sÃO - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP · absentismo e acidentes de trabalho...

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ABSENTISMO E ACIDENTES DE TRABALHO (ENTRE TRABALHADORES ... EM TURNOS DE INDOSTRIAS AUTOMOBILrSTICAS FRIDA MARINA FISCHER Tese de Doutorado apresentada a Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, tamento de Saúde Ambiental, para obtenção do título de "Doutor em Saúde Pública". Orientador sÃO PAULO 1984 Dr. Jorge da Rocha Gomes

Transcript of sÃO - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP · absentismo e acidentes de trabalho...

  • ABSENTISMO E ACIDENTES DE TRABALHO (ENTRE TRABALHADORES ...

    EM TURNOS DE INDOSTRIAS AUTOMOBILrSTICAS ~

    ~ FRIDA MARINA FISCHER

    Tese de Doutorado apresentada a

    Faculdade de Sade Pblica da

    Universidade de So Paulo, Depa~

    tamento de Sade Ambiental, para

    obteno do ttulo de "Doutor em

    Sade Pblica".

    Orientador

    sO PAULO 1984

    Dr. Jorge da Rocha Gomes

  • DEDICATORIA

    Aos meus queridos

    marido e filhos.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Dr. Jorge da Rocha Gomes, pela orientao e estmulo

    para realizao do presente trabalho.

    iii

    Ao Prof. Diogo Pupo Nogueira, caro Mestre, pelo contnuo

    incentivo em minha carreira acadmica e por suas suges -

    tes apresentadas.

    A Direo de todas as empre~as envolvidas, pelo valioso

    auxlio e por terem me permitido o acesso aos dados coleta

    dos.

    ,

    A Coordenadoria de Aperfeioamento de Pessoal do Ensino

    Superior ( CAPES) pela bOlsa concedida, atravs da qual

    pude usufruir dos eficientes servios da Disseminao

    _ Seletiva da Informao" da Faculdade de Sade Pblica da

    Universidade de So Paulo.

    As bibliotecrias Daisy Pires Noronha, Leda Corra Porto

    de Campos Camargo, Maria Ceclia Gonzaga Ferreira, Suely

    Olin, da Faculdade de Sade Pblica, que me auxiliaram

    eficientemente na procura e aquisio de publicaes.

    A Junko Mashida pelo auxlio na anlise estatstica dos

    dados.

    A Francisco Maura Rocha e Ferno Dias de Lima pela

    inestimvel colaborao na rea de computao eletrnica.

    A Janice Juosi e Ana Evangelina\de Campos pela datilogra

    fia da Tese.

  • iv

    cara colega Gisela Gross Trajman pela colaborao na reviso

    Jrtogrfica.

  • v

    r N D I C E pago

    -Resumo .................................................................... xvi

    S umma ry ...................................................................... xviii

    1. Introduo ........................................... 1

    1.1. Resenha histrica........................................ 3

    1.2. Conceituao de trabalho em turnos. Definies

    de expresses utilizadas na literatura ....... 6

    2. Consideraes gerais sobre o trabalho em turnos

    2.1. Motivos de sua implantao ................ 9

    " 2.2. Problemas mais frequentes entre os trabalhadores

    em turnos ................................................. 13 2.3. Critirios de seleo e orgnizao dos turnos ... 29

    3. Absentismo no trabalho em turnos

    3.1. Definies de conceitos ................... 32

    3.2. Morbidade ......... ~ ............................. 32

    3.3. Aspectos organizacionais ............... 36

    3.4. Horas-extras.................................................... 41

    3.5. Outros resultados e fatores que influenciam a

    " frequincia ao trabalho .................. 43

    4. Acidentes no trabalho em turnos ................ 48

    4.1. Consideraes gerais ..................... 48

    4.2. Fatores desencadeantes dos episdios .......... 49

    4.2.1. Absentismo ............................... 51

    4.2.2. Ritmos biolgicos e desempenho .......... 52

    4.2.3. Pausas .......................................................... 59 4 .. 2 4. Sono ........................................................................ 6 O

    4.2.5. Dia da semana, idade, tempo de servio .. 62

    4.2.6. Turnos rouiziantes x turnos fixos 63

  • vi

    pago 5. Propsito desta investigao .................... 66

    6. Objetivos gerais do estudo ................. 71

    7. Objetivos specficos ......................... 72

    8. Objeto da pesquisa

    9. Material e mitodos

    ...................................

    ................................... 74

    75

    9.1. Consideraes metodlgicas .............. 75

    9.2. Populao do estudo ............................. 77 - . 9.2.1. Sistemas de turnos estudados ........ 78

    9.3. Coleta de dados 81

    9.4. Registros anotados de cada trabalhador ........ 81

    9.4.1. Dados pessoais ........................... 81 9.4.2. Ausncias ...... :- ......................... 82

    9.5. Medida do absentismo e dos acidents do trabalho. 83

    9-.5.1. Variveis independentes .............. 83

    9.5.2. Variveis dependentes

    9.5"2.1. Episdios de

    ..................... faltas ...... e_e

    84

    84

    9.5.2.2. Episdios de acidentes " ..... 86

    9.5.3; Tratamento esttstico dos dados ... " .. 89

    10. Resultadooe discusso .............. 90

    10.1. Caracterizao da populao estudada .......... 90

    10.2. Faltas ao trabalho ...................... 107

    ~0.2.l. Distribuio dos episdios na populao 107

    10.2.2. Resultados das anlises de regresso das

    ausncias dos trabalhadores ........... 110

    10.2.3. Comparaes dos coeficientes de faltas

    nos 4 sistemas de turnos ........... 120

    10.2.4. Comparaes dos coeficientes de faltas

    nos diversos perodos de trabalho, dos

    4 sistemas de turnos ................. 121

    10.2.S. Comparaes dos coeficientes de faltas, .

    segundo os perodos do trabalho, em cada

    sistema de turnos - Anlise 'ntra-shift" 122

  • vii

    pago

    10.2.6. Discusses dos resultados referentes s

    - . ausenc1as . .. .. ..... .o ' ...................... ". ' ........... .o _e 129 10.3. Acidente, do trabalho ..... ! 133

    10.3.1. Distribuio dos episdios ~a populao 133

    10.3.2. Anlise de regresso dos acidente~ de

    t;ra'balho ............ ................................................ 149

    10 ~ 3 . 3. Comparaes dos coeficientes de aciden-

    tes de trabalho nos 4 sistemas de turnos 157

    10.3.4 Comparaes dos coeficientes d~ aciden-

    tes de traJ>alho entre os perodos de

    ati~idade .......................................................... 160

    10.3.5. Comparaes do~ coeficientes de aciden-

    tes de trabalho entre os per040s de

    atividade, em cada sistema de turnos

    ( ~l' n ' h'ftn) 162 . ana 1.se ;tntr.a-s 1. .' .. '

    10.4. Relao entre faltas e acidentes de trabalho . 165

    10.5. Discusses gerais sobre os acidentes d trabalho 165

    10.6. Proporo do no absentismo e da no ocorrncia

    dos acidentes de trabalho nos 4 sistemas de

    turnos .... .. . ~- ...... " ....... .. ............ ' ............... " ............. '. .. .. .. .. .... 168

    11. Concluses .................................................................................... 180

    12. Referncias B1bliogrficas ......... 183

    ANEXOS

    Anexo 1 - clculo do fator multiplicativo .. . ..... AI

    Anexo 2 - nlises de varincia dos coeficientes de

    ausncias dos 4 sistemas de turnos .. A2

    Anexo 3 - Anlises de varincia de coeficientes de faltas

    Anexo 4

    nos diferentes perodos ' de atividade .... A4

    Anlises de varincia nintra-shiftn ..... A6

    Anexo 5 - Anlises de vari~cia dos coeficientes de aci-

    dentes de trabalho , dos 4 sistemas de turnos . AlI

  • Anexo 6 - Anlises de varincia dos coeficientes de aciden

    tes do trabalho, nos diferentes perdos de ati

    vidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Anexo 7 - Anlises de varincia dos coeficientes de aciden

    tes de trabalho, nos perodos de atividade, em

    viii

    pago

    AIZ

    cada sistema de turnos ....... A13

    Anexo 8A- Proporo de nao absentismo doena - Sistema I. Al7

    Anexo 8B- Proporo do no absentismo injustificado -

    Sistema 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Al8 Anexo 8C- Proporo da no ocorrncia de acidentes de

    trabalho -- Sistema 1 ........................... A19

    Anexo 8D- Proporo de nao absent.smo doena '- Sistema Z AZO

    Anexo 8E- Proporo de " - absentismo injustificado nao -Sistema Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZI

    Anexo 8F- Proporo de no ocorrncia de acidentes -Sistema 2 ....................................... A2Z

    Anexo 8G- Proporo de nao absentismo doena oi Sistema 3 AZ3

    Anexo 8H- Proporo de nao abs'en tismo injustificado -Sistema 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ4

    Anexo 81- Proporo de no 'ocorrncia de acidente de

    trabalho - Sistema 3' ..... .;..................... A25

    Anexo 8J- Proporo de nao absentismo injustificado -Sistema 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ6

    Anexo 8L- Proporo de nao absentismo doena - Sistema 4 AZ7 Anexo 8M- Proporo de nao ocorrncia de acdentes -

    Sistema 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~ . . . . . . . . . . . . . . . . . AZ8

  • ix

    r ND I C E D E F I G U R A S

    pago

    1. Interrelaio entre stress e esforo, e as influincias

    das variveis intervenientes .................. 20

    2. Estruturas causais na formao de problemas de sade

    entre os trabalhadores em t.urnos ..................... 25 3. Modelo de tlma estrutura complexa de interao dos

    efeitos do trabalho em turnos ...... ,................. 27

    4. Pesos para diferentes grupos de variveis caracteriza~

    do sua capacidade de modificar o estado de sade, se -

    gundo diferentes graus de exposio ao trabalho ... 28

    5. Fatores relacionados com os acidentes ocupacionais ... 49

    " 6. Frequncia de erros e acidentes de trabalho durante as

    24 horas ... >. 65

    7. Esquema de linha de prensas e posio de trabalho dos ~ .

    operarl.os ............................................ 78

    8. Distribuiio porcentual de trabalhadores por faixa

    etria e sistemas de turnos ...................... 95

    9. Distribuiio de nmero de empregados que sofreram

    acidentes de trabalho, em funo do nmero de episdios

    e por sistema de turnos ................... , ........ 136

    10. Distribuio dos acidentes segundo os dias de semana

    e sistema de turnos T 141

    11. Distribuiio mensal dos acidentes de trabalho nos 4

    sis temas de turnos ................................. 146

    12. Distribuio dos acidentes de trabalho, segundo

    perodo de ocorrncia, nos 4 sistemas de turnos

    13. Proporo do no absentismo doena e injustificado e

    da nio ocorrncia de acidentes do trabalho, de 154

    trabalhadores do Sistema 1, durante 24 meses, at o

    148

    primeiro episdio .................................... 173

  • 14. Proporo do nao absentismo doena e injustificado

    e da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre

    146 trabalhadores do Sistema l, durante 24 meses, at

    x

    pago

    o primeiro episdio............ ......................... 174

    15. Proporo do no absentismo doena e injustificado e

    da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre 35

    trabalh'adores do Sistema l, durante 24 meses, at o

    primeiro episdio .................................... 175

    16. Proporo do no absentismo doena, injustificado e

    da no ocorrncia de acidentes do trabalho entre 45

    trabalhadores do Sistema i, durante 24 meses, at o primeiro episdio..................................... 176

    17. Proporo do no absentismo injustificado nos 4 siste

    mas de turnos. durante 24 meses, at o primeiro epi-

    sdio .................... "........................... 177

    18. Proporo do no absentismo doena nos 4 sistemas de

    turnos, durante 24 meses., at o primeiro episdio.... 178

    19. Proporo da no ocorrncia de aciden~es de trabalho

    nos 4 sistemas de turnos, durante 24 meses, at o

    primeiro episdio ................................... 179

  • xi

    r N D I C E D E T A B E L A S

    pago

    1. Esquemas de turnos e seus possveis efeitos no sono .... 18

    2. Nmero mdio de horas trabalhadas por semana entre

    trabalhadores na produo industrial.................. 69

    3. Comparao entre os sistemas de turnos das horas

    trabalhadas .............. " ............ "............. 8 O

    4. Distribuio dos trabalhadores por sistemas de

    trabalho em turnos .............. ".". . . . . . . . . . . . . . . . 91

    5. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos e

    funo ........................................................ _ ........... , ......................... .. 92

    6. Mdias e desvios-padres das idades dos trabalhadores.. 93

    7. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos

    e faixa etri"a ............................................................................... 94

    8. Distribuio dos trab~lhadores por sistema ~e turnos

    e escolaridade ............................................................................... 96

    9. Dis%ribuio dos traba~hadores por sistema de turnos

    eestadocivil ....... ,.! , 98

    10. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos

    e numero de dependentes ............................. 99

    11. Mdias e desvios-padres do nmero de dependentes dos

    trabalhadores dos 4 sistemas de turnos ............. 100

    12. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos

    e regio de proced;ncia ............................. 101

    13. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos

    e tempo de empresa .................................. 103

    14. Mdias e desvios-padres do tempo de empresa e

    respectivo sistema de turnos .......................... 102

  • xii

    15. Distribuio dos trabalhadores por sistema de turnos

    e exposio ao estudo............................... 105

    16. Nmero de empregados, ,ms a ms, nos 4 sistemas de

    trabalho em turnos .................................. 106

    17. Distribuio das ausncias por doena e injustificadas

    dias perdidos, nos 4 sistemas de turnos ............ 107 " 18. Coeficientes de frequncia (de episdios e empregados)

    e durao dos episdios, em cada sistema de trabalho

    em turnos ........................................... 109 19. Correlao linear simples ds caractersticas dos

    trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 1 .. 110

    20. Anlise de regresso mltipla do Sistema 1 ......... 113

    21. Correlao linear simples das caractersticas dos

    trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 2 . 114

    22. Anlise de regresso multivariada do Sistema l ...... 114

    23. Correlao linear simples das caractersticas dos

    trabalhadores e coeficientes de faltas do Sistema 3 . 115

    24. Anlise de regresso .multivariada do Sistema l ...... 116

    25. Correlao linear simples das caractersticas dos

    trabalhadores e dos coeficientes de faltas do Sistema

    4 117

    26. Anlise de regresso multivariada do Sistema i , ..... 117 27. Resumo das anlises de regresso das .ausncias ...... 119

    28. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de faltas

    nos 4 sistemas de turnos ...................... ' ..... . 124

    29. Anlise de varincia dOs coeficientes de faltas, entre

    os 4 sistemas de turnos' .............................. 125

  • 30. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de faltas,

    entre os perodos de trabalho nos 4 sistemas de

    xiii

    pago

    turnos .............................................................................................. 126

    31. Anlise de varincia dos coeficientes de. faltas, nos

    diferentes perodos de trabalho, dos 4 sistemas de

    tu rno 5 ...................... T.. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 1 Z 7

    32. Anlises de varincia dos coeficientes de faltas

    "intra-shift" dos 4 sistemas de turnos .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 128

    33. Distribuio dos acidentes de trabalho e sistemas de

    turnos .............................................................................................. 134

    34. Distribuio das horas trabalhadas nos 4 sistemas de

    turnos ............................................................................................. 134

    35. Distribuio do nmero de empregados que sofreram

    acidentes de trabalho, em funo do nmero de epis-

    dios e por sistema de turnos ..................................................

    " 36. Coeficientes de frequncia' e gravidade dos acidentes

    135

    de trabalho nos 4 sistemas de turnos ....... 137

    37. Dias perdidos por acidentes de trabalho, segundo o

    sistema de trabalho em turnos ................................................ 138

    38. Distribuio dos acidentes de trabalho, segundo os

    dias da semana e sistemas de turnos ............. 140

    39. Local de ocorrncia dos acidentes de trabalho e sis-

    tema de turnos .............................................................................. 143

    40. Ocorrncia mensal dos acidentes de trabalho por

    sistema de turnos ........................................................................ 145

    41. Nmero de acidentes de trabalho, segundo perodo de

    ocorrncia, nos 4 sistemas de turnos ............... 147

  • 42. Correlao linear' simples das caractersticas dos

    trabalhadores e coeficientes de acidentes de trabalho

    xiv

    pago

    do Sistema 1 ......... " .......... '. . . . . . . . .. . . . . 149

    43. Analise, de regresso do coeficiente ATCM e caracters

    ~icas dos trabalhadores do Sistema 1................ 149

    44. Correlao linear simples das caracterstic'asdos tra

    balhadores e coeficientes de acidentes do trabalho do

    Sistema 2' - '............................. 150

    45. Analise de regresso mltipla dos coeficientes ATCM

    e GRAV e caractersticas dos trabalhadores do Sistema

    2 ............ e.e e.e 151

    46. Correlao linear simples das caractersticas' dos

    trabalhadores e coeficientes de "acidentes do trabalho

    do Si~tema 3 ................................. 152

    47. Analise de re"gresso mltipla dos coeficientes ATCM

    e SEVAe caract'ersticas qOS trabalhadores do Sistema

    3 152

    48. Correlao linear simples das caractersticas dos tra

    balhadores e coeficientes de acidentes do trabalho do

    Sistema 4 ........................................ 154

    49. Analise de regresso mltipla do coeficiente ATCM

    e caractersticas dos trabalhadores, do Sistema 154 50. Resumo das analises de regresso de acidentes do

    trabalho dos 4 sistemas de turnos ,.~ ................ 156

    51. Mdias e coeficientes de acidentes, nos 4 sistemas

    de turnos ........................................... 158

    52. Analises de varincias dos coeficientes de acidentes

    de trabalho, entre os 4 sistemas de turnos 159

  • 53. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de aciden-

    tes de trabalho em 3 perodos de atividade, nos 4

    sistemas de turnos

    54. Anlises de variancia dos coeficientes de acidentes

    do trabalho, entre os perodos de atividade, nos 4

    sistemas de turnos .................................................... ~ .... T ........

    55. Mdias e desvios-padres dos coeficientes de aciden-

    tes de trabalho em cada sistema de turnos, considera~

    ~

    pago

    161

    162

    do os perodos de trabalho .................... 163

    56. Resumo das anlises de varincia "intra-shift" dos

    coeficientes de acidentes de trabalho nos 4 sistemas

    de turnos ........................... T....................................................... 164

    57. Relao entre ~altas e acidentes de trabalho ..... 165

    58. Proporo do no absentismo e da nao ocorrncia de

    acidentes do trabalho nos 4 sistemas de turnos, ao

    fim de 24 meses ...................... lo.................................................. 172

    ~----- . --~_ .. ~

  • xvi

    R E S U M O

    Foram analisadas todas as ausncias e acidentes

    de trabalho ocorridos entre 1354 trabalhadores das seoes de

    prensas pesadas de indfistrias automobilsti~as da regio da

    Grande So Paulo.

    - O -trablho era organizado em quatro sis temas de

    turnos semi-contnuos: 3 turnos fixos, 1 turno vespertino-no-

    turno fixo, 2 turnos rodiziantes mensais e' 3 turnos rodizin-

    tes quinzenais.

    As anlises das caractersticas dos trabalhado -

    res envolvidos em episdios de faltas e acidentes evidenciou

    que o tempo de empresa uma importante varivel, e se relacio

    na de forma inversamente proporcional frequncia dos epis-

    dios.

    Quanto aos sistemas de turnos, foram observados

    maiores coeficientes de frequncia de faltas por doena nos

    sistemas de 3 turnos fixos. Os perodos da manh e da tarde ~

    presentaram maiores valores nos coeficientes de ausncias por

    doena que o perodo vespertino-noturno e noturno.

    Em relao s faltas injustificadas, o turno fi-

    xo vespertino-noturno teve valores mais elevados que os ou-

    tros sistemas de turnos e o perodo vespertino-noturno apre -

    sentou maiores ausncias que tarde e noite.

    No houve diferenas quanto frequncia, gravi-

    dade e durao de acidentes e os perodos de trabalho em 3

    sistemas de turnos.

  • xvii

    Somente no esquema de 3 turnos fixos, a frequncia

    de acidentes foi maior a tarde que i noite.

    O'sistema de 3 turnos fixos teve coeficientes de

    frequncia, gravidade e durao dos acidentes semelhantes a dos

    turnos rodiziantes quinzenais. A nica diferena foi observada

    entre os turnos rodiziantes mensais e quinzenais. Os primeiros

    apresentaram maior frequncia de episdios.

    O estudo do no absentismo em trabalhadores que

    permaneceram 24 meses nos sistemas de turnos, mostrou que a pr~

    poro do no absentismo injustificado inferior ao no absen-

    tismo doena, em 3 'sistemas de turnos. A proporo dos no aci

    dentados menor que a das faltas por doena em 2 sistemas de

    turnos (rodiziantes mensaise fixos vespertinos-noturnos) e equ!

    valente a dos episdios injustificados no sistema de 3 turnos

    fixos. As faltas injustificadas representaram um problema mais

    sriO que as ausncias por doena, nas indstrias estudadas.

  • xviii

    S U M M A R Y

    The variables associated to the occurrence of

    absenteeism spel~sickness absence, unjustified absence and

    accidents at work among shift workers were studied, in four

    types of semic.on'tinuous shiftwork ( 3 fixed shifts, 1 late.

    afternoon shift, 2 monthly rotating shifts, 3 fortnightly

    rotating shifts ).

    The research was conducted among 1,354 workers

    in heavy sheet metal stamping sections of automotive plants

    located in the Gteater So Paulo area.

    In any type of shift-schedule the time on the

    job appeared as an important variable inversely proportional

    to the frequency of the spells. The 3 fixed shifts schedule

    presented the highest sickness absence ratio.

    The sickness ab~ence ratioswere higher during

    the late afternoon and night shifts and on morning and even

    ing working hours than in late-afternoon and night periods.

    The unjustified absences rati~were higher dur

    ing the late afternoon shifts. This work period showed a

    higher absences than evening and night.

    No significant differences were found regard -

    ing the frequency, severity and length rati050f the accidents

    at work during the periods (morning, evening and night) in

    neither of the 3 shift systems. The 3 fixed shifts showed

    a higher accident frequency at evening than at noon.

  • xix

    The ratios of the frequency, severity and

    accident length, respectively of the 3 fixed shifts system,

    were of the same values as those of the fortnightly rotating

    shifts system.

    A difference was observed between the monthly

    and fortnightly rotating shifts. The former presented a

    higher frequency of the accidents.

    The survey of the shift workers who worked 24

    months on the job showed that the unjustified non-absenteeism

    ratio is lower than the sickness non-absenteeism ratio, for

    the three shifts systems. The_non-accident absenteeism ratio

    is lower than the sickness non-absenteeism ratioS" in two

    shifts systems (monthly rotating and fixed late afternoon)

    and it is equal to the ratio of unjustified absence for the

    3 fixed shifts.

    Unjustified absences represented more serious

    problems than sickness absenes in studied industries.

  • "Quem nao experimentou os efeitos de anos de confinamento en-

    tre as paredes da produo em massa, sem meios aparentes de

    escape, no pode compreender o efeito debilitante na mente,no

    vocabulirio, na capacidade espiritual da resistincia humana.

    Ninguim, sem essa experiincia, pode realmente. compreender por

    que o homem larga as ferramentas, quando superficialmente is-

    to parece apenas um pretexto para escapar momentaneamente da

    monotonia de uma existincia no-natural .. "

    85

    KEARNS, J.L.

  • ,-1-

    1. INTRODUO

    A aceitao tcita de crescentes e graves embara-

    os no trabalho, atravs da presena de agentes estressan

    tes ocupacionais, tanto na sua durao, impacto e univer-

    salidade, tem sido um preo que a sociedade imps para. o '1-8, 92.

    desenvolvimento tecno16gico e industrial .

    A rpida industrializao e as crescentes inovaes

    tecno16gicas nos pases do Terceiro' Mundo com ousadas me-

    tas de produtividade, introduziram tcnicas e esqemas de

    org~nizao de trabalho at ento pouco utilizados nestes 10 3

    locais. Tornou-se necessrio s populaes trabalhadoras

    a adaptao rpida a um ambiente que se caracterizava por

    acelerada mudana nos padres tradicionais. Estas modifi-

    caes ocorridas nos modos de operar das organizaes tm

    reflexos sobre os indivduos que devero suport-las co-97,100

    mo uma. c;;trga adicional aos seus problemas dirios. No

    houve tempo suficiente par que os trabalhadores fossem

    conscientizados e educados formalmente, a fim de se ajus-

    tarem s novas condies de trabalho. A escolha do empre-85

    go era e continua sendo restrita 52

    DUBOS declara que "o custo da adaptao do Homem

    aos ambientes de trabalho criados pela moderna tecnologia,

    seria alcanado s custas dos prejuzos de sua sade".

    "A tolerncia teriaconseqUncias indiretas que seriampr~

    judiciais a longo prazo,mesm0!l0r que os fatores deletrios

    nem sempr~ so reconhecidos desde o incio da exposio.

    Os efeitos iriam ~esde distrbios crnicos at problemas

    de ordem psico16gica". 70

    GARDELL ao 'comentar os efeitos advers os de condi

    - oes de trabalho inadequadas, analisa os diversos tipos

    de comportamento que podem surgir nos trabalhadores:

  • -2-

    a) "Os sentimentos experimentados pelos indivduos, como

    a apatia, a monotonia, as tenses, a sensao de isola

    mento social".

    b) "Os comportamentos ativos, tais como as queixas, as su

    gestes para que ocorram modificaes no trabalho, a

    rotatividade e, em alguns casos as aes de diminuio

    e paTada no trabalho".

    c) "Os comportamentos passivos, como a resignao, a fal-

    ta de interesse, a indi ferena em produzi r produtos com

    qualidade, o absentismo".

    d) "Os efei tos na. sade, a baixa qualidade de vida, prcbl~

    mas familiares e pequena participao na vida comunit

    ria e poltica".

    Um fator estressante freqUente nas linhas de monta

    gem industrial a falta de autonomia dos trabalhadores . Os efeitos imediatos do "stress" ocupacional podem ser me

    didos em termos de 'produtividade, ausincias, conflitos in 31

    ternos, greves etc.

    A sociedade moderna, vida por possuir bens e servios a

    sua disposio durante as 24 horas do dia, necessita cada

    vez mais de indivduos que estejam dispostos a trabalhar em

    horrios vespertinos, noturnos e durante as tradicionais

    horas de lazer e descanso. 193

    l'/EBB propoe a existncia de mlti;llos fatores capazes de

    trazer ins tabi lida de aos indivduos submetidos ao traba

    lho em turnos. Haveria as causas diretamente identific-

    veis - infeces e anomalias nos diversos sistemas funcio

    nais causadas por agentes fsicos, qumicos e biolgicos,

    e aquelas que estariam ligadas aos desajustes emocionais,

    ao aparecimento do stress, de hbitos e atitudes. Estas

  • -3-

    causas aumentariam a suscetibilidade e poderiam resultar

    num maior "desgaste" com todas as conseqUncias possiVeis

    nestes trabalhadores.

    :-.Ia -anlise das causas intervenientes do processo

    sade-doena torna-se importante o estudo das variveis

    independentes e dependentes que possam interagir durante

    a vida dos trabalhadores em turnos.

    1.1 Resenha histrica

    _o trabalho em turnos vem sendo utilizado des-

    de a poca dos romanos, usado para manter a vigiln-

    cia entre as tropas e a- guarda do fogo sagrado pelas 158

    vestais . Parteiras, padeiros, ,esto entre as profisses , 143

    mais antigas'do mundo, j citadas por RAMAZZINI co . I

    mo aqueles que trabalhavam noite enquanto os demais

    dormiam.

    Foi a partir da Revoluo Industrial ocorrida

    na Europa entre 1770 1850, que o trabalho em turncs

    expandiu-se rapidamente. Iniciou-se nas fbricas tx

    teis e fundies. O dia de trabalho se estendia por

    14, 16 horas, at que surgiram as primeiras leis re-

    gulamentando a permanncia de crianas apenas duran-

    te o dia e instituindo o descanso semanal. Tambm p~

    ra os artesos que realizavam o trabalho em casa, a

    jornada diria era longa (14 a 16 horas por dia) 158

    SCHERRER comenta que es.tes trabalhadores j

    sofriam provavelmente de dficits crnicos de sono.

    No fim do sculo XIX e incio deste, dezenas de mi-

    lhares de trabalhadores trabalhavam noite, princi-

    palmente, na Frana e na Inglaterra.

    Durante o e~foro de guerra, entre 1914 e19l~

  • -4-

    o dia de trabalho estendia-se por 14 - 15 horas, du-

    rante 6 a 7 ,dias por semana, com um aumento alarman-

    te' dos ndices de fal tas e ,acidentes do trabalho.

    Os e'studos realizados pelo "Health of Munition Wor-

    kers Commi ttee- Interin and Final Report", em 1917 .e,

    1918, recomendavam o rodzio das horas de trabalho e 77

    a reduo das 60 horas semanais de trabalho

    Em 1920 foi realizado um amplo estudo na mai-

    or parte das indstrias nos Estados Unidos, com o fim

    de analisar as possibilidades de serem institudos

    turnos, de 8 horas de trabalho ao lado da prtica de

    12 horas dirias, corrente naipoca. O presidente da

    quele pas, l'larren G.Hrding, comentou no prefcio

    do livro: " .. A antiga no.rma de 12 horas por dia de

    ve dar lugar a uma melhor e mais criteriosa forma de

    organizao das foras produtoras desta nao, a fim

    de que uma adequada vida familiar e a cidadania pos-

    sam ser desfrutadas adequadamente por todo nosso po-

    vo". As concluses dste estudo indicam que j se co.!!

    s ideravam as "razes humanitrias ", ao lado da demanda

    econmica, para a modificao dos sistemas de traba-ss

    lho 55

    Neste mesmo estudo j mostrada a tendn-

    cia das fbricas de automveis de Detroit operar

    em 2 turnos de 8 horas cada.

    Nos Estados Unidos estimava-se em 1975 que

    19' da, fora de trabalho estava,empregada em siste-34

    mas de turnos . Em 1977, as estatsticas do"Bureau

    oi Labor" dos Estados Unidos indicavam que um numero

    superior a 13,5 milhes de pessoas (18\ da fora de

    trabalho) estavam trabalhando em perodos parciais e

    integrais, nos tutnos vespertinos e noturnos. Em 3 anos

  • -5-

    (1974 a 1977) aumentou 13% o numero de trabalhado-81

    res dos turnos noturnos

    Em 1978, havia na Frana um contingente prxi-158

    mo a.2 milh6es de pessbas trabalhando i noite

    Calcula-se que haja nos pases industrializa-

    dos, entre 8 a 15% da populao ativa trabalhando 36 ,

    em turnos , enquanto que nos palses em desenvolvi-

    mento a taxa tende a ser menor 53

    36 CARPENTIER e CAZAMIAN ressaltam que, fre-

    qUentemente,no se encontram nas empresas, postos de

    'trabalho diurnos com remuneraao equivalente i do

    trabalho noturno, para as pessoas que devem deixar ~

    de trabalhar i noite por ~otivos de no-adaptao.

    Desconhece-se no Brasil a-populao que trab~

    lha em turnos, mas, nas grandes reas industriaisbr~

    sileiras' deve haver centenas .de milhares 'de pessoas,

    j que ai seutilizam de processos tecnolgicos e pres-

    tao de servios semelhantes is dos pases industria

    rizados.

    * A convenao da O.I.T. n 9 90 disp6e sobre a

    proibio do trabalho noturno para menores de 18 anos.

    No Brasil, os menores e as mulheres so proibidos de

    trabalhar i noite (das 22:00 is 05.:00 horas). Apenas

    em algumas ocupa6es (sade, educao, telecomunica-

    6es, servios de computao eletr6nica, locais de

    diverso, em algumas indstrias de exportao e em

    casos de fora maior, permitido o trabalho noturno 35

    das mulheres . H muita controvrsia entre legis-

    ladores e movimentos feministas, sobre a possvel li

    berao em ser permitido i mulher, trabalhar i noi-

    te.

    * Organizao Internacional do Trabalho.

  • -6-

    1. 2 Conceituao de trabalho em turnos . Definies de ex-

    pressoes utilizadas ~a literatura

    o termo "trabalho em turnos" abrange uma gra!l

    de variedade de arranjos na organizao do trabalho

    e possui muitos significados. 171.

    TAYLOR o define como sendo "todos os arranjos de

    horas de trabalho alm do estrito horrio diurno ou

    em substituio a este. 9

    RKERSTEDT e GILLBERG referem-se ao trabalho

    em turnos como sendo aquele em que trabalha mais de

    uma equipe na produo de bens ou prestao de servi

    os, e o tempo total excede ao dia das horas de tra-

    balho normais. 109

    J MAURICE distingue o trabalho em turnos do tra-

    balho diurno. Este ltimo e realizado durante o dia, ~.

    geralmente em dois per10dos - matutino e vespertino,

    com intervalo para uma refeio e cada trabalhador

    interrompe no fim do dia, uma tarefa que s reini-

    ciada no dia seguinte.

    No trabalho em turnos h uma continuidade na produo

    ou na prestao de servios e uma descontinuidade na

    tarefa executada por cada trabalhador, pois outros

    trabalhadores do 2 9 ou 39 turno continuam o trabalho

    executado durante o 1 9 turno.

    Na legislao. brasileira, trabalho noturno aquele

    realizado entre 22 horas e 5 horas do dia seguinte

    (art. 73 2 da Lei 5452 de 1 9 de maio de 1943 - Con 35

    solidao das Leis do Trabalho)

    A padronizao dos termos que freqUentemente

    sao utilizados na descrio dos estudos sobre traba-

    lho em turnos de. fundamental importncia. Na pre-

  • -7-

    sente pesquisa, sao adotados os conceitos propostos 128,130

    pela Organizao Internacional do Trabalho:

    Trabalho em turnos: e o modo de organizao do tra-

    balho no qual grupos ou equipes de trabalhadores se

    sucedem no mesmo local de trabalho, cumprindo cada

    um, horrio ou turno, o que permite empresa funci~

    nar mais tempo que a durao legal. No caso brasilei

    ro, 48 horas/semana.

    Trabalho em turnos descontnuos: a atividade de tra

    balho nas empresas menor que 24 horas, havendo uma

    interrupo diria e_tambm, geralmente, nos fins-

    -de-semana (sbado e/ou domingo) e feriados.

    Trabalho em turnos semi-contnuos: as atividades de

    trabalho nas empresas ocorrem durante 24 horas por

    dia, isto , sem interrupo diria, mas com suspe~

    so do trabalho nos fins-de-semana (sbado e/ou do-

    mingo) e feriados .

    Trabalho em turnos contnuos: o trabalho desenvol

    vido durante 24 horas por dia, inclusive fins-de-

    -semana e feriados.

    Turmas: grupos de trabalhadores que operam em reve-

    zamento no mesmo horrio e local de trabalho.

    Turno: um dado numero de horas trabalhadas pelas tU!

    mas.

    Turno fixo: os trabalhadores permanecem sempre no

    mesmo turno, isto , trabalham sempre mesma hora

    ou perodo.

    Turno alternante (ou rodiziante): os trabalhadores

  • -8-

    passam de, um turno a utro; seu horrio de trabalho

    se altera periodicamente de acordo com o ciclo de

    rotao estabelecido.

    Ciclo de rotao: o intervalo de tempo compreen-

    dido entre duas designaes do trabalhador pa~a o

    mesmo turno. Tome-se como exemplo, um turno rodizi-

    ante semanal em que as turmas operem em trs hor-

    rios distintos - 6:00, 14:00 e 22:00 horas. O Cl-

    cIo de rotao ser de 21 dias.

    Pode-se definir a direo da rotao como:

    a) r~gular: os trabalhadores que esto no turno ma-

    tutino passam ao vespertino; os do turno vesper-

    tino ao noturno;

    no matutino.

    os do noturno retornam ao tur

    b) inversa: os trabalhadores do turno matutino pas-

    sam ao turno noturno e deste ao turno vespertino.

  • -9-

    2. CONSIDERAOES GERAIS SOBRE O TRABALHO EM TURNOS

    2.1 Motivos de sua implantao~

    AS razoes da adoo do trabalho em turnos po-

    dem ser de ordem tcnica, social, econmica ou or-36 109 129 159

    gan'zacional

    Os motivos tcnicos advm do carter contnuo

    de operaes industriais de indstrias qumicas, pe-

    troqumicas, siderrgicas, fabricao de vidro, pa-

    pel, cimento, fertilizantes, usinas aucareiras, moi 20 36 38 159

    nhos etc.

    Pode ocorrer tambm a necessidade de transfor

    maes ou transporte de materiais que se constituem

    em matrias-primas para indstrias de operao cont

    nua. Um exemplo o transporte de madeira que abast~

    ce as fbricas de papel e celulose; este e realizado

    durante aproximadamente 350 dias por ano e nas gran-

    des indstrias brasileiras h centenas de motoristas,

    trabalhando dia e noite, em variados turnos de traba

    lho, com rodzios semanais, quinzenais, a cada 3 e 4

    d f se ias, lXOS / *

    O corte, transporte e transformaes da cana-

    -de-acar tambm se processam em regimes contnuos

    e sazonais.

    Os trabalhadores de muitas usinas de acar trabalham

    em regime de 12 horas de trabalho ,dirias, com reve-

    zamento semanal; a cada 15 dias dobram o turno de tra

    balho, para "cobrir" o perodo de 24 horas de folga

    da outra turma.

    Alguns ramos industriais pela sua complexida-

    de de produo ou para atender aos funcionrios que

    * Observao pessoal da autora

  • -10-

    trabalham nos divesos perodos, mantm equipes de

    plantiQ a fim de prestar assistncia midica, prover

    alimentaio e conservar em segurana seus equipamen-

    tos e instalaes. FreqUentemente encontra-se o pes-

    soal da manutenio trabalhando em turnos contnuos e,

    principalmente~ no perodo noturno. Em perodos de

    firias coletivas,as turmas que executam reparos e re 58

    formas, trabalham intensamente

    Deve ser ainda lembrado que os prmios ou adi

    cionais pagos aos trabalhadores representam um ince~

    tivo para a manutenio das turmas que trabalham no

    perodo noturno, fins-de-semana e .fe.riados. 200

    ZALUSKY descreve em s.eu relatrio publicado pela

    A FL-CIO Americana, sobre _pesquisa efetuada em 1975,

    que de 1514 acordos do setor privado realizados com

    trabalhadores em turnos, havia 1214 (80%) do total,

    que pagavam diferenciadamentea estes trabalhadores. 56

    FINN lembra a necessidade de complementar o ora-

    menta domistico com o' segundo emprego. 116

    MOTT e cal. ,ao pesquisarem esta situaio, encontra-

    ram 23\ dos trabalhadores noturnos e 19% dos vesper-

    tinos com uma segunda ocupaao, quando comparados com

    11% dos trabalhadores diurnos.

    Constatou-se emSio Paulo que telefonistas e

    pessoal envolvido em servios de .computaio possuem

    com freqUncia 2 empregos, pois a lei estipula 6 ho-

    ras diirias de trabalho, o que lhes permite manter o

    esquema de trabalho em 2 turnos. Junto s telefonis-

    tas observou-se que estas fazem arranjos internos com

    suas colegas e realizam rodziosde horirio para man _ 58

    te.r a segunda ocupaao

    A existnci4 de 2 empregos pode levar os tra-

  • -11-

    balhadores a enfrentarem dificuldades na aceitao

    de novos esquemas de trabalho em turnos, sem conside

    rar a~~da os problemas de sade resultantes do ex-159

    cessivo nmero de horas de trabalho 53

    DUMONT a partir de dados obtidos de levanta

    mentos realizados em 9 pases em desenvolvimento,se~

    do 7 deles na Amrica Latina, ressalta que no se p~

    de ignorar a segunda atividade remunerada levada a

    cabo pelos trabalhadores em turnos, principalmente

    por aqueles que. esto trabalhando no perodo vesper-

    tino.

    No se deve esquecer que a escolha para trab~

    lhar em turnos, especialmente noite, recai num fa-. 161

    tor de importante peso: os- adicionais ao salrio .

    No Brasil, por todo o trabalho efetuado entre 22:00

    e. 05:00 horas recebe-se 25' a mais que o equivalente

    diurno; tambm a hora noturna de trabalho de 52 mi

    nutos e 30 segundos, isto , a cada 7 horas trabalha 3S

    das, recebem-se 8 horas

    As razes econmicas da instalao dos turnos

    de trabalhoderi vam de vrios fatores, entre os quais

    pode-se citar a necessidade da amortizao rpida de

    mquinas e outros equipamentos, as. elevadas taxas de

    capi talizao de uma produo, a obsolescncia tcnica

    de materiais em constante evoluo devido s inova-

    es tecnolgicas e s exigncias de produo, a pe-

    quena margem de lucro do produto,o que demanda maior 105 109 12l 159

    uso do equipamento 109

    MAURICE estima que na indstria automobils

    tica,601 a 701 das mquinas tornam-se obsoletas an-

    tes que estejam desgastadas fisicamente. Uma das cau

    sas seria a pequena" "vida" comercial de determinado

    ""'10 llbliot" oo,U!",.talao fACULDADE DE SADE PUIlIU .IYHSIIIADf Df 510 PAutO

  • -12-

    modelo.

    Pode-se deduzir do Imposto de Renda das empr~

    sas a depreciao dos equipamentos e ins tal aes , o que

    vem a favorecer aqueles que possuem vrios turnos

    de trabalho, pois o fator de multiplicao para cl-_ _ 14"

    culo da depreciaao aumenta com o numero de turnos .

    O aumento do capital tem importante papel na

    acelerao do crescimento econmico, ao mesmo tempo 84 96 109

    que contribui para aumentar as ofertas de emprego

    O pleno uso das mquinas depende da sua u-

    tilizao por mais pessoal em diversos turnos di -84 96 13"

    rios A utilizao do trabalho em turnos nos

    pases em desenvolvimento, principalmente naqueles

    de rpida industrializao, tem sido uma boa opo

    econmi~a, dada a existncia de abundante mo-de~ra 25 8" 164

    e ~scasso capital 36

    CARPENTIER e CAZAMIAN sao contrrios a im-

    plantao dos turnos, se introduzidos apenas por mo-

    tivos econmicos.

    Tm-se noticiado recentemente, os nveis ele-

    vados da capacidade ociosa industrial brasileira,com

    possveis conseqUncias desastrosas para a indstria,

    atraso tecnolgico, perda de "know-how" pela demisso

    de pessoal qualificado, aumento da ineficincia e re

    duo na competitividade 1

    Em pocas com grande potencial de vendas, ce!

    tos produtos sao manufaturados err, grane escala havencio

    freqUentemente a necessidade de instalarem.,. se 2 ou 3 tur

    nos dirios, a fim de completar a demanda. Por outro

    lado, deixando de existir sada para os produtos,no

    dispensadas as novas turmas admitidas*.

    Hoje existem acordos coletivos realizados entre va-

    *Observao pessoal em indstrias metalrgicas

  • -13-

    rios sindicatos de trabalhadores e empresas, que re-

    gulamentam a estabilidade dos empregados durante cer ~ 57

    to per~odo

    Com a desacelerao do crescimento econmico

    brasileiro, ocorrida principalmente a partir de 1980,

    previu-se uma sensvel queda no nmero de trabalhado 57

    res em turnos e o aumento acentuado dos nveis de ~ 2

    desemprego em nosso Pa~s .

    O levantamento efetuado pela Federao das In

    dstrias do Estado de So Paulo d conta da reduo

    do nme

  • 13 109 196 problemas psicossomticos

    -14-

    Concentram~se as pe~quisas dos ritmos biolgico~ em

    dezenas de investigaes realizadas

    j que muitos problemas resultam da desin

    cronizao de. padres temporais, em resposta a con-

    flitos entre ritmos biolgicos endgenos e exigncias 10

    ambientais

    o termo "ritmo circadiano" tem sido aplicado

    s flutuaes orgnicas que ocorrem no espao aproxi

    mado de 24 horas

    o mundo biolgico est sincronizado em pero-

    dos regulares, quando se realizam as atividades di-

    rias ligadas sobrevivncia, vida social, traba-

    lho, lazer. Nos seres vivos-estas atividades depen-

    dem de mecanismos auto-reguladores, endgenos e ex-

    genos.

    Os fatores exogenos tambm chamados de "zeitgebers"

    so importantes sincronizadores das funes biolgi-

    cas, especialmente os'ligados vida social e profis 17

    sional

    As flutuaes na produo e liberao de sub~

    tncias hormonais, de eletrlitos, da excreo de me

    tablitos, nas funes respiratrias e cardiocircula

    trias etc. mant~m padres rtmicos intimamente as-64046137

    sociados com certas atividades dos indivduos

    Entre estas, pode-se citar o ciclo s6no-vi-

    glia, como um dos elementos mais importantes na ma-" nuteno do equilbrio e responsvel em grande par-

    te pela adaptao dos trabalhadores aos seus horrios ,~

    10 30 36 95 149 196 de atividade

    ASCHOFF 18

    ressalta a influncia do ciclo sono

    -viglia e das ref~ies, na atividade de vrias fun

  • -15-

    es rtmicas, como o ritmo da temperatura corporal,

    a excreo urinria das catecolaminas, os nveis de

    cortisol plasmtico, de sdio, potssio, clcio, do

    desempenho em testes experimentais.

    Em grande nmero de esquemas de turnos, o te~

    po de sono deslocado para perodos diurnos; isto

    significa que "o trabalho em turnos deve ser o que

    causa maiores perturbaes nos padres de sono e vigi 9

    lia, nas sociedades industrializadas KNAUTH e

    RUTENFRANZ 88

    relatam qu~ pelos dados da literatura,

    as queixas concernentes s dificuldades de sono sur

    gem em 90\ ou mais das pesquisas, entre os trabalha-

    dores dos turnos noturnos, e mais raramente entre os

    turnos diurnos (de 5 a 20\).

    Fatores externos podem aI terar a qualidade 9 97 112 179 184 9 87 184 e a durao do sono Este

    3 7 150 influenciado pelas condies de habitao

    d . 9 22 88 92 179 pela hora de ir orml.r , pela id~

    de 7 12 6 1 1 O 9 1 12 1 4 l' ~ 81 1 o 9 1 4 1 1 5 o

    , pelo rUl.do , es tado 12 150 1 87 109 1" 150

    civil idade das crianas , locali-_ 1

  • -16-

    diurnas presentes em grande parte do ano em muitos

    pases, alm do grande nmero de pessoas que moram

    nas modestas residncias dos t-rabalhadores e sua 10-

    calizao inadequada em- reas ruidosas, fazem com que

    o sono diurno seja mais difcil, entre ~s trabalhad2

    res em turnos dos pases em desenvolvimento. Isto se

    ria um dos fatores que tornaria o trabalho em turnos

    "mais rduo" nestes pases, do que nas naes indus-

    trializadas. 66

    FORET lembra que,freqtientement~ encontram~

    -se associadas as dificuldades de sono e a incapaci-

    dade de continuar trabalhando em turnos. 179 ".

    TEPAS esquematiza os crescentes problemas

    do sono dos trabalhadores-em turnos:

    Perda aguda de sono

    Oficits crnicos do sono

    Cochilos

    Lapsos de vigilncia

    Desempenho prejudicado 179

    O autor chama a ateno para resultados de pesqui-

    sas que resultam exclusivamente de relatos dos trab~

    lhadores. Estes podem no se dar conta do que real-

    mente lhes es t acon tencendo, como nas si tua-es de

    lapsos de vigilncia e cochilos ("micro-sleeps' em ln

    gua inglesa).

    As tendncias atuais recomendam a introduo de co-

    chilos i noite, para evitar dficits crnicos de so-10e 117

    no, assim como para melhorar os sintomas de fadiga

    91 KOGI apresenta um resumo (tabela 1) dos pri!!

    cipais esquemas de trabalho em turnos e os problemas

    que estes apresentam em relao aos distrbi~ de so-

  • -17-

    no. Este autor baseou-se nos resultados da pesquisa

    realizada em 1979, pelo "Shift Work Committee, Japan

    Association of Industrial Health."

    A utilizao do trabalho em turnos est asso-

    ciada a problemas digestivos, principalmente verifi-

    cada entre os trabalhadores no adaptados aos siste-

    mas noturnos e rodiziantes. 3 182

    As pesquisas de AANONSE~ e TP~lS-EVENSEN e mais 16

    recentemente a de ANGERSBACH e colo mostraram que

    a incidncia de ausncias mais elevada entre aque-

    les indivduos que se transferiram para os turnos di

    urnos por razes mdicas. 92

    KOLLER e colo 'ao estudarem os problemas de

    sade e os inconvenientes relativos s famlias de

    trabalhadores em turnos. de uma refinaria de petr-

    1eo observaram que aqueles que "abandonaram" os tur

    nos pelo trabalho diurno no se encontravam to ada~

    tados quanto seus colegas diurnos. Entretanto, os

    mais graves problemas" gastrintestinais e cardiovas

    culares foram observados entre os que permaneceram

    sempre nos turnos. 16 e

    TASTO e colo em estudo efetuado entre en-

    fermeiras e processadores de alimentos que trabalha-

    vam em diversos esquemas de turnos, verificaram que

    os problemas de sade (fadiga, distrbios gastrin-

    testinais, ingesto de bebidas alcolicas, satisfa-

    ao familiar) eram mais srios entre os trabalhado-

    res dos turnos rodiziantes. 29

    BRANDT ao analisar a freqUncia de, doenas

    entre trabalhadores de fbricas de automvel, fundi-

    ao e txtil, encontrou maior morbidade entre os tra

    balhadores mais jovens (at 30 anos) de 3 turnos.

  • -18-

    Tabela 1

    Esquemas de turnos e "seus possveis efeitos no sono

    Sistema de Ciclo rota turno o - diaS

    I Dias duplos

    descontnuos 14

    II Sistema des

    contnuo diu-no

    turno 14

    III Trs turnos

    semi-contnuos 21

    IV Dois turnos

    contnuos 3-4

    Trs turnos

    contnuos

    a) trs equipes 9-21

    b) quatro equipes 8-20

    V Dias alterna

    dos 2

    Nmero de noi tes consecutI" vas

    -

    5-6

    5-6

    1-2

    3-7

    2-5

    1

    VI Irregulares irregular variado

    VII Turno notur-

    no pennanente 7 3-6

    Condies que le-vam acumulao de dfici ts de sono

    1, 2

    1, 2,3, 4

    2, 3

    1, 4, 7

    1,2,3,5,6

    2, 3, 6

    1,4,6,7

    2,3,4,6

    1,2,3,4,7

    1) Longas horas de trabalho ou trabalhar 2 turnos juntos 2) Deslocamento da fase do sono por turno noturno di-

    reto ou matutino . 3) Curto perodo entre turnos 4) Elevada freqUncia mensal de turnos noturnos 5) Longo intervalo entre folgas 6) Pouco tempo livre aps turno noturno 7) M distribuio do tempo livre

    Fonte: KOGI 91

  • -19-

    o Em estudos de reviso bibliografica AKERSIEUf e

    13 15 109 36 colo , ANDLAUER , MAURICE , CARPENTIER

    AGERVOLD 5

    , RUTENFRANZ e colo 152 197

    , WINGET ,HADENGUE 75

    e col. afirmam que o trabalho em turnos causaria

    direta ou indiretamente problemas digestivos e ps-

    147 RUTENFRANZ ressalta que os problemas digestivos e~

    tariam ligados basicamente ingesto irregular dos

    alimentos, associados a outras fontes de stress que

    potencializariam os efeitos do trabalho em turnos.

    O hbito de fumare a ingesto de bebidas alcolicas

    influenciam na incidncia dos distrbios gastrintes

    tinais e so importantes para serem pesquisados. 1'5

    REINBERG e col. .discutem a "tolerabilida-

    de"do trabalho em turnos baseando-se em trs pontos:

    os problemas digestivos (dispepsia, gastrite, lcera

    pptica, colite), os psquicos (irritabilidade e fa-

    diga persistente que no melhora aps o repouso) e

    os de sono (ter ins~ia e ou, acordar freqUentemente

    durante o sono).

    COLQUHOLN e RUTENFRANZ3

    analisam as relaes

    entre as situaes de stress, resultantes das ruptu-

    ras dos ritmos fisiolgicos causados pelo trabalho

    em turnos e a demorada volta condio de normalid~

    de destes ritmos C"re-entrainment" em lngua inglesa)

    no alterado ciclo da viglia e do sono. Esta situaoo

    induziria a um esforo excessivo nos trabalhadores,

    que poderia afetar sua eficincia no trabalho, sua

    sade e sua vida, nos planos familiar e social.

    Um certo nmero de "variveis intervenientes" agiriam

    separadamente ou combinados, durante este processo.

    (Figura 1)

  • -20-

    Figura 1 - Interelaes entre stress e esforo, e as influncias das

    variveis intervientes.

    I S~res! I Esforo excessivo , Mudana de fases / Potencial:

    ineficincia sade prejudicada relaes perturb~

    nas horas de tra balho e de sono

    Variveis in-

    tervienentes

    - Caractersticas

    individuais

    das

    {

    idade personalidade adaptabilidade fisiolgica

    Fatores relacionados~

    - Trabalho (carga fsica e mental das tarefas, esqu~ ma de trabalho)

    - Condies ambientais

    - Ci rcuns tnciaS{ es tado c i vi 1 nmero de crianas

    domsticas na casa 'c9ndies de habita

    ao

    FONTE: COLQUHOUN & RUTENFRANZ~3

    A utilizao do tempo pode vir a comprometer

    f .. l7 68 115 127 128 151 189

    interesses pessoais e am1l1ares

    Os efeitos do trabalho em turnos dependem dos esque-

    mas de turnos adotados assim como da personalidade

    do trabalhador

    BROWN 3l 27 e BLAKELOCK discutem os problemas

    ligados sincronizao das atividades culturais, fa

    miliares e de trabalbo, nos sistemas de turnos, e a

  • -21-

    participao dos trabalhadores nestas.

    S~gundo estes autores, o trabalho em turnos torna

    problemitica a integrao social do trabalhador, no

    momento em que a sociedade estabelece horrios infle

    xveis para certas atividades.

    BLAKELOCK 12 172

    e TAYLOR comentam a prefern-

    cia dos trabalhadores em turnos para atividades mais

    soli tirias, tais como "hobbies" domsticos, pescarias,

    viagens em horirios com pouco movimento.

    KHALEQUE e RAHMfu~ 86

    em recente estudo entre

    trabalhadores de 3 turnos fixos e com rodzio sema-

    nal, encontraram elevadas procentagens de trabalhad~

    res dos turnos fixos-vespertinos e noturnos - que re-

    clamaram da interferncia.do trabalho em sua vida do

    mstica e soci~l. so

    CZEISLER e colo ressal taram que, a ausen-

    cia do rodzio resulta para os trabalhadores num am

    biente com "sincronizadores" conflitantes e estes a-

    dotam as atividades diurnas durante os dias de folg~

    Por outr,o lado, estes autores propem rodzios a ca-

    da 21 dias, com a mudana de horrios obedecendo a

    seguinte seqUncia: manh ---. tarde---. noite--

    ---~ manh, em vez dos tradicionais rodzios sema-

    nais.

    ASCHOFF la ao avaliar a direo da mudana nos

    rodzios, verificou que se torna mais ripido o reto!

    no normalidade da temperatura corporal, quando o

    rodzio feito respeitando-se a ~equncia de hor-

    rios que so posteriores queles em que o indivduo

    se encontrava trabalhando. Por exemplo, se o turno

    vai das 15:00 s 23:00 horas, no prximo rodzio o

    horrio de trabalho deveria ser das 23:00 s 7:00 ho

  • -22-

    raso Isto seria especialmente vlido nos indivduos

    que apresentam perodos rtmicos mais longos. 194 191

    WEDDERBU~~ e WALKER so contra os esqu~

    mas de turnos com longo rodzio (acima de 6 dias).

    Segundo pesquisas por eles realizadas, o rodzio r-

    pido (2 x 2 x 3) produziu resultados satisfatrios

    em termos de fadiga e monotonia quando comparado com

    o sistema ( 6 x 2). Muitos homens casados passaram a

    preferir tais sistemas de rotao rpida, pois que

    consideravam como uma das caractersticas indesej':

    veis do 'rodzio semanal, o fato de deixarem as espo-

    sas sozinhas noite, quando realizavam o turno ves-

    pertino e noturno. 2 I

    BANKS tambm notou insatisfao entre as

    esposas dos trabalhadores de uma fundio, que reali

    zavam rodzio mais longos que 7 dias 29

    BRANDT recomenda turnos com rpido rodzio,

    para impedir "uma somao dos danos noturnos". 156

    SAlTO estudou a distribuio do tempo de

    trabalhadores em sistema de turnos fixos noturnos no

    seguinte esquema: 3 noites com 12 horas de trabalho,

    seguidas de 4 noites de folga. primeira vista, o

    fato de ter tantos dias de folga permitiria aos tra-

    balhadores realizar um grande nmero de atividades

    de lazer com a famlia e amigos. Mas foi observado

    que devido aos dbitos de sono acumulados durante as

    3 noites de trabalho, grande parcela de tempo de fol

    ga do 1 9 dia era destinado a equilibrar este dficit.

    "Sincronizadores" - fatos e situaes de carter do-mstico, social e biolgico, que atuando simultnea ou alternadmente, 'facilitam aos indivduos que tra-balham em turnos, re~ntegrar-se nos cursos normais de seus ritmos biolgicos:

  • -23-

    No 49 dia, as atividades ficavam restritas, e os tra

    balhadores dormiam mais, preparando-se para as prxi

    mas noites de trabalho. Isto refora a tese de RU-151

    TEKFRANZ e colo de que, as possibilidades de par-

    ticipao do trabalhador em turnos,em atividades !?~

    ciais e familiares ficam bastante limitadas se a du-

    raao do trabalho se ~rolongar alm das 8 horas di

    rias.

    Em 75\ das 150 entrevistas realizadas por

    CONROY e MILLS 46 , foi manifestada a preferncia. pe-

    lo trabalho em turnos com a alegao de que h menor

    necessidade de fazer horas extras.

    ADLER e ROLL 4

    tribuio do tempo

    chamam a ateno para. a dis-

  • -24-

    la ti vamente longo, poderiam de.tectar os ass im chama-_ 16

    dos "efeitos alongo prazo" do trabalho em turnos 175

    TAYLOR e POCOCK realizaram um estudo sobre

    a mortalidade entre trabalhadores de 10 empresas, cQ

    brindo um perodo de 13 anos. No encontraram dife-

    renas significativas nas taxas de mortalidade de tra

    balhadores diurnos e de turnos; mas entre aqueles

    que desistiram do trabalho em turnos, a taxa foi sis.-

    nificantemente mais elevada que seus colegas diurnos. 93

    KUNDI e col. analisaram a natureza multifatQ

    rial dos problemas dos trabalhadores em turnos. Eles

    sugerem que "a satisfao no trabalho e as atitudes

    frente ao trabalho em turnos tem papel central no me

    canismo de formao dos problemas de sade nos traba

    lhadores. A instabilidade das relaes entre a vida

    familiar. a situao de trabalho e os hbitos de so-

    no afetaro a sade diretamente ou aumentaro os fa-

    tores de risco." 93

    Num estudo realizado ~or estes autores entre in

    divduos que trabalhavam numa refinaria de petrleo

    em 3 esquemas de turnos com rpido rodzio. e seus co

    legas diurnos, foram pesquisadas 6 variveis pass-

    veis de influir na sade dos trabalhadores.

    Os resultados mostravam que existem razoveis dife-

    renas entre as estruturas causais na formao de

    problemas de sade entre os trabalhadores em turnos.

    quando comparados com seus colegas diurnos (figura2}.

  • -=25-Figura 2

    Estruturas causais na formao de problemas de sade enTre' os trabalhadores em turnos (A) e diurnos (B)

    -( . 39)

    A ( . 56) ( . 25)

    J

    ( . 31)

    (.26) ( .6) F R H

    (.20)

    (.36)

    5

    ( . 24) (.30)

    ( . 45) J

    ( . 37)

    ( . 1) R H

    5 (.25)

    FONTE: KUNDI, KOLLER, CERVINKA & HAIDER (93 )

    As variveis includas nas anlises foram: situao da famlia (F), atitudes frente ao trabalho em turnos (A); situao de trabalho, problemas de sono (5), satisfao no trabalho (J), fatores de risco (R) e estado de sade (H).

    Entre parenteses encontram-se os coeficientes de correlao das di versas variveis estudadas.

  • -26-

    76 HAIDER e colo expressam na figura 3 , a CO!!!

    plexa interao dos efeitos do trabalho em turnos e

    dos numerosos fatores que seriam importantes para a

    adaptao dos indivdios. Devem ser notadas as posi-

    es centrais que os problemas do sono, a situao

    familiar e as atitudes frente ao trabalho, assumem

    nos fatOres de risco e no conseqUente estado de saG-

    de dos trabalhadores.

    Tem-se a impresso ao ver um modelomultifato

    rial, que as diversas variveis influenciam sempre

    com a mesma intensidade os trabalhadores envolvidos. 76

    Entretanto, HAIDER e colo ao analisarem dados de

    sua pesquisa verificaram que o "peso" destes fat~

    res varia com o tempo de exposi,o aos turnos (figu-

    ra 4). Da a necessidade de serem cuidadosamente pes

    quisadas as coortes de trabalhadores levando em cotta

    esta varivel.

  • Figura 3

    Fatores de risco

    Queixas

    o estado de

    sade

    Comporta-mento de

    sono

    -27...;

    ~._..." Situao trabalho

    Modelo de uma estrutura complexa de interao dos efeitos

    do trabalho em turnos

    FONTE HAIDER e! caL

  • -28-

    Figura 4

    Pesos para diferentes grupos de variiveis caracterizando

    sua capacidade" de modificara estado de sade, segundo di-

    ferentes graus de exposio ao trabalho em turnos

    Peso

    .5

    .....L 1-3

    -L 4-6

    -L.. 1- 12.

    Comportamento do sono

    Fatores de risco Atitude face trabalho em turnos

    _--r-r. Tipo matutino/vespertino

    -L.. 13 -.22.

    Tenso no trabalho

    Atividades sociais Sat1sfaao no trabalho

    -L.. 23-40

    Tempo de trabalho em turnos

    76 FONTE: HAIDER e cal.

  • -29-

    2.3 Critrios de seleo e organizao dos turnos

    A adoo de critrios na seleo dos trabalha 32

    dores em turnos e recomendada. BRUSGAARD 151 147

    RUTENFRANZ e colo e RUTENFRANZ discutem

    os problemas de sade como um dos critrios na esco-

    lha de trabalhadores. No devem preferencialmente t~

    balhar noite ou em horrios que lhes tragam hbi-

    tos irregulares de sono, e ou, das refeies, os in-

    divduos que apresentam histrias pregressas de dis-

    trbios digestivos, diabetes. doenas cardacas, tu-

    berculose, epilepsia, problemas mentais envolvendo

    estados depressivos e aqueles que sofrem de crnicas

    dificuldades para dormir. _

    Por outro lado, critrios para a seleo dos

    trabalhadores em turnos tm sido cada vez mais utili " 1 3 1

    zados. Estudos realizados por OSTBERG FOLKARD e 63 o 185

    colo TORSVALL e AKERSTEDT ,COLQUHOUN e 42

    FOLKARD permitem separar os indivduos em tipos

    "matutinos" e "vespertinos" de acordo com suas cu r-

    vas de temperatura corporal, hbitos de sono, distri

    buio de horri~de atividade (horrios habituais

    de despertar e ir dormir e alimentao). Os indiv-

    duos "matutinos" apresentariam melhor desempenho em

    turnos que se iniciam pela manh, mas maior dificul-

    dade em se adaptarem aos turnos noturnos. pelo fato

    de se levantarem normalmente mais cedo que os "ves-! 3 1

    pertinos". 6 3

    Um questionrio elaborado por FOLKARD e ISS

    TORSVALL avalia a capacidade que tem o indiv-

    duo de se ajustar a diferentes ritmos de trabalho, fle

    xibilidade nos hbitos do sono, s preferncias pelo

  • -30-

    horrio de atividade. Entretanto,no devem ser esqu~

    cidos outros componentes objetivos, tais como: anli

    ses dos ritmos circadianos, a avaliao mdica dos

    candidatos ao~ turnos, a aplicao de testes de per-

    sonalidade para detectar eventuais dificuldades .. para

    o futuro trabalhador em turnos e os problemas situa-

    cionais (ou sdja, os fatores ligados ~ vida do ~raba

    lhador: habi tao, acei tao da famlia dos horrios

    de trabalho s,

    etc.) .

    KNAUTH e RUTENFRANZ 89 baseando-se em crit-

    rios fisiolgicos, psicolgicos e sociais, propenas

    seguintes recom~ndaes para o estabelecimentd de es

    quemas de turnos:

    a) Organizar perodos de t raba1ho curtos e flexveis,

    a fim de reduzir os dbitos acumulados de sono ,

    aps vrias noites de trabalho.

    b) Um sistema de turnos

    secutivas de traballio.

    deve ter poucas noi tes con

    c) Os turnos matutinos nao devem ser iniciados muito

    cedo.

    d) Evitar pequenos intervalos de tempo entre o fim

    de um turno de servio e seu reincio no dia se-

    guinte.

    e) Os esquemas de turnos devem ser regulares com ci-

    cIo de rotao nao muito longo e rodzio direto

    (manh ----") tarde ----> noite ----) manh).

    f) Compor os esquemas de turnos com o maior nmero

    possvel de fins-de-semana livres, com pelo menos

    dois dias de folga .

  • -31-

    g) Estabelecer a durao do trabalho em funo do e~

    foro fsico e mental necessrios i realizao da

    tarefas.

    Observa-se nestas propostas, uma constante e

    crescente preocupao em proporcionar ao trabalhador

    uma vida com padres prximos aos diurnos. O aspecto

    organizacional , portanto, de fundamental importn-

    c~a para a manuteno de vrios turnos de trabalho,

    com um mnimo de queixas e de problemas de sade. 35

    A legislao brasileira preve perodos de

    descanso entre 2 turnos no inferiores a 11 horas.

    Nos casos onde houver necessidade de continuidade do

    trabalho, dever ser estabelecida escala de reveza-

    mento, de maneira que num perodo mximo de 7 sema-

    nas o empregado tenha (apenas!) pelos menos 1 domin-

    go de folga. As demais folgas recairo sobre outros

    dias quaisquer.

    O projeto de lei n 9 2190, acrescenta disposi-

    tivo ao artigo 58 da C~nsolidao das Leis do Traba-

    lho, de 1/5/43, fixando em 6 horas, a jornada de tra

    balho dos que exercem suas atividades em regime de

    turnos rodiziantes

  • -32-

    3. ABSENTISMO NO TRABALHO EM TU~~OS

    3.1 Definies de conceitos

    A ausncia no trabalho, qualquer que seja o a 3

    motivo, representa um fator de baixa prodtividade.

    '+5 O Sub Comit de Absentismo, pertencente a Co-

    misso Permanentes e Associao Internacional em Sa

    de Ocupacional, estabeleceu as seguintes definies:

    a) Absentismo: "so as ausncias dos trabalhadores

    ao trabalho, naquelas ocasies em que seria de es

    perar sua presena, por razoes de ordem mdica ou

    quaisquer outras".

    b) Absentismo-doena: " a ausncia ao trabalho atri-

    buda doena ou leso acidental, e como tal, a-

    ceita pela entidade empregadora ou pelo sistema

    de previdncia social".

    3.2 Morb idade

    Estudos de absentismo envolvendo grande nume-

    ro de trabalhadores em turnos mostraram taxas de fre

    qUncia e durao de ausncias por doena e por ou-

    tros motivos, mais baixas entre estes trabalhadores

    quando comparados com seus colegas diurnos. Pesqui-169 171

    sas neste sent.ido foram realizadas por TAYLOR 177 3 136

    TAYLOR e colo , AANONSEN , POCOCK e colo 182 l..6 38

    THII5-EVENSEN Al\GERSBACHe coJ. ,CHEVROLLE , den-

    tre outros.

  • -33-

    182 3 TIlIIS-EVENSEN e AANONSB! preocuparam-se em

    separar dentre os trabalhadores estudados, aqueles

    que deixaram o trabalho em turnos por razes mdi-

    cas, _e lou sociais, transferindo-se para horirios

    permanentemente diurnos. A incidncia de faltas por

    doenas, com predominncia de distrbios nervosos ou

    digestivos neste grupo de ex-trabalhadores em turnos,

    foi superior a dos trabalhadores diurnos, e destes,

    maior que dos trabalhadores em turnos que nao se

    transferiram.

    16 col.

    Semelhante situao encontrou ~~GERSBACH e

    ao levar adiante recentemente, um estudo re-

    trospectivo numa indstria qumica. As observaes

    levaram a concluir que os-ex-trabalhadores em turnos

    apresentaram quase o dobro do absentismo-doena, que

    seus colegas diurnos e de turnos. 169

    TAYLOR analisou trabalhadores de uma inds

    tria petroqumica entre 1962 e 1965 e verificou que

    os trabalhadores em turnos rodiziantes semanais apr~

    sentaram menor nmero de faltas por homem-ano, e du-

    rao tambm menor destas que seus colegas diurnos. 177

    Uma outra investigao de TAYLOR e colo ,realizada

    entre 1968 e 1969, incluiu vinte e nove empresas, com

    965 trabalhadores empregados em diversos tipos de

    turnos (trs turnos descontnuos, trs turnos cont-

    nuos com ripido rodzio, dias e noites alternados e

    turnos permanentemente noturnos) e 965 trabalhadores

    diurnos.

    Foi usada a tcnica de duplas comparaoes por idade,

    trabalho e tempo de servio. O arranjo de trabalho

    que apresentou as menores ausncias, para faltas de

    curta durao (at -trs dias) foi o de ripido rod-

    5.,.1\0 d. Ilbli."ca Doc.m .... \i1 UCUlOIOI OI SIOI PIUO IJIIIVU(:lnUI= ns:

  • -34-

    zio (a cada dois ou trs dias os trabalhadores troca

    vam o horrio de trabalho).

    Entre as causas que provocaram os afastamentos, to-

    das (com exceao da lcera pptica) tiveram incidn-

    cia ligeiramente superior entre os trabalhadores diur 111

    nos. Segundo os autores, possvel que antes

    da realizao desta investigao, alguns indivduos

    tenham deixado o trabalho em turnos transferindo -se

    para o servio diurnb. mas, aque les que o fi zeram por

    motivos de sade foram excludos da pesquisa. Levan

    tam a hiptese de que o "absentismo-doena no seja 176

    sintoma de morbidade" Esta afirmao est In

    de

    acordo com o comentrio de MONIZ pois segundo

    este ..... a penalizao disciplinar e a inferioriza-

    o moral, foram influenciando o trabalhador que fa!

    ta ao servio, na maior parte dos casos, a invocar a

    doena como motivo. at por lei de menor esforo". 133

    OWEN tambm afirma que ..... a penalizao ,

    do empregado que se ausenta pode reduzir o absentis-

    mo". Estes pontos de vista geralmente no so acei-

    tos pelos sindicatos e trabalhadores que veem nas au

    sncias, motivos bastante justificveis.

    H COLLIGAN de opinio que o absentismo p~

    de estar mais em funo da motivao do trabalhador

    do que representar um problema de sade. 65

    FONTES ao tecer consideraes sobre a pr~

    dutividade do trabalhador brasileiro ressalta a im-

    portncia das relaes de trabalho. do empobrecimen-

    to das tarefas. das ocupaes. do ambiente e condi -

    es de trabalho. entre outros, no absentismo dos !Ta

    balhadores.

  • -35-

    Considerando-se o trabalho de um prensista,

    com suas caractersticas montonas e as condies do

    ambiente de trabalho, nada deveria impedir as ausn -

    cias, exceto a perda salarial!

    122 _ NICHOLSON e colo chamam a ateno para a

    necessria distin~o entre a "motivao de compareci-

    mento" e o "comportamento que leva o indivduo a se

    ausentar". Para o primeiro, haveria a identificao

    com interdependncia fsica e psicolgica entre o tr~

    balhador e a empresa. As ausncias seriam as respos-

    tas ao desconforto, a fatores intrnsecos do trabalho;

    representariam comportamentos adaptativos frente a si -

    tuaes, hbitos, normas, problemas situacionais.

    176 111 TAYLOR e colo comentam que, o simples fa-

    to de encontrar menor nmero de episdios entre os tra

    balhadores em turnos, no justifica a sua implantao.

    Segundo esses autores, ..... os resultados podem ser

    consequncia de uma au\o-seleo dos prprios traba -

    lhadores em turnos aos altos nveis de satisfao no

    trabalho, ao senso de responsabilidade destes traba -

    lhadores, culminando em maior motivao para compar~

    cer ao trabalho".

    Admite-se tambm que, aqueles empregados que tendem

    a adoecer freqUentemente, evitam realizar trabalho em

    turnos, ou que os administradores selecionem os traba

    lhadores especificamente, para os sistemas de trabalho 8 133 16S 173 116 177

    existentes nas empresas.

    o processo de seleo de muitos grupos ocupa-

    cionais os torna bastante distintos da populao como 18

    um todo. ~o seria conselhvel transpor resultados

  • -36-

    observados numa populao especfica de trabalhdores

    em turnos, por exemplo metalrgicos, para trabalhado-

    res da construo civil ou de indstrias eletrnicas . * (TEPAS, 1982) .

    Em pocas de desemprego acentuado, os indivduos mais

    saudveis e com melhor capacidade de adaptao pode -

    ro ocupar postos de trabalho antes destinados ou ocu 18

    pados por outros tipos de indivduos.

    Em pesquisa realizada em nove empresas da Re-

    gio Metropolitana de So Paulo, no se encontrou uma

    exigncia especfica que co~stasse do e~ame pr - ad-

    missional e contra indicasse o trabalho em turnos.

    Aqueles indivduos que apresentavam boa sade fsica

    e mental no eram realmente admitidos, nem ao traba -58

    lho em turnos', nem ao diurno

    3.3 Aspectos organizacionais

    I 3 3 OWEN destaca tambm a natureza do trabalho

    influindo sobre o comportamento do empregado: "Quan-

    do o trabalho desagradvel, pesado, de baixo "sta -

    tus" , no oferece treinamento ou oportunidade de pr~

    moo, deve-se esperar que produza maior absentismo,

    * Comunicao pessoal

  • -37-

    que em outras atividades." Tambm sao variveis im-

    portantes no estudo das ausncias, o horrio de in-. 159 178

    C10 e termino dos turnos , freqUncia e direo

    do rOdzio, continuidade e descontinuidade do siste-178

    ma de trabalho 125

    NOGUEIRA ao estudar o absentismo-doena,

    entre trabalhadores' em turnos e diurnos, de ambos os

    sexos, em uma indstria txtil da Capital de So Pa~

    lo, encontrou maior nmero de episdios no turno m~

    tutino (06:00 as 14:00 horas), seguido pelos traba-

    lhadores diurnos (07:00 s 17:00 horas), e em tercei

    ro lugar, os engajados no trabalho noturno fixo (so-

    mente homens, das 22:00 s 06:00 horas).

    o menor absentismo ocorrera entre os trabalhadores do turno vespertino (14:00 s 22:00 horas).

    Os turnos matutinos e vespertinos eram organizados

    em regime. de alternncia semanal. t possvel que os

    resultados possam ser explicados em parte, pelas di-

    ficuldades em acordar muito cedo, o que reduziria o

    tempo de sono noturno. 71

    GARDNER e DAGNALL constataram nao haver e-

    vidncias que mostrem tendncias para modificao do

    absentismo por doena, ao ocorrer uma mudana de tur

    nos. de 8 para 12 horas por dia, em traba-lhadores de

    uma refinaria e petroqumica.

    WALKER 191 estudou as ausncias de um grupo de

    trabalhadores em turnos que modificaram seu esquema

    de trabalho, substituindo o rodzio semanal, pelo sis

    tema de rotao rpida (2 x 2 x 3) e (2 x 2 x 2) e

    verificou que os novos sistemas tiveram maior aceita

    o, principalmente pelos efeitos positivos na esfe-

    ra domstica e social.

  • -38~

    o absentismo-doena e o injustificado tambm tiveram

    reduo sensvel aps a implantao dec novos siste-

    mas. o 11 AKERSTEDT & TORSVALL observaram os efeitos

    sobre a sade aps modificaes nos esquemas de tur-

    nos de trabalhadores de uma aciaria sueca. A introdu

    ao de 3 turnos com rodzio semanal causou perturba-

    esna sade, contrastando com o esquema anterior

    de revezamento a cada 2 dias. O absentismo cdos traba

    lhadores em 3 turnos que foram transferidos para o

    horrio c diurno diminuiu significativamente. Os auto-11 16

    res comentam que um indicador decisivo dos efei

    tos do trabalho em turnos. pode ser a extenso do ab

    sentismo-doena. u 186

    VACEVA estudou a variao da morbidade en-

    tre 3325 trabalhadores txteis. organizados em um

    turno diurno, dois e trs turn6s rodiziantes semanais.

    O turno da tarde (das 13:00 s 22:00 horas) apresen-

    tou maior nmero de di'as perdidos e durao mdia

    das ausncias ligeiramente superior a dos turnos no-

    turnos e matutinos. O nmero dos casos de ausncia

    no incio da semana de trabalho (primeiros dois dias)

    mostrou-se mais elevado que no decorrer da semana.

    Trinta por cento dos trabalhadores sofreram proble-

    mas de"infeco das vias respiratrias superiores,

    sendo que aqueles que trabalhavam noite apresenta-

    ram maior morbidade que seus colegas diurnos. u 186

    VACEVA enumera os fatores meteorolgicos (mudan-

    as bruscas de temperatura, principalmente) como uma ~12S u 186

    das causas. Tanto NOGUEIRA como VACEVA encon-

    tratam resultados semelhantes, seja na prevalncia

    de doenas do aparelho respiratrio. como cno dia em

  • -39-

    que se iniciam as licenas (segundas-feiras). u

    VACEVA atribui fadiga, como um dos fatores predis-

    ponentes das ausincias dos trabalhadores em turnos,

    embora no haja efetuado testes que comprovem esta-

    dos debilitantes ou de baixo desempenho entre estes

    trab alhadores.

    o D~partamento de Emprego e Produtividade(DEP)

    da Gr-Bretanha realizou em 1968, pesquisa em 2.000

    empresas para avaliar a extenso do trabalho em tur-

    nos e horas de trabalho (inclusive horas extras), 118

    alm de outros aspectos referentes aos turnos

    o absentismo entre trabalhadores em turnos e diurnos

    apresentou-se em nveis "bastante prximos. As dife-

    renas mais acentuadas foram notadas nas ausincias

    voluntrias dos homens que trabalhavam em minerao

    (5,1% para trabalhadores em turnos e 3,8% para trab~

    lha dores diurnos). Computadas todas as causas de ab-

    sentismo, os trabalhadores em turnos apresentaram me _ o 118

    nos ausenClas que os d1urnos~.

    168 - dO f d TASTO nao encontrou 1 erenas nas taxas e

    ausincias de trabalhadores noturnos fixos e rodizian

    teso Entretanto, foram comparados enfermeiros com

    grupos de trabalhadores de indstrias processadoras

    de alimentos, o que torna difcil a comparao pura

    e simples! " 68 FROBERG relata sobre um amplo estudo efe-

    28 S4

    tuado na Sucia por BOSTRAND e ERIKSEN sobre ab

    sentismo e suas causas, quando foram comparados os

    trabalhadores pertencentes a dois, tris turnos, dias

    duplos, somente noturnos e diurnos. As taxas mais e-

    levadas de ausncias por doenas de longa durao

    pertenceram aos trabalhadores de dois turnos . No

  • -40-

    foi possvel tirar concluses definitivas acercad::s tra-

    balhadores de trs turnos.

    As ausncias por outras razes que nao doenas, fo-

    ram mais freqUentes entre as pessoas que trabalhavam

    em horrios irregulares. 1'>2

    QUAAS e TUNSGl estudaram 1577 casos de do-

    enas entre 1968 e 1969. Verificaram que o maior- n-

    mero de ausncias por doena ocorria no turno notur-

    no e no incio da semana, quando havia mudana dos

    horrios de trabalho. Gradativamente os casos iam di

    minuindo-, at novamente ocorrer o aumento no dia da

    troca dos turnos. Os autores consideram que estes re

    sultados no correspondem a um real estado de sade

    dos trabalhadores, mas s 'suas dificuldades em se des

    ligarem do seu meio social para irem trabalhar.

    A fim de verificarem qual a repercusso sobre

    as ausncias causadas por urna mudana na organizao 136

    de trabalho em turnos de urna empresa, POCOCK e colo

    compararam os registros de absentismo de 782 traba-

    lhadores, 12 meses antes e 12 meses depois da modifi

    cao de seu sistema de trabalho, do rodzio semanal

    para o rodzio rpido (continental). As ausncias m

    dicas aumentaram 36~, as injustificadas 29\. Houve

    queda de apenas 2\ nos demais motivos de faltas. Su-136

    gerem os autores que, a aceitao social no deve

    ser o nico fator a se considerar, quando a adminis-

    trao da empresa resolve modificar o sistema de tur

    nos. Recomendam o estudo em sistemas de rpida rota-

    ao, cuj os turnos noturnos _no s ej am os l timos an-

    tes da folga, ou naqueles em que no Inja um prmio para

    a presena no trabalho. 169

    TAYLOR tambm encontrou maiores ausncias

  • -41-

    de trabalhadores em turnos nos _dias que coincidiam

    com a troca dos turnos, porm, para os trabalhadores

    diurnos, a segunda-feira foi o dia que apresentou

    mais -indcios de faltas por doena. 198

    WYATT e MARRIOTT encontraram pequenas dif~

    renas entre as taxas de ausncia dos turnos notur-

    nos e diurnos, mas, quando os ciclos de rotao eram

    superiores a uma semana, o absentismo comeava a se

    elevar na segunda e subseqentes semanas de trabalho

    noturno. A mesma constatao foi feita por NICHOL~~ 123

    e Colo - que apontaram a importncia de fatores so-

    ciais (comunitrios e famili~res) nas causas das au--

    sncias injustificadas mais elevadas no fim dos ci-

    clos de rotao, que no seu princpio (notadamente

    antes dos fins-de-semana) ... "O elevado absentismo

    dos turnos da manh -e da noite pode ser devido i-

    nrcia dos trabalhadores para se decidirem a ir tra-_ _ 123

    balhar em horarios nao-sociais"

    3.4 Horas-extras

    192 _

    WALKER e DE LA MARE estudaram a incidencia

    e a durao de ausncias entre trabalhadores diurnos

    e noturnos fixos. As ausncias de longa durao(qua-

    tro dias a mais) foram superiores entre os trabalha-

    dores noturnos. No houve diferena quanto s ausn-

    cias de curta durao entre os diversos turnos de 192

    trabalho. Os autores admitem que pode ter havido

    uma auto-seleo entre os trabalhadores que preferem

    um ritmo de trabalho menos rduo, e uma atmosfera

    mais tmnqUilai noite. No foram constatada~ maiores

    ausncias nos perodos de trabalho com horas-extras,

  • -42-

    159 apesar de que muitos administradores queiram re-

    lacionar o absentismo com este fato. Os resultados

    foram justificados devido s horas extras terem sido

    realizadas voluntariamente, possibilitando aos fun-

    cionrios ajustarem suas horas de trabalho as suas

    necessidades financeiras.

    Outra evidncia que comprova este comportame!!

    t6 frente s horas-extras, g a pesquisa do Departa-119

    mento de Emprego e Produtividade da Gr-Bretanha

    Esta mostrou menores ausncias por todas as causas,

    entre os trabalhadores em turnos que realizaram gra!!

    de quantidade de horas extras, quando comparados com

    seus colegas diurnos e com-os trabalhadores em tur-

    nos que nao as faziam. 160

    SERGEAN e BRIERLEY em estudo realizado numa

    indGstria metalGrgica, encontraram menor absentismo

    no turno matutino. Entretanto, chamam a ateno para

    o fato que neste perodo ocorrera o maior nGmero de

    horas extras. No ~altr no turno diurno pode ser

    uma conseqUncia do atrativo representado pelas ho-

    ras extras, enquanto que no turno noturno tal esfor-

    o nao seria to compensador.

    Em pesquisa realizada entre nove empresas da 58

    regio metropolitana de So Paulo em 1981 , cons-

    tatou-se a existncia de prmios de assiduidade a

    trabalhadores em turnos. No faltar e/ou no se atra

    sar, representava para o trabalhador em uma das em-

    presas, atg 15% a mais de gratificao sobre o sal-

    rio-base. Em outra, o prmio queles que no tinham

    nais que cinco atrasos ou sadas antecipadas, era o

    ie receber refeies gratuitas durante um ms, acom

  • -43-

    panhada de carta defelici taes. Para evitar o ab-

    sentismo em feriados, tais como Natal, Ano Novo ,uma

    empresa pagara 200' a ma1S nestes dias, que o sali-

    rio normal. 17 a __

    TAYLOR. e colo conclu1ram que o pagamento e

    um importante fator a influenciar o absentismo-doen-

    a: " ... Os trabalhadores em turnos que tm como pri!! 3

    cipal motivao para ir trabalhar, o fato de ganha-

    rem mais, podem ser menos satisfatrios no comparec!

    mento ao trabalho que aqueles atrados por outros in

    centivos no-financeiros."

    Quando as horas-extras sao compulsrias, o ab

    sentismo pode tornar-se um problema e vir a ser uti-

    lizado pelo trabalhador como um instrumento para ob-178 192

    ter maior controle sobre seu tempo 195

    WEDDERBURN ressalta que, no deve ser per-

    mitido aos trabalhadores em turnos fazer horas-extras

    ou pedir que "dobrem" seu perodo de trabalho para

    "cobrir" a ausncia de um colega.

    3.5 Outros resultados e fatores que influenciam a fre-

    qUncia ao trabalho

    Alguns estudos conduzidos sobre absentismo en

    tre trabalhadores em turnos, mostraram ser estes, me-

    nos freqUentes ao trabalho, que seus colegas diurnos. 1 39

    Estudo realizado por PRADHA~ estudando en-

    tre 735 trabalhadores de uma indstria na ndia, de

    1960 a 1964, mostrou a ocorrncia de maiores ausn-

    cias, por todas as causas, para os trabalhadores do

    turno noturno (12%), quando comparados com seus cole

    gas diurnos (8%) e vespertinos (6%).

  • -44-

    29 BRANDT comparou ausncias por doena e aci-

    dentes de trabalho em trs indstrias (montadora de

    veculos, txtil e fundio) entre os trabalhadores

    diurnos e de dois e trs 'turnos. Os resul tadosmais

    desfavorveis foram encontrad'os nos sistemas de trs

    turnos, embora tais concluses sejam discutveis fa-

    ce a ausncia de testes estatsticos.

    REVERENTE e ARIOSA 146 analisaram os registros

    de 12 meses de consultas de 100 trabalhadores em tur

    nos e o mesmo nmero de empregados diurnos, numa in-

    dstria.de detergente e sabes. A mesma pesquisa se

    estendeu para 50 trabalhadores em turnos e diurnos

    de um hotel em Manila. Observou taxas de ausncias

    distintas entre os trabalhadores da indstria de sa-

    bes e do hotel. Os primeiros apresentaram taxas de

    ausncias por doena mais elevadas que os empregados

    do hotel. Os trabalhadores em turnos de ambas as em-

    presas faltaram mais por motivos de doena que seus

    colegas diurnos.

    DUMONT 53 ao reunir os dados de nove monogra-

    fias realizadas em pases em desenvolvimento, obser-

    vou no ser possvel concluir,que trabal