engorda cab.Vaca em pè
em sistemas de confinamento, suplementação a campo, ou implantação de pastagens de
inverno (no Sul). Logicamente, a suplementação onera bastante os custos de produção,
ainda mais em tempos de alta significativa nos preços do milho, sal mineral, sementes de
pastagens, etc. Fora a suplementação, também alterou negativamente os custos, outros
componentes, como: água, luz, combustível, medicamentos veterinários, mão-de-obra,
custo-hora-máquina, entre outros insumos.
Com esta alta nos custos, existe uma natural valorização da arroba do boi nos
meses de entressafra (junho, julho, agosto), aonde o produtor segura o boi no campo e
reduz a oferta de animais terminados.
Este ano, alguns fatores tem contribuído para a manutenção das cotações em
patamares mais elevados, mesmo ao final da entressafra. Alguns destes fatores são:
• Oferta limitada de animais terminados (gordos);
• Ociosidade das plantas frigoríficas; sendo que as indústrias que não possuem
parcerias a termo estão com programações de abates apertadas e encontram
dificuldades em encontrar boiadas terminadas;
• Pastagens ainda em más condições para a engorda de animais, pela demora na
brotação e desenvolvimento, devido ao clima adverso (falta de calor em muitas
regiões);
• A alta do milho encareceu o custo com a engorda dos animais seja em sistemas de
confinamento e semi-confinamento. Os pecuaristas reduziram o uso da
suplementação o que tem estendido o tempo de engorda;
Neste sentido as plantas maiores que possuem confinamento próprio, ou contratos,
levam vantagem sobre as pequenas unidades, que necessitam adquirir de fora 100% da
boiada.
As cotações apesar de estarem se mantendo, poderiam estar em ascensão, se não
fossem alguns fatores que tem restringido a alta, como:
• Lento escoamento da carne no mercado atacadista;
• Alguns frigoríficos, tem testado preços abaixo da referência;
• Consumo enfraquecido (crise econômica);
• Incertezas no mercado da carne;
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• Queda em categorias de reposição, como bezerros e garrotes;
Paraná – Balança Comercial
TABELA 9 - PARANÁ - Exportações de carnes bovina (2010 a 2016*) Ano Volume (T) Valor (US$ FOB)
Carne Bovina
2016* 23.537 81.503.865
2015 23.720 77.446.301
2014 29.377 110.627.883
2013 22.169 74.594.303
2012 18.453 61.886.538
2011 13.556 52.515.295
2010 22.185 72.483.100Fonte: Agrostat 1Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC Elaboração: SEAB/DERAL *jan-setembroNota: carne bovina (miudezas, in natura e industrializada);
Assim, como as exportações brasileiras, no Estado do Paraná, no ano de 2014, as
exportações de carne bovina foram 19% maiores em volume e 30% maiores em valor em
relação ao ano seguinte (2015), apesar da menor valorização do dólar. Em setembro de
2014, a cotação da moeda americana estava a cerca de R$ 2,23.
TABELA 10 - PARANÁ - Exportações de carnes bovina (2010 a 2016*) Ano Volume (T) Valor (US$ FOB)
Carne Bovina
2016 23.537 81.503.865
2015 14.465 47.322.602Fonte: Agrostat 1Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC Elaboração: SEAB/DERAL *jan-setembroNota: carne bovina (miudezas, in natura e industrializada);
De acordo com a tabela anterior, de janeiro a setembro de 2016, o estado exportou
um volume 63% maior que no mesmo período do ano de 2015. No mesmo período a
receita obtida foi 72% maior em 2016.
Este grande aumento na receita e volumes enviados se deve principalmente a
abertura de novos mercados à carne bovina paranaense, além da valorização do dólar,
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que foi mais expressiva no primeiro semestre, contribuindo com o crescimento das
exportações e valorização do produto no mercado externo. Fator importante e que ajuda
na sustentação da cadeia, em um ano de crise econômica, queda no poder aquisitivo da
população e redução no consumo interno.
Entre os novos mercados, está o Irã, que anunciou o fim da restrição à carne
bovina do Paraná em agosto do ano passado. O embargo estava em vigor desde 2012,
em virtude de um caso atípico da doença vaca louca no Estado. Com a liberação, o Irã
retomou as importações e já ocupa a primeira posição (em volume) no ranking dos
maiores compradores do Paraná. Entre janeiro a outubro de 2016, o estado comprou
9.379 toneladas do produto, representando 37,7% do total exportado pelo nosso estado.
Na segunda posição está Hong-Kong responsável por 30,0% do total das
exportações paranaenses de carnes e derivados bovinos (7.466 toneladas/ jan a outubro).
Na 3ª posição está o Chile com 3.366 toneladas adquiridas no mesmo período,
representando 13,5%.
A Rússia, tradicional mercado, porém instável, vem reduzindo suas compras devido
à problemas econômicos internos, ficando na 4ª colocação com 1.835 toneladas
importadas (jan-out), representando 7,4% do total exportado pelo Paraná.
A Arábia Saudita, outro país que voltou este ano a comercializar com nosso estado,
comprou no período 475 toneladas também entre janeiro a outubro, ficando na 5ª posição
no “ranking” dos principais importadores, representando 1,9% do nosso mercado.
Além destes, outros novos mercados se abriram para as carnes e derivados
bovinos do Paraná, países que em 2015 não realizaram importações e atualmente vêm
buscando nossos produtos, mesmo que em menor escala. São eles: Vietnã, Haiti,
Emirados Árabes Unidos, Antilhas Holandesas, Sérvia, Ucrânia, Montenegro e Angola.
Ou seja, dos 20 principais mercados das carnes e derivados bovinos 11, não
comercializaram em 2015 com o Paraná, razão principal do grande salto nas exportações,
logicamente também impulsionadas como já citado, pela alta do dólar e aumento da
demanda externa, fato que favoreceu as negociações.
No ano passado, além do Irã, os Estados Unidos e Arábia Saudita também
anunciaram o fim do embargo à carne “in natura” brasileira.
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Perfil do Rebanho de Corte Paranaense
O Estado do Paraná, possui uma vantagem em relação a outros estados
brasileiros. Devido à diversidade de climas, relevos e solos é possível a criação e
manutenção com sucesso tanto de raças zebuínas quanto européias, proporcionando
diferentes tipos de cruzamentos entre estes indivíduos e aumentando a produtividade dos
rebanhos através da heterose.
TABELA 11 - TIPIFICAÇÃO DO REBANHO – Paraná – Rebanho Corte (Ano 2014) Rebanho Total Zebuínos Europeus
(taurinos)Cruzamento
Industrial
Corte
70% 63%
17% 20%
Fonte: Estimativa DERAL
Como demonstra o quadro acima podemos perceber a variação genética que temos
atualmente no Estado do Paraná, aonde 70% dos animais são especializados na
produção de carne, os outros 30% são animais leiteiros e mistos.
Entre os 70% dos animais de corte, em torno de 63% são animais zebuínos, com
grande maioria de bovinos nelore e anelorados, 17% são animais de raças taurinas
diversas e os outros 20% são animais provenientes de cruzamentos (zebuínos X
taurinos), em sua maioria.
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Principais Raças Criadas no Estado do Paraná
Corte Europeu (Taurino)
Limousin: tem a pelagem de coloração amarelo-claro, com áreas mais claras em torno
dos olhos e focinho, ventre, períneo e extremidades dos membros, mas não é permitido
manchas em outras zonas pigmentadas. É uma raça utilizada para o cruzamento
industrial com a raça Nelore, gerando animais de boa qualidade de carcaça e peso
elevado.
Charoles: tem a pelagem branco-creme uniforme, com mucosas róseas. São animais
fortes, volumosos e compridos. A massa muscular e conformação não deixam duvidas
quanto à excepcional capacidade da produção de carne. A carne é de excelente
qualidade, com pouca gordura superficial.
Aberdeen Angus e Red Angus: possuem a pelagem vermelha ou preta, atualmente é
uma das raças mais utilizadas nos cruzamentos industriais. São animais selecionados
para a produção de carne, devido a sua qualidade (carne marmorizada), que consegue
melhor remuneração no mercado interno e externo.
São famosos pelas virtudes de precocidade sexual, velocidade de ganho de peso, alta
fertilidade e rusticidade. Os bezerros Angus nascem pequenos, o que reduz a taxa de
distocias no parto, porém ganham peso rápido, o que é interessante comercialmente.
Simental: raça de origem suíça, de dupla aptidão. É utilizada no cruzamento industrial
com a raça Nelore produzindo animais de bom peso e carcaças de boa qualidade. As
fêmeas mestiças F1 são utilizadas como receptoras de embrião, pela boa fertilidade e boa
produção leiteira.
Canchim: através de cruzamentos alternados, foram obtidos mestiços com 5/8 de sangue
Chalorês e 3/8 de sangue zebuíno. São bovinos de temperamento ativo, precoces,
rústicos, bastante resistentes aos ectoparasitos e ao calor, por possuírem pelagem
branco-creme e curta. Estes animais, são muito utilizados em cruzamento industrial.
Quando colocados em regime de monta natural, se comportam muito bem, por serem
rústicos, produtivos e com elevado índice de fertilidade.
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Caracu: raça de origem europeia, que se adaptou muito bem aos trópicos. Possui
pelagem vermelho-amarelada e curta. São animais resistentes a endo e ectoparasitos.
Tem a capacidade de digerirem fibras grosseiras, o que tornou viável sua utilização em
cruzamentos nas áreas de cerrado. Possuem bons aprumos e cascos fortes. Em relação
às outras raças europeias, o reprodutor Caracu se destaca no desempenho, cobrindo a
campo, em condições de altas temperaturas. As fêmeas possuem boa produção leiteira e
boa habilidade materna, o que faz com que seja uma das raças mais procuradas para ser
utilizada como receptoras.
Corte Zebu (Zebuíno)
Nelore: é a raça mais criada no Brasil. Os animais Nelores e Anelorados, também
compõe a base do rebanho de corte Paranaense. Com o avanço da seleção genética
dessa raça, os animais Nelore, assim como os bovinos de raças taurinas, atualmente
possuem precocidade e boa qualidade de carne. São bastante rústicos, que produzem
bem em todo território nacional, mas se adaptam melhor em condições de clima tropical.
As fêmeas possuem boa fertilidade e habilidade materna e são a base para o cruzamento
industrial com as diversas raças europeias, britânicas ou continentais.
Guzerá: animal de dupla aptidão que pode ser selecionada para produção de carne e
leite. Pelagem varia de cinza claro ao escuro, sendo admissível fêmea branca. São
animais rústicos, de pele preta e pelagem curta, adaptados ao calor, e com a capacidade
de aproveitarem pastagens de baixa qualidade, característica que fez com que se
adaptassem bem ao nordeste brasileiro.
Brahma: são bovinos rústicos, de grande volume corporal, grande profundidade e
espaçamento de costelas. As fêmeas tem boa habilidade materna e produzem bem leite
para suas crias. Oficialmente, o Brahman começou no Brasil em 1994, no mês de abril,
quando chegou a primeira importação vinda dos Estados Unidos sob toda a vigília do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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Programa de Governo de Apoio a Pecuária de Corte
Programa Pecuária Moderna
A pecuária de corte paranaense perdeu na última década espaço para a
agricultura, especialmente, para os cultivos de soja, milho, cana-de-açúcar e nos últimos
anos em menor escala florestas. As baixas cotações da arroba que foram praticadas em
anos anteriores, fizeram muitos produtores mudarem para atividades agrícolas, abatendo
suas matrizes produtivas e diminuindo o número de cabeças no estado, resultando na
menor oferta de animais de reposição, como bezerros e bois magros.
Entretanto, nos últimos anos, a situação vem mudando. O ciclo pecuário, a baixa
oferta de animais e a situação conjuntural mundial de redução de oferta e altos custos
para se produzir, ocasionaram valorização nas cotações da arroba, situação que vem
sendo mantida.
O Estado do Paraná dentro deste cenário, têm enorme potencial na produção de
carnes nobres com valor agregado, pois possui vantagens como: clima adequado e
condições para se produzir alimentos de qualidade, para a criação de raças
especializadas na produção de carnes diferenciadas, como o caso das raças britânicas e
seus cruzamentos. Além disso o estado é pioneiro em sistemas de produção organizada e
de qualidade, como é o caso das Alianças Mercadológicas que mais tarde viraram
Cooperativas, fidelizando e profissionalizando pecuaristas, agregando valor ao produto
final e cativando consumidores que passaram a conhecer e apreciar cortes diferenciados
em termos de maciez e sabor.
O Programa Pecuária Moderna é uma iniciativa a nível estadual que visa
modernizar e estruturar a cadeia da pecuária de corte paranaense, com o objetivo de
aumentar a produtividade dos rebanhos, não só em número mas em qualidade de carne,
para que possam ser atingidos nichos diferenciados de mercados, os quais pagam valor
agregado por este produto.
Para este propósito precisamos melhorar os índices zootécnicos da pecuária de
corte estadual, que na média ainda estão muito aquém do que pode ser atingido. Para se
elevar estes índices será necessário a participação e comprometimento de todos os elos
da cadeia, como: produtores, indústria e técnicos.
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TABELA 12 – Principais Índices Técnicos que serão perseguidos nesta Proposta
Índices Técnicos Unidade Situação Atual Situação em 2022Idade Média de Abate Meses 37 30Produtividade Kg carcaça/há/ano 137 210Receita Bruta R$/ha/ano 821,00 1.260,00
Lotação / pastagens UA/ha 1,4 2,0Desfrute Médio % 21 26
Natalidade % 65 75Mortalidade % 3 2
Fonte: SEAB/EMATER
Perspectivas
A pecuária de corte nacional e paranaense teve um ano atípico. Clima
adverso, com excesso de chuvas, frio e alta nos custos de produção, este ano
principalmente impulsionados pela alta do milho. Fora este produto também houve
alta em outros insumos como: combustíveis, sal mineral, medicamentos, energia,
sementes de pastagens, entre outros.
A atual época (4º trimestre), é normalmente de aumento na oferta e redução
nas cotações da arroba, que se acentuam no pico da safra em março, abril e maio,
quando os produtores vendem seus animais gordos antes da entrada do inverno.
Entretanto, as baixas temperaturas atípicas para a época, que têm sido
registradas em novembro e dezembro não tem favorecido o desenvolvimento das
pastagens de verão que já deveriam estar em melhores condições para a época,
proporcionando maior ganho de peso aos animais.
Devido a este cenário, a oferta de animais para abate está abaixo do
esperado neste período, contribuindo para a manutenção das cotações da arroba
em patamares elevados. Em muitas regiões do país se observam movimentos de
alta.
Com a melhoria do clima, as temperaturas mais elevadas e chuvas de
janeiro, as pastagens deverão reagir, contribuindo consequentemente com a
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engorda dos animais, o que deverá melhorar a oferta, embora este acréscimo
provavelmente não seja o suficiente para uma queda acentuada mas cotações da
arroba, já que o problema da oferta não é somente uma questão pontual de época,
é, também um fator nacional de alto abate de matrizes e redução de rebanho.
No Estado do Paraná, apesar do crescimento das áreas plantadas de soja e
milho, o cenário para a pecuária de corte sinaliza melhoras. A elevação dos preços
da arroba e também das categorias de reposição como bezerros, garrotes e
novilhas, tem estimulado os produtores a voltarem a produzir ou aumentarem seus
rebanhos. A valorização do bezerro, tem em parte, segurado o volume de abates
de matrizes.
A tendência não é de um avanço da pecuária sobre as áreas de agricultura e
sim de uma maximização da produção nas áreas já existentes. Estudos e
estatísticas mostram que podemos quase dobrar o rebanho paranaense, nas áreas
já ocupadas por esta atividade, se forem utilizadas tecnologias de produção como:
rotação e reforma de pastagens, integração lavoura-pecuária, implantação de
sistemas silvipastoril, recuperação de solos e implantação de pastagens cultivadas
e adubadas, manejo adequado, utilização de cruzamentos eficientes e utilização
de genética superior, cuidados com alimentação, mineralização e suplementação
dos rebanhos, assim como cuidados com a sanidade, no controle das zoonoses,
ecto e endoparasitas, além de muitas outras práticas que concorrem para o
aumento dos índices zootécnicos. Só assim, com a conscientização, de todos os
elos da cadeia (produtores, indústria, técnicos e indústrias de insumos) de que se
devemos trabalhar juntos para um mesmo propósito é que estas metas poderão
ser atingidas.
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