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CENTRO UNIVERSITÁRIO BELAS ARTES Pós-Graduação Pintura Contemporânea; Reflexão e Prática Ver e não ver Capítulo do livro: Um antropólogo em Marte: sete histórias paradoxais. Resenha de texto apresentada pelo aluno Ismar Newton Cestari da turma 1PC para obtenção de nota parcial da disciplina Teorias da Percepção e Visualidade, Gestalt, ministrada pelo Prof. Dr. Sergio Niculitcheff

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CENTRO UNIVERSITRIO BELAS ARTES

Ps-Graduao

Pintura Contempornea; Reflexo e PrticaVer e no verCaptulo do livro: Um antroplogo em Marte: sete histrias paradoxais. Resenha de texto apresentada pelo aluno Ismar Newton Cestari da turma 1PC para obteno de nota parcial da disciplina Teorias da Percepo e Visualidade, Gestalt, ministrada pelo Prof. Dr. Sergio Niculitcheff

So Paulo

2015

SACKS, O. Ver e no ver. In: Um antroplogo em Marte: sete histrias paradoxais. So Paulo: Companhia das Letras, 1995 p. 112-153.Oliver Sacks nasceu em Londres, em 1933, escritor, neurologista, pesquisador e professor de neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Nova Iorque. Seus livros mais conhecidos so O homem que confundiu sua mulher com um chapu (1986) e Um antroplogo em Marte (1995), do qual o texto Ver e no ver, aqui resenhado, faz parte. Recentemente publicou no New York Times um ensaio onde relata que foi diagnosticado com cncer terminal e que tem poucos meses de vida.Resenha: Ver e no ver o 4 captulo do livro Um antroplogo em Marte, onde Oliver Sacks nos apresenta o caso de um homem que, cego desde a infncia, aps uma cirurgia de cataratas recupera parcialmente a viso. Sacks relata o paradoxo entre a recm adquirida capacidade de ver de Virgil, e sua dificuldade em processar a informao visual de forma coerente e til. Atravs da descrio dos fatos ocorridos no cotidiano do paciente, o autor gradativamente demonstra sua tese de que muito daquilo que consideramos como puramente sensorial na faculdade de ver , de fato, um comportamento aprendido. Sem esse aprendizado, a recm adquirida capacidade de Virgil lhe confunde e perturba. Pontuado por comentrios e comparaes sobre outros casos similares da literatura, o texto nos apresenta os fracassos e frustaes de Virgil e sua incapacidade de migrar de um mundo essencialmente ttil e temporal para um mundo visual e portanto regido pela orientao espacial. Sacks nos mostra assim o grande conflito de identidade de Virgil, que j no pode mais ser cego, e to pouco consegue enxergar ou viver como uma pessoa que v, pois no possui as ferramentas cognitivas para utilizar a informao visual que agora comea a adquirir. O texto finaliza com uma inesperada nova perda da viso de Virgil, desta vez mais devastadora e completa, que ele recebe como uma ddiva por permitir que ele retorne ao seu mundo familiar anterior, que Sacks denomina prprio e verdadeiro ser.

Discusso: Talvez um dos aspectos mais interessantes do texto seja a capacidade do autor de apresentar em forma de prosa um assunto cientfico e assim conduzir o relato de um caso como um conto, utilizando as vezes ferramentas da literatura cientfica e outras vezes da literatura ficcional. Assim nos deparamos com termos tcnicos que so prontamente explicados em linguagem leiga, como quando utiliza o termo retinite pigmentosa e logo depois a descreve como uma doena que devora a retina. A recriao do tempo e espao ficcional pelo autor oferece ao leitor uma aproximao com o texto e assim passa a considerar suas as questes e indagaes dos sujeitos/personagens. Isso permite ao leitor uma contextualizao das indagaes cientficas e neuroantropolgicas do autor de forma mais ampla e integrada, relacionando os fatos fisiolgicos aos aspectos psicolgicos. Isso leva o leitor a participar de forma mais ativa e em ltima anlise o faz questionar os processos pelos quais percebemos o mundo em que vivemos.