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_^5&K3 cukig **. r*K* Os senhores que nos quizerem honrar com artigos e desenhos terão a bondade de remette- los, em carta fechada, á redacção da SEMANA ILLUSTRADA, no Imperial Instituto Artis- tico, largo de S. Francisco de Paula n. Io, onde tambem se assigna. QUARTO ANNO. N. 196. rUlLICA-SE TODOS OS DOMINGOS. PREÇOÇf .. cAktc«¦• Trimestre. . 5*000 I TrimeaW^^ - ,«fjg£ Semestre . . 98000 Semestre . 7Í?. UfPW Anno16*000 I Anno ..... . 18»000 Avulso 500».¦,,,. _________.i¦«rr?: VT^- *-—-. kl, -. -. -»" **---A >i .-V'- -, ; ', \ ¦ Aiiysii^^yi'¦"¦-.. ¦¦•->¦• Hf%. „y. &^^^^^^^^jiii::..ir'i.- ¦•i-ííi.f-v "v^s !^j^MkbU2S__________|__________r*^* ^¦SJSBfcí. --'^m^m^m^^^^mn^m^mWmTiffiSsiSsSíl&lks^A.''í <j9MA|>^_^_^_^_k. ^^¦St-Vl^' 1 Dons habitantes do mnndohumorístico observando o Armamento politico. A' noute o di. succede;fí^Jm^^^í^ Lei fatal da creaçSo!W.^«!l2. Tomba a luanobccidente,l™««™ i^ST Fica triste o coração!....Esperançosa alegria.

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Os senhores que nos quizerem honrar comartigos e desenhos terão a bondade de remette-los, em carta fechada, á redacção da SEMANAILLUSTRADA, no Imperial Instituto Artis-tico, largo de S. Francisco de Paula n. Io,onde tambem se assigna.

QUARTO ANNO.

N. 196.rUlLICA-SE

TODOS OS DOMINGOS.

PREÇOÇf ..cAktc «¦•

Trimestre. . 5*000 I TrimeaW^^ - ,«fjg£Semestre . . 98000 Semestre . 7Í?. UfPWAnno 16*000 I Anno ..... . 18»000

Avulso 500». ¦,,,._________ .i ¦« rr? : VT^-*-—-. kl, -. -. -»" **-- -A >i .-V'- -, ; ', \ ¦

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Dons habitantes do mnndo humorístico observando o Armamento politico.A' noute o di. succede; fí^Jm^^^í^Lei fatal da creaçSo! W.^«!l2.Tomba a luanobccidente, l™««™ i^STFica triste o coração!.... Esperançosa alegria.

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1562 SEMANA ILLUSTRADA.

SEMANA ILLUSTRADA.Rio, 11 de Setembro de 1864.

j Com este numeromestre deste jornal.

principia o 16° tri-

í

O Dr. Semana ao publico fluminense.

Animado dos mais sinceros desejos de prover, com osvastos conhecimentos que possuo, ás grandes necessida-des do municipio neutro, onde vi a luz e dei os primei-ros vagidos, apresento-me perante as urnas eleitoraes asolicitar dos meus illustres co-municipes tantos suffra-gios quantos sejão necessários para elevar-me ao honrosocargo de Presidente da Illma. Câmara Municipal.

Não obstante, porém, o meu variado prestimo, comouma andorinha só não faz verão, de envolta com o meupedido, e apadrinhado com elle, solicito tambem votosem favor da legitima candidatura dos cidadãos Barãode Cayapó e Azeredo Coutinho, de cujos talentos reco-nhecidos, actividade provada e serviços públicos não re-compensados, muito ha a esperar em beneficio da pri-meira cidade da America Meridional.

Ajudado do concurso intelligente destes dous exímioscidadãos, pretendo logo no primeiro anno da futura edi-lidade realisar os seguintes melhoramentos :

1.° Celebrar um contrato com o illustrado Mal dasVinhas para a propagação da raça bovina, afim de queo povo, nos dias de mais carestia de carnes verdes, possacompral-a a 15 réis a libra.

2.° Aterrar todos os pântanos e mangues das circum-vizinhanças da cidade, procurando substituir os ciris,carangueijos, rans, guayamús e pererecas, que hão demorrer, pela abundância de peixe miúdo, para consecu-ção do que, por meio de produetos chimicos ainda nãodivulgados, extinguirei os tubarões e meros de caraça,de natureza amphibia, que se oppoem ao desenvolvi-mento dos peixes não vorazes e tão necessários e úteisá publica alimentação.

3.° Tapar todos os buracos das ruas, de modo a queno obitnario não figure nenhuma morte por esmaga-inento de vehiculos de condução e quedas inopinadas.

4.° Collocar de meia em meia braça em cada rua,becco ou travessa e a todas as horas do dia e da noutenm guarda-fiscal, encarregado de obstar despejos nastestadas das casas.

K9 Aceiar todas as praias, evitando que as marés nosfluxos e refluxos as emporcalhem com podridões exo-ticas e tornando o littoral um vasto banheiro, onde, nostempos de Calor, se lavem, a todos as horas, os macha-cases e vadios, que andão sujos pelas ruas.

._?•* Crear ntfvas fontes de renda provenientes, de pos-tnrãs, que conservem, mediante alguns achegos, os caí-deiteiros, os ferreiros, os serralheiros, os fbgueteirôà^

jetc, nas ruas mais commerciaes da cidade e de multasaos tocadores de realejo e engraxadores de botas.7.° Levantar estatuas aos vereadores que, no fim do

quatriennio, tiverem mostrado que sacrificarão-se pelapratica e não viverão a custa delia, consignando paraia realisação de semelhantes monumentos de "ratidão

2Õ0 do saldo da receita municipal, que deve exceder'a 560 por anno.

8.° Crear aulas de philosojihia e rhetorica, em que os iguardas municipaes aprendão a raciocinar e a orar :quando intervierem em questões de multas com osmultados de nariz torcido.

9." Arrazar o Morro do Castello e mais outros, conser-vando sete para que esta muito leal e heróica cidade, noque diz respeito a montes, não fique atraz de Roma.

10. Promover em grande escala a edificação de pala-cetes; dar novo aspecto ás casas, que se reconstruírem;extinguir os cortiços, substituindo-os por habitaçães pe-quenas, porém commodas e arejadas.

11. Destribuir desinfectantes aos moradores da ci-dade, obrigando-os a que todos os dias desinfectem osquintaes das suas habitações, pela maior parte grandesfocos de infecção.

12. Estabelecer lavanderias publicas no Corcovado,Pão de Assucar, Copacabana e Morro da Formiga em,substituição da do Campo de Santa Anna, que fazmuito máo ver.

13. Formar praças para os folguedos do Carnaval,fogueiras de Santo Antônio, S. João, S. Pedro e SantaAnna, com o fim de não acabar com as usanças pa-triarchaes tão caras aos filhos das adagas de ganchos edos chinos de rabichos.

14. Continuar o canal do Atterrado até á Praia daD. Manoel, em desempenho das immensas vantagens,que disto se espera e tambem para dar á cidade umcerto ar de Veneza.

15. Matar todos os cães mendigos em épocas de cal-ma ardente, dando bola tambem aos que não são va-dios, mas sahem ás estradas em prejuizo de pernastranseuntes. Deste serviço ficará exclusivamente éncar.regada a classe de guardas, já amestrada na arte dematar bichos.

16. Prejiarar os adros das Igrejas, o Arco do Telles,as frentes dos prédios nacionaes, para commodo dormi-torio dos mendigos, quando voltarem aos seus interrom-pidos usos.

17. AsBignar subscripções, de quantas escravas de saiaialãa_ejrunfa luzidia quizerem quebrar os ferros docaptiveiro, ainda que depois 4e libertadas tenhão de irhabitar o palácio da Praia de Santa Luzia.

18. De quatro em quatro annos, dar gmfcu_a™eP*9almoço, jantar e ceia, durante os dias eleitoraes, a todosos votantes, que votarem pela reeleição dos vereadoresarchitectos de tantos benefícios. .

19. Promulgar uma postura, próhibiudoa^endajaephosphoros nas quadras eleitoraes, e impondo J~"

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SEMANA ILLUSTRADA. 1563

facilitarem omultas ás fabricas, que nesses temposuso de gênero tão fatal.

20. Requerer ao governo que considere matéria recru-tavel todo o votante que envilecer o direito de votar,vendendo o voto aos negociantes de popularidade arti-

De mais outras grandes medidas, outras tantas Mi-nervas, de que trago esta cabeça cheia, poderia darcopia aos meus illustres co-municipes, se não me arre-

¦¦ ceiasse de massal-os.O programma, porém, que fica exposto, é panno de

amostra, é o dedo, pelo qual serei conhecido gigante.Não tenho medo de competidores, nem tenho rivaes.Sinto-me com organisaçao somente paia realisar mara-vilhas.

Portanto a mim, fluminenses, a mim e aos meus dousegrégios afilhados ! Cobri-nos de votos, esmagai-noscom os vossos suflragios, fazendo-nos vereadores, sendoeu presidente, está visto,porque eu sou a alma daquellesdone corpos.

0 tempo urge. A's urnas, meus amigos ! Jurai naspalavras, na dedicação, no desinteresse, no pátrio

j tismo doDr. Semana.

O LOGRO.

(Continuação).V.

Obrigado, meu tio, mas antes de pedir-lhe o favor, quero! abrir-me com Vm.

Abre-te, rapaz._ Estou doudo de amores, murmurou o moco, olhando atten-

tamente para Mathias.O velho fez uma careta, que provocaria o riso em um mon-bundo. .

Estás doudo de amores! repetio pausadamente.E' a pura verdade. _

_ Poe um cáustico na nuca, meu sobrinho.Agradeço a sua receita, ouça-me.

Anda lá.Amo a uma mocinha innocente, interessante e meiga.Innocente, interessante e meiga, repetio elle com ironia.

Que me ama com igual ardor.E' filha do Rio de Janeiro ?E', meu tio. „

| — Não me disseste que erão todas uns demônios com ügurade mocas.

Essa é uma excepção.Uma excepção!Tanto que. contando-lhe o indigno procedimento de u. Clau-

dina para com Vm. ella ficou rubra de indignação, e exclamou:" O Sr. capitão Mathias andou mal, escolhendo uma ereatura

tão vil, que não soube aprecial-o.Ah!

" O Sr. capitão Mathias é digno de uma princeza. "Ella disse isso, Américo .Palavra de honra, e ajuntou ainda: " Se fosse eu, teria

aceitado com os olhos fechados tão honrosa proposta. "Deveras, sobrinho ?Deveras! meu tio.Essa moça deve ser por força rima pérola.

—¦ E' mais que uma pérola.E' um diamante.E' um anjo.

—¦ De procissão, meu (sobrinho 1Américo deu uma risada.

Não; é um anjo de Deos, pelas suas virtudes.Ella que fallou assim como dizes, deve ser mesmo uma vir-

tude.Já vê, meu caro tio, que não escolhi mal.Pôde ser; mas ella é bonita 1E' encantadora.Tem dinheiro 1Creio que tem.E tu queres te casar com ella 1Está visto.Sabes o que é o casamento 1Perfeitamente.

O casamento, tornou Mathias com ar sentenciosó, ê íringonça, que aperta a liberdade e a paciência da gente,, imodo de um mollinete, esmigalhando uma canna.

Bellissima comparação!Foge, pois, do casamento.E Vm. porque queria cahir na tal geringonça 7Porque tinha os olhos tapados; n'outra não caio eu.Pois eu amo, sou amado o quero me casar.Não queres tomar o meu conselho 1Não posso.Pois casa-te quantas vezes quizeres.

(Continua).

M QUANTO SE FUMA 8M CHARUTO.

(CONTO EM QÜE SE EHrBEGA MOITAS VEZES O BELA-¦nvo—qúe).

Era uma dessas noutes luguhres e dignas de tunalenda de Hoffrnann.

Um vento glacial e humido espadanava os ramos deuma copada mangueira, que debruçava os annosos g&-lhos n'um campo, que outrora servira para enterrar oscadáveres, que erão atirados, aos.montõesj conforme aphantasia do bárbaro assassino/ que os ia degolar naprópria habitação, que lhes fôra offertada gratuitamente!pelo próprio senhor absoluto desses milhares ¦jfoj~*---~~-m~*-

los. Fallo dos frangos e perus, os quaes erão énterriestômago dos convidados no dia. em qüe o Br. iJôâo^Silva se lembrava de dar um jantar a seus amigosbaixo dessa mangueira, plantada por um de seusque morreu de morte macaca, forque assim apprOuvè $Satanaz, que é o padrinho da humanidade. 5

Mas, como ia dizendo, a noute era negra e ameaçavauma escuridão completa até ás 6 horas da manhã. Aconseqüência é que não havia lua.

Corria o mez de Junho de 1864D. Joanna da Silva estava ispleenatica como

ingleza, que não conhece outra divindade senão o sèa-CjO que fazia essa jovéb, ahi, solitária, pehsftti^ £

coberta com um véo cotrio se teíüefise ter tecor*-*^ ~ *E' o que vamos dizer em dtt&s palavras,«

arde eqte charuto, cbiflípradõ üa casa da M1dos cachimbos.

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UM DEPUTADO DE VOLTA A' SUA PROVÍNCIA.O GYMNASIO DE ROUPA NOVA,(espirituosa scena cômica do actor vasques).

" Está faceiro, enfeitado e alegre como uma noiva. "

(Correio Mercantil de 4 do corrente)

— Então, falia muito o papagaio .Menino. — Qual, titio! custou tanto dinheiro e só diz:

Apoiaoo.

¦"¦S3J3B BW^^^fcr. "'¦ -íí/SS*;' ¦'¦¦ -^^AWf •¦-'AA'^'iAy?í^^^^^^^i^y^Tfl^^^Km -MyH^-if^^i^H^^^^^H^^^it'^ ft^ ^^—^HaS^ _^_H BSíife'"

Em um baile.( Pmo senhora ás suas companheiras) : — Não sympathiso com o modo porque aquelle doutor nos falia: o seu talento orato-

rio parece querer causar a impressão própria de quem falia a gansos.

GRANDE STEAPLE-CHASE MlNISTEBIAL.(CONTINUAÇÃO DO N. 194).

Ao aproximar-se do mastro, em que tremolavão os prêmios, a Probabilidade e o Dandy, sem motivo conhecido, espantarío-se, resultando d'este incidente- imprevisto tomar a Liga a dianteira e primeiro tocar a meta.

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NOTICIAS DA EUROPA.

— (» rei dos Belgas vai' unicamente por motivos de saúde m^dfil «ÉfflUáW^ N" »á Vichy. Naturalmente se encontrará com Luiz Napoleão, w| H| íl Ws$A~jí^;3itt í.~~A~^$ 1mas nas conversações elles fallarão somente de politica em geral. ^^ÊK^MmW*irM B íl fftfWP^^B JA^A^J,

fí\^^^: ^thí^*m\mm\mf*Wi'Sà- B*\Jrm ^¦^W» r&é&r -'5-/' JÉfm\mm\mBL -r^Jr PCrivmSK - B jj*íií* "¦;.',,¦ "'''Qv-'^'-^-

Xl^^^B?'*'' ^^^^ScV.'^''-^'^'l'¦'"v^.'JKiJ^^^':¦ ^h* ¦â^raSMr*^1. - ."''^¦Víí'' "'3íi~:?- :

Doente Então meus senhores, Vms. querem por força am-putar-me 1

Primeiro medico Infelizmente deve ser; se ti ves3e seguidoo meu conselho, que lhe dei ha 0 mezes, a operação lhe seriadispensável.

Segundo met'i-;>—Faca favfir de firar quieto.Doente.— N ão pntlem guardar a operação para o lo de Agosto?Segundo medico.—Isso peiorava o seu estado. Seja pois ra-

razuarel; acabemos este negocio e salvemos ao menos sua vida.

UMA NOVA AMAsobre a boa e cordial recepcio do novo Imperador Manai-liano do México, inventada, composta e arranjada purarealejo por ELLE,

Musico da corte Europea

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1566 SEMANA ILLUSTRADA.

D. Joanna da Silva era uma dessas mulheres sui ge-neris, com feições masculinas e falia de quem não comeha tres dias.

Todos os rapazes do bom tom enamoravão-se poressa Venus, que, embora não aceita na sociedade dosdeuses, era uma das filhas mais predilectas de Ju-

I piter, que, em horas de preguiça, lembrou-se de ti-ral-ado canto de um olho, como se sujeitara á mesmaoperação na cabeça e na barriga da perna, para dar aluz Minerva e Baccho.

Quem for perspicaz ha de, por força, advinhar o fimdesta narrativa, que muito interesse irá offerecendoaos leitores da Semana Illustrada, ávidos semprede novidades, em todos os cincoenta e dous sabbados,

que Deos dá annualmente para a gloria do calendário ealegrão dos dominguistas.

Uma donzella (D. Joanna da Silva era donzella),que,na escuridão da noute, procura allivio para as dores docoração, deve ser, ou uma grandississima martyr, que,nos braços do mundo, não acha consolação, ou ai-

guma estonteada, cheia de calor e de sestro, que, nãoencontrando um fiapo de fresco no sumptuoso paláciode seus avós, vai procurar no banco de relva, abrigadopela mangueira, as azas de Zephiro, maroto de conta naconquista dos corações de borracha.

Fosse o que fosse, D. Joanna lá estava, tranquilla esocegada como uma rola, que aguarda o companheiro,ou uma raposa, que espera uma gallinha.

E, por fallar em gallinhas, o pai de D. Joanna nãopodia supportar á sua mesa senão frangos e frangas, che-gadas a gallo.

Seria um amante, feliz, e cheio de amor, que, nacombustão do enthusiasmo devia apresentar-se n'ummomento dado, e lançar-se aos pés da joven descuidadae vietima das modas do romantismo ?

Seria o carroção da Maxambomba, que tinha de pas-sar por bem perto dessa mangaeira, conduzindo algumente privilegiado/ [digno dej tantos"sacrificios e des-frnetes ^

Não, nãoera'decididamenteum amante, que chamava,a taes horas, a interessante moreninha.

Querem saber o que tanto inpaqientava a heroinadeste conto? Advinhem.

Mas para que estar a incommodar o leitor, obrigando-o a quebrar a cabeça com a causa dessa estada embaixo da mangueira?

Vou ser franco e dizel-o sem'receio.D. Joanna da Silva esperava uma preta, que vendia

caldo de canna, e que jiassava todas as noites, para com-prar-lhe uma canequinha de folha, £que custava dousvinténs.

E o charuto acabou-se.

EMILIA DAS NEVES. FERRANTI O VAGABUNI10.

Perdeu um astro o firmamento lyrico, no emtantoque começa a fulgir outro no firmamento dramático.

Partio Ferranti deixando vivas saudades e estreouEmilia das Neves.

Ferranti é um artista de verdadeiro mérito, sympa-thico, despretencioso, insinuante, desses que se ap-plaudem com duplo prazer, porque nelles se encontrãoreunidos os dotes do coração aos dotes da intelligencia.

A sua despedida foi um brilhante concerto em favordo Asylo das Orjihãs de Santa Thereza.

Foi uma boa acção em que o publico teve a partemais agradável.

Ferranti volta para os theatros favoritos da arte—Pa-ris e Londres.

Lá o espera um jiublico amigo, que o tem applaudidoe sagrado artista.

Se alguma vez ainda voltar ao Rio de Janeiro, acharáseu nome lembrado entre todos os que presão os verda-deiros talentos, que se affirmão e se sustentão jielo me-rito real.

» o

Emilia das Neves confirmou na sua estréa a reputa-ção, que a precedera entre os que leráo os juízos da!imprensa portugueza.

E' com effeito uma actriz de subido mérito.Tem nobreza no gesto e calor na dicção. Sente o que

diz, comprehende as menores intenções do poeta ; ca-racterisa a sua personagem com summa verdade; érainha e mulher, filha de reis e amante ciosa e apaixo-nada.

No olhar, na voz, no gesto traduz as commoções daalma. Falia a um tempo aos olhos e ao coração.

Para julgal-a com a severidade a que tem direito,como primeira actriz portugueza, como trágica emi-nente, não basta ouvil-a n'um só papel do seu reper-torio. Joanna a Douda é um bello typo, maá%ni poucomonótono. Convém vêl-a e ouvil-a muito mais, e, emoutras peças.

Hoje, por exemplo, faz ella a sua segunda estréa nocelebre drama A Mulher que deita cartas.

Sem duvida colherá nova ovação e revelará melhornovos segredos de artista.

A sua visita ao Rio de Janeiro não será improficuapara a arte.

E' ella uma jirova viva do adiantamento da arte dra-matica entre os nossos irmãos de além mar.

Na mesma scena, em que ella triiimphou e trium-phará deu-se no dia 7 um singular attentado.

Sem attender á solemnidade do dia, sem attender aosaugustos personagens, quedevifto assistir aquelle espec-

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SEMANA ILLUSTRADA. 1567

taculo, sem attender á dignidade da arte nacional, semattender a que o pingue subsidio concedido, aquella ar-niadilha Iyrica, tinha por fim a creação da opera na-cional, a direcçao d'aquelle theatro fez representar aopera do compositor brasileiro Henrique de Mesquita— 0 Vagabundo — de um modo que não se explica,ou antes se explica de mais.

Os ministros até agora têm olhado para as questõesde arte com tal desdém que as subvenções esperdição-se, esbanjão-se sem proveito para o publico, em nomede quem são concedidas, e nem tambem para a arte.que imaginão proteger assim.

A representação do Vagabundo seria bastante paraindicar que era tempo de pôr termo a tantos escândalos.

Que fará o Sr. çonselheirc José Liberato Barrozo,actual ministro do imjierio ?

S. Ex. é um cavalheiro de alta intelligencia e inten-ções rectas.

Cumpre confiar neUe. ;'<-•¦•

Aos nossos ifltistres assignantes.Acha-se nos nossos prelos, e será brevemente publi-

cado

O THEATRO DO DR. CASTRO LOPES.Dous volumes em 8° francez, nitidamente impressos :

preço 5|000.Assigna-se no Imperial Instituto Artístico, largo

de S. Francisco de Paula n. 16.

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Candidata.—Exma., considero-me muito feliz em ser o candidato das damas.Uma dellas.—Mas o que pretende fazer em favor do bello sexo -...-.,_Candidato.—Eu, Exma ? Cousas por ahi além : limpar as ruas para que os balões não se enlameem ;aholiros impostos 8obre lojas de modas, afim de tornal-as mais baratas; impor multas aos celibatarios maiores

I de 18^asnõs, etc, etc.Outra.—Decididamente é o nosso candidato. Vamos queimar a ultima escorva pela sua eleição. O mafiò

Chico é inspector de quarteirão. Todos os phosphoros de que dispõe e de que os seus collegas se servem,hão de votar no doutor.Candidato.—Optimo, minhas senhoras! optimo! Hajão votos ! votos, venhão de onde vierem. A questãoé de numero.(Esta conversa é d'après nature, ouvida peto nosso próprio Moleque no baile do Cassino).

Tvpog,raphia do Ihpkrial Inbtítüto Artístico, Largo de S. ¥rmimcõ~iS$*$

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