Riscos eletricos

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  • CONFEDERAO NACIONAL DA INDSTRIA CNIArmando de Queiroz Monteiro NetoPresidente

    SERVIO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL SENAI

    Conselho NacionalFernando Cirino GurgelPresidente

    SENAI Departamento NacionalJos Manuel de Aguiar MartinsDiretor-Geral

    Regina Maria de Ftima TorresDiretora de Operaes

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  • SEGUNDA EDIO

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  • 2007. SENAI Departamento NacionalQualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

    SENAI/DN

    Unidade de Educao Profissional UNIEP

    Sede

    Setor Bancrio Norte

    Quadra 1 Bloco C

    Edifcio Roberto Simonsen

    70040-903 Braslia DF

    Tel.: (0xx61) 3317-9544

    Fax: (0xx61) 3317-9550

    http://www.senai.br

    SENAI

    Servio Nacional de

    Aprendizagem Industrial

    Departamento Nacional

    FICHA CATALOGRFICA

    S491c

    Servio Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento

    Nacional

    Curso bsico de segurana em instalaes e servios em

    eletricidade : riscos eltricos / SENAI. DN. Braslia, 2007.

    158 p. : il.

    ISBN: 85-7519-152-7

    1. Eletricidade 2. Choque eltrico I. Ttulo

    CDU: 331.483.1

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  • RISCOS ELTRICOS

    Sumrio

    Apresentao 7

    Riscos em instalaes e servios com eletricidade 11

    Choque eltrico ........................................................................................................................... 11

    Arco eltrico.................................................................................................................................. 27

    Campos eletromagnticos ...................................................................................................... 30

    Riscos adicionais ......................................................................................................................... 32

    Acidentes de origem eltrica ................................................................................................. 48

    Tcnicas de anlise de riscos 55

    Conceitos bsicos ....................................................................................................................... 56

    Principais tcnicas para identificao dos riscos/perigos ........................................... 57

    Anlise preliminar de riscos .................................................................................................... 60

    Medidas de controle do risco eltrico 67

    Desenergizao ........................................................................................................................... 68

    Aterramento ................................................................................................................................. 73

    Eqipotencializao .................................................................................................................. 82

    Seccionamento automtico da alimentao ................................................................... 86

    Dispositivo de proteo a corrente diferencial-residual DR ................................... 89

    Proteo por extrabaixa tenso ............................................................................................ 93

    Proteo por barreiras e invlucros ..................................................................................... 95

    Proteo por obstculos e anteparos ................................................................................. 95

    Proteo por isolamento das partes vivas ........................................................................ 96

    Proteo parcial por colocao fora de alcance ............................................................. 98

    Proteo por separao eltrica ......................................................................................... 104

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  • Equipamentos de Proteo Coletiva 107

    Equipamentos de Proteo Individual 111

    Exemplos de EPIs ...................................................................................................................... 111

    Legislao especfica ............................................................................................................... 126

    Normas Tcnicas Brasileiras 129

    Normas ABNT ............................................................................................................................. 129

    Regulamentaes do MTE..................................................................................................... 131

    Rotinas de trabalho 133

    Procedimentos de trabalho .................................................................................................. 133

    Procedimento de desenergizao ..................................................................................... 137

    Procedimentos gerais ............................................................................................................. 138

    Liberao para servios .......................................................................................................... 140

    Responsabilidades ................................................................................................................... 146

    Documentao de instalaes eltricas 151

    Projetos 153

    Referncias 155

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  • RISCOS ELTRICOS

    Apresentao

    Acidentes fatais ocorridos no Sistema Eltrico de Potncia, segundo a Fundao COGE, 2005.

    Eletricidade mata, conforme podemos visualizar no grfico apresentado acima. Esta

    uma forma bastante brusca, porm verdadeira, de iniciarmos o estudo sobre segurana

    em eletricidade. Sempre que trabalhar com equipamentos eltricos, ferramentas manu-

    ais ou com instalaes eltricas, voc estar exposto aos riscos da eletricidade. E isso

    ocorre no trabalho, em casa e em qualquer outro lugar. Voc est cercado por redes el-

    tricas em todos os lugares. claro que no trabalho os riscos so bem maiores. no traba-

    lho que existe uma grande concentrao de mquinas, motores, painis, quadros de

    distribuio, subestaes transformadoras e, em alguns casos, redes areas e subterrne-

    as expostas ao tempo. Para completar, mesmo os que no trabalham diretamente com

    os circuitos tambm se expem aos efeitos nocivos da eletricidade ao utilizar ferramen-

    tas eltricas manuais, ou ao executar tarefas simples como desligar ou ligar circuitos e

    equipamentos, se os dispositivos de acionamento e proteo no estiverem adequada-

    mente projetados e mantidos.

    Todos ns estamos sujeitos aos riscos da eletricidade, mas se voc trabalha diretamente

    com equipamentos e instalaes eltricas ou prximo delas, tenha sempre cuidado ao

    lidar com ela.

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

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    O contato com partes energizadas da instalao pode fazer com que a corrente eltrica

    passe pelo seu corpo, e o resultado so o choque eltrico e as queimaduras externas e

    internas. As conseqncias dos acidentes com eletricidade so muito graves, provocam

    leses fsicas e traumas psicolgicos, e muitas vezes so fatais. Isso sem falar nos incndi-

    os originados por falhas ou desgaste das instalaes eltricas. Talvez pelo fato de a eletri-

    cidade estar to presente em sua vida, nem sempre voc d a ela o tratamento necessrio.

    Como resultado, os acidentes com eletricidade ainda so muito comuns mesmo entre

    profissionais qualificados. Tal quadro, entretanto, recebeu um forte estmulo para mu-

    dar a partir de dezembro de 2004, quando passou a vigorar a reviso da NR-10 de 1978.

    Como esta norma regulamentadora estabelece os requisitos e as condies mnimas

    para as medidas de controle e sistemas preventivos relacionados a instalaes que

    operam em extrabaixa tenso, baixa tenso e alta tenso, a probabilidade de ocorre-

    rem acidentes fica reduzida significativamente a partir da aplicao da norma em todo

    o territrio nacional.

    Sob a tica da NR-10, so instalaes de alta tenso aquelas que operam com tenso

    superior a 1.000 volts em corrente alternada ou 1.500 volts em corrente contnua e, inde-

    pendente de qualquer outra classificao, como a classificao das normas tcnicas bra-

    sileiras, acima dos valores estipulados, os critrios de segurana so, no mnimo, os

    definidos pela NR-10.

    Em relao baixa tenso, as normas do Ministrio do Trabalho e Emprego (normas

    regulamentadoras) e as da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (normas tcnicas)

    so idnticas e definem baixa tenso como tenso superior a 50 volts em corrente alter-

    nada ou 120 volts em corrente contnua e igual ou inferior a 1.000 volts em corrente

    alternada ou 1.500 volts em corrente contnua. A extrabaixa tenso, por sua vez, so as

    tenses no superiores 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente contnua.

    No Brasil, ainda no temos muitas estatsticas especficas sobre acidentes cuja causa

    est relacionada com a eletricidade. Entretanto, bom conhecer alguns nmeros a

    esse respeito.

    Se considerarmos apenas o Setor Eltrico, assim chamado aquele que rene as empresas

    que atuam em gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica, temos alguns n-

    meros que chamam a nossa ateno. Em 2002, ocorreram 78 acidentes fatais nesse setor,

    includos aqueles com empregados das empreiteiras. A esse nmero, entretanto, somam-

    se 330 mortes que ocorreram nesse mesmo ano com membros da populao que, de

    diferentes formas, tiveram contato com as instalaes pertencentes ao

    Setor Eltrico. Como exemplo desses contatos fatais, h os casos que ocorreram em obras

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  • RISCOS ELTRICOS

    de construo civil, contatos com cabos energizados, ligaes clandestinas, instalaes

    de antenas de TV, entre tantas outras causas. Um relatrio completo divulgado anual-

    mente pela Fundao COGE.

    Este mdulo vai abranger vrios tpicos relacionados segurana com eletricidade.

    Os principais riscos sero apresentados e voc ir aprender a reconhec-los e a adotar

    procedimentos e medidas de controle, previstos na legislao e nas normas tcnicas,

    para evitar acidentes. Da sua preparao, estudo e disciplina vo depender a segurana e

    a vida de muitas outras pessoas, incluindo voc. Pense nisso!

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  • RISCOS ELTRICOS

    Riscos em instalaese servios com eletricidade

    H diferentes tipos de riscos devido aos efeitos da eletricidade no ser humano e no meio

    ambiente. Os principais so o choque eltrico, o arco eltrico, a exposio aos campos

    eletromagnticos e o incndio. Neste mdulo voc vai descobrir como a eletricidade

    pode causar tantos males.

    Choque eltricoHoje, com o domnio da cincia da eletricidade, o ser humano usufrui de todos os seus

    benefcios. Construdas as primeiras redes de energia eltrica, tivemos vrios benefcios,

    mas apareceram tambm vrios problemas de ordem operacional, sendo o mais grave o

    choque eltrico.

    O choque eltrico decorre da corrente eltrica que se caracteriza pelo fluxo de eltrons

    que circula quando existe um caminho, denominado circuito eltrico, estabelecido entre

    dois pontos com potenciais eltricos diferentes, como por exemplo um condutor energi-

    zado e a terra. Se voc encostar em ambos simultaneamente formar o circuito eltrico e

    permitir que a corrente circule por intermdio de seu corpo.

    Atualmente os condutores energizados perfazem milhes de quilmetros, portanto, ale-

    atoriamente o defeito (ruptura ou fissura da isolao) aparecer em algum lugar, produ-

    zindo um potencial de risco ao choque eltrico. Como a populao atual da Terra enorme,

    sempre haver algum perto do defeito, e o acidente ser inevitvel.

    Portanto, a compreenso do mecanismo do efeito da corrente eltrica no corpo humano

    fundamental para a efetiva preveno e combate aos riscos provenientes do choque

    eltrico. Em termos de riscos fatais, o choque eltrico, de um modo geral, pode ser anali-

    sado sob dois aspectos:

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    12

    Correntes de choques de baixa intensidade, provenientes de acidentes com baixa

    tenso, sendo o efeito mais grave a considerar as paradas cardacas e respiratrias;

    Correntes de choques de alta intensidade, provenientes de acidentes com alta

    tenso, sendo o efeito trmico o mais grave, isto , queimaduras externas e

    internas no corpo humano.

    ConcluindoO choque eltrico a perturbao de natureza e efeitos diversos que semanifesta no organismo humano quando este percorrido por uma cor-renteeltrica. Os efeitos do choque eltrico variam e dependem de:

    percurso da corrente eltrica pelo corpo humano;

    intensidade da corrente eltrica;

    tempo de durao;

    rea de contato;

    freqncia da corrente eltrica;

    tenso eltrica;

    condies da pele do indivduo;

    constituio fsica do indivduo;

    estado de sade do indivduo.

    Tipos de choques eltricos

    O corpo humano, mais precisamente a sua caracterstica orgnica passagem da corrente,

    uma impedncia eltrica composta por uma resistncia eltrica, associada a um com-

    ponente com comportamento levemente capacitivo.

    O choque eltrico pode ser dividido em duas categorias:

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  • 13

    RISCOS ELTRICOS

    Choque esttico

    Ocorre devido descarga eletrosttica ou pela descarga de um capacitor.

    NDescarga eletrosttica o efeito capacitivo presente nos maisdiferentes materiais e equipamentos com os quais o homem convive.

    Um exemplo tpico o que acontece em veculos que se movem em cli-mas secos. Com o movimento, o atrito com o ar gera cargas eltricas quese acumulam ao longo da estrutura externa do veculo. Portanto, entre oveculo e o solo passa a existir uma diferena de potencial. Dependendodo acmulo das cargas, poder haver o perigo de faiscamentos ou dechoque eltrico no instante em que uma pessoa desce ou toca no veculo.

    Choque dinmico

    o que ocorre quando se faz contato com um elemento energizado.

    Este choque se d devido ao:

    toque acidental na parte metlica do condutor denominada parte viva;

    toque em partes condutoras prximas aos equipamentos e instalaes, que

    ficaram energizadas acidentalmente por defeito, fissura ou rachadura na isolao.

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

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    Este tipo de choque o mais perigoso, porque a rede de energia eltrica mantm a

    pessoa energizada, ou seja, a corrente de choque persiste continuadamente.

    O corpo humano um organismo resistente, que suporta bem o choque eltrico nos

    primeiros instantes, mas com a manuteno da corrente passando pelo corpo, os rgos

    internos vo sofrendo conseqncias:

    elevao da temperatura dos rgos devido ao aquecimento produzido pela

    corrente de choque;

    tetanizao (rigidez) dos msculos;

    superposio da corrente do choque com as correntes neurotransmissoras

    que comandam o organismo humano, ocasionando movimentos bruscos

    e involuntrios;

    comprometimento do corao, quanto ao ritmo de batimento cardaco e

    possibilidade de fibrilao ventricular;

    efeito de eletrlise, mudando a qualidade do sangue;

    comprometimento da respirao;

    prolapso, isto , deslocamento dos msculos e rgos internos da sua devida

    posio;

    comprometimento de outros rgos, como rins, crebro, vasos, rgos genitais

    e reprodutores.

    Muitos rgos aparentemente sadios s vo apresentar sintomas devido aos efeitos dacorrente muitos dias ou meses depois de ocorrido o choque eltrico. As seqelas,muitas vezes no so relacionadas ao choque em virtude do espao de tempodecorrido desde o acidente.

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  • 15

    RISCOS ELTRICOS

    Os choques dinmicos podem ser causados pela tenso de toque ou pela tenso de passo.

    Tenso de toque

    Tenso de toque a tenso eltrica (diferena de potencial) existente entre os membros

    superiores e inferiores do indivduo, devido circulao de corrente no objeto tocado.

    Por exemplo, um defeito de ruptura na cadeia de isoladores de uma torre de transmisso

    provoca a tenso de toque.

    O cabo condutor ao tocar na parte metlica da torre produz um curto-circuito do tipo

    monofsico terra. A corrente de curto-circuito passar pela torre, entrar na terra e per-

    correr o solo at atingir a malha da subestao, retornando pelo cabo da linha de trans-

    misso at o local do curto. A figura na pgina ao lado nos mostra a situao e o circuito

    eltrico equivalente.

    No solo, a corrente de curto-circuito gerar potenciais distintos desde o p da torre at

    uma distncia remota. Este potencial apresentado pela curva da figura acima.

    Uma pessoa tocando na torre no momento do curto-circuito ficar submetida a um cho-

    que proveniente da tenso de toque. Entre a palma da mo e o p haver uma diferena

    de potencial chamada de tenso de toque.

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

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    Por norma, e nos projetos de sistema de aterramento, considera-se a pessoa afastada a 1

    metro do equipamento em que est tocando com a mo. Neste caso, a resistncia R1

    representa a resistncia da terra do p da torre at a distncia de 1 metro. O restante do

    trecho da terra representado pela resistncia R2.

    A resistncia do corpo humano para corrente alternada de 50 ou 60 Hz, pele suada, para

    tenso de toque maior que 250 V fica saturada em 1 000 ohms.

    Cada p em contato com o solo ter uma resistncia de contato representada por

    R contato.

    Assim, a tenso de toque expressa pela frmula:

    V toque = (R corpo humano + R contato 2) I choque

    O aterramento no p da torre s estar adequado se, no instante do curto-circuito mo-

    nofsico terra, a tenso de toque ficar abaixo do limite de tenso para no causar fibri-

    lao ventricular. A tenso de toque perigosa, porque o corao est no trajeto da

    corrente de choque, aumentando o risco de fibrilao ventricular.

    Tenso de passo

    A tenso de passo a tenso eltrica (diferena de potencial) entre os dois ps no instante

    da operao ou defeito tipo curto-circuito monofsico terra no equipamento. A figura

    a seguir nos mostra a situao e o circuito eltrico equivalente.

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  • 17

    RISCOS ELTRICOS

    No caso da torre de transmisso, a pessoa receber entre os dois ps a tenso de passo.

    Nos projetos de aterramento considera-se a distncia entre os dois ps de 1 metro.

    Pela figura apresentada, obtm-se a expresso:

    V passo = (R corpo humano + 2R contato) I choque

    O aterramento s ser bom se a tenso de passo for menor do que o limite de tenso de

    passo, para no causar fibrilao ventricular no ser humano.

    A tenso de passo menos perigosa do que a tenso de toque. Isso se deve ao fato de o

    corao no estar no percurso da corrente de choque quando o corpo submetido a

    tenso de passo. Esta corrente vai de p em p, mas mesmo assim tambm perigosa. As

    veias e artrias vo da planta do p at o corao. Sendo o sangue condutor, a corrente

    de choque, devido tenso de passo, vai do p at o corao e deste ao outro p. Por esse

    motivo, a tenso de passo tambm perigosa e pode provocar fibrilao ventricular.

    Observe que as tenses geradas no solo pelo curto-circuito criam superfcies

    eqipotenciais.

    Se a pessoa estiver com os dois ps na mesma superfcie de potencial, a tenso de passo

    ser nula, no havendo choque eltrico, conforme podemos verificar na figura apresen-

    tada a seguir.

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

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    A tenso de passo poder assumir uma gama de valores, que vai de zero at a mxima

    diferena entre duas superfcies eqipotenciais separadas de 1 metro.

    Um agravante que a corrente de choque devido tenso de passo contrai os msculos

    da perna e coxa, fazendo a pessoa cair e, ao tocar no solo com as mos, a tenso se trans-

    forma em tenso de toque no solo. Nesse caso, o risco maior, porque o corao est

    contido no percurso da corrente de choque.

    No gado, a tenso de passo se transforma em tenso entre patas. Essa tenso maior que

    a tenso de passo do homem, com o agravamento de que no gado a corrente de choque

    passa pelo corao.

    Fatores determinantes da gravidade do choque

    Os principais fatores que determinam a gravidade do choque eltrico so:

    Trajeto da corrente eltrica;

    Caractersticas da corrente eltrica;

    Resistncia eltrica do corpo humano.

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  • 19

    RISCOS ELTRICOS

    Efeitos dos choques eltricos em funo do trajeto

    O trajeto que a corrente faz pelo corpo influencia nas conseqncias do acidente por

    choque eltrico. Isso um dado importante, se considerarmos que mais fcil prestar

    socorro a uma pessoa que apresente asfixia do que a uma pessoa com fibrilao ventri-

    cular, j que neste caso exigido um processo de reanimao por massagem cardaca

    que nem toda pessoa que est prestando socorro sabe realizar.

    A tabela a seguir apresenta os provveis locais por onde poder se dar o contato eltrico,

    o trajeto da corrente eltrica e a porcentagem de corrente que passa pelo corao.

    A B C D E

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    20

    Caractersticas da corrente eltrica

    Corrente contnua (CC)

    A fibrilao ventricular s ocorrer se a corrente contnua for aplicada durante um

    instante curto especfico e vulnervel do ciclo cardaco.

    Corrente alternada (CA)

    Entre 20 e 100 Hz, so as que oferecem maior risco. Especificamente as de 60 Hz, normal-

    mente usadas nos sistemas de fornecimento de energia eltrica, so as mais perigosas,

    uma vez que se situam prximo freqncia na qual a possibilidade de ocorrncia da

    fibrilao ventricular maior. Para correntes alternadas de freqncias elevadas, acima

    de 2 000 Hz, as possibilidades de ocorrncia de choque eltrico so pequenas, contudo,

    ocorrero queimaduras, devido a corrente tender a circular pela parte externa do corpo,

    ao invs da interna.

    NOcorrem tambm diferenas nos valores de intensidade de corrente parauma determinada sensao de choque eltrico, se a vtima for do sexofeminino ou masculino.

    Efeitos de choques eltricos em funodo tempo de contato e intensidade de corrente

    A relao entre tempo de contato e intensidade de corrente um agravante nos

    acidentes por choque eltrico. Como podemos observar no grfico, a norma NBR 6533,

    da ABNT, define cinco zonas de efeitos para correntes alternadas de 15 a 100 Hz,

    admitindo a circulao entre as extremidades do corpo em pessoas com 50 kg

    de peso.

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  • 21

    RISCOS ELTRICOS

    Zona 1 habitualmente nenhuma reao.Zona 2 habitualmente nenhum efeito patofisiolgico perigoso.Zona 3 habitualmente nenhum risco de fibrilao.Zona 4 fibrilao possvel (probabilidade de at 50%).Zona 5 risco de fibrilao (probabilidade superior a 50%).

    Resistncia eltrica do corpo humano

    A intensidade da corrente que circular pelo corpo da vtima depender, em muito, da

    resistncia eltrica que esta oferece passagem da corrente, e tambm de qualquer ou-

    tra resistncia adicional entre a vtima e a terra. A resistncia que o corpo humano ofere-

    ce passagem da corrente quase que exclusivamente devida camada externa da

    pele, a qual constituda de clulas mortas. Esta resistncia est situada entre 100 000

    ohms e 600 000 ohms, quando a pele encontra-se seca e no apresenta cortes e a varia-

    o apresentada em funo da espessura. Quando esta, no entanto, encontra-se mida,

    condio mais facilmente encontrada na prtica, a resistncia eltrica do corpo pode ser

    muito baixa, atingindo 500 ohms. Esta baixa originada pelo fato de que a corrente pode

    ento passar pela camada interna da pele, que apresenta menor resistncia eltrica.

    Ao estar com cortes, a pele tambm pode oferecer uma baixa resistncia.

    A resistncia oferecida pela parte interna do corpo, constituda pelo sangue, msculos

    e demais tecidos, comparativamente da pele bem baixa, medindo normalmente

    300 ohms, em mdia, e apresentando um valor mximo de 500 ohms.

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    22

    As diferenas da resistncia eltrica apresentada pela pele passagem da corrente, ao

    estar seca ou molhada, podem ser grandes, como vimos. Com isso, podem influir muito

    na possibilidade de uma pessoa vir a sofrer um choque eltrico.

    ExemplificandoNum toque acidental de um dedo com um ponto energizado de umcircuito eltrico teremos, quando a pele estiver seca, uma resistncia de400 000 ohms; quando mida, uma resistncia de apenas 15 000 ohms.

    Usando a lei de Ohm e considerando que o contato foi feito em um pontodo circuito eltrico que representa uma diferena de potencial de 120 volts,teremos:

    Quando seca:I = 120 V 400 000 = 0,3 mA

    Quando molhada:I = 120 V 15 000 = 8 mA

    NCorrente de largar o valor mximo de corrente que uma pessoa podesuportar quando estiver segurando um objeto energizado e ainda sercapaz de larg-lo pela ao de msculos diretamente estimulados poresta corrente.

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  • 23

    RISCOS ELTRICOS

    Espraiamento de corrente do choque eltrico

    Devido diferena da resistncia eltrica e de sees transversais das vrias regies do

    corpo humano, a corrente que provoca o choque eltrico sofre, dentro de um indivduo,

    uma distribuio diferenciada, um espraiamento, como mostra a figura.

    Portanto, o efeito da corrente do

    choque se d de maneira diferen-

    ciada no corpo humano. Desse

    modo os efeitos trmicos so mais

    intensos nas regies de alta

    densidade de corrente, podendo

    produzir queimaduras de alto

    risco. J na rea de baixa densida-

    de de corrente o calor produzido

    pequeno. Em virtude da rea da

    regio do trax ser maior, a densi-

    dade de corrente pequena,

    diminuindo os efeitos trmicos de

    contrao e fibrilao no corao.

    Isso positivo do ponto de vista

    da segurana humana.

    O espraiamento pode ser na forma de macrochoque ou microchoque.

    O macrochoque definido quando a corrente do choque entra no corpo humano pelo

    lado externo.

    A corrente entra pela pele, invade o corpo e sai novamente pela pele. Ou seja, o corpo

    humano est em toda a sua resistncia no trajeto da resistncia eltrica da pele humana.

    O valor da corrente eltrica no depende somente do nvel da diferena de potencial do

    choque. Para uma mesma tenso, a corrente vai depender do estado da pele.

    O macrochoque o choque comum, sentido pelas pessoas. Qualquer pessoa ao encostarnum local energizado, ou num equipamento eltrico com defeito na sua isolao, ficar merc do macrochoque.

    Microchoque o choque eltrico que ocorre no interior do corpo humano.

    o tipo de choque que ocorre por defeito em equipamento mdico-hospitalar.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0223

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    24

    Qualquer equipamento invasivo, usado para analisar, diagnosticar ou monitorar qual-quer rgo humano, poder produzir microchoque.

    Este choque poder ocorrer entre um condutor interno e a pele, ou entre dois condu-tores internos no corpo.

    A resistncia eltrica nestas condies muito baixa, aumentando muito o perigo

    do choque.

    Efeitos do choque no indivduo

    O choque eltrico provoca os efeitos relacionados a seguir.

    Parada respiratria inibio dos centros nervosos, inclusive dos quecomandam a respirao.

    Parada cardaca alterao no ritmo cardaco, podendo produzir fibrilaoe uma conseqente parada.

    Necrose resultado de queimaduras profundas produzidas no tecido.

    Alterao no sangue provocada por efeitos trmicos e eletrolticos

    da corrente eltrica.

    Perturbao do sistema nervoso.

    Seqelas em vrios rgos do corpo humano.

    ObservaoSe o choque eltrico for devido ao contato direto com a tenso da rede,todas as manifestaes podem ocorrer.

    Para os choques eltricos devido tenso de toque e de passo impos-tas pelo sistema de aterramento durante o defeito na rede eltrica, a ma-nifestao mais importante a ser considerada a fibrilao ventricular docorao, que ainda iremos abordar mais a seguir.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0224

  • 25

    RISCOS ELTRICOS

    NParada cardaca a falta total de funcionamento do corao. Quando eleest efetivamente parado, o sangue no mais bombeado, a presso caia zero e a pessoa perde os sentidos. Nesse estado as fibras muscularesesto inativas, interrompendo o batimento cardaco.

    Fibrilao ventricular no corao humano um fenmeno diferente daparada cardaca, mas com conseqncias idnticas. Na fibrilao ventricularas fibras musculares do corao ficam tremulando desordena damente, ha-vendo, em conseqncia, uma total ineficincia no bombeamento do sangue.

    Queimadura devido ao choque eltrico

    Quando uma corrente eltrica passa atravs de uma resistncia eltrica liberada uma

    energia trmica. Este fenmeno denominado Efeito Joule.

    E trmica = R corpo humano . I2 choque . t choque

    Onde:

    R corpo humano Resistncia eltrica (S) do corpo humano.Ou se for o caso, s a resistncia de partedo corpo, do msculo ou rgo afetado.

    I choque Corrente eltrica do choque (A).t choque Tempo do choque (s).E trmica Energia em joules (J) liberada no corpo humano.

    O calor liberado aumenta a temperatura da parte atingida do corpo humano, podendoproduzir vrios efeitos e sintomas, que podem ser:

    queimaduras de 1, 2 ou 3 graus nos msculos do corpo;

    aquecimento do sangue, com a sua conseqente dilatao;

    aquecimento, podendo provocar o derretimento dos ossos e cartilagens;

    queima das terminaes nervosas e sensoriais da regio atingida;

    queima das camadas adiposas ao longo da derme, tornando-se gelatinosas.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0225

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    26

    As condies citadas no acontecem isoladamente, mas sim associadas, advindo, em

    conseqncia, outras causas e efeitos nos demais rgos.

    O choque de alta tenso queima, danifica, fazendo buracos na pele nos pontos de entra-

    da e sada da corrente pelo corpo humano. As vtimas do choque de alta-tenso morrem

    devido, principalmente, a queimaduras. E as que sobrevivem ficam com seqelas, geral-

    mente com:

    perda de massa muscular;

    perda parcial de ossos;

    diminuio e atrofia muscular;

    perda da coordenao motora;

    cicatrizes; etc.

    Choques eltricos em baixa tenso tm pouco poder trmico. O problema maior o

    tempo de durao, que, se persistir, pode levar morte, geralmente por fibrilao ventri-

    cular do corao.

    A queimadura tambm provocada de modo indireto, isto , devido ao mau contato ou

    a falhas internas no aparelho eltrico. Neste caso, a corrente provoca aquecimentos in-

    ternos, elevando a temperatura a nveis perigosos.

    Proteo contra efeitos trmicos

    As pessoas, os componentes fixos de uma instalao eltrica, bem como os materiais

    fixos prximos devem ser protegidos contra os efeitos prejudiciais do calor ou irradiao

    trmica produzidos pelos equipamentos eltricos, particularmente quanto a:

    riscos de queimaduras;

    prejuzos no funcionamento seguro de componentes da instalao;

    combusto ou deteriorao de materiais.

    Proteo contra queimaduras

    As partes acessveis de equipamentos eltricos situados na zona de alcance normal no

    devem atingir temperaturas que possam causar queimaduras em pessoas e devem

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0226

  • 27

    RISCOS ELTRICOS

    atender aos limites de temperaturas, ainda que por curtos perodos, determinados pela

    NBR 14039 e devem ser protegidas contra qualquer contato acidental.

    Arco eltricoToda vez que ocorre a passagem de corrente

    eltrica pelo ar ou por outro meio isolante

    (leo, por exemplo) est ocorrendo um arco

    eltrico, conforme nos mostra a figura

    ao lado.

    O arco eltrico (ou arco voltaico) uma ocor-

    rncia de curtssima durao (menor que

    segundo), e muitos so to rpidos que o olho

    humano no chega a perceber.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0227

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    28

    Os arcos eltricos so extremamente quentes. Prximo ao laser, eles so a mais intensa

    fonte de calor na Terra. Sua temperatura pode alcanar 20 000C. Pessoas que estejam no

    raio de alguns metros de um arco podem sofrer severas queimaduras.

    Os arcos eltricos so eventos de mltipla energia. Forte exploso e energia acstica acom-

    panham a intensa energia trmica. Em determinadas situaes, uma onda de presso tam-

    bm pode se formar, sendo capaz de atingir quem estiver prximo ao local da ocorrncia.

    Conseqncias de arcos eltricos (queimaduras e quedas)

    Se houver centelha ou arco, a temperatura deste to alta que destri os tecidos

    do corpo.

    Todo cuidado pouco para evitar a abertura de arco atravs do operador. Tambm po-

    dem desprender-se partculas incandescentes que queimam ao atingir os olhos.

    O arco pode ser causado por fatores relacionados a equipamentos, ao ambiente ou a

    pessoas. Podem ocorrer, por exemplo, quando trabalhadores movimentam-se de forma

    insegura ou manejam ferramentas, instrumentos ou materiais condutores prximos de

    instalaes energizadas.

    Outras causas podem estar relacionadas a equipamentos, e incluem falhas em partes

    condutoras que integram ou no os circuitos eltricos.

    Causas relacionadas ao ambiente incluem a contaminao por sujeira ou gua ou pela

    presena de insetos ou outros animais (gatos ou ratos que provocam curtos-circuitos em

    barramentos de painis ou subestaes).

    A quantidade de energia liberada durante um arco depende da corrente de curto-circui-

    to e do tempo de atuao dos dispositivos de proteo contra sobrecorrentes. Altas cor-

    rentes de curto-circuito e tempos longos de atuao dos dispositivos de proteo

    aumentam o risco do arco eltrico.

    A severidade da leso para as pessoas na rea onde ocorre a falha depende da energia

    liberada pelo arco, da distncia que separa as pessoas do local e do tipo de roupa que

    utilizam. As mais srias queimaduras por arco voltaico envolvem a queima da roupa da

    vtima pelo calor do arco eltrico. Tempos relativamente longos (30 a 60 segundos, por

    exemplo) de queima contnua de uma roupa comum aumentam tanto o grau da quei-

    madura quanto a rea total atingida no corpo. Isso afeta diretamente a gravidade da

    leso e a prpria sobrevivncia da vtima.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0228

  • 29

    RISCOS ELTRICOS

    A proteo para evitar danos ocasionados pelo arco depende do clculo da energia que

    pode ser liberada no caso de um curto-circuito. As vestimentas de proteo adequadas

    devem cobrir todas as reas que possam estar expostas ao das energias oriundas do

    arco eltrico.

    Portanto, muitas vezes, alm da cobertura completa do corpo, elas devem incluir capu-

    zes. O que agora nos parece bvio, nem sempre foi observado, isto , se em determinadas

    situaes uma anlise de risco nos indica a necessidade de uma vestimenta de proteo

    contra o arco eltrico conforme demonstra a figura apresentada a seguir. Essa vestimen-

    ta deve incluir proteo para o rosto, pescoo, cabelos, enfim, as partes da cabea que

    tambm possam sofrer danos se expostas a uma energia trmica muito intensa.

    Alm dos riscos de exposio aos efeitos trmicos do arco eltrico, tambm est presen-

    te o risco de ferimentos e quedas, decorrentes das ondas de presso que podem se for-

    mar pela expanso do ar.

    Na ocorrncia de um arco eltrico, uma onda de presso pode empurrar e derrubar o

    trabalhador que est prximo da origem do acidente. Essa queda pode resultar em le-

    ses mais graves se o trabalho estiver sendo realizado em uma altura superior a dois

    metros, o que pode ser muito comum em diversos tipos de instalaes.

    Proteo contra perigos resultantes de faltas por arco

    Os dispositivos e equipamentos que podem gerar arcos durante a sua operao devem

    ser selecionados e instalados de forma a garantir a segurana das pessoas que trabalham

    nas instalaes.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0229

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    30

    Temos relacionadas algumas medidas para garantir a proteo contra os perigos resul-

    tantes de faltas por arco:

    Utilizao de um ou mais dos seguintes meios:

    dispositivos de abertura sob carga;

    chave de aterramento resistente ao curto-circuito presumido;

    sistemas de intertravamento;

    fechaduras com chave no intercambiveis.

    Corredores operacionais to curtos, altos e largos quanto possvel;

    Coberturas slidas ou barreiras ao invs de coberturas ou telas;

    Equipamentos ensaiados para resistir aos arcos internos;

    Emprego de dispositivos limitadores de corrente;

    Seleo de tempos de interrupo muito curtos, o que pode ser obtido atravs de

    rels instantneos ou atravs de dispositivos sensveis a presso, luz ou calor,

    atuando em dispositivos de interrupo rpidos;

    Operao da instalao.

    Campos eletromagnticosO termo campo indica que em um determinado espao existe uma fora que pode ser

    responsvel pelo movimento de corpos nele inseridos. O campo gravitacional da lua,

    que determina a subida da mar, um exemplo do conceito de campo. Alm do campo

    gravitacional, temos o campo eltrico, o magntico e eletromagntico.

    O campo eltrico se caracteriza pela presena de corpos eletrizados, ou seja, ao redor de

    corpos eletrizados existe uma regio que ir exercer fora eltrica em outros corpos inse-

    ridos na mesma regio. O valor do campo depende da distncia em relao ao corpo

    eletrizado e medido em Volts/metro.

    O campo magntico se caracteriza pela presena de um fluxo magntico, provocado por

    ims ou eletroms, em uma determina regio. O fluxo magntico consegue magnetizar

    corpos metlicos nele inseridos determinando o aparecimento de foras de origem mag-

    ntica. O fluxo magntico ou campo magntico medido em Tesla ou em Gauss.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0230

  • 31

    RISCOS ELTRICOS

    Um fenmeno importante da eletricidade est associado a campos magnticos vari-

    veis, eles criam campos eltricos variveis e o inverso tambm ocorre dando origem aos

    campos eletromagnticos. A figura apresentada a seguir demonstra como representa-

    mos os campos eltricos, magnticos e eletromagnticos.

    A queda de um raio um bom exemplo de formao de campos eletromagnticos na

    atmosfera. Como a corrente do raio sofre variao no tempo, ela cria campos eltricos e

    magnticos no espao ao redor do canal de corrente entre a nuvem e o solo.

    As manifestaes dos dois campos so sentidas nas linhas eltricas ou de telecomunicaes

    prximas, evidenciando que o campo se propaga no ar. Nas linhas aparecem sobretenses

    (tenses induzidas) como conseqncia dos campos eletromagnticos causados pelos raios.

    Dois efeitos ocorrem nos seres humanos a partir dos campos eletromagnticos: o campo

    eltrico provoca a formao de uma carga sobre a superfcie da pele e o magntico cau-

    sa fluxo de correntes circulando em todo corpo. Normalmente estes efeitos no so pre-

    judiciais ao seres humanos, mas, quando muito intensos, decorrentes de campos muito

    intensos, podem ocorrer disfunes em implantes eletrnicos (marca passo e dosadores

    de insulina) e a circulao de correntes em prteses metlicas, a ponto de provocar aque-

    cimento intenso, o que acarreta leses internas.

    Uma outra preocupao com a induo eltrica. Esse fenmeno pode ser particular-

    mente importante quando h diferentes circuitos prximos uns dos outros.

    Quadro da linha de fora do campoe das superfcies equipotenciais emtorno de uma esfera carregada deeletricidade.

    Representao grfica plana do campode uma linha fibilar de alta tenso.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0231

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    32

    A passagem da corrente eltrica em condutores gera um campo eletromagntico que,

    por sua vez, induz uma corrente eltrica em condutores prximos. Assim, pode ocorrer a

    passagem de corrente eltrica em um circuito desenergizado se ele estiver prximo a

    outro circuito energizado.

    Por isso fundamental que voc, alm de desligar o circuito no qual vai trabalhar, confira,

    com equipamentos apropriados (voltmetros ou detectores de tenso), se o circuito est

    efetivamente sem tenso.

    Riscos adicionaisSo considerados como riscos adicionais aqueles que, alm dos eltricos, so especficos

    de cada ambiente ou processo de trabalho e que, direta ou indiretamente, possam afetar

    a segurana e a sade dos que trabalham com eletricidade.

    Classificao dos riscos adicionais

    Altura

    Em trabalhos com energia eltrica feitos em alturas, devemos seguir as instrues relati-

    vas a segurana descritas abaixo:

    obrigatrio o uso do cinto de segurana e do capacete com jugular.

    Os equipamentos acima devem ser inspecionados pelo trabalhador antes do seu

    uso, no que concerne a defeito nas costuras, rebites, argolas, mosquetes, molas e

    travas, bem como quanto integridade da carneira e da jugular.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0232

  • 33

    RISCOS ELTRICOS

    Ferramentas, peas e equipamentos devem ser levados para o alto apenas em

    bolsas especiais, evitando o seu arremesso.

    Quando for imprescindvel o uso de andaimes tubulares em locais prximos rede

    eltrica, eles devero:

    Respeitar as distncias de segurana, principalmente durante as operaes de

    montagem e desmontagem;

    Estar aterrados;

    Ter as tbuas da(s) plataforma(s) com, no mnimo, uma polegada de espessura,

    travadas e que nunca ultrapassem o andaime;

    Ter base com sapatas;

    Ter guarda-corpo de noventa centmetros de altura em todo o permetro com vos

    mximos de trinta centmetros;

    Ter cinturo de segurana tipo pra-quedista para alturas iguais ou superiores a

    2 metros;

    Ter estais a partir de 3 metros e a cada 5 metros de altura.

    Manuseio de escada simples e de extenso:

    Inspecione visualmente antes de usar a escada, a fim de verificar se apresenta racha

    duras, degraus com jogo ou soltos, corda desajustada, montantes descolados, etc.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0233

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    34

    Se houver qualquer irregularidade, deve ser entregue ao superior imediato para

    reparo ou troca.

    Deve ser manuseada sempre com luvas.

    Limpe sempre a sola do calado antes de subi-la.

    Ao transportar em veculos, coloque-a com cuidado nas gavetas ou nos ganchos-

    suportes, devidamente amarrada.

    Ao subir ou descer, conserve-se de frente para ela, segurando firmemente os montantes.

    Trabalhe somente depois dela estar firmemente amarrada, utilizando o cinto de

    segurana e com os ps apoiados sobre os seus degraus.

    Deve ser conservada com verniz ou leo de linhaa.

    Cuidado ao atravessar as vias pblicas, observando que ela dever ser conduzida

    paralelamente ao meio-fio.

    Ao instalar a escada, observe que a distncia entre o suporte e o p da escada seja

    de aproximadamente do seu comprimento.

    Antes de subir ou descer, exija um companheiro ao p da escada para segur-la.

    Somente o dispense depois de amarrar a escada.

    Instalar a escada usando o p direto para o apoio e a mo fechando por cima do

    degrau, verificando o travamento da extenso.

    No podendo amarrar a escada (fachada de prdio), mantenha o companheiro no

    p dela, segurando-a.

    Ambientes confinados

    Locais com acesso e movimentao de pessoas enormemente dificultados; reduzida ou

    nenhuma ventilao/iluminao e, em alguns casos, com a presena de vapores que

    podem causar intoxicao.

    Nas atividades que exponham os trabalhadores a riscos de asfixia, exploso, intoxicao edoenas do trabalho devem ser adotadas medidas especiais de proteo, a saber:

    a) treinamento e orientao para os trabalhadores quanto aos riscos a que esto submeti

    dos, a forma de preveni-los e o procedimento a ser adotado em situao de risco;

    b) nos servios em que se utilizem produtos qumicos, os trabalhadores no podero

    realizar suas atividades sem um programa de proteo respiratria;

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0234

  • 35

    RISCOS ELTRICOS

    c) a realizao de trabalho em recintos confinados deve ser precedida de inspeo

    prvia e elaborao de ordem de servio com os procedimentos a serem

    adotados;

    d) monitoramento permanente de substncia que cause asfixia, exploso e

    intoxicao no interior de locais confinados realizado por trabalhador qualificado

    sob superviso de responsvel tcnico;

    e) proibio de uso de oxignio para ventilao de local confinado;

    f ) ventilao local exaustora eficaz que faa a extrao dos contaminantes e

    ventilao geral que execute a insuflao de ar para o interior do ambiente,

    garantindo de forma permanente a renovao contnua do ar;

    g) sinalizao com informao clara e permanente durante a realizao de trabalhos

    no interior de espaos confinados;

    h) uso de cordas ou cabos de segurana e pontos fixos para amarrao que

    possibilitem meios seguros de resgates;

    i) acondicionamento adequado de substncias txicas ou inflamveis utilizadas na

    aplicao de laminados, pisos, papis de parede ou similares;

    j) a cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores, pelo menos 2 (dois) devem ser treinados

    para resgate;

    k) manter ao alcance dos trabalhadores ar mandado e/ou equipamento autnomo

    para resgate;

    l) no caso de manuteno de tanque, providenciar desgaseificao prvia antes da

    execuo do trabalho.

    reas classificadas

    reas sujeitas formao (ou existncia) de uma atmosfera explosiva pela presena

    normal ou eventual de gases/vapores inflamveis ou poeiras/fibras combustveis.

    So consideradas reas de alto risco aquelas nas quais existe a possibilidade de vaza-

    mento de gases inflamveis em situao de funcionamento normal devido a razes

    diversas, como, por exemplo, desgaste ou deteriorao de equipamentos.

    Tais reas, tambm chamadas de ambientes explosivos, so classificadas conforme nor-mas internacionais, e de acordo com a classificao exigem a instalao de equi-pamentos e/ou interfaces que atendam s exigncias prescritas nas mesmas.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0235

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    36

    As reas classificadas normalmente cobrem uma zona cujo limite onde o gs ou gases

    inflamveis estaro to diludos ou dispersos que no podero apresentar perigo de ex-

    ploso ou combusto.

    Segundo as recomendaes da IEC 79-10, as reas so classificadas em:

    Zona 0 rea na qual uma mistura de gs/ar, potencialmente explosiva,est presente continuamente ou por grandes perodos de tempo;

    Zona 1 rea na qual a mistura gs/ar, potencialmente explosiva, podeestar presente durante o funcionamento normal do processo;

    Zona 2 rea na qual uma mistura de gs/ar, potencialmente explosiva, noest normalmente presente. Caso esteja, ser por curtos perodos.

    evidente que um equipamento instalado dentro de uma rea classificada tambm deve

    ser classificado, e esta baseada na temperatura superficial mxima que o mesmo possa

    alcanar em funcionamento normal ou em caso de falha. A EN 50.014 especifica a tem-

    peratura superficial mxima em 6 nveis, assumindo como temperatura ambiente de

    referncia 40C. Assim temos:

    Para exemplificar: um equipamento classificado como T3 pode ser utilizado em ambien-

    tes cujos gases possuem temperatura de combusto superior a 200C. Para diminuirmos

    o risco de uma exploso, podemos adotar diversos mtodos. Um deles eliminarmos um

    dos elementos do tringulo do fogo: temperatura, oxignio e combustvel. E um outro

    atravs de uma das trs alternativas a seguir:

    a) Conteno da exploso: na verdade, este o nico mtodo que permite que haja a

    exploso, porque esta fica confinada em um ambiente bem definido e no pode

    propagar-se para a atmosfera do entorno.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0236

  • 37

    RISCOS ELTRICOS

    b) Segregao: o mtodo que permite separar ou isolar fisicamente as partes

    eltricas ou as superfcies quentes da mistura explosiva.

    c) Preveno: atravs deste mtodo limita-se a energia, seja trmica ou eltrica,

    a nveis no perigosos. A tcnica de segurana intrnseca a mais empregada

    deste mtodo de proteo e tambm a mais efetiva. O que se faz limitar a

    energia armazenada em circuitos eltricos de modo a torn-los totalmente

    incapazes, tanto em condies normais de operao quanto em situaes de

    falha, de produzir fascas eltricas ou de gerar arcos voltaicos que possam causar

    a exploso.

    As indstrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na

    forma de p, so indstrias de alto potencial de risco quanto a incndios e exploses, e

    devem, antes de sua implantao, efetuar uma anlise acurada dos riscos e tomar as pre-

    caues cabveis, pois na fase de projeto as solues so mais simples e econmicas.

    Porm, as indstrias j implantadas podero equacionar razoavelmente bem os proble-

    mas, minorando os riscos inerentes com o auxlio de um profissional competente.

    A seguir, citamos alguns tipos de indstrias reconhecidamente perigosas quanto aos

    riscos de incndios e exploses:

    indstrias de beneficiamento de produtos agrcolas;

    indstrias fabricantes de raes animais;

    indstrias alimentcias;

    indstrias metalrgicas;

    indstrias farmacuticas;

    indstrias plsticas;

    indstrias de beneficiamento de madeira;

    indstrias do carvo.

    Instalaes eltricas em ambientes explosivos

    As instalaes e servios de eletricidade devem ser projetados, executados, operados,

    mantidos, reformados e ampliados de forma que permitam a adequada distribuio de

    energia e isolamento, correta proteo contra fugas de corrente, curtos-circuitos,

    choques eltricos, entre outros riscos.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0237

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    38

    Os cabos e condutores de alimentao eltrica utilizados devem ser certificados por um

    organismo de certificao, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normali-

    zao e Qualidade Industrial INMETRO.

    Os locais de instalao de transformadores e capacitores, seus painis e respectivos

    dispositivos de operao devem atender aos seguintes requisitos:

    a) ser ventilados e iluminados ou projetados e construdos com tecnologia adequada

    para operao em ambientes confinados;

    b) ser construdos e ancorados de forma segura;

    c) ser devidamente protegidos e sinalizados, indicando zona de perigo, de forma a

    alertar que o acesso proibido a pessoas no autorizadas;

    d) no ser usados para outras finalidades diferentes daquelas do projeto eltrico; e

    e) possuir extintores portteis de incndio, adequados classe de risco, localizados

    na entrada ou nas proximidades e, em subsolo, a montante do fluxo de ventilao.

    Os cabos, instalao e equipamentos eltricos devem ser protegidos contra impactos,

    gua e influncia de agentes qumicos, observando-se suas aplicaes, de acordo com as

    especificaes tcnicas.

    Os servios de manuteno ou reparo de sistemas eltricos s podem ser executados

    com o equipamento desligado, etiquetado, bloqueado e aterrado, exceto se forem:

    a) utilizadas tcnicas adequadas para circuitos energizados;

    b) utilizados ferramentas e equipamentos adequados classe de tenso; e

    c) tomadas precaues necessrias para a segurana dos trabalhadores.

    O bloqueio durante as operaes de manuteno e reparo de instalaes eltricas deve

    ser realizado utilizando-se cadeado e etiquetas sinalizadoras fixadas em local visvel

    contendo, no mnimo, as seguintes indicaes:

    a) horrio e data do bloqueio;

    b) motivo da manuteno; e

    c) nome do responsvel pela operao.

    Os equipamentos e mquinas de emergncia, destinados a manter a continuidade dofornecimento de energia eltrica e as condies de funcionamento, devem estardisponveis em perfeito estado de funcionamento.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0238

  • 39

    RISCOS ELTRICOS

    Redes eltricas, transformadores, motores, mquinas e circuitos eltricos devem estar

    equipados com dispositivos de proteo automticos, para os casos de curto-circuito,

    sobrecarga, queda de fase e fugas de corrente.

    Os fios condutores de energia eltrica instalados no teto de galerias para alimentao de

    equipamentos devem ser protegidos contra contatos acidentais.

    Os sistemas de recolhimento automtico de cabos alimentadores de equipamentos el-

    tricos mveis devem ser eletricamente solidrios carcaa do equipamento principal.

    Os equipamentos eltricos mveis devem ter aterramento adequadamente dimensionado.

    Em locais com ocorrncia de gases inflamveis e explosivos, as tarefas de manuteno

    eltrica devem ser realizadas sob o controle de um supervisor, com a rede de energia des-

    ligada e a chave de acionamento bloqueada, monitorando-se a concentrao dos gases.

    Os terminais energizados dos transformadores devem ser isolados fisicamente por

    barreiras ou outros meios fsicos, a fim de evitar contatos acidentais.

    Toda instalao, carcaa, invlucro, blindagem ou pea condutora que possam armazenar

    energia esttica com possibilidade de gerar fagulhas ou centelhas devem ser aterrados.

    As malhas, os pontos de aterramento e os pra-raios devem ser revisados periodicamente

    e os resultados registrados.

    A implantao, operao e manuteno de instalaes eltricas devem ser executadas

    somente por pessoa qualificada, que deve receber treinamento continuado em manu-

    seio e operao de equipamentos de combate a incndios e exploses, bem como na

    prestao de primeiros socorros a acidentados.

    Trabalhos em condies de risco acentuado devero ser executados por duas pessoas

    qualificadas, salvo critrio do responsvel tcnico.

    Durante a manuteno de mquinas ou instalaes eltricas, os ajustes e as caractersti-

    cas dos dispositivos de segurana no devem ser alterados, prejudicando sua eficcia.

    Trabalhos em redes eltricas entre dois ou mais pontos sem possibilidade de contatovisual entre os operadores somente podem ser realizados com comunicao por meiode rdio ou outro sistema de comunicao que impea a energizao acidental.

    As instalaes eltricas com possibilidade de contato com gua devem ser projetadas,executadas e mantidas com especial cuidado quanto blindagem, estanqueidade,isolamento, aterramento e proteo contra falhas eltricas.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0239

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    40

    Os trechos e pontos de tomada de fora de rede eltrica em desuso devem ser desener-

    gizados, marcados e isolados, ou retirados quando no forem mais utilizados.

    Em locais sujeitos a emanaes de gases explosivos e inflamveis, as instalaes eltricas

    sero prova de exploso.

    Condies atmosfricas

    Umidade

    Deve-se considerar que todo trabalho em equipamentos energizados s deve ser inicia-

    do com boas condies meteorolgicas, no sendo assim permitidos trabalhos sob chu-

    va, neblina densa ou ventos.

    Podemos determinar a condio de umidade favorvel ou no com a utilizao do ter-

    mo-higrmetro ou umedecendo levemente com um pano mido a superfcie de um

    basto de manobra e aguardar durante aproximadamente 5 minutos. Desaparecendo a

    pelcula de umidade, h condies seguras para execuo dos servios.

    Como visto em estudos anteriormente, sabemos que a existncia de umidade no ar

    propicia a diminuio da capacidade disruptiva do ar, aumentando assim o risco de

    acidentes eltricos.

    Devemos levar em considerao, tambm, que os equipamentos isolados a leo no

    devem ser abertos em condies de umidade elevada, pois o leo isolante pode absor-

    ver a umidade do ar, comprometendo, assim, suas caractersticas isolantes.

    Descargas atmosfricas (raios)

    Mecanismo

    Devido a longos perodos de estiagem, as chuvas que comeam a cair so normal-

    mente acompanhadas de tempestades, sendo estas originadas do encontro de uma

    massa de ar frio com uma massa de ar quente ou a partir do aquecimento do solo

    pelos raios solares e conseqente subida do ar quente carregado de partculas de

    vapor de gua.

    O raio um fenmeno de natureza eltrica, sendo produzido por nuvens do tipo cumu-

    lus nimbus, que tem formato parecido com uma bigorna e chega a ter 12 quilmetros de

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0240

  • 41

    RISCOS ELTRICOS

    altura e vrios quilmetros de dimetro. As tempestades com trovoadas se verificam

    quando certas condies particulares (temperatura, presso, umidade do ar, velocidade

    do vento, etc.) fazem com que determinado tipo de nuvem se torne eletricamente car-

    regada devido frico entre as partculas de gua decorrentes da condensao do

    vapor de gua. O mecanismo de autoproduo de cargas eltricas vai aumentando de

    tal modo que d origem a uma descarga eltrica (raio), que partir da base da nuvem

    em direo ao solo, definindo uma trajetria ramificada e aleatria. Esta primeira des-

    carga denominada lder, que define sua posio de queda entre 20 a 100 metros do

    solo. A partir deste estgio, o raio deixou um canal ionizado entre a nuvem e o solo, que

    dessa forma permitir a passagem de uma avalanche de cargas com corrente de pico

    em torno de 20 000 ampres passando pelo ar, e o aquecimento deste meio, at

    30 000C, provocando assim a expanso do ar (trovo). As descargas atmosfricas po-

    dem ser ascendentes (da terra para a nuvem) ou descendentes (da nuvem para a terra),

    ou ainda entre nuvens.

    O raio ao cair na terra pode provocar grande destruio, devido ao alto valor de sua cor-

    rente eltrica, que gera intensos campos eletromagnticos e calor.

    Alm dos danos causados diretamente pela corrente eltrica e pelo intenso calor, o raio

    pode provocar sobretenses em redes de energia eltrica, em redes de telecomunica-

    es, de TV a cabo, antenas parablicas, redes de transmisso de dados, etc. Com o intuito

    de evitar falsas expectativas ao sistema de proteo contra descargas atmosfricas, de-

    vemos fazer os seguintes esclarecimentos:

    O raio um fenmeno da natureza absolutamente imprevisvel tanto em relao

    s suas caractersticas eltricas como em relao aos efeitos destruidores

    decorrentes de sua incidncia sobre as edificaes, as pessoas ou animais.

    Nada em termos prticos pode ser feito para impedir a queda de uma descarga

    em uma determinada regio. Assim sendo, as solues aplicadas buscam

    to-somente minimizar os efeitos destruidores a partir de instalaes adequadas

    de captao e de conduo segura da descarga para a terra.

    A incidncia de raios maior em solos maus condutores do que em solos

    condutores de eletricidade, pois nos solos maus condutores, na existncia de

    nuvens carregadas sobre o mesmo, criam-se por induo no terreno cargas

    positivas, em que temos a nuvem funcionando como placa negativa e o solo complaca positiva e o ar, naturalmente mido e s vezes ionizado, servindo comoum isolante de baixo poder dieltrico, propiciando assim a existncia deraios, conforme podemos visualizar na figura apresentada a seguir.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0241

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    42

    Sobretenses transitrias

    Sempre que a tenso eltrica em um circuito eltrico sofre um aumento por um determi-

    nado perodo, fica caracterizada uma sobretenso transitria. Partidas de motores de

    potncia alta, manobras de cargas de potncia elevada, curtos-circuitos e descargas el-

    tricas atmosfricas (raios ou relmpagos) podem provocar sobretenses transitrias.

    As sobretenses transitrias podem chegar at as instalaes eltricas internas ou de

    telefonia, de TV a cabo ou de qualquer unidade consumidora. Os seus efeitos, alm de

    poderem causar danos a pessoas e animais, podem:

    Provocar a queima total ou parcial de equipamentos eltricos ou danos prpria

    instalao eltrica interna e telefnica, entre outras;

    Reduzir a vida til dos equipamentos;

    Provocar enormes perdas, com a parada de equipamentos, etc.

    As sobrecorrentes transitrias originadas de descargas atmosfricas podem ocorrer de

    dois modos:

    Descarga Direta: o raio atinge diretamente uma rede eltrica ou telefnica. Nesse

    caso, o raio tem um efeito devastador, gerando elevados valores de sobretenses

    sobre os diversos circuitos.

    Descarga Indireta: o raio cai a uma distncia de at 1 quilmetro de uma rede

    eltrica.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0242

  • 43

    RISCOS ELTRICOS

    A sobretenso gerada de menor intensidade do que a provocada pela descarga direta, mas

    pode causar srios danos. Essa sobretenso induzida acontece quando uma parte da energia

    do raio transferida atravs de um acoplamento eletromagntico com uma rede eltrica.

    A grande maioria das sobretenses transitrias de origem atmosfrica, que causam da-

    nos a equipamentos provoca a ruptura das isolaes e arcos eltricos.

    Medidas Preventivas

    Evitar a execuo de servios em equipamentos e instalaes eltricas internas

    e externas.

    Nunca procurar abrigo sob rvores ou construes isoladas sem sistemas de

    proteo atmosfrica adequados.

    No entrar em rios, lagos, piscinas, guardando uma distncia segura destes.

    Procurar abrigo em instalaes seguras, jamais ficando ao relento.

    Caso no encontre abrigo, procurar no se movimentar, e se possvel ficar

    agachado, evitando assim o efeito das pontas.

    Evitar o uso de telefones, a no ser que seja sem fio.

    Evitar ficar prximo de tomadas e canos, janelas e portas metlicas.

    Evitar tocar em qualquer equipamento eltrico ligado rede eltrica.

    Evitar locais extremamente perigosos, como topos de morros, topos de prdios,

    proximidade de cercas de arame, torres, linhas telefnicas, linhas areas.

    Sistemas de Proteo contra Descargas Atmosfricas

    Toda empresa deve possuir um sistema de proteo contra descarga atmosfrica que leve

    em considerao o especificado na NBR 5419 (Proteo de estruturas contra descargas

    atmosfricas), mas que esteja definido em um projeto assinado por profissional habilitado.

    O projeto de SPDA, nas empresas, faz parte do Programa de Preveno e Combate a

    Incndios (PPCI) e deve ser executado e mantido nas condies de projeto, uma vez que

    ele considerado uma proteo coletiva.

    O projetista de SPDAs deve verificar as possveis interferncias do subsistema de aterra-

    mento do SPDA nos demais sistemas de aterramento existentes em uma empresa como,

    por exemplo, os sistemas de aterramento funcionais e de proteo.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0243

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    44

    Como regra geral, ou recomendao, os eletrodos de aterramento dos diversos sistemas

    eltricos devem estar interligados, mas sempre com base em estudo de engenharia, uma

    vez que o aterramento uma proteo coletiva.

    Uma opo muito aceita tecnicamente o uso das estruturas metlicas das estacas das

    fundaes como eletrodos de aterramento e os diversos terras dos sistemas eltricos

    conectados a uma barra de aterramento que est ligada aos eletrodos de aterramento

    da fundao por um nico ponto, conforme demonstra a figura a seguir.

    A NBR 5419:2005 estipula que o valor da resistncia de aterramento deve ser inferior a

    10 ? (ohms), pois as medidas utilizadas para minimizar as conseqncias das descargas

    atmosfricas tm como princpio a criao de caminhos de baixa resistncia terra,

    escoando nesta as correntes eltricas dos raios.

    Temos como principais componentes de um sistema de proteo contra descargas

    atmosfricas:

    Terminais Areos Conhecidos como pra-raios, eles so hastes montadas em

    bases instaladas acima do ponto mais alto das edificaes com o objetivo de

    propiciar um caminho mais fcil para os raios que venham a incidir na edificao,

    sendo geralmente interligados atravs de condutores horizontais.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0244

  • 45

    RISCOS ELTRICOS

    Condutores de Descida Cabos que conectam os terminais areos aos terminais

    de aterramento.

    Terminais de Aterramento Condutores que servem para conectar os cabos de

    descida ao solo. Sendo os mesmos constitudos usualmente de cabos e hastes

    enterradas no solo, propiciando uma baixa resistncia a terra, sendo a mesma

    dependente das caractersticas do solo.

    Condutores de Ligao Eqipotencial Visam interligao do sistema de

    aterramento com os outros sistemas de aterramento da edificao, impedindo

    assim a existncia de diferenas de potenciais entre os elementos interligados.

    Como visto no captulo sobre eqipotencializao, todas as partes metlicas da

    edificao, os aterramentos de equipamentos, as estruturas, o sistema de proteo

    atmosfrica, etc. devem ser interligados a um mesmo referencial de terra.

    Supressores de Surto, Varistores, Pra-Raios de Linha, Centelhados So instalados

    em pontos de entrada de energia, cabos telefnicos e de dados, instrumentao

    industrial, etc., com o intuito de proteger as instalaes e equipamentos contra

    sobrecorrentes transitrias (sobretenses) provocadas por descargas direta,

    indireta e manobras de equipamentos do sistema de alimentao eltrica.

    A figura a seguir nos mostra um SPDA.

    Detalhe do aterramento.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0245

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    46

    Descargas atmosfricas

    As descargas atmosfricas causam srias perturbaes nas redes areas de transmisso e

    distribuio de energia eltrica, alm de provocarem danos materiais nas construes atin-

    gidas por elas, sem contar os riscos de vida a que as pessoas e animais ficam submetidos.

    As descargas atmosfricas induzem surtos de tenso que chegam a centenas de quilo-

    volts. A frico entre as partculas de gua que formam as nuvens, provocada pelos ven-

    tos ascendentes de forte intensidade, d origem a uma grande quantidade de cargas

    eltricas. Verifica-se experimentalmente que as cargas eltricas positivas ocupam a parte

    superior da nuvem, enquanto as cargas eltricas negativas se posicionam na parte inferi-

    or, acarretando conseqentemente uma intensa migrao de cargas positivas na super-

    fcie da terra para a rea correspondente localizao da nuvem, dando dessa forma

    uma caracterstica bipolar s nuvens. A concentrao de cargas eltricas positivas e ne-

    gativas numa determinada regio faz surgir uma diferena de potencial entre a terra e a

    nuvem. No entanto, o ar apresenta uma determinada rigidez dieltrica, normalmente

    elevada, que depende de certas condies ambientais.

    O aumento dessa diferena de potencial, que se denomina gradiente de tenso, poder

    atingir um valor que supere a rigidez dieltrica do ar interposto entre a nuvem e a terra,

    fazendo com que as cargas eltricas migrem na direo da terra, num trajeto tortuoso e

    normalmente cheio de ramificaes, cujo fenmeno conhecido como descarga piloto.

    de aproximadamente 1 kV/mm o valor do gradiente de tenso para o qual a rigidez

    dieltrica do ar rompida.

    Polarizao do dieltrico

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0246

  • 47

    RISCOS ELTRICOS

    Os condutores possuem eltrons livres e, portanto, podem ser eletrizados por induo.

    Os isoladores, conhecidos tambm por dieltricos, praticamente no possuem eltrons

    livres. Ser que eles podem ser eletrizados por induo, isto , aproximando um corpo

    eletrizado, sem contudo toc-los?

    Normalmente, os centros de gravidade das massas dos eltrons e prtons de um tomo

    coincidem-se e localizam-se no seu centro. Quando um corpo carregado se aproxima

    desses tomos, h um deslocamento muito pequeno dos seus eltrons e prtons, de

    modo que os centros de gravidade destes no mais se coincidem, formando assim um

    dipolo eltrico.

    Um dieltrico que possui tomos assim deformados (achatados) est eletricamente Po-

    larizado, e quanto maior for a polarizao, maior a probabilidade da ruptura da isolao.

    Tenses induzidas em linhas de transmisses de alta tenso

    Devido ao atrito com o vento e com a poeira, e em condies secas (baixa umidade), as

    linhas sofrem fenmenos eletrostticos que induzem tenses que se somam s demais

    tenses presentes. As tenses estticas crescem continuamente, e aps um longo pero-

    do de tempo podem ser relativamente elevadas.

    Temos tambm tenses induzidas na linha por causa do acoplamento capacitivo e

    eletromagntico devido proximidade de outras linhas eltricas.

    Se dois condutores, ou um condutor e o potencial de terra, estiverem separados por um

    dieltrico e em potenciais diferentes, surgir entre ambos o efeito capacitivo.

    Ao aterrarmos uma linha, as correntes, devido s tenses induzidas capacitivas e s ten-

    ses estticas ao referencial de terra, so drenadas imediatamente. Todavia, existiro ten-

    ses de acoplamento capacitivo e eletromagntico induzidas pelos condutores

    energizados prximos linha.

    Essas tenses so induzidas por linha ou linhas energizadas que cruzam ou so paralelas

    linha ou equipamento desenergizado no qual se trabalha. Elas dependem da distncia

    entre linhas, da corrente de carga das linhas energizadas, do comprimento do trecho

    onde h paralelismo ou cruzamento e da existncia ou no de transposio nas linhas.

    No caso de uma linha aterrada em apenas uma das extremidades, a tenso induzidaeletromagneticamente ter seu maior vulto na extremidade no aterrada; e se am-bas as extremidades estiverem aterradas, existir uma corrente fluindo num circui-to fechado com a terra.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0247

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    48

    Ao se instalar o aterramento provisrio, uma corrente fluir por seu intermdio, diminu-

    indo a diferena de potencial existente e ao mesmo tempo jampeando a rea de traba-

    lho, o que possibilita neste ponto uma maior segurana para o homem de manuteno.

    Em linhas de transmisso alta-extra ou ultra-alta tenso, portanto com induo elevada,

    recomendvel a adoo de critrios que levem em conta o nvel de tenso dos

    circuitos e a distncia entre eles, o que poder determinar se as outras medidas de

    segurana ainda devero ser adotadas ou at mesmo se o trabalho dever ser feito

    como em linha energizada.

    Acidentes de origem eltricaA segurana no trabalho essencial para garantir a sade e evitar acidentes nos locais de

    trabalho, sendo um item obrigatrio em todos os tipos de trabalho.

    Podemos classificar os acidentes de trabalho relacionando-os com fatores humano (atos

    inseguros) e com o ambiente (condies inseguras). Essas causas so apontadas como

    responsveis pela maioria dos acidentes. No entanto, deve-se levar em conta que, s ve-

    zes, os acidentes so provocados pela presena de condies inseguras e atos inseguros

    ao mesmo tempo.

    Atos inseguros

    Os atos inseguros so, geralmente, definidos como causas de acidentes do trabalho que

    residem exclusivamente no fator humano, isto , aqueles que decorrem da execuo das

    tarefas de forma contrria s normas de segurana. a maneira como os trabalhadores

    se expem (consciente ou inconscientemente) aos riscos de acidentes.

    falsa a idia de que no se pode predizer nem controlar o comportamento humano.

    Na verdade, possvel analisar os fatores relacionados com a ocorrncia dos atos insegu-

    ros e control-los. Seguem-se alguns fatores que podem levar os trabalhadores a pratica-

    rem atos inseguros:

    Inadaptao entre homem e funo por fatores constitucionais.

    Ex.: sexo, idade, tempo de reao aos estmulos, coordenao motora,agressividade, impulsividade, nvel de inteligncia, grau de ateno.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0248

  • 49

    RISCOS ELTRICOS

    Fatores circunstanciais: fatores que influenciam o desempenho do indivduo

    no momento.

    Ex.: problemas familiares, abalos emocionais, discusso com colegas, alcoolismo,

    estado de fadiga, doena, etc.

    Desconhecimento dos riscos da funo e/ou da forma de evit-los. Estes fatores

    so na maioria das vezes causados por: seleo ineficaz, falhas de treinamento,

    falta de treinamento que caracterizam condio insegura. Ex.: manuteno sendo

    realizada por operador de mquina segundo a aplicao de tcnicas intuitivas.

    Desajustamento: este fator relacionado com certas condies especficas

    do trabalho.

    Ex.: problema com a chefia, problemas com os colegas, polticas salariais

    imprprias, poltica promocional imprpria, clima de insegurana.

    Personalidade: fatores que fazem parte das caractersticas da personalidade

    do trabalhador e que se manifestam por comportamentos imprprios.

    Ex.: o desleixado, o macho, o exibicionista, o desatento, o brincalho.

    Condies inseguras

    So aquelas que, presentes no ambiente de trabalho, pem em risco a integridade fsica

    e/ou mental do trabalhador, devido possibilidade deste acidentar-se. Tais condies

    manifestam-se como deficincias tcnicas, podendo apresentar-se:

    Na construo e instalaes em que se localiza a empresa: reas insuficientes,

    pisos fracos e irregulares, excesso de rudo e trepidaes, falta de ordem e limpeza,

    instalaes eltricas imprprias ou com defeitos, falta de sinalizao.

    Na maquinaria: localizao imprpria das mquinas, falta de proteo em

    partes mveis, pontos de agarramento e elementos energizados, mquinas

    apresentando defeitos.

    a proteo do trabalhador: proteo insuficiente ou totalmente ausente, roupa

    e calados imprprios, equipamentos de proteo com defeito (EPIs, EPCs),

    ferramental defeituoso ou inadequado.

    No conhecimento e habilidades do trabalhador motivado por falhas no

    treinamento ou falta de treinamento.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0249

  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

    50

    Causas diretas de acidentes com eletricidade

    Podemos classificar como causas diretas de acidentes eltricos as propiciadas pelo con-

    tato direto por falha de isolamento, podendo estas ainda serem classificadas quanto ao

    tipo de contato fsico:

    Contatos diretos consistem no contato com partes metlicas normalmente sob

    tenso (partes vivas).

    Contatos indiretos consistem no contato com partes metlicas normalmente

    no energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha

    de isolamento. O acidente mais comum a que esto submetidas as pessoas,

    principalmente aquelas que trabalham em processos industriais ou

    desempenham tarefas de manuteno e operao de sistemas industriais, o

    toque acidental em partes metlicas energizadas, ficando o corpo ligado

    eletricamente sob tenso entre fase e terra.

    Causas indiretas de acidentes eltricos

    Podemos classificar como causas indiretas de acidentes eltricos as originadas por

    descargas atmosfricas, tenses induzidas eletromagnticas e tenses estticas.

    Acidentes com eletricidade (exemplos)

    As declaraes pessoais dos treinandos do Curso Bsico previsto na NR-10 e ministrado

    pelo SENAI corroboram que a preveno, conforme prescrito na norma, fundamental

    para garantir a segurana e a sade dos trabalhadores.

    Inmeros casos esto sendo relatados, e muitos, como os citados a seguir, devem servir de

    justificativa para as empresas, profissionais e trabalhadores adotarem aes preventivas.

    Choques eltricos entre cabea e mos, seguidos de desfalecimento.

    Queimaduras por arco eltrico decorrentes de curtos-circuitos provocados por

    queda de ferramentas de trabalho durante servios com circuitos energizados.

    Quedas, pela ausncia do cinto de segurana, depois de choques eltricos.

    Energizaes acidentais com trabalhadores que realizam trabalhos nas redes

    eltricas.

    riscos_eletricos_se.p65 30/3/2007, 14:0250

  • 51

    RISCOS ELTRICOS

    Desligamentos incorretos de circuitos por falta de informao (diagramas, plantas)

    e de testes para comprovao da desenergizao.

    Casos de falecimento por choque eltrico durante o servio em ambientes midos

    com o trabalhador molhado.

    Desmaio em ambiente confinado devido remoo do EPI.

    Princpios de incndio a partir da eletricidade esttica.

    Enfrentamento de cobra, abelhas e animais peonhentos.

    Arco eltrico provocado por cavaco oriundo de mquina operatriz em operao na

    zona controlada.

    Choques eltricos em linhas areas decorrentes de tenses induzidas por

    descargas atmosfricas.

    Eliminao dos DRs por impossibilitada deteco dos pontos de fuga terra.

    Alteraes nas instalaes eltricas sem a devida correo das plantas e diagramas

    eltricos.

    Realizao de trabalhos em alta tenso sem procedimentos e anlise preliminar de

    riscos.

    Surgimento de tenses de toque e choque eltrico em pessoas que moram em um

    andar de um prdio de apartamento em funo de falhas de isolao, fuga de

    corrente e utilizao da ferragem estrutural do prdio como terra em andares

    superiores.

    Casos fatais decorrentes de quedas de telhado.

    So dezesseis situaes relatadas que sero complementadas a seguir com outros cinco

    casos, que demonstram que a utilizao da energia eltrica precisa das medidas preven-

    tivas prescritas pela NR-10.

    Vigilante morre eletrocutado ao hastear bandeira no RecifeJC On Line 7/9/2004

    Pernambuco No Dia da Independncia do Brasil, um homem morreueletrocutado ao hastear uma bandeira no centro de Recife, nesta tera-feirapela manh.

    O acidente ocorreu quando o vigilante Larcio Honorato da Silva, 43anos, funcionrio da Nordeste Vigilncia de Valores, foi hastear a bandeira

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  • CURSO BSICO DE SEGURANA EM INSTALAES E SERVIOS EM ELETRICIDADE

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    de Pernambuco na agncia Bradesco da Rua do Imperador, no bairro deSanto Antnio, por volta das 7 horas. O hasteamento um procedimento derotina no banco e cabe diariamente ao vigilante de planto.

    Larcio, que estava na varanda do primeiro andar, chegou a subir abandeira do Brasil, e na hora de hastear a do Estado, o mastro tocou no fiode energia do poste, eletrocutando o vigilante. A descarga de energia arre-messou o corpo do vigilante para a varanda, a 1,6 metro de distncia do fio.Segundo o Instituto de Criminalstica, o acidente foi uma fatalidade.

    Engenheiros condenados por acidenteFolha de So Paulo 28/4/1999

    So Paulo Dois engenheiros responsveis pela instalao de enfeitesde natal no Clube Paulistano, na zona oeste de So Paulo, em 1997, foramcondenados a pagar 20 cestas bsicas ao estudante Guilherme OrlandoGnther, de 14 anos. O garoto recebeu um choque eltrico quando brincavaprximo piscina do clube. O acidente provocou danos cerebrais gravssimosno estudante, que hoje nem sequer consegue tomar banho sem ajuda.

    "Essa punio ridcula", reagiu o pai de Guilherme, Newton Gnther.A deciso, da 3 Vara Criminal de So Paulo, absolve a diretoria do ClubePaulistano. Com base na Lei dos Juizados Especiais, a juza Nidea RitaColtro Sorci condenou os engenheiros eltricos ao pagamento das cestasbsicas, porque ambos tm bons antecedentes.

    Os dois colocaram os enfeites em uma palmeira perto de uma das pisci-nas do clube. Encostado na palmeira havia um andaime de ferro. A fiao dailuminao natalina, em contato com o andaime, eletrificou o garoto, quebrincava com uma bola de tnis. Guilherme teve parada cardiorrespiratria,entrou em coma e permaneceu internado por quase dois meses.Acidente de trabalho - Eletrocutados em SPGlobo On 9/6/2004

    Homens so eletrocutados ao limpar fachada de posto de gasolina

    So Paulo Dois homens foram eletrocutados nesta tera-feira quandotrabalhavam na limpeza da fachada de um posto de gasolina na avenidaBandeirantes, na zona sul da cidade. Com o choque, eles despencaram deuma altura de quase 10 metros. Eles foram levados para hospitais da regiopelos bombeiros e policiais do helicptero guia. Um deles est internadoem estado grave.

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    RISCOS ELTRICOS

    Rapaz morre eletrocutado em poste na QuintaO Globo 1998

    Aps pegar uma bola no Horto, Jlio recebeu descarga por 3 minutos

    Jlio Csar Dias Carneiro, de 18 anos, estudante de um curso tcnicono SENAI de eletricidade, morreu eletrocutado ontem tarde. Ele passoupor um buraco na grade entre a quadra e o Horto Botnico do MuseuNacional da Quinta da Boa Vista para pegar uma bola. Quando tentou voltar,segurou-se em um poste de ferro que estava eletrificado. Jlio ficou porcerca de trs minutos recebendo a descarga eltrica. Seu amigo Everaldode Jesus tentou tir-lo mas tambm levou um choque. Ele mesmo voltou econseguiu pux-lo com uma camisa, mas Jlio j estava morto.

    Funcionrios da Light e da Rio Luz estiveram no local e comprovaramque o poste se eletrificava quando um disjuntor do prdio do Horto era ligado.Eles no souberam dizer a intensidade do choque. Segundo os tcnicos,o poste de responsabilidade do Horto. O chefe da segurana, Paulo Srgio,disse que o poste pertence ao rgo, mas eles no sabiam que ele estavaeletrificado. Segundo ele, os meninos so alertados para no pular a grade.

    Entre cabos telefnicos, a morteO Globo 27/7/2003

    De 1998 a 2003, acidentes vitimaram 49 trabalhadores terceirizados emredes de telefonia fixa no pas

    Rio, Braslia e Porto Alegre Subir num poste para consertar ou instalaruma linha telefnica e morrer eletrocutado: esse foi o destino de funcionriosde empresas terceirizadas de telefonia fixa nos ltimos anos vtimas deacidentes. Desde a privatizao do setor, em 1998, pelo menos 49 trabalha-dores de firmas terceirizadas morreram em decorrncia de acidentes detrabalho, muitos porque a rede eltrica fica ligada durante a execuo doservio. Os dados so da Federao Interestadual dos Trabalhadores emEmpresas de Telecomunicaes (Fittel). Atualmente, todo o servio de ma-nuteno de redes externas terceirizado.

    O auge dos acidentes fatais ocorreu nos ltimos trs anos, quando asoperadoras Brasil Telecom, Telemar e Telefnica tiveram de cumprir o planode antecipao de metas de expanso e qualidade, para poder operar emoutros segmentos.

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  • RISCOS ELTRICOS

    Tcnicas de anlise de riscos

    A NR-10 define, como medidas de controle, no item 10.2.1, que em todas as interven-

    es em instalaes eltricas devem ser adotadas medidas preventivas de controle do

    risco eltrico e de outros riscos adicionais, mediante tcnicas de anlise de risco, de

    forma a garantir a segurana e a sade no trabalho.

    No captulo 10.6, segurana em instalaes eltricas energizadas, no item 10.6.4, esti-

    pulado que sempre que inovaes tecnolgicas forem implementadas ou para a

    entrada em operaes de novas instalaes ou equipamentos eltricos, devem ser ela-

    boradas anlises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e respectivos

    procedimentos de trabalho.

    A anlise de riscos um conjunto de mtodos e tcnicas que aplicado a uma atividade

    identifica e avalia qualitativa e quantitativamente os riscos que essa atividade represen-

    ta para a populao exposta, para o meio ambiente e para a empresa, de uma forma

    geral.

    Os principais resultados de uma anlise de riscos so a identificao de cenrios

    de acidentes, suas freqncias esperadas de ocorrncia e a magnitude das possveis

    conseqncias.

    A anlise de riscos deve incluir as medidas de preveno de acidentes e as medidas para

    controle das conseqncias de acidentes para os trabalhadores e para as pessoas que

    vivem ou trabalham prximo instalao ou para o meio ambiente.

    Os acidentes so materializaes dos riscos associados a atividades, procedimentos, pro-

    jetos e instalaes, mquinas e equipamentos. Para reduzir a freqncia de acidentes,

    preciso avaliar e controlar os riscos a partir, por exemplo, dos questionamentos apresen-

    tados a seguir e de suas respectivas respostas.

    Que pode acontecer de errado?

    Quais so as causas bsicas dos eventos no desejados?

    Quais so as conseqncias?

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    As metodologias representam os tipos de processos ou de tcnicas de execuo dessas

    anlises de riscos da instalao ou da tarefa. Alguns exemplos dessas tcnicas so apre-

    sentados a seguir com uma pequena descrio do mtodo.

    Conceitos bsicos

    Perigo

    Uma ou mais condies fsicas ou qumicas com possibilidade de causar danos spessoas, propriedade, ao ambiente ou uma combinao de todos.

    Risco

    Medida da perda econmica e/ou de danos para a vida humana, resultante da combinaoentre a freqncia da ocorrncia e a magnitude das perdas ou danos (conseqncias).

    O risco tambm pode ser definido atravs das seguintes expresses:

    combinao de incerteza e de dano;

    razo entre o perigo e as medidas de segurana;

    combinao entre o evento, a probabilidade e suas conseqncias.

    A experincia demonstra que geralmente os grandes acidentes so causados por

    eventos pouco freqentes, mas que causam danos importantes.

    Anlise de riscos

    a atividade dirigida elaborao de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) doriscos, baseada na engenharia de avaliao e tcnicas estruturadas para promover a com-binao das freqncias e conseqncias de cenrios acidentais.

    Avaliao de riscos

    o processo que utiliza os resultados da anlise de riscos e os compara com os critrios

    de tolerabilidade previamente es