Salvem a Liturgia - Paróquia Nossa Senhora da Piedade -...

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1 número 02 junho 2009 “A Missa é o Sol da igreja.” (São Francisco de Salles, doutor da Igreja)

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Salvem a Liturgia

número 02 junho 2009

“A Missa é o Sol da igreja.”(São Francisco de Salles, doutor da Igreja)

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Objetivos

1. Favorecer o aumento da piedade eucarística, para que os fiéis creiam na Missa como renovação e atualização do sacrifício da Cruz, pela qual se tornam presentes, de modo real e substancial, o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ainda que sob a aparência de pão e de vinho; fomentar a frutuosa, “plena, consciente e ativa participação” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 14) de todos os batizados na Santa Missa, na Exposição do Santíssimo, na celebração dos sacramentos, no Ofício Divino, e nas demais cerimônias litúrgicas.

2. Promover a correta celebração da Santa Missa e dos demais ritos, por:a) uma estrita observância das rubricas dispostas nos livros litúrgicos;b) por um mais generoso aproveitamento dos recursos previstos para a solenização do culto;c) pela consciência, por parte dos clérigos e dos fiéis, do rico significado de cada cerimônia, fortale-

cendo o devido, profundo e sacro respeito para com toda a nossa tradição litúrgica.

3. Popularizar, conforme pedido insistentemente pelos Papas, as cerimônias em língua latina, no rito romano moderno (forma ordinária, Missal de Paulo VI, pós-conciliar): que todas as igrejas e orató-rios tenham a Missa em latim, ao menos semanalmente.

4. Colaborar com a implementação da “reforma da reforma”, mediante:a) o uso freqüente do rito romano tradicional (forma extraordinária, Missal de São Pio V, pré-conci-

liar, “tridentina”), na esteira do Motu Proprio Summorum Pontificum;b) o debate sadio e respeitoso acerca de como facilitar o desenvolvimento harmônico e orgânico da

liturgia;c) a pesquisa histórica e teológica sobre os diversos aspectos do rito romano em suas duas for-

mas.

5. Incentivar a ampla utilização do canto polifônico e, principalmente, do canto gregoriano, “canto próprio da liturgia romana”, o qual “ocupa o primeiro lugar entre seus similares.” (Concílio Ecumênico Vaticano II. Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, 116)

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Col

abor

ador

esConheça a equipe

que colaborou para esta edição do Salvem a Liturgia

expediente

Rafael Vitola Brodbeck,____Casado, é Delegado de Polícia no RS, atua na direção do site Veritatis Splendor, e coordena o “Salvem a Liturgia”, sendo responsável, também, pelos textos sobre erros litúrgicos, incentivo ao latim, e comentários sobre rubricas e normas. É membro do Regnum Christi.

Kairo Neves, ____Solteiro, é estudante em SP e acólito não-instituído. Colabora com o “Salvem a Liturgia”, comentando sobre os paramentos litúrgicos e dando dicas para solenizar a celebração, em estrita obediência às rubricas.

Francisco Do-ckhorn,____Solteiro, é pregador e membro do Apostolado Reino da Virgem Mãe de Deus. Escreve artigos principalmente sobre piedade litúrgica.

Aline Rocha Taddei Brodbeck, ____Casada, é advogada e professora, dona do Blog “Femina”, e atua no Veritatis Splendor. É membro do Regnum Christi.

Lucas Cardoso da Silveira Santos, ____Solteiro, é estudante universi-tário em SP, e acólito e colaborador no Mosteiro de São Bento de Vinhedo, SP. Coordena uma equipe de acólitos na Comunidade Luz da Essência, de Campinas, SP. Colabora com o “Salvem a Liturgia” traduzindo textos em inglês, apon-tando sugestões de leituras com a temática litúrgica e comentando alguns aspectos dos documentos litúrgicos da Igreja.

Luís Guilherme Fer-nandes Pereira, ____Solteiro, é engenhei-ro da computação em Campinas, SP, e membro do Veritatis Splendor. No “Salvem a Liturgia”, traz notícias nacionais e internacionais sobre Missas bem celebradas, além de escrever artigos.

Maite Tosta, ____Casada, é Bacharel em Letras - Português/Inglês e Bacharel em Direito, é Servidora Pública Federal no Rio de Janeiro, RJ, editora do Blog Vida Espiritual e co-editora do Blog Velatam ad Dei Gloriam, além de membro do Veritatis Splendor.

Wescley Luís de Andrade ____É seminarista e mestre de cerimônias episcopal da Diocese de Frederico Westphalen, RS, cursando o primeiro ano de filosofia. Funda-dor e responsável pelo grupo de Mestres de Cerimônias “Mysterium Fidei” da Catedral Dioce-sana de Santo Antonio.

Roger Cadena Assunpção, ____Solteiro, é estudan-te de Filosofia na PUCRS e mestre de cerimônias da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Porto Alegre, RS. Usa sua experiência para a colaboração com textos e estudos no “Salvem a Liturgia”.

Diego Ferracini, ____Seminarista da Arquidiocese de São Paulo, aluno do curso de Filosofia no Centro Universitário Assunção, atua pastoralmente junto ao Dr. Cônego Celso Pedro no Santuário de Santa Rita do Pari em São Paulo - SP e no Hospital e Asilo Dom Pedro II, estudante de latim e música sacra nos momentos disponíveis. Editor do Blog Silentio et Spes.

Rodrigo Oliveira da Silva, ____Solteiro, é designer gráfico, e missionário da comunidade Luz de Fátima (Associação Mis-sionária Nossa Senhora de Fátima) no Rio de Janeiro. Editora a Revista Eletrônica do “Salvem a Liturgia”.

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Missa celebrada pelo Mons. Henrique Soares da Costa, Bispo-Eleito Auxiliar de Aracaju, SE

missas pelo brasil

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missas pelo brasil

Dedicação da Igreja de São Francisco, na Diocese de Campo Limpo

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Coram Deo, versus populum e arranjo beneditino.

artigo

urante a maior parte dos úl-timos dois milênios, na Igreja Latina, a Santa Missa foi ce-lebrada estando o sacerdote

voltado para o oriente, seja o oriente real ou litúrgico. É a chamada celebração ad orientem.

O oriente é, para nós da Igreja Latina, a direção em que se localiza Jerusalém, a cidade que é modelo do paraíso (chamado de Nova Jerusalém) e onde Nosso Salvador foi morto no madeiro da cruz. Também no oriente nasce o Sol e Jesus Cristo é o ver-dadeiro Sol pois é a luz do mundo. As igre-jas, no passado, eram construídas voltadas para o oriente. As basílicas romanas, contu-do, eram voltadas para o ocidente. Nelas, e em algumas outras, o sacerdote voltava-se para a congregação (versus populum) para celebrar. Na foto a seguir, vemos o Papa Pio XII celebrando a missa tradicional voltado para a congregação.

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O oriente passou a ser antes o oriente litúrgico que o oriente real. Estando o sa-crário, em geral, no fundo dos presbité-rios, o sacerdote celebrava voltado para ele, volvendo-se para a congregação nas admonições e para a homilia, indepen-dentemente da arquitetura da igreja. Desde então, a maior parte das igrejas foi construída tendo o altar grudado a um retábulo, ambos no fundo da nave ou no fim do presbitério, como o belíssimo abaixo.

Depois do Concílio Vaticano II, essa forma de construção passou a ser proi-bida. Os novos altares deveriam estar no centro do presbitério e não mais gruda-dos à parede. Não se sabe muito bem a razão, isso foi mal entendido. Belíssimos retábulos foram destruídos, tornados pó. Missas e mais missas passaram a ser ce-lebradas com o padre voltado para a con-gregação, muitas vezes ficando de costas para o sacrário, onde se encontra Nosso Senhor sob as espécies consagradas.

É importante ressaltar que houve uma mudança na norma de construção das novas igrejas, e jamais uma ordem para mudar o que já estava construído e, mui-to menos, uma indicação que os sacer-dotes deveriam celebrar “voltados para o povo”. Um pseudo-progressismo quer fazer entender que é mais adequado ao povo que o padre a eles esteja voltado. Ora, me parece muito mais igualitário que todos estejam voltados para o mes-mo lado, que é o que geralmente ocorre na celebração ad orientem (ao oriente), também chamada coram Deo (na frente de Deus) ou versus Deum (voltado para Deus), em contraposição ao versus popu-lum (voltado para o povo).

Infelizmente essa mudança se disse-minou, e não há coisa mais difícil de se achar que missas segundo o missal de Paulo VI com orientação coram Deo. Essa tradição plena de significado (a união dos orantes voltados para o seu Deus, entre os outros já citados) se perdeu, re-manescendo apenas nas celebrações da missa segundo o missal tridentino, o que concorre para grande confusão. Tanto a forma ordinária quanto a extraordinária

Por: Luís Guilherme Fernandes Pereira

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Raríssimo altar pós-conciliar preparado para cele-bração ad orientem.

Papa celebrando coram Deo na Capela Sistina.

do rito romano aceitam ambas as confi-gurações -- versus Deum ou versus po-pulum. O Papa Bento XVI celebra coram Deo quando na Capela Sistina, a última missa de São Pio de Pietrelcina foi cele-brada versus populum.

O Papa, para tentar retomar o sentido do oriente litúrgico, sem causar grandes reboliços, aventou uma forma nova de preparar o altar, chamada, em sua ho-menagem, de “arranjo beneditino”, que consiste em colocar, na frente do altar, quando da celebração versus populum, seis candelabros com velas (sete, quan-do é o ordinário local) e uma cruz no centro, voltada para o celebrante. O ce-lebrante, então, volta-se para o Crucifica-do enquanto oficia a Missa, sendo assim versus Deum. Ao mesmo tempo o povo o vê por trás da cruz, sendo assim também versus populum.

Esse arranjo é possível em todas as paróquias, e é recomendável que o ado-tem.

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véu jamais foi abolido da Sa-grada Liturgia. Mas, havendo sido suprimida a sua obriga-

toriedade canônica, acabou por cair em desuso.

Vários sacerdotes e leigos nos anos 70 e 80 sepultaram o véu. Foi considera-do ultrapassado, antiquado, retrógrado e símbolo de um contexto litúrgico que queriam apagar da história. A ideologia feminista fez o véu ser visto de uma for-ma que a Santa Igreja nunca o fez: um símbolo da opressão machista, dene-grindo a dignidade da mulher. Algumas senhoras continuavam usando o véu e muitos respiravam aliviados, pensando que essa “mera nostalgia” se extinguiria junto com elas.

Agora, sob a sombra do gigante Bento XVI, parte do mundo católico olha perple-xo ao ver jovens, por livre e espontânea vontade, restaurando o uso do véu. São meninos e meninas que amam, e são apaixonados por Jesus Eucarístico e pela Santa Igreja. São meninas que usam véu, e meninos que apóiam o uso e são para elas suporte para enfrentar os “olhares tortos” – olhares estes que são compen-sados por muitos olhares comovidos de gente de mais idade, que se surpreende e vê nelas a presença de uma sacralida-de que ainda existe em nossas igrejas.

São jovens adoradores, que não vivem isso por mera “nostalgia”, pois não che-garam a conhecer o tempo em que isso era comum. Vivem porque sabem que fazem parte de uma Igreja que tem uma tradição de 2000 anos, tradição que mantém o seu sentido em meio à falta de sentido do século 21.

tradições

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Uma geração suprime; a outra, res-taura. Uma geração acaba por deixar a lacuna; a outra, a sente.

O Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, comentou sobre como jovens sen-tem a distorção litúrgica dos dias de hoje e sobre a revalorização do próprio latim: “É preciso que volte a ser claro que a ci-ência da liturgia não existe para produzir constantemente novos modelos, como é próprio da indústria automobilística (...) A Liturgia é algo diferente da manipula-ção de textos e ritos, porque vive, preci-samente, do que não é manipulável. A juventude sente isso intensamente. Os centros onde a Liturgia é celebrada sem fantasias e com reverência atraem, mes-mo que não se compreendam todas as palavras.” (livro “O sal da terra”, 1996)

Bento XVI comenta, ainda, na Carta aos Bispos que acompanhou o Motu Pró-

Por: Francisco Dockhorn

É amor ou nostalgia?

prio Summorum Pontificum, em 2007, sobre jovens que se identificam com a Missa Tridentina, a forma tradicional do Rito Romano. Diz o Santo Padre: “Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entre-tanto vê-se claramente que também pes-soas jovens descobrem esta forma litúr-gica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaris-tia.”

Muito se rezou pelos jovens, e aí estão muitos dos quais o Espírito Santo tem le-vantado!

Será que se está preparado para o que eles podem mostrar?

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escobre-se o tesouro chama-do véu e deseja-se usá-lo! Mas por onde começar?

Penso que a resposta é muito pessoal.Creio que o melhor caminho é come-çar nas paróquias em que os párocos apóiam. Do contrário, o uso do véu pode-rá provocar um efeito contra-producente, gerando resistência nas pessoas em re-lação a ele e ao esplendor da tradição litúrgica católica.Explico: em geral, o povo que vai às igre-jas tem em alta conta a palavra dos sa-cerdotes - e isso a crise de fé e moral em

Véu: onde começar?

DPor: Francisco Dockhorn que vivemos não conseguiu apagar.

Mesmo quando os sacerdotes se equi-vocam em suas posições, muitos os seguem. Por isso, sabendo que há uma grande parte do clero que é avessa ao uso do véu, talvez não seja uma boa idéia “comprar briga” nas paróquias nas quais estes estão à frente.Agora, nas paróquias onde os párocos apóiam o véu, os frutos rapidamente vão começar a aparecer. E estas paróquias - que em geral são as mesmas onde a Sagrada Liturgia é respeitada, onde há adoração eucarística, onde se ajoelha na Consagração, onde há gente que comun-ga de joelhos – tendem a ir se tornando

referências litúrgicas dentro das dioce-ses, e com o tempo as demais paróquias poderão aprender muito com estas.É uma sugestão, um caminho.

tradições

canto gregoriano é uma ri-queza para a Igreja de Cris-to. É sinônimo de espiritua-

lidade, de mística, de contemplação e busca de profundidade no perma-necer em Deus. De fato, como já ouvi de muitas pessoas, “é um canto que eleva a alma”. Hoje poderíamos di-zer, em meio ao mundo barulhento em que vivemos, o canto gregoriano eleva todo o nosso ser. Tira-nos da agitação e remete-nos à vida no Espí-rito, onde a paz encontra lugar! Cria espaço para a meditação e o auto-conhecimento. Gera espaço para o Transcendente em nós! É uma expe-riência rica que deve ser conservada pelas gerações afora! Um louvor que sobe aos céus e deixa seu rastro aqui na terra!

Cura da Catedral de São Dimas - São José dos Campos - SP

Canto gregoriano: pequeno relatoPor: Aline Rocha Taddei Brodbeck

OUm pequeno relato do Pe. Rinaldo Roberto de Rezende:

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uitos hoje se perguntam qual é a melhor forma de se ves-tirem para participar do San-

to Sacrifício da Missa. Alguns procuram responder a estes afirmando que “tanto faz, pois o que importa é o coração”. Mas o que dizem os documentos oficiais da nossa Santa Mãe Igreja a respeito disso? O Catecismo da Igreja Católica (n. 1387) afirma, sobre o momento da Sagrada Comunhão: “A atitude corporal - gestos, roupa - há de traduzir o respeito, a sole-nidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede.”

Para compreender o porquê o Catecis-mo afirma isto à respeito das vestes, é importante compreender o que é a Santa Missa: ela é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, que sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, pagou pelos nossos pecados na cruz. Tal Sacrifício se torna presente na Santa Missa no momento em que o pão e vi-nho tornam-se verdadeiramente o Cor-po, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (Catecismo da Igreja Católica, 1373-1381). O Santo Sacrifício da Mis-sa é incruento (ou seja, sem sofrimento nem derramamento de sangue), ou seja, é o mesmo e único Sacrifício do Calvário, tornando-se verdadeiramente presente na Santa Missa para que possamos re-ceber os seus frutos e nos alimentar da Carne e do Sangue de Nosso Senhor. Por isso o Sagrado Magistério nos ensina que “o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício.” (Catecismo da Igreja Católica, 1367)

É preciso evitar, então, primeiramente as roupas que expõem o corpo de forma escandalosa, como decotes profundos, shorts curtos ou blusas que mostrem a barriga. Mas convém que se evite tam-bém tudo o que contraria, como afirma o Catecismo, a alegria, a solenidade e o respeito - isto é, banaliza o momento sa-grado.

O bom senso nos mostra, por exemplo, que partindo do princípio da solenidade, é melhor que se use uma calça do que uma bermuda. Ora, na nossa cultura,

Como se vestir para ir à Santa Missa?

Por: Francisco Dockhorn

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não se vai a um encontro social solene usando uma bermuda!

O bom senso nos mostra também que, partindo do princípio do respeito e da não-banalização do sagrado, é melhor que se evite roupas que chamam aten-ção para o corpo ou para elementos não relacionados com a Sagrada Liturgia. É melhor que uma mulher, por exemplo, utilize uma blusa com mangas do que uma blusa de alcinha; é melhor que utili-ze uma calça discreta, saia ou vestido do que uma calça estilo “mulher-gato” (isto é, apertadíssima); também é melhor que se utilize, por exemplo, uma camisa ou camiseta discreta do que uma camiseta do Internacional ou do Grêmio.

A questão se reveste de uma serieda-de ainda maior quando se trata daque-les que exercem funções litúrgicas, tais como os leitores e músicos. Pois estes, além de normalmente estarem mais ex-postos ao público que os demais, aca-bam por serem também modelos.

É de acordo com este senso que até a pouco tempo atrás era comum se utilizar a expressão popular “roupa de Missa” ou “roupa de Domingo” como sinônimo da melhor roupa que se tinha. Quanto bem faria aos católicos se esta expressão fos-

se restaurada!Quanto aos que afirmam que “o que

importa é o coração”, vale lembrar que aqui não cabe a aplicação deste princí-pio, pois isso implicaria colocar-se em contraposição com grandes parte das normas litúrgicas da Santa Igreja, bem como com os diversos sinais e símbolos litúrgicos (paramentos, velas, incenso, gestos do corpo, etc), que partem da necessidade de se manifestar com si-nais externos a fé católica a respeito que acontece no Santo Sacrifício da Missa, bem como manifestar externamente a honra devida a Deus. A atitude interna é fundamental, mas desprezar as atitudes externas é um erro.

A este respeito, escreveu o saudoso Papa João Paulo II: “De modo particular torna-se necessário cultivar, tanto na ce-lebração da Missa como no culto euca-rístico fora dela, uma consciência viva da Presença Real de Cristo, tendo o cuida-do de testemunhá-la com o tom da voz, os gestos, os movimentos, o comporta-mento no seu todo. (...) Numa palavra, é necessário que todo o modo de tratar a Eucaristia por parte dos ministros e dos fiéis seja caracterizado por um respeito extremo.” (Mane Nobiscum Domine, 18)

Concluímos com as palavras de São Josemaria Escrivá em uma de suas fan-tásticas homilias, recordando seus tem-pos de infância: “Lembro-me de como as pessoas se preparavam para comungar: havia esmero em arrumar bem a alma e o corpo. As melhores roupas, o cabelo bem penteado, o corpo fisicamente lim-po, talvez até com um pouco de perfu-me. Eram delicadezas próprias de gente enamorada, de almas finas e retas, que sabiam pagar Amor com amor.” Afirma ainda: “Quando na terra se recebem pessoas investidas em autoridade, pre-param-se luzes, música e vestes de gala. Para hospedarmos Cristo na nossa alma, de que maneira não devemos preparar-nos?” (Homilias sobre a Eucaristia, Ed. Quadrante)

Fonte:http://www.reinodavirgem.com.br/liturgia/comovestir.html

tradições

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Ó Deus Eterno e Todo-Poderoso, eis que me aproximo do sacramento do Vosso Filho único,

Nosso Senhor Jesus Cristo. Impuro, venho à fonte da misericórdia; cego, à luz da eterna claridade; pobre e indigente, ao Senhor do céu e da terra. Imploro, pois,

a abundância da Vossa liberalidade, para que Vos digneis curar minha fraqueza, lavar minhas man-chas, iluminar minha cegueira, enriquecer minha

pobreza, vestir minha nudez. Que eu receba o Pão dos anjos, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores,

com o respeito e humildade, com a contrição e devo-ção, com a pureza da fé, com o propósito e intenção que convém à salvação de minha alma. Dai-me que receba não só o Sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus Cristo, mas também seu efeito e sua força. Ó Deus de mansidão, fazei-me acolher

com tais disposições o Corpo que Vosso Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, recebeu da Virgem Ma-ria. Que eu seja incorporado ao Seu Corpo Místico e contado entre Seus membros. Ó Pai cheio de amor, fazei que, recebendo agora Vosso Filho sob o véu do sacramento, possa eternamente contemplá-lo face a face. Amém.

Oração de Santo Tomás para antes da Missa

Omnipotens sempiterne Deus, ecce accedo ad sacramentum unigeniti Filii tui, Domini nostri, Iesu

Christi; accedo tamquam infirmus ad medicum vitae, immundus ad fontem misericordiae, caecus ad lumen

claritatis aeternae, pauper et egenus ad Dominum caeli et terrae. Rogo ergo immensae largitatis tuae abundan-

tiam, quatenus meam curare digneris infirmitatem, lavare foeditatem, illuminare caecitatem, ditare paupertatem, vestire nuditatem; ut panem Angelorum, Regem regum

et Dominum dominantium, tanta suscipiam reverentia et humilitate, tanta contritione et devotione, tanta puritate et fide, tali proposito et intentione, sicut expedit saluti

animae meae. Da mihi, quaeso, Dominici Corporis et San-guinis non solum suscipere sacramentum, sed etiam rem et virtutem sacramenti. O mitissime Deus, da mihi Corpus

unigeniti Filii tui, Domini nostri, Iesu Christi, quod traxit de Virgine Maria, sic suscipere, ut corpori suo mystico

merear incorporari, et inter eius membra connumerari. O amantissime Pater, concede mihi dilectum Filium tuum, quem nunc velatum in via suscipere propono, revelata tandem facie perpetuo contemplari: Qui tecum vivit et

regnat in unitate Spiritus Sancti, Deus, per omnia saecula saeculorum. Amen.

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ÃO PAULO, terça-feira, 19 de maio de 2009 (ZENIT.org).- O bispo da Administração Apos-tólica Pessoal São João Maria

Vianney (Campos, Brasil), Dom Fernando Arêas Rifan, considera que a permissão universal de Bento XVI para se celebrar a missa antiga (chamada também de missa tridentina) promove a paz litúrgica e bene-ficia tanto tradicionalistas como progres-sistas.

A Adminstração Apostólica São João Maria Vianney foi criada por João Paulo II em 2002. É uma diocese de caráter pes-soal, não territorial, fundada após diálogo com fiéis tradicionalistas que eram nume-rosos na região.

Nesta entrevista a Zenit, Dom Fernan-do Rifan fala sobre o caráter sagrado da liturgia.

–Poderia explicar a diferença entre os termos “sagrado” e “profano”?

–Dom Fernando Arêas Rifan: Um dos motivos pelos quais nós conservamos e amamos a liturgia romana na sua forma antiga –que é chamada atualmente de forma extraordinária do rito romano–, é exatamente porque ela expressa bem o caráter sagrado da liturgia. Não que a outra não expresse, mas esta expressa de modo mais claro. Como, aliás, aconte-ce com a diferença entre os vários ritos.

Por: Alexandre Ribeiro

Missa antiga: paz litúrgicae benefício para ambos ritos

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entrevista

Participei recentemente, ao lado de outros bispos, da Missa no rito maronita. O que os bispos mais admiraram foi o respeito e o caráter sagrado que se expressa naque-le rito oriental. São modos de expressar a sacralidade, podemos dizer, o caráter ver-tical da liturgia, de nós para Deus, e não apenas o horizontal, que seria de homem para homem.

A liturgia é algo sagrado. Portanto, algo que nos fala de Deus. É interessante que qualquer pessoa sabe disso. Uma das coi-sas mais tocantes da história do Brasil foi aquela passagem da carta de Pero Vaz de Caminha, quando ele narra a primeira mis-sa no Brasil. Ele conta que os portugueses chegaram, os padres formaram o altar, prepararam o órgão e começou a missa. Os índios foram chegando e começaram a imitar os gestos dos portugueses. Um

detalhe interessante é que durante a mis-sa chegou um outro grupo de índios. Um índio do primeiro grupo, que já estava ali, quando certamente interrogado por um índio do segundo grupo sobre o que esta-va acontecendo, apontou para a missa e apontou para o céu. Para mim este é o me-lhor comentário sobre a missa. Apontou para a missa e apontou para o céu: quer

dizer, está-se passando a comunicação da terra com o céu. Está-se fazendo uma coi-sa sagrada. Esse caráter sagrado é que a gente não pode deixar perder na liturgia.

–Poderia dar exemplos de como se expressa o caráter sagrado?

–Dom Fernando Arêas Rifan: O latim, por exemplo, que nós conservamos na li-turgia, mas não em tudo, já que as leituras e os cânticos são em português. O latim que se conserva na liturgia é exatamen-te para preservar o caráter sagrado, para que todo mundo sinta que ali se passa algo que não é comum no dia-a-dia. É algo diferente. Por isso que a língua é sagra-da. Aliás, nas grandes religiões também se usa uma língua diferente. No rito ma-ronita, por exemplo, a consagração é em aramaico. Não é a mesma língua que você

fala. Até em outras religiões há uma língua sagrada. Não é a língua comum. Então a liturgia nessas religiões tem uma outra língua. Mesmo o Hino Nacional brasileiro não é no linguajar que se usa a cada dia. Mostra que ali há algo sagrado, é o hino da pátria. Não se precisa entender cada pala-vra. Precisa entender que é algo sagrado que acontece.

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A língua, os gestos, as inclinações, as genuflexões, os símbolos, os panos, as toalhas, tudo tem de exprimir um caráter sagrado. Você não usa uma toalha qual-quer. É uma toalha diferente. O espaço celebrativo é diferente. Os cânticos são diferentes. Então não se pode usar aquilo que é comum, profano. A não ser que seja santificado, digamos. O pão, por exemplo, você come; mas o pão eucarístico é dife-rente. É por isso, por exemplo, que existe o ofertório: a retirada de algo do uso comum que se coloca para uso litúrgico. Assim também com a bênção. Você consagra algo para uso mais sagrado. As vestes sa-cerdotais, o modo de falar. Outro exemplo: o sermão não é um discurso político, não é para ficar contando piada, não é algo reles. Você está ali para ouvir a palavra de Deus. O “terra a terra” você já ouve toda hora. Para que você precisa disso na Igreja?

–O que o senhor chama de “terra a ter-ra” tem a ver com o termo “profano”?

–Dom Fernando Arêas Rifan: “Profano” vem do latim “pro fanum”, em frente ao templo, fora do templo, não sagrado. Por exemplo, a Igreja diz que o instrumento por excelência a ser usado na liturgia é o ór-gão de tubos. Ele tem um som que o nosso subconsciente já se acostumou como algo sagrado. A Igreja põe como modelo do canto religioso o canto gregoriano. Porque é um canto em que predomina a oração cantada. A oração de melodia com pouca coisa de harmonia e quase nada de ritmo. Nas músicas modernas, por exemplo, bem profanas, tem-se a predominância do ritmo sobre a melodia e sobre a harmonia. Isso já mostra o caráter profano da música. Ela pode ser boa em outro lugar. É como di-zia o próprio cardeal Ratzinger: há muita gente que confunde a igreja com o salão paroquial. Há coisas que você pode fazer no salão paroquial, mas não na igreja. Eu, por exemplo, toco acordeão. Toco música popular. Mas não na igreja. Eu toco no salão paroquial, com as crianças, na quer-messe, onde as crianças tocam pandeiro,

tamborim. Na igreja é o órgão. É preciso que se ressalte bem o caráter religioso, sa-grado, ou seja, a sacralidade na Igreja. Na liturgia há os tempos de silêncio, porque o silêncio é algo bem respeitoso. Na Igreja não se aplaude, como se aplaude em um comício. O silêncio é tão respeitoso que já diz tudo. Não precisa ficar aplaudindo.

Nós preferimos a liturgia tradicional por tudo isso. Mas em qualquer liturgia há que se guardar o caráter religioso, sagrado, e não cair na coisa profana. O próprio Papa João Paulo II lamenta isso na Encíclica Ecclesia de Eucharistia: “às vezes trans-parece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrifical, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa” (n. 10). Ou, como disse Bento XVI na carta aos bispos apresentando o Motu Próprio Sum-morum Pontificum, em muitos lugares, não se atendo às prescrições litúrgicas, consi-deram-se “autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia ao limite do su-portável”. Palavra infelizmente verdadeira: liturgia levada ao limite do suportável! E o Papa acrescenta: “Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e con-fusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja”.

–Há um renovado interesse pela liturgia tradicional?

–Dom Fernando Arêas Rifan: Muitos padres novos querem aprender a liturgia

na forma antiga. Há dois anos eu par-ticipei de um congresso em Oxford, na Inglaterra, promovido por grupos locais, para ensinar aos padres a liturgia tra-dicional. Foi aberto pelo arcebispo de Birminghan. Na missa, ele falou: ‘vocês todos estão aqui para aprender a forma antiga do rito romano. Vocês vão voltar para suas paróquias e celebrar o rito normal, de Paulo VI, mas vão celebrar melhor, porque, aprendendo o rito tra-dicional, aprenderão mais sacralidade, a rezar com mais devoção, e isso vai ajudá-los’.

O Papa quis isso. Quando ele permitiu a missa tradicional para o mundo todo, na forma extraordinária do rito romano, ele quis exatamente isso: a paz litúrgica, que um beneficiasse o outro. O rito tra-dicional pode se beneficiar do rito novo na maior participação que este traz; por outro lado, o rito novo vai aprender com o rito antigo a característica de mais sa-cralidade.

Depois dessa paz litúrgica que o Papa quis entre os dois ritos, para que um beneficie o outro, tem havido muita procura por sacerdotes. Nós mesmos fizemos um DVD para ensinar o rito tra-dicional. Muitos padres têm aprendido, muitos bispos têm incentivado nas suas dioceses. Acho que isso é muito impor-tante. Conservar a liturgia tradicional como forma de riqueza da Igreja, uma forma litúrgica de expressar os dogmas eucarísticos e o respeito. Não se trata de confronto, de briga, nada disso. É um modo da Igreja, legítimo, aprovado pela Igreja, sem causar nenhum detrimento à comunhão. Evita divisões. O Bispo local patrocinando a Missa no rito tradicio-nal, colocando-a em suas igrejas com sacerdotes regulares e sob sua jurisdi-ção, evita que alguns católicos caiam na tentação de querer ir buscá-la em gru-pos separados ou cismáticos. O Bispo poderá dizer: “Nós temos aqui, porque ir buscar a Missa no rito romano antigo em outro lugar?”

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á um fenômeno no Oceano Atlântico (será o Triângu-lo das Bermudas?) que faz

bons escritos sobre Liturgia sumirem no meio do caminho e não chegarem ao Brasil.

Porém, graças a Deus, o “efeito Ben-to XVI” e sua “reforma da reforma” é cada mais forte, e talvez isso esteja co-meçando a mudar!

Após estar sendo vendido no Brasil já o fantástico livro “Introdução ao Espí-rito da Liturgia”, de autoria do Cardeal Ratzinger (hoje Papa Bento XVI), a gran-de notícia é: a Editora Católica “Raboni” publicou, em português, o livro “Domi-nus Ets - É o Senhor!”, do Bispo Dom Athanasius Schneider.

Este livro é incrível, e nele, o autor faz uma defesa firme da importância de se restaurar o gesto de receber o Corpo de Deus na Comunhão Eucarística dire-tamente na boca e estando de joelhos (como o Santo Padre Bento XVI tem mi-nistrado em suas Missas em Roma des-de o ano passado).

Dom Athanasius trás de forma clara e objetiva argumentos teológicos, litúrgi-cos, pastorais e espirituais para isso.

E o que dá mais crédito ainda para a obra é que ela é prefaciada por Mons. Ranjith, secretário da Sagrada Congre-gação para o Culto Divino e Discipli-na dos Sacramentos, e portanto, uma das maiores autoridades litúrgicas de Roma.

A própria capa está maravilhosa, com o Santo Padre Bento XVI depositando o Corpo de Deus na boca de uma menina de joelhos e usando grinalda de flores na cabeça.

Vale muita a pena adquirir e divul-gar!

Maiores informações sobre o livro, no próprio site da Raboni:

http://www.raboni.com.br/detalhes.asp?lang=port&d=44&s=216&p=310

Livro “Dominus Est - É o Senhor!” lançado no Brasil!

HPor: Francisco Dockhorn

livros

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Manual da Santa Missalivros

com imensa satisfa-ção que anunciamos o pré-lançamento do

novo e-book das Edições Eletrôni-cas Veritatis Splendor, desta vez da autoria de Rafael Vitola Brod-beck.

Trata-se do Manual da Santa Missa. Bem simples, em estilo rápido, em forma de perguntas e respostas, trata de várias ques-tões litúrgicas, sempre em fideli-dade com o que manda a Igreja. O livro vem na esteira de múltiplos artigos que o Rafael vem escre-vendo sobre o tema no VS e tam-bém nas comunidades do Orkut, além de sua experiência em pa-lestras Brasil afora abordando o assunto.

O prefácio é do Prof. Felipe Aquino e a apresentação do Pe. Tiago Roney Sanxo (que quase to-dos conhecem do Orkut).

Esse e-book, no entanto, dife-rentemente dos anteriores do VS, é pago. É nossa primeira incursão nesse tipo de livro. Todavia, o va-lor é bem baixo: R$ 12,00. Sim, DOZE REAIS!

E TODO O VALOR será revertido para o apostolado de promoção litúrgica: compra de alfaias, para-mentos, livros litúrgicos em latim e vernáculo, obras sobre teologia litúrgica e sobre rubricas, para incrementar os artigos do VS na área.

Para adquirir, acesse o site:

http://www.salvemaliturgia.com/2009/04/manual-da-san-ta-missa.html

Após o pagamento, mediante transferência ou boleto bancário pelo PagSeguro, envie um e-mail para [email protected] com o assunto “E-BOOK MANUAL DA SANTA MISSA” , com o compro-vante de pagamento em anexo.

Depois de confirmado, o e-book é enviado por e-mail.

É

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ngraçado como as pessoas tendem ao novo, atribuindo ao que é tradicional a alcunha de

ultrapassado, antiquado. Erro capital ter como princípio o fato de que aquilo que inova deva sempre e invariavelmente subs-tituir o que já existe ao invés de se tornar mais uma parte do conjunto. Em um exem-plo prático, já faz algum tempo que a inven-ção do transistor revolucionou a indústria eletrônica. Eles “substituíram” as antigas válvulas, comumente encontradas em apa-relhos de TV bem antigos. Muita gente boa, contudo, ainda prefere, para determinados fins, a utilização de amplificadores de som baseados em válvulas aos transistorizados. Adeptos de ambas as vertentes, não rara-mente, dão azo a discussões apaixonadas.

A maioria da população católica em nos-so país, o qual faz parte da América Latina, integra a Igreja também Latina. Creio que somente o uso desses adjetivos já seria suficiente, ao menos, a uma reflexão. A origem latina está na essência de nossa cultura. Quantos “habeas corpus” foram concedidos pelos tribunais brasileiros nos últimos anos e noticiados pela mídia? Fico me perguntando se todos sabem o que é isso... Com justiça, os alunos de ontem estudavam o latim, uma língua morta na opinião de alguns. Hitler, Dom Pedro, Pedro Álvares Cabral, Machado de Assis também estão sepultados, o que não significa levar ao túmulo a sua importância. Já não se es-tuda o latim na maior parte das escolas re-gulares em nossos dias. Mas é difícil fazer sumir os radicais, prefixos e sufixos que in-sistem em aparecer nos vocábulos de nos-so idioma. Resignado, constato que nosso povo já não é mais dotado de uma curiosi-dade sadia sobre a origem das coisas. De onde surgiram termos como “domingo”, “segunda, terça, quarta, quinta e sexta-

feira”, “hortifrúti” etc? Ninguém pergunta. Todos se contentam em usar. Dias negros esses em que as pessoas aprendem a ler, mas lêem da mesma maneira que meu computador. Pronunciam os fonemas, porém não os compreendem. Adicionam, multiplicam e até dividem expressões algé-bricas, mas o fazem de maneira mecânica; quase como uma máquina de calcular re-buscada. Vivemos uma crise de confiança na capacidade do intelecto humano. Uma espécie de paralisia.

Nas missas em vernáculo, aqui no Bra-sil, vejo essa falta de confiança presente em réplicas a parágrafos das orações eucarís-ticas. Para que servem? Não acrescentam nada e ainda ocasionam o trabalho adicio-nal do fiel em decorar aquelas fórmulas para responder. Por que responder “fazei de nós um só corpo e um só Espírito” de-pois de o sacerdote suplicar que sejamos um só corpo e um só espírito? Papagaios podem fazer isso com eficiência. Se nossos fiéis precisam mesmo disso para compre-ender o que se passa, então estamos em maus lençóis.

No século passado, a Santa Sé resolveu permitir o uso do vernáculo e missais em língua local foram surgindo ao redor do globo. Todos eles têm o latim como modelo fundamental; edição típica. Contudo, pare-ce que à concessão para usar o vernáculo, interpretamos como proibição do uso do latim. A rapidez com que a língua foi subs-tituída quase que completamente após sé-culos de convívio pacífico entre cristãos foi impressionante. Mais interessante ainda foi constatar como se propagou essa espé-cie de “hoax” antilatim, de maneira que as gerações anteriores, devidamente acostu-madas ao recitar das mais tradicionais ora-ções católicas no idioma, notavelmente dei-xaram de repassar esse tesouro aos seus

filhos. Fenômeno estranho: sinto como se alguns dos mais velhos tivessem medo de transmitir tal ciência; como se aquele fosse um conhecimento vergonhoso que mere-cesse ser escondido dos outros. Quem os fez pensar assim? Por que tanta aversão ao latim? O que ele lembra ou desperta nos homens de hoje? São perguntas que me faço e cuja resposta remete à discus-são entre transistores e válvulas. Por que a existência de um deve necessariamente implicar a inexistência de outro?

O português não precisa sair para a che-gada do latim. Muito menos o latim deve ser suprimido. Tampouco ainda da forma como foi. Deveríamos continuar entoan-do “Gloria in excelsis Deo”, o “Sanctus”, o “Pater Noster”. Poderiam perfeitamente conviver com as orações eucarísticas em português. Serviriam para manter a sobrie-dade da celebração, qualidade atacada por adaptações cada vez mais criativas do que não poderia, em tese, ser adaptado, mas que, auxiliado pela “vivacidade” da língua portuguesa acaba por servir ao ensejo de todo tipo de imaginação. Nesse sentido, o latim tem uma vantagem: ele não é muito tolerante a barbarismos; nem a barbarida-des litúrgicas.

Não acho que a população esteja prepa-rada para uma nova “ruptura” agora. Mas poderíamos começar aos poucos, reinse-rindo as orações latinas no cotidiano cris-tão, desmantelando uma resistência inútil e sem razão; até que possamos, se as cir-cunstâncias o pedirem, ter, uma vez mais, as missas celebradas segundo a edição tí-pica do Missal que não deixou até hoje de ser latina. E que está uma edição à frente!

Há espaço para todos. Cultuemos nos-sas origens. E nos orgulhemos dela.

Pax.

EPor: Thiago Amorim Carvalho

testemunhos

Impressões sobre o lat im na Missa

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enho 48 anos e nunca par-ticipei de uma Missa que não fosse no rito ordinário.

Há uns 25/30 anos atrás assisti inú-meras vezes a Missa nesse rito cele-brada em latim em centros do Opus Dei e nos últimos 20 anos apenas duas vezes: uma no Vaticano e outra em Londres no ano passado. Reco-nheço que sei muito pouco sobre li-turgia e, talvez, se assistisse à Missa no rito extraordinário não conseguis-se - ao menos inicialmente - apreen-der as “vantagens” que muitos ale-gam ter em relação à percepção do caráter sacrificial da Santa Missa.

Atualmente costumo frequentar com minha família,quando posso, uma Missa no convento beneditino de Vinhedo, SP, que tem muitas ve-zes partes da Missa (Confiteor, Kyrie,

Gloria, Credo e Agnus Dei) dominical cantada ou falada em latim (também no rito ordinário). Com o tempo, mi-nha esposa e minhas filhas (de 15 e 11 anos) que nada sabem de latim passaram a acompanhar e, vamos di-zer, balbuciar e entender essas ora-ções em latim.

Nos últimos anos estive viajando para países de língua alemã e lem-bro, com emoção, de um fato que me fez ainda mais admirar o uso do la-tim na liturgia. Recordo que estava na cidade suíça de Luzerna e fomos à Missa. Nem eu e nem minha famí-lia conseguimos entender ou acom-panhar nem uma palavra da Missa - o que evidentemente não nos inibiu a participar dela com devoção. No domingo seguinte, já em Munich, na Alemanha, fomos à catedral assistir

T

Por: Wagner Marchiori

à Missa solene. E que alegria que vi minhas filhas e esposa entoando e cantando partes do Ordinário em la-tim! A sensação - sei que isso nem de longe é o importante - de estar de al-guma forma unidos àqueles que nos rodeavam e que não falavam ou en-tendiam absolutamente nada de por-tuguês, a milhares de quilômetros de casa, mas que naquele momento falavamos e nos entendíamos no lou-vor a Deus, dava mostra singular da catolicidade da Santa Igreja!

Abraços.

Impressões sobre o lat im na Missa

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Visão teológica da Missa e conseqüências práticas

obre a Missa, a lei da Igreja é clara em defini-la:

“Cân. 897 – Augustíssimo sacramento é a santíssima Eucaristia, na qual se con-tém, se oferece e se recebe o próprio Cristo Senhor e pela qual continuamente vive e cresce a Igreja. O sacrifício eucarístico, me-morial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacri-fício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas obras de apostolado da Igreja se relacionam intima-mente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam.” (Código de Direito Canônico)

Por ter o homem pecado em Adão e Eva, a consciência do erro que o afastou de Deus foi passada de geração a geração por toda a humanidade. O homem sabe que, no fundo, está afastado da divindade e que precisa fazer algo para suprir a lacuna en-tre eles. A própria Lei Natural, inscrita no coração de todas as pessoas, e que não foi afetada pelo pecado original praticado por nossos primeiros pais, afirma a necessida-de de ser construída uma ponte entre Deus e o homem. É preciso, sabe o homem, um meio de unir o divino ao humano, de recu-perar a amizade entre os dois!

Nesse sentido, procurou o homem ofe-recer sacrifícios que o unisse novamente a Deus. Muitas vezes, cego pelo pecado que lhe confundiu a razão, ofereceu sacrifícios totalmente contrários à vontade do Criador, como holocaustos humanos. Entretanto, não podemos deixar de ver nessa atitude ilícita e totalmente imoral um desejo huma-no de reconciliar-se com Deus ou, ao me-nos, aplacar a (justa) ira divina em virtude de seus pecados.

Para preparar a vinda de Cristo, o Pai formou, em determinado momento da História, um povo, e o elegeu. Esse povo, Israel, foi iniciado em Abraão, e consolidou-se nos patriarcas, Isaac e Jacó, com seus filhos, fundadores das doze tribos da nova nação, libertada, anos mais tarde, do jugo dos senhores egípcios que a escravizavam.

Erros litúrgicos e sugestões para coibi-los - II

Moisés, o líder dessa libertação, prefigura-va o próprio Jesus, preparando-O!

Já na primeira fase de Israel enquanto nação ofereciam-se sacrifícios pelos pe-cados, procurando agradar a Deus. Ele mesmo os exigia, já ensinando o povo que a ponte precisava ser reconstruída, e o pe-cado desfeito!

Mais tarde, com Moisés, um rito foi insti-tuído pelo próprio Deus, de forma a incutir ainda mais na mente dos israelitas toda a pedagogia do sacrifício, e os preparando para o sacrifício definitivo oferecido por Cristo, séculos depois. O cordeiro sacrifica-do no rito mosaico simbolizava, antecipa-damente, Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O ritual da pri-meira ceia mosaica (cf. Ex 12,1-8.11-14) já se mostra um grandioso símbolo da Paixão do Salvador. Sacrifica-se um cordeiro ma-cho e sem defeito, no lugar dos pecados do povo de Israel; Cristo, mais tarde, será identificado por São João Batista como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,29), o Agnus Dei, e morrerá, também sem “defeito” (ou seja, sem pecado, puro, santo, agradável ao Pai) pelas faltas do Novo Israel, a Igreja de Deus, santa e católica. O sangue do cordei-ro untado nas casas os assinalaria perante o anjo da morte como os escolhidos para a vida; o Sangue de Nosso Senhor e Sal-vador, derramado na Cruz e aspergido em nós pela fé e pelos sacramentos, nos as-sinala como os eleitos para a vida eterna. A Páscoa judaica foi dada como instituição perpétua; essa perpetuidade foi dada por excelência quando Cristo morreu e instituiu a Eucaristia como Nova Páscoa, sinal vivo e presente de Sua Morte e Ressurreição, como um holocausto permanente, con-forme já previra o profeta Daniel (cf. Dn 8,11;9,27).

Quando Cristo veio ao mundo, antes de oferecer-Se em sacrifício na Sexta-feira Santa, celebrou uma ceia com Seus Após-tolos, na noite anterior. Essa ceia foi uma antecipação mística e real do sacrifício ofe-recido no dia seguinte.

Na Última Ceia, Jesus antecipou Seu sacrifício, instituindo-o como perpétuo atra-vés do oferecimento de Seu Corpo e Seu Sangue. O mesmo Corpo morto na Cruz e o mesmo Sangue derramado foram distribu-ídos aos Seus Apóstolos, numa verdadeira

antecipação do sacrifício.Além de antecipar o sacrifício, vimos,

Jesus Cristo tornou-o perpétuo, quando mandou: “fazei isto em memória de mim.” (Lc 22,19)

Assim, os Apóstolos e seus sucessores devem obedecer ao mandamento de Jesus e fazer o que Ele ordenou: realizar o sacri-fício! Se o sacrifício pôde ser antecipado, pode também, por ter-se tornado perpétuo, ser oferecido continuamente. Não se trata de um novo sacrifício, eis que o de Cristo foi definitivo e suficiente, mas do mesmo novamente tornado presente pelos Após-tolos, seus sucessores e os colaboradores destes.

O sacrifício de Jesus Cristo foi oferecido na Cruz, e é tornado novamente presente em cada Missa celebrada. Missa, portanto, é um dos nomes que nós damos ao sacri-fício da Cruz tornado novamente presente diante de nós.

A Santa Missa é o mesmo, único e su-ficiente sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário, pelo perdão de nossos pecados, tornado real e novamen-te presente, ainda que de outro modo, in-cruento, no altar da igreja pelas mãos do sacerdote validamente ordenado.

Mesmo, único e suficiente: a Missa não é um novo sacrifício para saldar nossa dívi-da para com Deus. Oferecido de uma vez por todas, ao Pai, na Cruz do Calvário: a Missa é o mesmo sacrifício da Cruz, não um outro. Pelo perdão de nossos pecados: como a Cruz foi a causa de nosso perdão, merecendo-nos a graça de Deus, assim também é a Missa. Tornado real e nova-mente presente: a mesma Cruz é tornada presente diante de nós, pois para Deus não há limite de espaço ou tempo. Ainda que de outro modo, incruento: na Cruz, Cristo derramou Seu Preciosíssimo Sangue; na Santa Missa, a Cruz é tornada novamente presente, mas de outro modo, sem derra-mamento de Sangue – não é, repetimos, uma nova morte de Cristo, mas a mesma e única, porém de modo incruento. No al-tar da igreja: todo sacrifício precisa de um altar; a Cruz foi o altar onde Cristo ofereceu o sacrifício de Seu Corpo Santíssimo; na Missa não há uma Cruz física onde Cristo deva morrer, mas um altar onde é celebra-

especial parte 02

S

Por: Rafael Vitola Brodbeck

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do o sacrifício e os dons são oferecidos. Pelas mãos do sacerdote: num sacrifício, além do altar, é preciso uma vítima e um sacerdote, i.e., um sacrificador; quando o altar foi a Cruz, Jesus Cristo foi a Vítima, mas também o Sacerdote, pois ninguém O matou, antes Ele mesmo Se entregou à morte por nós; na Santa Missa, se o altar é o da igreja, e a vítima é Cristo, eis que o sacrifício é o mesmo, também há identi-dade quanto ao sacerdote, o sacrificador. Validamente ordenado: Jesus mandou que os Apóstolos realizassem o sacrifício feito na Cruz e antecipado na última Ceia, e eles passaram o mandato a seus sucessores e aos colaboradores destes; os sucessores dos Apóstolos são os Bispos, e os colabo-radores os padres, unidos a Cristo pelo sa-cramento da Ordem.

“Este aspecto de caridade universal do sacramento eucarístico está fundado nas próprias palavras do Salvador. Ao instituí-lo, não Se limitou a dizer ‘isto é o meu cor-po’, ‘isto é o meu sangue’, mas acrescenta: ‘entregue por vós (...) derramado por vós’ (Lc 22, 19-20). Não se limitou a afirmar que o que lhes dava a comer e a beber era o seu corpo e o seu sangue, mas exprimiu também o seu valor sacrifical, tornando sacramentalmente presente o seu sacri-fício, que algumas horas depois realizaria na cruz pela salvação de todos. ‘A Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrifical em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor’. A Igreja vive continuamente do sacrifício re-dentor, e tem acesso a ele não só através duma lembrança cheia de fé, mas também com um contacto atual, porque este sacrifí-cio volta a estar presente, perpetuando-se, sacramentalmente, em cada comunidade que o oferece pela mão do ministro consa-grado. Deste modo, a Eucaristia aplica aos homens de hoje a reconciliação obtida de uma vez para sempre por Cristo para hu-manidade de todos os tempos. Com efeito, ‘o sacrifício de Cristo e o sacrifício da Euca-ristia são um único sacrifício’. Já o afirmava em palavras expressivas S. João Crisósto-mo: ‘Nós oferecemos sempre o mesmo Cordeiro, e não um hoje e amanhã outro, mas sempre o mesmo. Por este motivo, o sacrifício é sempre um só. [...] Também agora estamos a oferecer a mesma vítima que então foi oferecida e que jamais se exaurirá’. A Missa torna presente o sacrifí-cio da cruz; não é mais um, nem o multi-

plica. O que se repete é a celebração me-morial, a ‘exposição memorial’ (memorialis demonstratio), de modo que o único e defi-nitivo sacrifício redentor de Cristo se atuali-za incessantemente no tempo. Portanto, a natureza sacrifical do mistério eucarístico não pode ser entendida como algo isolado, independente da cruz ou com uma referên-cia apenas indireta ao sacrifício do Calvá-rio.” (Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 12)

“O augusto sacrifício do altar não é, pois, uma pura e simples comemoração da paixão e morte de Jesus Cristo, mas é um verdadeiro e próprio sacrifício, no qual, imolando-se incruentamente, o sumo Sa-cerdote faz aquilo que fez uma vez sobre a cruz, oferecendo-se todo ao Pai, vítima agradabilíssima. ‘Uma... e idêntica é a ví-tima: aquele mesmo, que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes, se ofere-ceu então sobre a cruz; é diferente apenas, o modo de fazer a oferta.’” (Sua Santidade, o Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei, 61)

“O sacerdote que celebra o Santo Sacri-fício da Missa deve participar como sacrifi-cador. E nessa função ministerial, a mais sagrada e a mais excelsa que possa existir, o sacerdote deve ter consciência de que faz as vezes de Jesus Cristo, Nosso Senhor; melhor, o próprio Salvador age através do padre. Portanto, deve o celebrante estar revestido das disposições próprias do Co-ração de Cristo, e unir-se a Ele mediante uma sincera devoção e uma piedade ver-dadeira e desinteressada. Deve desejar, de toda a sua alma, emprestar seus gestos e sua fala a Jesus para que assim, agindo in Persona Christi, melhor celebre tão santos mistérios. É nesse sentido que há uma ora-ção no Ordinário na Missa em rito romano que o sacerdote reza durante o Ofertório, silenciosamente, e que resume bem essa intenção do celebrante de estar arrepen-dido de seus pecados e de oferecer um sacrifício agradável a Deus: “De coração contrito e humilde, sejamos, Senhor, aco-lhidos por vós; e seja o nosso sacrifício de tal modo oferecido que vos agrade, Senhor, nosso Deus.” (Missal Romano; Ordinário da Missa; Preparação das Oferendas)

O fiel, por sua vez, participa da Santa Missa assistindo-a com toda a vontade de unir-se aos sentimentos de Cristo. Se não pode, como o padre, ser o próprio Jesus oferecendo-Se na Cruz, deve, então, assis-tir o maravilhoso espetáculo do sacrifício de um Deus-homem que morre por nossos pe-

cados com a disposição de alma de quem aspira imitar aqueles santos que estiveram aos pés do Calvário. A Cruz torna-se presen-te na Missa, e porquanto naquela estavam presentes a Santíssima Virgem e o discípu-lo amado, São João, o Apóstolo e Evange-lista, quando estamos assistindo o Santo Sacrifício devemos ter as mesmas atitudes de ambos. Certamente, não estavam Nos-sa Senhora nem São João batendo palmas: sua alegria pela salvação que se operava era interna, e se misturava com uma viva dor pelos pecados da humanidade, come-tidos de tal forma que fizeram Deus sofrer e derramar Seu Sangue por nós. Imitando os sentimentos e atitudes de São João e da Virgem Maria aos pés da Cruz, estamos participando da Missa de um modo santo e salutar.

Praticamente, isso consiste em ficar atento em cada detalhe, acompanhar as orações do sacerdote com o coração ao menos – pois que nem sempre, pela di-ferente cultura teológica de cada um do povo, podemos entender perfeitamente as precisões litúrgicas –, e cumprir os ritos prescritos pela sabedoria multissecular da Santa Igreja. Mais do que tudo deve o fiel oferecer durante a Missa todo o seu ser para que, unido a Cristo, seja também ofer-tado ao Pai na hora do sacrifício.

São Leonardo de Porto Maurício, ardo-roso apóstolo da Santa Missa, nos dá seu ensino, ainda bastante atual:

“Eis o meio mais adequado para assistir com fruto a Santa Missa: consiste em irdes à igreja como se fôsseis ao Calvário, e de vos comportardes diante do altar como o faríeis diante do Trono de Deus, em com-panhia dos santos anjos. Vede, por conse-guinte, que modéstia, que respeito, que re-colhimento são necessários para receber o fruto e as graças que Deus costuma conce-der àqueles que honram, com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.” (São Leonar-do de Porto Maurício. Tesouro Oculto)

O sacerdote, antes de celebrar a Santa Missa, deve dizer algumas orações, como as previstas pela liturgia da Igreja. Elas aju-dam-no a melhor se preparar para oferecer tão augusto sacrifício a Deus, Nosso Se-nhor. Entre elas, contam-se aquela na qual o celebrante pede a graça de bem celebrar e dispõe-se a oferecer a Missa segundo o rito e a intenção da Santa Igreja. Outras, ajudam-no a dispor sua alma para penetrar no tremendo mistério da Santa Missa.

O fiel participante da Missa é convidado

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a também rezar algumas orações, antes de começar a celebração, preparando sua alma para receber os efeitos do sacrifício e do sacramento.

“Cân. 898 – Os fiéis tenham na máxima honra a santíssima Eucaristia, participan-do ativamento do augustíssimo Sacrifício, recebendo devotíssima e freqüentemen-te esse sacramento e prestando-lhe culto com suprema adoração (...).” (Código de Direito Canônico)

sacerdote e os ministros – con-celebrantes, diáconos, acólitos, cerimoniários – se dirigem ao presbitério, diretamente da sa-

cristia ou em procissão do fundo da igreja. Durante esse tempo, é cantado um canto de entrada, ou a Antífona da Entrada, que, aliás, pode ser simplesmente dita.

Chegando ao presbitério, o celebrante e seus auxiliares genufletem, se houver taber-náculo, ou fazem vênia ao altar, se não hou-ver ou se aquele estiver deslocado para uma capela lateral. Após a genuflexão ou a vênia, conforme o caso, deve o celebrante beijar o altar.

Na falta de canto de entrada, o sacerdo-te canta ou diz a Antífona da Entrada após a Saudação. Nas Missas sem povo, a Antífona da Entrada é dita após o Ato Penitencial e an-tes do Kyrie. Do contrário, segue diretamente para esta, após uma breve monição introdu-tória à Missa do dia.

Está proibido o uso de elementos, na pro-cissão de entrada, que não apontem para a essência do ato sagrado, i.e., para o caráter sacrifical da Santa Missa, e que, por isso mes-mo, não estão descritos nas rubricas. Dessa forma, os acólitos e demais ministros podem carregar, na entrada, o Missal ou o Evange-liário, o turíbulo com o incenso, e a cruz pro-cessional. Outros símbolos, como cartazes ex-plicativos, por exemplo, mesmo que tenham significado religioso, não podem ser usados: primeiro por não estarem previstos nas nor-mas litúrgicas; segundo por não apontarem para o caráter sacrifical da Missa. Já vi em uma procissão de entrada, ministros levando pombas na Missa de Pentecostes, e ramos de árvores em uma na qual o Evangelho do

Erros litúrgicos e sugestões para coibi-los - IIIdia falava da videira que é Cristo. Ora, tais são exemplos do que é totalmente inadmissível na celebração do Santo Sacrifício da Missa.

A Saudação é dirigida pelo sacerdote. O sinal-da-cruz é feito por todos os fiéis, mas sua fórmula é dita somente pelo padre! Ele é quem oferece o sacrifício e preside os atos dos fiéis; só ele é essencial para que haja Missa válida, ainda que seja preciso ao menos um assistente para que ela seja lícita, exceto por alguma razão que justifique essa ausência. Só o padre diz a fórmula do sinal-da-cruz por-que é ele quem está se apresentando diante do santuário sagrado de Deus, Nosso Senhor. Não se pode substituir a fórmula própria e tra-dicional por outra, ainda que pouca diferença ou com meros acréscimos àquela. Não se inventem “musiquetas” com a letra do sinal-da-cruz para uso na Missa! Os fiéis, à fórmula do sinal-da-cruz, respondem “Amém”, expres-sando sua adesão à intenção do celebrante.

Após, o sacerdote dirige a Saudação pro-priamente dita, segundo uma das fórmulas previstas no Missal Romano, a qual é respon-dida apropriadamente pelos fiéis, segundo as mesmas disposições das rubricas.

A Santa Missa é um sacrifício de Deus Fi-lho a Deus Pai, na unidade de Deus Espírito Santo. Ainda que a humanidade, representa-da pelo povo que está na igreja, seja a benefi-ciária do sacrifício, Deus é o destinatário. É a Ele que a Missa é dirigida, e não aos fiéis, não à assembléia. Não está o sacerdote na Missa para dirigir um espetáculo ao povo. Tampou-co é a Missa uma palestra do padre à assem-bléia em oração, ou uma exposição sua acer-ca do mistério da Cruz: ela é o próprio mistério da Cruz tornado novamente presente!

Dessa maneira, não é conveniente que o sacerdote cumprimente os fiéis, no início da Missa, como se fosse um mestre-de-cerimô-nias, ou como se a eles fosse a celebração

dirigida. O padre está na Missa para oferecer um sacrifício ao Pai: é um diálogo do sacerdo-te com Deus, e não do primeiro com o povo. Aliás, as intervenções dialogadas entre o pa-dre e os fiéis são uma motivação a estes para que, junto com o sacerdote, apresentem-se unidos a Cristo no sacrifício oferecido ao Pai. Os pólos da Missa não são o padre, de um lado, e o povo de outro, e sim esses dois – pa-dre e povo – de um, e Deus de outro. É Deus quem deve ser “cumprimentado”.

A única saudação é a própria do início da Missa, que serve como uma bênção de Deus, através do sacerdote, para os fiéis que a Ele vieram oferecer Seu Filho. O uso de outra sau-dação, como “bom dia”, “boa tarde”, além de sua falta de senso em face do destinatário da adoração prestada na Missa, faz com que a saudação litúrgica fique sem sentido.

Na prática

1. Não dê o sacerdote nem o comentarista um “bom dia”, nem “boa tarde”, “boa noite” ou qualquer outro cumprimento similar. A saudação é a do Missal. O culto é para Deus, não para o homem.

2. Faça-se o sinal-da-cruz conforme as ru-bricas: rezado ou cantado. Se cantado, com a letra milenar inalterada e sem acréscimo al-gum de qualquer ordem. Em todos os casos, apenas o sacerdote recita, enquanto o povo o acompanha somente no gesto.

3. A entrada é acompanhada por um can-to, quer do Gradual, quer do Missal, ou ainda qualquer outro que seja coerente com a digni-dade da liturgia. Dê-se preferência à antífona do Gradual, que pode ser traduzida ao verná-culo. Se nenhum canto houver, o sacerdote deve recitar a antífona proposta no Missal, e só ela.

Na prática

1. Institua-se, na paróquia, uma Escola de Liturgia, na qual se estudarão os docu-mentos da Igreja sobre o assunto, não a opi-nião de teólogos modernistas e liturgistas que não se preocupam com a tradição da Igreja. Menos Ir. Ione Buyst, OSB, Fr. Alberto Beckhauer, OFM, D. Clemente Isnard, OSB, e Ir. Miriam Kolling, FSP... Mais Bento XVI, Mons. Peter Elliot, Romano Guardini, Denis Crouan, D. Alcuin Reid, OSB, Pe. Micha-

el Lang, Mons. Klaus Gamber, D. Prosper Guerangér, OSB e Pe. Adrian Fortescue.

2. Promovam-se “Semanas da Liturgia”, com palestras de pessoas preparadas, e afinadas com o Magistério e a Tradição, com respeito pelas normas.

3. Nas aulas de catequese, e em todos os grupos, insista-se no caráter sacrifical da Santa Missa. Assista-se, em grupo, ao filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, fazendo a ligação entre a Cruz e a Missa.

OEntrada, Sinal-da-Cruz e Saudação

especial parte 02

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Na Diocese de São José dos Campos, há pelo menos quatro iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada, três delas surgidas dentre os leigos:

1) há alguns anos o Pe. Fernando Cardoso, da Arquidiocese de São Paulo, implantou uma liturgia sempre solene na Igreja Nossa Senhora de Fátima, o que não é costume na diocese. Formou a comunidade desde o coral até a sacristia, passando inclusive pelo ministério dos acólitos. Trata-se da igreja que celebra a Missa com maior solenidade. Hoje, mesmo tendo o Rev. Padre se afastado pelos seus inúmeros compromissos em São Paulo, o Rev. Cura da Catedral, Pe. Rinaldo, continua procurando preservar o caráter solene e digno dessas missas;

2) na mesma paróquia, no início de 2008, um grupo de leigos, onde me incluo, iniciou o estudo e a oração com o Canto Grego-riano. Era a Schola Cantorum São Gregório Magno. Foi necessário conquistar a confiança da paróquia e do Rev. Cura e até mesmo nos submeter às agendas da Pastoral Litúrgica, de orientação um tanto diferente. Em seguida, vendo o Rev. Padre que o coral e a Pastoral Litúrgica não conseguiam avançar de tal modo a aumentar a freqüência das Missas com Canto Gregoriano (em Novus Ordo, sempre), o Rev. Pe. decidiu implantar um novo horário, independente da Pastoral Litúrgica, na Igreja citada no item 1, per-tencente à paróquia Catedral, dessa vez com Missas Cantadas, por enquanto mensalmente, com previsão para avançar em 2010 para a escala quinzenal ou semanal;

3) na cidade vizinha, de Jacareí, outro grupo, um ano antes, fundou a Schola Bento XVI, que inicialmente contou com muitos óbi-ces por parte do pároco. Uma paróquia vizinha teve a iniciativa de implantar em uma de suas capelas (também dedicada NSFátima) a Missa no Rito de São Pio V. Isso aconteceu no último mês de abril, por inciativa do Rev. Pe. Wendell. Esse coral ficou responsável por cantar essas missas, mas alterna com o côro da Igreja de Santa Luzia de São Paulo e com a Schola São Gregório Magno, de São José dos Campos, citada no item 2.

4) também surgiu ano passado a Schola Tagaste, na paróquia S. Agostinho, que canta mensalmente.Somente com humildade, oração e com a confiança do pároco é possível implantar algo assim, a menos que a iniciativa já surja

dele próprio. Nossa cultura não está acostumada com uma liturgia sóbria e solene. Sempre correremos o risco de sermos confun-didos com certos grupos sectários.

No que tange ao canto gregoriano, procuramos seguir a Escola de Solèsmes, fazer uso rigoroso do Graduale Romanum e funda-mentar-nos nas idéias de D. Prosper Gueranguér, OSB, e D. Eugène Cardine, OSB. Além disso, cantamos sempre as I Vésperas de Domingo em latim na Capela do Ossuário, que fica no subsolo da Catedral São Dimas, iniciando nossos ensaios. Nunca esquece-mos da Lectio Divina e dos escritos dos Santos Padres, para que “respiremos” o clima que a Tradição nos transmite. Nossa forma-ção procura se integrar a uma cultura que outrora foi completamente cristã. Nosso propósito é recuperar, na medida do possível, essa cultura, vivendo, é claro, encarnados nos problemas da atualidade, inclusive das próprias comunidades.

Em nosso caso, primeiro tivemos de pedir ao pároco, que recebeu bem a idéia, mas teríamos de nos condicionar às agendas da Pastoral Litúrgica, que tem autonomia para marcar as missas. No início, foi um pouco difícil, alguns membros entraram por diversos motivos, mas só perseveraram os que viram no canto gregoriano a seriedade do Mistério Pascal celebrado na Liturgia, além da dignidade, beleza e ascese que nele são envolvidas, tomando, além de toda uma comunhão com aquilo que nossos Pais cantavam (penso em São Bernardo, Santo Anselmo, Santo Tomás, São Bruno, São Domingos, etc.), mas aceitamos os desafios das provações, perseverando na oração, na disciplina e no estudo do canto nas peças. Esse grupo de 6 pessoas que hoje se empenha nessa missão abraçou todo esse processo com espírito de serviço e sacrifício. E mais, começaram dizendo que não sabiam cantar; hoje já conseguimos até mesmo segurança e uníssono. A divulgação foi (e continua sendo) feita nos folhetos de Missa da Paróquia. Cantamos à Capella.

Depois de praticamente um ano cantando esporadicamente, nosso pároco resolveu dar um pouco mais de autonomia à Schola, responsabilizando-nos por marcar horários diferenciados de Missa para ser cantada solenemente por um celebrante que o faça, de nossa diocese ou não, desde que seja pelo Novus Ordo. Nesse caso, mesmo ainda cantando as Missas marcadas pela Pastoral Litúrgica na Catedral, as Missas Cantadas têm um horário próprio, numa das capelas da paróquia, com arquitetura e acústica muito próprias, independente da Pastoral Litúrgica, sob responsabilidade da Schola (é claro que contamos com o apoio da secretaria, da Pastoral de Comunicação para divulgar, das sacristãs e do grupo de acólitos).

OU SEJA, RESUMINDO, a idéia é amadurecer com humildade, estudando bastante, conquistando a confiança da Paróquia (in-felizmente o gregoriano é associado erroneamente à imagem de sectários que bem conhecemos), e submetendo todo o trabalho diretamente ao pároco, ficando um pouco mais livre de certas “preferências” de alguns setores pastorais. Em paralelo, mantemos contato com padres que também inspirem confiança ao pároco e ao mesmo tempo prezem pela beleza do culto divino e pelo zelo litúrgico, bem como nos articulamos, de vez em quando, com a Schola Cantorum Bento XVI, da vizinha cidade de Jacareí, na mesma Diocese.

Permaneçamos na paz, do Xto Senhor!

Relato de Emerson Sarmento Gonçalves

Iniciativas de uma liturgia mais seriamente celebrada na Diocese de São José dos Campos

testemunhos

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Ordenações de Legionários de Cristo missas pelo mundo

s Legionários de Cristo costu-mam ordenar seus sacerdotes em Roma, por um Cardeal ami-

go. No aniversário de 50 anos da Legião, o próprio Papa João Paulo II foi o Bispo orde-nante, demonstrando seu afeto e amizade para com essa obra realmente de Deus.

Como em todas as Missas celebradas pelos legionários - sejam em latim (no rito novo que todos celebram, ou no tridentino de alguns), sejam em vernáculo -, as rubri-cas são rigorosamente observadas, e um senso de estética e de progressiva soleni-zação é posto em prática.

Abaixo, flagrantes de algumas ordena-ções legionárias em vários anos: 2004, 2007, 2008... Uma delas, celebrada pelo Papa Bento XVI, não foi exclusivamente le-gionária.

Prestem atenção à mãe de um legio-nário de véu preto, na beleza das casulas e mitras, na solenidade dos acólitos de sobrepeliz e batina, nos sacerdotes que ajudaram a distribuir a Comunhão com sobrepeliz e estola por cima da batina, nos Bispos de veste coral assistindo a Missa, na humildade do Cardeal Norberto Rivera - que se ajoelha para receber a bênção dos neo-sacerdotes. Algumas ordenações foram em basílicas vaticanas, outras no Centro de Es-tudos Superiores da Legião em Roma.

Por: Aline Rocha Taddei Brodbeck

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IncensaçãoPor: Kairo Neves

tesouros litúrgicos

“Suba a minha prece como incenso à tua presença, minhas mãos erguidas como

oferta vespertina” Sl 140,2

queimar incenso ou a incensação exprime reve-rência e oração, como vem significado na Sagrada Escritura. No rito de Paulo VI permite-se o uso de

incenso em todas as missas, sempre que convier pastoral-mente. Em algumas circunstâncias seu uso é obrigatório:• Missa Estacional do Bispo• Dedicação de Igreja e Altar• Confecção do Santo Crisma• Quando se transportam os santos óleos• No transporte dos Santos Óleos• Na exposição solene do Santíssimo Sacramento

Via de regra, deve-se usar também o incenso:• Apresentação do Senhor• Domingo de Ramos• Missa da Ceia do Senhor• Vigília Pascal• Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo• Solene Transladação das relíquias• Em geral, procissões que se fazem com solenidade

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Preparação

Bênção do Incenso

tesouros litúrgicos

Para o uso de incenso prepare-se turíbulo, na- veta e incenso. O turíbulo tem quatro correntes, três que s u s t e n t a m onde es- tão as brasas e uma a tampa. Deve ser segu- rado da com a mão es- querda na parte s u p e - rior (para maior co- modidade pode-se usar o médio na argola superior e o míni-mo na inferior) e com a mão direita as correntes to- das juntas próximas à parte inferior.

O turiferário e o naveteiro se apro-ximam do sacerdote. Este se estiver junto do assento, senta-se, se não põe de pé. Ele lança por três vezes incenso no turíbulo pegando-o com a colher da naveta. Em seguida, aben-çoa-o com o sinal da cruz sem nada dizer.

No rito romano, a maneira da incen-sação possui algumas regras práticas e poucas, mas que merecem ser respeita-das. Primeiramente, quando se incensa faz-se reverência antes e depois da in-censação, menos ao altar e às oblatas. Quem é incensado também faz reverên-cia profunda.

Com três ductos do turíbulo incensa-se: “o Santíssimo Sacramento, as re-líquias da santa Cruz e as imagens do Senhor expostas à veneração pública, as oblatas para o sacrifício da Missa, a cruz do altar, o Evangeliário, o círio pascal, o sacerdote e o povo.

Com dois ductos incensam-se as re-líquias e imagens dos Santos expostas à veneração pública, e só no início da celebração, quando se incensa o altar.” Lembremo-nos que as imagens de Nossa Senhora e outro Santo que contenham a imagem de Jesus Menino são incensa-das com três ductos.

Um uso comum, mormente quando se usa casula gótica (com mangas am-plas) é que o diácono, o cerimoniário ou um acólito segure a casula, evitando que ela se queime. A maneira mais prática e funcional é segurar a parte da frente puxando-a levemente para trás. De modo que não deforme a casula. O santíssimo sacramento é incensado de joelhos.

Maneiras de Incensar

Usa-se nas seguintes partes da Mis-sa:

• a) durante a procissão de entra-da;

• b) no princípio da Missa, para in-censar a cruz e o altar;

• c) na procissão e proclamação do Evangelho;

• d) depois de colocados o pão e o cálice sobre o altar, para incensar as oblatas, a cruz, o altar, o sacerdote e o

Uso dentro da Missa

A naveta deve conter uma pequena colher e incenso suficiente para a ce-lebração, este deve ser puro, de suave odor, ou se com outra substância, cuide-se que seja muito superior sua parcela.

povo;• e) à ostentação da hóstia e do

cálice, depois da consagração.Além das demais procissões e oca-

siões que as rubricas próprias do rito exijam. Não se deve usar incenso em apenas uma destas partes, salvo rito es-pecial como dedicação de igrejas.

a,b)Antes da missa, o sacerdote impõe incenso no turíbulo e o abençoa. Em se-guida, na procissão de entrada o turiferá-rio vai acompanhado do naveteiro à fren-te da cruz. O naveteiro sempre à direita e um pouco atrás. Chegando ao altar, sobem sem fazer reverência profunda e esperam que o sacerdote revencie o altar e o beije. Coloca-se incenso novamente, se for necessário. Incensa-se o altar, a cruz, as imagens dos santos expostos à veneração pública e as relíquias.

c)Durante a Aclamação os acólitos se aproximam do sacerdote que permanece sentado. Ajoelham-se para a bênção do incenso. Levantando-se afastam-se dele e aguardam até que o sacerdote ou o di-ácono peça a bênção para proclamar o evangelho. Dirigem-se processionalmen-te até o ambão. Chegando, lê-se o evan-gelho; após dizer “O senhor esteja con-vosco” e “Proclamação...” o sacerdote (ou o diácono) incensa o livro ao centro, à esquerda e à direita. Devolve o turíbulo para o turiferário, que aguarda a leitura do evangelho (a menos que a fumaça atrapalhe aquele que lê o evangelho) Então saem turiferário, ceroferários e naveiteiro pelo caminho mais curto após a leitura do evangelho. O diácono, se for o caso, leva o livro ao celebrante só ou acompanhado pelo cerimoniário.

d)Após o sacerdote rezar “De coração contrito e humilde...”. Os acólitos aproxi-mam-se dele, este abençoa o incenso. Em seguida incensa as oblatas, a cruz, o altar; não porém relíquias ou imagens.

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tesouros litúrgicos

“Na liturgia das horas pode-se usar incenso nas Laudes e Vésperas, quando celebradas solenemente. Durante o can-to evangélico incensa-se o sacerdote, o altar e o povo.”

Na falta do diácono para incensar o sacerdote, ao altar e o povo, fá-lO um acólito.

A incensação na exposição do Santís-simo Sacramento e em sua bênção será tratado em postagem própria sobre es-ses ritos.

Esse texto foi feito com base no Ceri-monial dos Bispos, números de 84 a 98; Introdução Geral do sobre o Missal Ro-mano, números 276 e 277, 173 e 178.

Liturgia das HorasUma das principais mudanças do Con-cílio Vaticano II foi a exigência, sempre que possível, do altar separado da pa-

rece para permitir, entre outras coisas a incensação completa do mesmo. Assim a incensação do altar faz-se com simples ictus do seguinte modo:

“a) se o altar está separado da parede, o sacerdote incensa-o em toda a volta;

b) se o altar não está separado da pare-de, o sacerdote incensa-o primeiro do lado direito e depois do lado esquerdo.”

Durante o ofertório, na Missa, junta-se à incensação do altar, à das oblatas e da cruz da seguinte forma:

“Se a cruz está sobre o altar ou junto dele, é incensada antes da incensação do altar; aliás, é incensada quando o sacerdo-te passa diante dela. O sacerdote incensa as oblatas com três ductos do turíbulo, an-tes de incensar a cruz e o altar, ou fazen-do, com o turíbulo, o sinal da cruz sobre as oblatas.” A forma acima dita, o sinal da cruz sobre as oblatas ,é feito da seguinte forma em duas partes. Tal rito constava no ceri-monial tridentino, sendo reintroduzido no missal de 2002 pelo Papa João Paulo II:

a) Em forma de cruz, com 3 cruzes, di-zendo as respectivas fórmula:

“ 1. INCENSUM 2. ISTUD 3. A TE 4. BE-NEDICTUM 5. ASCENDAT 6. AD TE, DOMI-NE “

b) Em forma de círculo com 3 círculos,

com as fórmulas:“7. ET DESCENDAT SUPER NOS 8. MI-

SERICORDIA 9. TUA”

e) Após a incensação no ofertório, turi-ferário, naveteiro, um diácono (se existirem vários) e ceroferários se dirigem para a por-ta da igreja. Ao entoar do Sanctus, entram na igreja em direção ao altar na seguinte ordem: cerimoniário, naveteiro e turiferário, ceroferários dois a dois, diácono. Chegando ao presbitério ficam de pé, sem subir nele ficando na seguinte ordem, da esquerda pra direita: cerimoniário, ceroferário(s), tu-riferário, diácono, naveteiro, ceroferário(s). Ajoelham-se na epíclese e ficam ajoelhados até o fim da oração eucarística. Saindo en-quanto se canta “Amém”. Saem na mesma ordem que entraram .

Os ceroferários podem ser 6, 4 ou ape-nas 2. Podem ainda ausentar-se. Caso o diácono não possa incensar, o turiferário toma o seu lugar ao centro.

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carta

Reverendo Padre,

Rogamos a sua bênção!

A Missa no rito romano conforme o Missal de São Pio V (dita “Missa triden-tina” ou “forma extraordinária do rito romano”) começa a ser celebrada de modo mais generoso Brasil afora.

Todavia, não é só a “Missa tridenti-na” que é celebrada em latim. Muitos não se dão conta, mas o rito reformado por Paulo VI e João Paulo II, que atual-mente é o normativo na Igreja Latina, a Missa que normalmente temos nas nossas paróquias, também é em latim. Sim, pode-se celebrar a chamada “Mis-sa nova” em latim. E o Papa vem pedin-do que se o faça!

“A fim de exprimir melhor a unida-de e a universalidade da Igreja, que-ro recomendar o que foi sugerido pelo Sínodo dos Bispos, em sintonia com as directrizes do Concílio Vaticano II: exceptuando as leituras, a homilia e a oração dos fiéis, é bom que tais ce-lebrações sejam em língua latina; se-jam igualmente recitadas em latim as orações mais conhecidas da tradição da Igreja e, eventualmente, entoadas algumas partes em canto gregoriano.” (Sua Santidade, o Papa Bento XVI. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, 62)

Nesse sentido, peçamos aos Bispos a “Missa tridentina” em uma igreja da Diocese, mas também tenhamos a “Missa nova” celebrada, em cada igre-ja, ao menos uma vez por semana em latim. O idioma da Igreja Ocidental não deve ficar restrito à forma tradicional da Missa romana: o rito reformado, pós-Vaticano II, também deve valorizá-

lo, conforme pede o Santo Padre.Essa “Missa nova” em latim não

precisa de autorização formal do Bis-po, eis que é a Missa normativa no rito romano, é o mesmo rito romano refor-mado, atual, em uso, apenas com mu-dança da língua.

“A Missa se celebre quer em língua latina ou quer noutra língua, contan-to que se usem textos litúrgicos que têm sido aprovados, de acordo com as normas do direito. Excetuadas as Celebrações da Missa que, de acordo com as horas e os momentos, a auto-ridade eclesiástica estabelece que se façam na língua do povo, sempre e em qualquer lugar é lícito aos sacerdotes celebrar o santo Sacrifício em latim.” (Sagrada Congregação para o Culto Di-vino e a Disciplina dos Sacramentos. Instrução Redemptionis Sacramentum, 112)

Basta que o senhor, Reverendo Pa-dre, queira celebrá-la. A língua oficial para a celebração da Santa Missa e de todos os atos litúrgicos, no rito roma-no, em ambas as formas, tradicional (tridentina) e moderna (renovada), é o latim. O Concílio Vaticano II, ao contrá-rio do que muitos pensam, não aboliu o uso do idioma latino, antes o incen-tivou.

“Salvo o direito particular, seja con-servado o uso da Língua Latina nos Ritos latinos.” (Concílio Ecumênico Va-ticano II. Constituição Sacrosanctum Concilium, 36, § 1)

Há, isso sim, uma permissão para que a Missa seja oferecida em verná-culo, i.e., nas línguas nacionais dos vários países. Pode-se, além disso, di-zer determinadas partes da Missa em latim e outras em vernáculo.

“A Língua Latina é a língua própria da Igreja Romana.” (Sua Santidade, o Papa São Pio X. Encíclica Inter Pasto-ralis Officii)

“O uso da Língua Latina é um claro e nobre indício de unidade e um eficaz antídoto contra todas as corruptelas da pura doutrina.” (Sua Santidade, o

Papa Pio XII. Encíclica Mediator Dei)“Que o antigo uso da Língua Lati-

na seja mantido, e onde houver caído quase em abandono, seja absoluta-mente restabelecido. – Ninguém por afã de novidade escreva contra o uso da Língua Latina nos sagrados ritos da Liturgia.” (Sua Santidade, o Papa Beato João XXIII. Encíclica Veterum Sa-pientia)

“Providencie-se que os fiéis possam juntamente rezar ou cantar em Língua Latina as partes do Ordinário que lhes competem.” (Concílio Vaticano II. Cons-tituição Sacrosanctum Concilium, 54)

Em face do exposto, pedimos:

a) que V. Revma. celebre, em sua igreja, ao menos semanalmente, a Mis-sa em latim segundo a forma ordinária (rito romano moderno, de 1970, de Paulo VI e João Paulo II, pós-conciliar);

b) que V. Revma. celebre, em sua igreja, se houver procura dos fiéis, ao menos quinzenalmente, a Missa em latim segundo a forma extraordinária (rito romano tradicional, tridentino, de 1962, de São Pio V e Beato João XXIII, pré-conciliar);

c) que, em certas solenidades e em alguns Domingos, algumas dessas Missas em latim, quer na forma ordi-nária, quer na extraordinária, sejam cantadas, para maior enlevo espiritual dos fiéis.

Estamos à disposição para indicar onde conseguir Missais para o altar e também para o povo, tanto na forma ordinária, quanto na extraordinária.

Novamente, suplicando a sua bên-ção,

“O Latim exprime de ma-neira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.”(Sua Santidade, o Papa João Paulo I. Discurso ao Clero Romano)

Modelo de carta ao pároco ou reitor de Igreja, pedindo Missas em latim nas duas formas

Por: Rafael Vitola Brodbeck

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Semana Santa na Paróquia Verbo Divino, na Diocese de Santo Amaro, SP

missas pelo brasil

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Solenidade de Santo Antonio de Pádua Por: Wescley Luís de Andrade

missas pelo brasil

Procissão de Entrada e Incensação do Altar.

o último dia 13 de junho de 2009, A Igreja celebrou a fes-ta de Santo Antonio de Pádua,

Presbítero e Doutor, no Brasil, Santo An-tonio é o titular de diversas catedrais dio-cesanas, assim tal festa nestas dioceses passa a ser celebrada como solenidade.

Na diocese de Frederico Westphalen - RS, Sua Excelência Reverendissima Dom Antonio Carlos Rossi Keller, presidiu três missas, todas celebradas como soleni-dade, conforme indica o ritual para este dia.

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Imagem de Santo Antonio de Pádua

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HomiliaApresentação das Oferendas.

Benção Solene com a Reliquia Ex Cute de Santo Antonio

Incensação da Imagem e Reliquia Ex Cute de Santo Antonio

Proclamação do Evangelho

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eventos

s que não moram tão perto terão oportunamente a oca-sião de ver algumas imagens

pela TV Aparecida.

Convite para Santa Missa cantada (forma ordinária), em São José dos Campos

O

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Missa na forma extraordinária no Rio de Janeiro, dia 11 de julho de 2009

eventos

o próximo dia 11 de julho, ao meio dia e meia hora, com a benção de seu Arcebispo, será celebrada no Rio de Ja-

neiro a Santa Missa na forma extraordi-

N nária do Rito Romano. A Missa será uma primeira reunião dos católicos daquela cidade interessados no Rito Tridentino.

Compareça para dar seu apoio a essa importante iniciativa.

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ORAÇÃO PARA ANTES DA MISSAMeu Senhor Jesus Cristo, Criador e

Redentor nosso, vosso amor é tão abra-sado pelos homens, que não satisfeito de terdes descido do céu a terra, e vestido a nossa mortalidade, para que unida com ela vossa divindade satisfizesse a justiça de vosso eterno Pai ofendida, cujo misté-rio inefável se consumou no Calvário, em que sofrestes morte de Cruz para nos dar a vida da glória; quisestes ainda deixar

uma perpétua memó-ria deste sanguinolento Sacrifício, consagrando vosso Santíssimo Cor-po e Sangue antes da hora de vossa doloro-sa paixão e trânsito da morte, que agora signi-fica o santo sacrifício da Missa, e consagração do Santíssimo Sacra-mento, que o Sacerdote cada dia oferece pelos fiéis vivos e defuntos. Fazei-me, pois digno, ó Senhor meu Jesus Cristo, por vosso divino amor, de que eu possa ouvir e ver celebrar o santo sacrifício da Mis-sa com atenta devoção e coração agradecido, e ter presente em minha memória vossa san-tíssima vida, paixão e morte, que nesta hora se apresenta pelo Sa-cerdote; e para que eu possa reverenciar e lou-var os divinos Mistérios do incruento Sacrifício, com o Sacerdote e to-dos os circunstantes, gozando do seu fruto em minha alma, e ofe-recer minhas orações e obras devotamente em

honra e glória de vossa divina e sobera-na Majestade. Recebei em satisfação de minhas culpas, e em ação de graças por tantos benefícios que de vossas mãos

uando o sacerdote sai reves-tido da sacristia, representa o Cristo, quando saiu do ven-tre virginal de

Nossa Senhora ao mun-do, ou quando subiu ao monte Calvário para cum-prir os mistérios de nossa redenção.

O barrete representa a coroa de espinhos que por zombaria colocaram no Senhor.

O amito significa o véu com o qual os soldados lhe vendaram os olhos.

A alva representa a veste branca que por es-cárnio Herodes mandou que o vestissem.

O cíngulo significa a corda com que ataram o Senhor, quando o prende-ram e levaram preso para Jerusalém, ou também, a corda com o qual o amar-ram a coluna para açoitá-lo.

A estola significa a cor-da que lançaram ao seu santo pescoço, quando lhe impuseram a cruz às costas.

A casula significa a túnica que retiraram de Cristo para crucificá-lo, e o manto que os soldados colocaram para zombar D’Ele.

O galão da casula re-presenta a própria Cruz.

O Altar e a Pedra D’Ara significam a Cruz onde Nosso Senhor foi pregado.

A Cruz colocada sobre o altar lembra

Método de Assistir ao Santo Sacrifício da Missa Explicação dos Mistérios da Missa

Q

artigo

Por: Diego Ferracini

Segundo as “Novas Horas Ma-rianas” pelo Pe. J.J. RoqueteWinterberg, Tchecoslovaquia

Casa Editora CatholicaJ.STEINBRENER

Imprimatur de S.S. Pio X

ao sacerdote que ele deve assemelhar-se ao Cristo Crucificado.

As santas alfaias significam o sudário em que o Senhor foi envolto.

O cálice representa o sepulcro.A patena significa a pedra com que

se fechou o sepulcro.A hóstia e o vinho significam o Cor-

po e o Sangue de Cristo, no qual se hão de converter; e a água que se deita no cálice significa a que saiu de seu Divino

lado.As velas acessas significam a fé viva

que deve animar os fiéis que assistem ao incruento sacrifício da Missa.

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continuamente recebo.Oferecei ó meu amantíssimo Salva-

dor, a vosso santíssimo Pai celestial vos-sa inocente vida, dolorosa paixão, e cruel morte, com a qual haveis satisfeito por todos nossos pecados. Recebei, pois, ó Deus Pai misericordioso este santíssimo Sacrifício de vosso Unigênito Filho em satisfação de meus pecados e dos de todo o mundo, e salvai-nos pelos mere-cimentos de tão preciosa Vítima, recebei-nos com todos os santos escolhidos e bem-aventurados na glória do Paraíso Celestial, onde viveis e reinais com vosso Filho, em unidade com o mesmo Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.

AO SAIR O SACERDOTE DA SACRIS-TIA E CAMINHAR PARA O ALTAR, EM QUE REPRESENTA CRISTO QUANDO SAIU DO CLAUSTRO VIRGINAL DE NOS-SA SENHORA, E APARECEU AO MUNDO FEITO HOMEM.

Eu vos adoro, divino Salvador, des-cendo ao seio do eterno Pai, nascendo de uma Virgem e aparecendo no mundo feito homem, para nos instruirdes com o vosso exemplo, ensinardes vossa doutri-na, e resgatardes com o vossa Sangue; fazei Senhor, que vosso exemplo me con-funda, vossa doutrina me guie sempre, e vosso Sangue não seja para mim inú-til, aproveitando-me para a vida eterna. Amém.

AO COMEÇAR O SACERDOTE DIRÁ A CONFISSÃO, AO DIZER REPRESENTA COMO NOSSO SENHOR JESUS CRISTO TOMOU SOBRE SI NOSSOS PECADOS E PAGOU POR ELES.

Deus e Senhor meu, eu me apresento diante de vossa divina Majestade, como o Publicano, confessando-me como o

maior de todos os pecadores e pedindo-vos perdão de minhas grandes culpas as quais tomastes sobre vossos ombros para pagar por mim. Lavai-as, Senhor, com a água de vossa divina graça, para que devotamente vos contemple nesta Santa Missa, e por todos sempre vos lou-ve. Amém.

AO GLÓRIA QUE REPRESENTA O CÂNTICO DOS ANJOS E SERAFINS NO NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS.

Glória a vós, Senhor, no céu e paz na terra aos homens: glória a vós, dulcíssi-mo Jesus, pois quisestes fazer-vos ho-mem, e nascer das puríssimas entranhas da Virgem Maria, para me remir da culpa. Os anjos vos louvem; os Querubins e os Serafins e todos os espíritos celestes vos bendigam. Fazei, Senhor, que eu com eles sempre cante a vossa glória. Amém

AO DOMINUS VOBISCUM QUE SE FIGURA A BONDADE DE DEUS EM SE COMUNICAR AOS HOMENS E A ADORA-ÇÃO DOS REIS MAGOS.

Senhor meu Jesus Cristo, que para salvar o gênero humano viestes ao mun-do, e com uma nova estrela guiastes os três reis magos até o lugar do vosso nas-cimento, onde eles vos encontraram re-clinado em pobre presépio; guiai-me com a luz de vossa graça, para que, adoran-do-vos, e confessando-vos na terra por meu Criador e Salvador, Deus e Homem verdadeiro, vá depois gozar da luz celes-te que iluminas os escolhidos por toda a eternidade. Amém.

AS PRIMEIRAS ORAÇÕES (COLETA) REPRESENTAM A APRESENTAÇÃO DO SENHOR AO TEMPLO.

Pai Eterno, que em vossa santo tem-plo recebestes ao vosso Unigênito Filho com sua santíssima Mãe, para que cum-prissem com a cerimônia da lei de puri-ficação; fazei, Senhor, que minha alma, como filha vossa seja digna oferta em vosso templo, imitando a Jesus, Maria e José, na sua santíssima vida. Amém.

A EPÍSTOLA LEMBRA A PREGAÇÃO DOS APÓSTOLOS.

Ó dulcíssimo Jesus, que enviastes os vossos Apóstolos para pregarem o per-dão dos pecados, compadecei-vos de mim grande pecador; todas as minhas culpas lanço no mar imenso de vossa misericórdia, e humildemente vos supli-

co que me deis um verdadeiro arrependi-mento e emenda, e me olheis com olhos de piedade, para que de ora em diante nunca mais vos ofenda, e sempre vos louve. Amém.

AO EVANGELHO QUE SIGNIFICA A DOUTRINA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO ANUNCIADA AO MUNDO.

Ó divino Mestre e Redentor nosso, que tanto aos judeus como aos gentios anunciastes vossa lei santíssima, abri outra vez vossa sacrossanta boca e fa-lai, Senhor, para que vosso servo ouça; iluminai-me para que eu guarde vossa sagrada doutrina e faça com que por ela nos ensinais, e como discípulo vosso vos bendiga e louve. Amém.

AO CREDO QUE REPRESENTA OS FRUTOS DO ANÚNCIO EVANGÉLICO.

Ó Redentor nosso, que para salvação das almas, andastes pelo mundo com imensos trabalhos, pregando a lei da graça; concedei-me , Senhor, por vossa misericórdia, valor para guardar vossa santa lei e confessá-la diante de vossos inimigos; e que vos louve por todo sem-pre vosso santo nome. Amém.

AO OFERTÓRIO QUE SIGNIFICA QUE A DOUTRINA DE CRISTO É ORIGEM DA FÉ E TESTEMUNHO DAS OBRAS.

Ó eterna sabedoria do Pai, cuja dou-trina vossos santos creram de todo o coração, confessaram com a boca, e tes-temunharam com as obras; eu vos rogo, Senhor, me deis uma fé viva, para que

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firmemente creia em tudo que vós ensi-nastes, e confessando-o com a boca, o confirme com as obras para honra e gló-ria vossa. Amém.

AO LAVABO QUE SIGNIFICA A CON-DENAÇÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO POR PÔNCIO PILATOS.

Recebei, Senhor, este sacrifício, que vos oferecemos por nossas culpas, lavai todas as minhas manchas; dai limpeza de coração, tirai-me a afeição desorde-nada das criaturas, para que ponha toda em vós, que sois meu Criador, vos ame, obedeça e imite, e no fim da vida vos goze por toda a eternidade. Amém.

AO ORATE FRATRES QUE INDICA COMO OS FIÉIS POSSUEM PARTE NO SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA.

Ofereço-vos, Deus meu, este sacrifício por todos os fins e motivos que vós que-reis que eu ofereça, rogando por mim pe-cador, por meus pais, irmãos, parentes e defuntos, e por todos os que estão em agonia de morte, para que acabem em vossa graça. Amém.

AO PREFÁCIO QUE SIGNIFICA A EN-TRADA DE CRISTO EM JERUSALÉM, QUANDO OS JUDEUS CANTARAM HOSA-NA.

Ó piedosissimo Rei de Israel, em cuja entrada triunfante em Jerusalém lança-vam suas capas e vestes vistosas pelas ruas cantando: “Hosana nas alturas! Bendito seja o que vem em nome do Se-nhor!”. Eu vos suplico, Senhor, que triun-feis em minha alma, para que possa um dia cantar com os vossos escolhidos: Ho-sana nas alturas! Bendito seja o Senhor Deus Onipotente! Amém.

AO CANON QUE REPRESENTA O INÍ-CIO DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JE-SUS CRISTO, NOSSO BEM.

Ó fidelíssimo Pastor de nossas almas, que amastes vossas ovelhas até o pon-to de morrer para remi-las, padecendo primeiro inumeráveis injúrias e afrontas; eu vos rogo, Senhor, que me deis graça para sofrer por vosso amor todas as ad-versidades e calúnias que contra mim se levantarem, para que depois da morte descanse no seio de vossa glória, e vos bendiga por toda a eternidade. Amém.

ENQUANTO O SACERDOTE DIZ O ME-MENTO PELOS VIVOS.

Aceitai, Senhor, este santo Sacrifício pela intenção que suplico, enquanto a parte satisfatória. E pelo que respeita a parte meritória e impetratória, rogo-vos, Senhor, que atendendo ao mesmo Sacri-fício, vos lembreis de mim, de meus pais, irmãos, irmãs, parentes, amigos e benfei-tores...de todos a quem fui molesto, ou servi de escândalo, e ocasião de pecado, tanto em comum como em particular...de todos os sacerdotes e ministros da Santa Igreja...de todos os meus inimigos, aos quais perdôo de todo meu coração...de todos os hereges e infiéis, para que se convertam...e de todos os mais por quem vós quereis e sabeis que eu devo orar.

ANTES DA CONSAGRAÇÃO, FIGURA-SE O CORDEIRO PASCAL AINDA NÃO IMOLADO.

Bendito sejais, suavíssimo Jesus, pois em sua última ceia cumpristes a figura do cordeiro pascal, e destes aos após-tolos vossa carne e sangue; eu vos rogo que me façais participante deste santo Sacramento e assim possais viver em mim, e eu em vós, louvando-vos eterna-mente. Amém.

NA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA, LEMBRA-SE O CRISTO LEVANTADO NA CRUZ.

Eu vos adoro, sagrado Corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, que na ara da Cruz fostes digna Hóstia para redenção do mundo.

NO INTERVALO DA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA E DO CÁLICE.

Alma de Cristo...por todos os séculos dos séculos. Amém.

A ELEVAÇÃO DO CÁLICE LEMBRA-SE O SANGUE JORRADO POR CRISTO NA

CRUZ ATRAVÉS DE SUAS CHAGAS.Eu vos adoro, preciosíssimo Sangue

de Nosso Senhor Jesus Cristo que, der-ramado na ara da Cruz, lavastes nossos pecados. Amém.

ENQUANTO DIZ O SACERDOTE O ME-MENTO PELOS MORTOS.

Aceitai, Senhor, este Sacrifício pela in-tenção a que o aplico, em quanto à par-te satisfatória. E pelo que respeita a sua parte imprecatória, rogo-vos, Senhor, que vos lembreis das almas de meus pais, irmãos, irmãs, parentes, amigos e ben-feitores...das almas que por ocasião de alguma culpa minha, padecem no Pur-gatório...das almas que me estivessem recomendadas, tanto em comum como em particular...das almas dos sacerdotes e ministros da Santa Igreja...das almas que saíram de seus corpos com mortes repentinas. Das almas esquecidas, ou de que não há particular memória...em suma, de todas as almas que padecem no Purgatório, e particularmente daque-las pelas quais quereis e sabeis que eu devo rezar. Amém.

QUANDO O SACERDOTE ESTENDE AS MÃOS SOBRE A HÓSTIA E SOBRE O CÁLICE, O QUE REPRESENTA A CONTI-NUAÇÃO DA PAIXÃO DE CRISTO E SUA MORTE.

Ó amantíssimo Jesus, graças vos dou pela extensão de todos os vossos mem-bros na Cruz, pela abertura das mãos e dos pés, e costado, pela efusão de san-gue e água; pela Cruz e morte dolorosa. Isto vos ofereço por meus pecados, e pelos de todo o mundo, e vos rogo que me deis paciência nas adversidades até a morte por vosso amor. Amém.

NA SEGUNDA ELEVAÇÃO DA HÓSTIA E DO CÁLICE LEMBRAMOS COMO JOSÉ E NICODEMOS DESCERAM NOSSO SE-NHOR DA CRUZ.

Obedientíssimo Jesus, eu vos rogo que me deis a graça de ajudar-vos a descer da Cruz para emenda de minhas culpas, e para que mereça depositar-vos no se-pulcro de meu coração, para que nunca me separe de vós. Amém.

AO PATER NOSTER, QUE SIGNIFI-CA AS SETE PALAVRAS DE CRISTO NA CRUZ.

Ó bom Jesus, pelas sete palavras que na Cruz dissestes, dai a graça de que eu

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perdoe aos que me ofendem; dai, como ao bom ladrão, o paraíso e a vida eterna; guardai-me como Filho adotivo de vossa Mãe Maria Santíssima; livrai-me de todo o mal, e levai-me à vida eterna. Amém.

APÓS O PATER NOSTER LEMBRA-MOS COMO CRISTO DESCEU A MORA-DA DOS MORTOS E TIROU DE LÁ OS SANTOS PATRIARCAS.

Ó doce Jesus, cuja alma santíssima unida coma a divindade, desceu aos infernos para tirar as almas dos santos pais, eu vos rogo, Senhor, que tireis tam-bém a minha do abismo de suas culpas; livrai-me do inferno e das penas do pur-gatório, para que quantos antes com os santos Patriarcas, e com todos os esco-lhidos vos louve na glória eterna. Amém.

QUANDO O SACERDOTE PARTE A SA-GRADA HÓSTIA; QUE SIGNIFICA COMO JESUS CRISTO DIVIDIU O PÃO PARA OS DISCÍPULOS EM EMAÚS.

Deus meu, pois sois guia para encami-nhar aos que se apartarão do verdadeiro caminho; eu vos rogo que, assim como guiastes a vossos Discípulos, assim se-jais meu guia em tudo, e por meio de santas inspirações vos conheça e louve. Amém.

QUANDO O SACERDOTE DIZ PAX DOMINI QUE SIGNIFICA A APARIÇÃO DE JESUS CRISTO RESSUSCITADO AOS SEUS AMIGOS, DANDO-LHES A PAZ.

Ó glorioso Jesus, que abristes a por-ta da vida eterna com a vossa gloriosa ressurreição, a qual anunciastes aos vos-sos Apóstolos, dando-lhes a paz; eu vos suplico, Senhor, façais que minha alma ressuscite convosco para uma vida plena da graça, e nunca vos ofenda. Amém.

AO AGNUS DEI, QUE SIGNIFICA COMO JESUS CRISTO DEU PODER A SEUS APÓSTOLOS PARA PERDOAR OS

PECADOS.Ó paciente Jesus, que apareceu no

meio de vossos Discípulos, dando-lhes a paz, e o poder de absolver os pecados; dai poder de vencer e aniquilar todos os vícios e como bom pastor, conduzi-me ao vosso celestial rebanho. Amém.

QUANDO O SACERDOTE COMUNGA, MEDITAMOS CRISTO COMENDO COM SEUS APÓSTOLOS, ANTES DA ASCEN-ÇÃO GLORIOSA.

Ó dulcíssimo convite de nosso Senhor Jesus Cristo, eu vos adoro, e vos rogo, bom Jesus, retireis de minha alma tudo o que vos for contrário, para que com vos-sos Discípulos goze das infinitas graças deste sacrossanto Sacramento, e de vós goste, Viático de minha peregrinação. Amém.

NA PURIFICAÇÃO LEMBRA-SE COMO JESUS CRISTO SUBIU AO CÉU POR SUA PRÓPRIA VIRTUDE.

Ó dulcíssimo Jesus, que depois de vossa Ressurreição, com a vossa própria virtude, levantadas às mãos ao Céu, qui-sestes subir para o vosso Eterno Pai, eu vos rogo, Senhor, levai convosco minha alma, para que, apartada das coisas terrenas só contemple as celestes, para que sempre vos louve. Amém.

AS ÚLTIMAS ORAÇÕES, REPRESEN-TAM CRISTO INTERCENDENDO POR NÓS, JUNTO AO ETERNO PAI, COMO NOSSO INTERCESSOR.

Ó divino Salvador e Redentor nosso, vós que, segundo nos anunciou vosso Apóstolo, sois o nosso Medianeiro e Ad-vogado perante o trono de vosso eterno Pai, suspendei, Senhor, a sua justiça, que tantas vezes provocamos com as nossas iniqüidades, e alcançai-nos, do tesouro de sua misericórdia, perdão para os nos-sos pecados, graça para perseveramos na observância de vossa divina lei, e a recompensa que, como justo Juiz desti-nais aos que a observarem. Amém.

QUANDO O SACERDOTE DÁ A BEN-ÇÃO, ELE REPRESENTA CRISTO QUE ENVIA O ESPIRÍTO SANTO.

Ó mediador nosso, Senhor meu Jesus Cristo, que de vosso eterno Pai alcanças-tes que enviasse a vossos Apóstolos o divino Consolador em línguas de fogo; eu vos rogo, Senhor, me façais participante deste santo amor, para que dignamente

vos sirva e louve. Amém.

AO EVANGELHO DE SÃO JOÃO, NO QUAL É ANUNCIADO OS MISTÉRIOS DA DIVINDADE E HUMANIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

Ó Jesus, zelador ardente das almas, que mediante a pregação dos vossos Apóstolos anunciastes as nações os mis-térios de vossa divindade e humanidade cuja comemoração se acaba de fazer neste santo sacrifício da Missa; por eles vos rogamos, Senhor, que nunca nos de-sampareis, antes nos leveis a vossa gló-ria, onde sem o véu da fé vos vejamos face a face e com os anjos e santos can-temos os vossos louvores por toda eter-nidade. Amém.

OFERECIMENTO DO SANTO SACRIFÍ-CIO DA MISSA.

Ó Clementísismo e Soberano Criador do Céu e da Terra, eu, o mais vil de todos os pecadores, vos ofereço, juntamente com a Igreja, este precioso Sacrifício, que é vosso Unigênito Filho, por todos os pecados que tenho cometido e por todos os do mundo; e seja por modo de sufrá-gio pelas almas do purgatório.Amém.

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Por: Maite Tosta O Silêncio na Liturgia

artigo

ivemos num mundo que não suporta o silêncio. E esse mundanismo penetrou no

universo de nossas liturgias. Passamos de uma liturgia excessivamente silen-ciosa, no aspecto da passividade das assembléias, para uma liturgia falante e, muitas vezes, barulhenta demais. Con-funde–se facilmente a liturgia da palavra com tagarelice e palavrório. Acha–se que participar consiste em estar falando ou cantando o tempo todo.

Muitos agentes de celebração não acreditam na força comunicadora do si-lêncio. Pensa-se muito freqüentemente e em muitas igrejas que “ouvir em silêncio, ver em silêncio, meditar em silêncio, ges-ticular em silêncio, andar em silêncio’, não é participar.

Introduz-se, então, a poluição sonora do mundo para o interior de nossas cele-brações. Se ainda fossem ruídos e sons artísticos bem-feitos, imersos no mistério de celebrar... mas nem sempre é assim.

Não se trata, evidentemente, de voltar ao silêncio passivo e de pessoas ausen-tes na celebração. Muito menos de pen-sar que o silêncio deva ser mais eficaz instrumento numa festa.

Trata-se de descobrir e vivenciar seu valor de comunicação e vida na festa de celebrar o mistério pascal em comunida-de. Trata-se de reconhecer que sem ele não há profundidade no que se fala, no que se canta, no que se faz.

Ser e silêncio“É no silêncio que a alma encontra a

plenitude de Deus”.Tudo o que decorre da natureza divi-

na do ser brota do silêncio do ser. Assim, tudo o que busca o ser humano para tocar o coração do outro (arte de se re-lacionar), decorre da profundidade do si-lêncio de ser. Nisso atingimos a natureza de sermos “imagem e semelhança” do criador.

O caminho da perfeição humana leva ao silêncio de ser, ao silêncio de só ser. Nosso interior é silencioso. A própria dor é silenciosa, como é marcadamente si-lenciosa a alegria interior. Dor e alegria que, num segundo estágio, se tornam

gritos, sussurros, exclamações, lamen-tos, aplausos.

A consciência do silêncio como genu-ína expressão do ser é que pode levar à experiência de entender e tornar viva a voz do silêncio, a fala do silêncio, a co-municação silenciosa.

Se for verdade que todo canto que não promove o silêncio é inútil, também é ver-dade que a liturgia que não é perpassada de silêncio é estéril.

Mistério não faz barulho, e menos ainda mistério de fé; apesar de precisar romper o silêncio para ser celebrado, par-tilhado, comunicado, festejado, é sempre acompanhado dele.

A força comunicativa do silêncioO silêncio integra a linguagem simbó-

lica humana. É muito mais símbolo que razão. O homem marcadamente racional precisa muito mais falar do que calar. A poesia, por sua vez, é antes de tudo e de-pois de tudo silêncio,e não fala. Trata-se, pois, do silêncio que também é sinal, for-ma de participação, “forma difícil e pou-co entendida e praticada.

Além de ser em si mesmo uma forma de comunicação, o silêncio exerce uma tríplice função na comunicação.

Interiorização: predispõe as pessoas

V e a assembléia para a resposta pessoal e comunitária, cria condições e tempos para aprofundar conteúdos, assimilar símbolos, curtir o que se ouve.

Escuta: sem silêncio não se escuta, não se acolhe a palavra. Ouvir é tão parti-cipativo quanto falar. Mas só os simples, despojados, humildes sabem ouvir.

Enriquecimento da comunicação fala-da: os momentos de pausa, até mesmo de descanso da palavra falada, procla-mada ou cantada, enriquecem o que se ouviu e preparam para o que se vai ouvir. A ruptura causada pelo silêncio tem uma força expressiva de comunicação.

Maneiras de fazer silêncio

Há uma variedade em relação ao si-lêncio da vida cotidiana e na festa, e por isso mesmo, na própria liturgia. A lingua-gem própria de rádio é uma aprendiza-gem para o uso da voz, pois em rádio, o silêncio absoluto é ruído, imperfeição, não pode existir. Podemos pensar numa escala ascendente ao usar o silêncio:

- O uso equilibrado dessa variedade de silêncios, com a competência da voz e do gesto, constitui o segredo mais pro-fundo da arte de declamar, de cantar e de comunicar integralmente.

- No decorrer de uma ação litúrgica, a prática dos silêncios pode ser eficazmen-te comunicativa.

Momentos de silêncio na liturgiaHá momentos na ação celebrativa em

que o silêncio pode e deve ser aprovei-tado para se chegar a uma participação mais interior, piedosa, serena e enrique-cedora da vida espiritual da assembléia e das pessoas. Vejamos os momentos importantes da celebração em que o si-lêncio deve fazer-se presente:

a) Sempre iniciar a celebração com um instante de silêncio para criar o clima de espaço interior, deixar de lado o baru-lho do cotidiano e da rua, predispondo-se a celebrar o mistério. Nada impede que esse momento seja enriquecido com uma música suave, dependendo da co-munidade e das pessoas.

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b) Recorrer ao silêncio nos momentos de reflexão e oração pessoal da ação ce-lebrativa: revisão de vida no rito peniten-cial, antes das orações presidenciais em resposta aos “oremos”; nos momentos das preces eucarísticas; na ação de gra-ças final.

c) Antes e depois das leituras, seja para preparar a acolhida da palavra a ser ouvida, seja para deixar no coração da assembléia a mesma palavra.

Se enquanto acontece o silêncio as pessoas não se colocarem realmente em silêncio interior enriquecido pelo silêncio exterior, realizando de fato e verdadeira-mente a função do silêncio, os momentos silenciosos dificilmente serão fecundos, podendo até tornar mais vazias certas celebrações.

O silêncio não é fuga e menos ainda alienação, a não ser que seja sem con-teúdo e sem a dimensão que nasce de dentro.

O silêncio orante, celebrante e partici-pativo só se alcança à medida que se vai amadurecendo na fé e na própria dimen-

são humana da vida. É fruto de exercício. Só assim ele comunica.

Desafios do silêncio na liturgiaApontamos aqui alguns desses desa-

fios, mas certamente há muitos outros:

1, A qualidade de vida interior da-queles que celebram, a qual se revela à medida que se é capaz de rezar, e rezar em comunhão com a Trindade e com os irmãos.

2. A inconsciência ou desconhecimen-to da força da linguagem do silêncio, sempre se achando que ao se falar se comunica mais, ao movimentar-se se diz mais e que silêncio é não-participação.

3. A pressa em acabar logo a celebra-ção, pressa essa revelada por meio do olho no relógio, na ansiedade em estar a postos para outros compromissos poste-riores à celebração.

4. A influência deste mundo consu-mista e pragmatista que afeta tanto as celebrações litúrgicas, a começar mui-tas vezes pelos que presidem, pelos que

exercem o ministério na liturgia.5. A desconfiança de que o povo não

gosta do silêncio, sobretudo o “povo jo-vem e o povo criança”, e que todo silên-cio tem de ser preenchido com alguma coisa a mais.

6. A ilusão de que se festeja mais e melhor quanto mais se fala, se canta, se faz barulho, se movimenta, se aplaude, se ri, se dança.

7. A falta de atmosfera e clima de ora-ção comunitária, muitíssimas vezes des-curada pelos próprios responsáveis da ação litúrgica.

8. A ausência de iniciação ao silêncio na catequese, na vida de oração e na própria evangelização, e que acaba re-percutindo na expressão litúrgica.

9. O ativismo e agitação de tantos res-ponsáveis pela ação evangelizadora e celebrativa da Igreja, que não vêem mui-ta razão de ser na ação contemplativa, como se fosse perda de tempo.

Fonte: http://www.psleo.com.br/lit_sil_lit.htm

Por que eu devo zelar pela Liturgia?

leitura da Constituição Sacro-sanctum Concilium nos dá a resposta para essa indagação.

- Porque pela Liturgia, especialmente no sacrifício eucarístico, “se exerce a obra de nossa redenção”;

- Porque a Liturgia contribui para que os fiéis exprimam em suas vidas e aos outros manifestem o mistério de Cristo e a genuína natureza da verdadeira Igreja, da qual é pró-prio ser, a um só tempo, humana e divina;

- Porque a obra da salvação, prenunciada por Deus, é realizada em Cristo, e esta obra continua na Igreja e se coroa em sua liturgia, por causa da presença de Cristo na Liturgia, que é o antegozo da liturgia celeste.

- Os apóstolos foram enviados a anun-ciar a obra da salvação através do sacrifício e dos sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica. Nunca, desde então a Igreja deixou de reunir-se para celebrar o mistério pascal.

- Porque Cristo está presente: na pessoa do ministro, nas espécies eucarísticas, nos sacramentos, na sua palavra e na oração da Igreja. A liturgia é, pois, o exercício do mú-nus sacerdotal de Jesus Cristo, realizando

a santificação do homem mediante sinais sensíveis. Dessa forma, toda a celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote, e de seu corpo, a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau.

- A Liturgia não esgota a ação da Igreja, que envolve também a evangelização e o apostolado; todavia, a liturgia é o ponto para o qual converge a ação da Igreja e de onde esta retira sua força; da eucaristia, principal-mente, deriva a graça para nós, obtendo-nos a santificação. Para que se obtenha plena eficácia, no entanto, os fiéis devem aproxi-mar-se da Sagrada Liturgia com boa dispo-sição, cooperando com a graça do alto. Ade-mais, é dever dos sagrados pastores vigiar que, na ação litúrgica, não só se observem as leis para a válida e lícita celebração, mas que os fiéis participem dela com conheci-mento de causa, ativa e frutuosamente.

- A participação plena e ativa do povo deve ser conseguida mediante instrução de-vida. Não há, no entanto, esperança de que tal possa ocorrer, se os próprios pastores de almas não estiverem antes imbuídos do es-pírito e força da Liturgia, e dela se tornarem mestres.

APor: Maite Tosta Com empenho e paciência procurem dar

os pastores de almas a instrução litúrgica e também promovam a ativa participação interna e externa dos fiéis, [...] cumprindo assim um dos principais deveres do fiel dis-pensador dos mistérios de Deus; e nesse particular conduzam seu rebanho não só pela palavra, mas também pelo exemplo.

As transmissões pelo rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da Santa Missa, façam-se com discrição e decoro, sob a direção e res-ponsabilidade de pessoa idônea, escolhida para tal ofício pelos bispos.

A ordenação da Sagrada Liturgia depen-de unicamente da autoridade da Igreja. Esta autoridade cabe à Santa Sé Apostólica, e, segundo as normas do Direito, ao Bispo. [...] Portanto, jamais algum outro, ainda que sacerdote, tire ou mude por conta própria qualquer coisa à Liturgia.

Constituição Sacrosanctum Concilum na íntegra:

ht tp ://www.ver i tat is .com.br/article/3784

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Suspiro

Sagrada Liturgia, mantida e amada, pela Santa Igreja desde o seu início foi fonte

constante de força mística para homens e mulheres das mais diferentes idades e épocas.

Os movimentos modernos atestam energicamente serem possuidores de uma autêntica espiritualidade, espiritua-lidade litúrgica, mas o que se analisa é diferente realidade; distorções macabras assolam almas e destroem a santidade presente nelas. O que diriam os místicos cristãos, que beberam da Liturgia como fonte borbulhante de vida espiritual, das atuais “modernizações” ou “incultura-ções”?

O que Santa Teresa do Menino Jesus, enquanto sacristã do Carmelo de Lisieux, diria da falta grotesca de zelo para com os santos paramentos? Túnicas sujas, casulas mal cortadas, ministros leigos paramentados tal qual sacerdotes! A Santa Comunhão ministrada de forma irreverente e sacrílega, ela que ansiava dia a dia pela união com o Amado, acei-taria recebê-lo de qualquer forma? Qual a impressão de Santa Teresa de Jesus ao adentrar uma “igreja” e ter que procurar o Sacrário que para melhor acomodação do “espaço litúrgico”, foi colocado de lado junto a algumas imagens que incomoda-

Por: Diego Ferracini

A

vam o sacerdote? Ou ainda perceber que ela é mais uma “concelebrante”! Com toda certeza ela desistira de Reformar o Carmelo e reformaria o citado templo.

Quando ainda não são somente os espaços que não transmitem mais a fé, mas o discurso religioso que admite ver-tentes estranhas ao corpo doutrinal da Igreja. Santa Catarina de Sena, ouvindo uma homilia é admoestada a não lutar pelo papado, instituição humana e que provocou as maiores barbáries vistas pela humanidade, mas quem sabe lutar pela ordenação de mulheres, ela poderia ser a primeira! São Bento entenderia a

Santa Missa como verdadeiro martírio, como é difícil encontrar Deus em meio a tanto barulho e agitação! Correria deses-peradamente para o deserto.

A Beata Elisabete da Trindade ao ver o fiéis participando da Santo Sacrifício com tal histeria, como em um jogo de fu-tebol, faria muitas outras penitências e talvez não suportasse chegar aos vinte e seis anos; ou ainda, ao ver as grades do Carmelo arrancadas e os véus cortados, talvez preferisse ficar no mundo a tocar seu belo piano.

São Domingos Sávio, o que pensaria das Cristo-Baladas onde o som que é to-

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cados nas Missas ganha um remix juve-nil? E a única diferença é a ausência de bebida alcoólica, a “pegação rola solta”, mas antes se faz o sinal da cruz claro! Ainda são católicos... O que une as duas baladas é definitivamente a ausência de Deus.

Dom Bosco em sua juvenil alegria, choraria de tristeza ao ver a Santa Mis-sa tornar-se um palco de espetáculos horrendos aclamado por almas aflitas que adoram a um Deus-Sentimento, São Francisco teria grande trabalho em de-monstrar que o fim último da caridade não é o pobre, e que colocá-lo sob o altar e adorá-lo, não manifesta o verdadeiro amor cristão.

Quantos caminhos não teria que per-correr São Domingos para converter al-mas que se servem de Beatíssima Virgem como amuleto ou slogan de “mulher liber-tadora”; São Pedro Julião Eymard teria que ser duplamente inflamado de amor para com a Santa Eucaristia, para poder proclamar os abusos e indiferenças que claramente, ultrajam o Sacramento do Amor. São Tomás de Aquino outra Suma teria que escrever para demonstrar as belezas da Fé Cristã tão soterradas por inescrupulosos pastores.

São Pio de Pieltrecina aceitaria de bom grado ser totalmente chagado para revelar novamente a verdade da Cruz que é velada por promessas milagrosas e barganhas espirituais; não ficaria deso-lada Santa Joana D’Arc em ter que lutar contra, com ou sem espada, almas que desistiram da Verdade e levam os outros ao claro erro?

Não desistiria o Beato José de An-chieta de converter os índios? Haja visto eles estarem muito melhor assim! San-ta Edith Stein não permaneceria judia? Os judeus alcançarão à salvação final, onde estaria ela com a cabeça ao aceitar o Cristianismo e ainda por cima morrer por esta fé que definitivamente, matou tantos judeus como ela? Chesterton pro-vavelmente aceitaria o Islamismo, pois afinal, adoramos o mesmo deus e o que importa é fazer o bem (relativo)!

Muito provavelmente Santa Clara, de-sistiria da vida contemplativa que é sinal visível da opressão machista que confina mulheres sábias em conventos e grades, seria ela mais uma freira descaracteriza-da militante de algum partido. São Vicen-te de Paulo, poderia facilmente trabalhar pelos pobres sem precisar de oração e vida sacramental, o que está na moda é a Ong com fachada cristã.

Que concorrência desleal teria São Bernardo de Claraval em suas homilias diante dos padres “favos de mel” que promulgam o “deus-aceita-tudo” ou ain-da “a igreja chata que nós vamos mudar” e assim agradam a grande assembleéa, desprovida de catequese e espiritualida-de.

Para quem seriam dirigidas as Apo-logéticas de Santo Agostinho? Para os pagãos? Provavelmente não. São João Crisóstomo não teria a mesma atitude de Nosso Senhor no templo? Altares pro-fanados, sacerdotes indignos... Poderia ele afirmar que os cristãos se diferem dos pagãos em suas atitudes? Quão triste não ficaria São Lourenço, quando

interrogado, tivesse que entregar como bem da comunidade algumas casas na praia ou televisores de última geração. O Santo Cura D’Ars passaria dias sem confessar um fiel, visto que a “confissão é direta com Deus e o padre deixou fa-zer isso”. São Luís Gonzaga teria muita dificuldade na vida religiosa, percebendo que castidade, obediência e pobreza são votos impositivos, negativos e cumprem-se somente no nível legal. As mártires de Compiègne pensariam duas vezes antes de colocar a cabeça na forca: “Morre-mos pela opressão da Revolução ou pela opressão da Igreja?”

São Thomas Moore não desejaria an-tes de morrer pedir perdão pelos protes-tantismos que alcançaram cumes altíssi-mos na Santa Igreja de Cristo? São Pio X não desejaria viver eternamente para proclamar os erros que tentam derrubar as portas da Igreja e começam por en-vergá-las?

Estes exemplos por mais que estejam fisicamente mortos, nos atestam que suas atitudes podem ser mais que atu-ais, o grande problema é quando ques-tionamos os personagens e não as situ-ações.

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Defesa e promoção da liturgia romana, de acordo com as rubricas,

em estrita fidelidade ao Magistério! Forma ordinária (em latim ou vernáculo) e forma extraordinária bem celebradas. Sobriedade, solenidade e sacralidade!