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 Introdução: O mapa Muito bem. Calma! Porque agora estamos em frente a uma montanha difícil de escalar: "Verbos Sânscritos" . Esse assunto pode tornar-se uma dor-de-cabeça se você não se aproximar dele de uma maneira correta. A maioria dos livros que tratam da gramática do Sânscrito simplesmente dão lista após lista de conjugações verbais com uma breve explicação que deixa você ainda mais confuso. O problema está no método. Primeiramente, você precisa de um "mapa" do terreno. Sem um mapa, você está arriscado a cair enquanto escala a montanha, porque talvez você escolha subir, em um certo estágio, num caminho perigoso. Então, o primeiro passo: Conseguir um mapa. E eu já tenho um para você. Aqui está o mapa. Estude-o com atenção: Mapa: Parte 1 TIPOS DE VERBOS NATUREZA VARIAÇÕES SUB- VARIAÇÕES NATUREZA PRIMITIVOS Estas são as raízes que existem originalmente em Sânscrito Dividem-se em dez gaa-s (casas ou classes). Existem dois grupos nessa divisão: a) 1a, 4a, 6a e 10a casas ou classes b) 2a, 3a, 5a, 7a, 8a e 9a -- Visto que são fracas, você terá que fortalecê-las de algum modo. A substituição Gua é um bom modo, certamente.

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Introdução: O mapa

Muito bem. Calma! Porque agora estamos em frente a uma montanha difícil de escalar: "Verbos Sânscritos". Esse assunto pode tornar-se

uma dor-de-cabeça se você não se aproximar dele de uma maneira correta.

A maioria dos livros que tratam da gramática do Sânscrito simplesmente dão lista após lista de conjugações verbais com uma breve

explicação que deixa você ainda mais confuso. O problema está no método. Primeiramente, você precisa de um "mapa" do terreno. Sem

um mapa, você está arriscado a cair enquanto escala a montanha, porque talvez você escolha subir, em um certo estágio, num caminho

perigoso.

Então, o primeiro passo: Conseguir um mapa. E eu já tenho um para você. Aqui está o mapa. Estude-o com atenção:

Mapa: Parte 1 

TIPOS

DE VERBOS NATUREZA  VARIAÇÕES 

SUB-

VARIAÇÕES NATUREZA 

PRIMITIVOS 

Estas

são as raízes que

existem

originalmente em

Sânscrito 

Dividem-se em dez

gaṇa-s (casas ou

classes). Existem dois

grupos nessa divisão:

a) 1a, 4a, 6a e 10a

casas ou classes b) 2a,

3a, 5a, 7a, 8a e 9a

--

Visto que são fracas, você terá que

fortalecê-las de algum modo. A

substituição Guṇa é um bom modo,certamente.

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casas ou classes

DERIVATIVOS 

Estes

são os verbos que se

derivaram de raízes

originais ou de

substantivos 

Podem derivar-se de

"qualquer" raiz

pertencente a

"qualquer" gaṇa (casa

ou classe). Resumindo,pertencem à casa ou

classe à qual pertence

a raiz original

Causativos ou

Ṇijanta-s

Comunicam a noção de "causa". Ex. de

"budh" (saber) deriva-se o Causativo

"bodhayati" (Ele/ela faz saber).

Desiderativos ou

Sannanta-s

Comunicam a noção de "desejo". Ex. de

"budh" (saber) deriva-se o Desiderativo

"bubhutsati" (Ele/ela deseja saber).

Frequentativos

(Intensivos) ou

Yananta-s

Comunicam a noção de "repetição" ou

"intensidade". Ex. de "budh" (saber) é

derivado o Frequentativo "bobudhīti"

(Ele/ela conhece frequentemente ou

intensamente. Ele/ela conhece de novo e

de novo).

Denominativos

(Nominal) ou

Nāmadhātu-s

São derivados de substantivos e

comunicam a noção de realizar, usar,

tornar-se, desejar, tratar, etc. com

respeito ao respectivo substantivo. Ex.

de "putra" (filho) é derivado o

Denominativo "putrīyati" (Ele/ela trata -

alguém- como um filho).

Mapa: Parte 2 

VOZES  NATUREZA  VARIAÇÕES  NATUREZA 

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VOZ ATIVA

(Kartariprayoga) 

É, de longe, a Voz mais usada. Ex. "Devadatta

come cevada" (Devadatto yavaṁ bhakṣati). -- --

VOZ PASSIVA 

Também é frequentemente usada. Divide-se em

duas classes, embora a Voz Impessoal também

seja considerada uma terceira classe do Passivo. 

Passivo propriamente dito(Karmaṇiprayoga)

Ex. "A cevada é comida por

Devadatta" (Devadattena

yavo bhakṣyate)

Reflexivo

(Karmakartariprayoga)

Ex. "A cevada é cozida"

(Yavaḥ pacyate)

VOZ

IMPESSOAL

(Bhāveprayoga) 

Embora seja uma Voz separada, é geralmente

considerada uma terceira classe do Passivo. Ex.

"Foi-se" (Gamyate). 

-- --

Mapa: Parte 3 CONJUNTOS DE TERMINAÇÕES  NATUREZA 

PARASMAIPADA (lit. "Palavra para outro") 

Quando o verbo é conjugado usando-se as terminações

pertencentes a este pada, então a ação denotada por ele é

"teoricamente" feita "para outro". A palavra "parasmai"

significa "para outro". Daí o nome. 

ĀTMANEPADA (lit. "Palavra para si mesmo") 

Quando o verbo é conjugado usando-se as terminações

pertencentes a este pada, então a ação denotada por ele é

"teoricamente" feita "para si mesmo". A palavra "ātmane"significa "para si mesmo". Daí o nome. 

Alguns verbos só são conjugados no Parasmaipada, enquanto outros só aceitam o Ātmanepada. Há verbos que aceitam ambos os pada-

s. O significado original desses dois conjuntos de terminações, isto é, "para outro" e "para si mesmo", está, de certo modo, perdida,

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hoje em dia. Entretanto, se você tiver que usar um verbo que pode ser conjugado tanto no Parasmaipada quanto no Ātmanepada,

então você deve utilizar o primeiro pada quando a ação denotada pelo verbo é "para outro" e o segundo pada quando é "para si

mesmo".

Mapa: Parte 4 

TEMPOS (KĀLA-S)  NATUREZA  EXEMPLOS 

PRESENTE (Vartamāna) 

Além do Presente usual, pode, às

vezes, ser usado para indicar um

"futuro imediato" ou até um passado 

"Ele vai à floresta"  -Sa vanaṁ gacchati- ["(Sa)... gacchati" =(Ele)

vai]

IMPERFEITO

(Anadyatanabhūta) 

Este é o primeiro tipo de passado em

Sânscrito. Indica um "passado

definido recente". 

"Ele foi à floresta ( recentemente )"  -Sa vanamagacchat- ["(Sa)...

agacchat" = (Ele) foi -recentemente-]

PERFEITO

(Parokṣabhūta) 

Este é o segundo tipo de passado em

Sânscrito. Indica um "passado

remoto". 

"Ele foi à floresta ( há muito tempo )"  -Sa vanaṁ jagāma- ["(Sa)...

 jagāma" = (Ele) foi -há muito tempo-]

AORISTO (Bhūta) 

Este é o terceiro tipo de passado em

Sânscrito. Indica um "passado

indefinido". 

"Ele foi à floresta ( mas não se pode dizer exatamente

quando )"  -Sa vanamagamat- ["(Sa)... agamat" = (Ele) foi -mas

não se pode dizer exatamente quando-]

FUTURO PERIFRÁSTICO

--1o futuro--

(Anadyatanabhaviṣyan) 

É o primeiro tipo de futuro em

Sânscrito. Indica um "futuro

definido, mas não próximo". 

"Ele dará comida (duas possibilidades aqui: -você sabe

exatamente quando ele o fará- e -você sabe que não o farátão cedo- )"  -So'nnaṁ dātā- ["(So)... dātā" = (Ele) dará -1o futuro-

]

FUTURO SIMPLES É o segundo tipo de futuro em "Ele dará comida ( duas possibilidades aqui: -você não sabe

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--2o futuro--

(Bhaviṣyan) 

Sânscrito. Indica um "futuro

indefinido e um próximo também". 

exatamente quando ele o fará- e -você sabe que o fará em

breve- )"  -So'nnaṁ dāsyati- ["(So)... dāsyati" = (Ele) dará -2o

futuro-]

MODOS (ARTHA-S)  NATUREZA  EXEMPLOS 

IMPERATIVO (Ājñā) 

Indica predominantemente "ordem".

Entretanto, também pode indicar

"súplica, indagação gentil, etc.". 

"Dê-me comida"  -Annaṁ me dehi- ("dehi" = Dê -uma ordem, nesse

caso-)

POTENCIAL (Vidhi) 

Indica predominantemente "ordem"

e "convite". Entretanto, pode

também indicar "dar permissão,

fazer uma pergunta, etc.". 

"O Yogī deveria murmurar o mantra"  -Yogī mantraṁ japet- ("japet"

= Deveria murmurar -um convite, nesse caso-) ou também "Vá à

floresta"  -Tvaṁ vanaṁ gaccheḥ- ("gaccheḥ" = Vá -uma ordem

cortês, desta vez-)

CONDICIONAL

(Saṅketa) 

Indica predominantemente

"condição". Contudo, também pode

ser usado "para indicar uma ação

passada ou futura, etc.". 

"Se tivesse bastante comida, eu ficaria feliz"  -

Subhikṣamcedabhaviṣyattadā sukhyahamabhaviṣyam- ["(ced)

abhaviṣyat" = (Se) tivesse -condição antecedente- e "(aham)

abhaviṣyam" = (Eu) ficaria -a possível consequência da condição-]

BENEDITIVO (Āśis) 

Indica predominantemente

"bendição". Contudo, pode também

ser usado "para expressar o desejo

de quem fala". 

"Que ela tenha sucesso!"  -Sā kṛ tārthā bhūyāt- ["(Sā)... bhūyāt"

= Que (ela) tenha! -um bom desejo-]

Como o SUBJUNTIVO (Saṁśaya) só é usado nos Veda-s, não será estudado aqui 

Submapa: Parte 1 

NÚMEROS  PESSOAS 

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Singular, Dual e Plural 

Três pessoas usando três números cada: 1o) eu, nós dois,

nós; 2o) você, vocês dois, vós; 3o) ele/ela, eles/elas dois,

eles/elas 

Submapa: Parte 2 

UMA MANEIRA ADICIONAL DE CLASSIFICAR TEMPOS E MODOS 

CONJUGÁVEIS (Sārvadhātuka)  NÃO-CONJUGÁVEIS (Ārdhadhātuka) 

O Presente, o Imperfeito, o Imperativo e o

Potencial.Chamam-se assim pois as raízes são "na maior

parte" transformadas em uma base especial antes de

adicionar-lhes terminações. 

O restante dos Tempos e Modos. Chamam-se assim porque

as terminações se combinam diretamente com a própria raiz

sem nenhuma transformação em uma base especial. 

Certo, esse é um bom mapa. Não está completo, entretanto. À medida que você aprender mais e mais, lhe darei outros mapas específicos

para que você use em zonas bem definidas da montanha. Não se preocupe, porque estou mostrando-lhe o caminho.

Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.

Ao início 

Nomes técnicos dos tempos e modos

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Em vez dos nomes longos, os gramáticos usam nomes técnicos (que são, em sua maioria, mais curtos que os originais) para designar os

Tempos e Modos. Visto que são muito úteis, você deveria esforçar-se para aprendê-los. São ferramentas de que necessitará para subir

pela gigantesca montanha dos Verbos. Aqui temos uma simples tabela onde você achará os nomes originais, assim como os técnicos.

Submapa: Parte 3 

TEMPOS (KĀLA-S)  NOME  NOME TÉCNICO 

PRESENTE  वरतमान  - Vartamāna  लट  - Laṭ 

IMPERFEITO  अनदयरनभ   रू  - Anadyatanabhūta  लङ  - Laṅ 

PERFEITO  पोभ   रू  - Parokṣabhūta लट  - Liṭ 

AORISTO  भ   रू  - Bhūta  ल   ङु  - Luṅ 

FUTURO PERIFRÁSTICO--1o futuro-- 

अनदयरनभवषयन    ्- Anadyatanabhaviṣyan ल   टु  - Luṭ 

FUTURO SIMPLES

--2o futuro-- भवषयन    ्- Bhaviṣyan ऌट  - Ḷṭ 

MODOS (ARTHA-S)  NOME  NOME TÉCNICO 

IMPERATIVO  आजा  - Ājñā  लोट  - Loṭ 

POTENCIAL  विध  - Vidhi विधलङ  - Vidhiliṅ 

CONDICIONAL  सङकेर  - Saṅketa ऌङ  - Ḷṅ 

BENEDITIVO  आस    ्- Āśis  आलतङ  - Āśirliṅ 

SUBJUNTIVO  संय  - Saṁśaya लटे  - Leṭ 

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Certo. E agora, você aprenderá algumas coisas sobre Dhātu (raiz) e Aṅga (base).

Ao início 

Dhātu e Aṅga

Dhātu significa "raiz verbal" e Aṅga significa "base verbal" no nosso seguinte estudo. É indispensável compreender plenamente esse tema

se você quer avançar rápido no aprendizado de Sânscrito. Algumas pessoas tentam passar direto desse ponto e como resultado têm

problemas mais adiante. Dentro da categoria de "Verbos Primitivos", há dez casas ou classes (gaṇa-s). Os "Verbos Derivativos"

pertencem à casa ou classe à qual pertenciam as raízes originais. Essas casas ou classes "geralmente" não usam a raiz verbal (dhātu)

diretamente na conjugação. É como se a raiz verbal fosse muito jovem e pouco desenvolvida e devesse converter-se em uma espécie de

entidade desenvolvida para ser conjugada. Então, antes de usar qualquer raiz verbal, será necessário "fortalecê-la" de alguma maneira

porque ainda é muito fraca e mal-desenvolvida. Cada casa ou classe (gaṇa) é simplesmente uma maneira de transformar uma raiz

original em uma base. Os únicos tempos e modos que são afetados pelos gaṇa-s ou classes são oPresente (Vartamāna ou Laṭ --nome

técnico--), Imperfeito (Anadyatanabhūta ou Laṅ --nome técnico--), Imperativo(Ājñā ou Loṭ --nome técnico--) e o Potencial (Vidhi ou

Vidhiliṅ --nome técnico--). É muito importante que você compreenda essa "armação" antes de continuar. O resto dos Tempos e Modos

não é afetado pelos gaṇa-s (casas ou classes). Portanto, com o estudo de cada classe ou gaṇa, estudaremos Presente, Imperfeito,

Imperativo e Potencial. Certamente, começarei com o simples Presente, não se preocupe. Estamos ainda planejando como escalar essa

alta montanha chamada "Verbos Sânscritos".

Ao início 

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 Compreendendo a conjugação verbal

Como eu disse anteriormente, uma raiz verbal é muito fraca para ser usada em uma conjugação real. Há que fortalecê-la de algum modo.

A forma mais comum de fazer isso é mediante a substituição Guṇa. Contudo, a substituição Vṛ ddhi é também usada. Você pode perguntar:

"Substituição de quê?". Substituição da vogal contida na raiz verbal primitiva. Todos o dhātu-s ou raízes têm uma vogal. Essa vogal pode

ser a raiz inteira (ex. "i" --ir--) ou só uma parte dela (ex. "man" --pensar--). As substituições Guṇa e Vṛ ddhi aplicar-se-ão à vogal da raiz

segundo regras bem definidas. E agora, um simples quadro para se você não se lembrar de Guṇa e Vṛ ddhi:

Graus de Alternância Vocálica 

Tipo Vogais

GRAU FRACO (vogais simples) a i- ī  u-ū  ṛ -ṝ   ḷ 

GRAU FORTE (Guṇa) a e o ar al

GRAU ALONGADO (Vṛ ddhi) ā  ai au ār  āl 

Ou seja, se a raiz contém "a" você provavelmente terá que convertê-la em "ā" (Vṛ ddhi) quando conjugar certos tipos de verbos. Por sua

vez, se a raiz contém "i" você terá provavelmente que convertê-la em "e" (Guṇa) quando conjugar outras classes de verbos. A mecânica é

muito simples quando se entende a sua essência.

As dez casas ou classes (gaṇa-s) podem dividir-se em dois grupos: (1)1a, 4a, 6a, 10a e (2) 2a, 3a, 5a, 7a, 8a, 9a. No primeiro grupo,

adiciona-se a vogal "a" à base ou Aṅga, a qual permanece sempre sem mudanças, enquanto no segundo grupo não se adiciona "a" e a

base é mutável. Note que, no que diz respeito às raízes do primeiro grupo, alguns autores chamam de "base" o resultado final de "base +

a". Por exemplo: a base de "budh" (conhecer) é "bodh". Logo, você terá que adicionar-lhe um "a", porque essa raiz pertence à 1a classe.

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Assim, o resultado final é "bodha".Alguns gramáticos dizem que esse "bodha" é a verdadeira base, e não "bodh", que é uma espécie de

"pré-base", segundo eles. Mas apesar dessa diferença de conceitos o procedimento para conjugar um verbo permanece idêntico. Não

obstante, no nosso estudo dos verbos chamarei "bodh" de base e direi que "bodha" é uma espécie de base "composta" (base + "a").  

Um par de exemplos desses dois grupos usando as raízes ou dhātu-s "nī" (conduzir, levar) e "dhā" (colocar). Note que esses são

exemplos "instrutivos" nos quais uso muitas regras que ainda não lhe ensinei. Esses dois exemplos são meramente informativos:

A raiz verbal "nī" (conduzir, levar) pertence à 1a casa ou classe (primeiro grupo). Segundo uma regra da 1a casa ou classe, deve-se

substituir o "ī" em "nī" por "e" (substituição Guṇa para " ī", veja a tabela acima). Desse modo, a raiz primitiva foi transformada em "ne".

Bem, outra regra da 1a classe estabelece que se deve adicionar "a" a "ne". Então, temos agora "nea". Contudo, segundo a primeira regra

primária de Sandhi Vocálico (combinações de vogais, verRegras de Sandhi): Duas vogais sânscritas não podem ser colocadas juntas

(uma seguindo a outra). Portanto, utiliza-se a 6a regra primária de Sandhi Vocálico: "e", "o", "ai" e "au", quando são seguidos por uma

vogal "dentro da mesma palavra", mudam para "ay", "av", "āy" e "āv" respectivamente... Como resultado, obtemos agora "naya" (base

composta), à qual adicionaremos as respectivas terminações (ex."ti": "nayati" --ele/ela conduz, leva--). Cada um desses tempos

(Presente e Imperfeito) e modos (Imperativo e Potencial) tem um conjunto exclusivo de terminações, isto é, o tempo Presente tem o seu

próprio grupo de terminações; do mesmo modo, o tempo Imperfeito e os modos Imperativo e Potencial têm os seus. Por sua vez, há

certos conjuntos de terminações que se aplicam às raízes do primeiro grupo e não às do segundo, e vice-versa. Não se preocupe, ensinar-

te-ei tudo isso no devido tempo.

A base "ne", que se converteu em "nay" quando lhe adicionamos "a", permanece idêntica, não importa que terminação, tempo (Presente

e Imperfeito) ou modo (Imperativo e Potencial) seja utilizado, isto é, a base é imutável. O processo se mostra sucintamente abaixo:

Processando a raiz "nī" 

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(1) nī (dhātu

ou raiz verbal)

(2) ne

(aṅga ou

base)

(3) nea ("a" é

adicionado)

(4) naya ("e" é mudado para "ay". Essa seria a base

verbal ou aṅga de acordo com alguns gramáticos. Eu a

chamo de "base composta")

(5) Uma terminação é

finalmente adicionada a

"naya" (ou seja, "ti").

Portanto, o resultado finalseria "nayati" (ele/ela guia)

A segunda raiz é "dhā" (colocar). Pertence à 3a casa ou classe (segundo grupo). Por conseguinte, a base é mutável e não é adicionado

"a". Vejamos como formar a base. Segundo as regras deste gaṇa, a base se forma reduplicando a raiz. Reduplicar a raiz não significa

meramente escrever duas vezes a mesma raiz. Não. Absolutamente não. Reduplicar "geralmente" quer dizer adicionar a primeira vogal

(às vezes em sua forma Guṇa, outras vezes em sua forma curta) de uma raiz junto com a consoante inicial (se houver alguma) à mesma

raiz. Se a consoante é aspirada (kha, gha, tha, dha, etc.), a aspiração ("h") é omitida. Esta é uma regra extremamente geral, posto que

existem algumas outras regras a seguir e a reduplicação nem sempre é tão fácil. Consequentemente, o assunto não é tão simples, mas,por enquanto, é suficiente que você saiba isso. Explicarei como conjugar verbos pertencentes à 3a casa ou classe mais adiante.

Obviamente, a raiz exemplo ("dhā") contém uma vogal e uma consoante inicial. Para reduplicá-la, você terá que adicionar à própria raiz a

vogal "ā", mas em sua forma curta ("a") junto com "dh", mas sem sua aspiração ("h"). Isto é, terá que adicionar "da" à raiz original ou

dhātu para formar uma base. 

Deste modo, temos agora a base "dadhā" (não se agrega nenhum "a" adicional). O último passo é adicionar-lhe uma terminação para

formar a conjugação apropriada tanto nos tempos Presente/Imperfeito quanto nos modos Imperativo/Potencial. Entretanto, esta base não

permanece inalterada toda hora. Por exemplo, escreve-se "dadhāsi" (tu colocas) na 2a pessoa singular do tempo Presente, mas, no modo

Imperativo, tem-se que escrever "dhehi" (coloca!) e não "dadhāhi". Note como a base original "dadhā" transformou-se em "dhe". De

forma resumida, a base émutável e não se agrega nenhum "a" adicional. O processo se mostra sucintamente abaixo:

Processando a raiz "dhā" 

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(1) dhā (dhātu ou raiz

verbal)

(2) dadhā (aṅga ou

base)

(3) Uma terminação é finalmente adicionada a "dadhā" (ou seja, "ti"). Portanto, o

resultado final seria "dadhāti" (ele/ela coloca) 

Suficiente. Você tem agora alguns elementos para começar a sua subida. Mas tenha cuidado. Não tente subir muito rápido, ou cairá

rapidamente, hehe! Vejamos a estratégia a seguir para não cair no abismo no futuro. Preste total atenção às minhas instruções se quiser

chegar no topo.

Ao início 

Estratégia a seguir para subir na montanha

A maioria fracassa ao subir nesta montanha conhecida como "Verbos Sânscritos" porque não sabe como aproximar-se dela. Há três

modos de fazê-lo:

(1) "Não preciso fazer nenhum esforço, pois o próprio Senhor me dará conhecimento sânscrito espontaneamente. Não preciso esforçar-

me para aprender todas essas difíceis regras para conjugar verbos sânscritos. Deus abrirá minha mente e o conhecimento da língua

sânscrita fluirá até ela por si mesmo". 

(2) "Meu intelecto é realmente poderoso e não encontrarei nenhum problema ao aprender essa língua. Posso memorizar todas essas

regras. Já aprendi outras línguas e não foi nada difícil. O poder de meu intelecto é a única coisa de que preciso". 

(3) "Sei que meu intelecto é poderoso, mas também sei que a língua sânscrita é um oceano difícil de se cruzar. Tanta gente já se perdeu

nele. Todavia, a graça do Senhor junto com a força de meu intelecto me permitirão cruzá-lo de todos os modos. Certamente, haverá

problemas no caminho, mas chegarei ao final". 

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Já existiram algumas pessoas com uma devoção enorme. Através dessa devoção, elas podiam fazer o que quisessem. Diz-se que o

próprio Senhor era o seu escravo. Não obstante, se alguém refletir sobre o atual estado de consciência da pessoa média, a conclusão é a

seguinte: "a probabilidade de se encontrar esse estado de devoção em alguém é realmente baixa". Na realidade, a maioria das pessoas

fica meramente esperando a graça de Deus por pura preguiça. E, consequentemente, a maioria das pessoas só ficará esperando que o

conhecimento de Sânscrito flua até as suas mentes. Certamente, esse conhecimento não chegará a eles nem sequer em um milênio.

Então, a primeira atitude é "geralmente" inadequada. A preguiça intelectual é um mau hábito em muita gente.

Há pessoas com um tremendo poder intelectual. Todavia, elas "poderiam" perder de vista a imensidão do oceano que está logo à sua

frente. Considere isto: Há dez casas ou gaṇa-s. Um determinado verbo pode pertencer a um, dois ou mais gaṇa-s. Você terá que aprender

e lembrar-se do ou dos gaṇa-s aos quais esse verbo pertence para conjugá-lo, e, posto que há muitos verbos, o seu problema é

realmente grande. Logo, há um conjunto de terminações para o tempo Presente, outro para o Imperfeito, e assim sucessivamente. Alémdisso, em Sânscrito existe o número dual (além do singular e do plural). Então, você tem 3 terminações para o singular, 3 para o dual e 3

para o plural. Adicionalmente, um verbo pode ser conjugado na Voz Média (além da Voz Ativa e a Voz Passiva). A Voz Média tem,

certamente, o seu próprio conjunto de terminações. E, para piorar as coisas, um verbo em particular pode admitir conjugação tanto na

Voz Ativa quanto na Voz Média, ou somente em uma delas. Por conseguinte, você terá que conhecer tudo isto se quiser conjugar um

verbo corretamente. E tenha plena segurança de que isso é somente a ponta do "iceberg". Há muitas, muitas, muitas regras adicionais.

Obviamente, não importa o quão poderoso um intelecto possa ser, o oceano dos Verbos Sânscritos é um verdadeiro pesadelo. Como

muita gente com fortes intelectos falhou em cruzá-lo, é realmente provável que você também fracasse se somente confiar no intelecto. A

segunda atitude deve ser abandonada ou você se afogará no oceano, haha!

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Creio que a terceira atitude é a correta, pois utiliza tanto a devoção quanto o intelecto. Você desenvolve uma ati tude devocional em

relação ao Sânscrito. Pensa nele como se fosse a encarnação sonora do próprio Deus e não como se fosse uma mera língua que tem que

aprender. Se você não é capaz de sentir devoção ao Sânscrito, a subida será "quase" impossível. Assim, deve estudar verbos sânscritos e

todo o resto com amor. Se não ama o Sânscrito, não o compreenderá. Lembre-se que a língua sânscrita é a base de uma antiga e grande

cultura. Tantos sábios o têm utilizado para escrever as suas experiências e comunicar-nos sua sabedoria. Os próprios poderosos Mantra-s

são baseados no Sânscrito e suas regras de pronúncia. Simultaneamente, você se esforça para aprender verbos sânscritos e todo o resto.

Deixe para trás a sua preguiça e use o seu intelecto para entender como conjugar verbos. Deste modo, dois Cakra-s (centros de poder)

estão trabalhando juntos em você: (Anāhatacakra --centro emocional-- e Ājñācakra --centro intelectual--). Use essas duas asas para

cruzar esse insondável oceano e o objetivo será seu no final.

Como você vê, utilizei a analogia de um oceano agora. Seja um oceano, uma montanha ou qualquer outra coisa, pense nos verbossânscritos como algo verdadeiramente gigantesco que necessitará de todo o seu amor e força intelectual se quiser conquistá-lo. Deste

modo, o aprendizado do Sânscrito é, por si mesmo, todo um caminho espiritual. Quando você aprende Sânscrito, está praticando

Jñānayoga (Yoga do Conhecimento), Bhaktiyoga (Yoga devocional), Karmayoga (Yoga da ação), etc. No seguinte documento sobre

Verbos Sânscritos, lhe darei mais ensinamentos sobre como aproximar-se apropriadamente do tema. Boa sorte!

Ao início 

Notas finais

Este documento terminou. Estude-a uma e outra vez para compreender os conceitos cruciais completamente. No próximo documento,

ensinarei como conjugar verbos pertencentes ao primeiro grupo, formado pelas casas ou classes 1, 4, 6 e 10. A base verbal nesses gaṇa-

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s é imutável e precisa ser adicionado um "a" à raiz para formar a base. Devido ao fato de que há muitos verbos "vivendo" nessas casas,

se você aprende como conjugá-los de acordo com as suas regras, as probabilidades de um aprendizado bem-sucedido dos Verbos

Sânscritos aumentarão. Vemos-nos em breve!