Saara Livre e Independente

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Por um Saara livre e independente “Condenamos a ocupação ilegítima do Sahara Ocidental pelo Reino de Marrocos e reafirmamos a nossa solidariedade com a justa luta do povo sarauí pelo seu direito inalienável a autodeterminação através de um referendo livre e democrático.”

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Folheto por um Saara Livre e Independente.

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Por um

Saara livree independente

“Condenamos a ocupação ilegítima do Sahara Ocidental pelo Reino de Marrocose reafirmamos a nossa solidariedade com a justa luta do povo sarauí pelo seu direito

inalienável a autodeterminação através de um referendo livre e democrático.”

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O território compreende duas regiões: a Norte, o Saguia El Hamra, e a Sul, o Ued el Dahab (Riode Ouro). O clima é tipicamente desértico, pos-suindo apenas duas estações do ano; No Verão astemperaturas atingem 50 ºC e no Inverno podembaixar até os 3 ºC.

A costa marítima situa-se num dos maiores ban-cos pesqueiros do mundo. O território possui umadas maiores reservas de fosfatos do planeta, e érico em petróleo, ferro, urânio e cobre.

O Povo saharauí é maioritariamente de origemárabe, berbere e povos de origem sub-sahariana.Tem como línguas oficiais o hassanya, de matrizárabe, e o espanhol.

O Saara Ocidental esteve sob o domínio colonialde Espanha entre 1885 e 1975.A luta pela independência, sempre presente,

teve como ponto alto a insurreição generalizada levada a cabo em 1958.

Em 1963 a Organização das Nações Unidas apela à Espanha para que inicie o processo de des-colonização do território e, em 1966 reconhece o direito à autodeterminação doPovo Saharauí.

Em 1969 a ONU volta a insistir com a Espanhapara que aplique a resolução 1514 sobre a des-colonização do território.

Em 10 de Maio de 1973, no seguimentode importantes lutas pela independência, é criada aFrente POLISÁRIO, Frente pela Libertação de Saguia elHamra e Rio do Oro, as duas principais Regiões do país

Em 1975, pressionado por diversas resoluções daONU e pelas lutas vitoriosas dos movimentos de liber-tação colonial no continente africano, entre elas as anti-gas colónias sob domínio português, o governo espanholadmite o princípio da autodeterminação do povo saharauí eaceita negociar acordos com vistas à retirada do território.

Em 1975, Marrocos leva a cabo a designada “Marcha Verde” (maisde 350.000 pessoas rumam em direcção ao Saara Ocidental, paraassim reafirmar, com uma encenação popular de massas, as reivindi-cações marroquinas sobre o território). Mediante “Acordos Tripartidos deMadrid”, assinados em Novembro de 1975, contra os princípios da ONU,Marrocos e Mauritânia ficam com a administração do Saara.

Entretanto, o exército de Hassan II desencadeou uma feroz e brutal operaçãomilitar, recorrendo a bombas de fósforo branco e napalm e obrigando grandeparte da população saaruí a fugir para se refugiar na vizinha Argélia.

A Frente Polisário proclama, em 27 de Fevereiro de 1976, a República ÁrabeSaarauí Democrática (RASD) e empreende uma guerra libertação dos territóriosocupados contra Marrocos e Mauritânia. Após enormes revezes militares e à beirada ruptura económica, a Mauritânia celebra um acordo de paz com a FrentePolisário, passando a ser o 30º país africano a reconhecer a RASD.

OSahara Ocidental, país cuja designação oficial é República Árabe Saharauí Democrática – RASD - situa-se no nordeste de África e estende-se por um território de aproximadamente 284 000 Km2, limitado anorte por Marrocos, a leste pela Argélia, a sul pela Mauritânia e a oeste pelo Oceano Atlântico.

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Os acampamentos

Opovo saarauí encontra-se exilado. Montou a sua so-ciedade e o seu Estado no meio de um deserto deso-

lador e hostil. Os acampamentos de refugiadoslocalizam-se no sudeste da Argélia, em Tindouf. A maio-ria das 200.000 pessoas são crianças, mulheres e idososque sobrevivem graças à solidariedade internacional.Com grande esforço, organização e valentia, conseguirammontar uma estrutura administrativa extraordinária quelhes permitiu construir do nada, uma sociedade queconta com hospitais, escolas, jardins de infância, centrosculturais,etc.

Os territórios ocupados

Marrocos implementou nos territórios ocupados umapolítica de terror, de violação dos mais elementares

direitos humanos. Detenções em massa, prisões, saquedas casas, torturas e assassinatos. O exército marroquinotoma de assalto as cidades. Um genocídio está a sercometido contra o povo saaraui nos territórios ocupados,perante os olhos e o silêncio da comunidade interna-cional.Portugal, enquanto membro do Conselho de Segurançadas Nações Unidas e enquanto Estado vinculado ao pri-mado do direito, à luz dos seus próprios preceitos consti-

tucionais e também da lei internacional, devedesenvolver os seus esforços

diplomáticos e outrospara:1.-Assegurar que aMissão da ONU no

Saara – MINURSO – re-force as suas capacidades eintervenção de forma agarantir a protecção dos di-reitos humanos, incluindo oscívicos e políticos, doscidadãos saraauis residentes

nos territórios ilegalmente ocu-pados.2.- Actuar no sentido de que o Se-cretário-geral das Nações Unidas,a Assembleia-Geral e o Conselhode Segurança tomem todas as me-

didas necessárias para que seaplique, de uma vez

por todas, as res-oluções dasNações Unidasrelativas ao direitoà livre auto-deter-minação do povosaaraui, cuja pátria éo Saara Ocidental.

O povo saarauí tem revelado uma imensa capacidadede luta, de resistência, de sacrifício e de adaptação àscondições de vida inóspitas que lhe têm sido impostas.Apesar das diferentes Resoluções das Nações Unidas

para a celebração de um referendo de auto-determi-nação, a posição de importantes sectores da comunidadeinternacional é marcada pela cumplicidade com o regimemarroquino, condicionada por interesses estratégicos eeconómicos. Graças aos esforços realizados, a RASD émembro da União Africana e é reconhecida por mais de80 países em todo o mundo.

Em 1990 torna-se público o plano conjunto dasNações Unidas e da União Africana para a organizaçãode um referendo no Saara Ocidental. Assim, é criada aMINURSO (Missão das Nações Unidas para o Referendono Saara ocidental). O Plano inclui a retirada das tropasmarroquinas e a realização do referendo em Fevereiro de1992. O cessar-fogo é acordado entre Marrocos e aFrente Polisário a 6 de Setembro de 1991.

Após estes anos todos, o Saara Ocidental continua sobocupação, encontra-se dividido por um muro de mais de2.000 kms e que separa as zonas ocupadas por Marro-cos, das zonas libertadas pela Frente Polisário.

Mapa de reconhecimento da RASD

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EEllooggiioo ddaa DDiiaallééccttiiccaaA injustiça avança hoje a passo firmeOs tiranos fazem planos para dez mil anosO poder apregoa: as coisas continuarão a ser como sãoNenhuma voz além da dos que mandamE em todos os mercados proclama a exploração;isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizemAquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nuncaO que é seguro não é seguroAs coisas não continuarão a ser como sãoDepois de falarem os dominantesFalarão os dominadosQuem pois ousa dizer: nuncaDe quem depende que a opressão prossiga? De nòsDe quem depende que ela acabe? Também de nòsO que é esmagado que se levante!O que está perdido, lute!O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenhaE nunca será: ainda hojePorque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

Bertold Brecht

CONSELHO PORTUGUÊS PARA A PAZ E COOPERAÇÃO