SATIRICON
Click here to load reader
-
Upload
julianajra -
Category
Documents
-
view
1.096 -
download
0
Transcript of SATIRICON
SATIRICON
A obra Satyricon foi escrita por Petrônio e retrata a Roma do Império Nero, o
qual traspassa para dentro da obra os aspectos que aquela sociedade presenciava, os
ambientes literários, bordéis, as orgias e os costumes da época presenciados .
Petrônio deixava expresso claramente a sua intenção de sátira contra a
sociedade romana. Petrônio foi acusado, depois condenado ao suicídio no ano de 65
por se tratar de uma constipação contra o Imperador Nero. Pode se perceber as
críticas referente à sociedade da época através de suas ironias aos jovens iniciantes
no tribunal da época, os quais se julgavam mais importantes do que os outros,
descrevendo aqui suas autoridades como fato que pudessem se transportar de um
lugar para o outro.O fato da escola não passar a esses jovens nenhum tipo de
conhecimento sobre a sociedade, transformam eles em pessoas incapazes de
coordenar ideias, visto que a escola da época tinha como ensinamento a violência,
que predominava na época.
Satyricon foi escrito em prosa que se intercalam umas com as outras, retrata a
vida do Imperador e suas privacidades, seu cotidiano, prazeres, orgias, os banquetes,
os jogos, as orgias, o bacanal, os banhos públicos, os abusos das termas, nas quais
se discutiam política, ostentavam-se fortunas e maquinavam-se assassinatos.
Os personagens da obra apresentam serem pessoas vulneráveis, onde o
protagonista relata todas as orgias heterossexuais e homossexuais, e também faz
ironias, tanto na política quanto nos costumes. Os personagens revelam ser de
diferentes classes sócias. Ascylto e Encólpio são dois pobres, que não possuem
limites aventureiros e não seguem nenhum tipo de regra. O outro personagem é Lucio,
um cidadão de posses.
Ao lermos a obra literária Satyricon, é possível estudarmos e conhecermos o
mundo romano do século I d.C. A sátira induz ao interesse genérico e literário,
despertando a curiosidade para estudos relacionados aos usos e costumes, festas,
características físicas, assuntos políticos e morais.
Petrônio nos conduz às manifestações sociais e ao panorama cotidiano dos
romanos, construindo um roteiro que vai além do literário, expondo profundas
reflexões sobre a filosofia da história, da crítica sociológica e dos diversos conceitos
satíricos. O panorama que Petrônio traça de Roma é demonstrado pelo seu estilo
natural, direto e agudo, revelando uma crítica da sociedade romana, do meio em que
se encontrava e de sua própria condição de poeta. A obra mostra-se como um
“retrato” teatral da vida romana na época de Nero. Ao expor os diálogos do banquete
de Trimálquio, Petrônio nos oferece subsídios para compreender o modo em que
viviam as camadas mais baixas da corte do Imperador, principalmente ao expor as
expressões e as gírias latinas do período Imperial.
O Satyricon constitui um importante documento histórico para se compreender
as minúcias da vida do povo romano, da expressão da alma popular latina por
intermédio dos contos populares, dos mitos e símbolos, das lendas, das canções, do
folclore. Serve como um importante referencial para compreendermos a cultura da
sociedade romana, principalmente para o estudo dos “excluídos”.
Os banquetes da antiga Roma eram somente para alta sociedade da época,
onde os ricos se fartam com a mesa cheia de especiarias. Os ricos comiam muito mais
carne que os pobres, e tinham um vasto menu para escolherem, eram servidos por um
grupo de escravos. Num jantar de festa existia abundância de comidas, onde as
pessoas podiam comer até sete pratos cada um. Alguns escravos tinham a única
função de afastar insetos da mesa de comida com grandes leques. Os principais
alimentos dos cidadãos romanos eram feitos com farinha de trigo, sopas, legumes e
mel para adoçar tudo. Já a burguesia se fartava com carnes exóticas, mariscos e
cogumelos. Também havia palitos de prata para servir ovos de pavão. Comiam e
bebiam demasiadamente nas festas, depois eram carregados pelos escravos.
A cena do banquete é uma verdadeira sátira das altas rodas da sociedade
romana da época, daí surgiu o título do romance.
A crítica que a obra faz é sobre a sociedade romana contemporânea, em que
romanos do período do principado, como os romanos da Via Veneto de seu período,
tinham uma vida vazia e sem sentido. Todo estrangeiro almejava tornar-se um cidadão
legítimo romano e mesmo entre as camadas sociais mais baixas, o latim era
empregado para designar uma condição social. Por meio desta divisão social existia
também uma divisão linguística, o latim vulgar era a “língua das ruas”, das massas, da
plebs, composta por escravos, estrangeiros e soldados, como podemos verificar no
Banquete de Trimálquio no Satyricon. Após a queda do Império Romano e a Invasão
Bárbara, foi o latim vulgar que tornou-se a língua corrente, dando origem as modernas
línguas românicas, entre elas a Língua Portuguesa.
A diversidade de personagens presente na sátira e o seu entendimento dentro de um
campo discursivo específico permitem o estudo de diferentes visões acerca da
transgressão e da marginalidade do mundo romano.
Assim, ao lermos Satyricon, o latim torna-se fundamental: uma análise do vocabulário
presente nesta obra fornece elementos para que possamos compreender o contexto
em que os termos eram utilizados.
Mais do que isto, o estudo do linguajar presente nesta obra pode propiciar o contato
com o sermo humilis proporcionando, portanto, a possibilidade de recuperar traços
culturais da população mais pobre.
Petrônio, ao narrar as peripécias de Encólpio e seus companheiros, descreve
alguns assassinatos e uma série de roubos que incluem pequenos objetos (roupas,
mantos e anéis) e corpos de pessoas já mortas para a prática de bruxaria. Além dos
diversos tipos de roubos, outros tipos de transgressões também aparecem e estão
ligadas à profanação de templos, à mentira, à farsa e à quebra da tradição ou da
palavra empenhada. Paralelamente aos episódios que narram crimes ou pequenas
infrações, Petrônio retrata com irreverência a deserção de soldados, as dificuldades da
vida do infrator, a ação da autoridade, o medo das ambiguidades das leis, os
divertimentos dos delinquentes, a pobreza em que viviam, os lugares que preferiam
atacar (casa dos ricos e banhos públicos) e as punições a que estavam sujeitos, como
a tortura, a crucificação, a arena ou a morte.
Os bandidos da obra estão, em geral, relacionados às camadas populares e, em
segundo, acredito que esse recorte seja instigante na medida em que permite uma
abordagem de como Petrônio constrói a alteridade, pois é um membro da elite
comentando sobre transgressões das camadas populares. Nesse sentido, focar
algumas narrativas nas quais o roubo está presente é interessante para percebemos
as representações das camadas populares na obra de maneira mais diversificada.
Bibliografia
Os Romanos , Povos do passado, 13º Ed. Macdonald & Co, Londres,
1975
Petrônio Satyricon
1981, Ficção latina l
Santarrita, Marcos.