RICARDO PRANDINI DA COSTA REIS -...
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RICARDO PRANDINI DA COSTA REIS
PLANO DE NEGCIOS PARA MICROCERVEJARIA ARTESANAL
Trabalho de Formatura apresentado
Escola Politcnica da Universidade de
So Paulo para obteno do Diploma
de Engenheiro de Produo.
So Paulo
2016
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RICARDO PRANDINI DA COSTA REIS
PLANO DE NEGCIOS PARA MICROCERVEJARIA ARTESANA
Trabalho de Formatura apresentado
Escola Politcnica da Universidade de
So Paulo para obteno do Diploma
de Engenharia de Produo
Orientador: Prof. Dr. Reinaldo
Pacheco da Costa
So Paulo
2016
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FICHA CATALOGRFICA
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minha famlia
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AGRADECIMENTOS
Escola Politcnica e a todos os seus professores e funcionrios, por me
proporcionarem experincia nica e essencial para minha formao acadmica,
profissional e pessoal.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Reinaldo Pacheco da Costa, pela sua conduo neste
trabalho de formatura de forma paciente e inspiradora.
Ao Sr. Lucas Fonseca, pela oportunidade de desenvolver este trabalho com base na sua
ideia de negcio.
minha famlia, por me proporcionar educao de excelente qualidade e me apoiar
incondicionalmente em todos os momentos ao longo de meus estudos e da minha vida.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a elaborao de um plano de negcios para auxiliar um
empreendedor do ramo de microcervejarias a superar os desafios encontrados na
construo de seu negcio. Atravs do levantamento de referencial terico de um plano
de negcios, buscou-se abordar e analisar todos os pontos essenciais para o
desenvolvimento de um plano de forma eficiente e eficaz. Dessa forma, primeiramente
foi analisado o mercado em que a empresa ser inserida e sua cadeia de suprimentos.
Em seguida, foram levantados aspectos ligados operao da empresa e s condies
mercadolgicas para colocao do produto. Neste ponto, por meio do uso da ferramenta
SWOT foi realizada uma anlise dos pontos fortes e fracos da empresa, bem como das
oportunidades e ameaas deste mercado. Utilizou-se tambm o Quadro de Modelos de
Negcios, em ingls Business Model Canvas (BMC), como forma de evidenciar para a
empresa seus principais pontos de monitoramento para ter manter seu funcionamento
aderente ao planejado com xito. Alm disso, foram feitas projees e estimativas do
fluxo financeiro da empresa, para determinar sua viabilidade econmica. Por fim, aps
todas as anlises mencionadas foi elaborado o sumrio executivo da empresa, assim
como foram tecidas as consideraes finais deste trabalho.
Palavras-chave: Plano de Negcios, Empreendedorismo, Cervejaria Artesanal.
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ABSTRACT
This final thesis aims to elaborate a business plan to assist an entrepreneur to overcome
the challenges faced when building his craft beer company. Assessing the theory
supporting the business plan, we sought to address and analyze all the essential points to
build an effective and efficient document. Thus, the first analysis was conducted in the
market in which the company is inserted and the supply chain involved. Following this,
aspects of the business operation and product placement condition were evaluated. At
this point, the analysis of the strengths and weaknesses as well as the opportunities and
threats was carried out by using the SWOT framework. The Business Model Canvas
(BMC) framework was also used to assist the company in monitoring its key points to
successfully stick to its operation as planned. The financial projection and estimates
were developed to determine the economic viability of the business. Finally, after the
above mentioned analyzes, the executive summary was prepared as well as the final
considerations are conducted.
Keywords: Business Plan, Entrepreneurship, Craft Brewery
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Quadro BMC 31
Figura 2 Fluxograma da Operao da 388. 46
Figura 3 Rtulos das cervejas 388 (Fornecido pela Empresa) 53
Figura 4 Quadro BMC da Cervejaria 388 73
Figura 5 Retorno do Investimento- Cenrio Base 84
Figura 6 Retorno do Investimento - Cenrio Negativo 85
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - SWOT 30
Tabela 2 SWOT para Cervejaria 388 67
Tabela 3 Levantamento de Preos 76
Tabela 4 Preo Final de Referncia 78
Tabela 5 Preo Final por Unidade no Varejo 79
Tabela 6 Preo Final por Unidade 79
Tabela 7 Preo Final por Unidade no Estabelecimento de Consumo 79
Tabela 8 Salrios e Pr Labore 81
Tabela 9 Projeo de Crescimento das Vendas e da Produo Ano 1 98
Tabela 10 Projeo de Crescimento das Vendas e da Produo Ano 2 98
Tabela 11 DRE Ano 1 99
Tabela 12 DRE Ano 2 99
Tabela 13 Ativo Ano 1 100
Tabela 14 Passivo Ano 1 100
Tabela 15 Ativo Ano 2 101
Tabela 16 Passivo Ano 2 101
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SUMRIO
1. INTRODUO ...................................................................................................... 19
1.1 Definio do tema e motivao........................................................................ 19
1.2 Programa de Trainee ........................................................................................ 19
1.3 Objetivo ........................................................................................................... 20
1.4 A empresa ........................................................................................................ 20
1.5 Estrutura do trabalho ........................................................................................ 21
2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO ................................................................ 23
2.1 Plano de negcios ............................................................................................ 23
2.2 Sumario executivo ........................................................................................... 25
2.3 Produtos e servios .......................................................................................... 26
2.4 Mercado ........................................................................................................... 26
2.5 Plano de operaes ........................................................................................... 27
2.7 Plano financeiro ............................................................................................... 33
3. O MERCADO DE CERVEJA ................................................................................ 35
3.1 O Mercado Brasileiro de Cerveja .................................................................... 35
3.2 Tendncias ....................................................................................................... 38
3.3 Cadeia Produtiva .............................................................................................. 40
4. PLANO DE OPERAES ..................................................................................... 43
4.1 Estrutura Legal ................................................................................................. 44
4.2 Instalaes e Arranjo Fsico ............................................................................. 44
4.3 Processos Operacionais Crticos ...................................................................... 45
4.4 Capacidade de produo .................................................................................. 46
4.5 Certificaes e Licenas .................................................................................. 47
4.6 Estrutura de Pessoas ......................................................................................... 48
5. PLANO DE MARKETING .................................................................................... 51
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5.1 Segmentao de mercado ................................................................................. 51
5.2 Diferenciao ................................................................................................... 51
5.3 Praa ................................................................................................................. 54
5.4 Produto ............................................................................................................. 56
5.5 Estratgia de Preos ......................................................................................... 57
5.6 Promoo ......................................................................................................... 58
5.7 Distribuio ...................................................................................................... 60
5.8 Relacionamento com clientes .......................................................................... 61
5.9 Foras, Fraquezas, Oportunidades e Ameaas (SWOT) .................................. 62
5.10 Business Model Canvas ............................................................................... 68
6. PLANO FINANCEIRO .......................................................................................... 75
6.1 Investimento Inicial ......................................................................................... 75
6.2 Preos e Custos Unitrios ................................................................................ 76
6.3 Volumes de Produo ...................................................................................... 80
6.4 Despesas com Pessoal ...................................................................................... 81
6.5 Despesas com Marketing e Administrativas .................................................... 82
6.6 Demonstraes Financeiras da Companhia ..................................................... 83
6.7 Retorno do Investimento .................................................................................. 84
7. CONCLUSO ........................................................................................................ 87
7.1 Sumrio Executivo ........................................................................................... 87
7.2 Viabilidade Tcnico-Econmica ...................................................................... 89
7.3 Impacto Social e Econmico ........................................................................... 89
7.4 Inovao ........................................................................................................... 90
7.5 Consideraes Finais ....................................................................................... 90
8. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................... 93
9. APNDICE A DEMONSTRAES FINANCEIRAS DA 388 ......................... 97
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1. INTRODUO
Este captulo busca explicar o tema escolhido e a relevncia deste trabalho para na engenharia
de produo. Alm disso, importante contextualizar a forma em que foi desenvolvido, como
foi feita a busca por informaes e a motivao pessoal do autor.
1.1 Definio do tema e motivao
O escopo de atuao de um engenheiro de produo bastante amplo. Ao longo de sua
formao, disciplinas tcnicas da engenharia so complementadas com conhecimentos de
gesto de informaes, recursos humanos e recursos financeiros. Dessa forma, trata-se de um
profissional capaz de entender e, consequentemente, atuar em indstrias e empresas de quase
todos os setores da economia.
A autor encontrou no tema do empreendedorismo um tema motivador para este trabalho. O
empreendedor precisa ter a capacidade de interpretar criticamente e propor solues
inovadoras para os desafios e demandas que observa ao seu redor. Alm disso, essa uma
forma de ocupao escolhida por uma parcela crescente dos brasileiros, segundo pesquisa de
2015 da Global Entrepreneurship Monitor (SEBRAE, 2015).
Outro fator que contribuiu para a escolha do tema foi o interesse pessoal e admirao pelo
processo conduzido pelo empreendedor. Conduzir anlises e utilizar ferramentas da
engenharia de produo - de forma aplicada-, proporciona um verdadeiro aprendizado de
como os conhecimentos adquiridos durante o curso podem ser aplicados nos mais diversos
campos de atuao.
1.2 Programa de Trainee
Durante o desenvolvimento desse trabalho, o autor participou do programa de trainee do
Banco Ita BBA. O programa contou com treinamentos de economia, contabilidade, mercado
e anlise financeira, anlise de crdito, mtricas de resultado, que se integraram nas anlises
aqui conduzidas.
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O departamento de atuao foi a rea de renda fixa. O mandato da rea o de originao e
estruturao de operaes e instrumentos de dvida, como notas promissrias e debntures,
alm de outros instrumentos lastreados em ativos, como certificados de recebveis
imobilirios e fundos de investimento em direitos creditrios. Por se tratar de rea de banco
de investimentos prestadora de assessoria financeira, o programa de trainee permitiu ao autor
expor-se a empresas de variados setores e requereu sua habilidade em entender a
aplicabilidade de cada instrumento para cada empresa.
1.3 Objetivo
O objetivo deste trabalho o desenvolvimento de um plano de negcios que aborde e reflita
os desafios encontrados pelo empreendedor e o permita desenvolver sua empresa com xito.
A ideia fornecer uma viso da cadeia de suprimentos em que est inserida sua empresa e
avaliar aspectos como a rentabilidade e o lucro esperados, para auxiliar no desenvolvimento
de uma estratgia compatvel com o tipo do negcio.
Com isso, o autor espera que este trabalho possa auxiliar o empreendedor a estruturar sua
empresa de forma que ela seja economicamente vivel e se possam realizar controles internos
para torn-la mais eficiente e rentvel, alm de facilitar a tomada de deciso.
Por ltimo, por meio do planejamento e formalizao dos prximos passos, esse trabalho deve
favorecer relaes de parceria com investidores, fornecedores e clientes, transmitindo uma
fotografia dos pontos chave na construo da empresa.
1.4 A empresa
O trabalho foi desenvolvido com a parceria com um profissional do mercado financeiro que
decidiu seguir o caminho de empreendedor: Sr. Lucas Fonseca. O autor o conheceu quando
trabalhavam na mesma instituio e Lucas j manifestava seu interesse em seguir a carreira
empreendedora. Ele produzia cerveja artesanalmente em seu apartamento, aps se ter
capacitado em cursos especializados e fazer pequenos investimentos em equipamentos de
produo. O plano de negcios estuda a viabilidade da fabricao de cervejas produzidas por
Lucas e visa estabelecer o posicionamento da nova empresa no setor.
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1.5 Estrutura do trabalho
Este primeiro captulo busca contextualizar o tema e o ambiente em que foi desenvolvido o
trabalho de formatura, evidenciando a relevncia do tema e as motivaes para conduo
desse estudo.
O segundo captulo abordar a literatura sobre Plano de Negcios. O objetivo ser explorar a
estrutura ideal para um plano eficaz, alm de analisar as ferramentas que podem ser utilizadas
na elaborao do Plano de Negcios.
O terceiro, quarto, quinto e sexto captulos aplicam os mtodos levantados no captulo
anterior ao caso prtico da cervejaria 388. Neles, sero elaboradas as anlises de mercado, o
plano de operaes, plano de marketing e plano financeiro, respectivamente.
Na concluso ser escrito o sumrio executivo alm de uma avaliao final do plano de
negcios e ser tecida as consideraes finais.
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2. LEVANTAMENTO BIBLIOGRFICO
Este captulo apresenta o referencial terico utilizado na elaborao do plano de negcios.
2.1 Plano de negcios
O objetivo bsico de um plano de negcios orientar e guiar a implementao e operao de
uma empresa, projeto ou empreendimento. Integram esse documento a viso da estrutura do
negcio e as atividades que sero desempenhadas. Esse planejamento feito com base em
dados disponveis e pesquisas conduzidas pelos analistas.
certo que o risco do empreendedorismo pode ser minimizado por meio de adequado
planejamento. Empresas com este perfil esto mais propensas a atingir seu propsito e no se
desviar ao longo do caminho.
Plano de negcios um documento que contm a caracterizao do negcio, sua
forma de operar, suas estratgias, seu plano para conquistar uma fatia do mercado e
as projees de despesas, receita e resultados financeiros. SALIM et.al. (2005. p. 3).
Um plano bem executado estabelece metas claras e sugere uma estrutura organizacional a ser
implementada. Ele ajuda na previso do comportamento da empresa em diferentes cenrios,
facilitando a orientao dos movimentos que podem ser necessrios ao longo da vida da
empresa e produz uma compreenso estratgica do mercado de atuao.
Existe uma sequncia lgica para uma boa estruturao de um plano de negcios que deve ser
observada. Segundo Dornelas (2001), uma estrutura do plano de negcios aborda os seguintes
pontos:
i. Sumrio executivo
ltima seo a ser escrita, esta parte responsvel por transmitir ao pblico alvo
os objetivos do plano de negcios, para que este decida ento se deve continuar a
leitura do documento.
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ii. Descrio da empresa
Esta seo contm informaes bsicas da empresa: descrio do histrico,
faturamento, localizao, parceiros entre outras informaes.
iii. Produtos e servios
Nesta parte se estabelecem quais sero os produtos e servios oferecidos e o
respectivo detalhamento. Devem ser analisados os mtodos de produo, recursos
humanos e tecnolgicos utilizados, ciclo de vida do produto. Importante que esta
parte tambm explore a viso de satisfao dos clientes com os produtos e/ou
servios da empresa.
iv. Mercado e competidores
Esta seo ser essencial para demonstrar o conhecimento dos administradores do
ambiente em que decidiro entrar. Pontos como concorrncia, crescimento do
mercado, perfil do consumidor, sazonalidade Quanto mais completa a pesquisa,
melhor ser percebida a capacitao da administrao em conduzir a empresa de
forma bem sucedida.
v. Marketing e vendas
Nesta parte, deve ser analisada a maneira como a empresa pretende realizar a
venda de seu produto ou servio, como conquistar novos clientes e far a reteno
destes e como manter o interesse e a demanda do consumidor. Abordaremos as
questes de praa, preo, produto e promoo da teoria do composto de marketing
(McCarthy, 1960).
vi. Avaliao estratgica
Esta seo ser dedicada a uma anlise da estratgia da empresa lanando mo da
ferramenta SWOT (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaas, na sigla
em ingls). Tambm nesta seo ser elaborado o Business Model Canvas (BMC),
conforme proposto por Osterwalder (2011).
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vii. Plano financeiro
O propsito desta seo a apresentao das previses dos resultados de forma
quantitativa. Ser colocada a projeo futura do desempenho da empresa com base
nas suas principais demonstraes financeiras e ser analisada a necessidade de
crescimento das vendas e o tempo esperado para retorno do investimento.
Segundo metodologia proposta por Dornelas (2001), so quatro os principais aspectos que
devem ser abordados no plano de negcios: Marketing, Finanas, Operao e
Desenvolvimento. Assim, a estrutura do plano de negcios aqui desenvolvido conter um
plano de operaes, um plano de marketing e um plano financeiro, todos orientados para uma
lgica de execuo e implementao.
2.2 Sumario executivo
Conforme exposto na seo anterior, o sumrio executivo um resumo do plano de negcios.
O manual Como elaborar um plano de negcios do SEBRAE (2013), afirma que devem ser
mencionados, ao menos, oito pontos:
i. O que o negcio;
ii. Quais os principais produtos e/ou servios;
iii. Quem sero seus principais clientes;
iv. Onde ser localizada a empresa;
v. O montante de capital a ser investido;
vi. Qual ser o faturamento mensal;
vii. Que lucro se espera obter do negcio;
viii. Em quanto tempo espera que o capital investido retorne.
Alm destes, importante ressaltar a misso e viso da empresa. A misso um ponto
importante, pois trata do detalhamento da razo de ser da empresa. Em outras palavras, a
misso deve destacar o que produzido, ou qual o servio prestado, e o reconhecimento que
se espera do cliente. A viso deve nortear a empresa. Dessa forma, todas as aes tomadas
pela empresa, sejam no comportamento de seus scios, administradores e colaboradores ou
movimentaes da instituio como um todo devero estar alinhadas com essa viso.
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Por meio de definies claras de misso e viso da empresa, o andar no curto, mdio e longo
prazo estar melhor direcionado.
Neste trabalho, esta seo ser apresentada na concluso. Aps realizar todas as anlises que
as demais partes do plano de negcios sugerem, poder ser escrito de forma precisa e
adequada o sumrio executivo da empresa.
2.3 Produtos e servios
Um plano de negcios precisa descrever de que forma o produto ou servio da empresa
atender as necessidades do cliente. Neste caso, vale inclusive recomendar a segmentao
tanto do pblico-alvo quanto da produo, afinal cada segmento da clientela possui diferentes
demandas que uma nica variante do produto pode, eventualmente, no atender.
Nesta parte se estabelecem quais sero os produtos e servios oferecidos e o respectivo
detalhamento. Devem ser analisados os mtodos de produo, recursos humanos e
tecnolgicos previstos e o ciclo de vida do produto. Importante que esta parte tambm explore
a viso de satisfao dos clientes com os produtos e/ou servios da empresa.
2.4 Mercado
Nesta parte no se observa apenas o ambiente interno da empresa, como nas demais sees do
documento, mas se coloca ateno na demanda e nos concorrentes. O foco mostrar o
entendimento dos scios no mercado alvo; estabelecimento de estratgia adequada, alm de
explicitar fatores inerentes como eventuais sazonalidades e/ou regulaes governamentais
especficas.
Fator comum a todos os pontos colocados no pargrafo anterior o cliente. Podemos resumir
que o conhecimento do cliente vital para o sucesso da empresa e isso j deve estar evidente
no plano de negcios.
Deve-se deixar claro o perfil do cliente. As caractersticas a serem levantadas variam
conforme o tipo de cliente: se pessoa fsica ou pessoa jurdica. Em seguida, devem-se analisar
quais so os comportamentos e interesses do cliente com relao ao produto ou servio
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oferecido. Sensibilidade com relao ao preo, ponto de venda ou atendimento e frequncia
com que o produto e/ou servio ser solicitado so detalhados nesta seo. Por fim, o
entendimento do cliente no estaria completo sem a compreenso das motivaes por trs do
acesso do cliente empresa. Quais so os fatores que influenciam a deciso do cliente e,
consequentemente, podem ser usados para influenciar a escolha pelo produto ou servio
prprio e no da concorrncia.
tambm nesta seo do plano de negcios que se analisam os concorrentes. No basta
entender o cliente, mas tambm como o mercado se organizou ao redor das demandas desse
cliente. Muitas lies podem ser aprendidas com a simples observao das empresas
concorrentes. Verificaremos se existe espao para a entrada da nova empresa, e se h
capacidade de atender a lacuna ocupada inclusive no mdio e longo prazo. A anlise do
mercado se conclui com a observao da ltima ponta da cadeia, os fornecedores.
2.5 Plano de operaes
O plano de operaes conter a discusso e anlise da cadeia produtiva e dos processos de
produo. Devero ser esclarecidas todas as etapas necessrias ao processo: desde a
concepo do produto at a entrega ao cliente final.
preciso entender como a empresa far o controle e quais os procedimentos internos existiro
para garantir que a produo se mantenha conforme o planejamento. A organizao desta
seo delimitar o funcionamento da operao da empresa, propondo-se antecipar e
consequentemente, evitar incoerncias e custos desnecessrios.
O plano de negcios objeto deste estudo levantar sobre qual estrutura legal em dever se
constituir a empresa. Deve-se fazer o planejamento do espao fsico e do arranjo fsico da
empresa.
Em seguida, segundo o manual do SEBRAE (2013), podemos iniciar a anlise da capacidade
produtiva. Essa seo dever formular sobre o nvel de atendimento mximo do negcio.
Assim, poderemos avaliar se haver exagerada capacidade ociosa, ou se com o
desenvolvimento do negcio rapidamente sero necessrias adaptaes para readequar a
capacidade produtiva. Esse aspecto pode mostrar a confiana que o empreendedor tem no seu
produto ou servio, o conhecimento de mercado e sua perspectiva de crescimento.
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Aps a definio da capacidade instalada, deve-se fazer o registro de como a empresa ir
funcionar. Neste ponto sero descritas as atividades, etapas e processos envolvidos na
fabricao e entrega do produto final ou da concluso do servio. As rotinas que enfrentaro
os funcionrios e scios da empresa devem estar devidamente elaboradas.
Pode ser til o levantamento das etapas crticas do processo, nas quais pequenas complicaes
podem ter impactos relevantes para o funcionamento da empresa. Importante tambm
procurar evidenciar aes e outras formas de mitigar os riscos de que tais impedimentos
aconteam ou que se tornem frequentes, visando assim atingir uma operao estvel e com
alto grau de confiabilidade.
O ltimo ponto que ser abordado sero os registros necessrios ao funcionamento da
empresa, para que esta possa iniciar sua operao em conformidade com a legislao.
2.6 Plano de marketing
Um plano de negcios no pode estar completo sem definir o produto ou servio e o local
onde ser feita a venda. Outra informao essencial a identificao do pblico alvo, bem
como a formao do preo do produto e servio. Por ltimo, deve constar no documento
tambm as formas de comercializao.
Estas informaes sero tratadas na seo plano de marketing de um plano de negcios. Sero
desenvolvidas estas questes embasadas pelas lies de marketing.
No plano de marketing iremos utilizar o conceito de composto para auxiliar na elaborao de
um estudo amplo e completo dos principais fatores que podem impactar a evoluo da
empresa, sob a tica das variveis que podem influenciar o comportamento dos consumidores
com relao ao negcio.
Jerome McCarthy formulou, ainda em 1960, um primeiro conceito de composto de marketing.
Ele levantou e analisou pontos de interesse que o empreendedor deve levar em considerao
no momento da construo do produto ou servio que ele est lanando. A sntese do
composto de marketing de McCarthy considera quatro variveis bsicas do marketing. So
elas:
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Produto
Definem-se as caractersticas e funes do produto ou do servio. feita uma anlise
dos principais atributos que o produto precisa ter, de que forma ser usado e como
atender a necessidade do cliente
Preo
A anlise desta varivel dever conter como ser feita a definio do preo. um
mercado que tipicamente compra o produto mais barato ou existe valor percebido pelo
consumidor. Como ser feita a determinao do preo final e a elasticidade, ou seja a
sensibilidade do consumidor e da demanda em relao a variaes no preo.
Praa
Neste momento se define no s o local de venda (praa), mas tambm o canal de
distribuio. Ser feita venda direta ou indireta. Qual o papel e a fora e cada
participante no canal que pode impactar o preo final ao consumidor. A empresa pode
escolher atuar em diferentes praas e fazer uso de diferentes estratgias de distribuio
e, para isso, pode haver necessidade ou oportunidade de praticar preos diferenciados
em cada caso.
Promoo
Aqui ser definida a forma que se far a divulgao do produto ou do servio. Deve
ser avaliado em quais tipos de veculo ser feito um esforo de venda e qual ser sua
intensidade. Tambm se deve elaborar e projetar o impacto dessas aes no
desempenho de vendas do produto e suas consequncias para a empresa.
Essa anlise das quatro dimenses conhecida como 4Ps do marketing.
Aps as consideraes mercadolgicas, o objetivo aplicar duas ferramentas para auxiliar na
execuo do plano quando a companhia iniciar suas operaes.
A conduo da anlise SWOT ser realizada, conforme proposto por Carvalho e Laurindo
(2007). A ferramenta em questo se trata de uma matriz para auxiliar na identificao de
quatro importantes pontos a serem estudados. So eles:
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(S) Strenghts Foras
(W) Weaknesses Fraquezas
(O) Opportunities Oportunidades
(T) Threats Ameaas
Apesar da lgica aparentemente simples, o exerccio desta ferramenta pode levantar pontos
at ento no avaliados sobre o negcio. A matriz apresentada em quatro quadrantes,
preenchidos conforme tabela colocada abaixo:
Tabela 1 - SWOT
Matriz SWOT Pontos Favorveis Pontos Desfavorveis
Fatores Internos Foras Fraquezas
Fatores Externos Oportunidades Ameaas
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Carvalho e Laurindo (2007)
Por meio da deteco de pontos fortes e fracos da empresa, pode-se realizar um
aprimoramento para tornar o empreendimento mais eficiente e competitivo, corrigindo suas
deficincias e alavancado os atributos positivos.
O entendimento dos fatores externos (oportunidades e ameaas) e dos fatores internos
(pontos fortes e pontos fracos) contribui para formao de uma viso a ser perseguida
SILVEIRA (2001, p. 213).
Conforme exposto acima, a ferramenta permite englobar olhares tanto para o ambiente interno
quanto o externo. A anlise de pontos fortes e fracos particular empresa, e no ao
mercado. So os diferenciais alcanados e lacunas no preenchidas pelo prprio negcio. Ao
avaliar tambm as oportunidades e ameaas, direciona-se a anlise para fatores sobre os quais
a empresa no tem total controle. Assim, podemos observar condies favorveis e
desfavorveis de se atuar em dado mercado e fazer as consideraes a respeito da
competitividade da empresa.
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Nesta seo, ser includo tambm o Business Model Canvas (BMC). Essa ferramenta de
gerenciamento estratgico permite a visualizao da estrutura bsica da empresa e do plano de
negcios. Trata-se de um quadro dividido em nove sees ou blocos, de forma a enderear
aspectos principais quando do desenvolvimento de um modelo de negcios. Foi proposto por
Osterwalder (2011), e seu aspecto est apresentado na figura abaixo:
Figura 1 - Quadro BMC
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Osterwalder (2011)
Os nove elementos do quadro so:
1. Segmentos de clientes
Neste bloco devemos colocar as respostas s perguntas: quem o cliente, o que ele v,
faz e sente quando compra o produto ou servio oferecido pela empresa.
2. Propostas de Valor
As propostas de valor devem conter a motivao do cliente para comprar o produto ou
servio. O que o atrai e por que ele usar o produto?
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3. Canais
A parte de canais deve enderear a forma como a proposta de valor ser promovida,
vendida e entregue.
4. Relacionamento com os clientes
Nesta parte se esclarece como a interao da empresa com o cliente durante sua
experincia de consumo.
5. Fluxo de Receita
Esta seo deve conter a informao de como a empresa obter receita aps a entrega
da proposta de valor ao cliente
6. Atividades Chave
Neste bloco devem ser apontadas as atividades nicas que a empresa far para
entregar sua proposta de valor.
7. Recursos Chave
Semelhantemente ao bloco anterior, neste devem ser levantados os ativos e recursos
nicos que sero estratgicos para a companhia poder competir no mercado.
8. Parceiros Chave
Para completar esta seo, deve-se pensar e analisar quais as atividades a empresa no
deve realizar, de forma que se possa concentrar nas atividades chave apontadas.
9. Estrutura de Custo
Quais so os principais fatores de custo e como eles se relacionam com as receitas da
empresa.
Esta ferramenta relevante, pois, de forma transparente, permite a todos os integrantes de um
negcio concentrar seus esforos para maximizar os impactos. importante tambm, porque
permite, em uma nica folha, visualizar todos os aspectos relevantes do negcio.
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2.7 Plano financeiro
At esta seo, o plano de negcios extremamente conceitual. no plano financeiro que
sero feitas as consideraes econmicas sobre o negcio, para atestar sua viabilidade e
capacidade de implementao das estratgias desenvolvidas.
Diferentemente de um relatrio de contabilidade do negcio, o plano financeiro tem por
objetivo projetar, de forma elaborada, como ser o andamento da empresa e como ser sua
continuidade. Uma vez concludo, serve para orientar o empreendedor sobre os rumos que seu
negcio pode estar tomando e redirecionar a empresa para o caminho da rentabilidade.
A primeira parte do plano financeiro abordar os investimentos iniciais que sero necessrios
para constituio da empresa. Em seguida, ser feita a anlise do preo e custo unitrio do
produto ou servio. Dessa forma, se consegue estimar como ser a entrada e a competio do
produto no mercado. Esta parte o ponto de partida para entender a receita e o custo da
companhia e, assim, poder mensurar e estimar o lucro e rentabilidade da empresa.
Tambm nesse momento que ser feita a anlise de quanto dever ser produzido. Deve-se
desenvolver como sero as vendas e seu crescimento de forma que as aes apontadas no
plano de marketing e plano de operaes tornem-se mais concretas e seus impactos para a
empresa possam ser medidos.
Antes de estruturar a apurao do resultado, necessrio tambm quantificar as despesas do
negcio. No apontamento de despesas, devem-se incluir inclusive despesas financeiras,
decorrentes da deciso de financiamento por capital de terceiros, ou seja, por meio de
endividamento.
A demonstrao do resultado da companhia, bem como seu balano patrimonial, ser
elaborada nesta seo. Devem ser analisadas sob uma tica macroeconmica, pois existem
muitas imprecises nas estimativas utilizadas na construo dessas demonstraes financeiras.
Isso no significa que no seja importante fazer a fundamentao correta dos nmeros
apresentados.
Ser calculado tambm o ponto de equilbrio. A partir deste ponto, o retorno sobre o capital
investido positivo e seu clculo permitir avaliar em quanto tempo o investimento ser pago.
Por ltimo, ser feita uma anlise de sensibilidade, procurando entender como movimentos
nas variveis em diferentes cenrios impactaro a empresa.
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3. O MERCADO DE CERVEJA
Nesta seo sero feitas as consideraes sobre as condies do mercado que o empreendedor
deseja atuar. Por meio de entrevistas e pesquisando-se em sites especializados e/ou
reportagens, buscou-se compreender como o mercado de cervejas no Brasil, em especial
aquele relacionado s cervejas especiais, suas tendncias e oportunidades.
3.1 O Mercado Brasileiro de Cerveja
O Brasil um dos maiores consumidores de cerveja e a mdia anual de litros consumidos por
cada habitante cresce ano a ano. Encomendada pela Associao Brasileira da Indstria da
Cerveja (CervBrasil), uma pesquisa realizada pelo Ibope em novembro de 2013, revela que a
cerveja a bebida preferida de, aproximadamente 2/3 dos brasileiros para comemoraes,
com 64% da preferncia.
Na ltima dcada, a produo de cerveja no Brasil cresceu impressionantes 50%, saltando de
9,2 bilhes em 2005 para 13,9 bilhes de litros em 2015, segundo dados estimados por meio
de estatsticas do Sistema de Controle de Produo de Bebidas da Receita Federal (Sicobe).
Atualmente, 98% da produo nacional de cervejas est concentrada nas mos de quatro
grandes grupos: Ambev, Petrpolis, Brasil Kirin e Heineken. H alguns anos, surgiu no pas
um segmento muito promissor para empreendedores com boas ideias e capacidade de
execuo. Este segmento chamado nos EUA de Craft Brewing cervejaria artesanal.
Pouco tempo atrs no havia muitos rtulos ou locais de vendas especializadas e a sada
encontrada foi comear a produzir a prpria cerveja. Os apreciadores, cansados de beber as
cervejas convencionais, produziam e faziam questo de compartilhar suas bebidas e
conhecimentos com os amigos ou quem estivesse disposto a saborear um produto
personalizado, disseminando a cultura da cerveja artesanal. Muitos desses cervejeiros caseiros
se tornaram donos das suas prprias cervejarias e fizeram disso um negcio. Hoje possvel
encontrar diversos rtulos em bares, supermercados e lojas especializadas.
Em um mercado altamente concentrado, a cerveja artesanal surgiu no Brasil com a proposta
de atingir um nicho de mercado deixado de lado pelas grandes cervejarias, oferecendo ao
consumidor um produto diferenciado e com alto valor agregado. Por se tratar de mercado
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atrativo, os grandes grupos iniciaram, recentemente, movimentos no sentido de investir
tambm no mercado de cervejas especiais.
Relativamente ao mercado de cervejas especiais, podemos fazer a seguinte diviso dos
participantes:
As pequenas cervejarias, que iniciaram como microcervejarias, mas que hoje j
produzem e distribuem sua cerveja nas regies mais ricas no pas. Exemplos so:
Baden Baden, Eisenban e Devassa;
As microcervejarias que j possuem pequenas linhas de produo e atuam prximas da
sua origem;
As cervejarias artesanais, onde a venda se limita normalmente ao local de produo.
Essas cervejas so comercializadas majoritariamente em lojas especializadas, como emprios
e clubes de cerveja ou bares focados nesse tipo de produto. Outra estratgia adotada pelas
cervejarias artesanais a venda diretamente na fbrica, seja para apreciao em bar prprio ou
para consumo em casa. No entanto, cada vez mais comum encontrar rtulos dessas marcas
em supermercados.
O crescimento das microcervejarias no um fenmeno apenas brasileiro. Ao contrrio, o
pas chegou atrasado neste negcio. Nos Estados Unidos j existem mais de 1500
microcervejarias, que correspondem a uma rentvel fatia de mercado. A Alemanha o pas
com a maior tradio cervejeira do mundo e possui pelo menos uma microcervejaria em cada
cidade.
O mercado de cervejas artesanais no Brasil cresce fortemente. Inmeras microcervejarias
esto arriscando novos sabores e aromas por todo o pas, impulsionadas principalmente pelo
aumento da valorizao da percepo e pela busca do prazer de consumo, o que favorece a
anlise do custo-benefcio por parte do consumidor.
Mais do que formar um novo mercado e mudar o perfil dos consumidores, as cervejas
artesanais trouxeram produtos e empreendimentos inovadores. A variedade de estilos
comeou a proporcionar a harmonizao, combinar cervejas com as mais diversas tradies
culinrias, um universo totalmente novo para ser explorado. Esse tipo de cerveja passou a
ocupar o posto de bebida importante para uma sociedade curiosa.
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O que est em alta nos agora a qualidade que podemos oferecer ao sabor, textura,
composio. Hoje, a cultura enraizada nela que nos causa experincia e conhecimento.
(AMORIM, 2015).
O mercado brasileiro de cerveja o terceiro maior do mundo, ficando atrs apenas de EUA e
China. Apesar de ser dominado por grandes cervejarias, segundo a Mintel, empresa britnica
de pesquisas relacionadas a bebidas, o crescimento do setor de cervejas especiais no Brasil foi
de 36% nos ltimos trs anos e o setor de cervejas em geral deve crescer at 54% at 2019
(ARANHA, 2014). Isso evidencia o potencial do setor e porque se trata de um bom momento
para explorar a entrada na atividade.
A preferncia dos consumidores por uma ou outra cerveja artesanal est mais ligada a sua
demanda por qualidade e diversidade dos ingredientes, novos sabores e aromas, do que ao
preo praticado. O interesse do pblico tambm pautado pela diferenciao que o produto
proporciona. Seja pela caracterstica limitada de um lote ou por sua receita desenvolvida de
forma personalizada, a cerveja artesanal pode conferir ao consumidor um estado de
exclusividade e unicidade.
Apesar de um mais fraco desempenho econmico dos ltimos dois anos, se considerarmos a
ltima dcada, o Brasil apresentou um aumento no poder aquisitivo das famlias. Some-se a
esse fator, a melhora na distribuio de renda e, de forma correlacionada, uma sofisticao no
perfil de consumo. Assim, estabeleceram-se no pas condies favorveis a produtos que tem
forte apelo marca e diferenciao, como o caso da cerveja artesanal.
A divulgao do produto pelo mestre cervejeiro obedece a estratgias diferentes daquela
seguida por grandes cervejarias. A promoo ocorre em publicaes especficas ou em feiras
e concursos que atraem o pblico cativo e interessado nas diferentes experincias e sabores
que somente a cerveja artesanal lhe pode conferir. Vale ressaltar que ao participar de
concursos e feiras o prprio mestre cervejeiro pode aprimorar suas receitas e identificar
preferncias no gosto dos potenciais clientes.
Muitas das cervejarias artesanais comearam na forma de atividade de passatempo dos seus
idealizadores. Ao participarem de festivais cervejeiros, tiveram seu interesse despertado e
iniciaram sua capacitao para produo caseira. Com o passar do tempo, estudo dos
processos produtivos, desenvolvimento de receitas e com condies propicias para
empreender, as cervejarias artesanais foram se instalando pelo Brasil.
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3.2 Tendncias
As projees para as aberturas de cervejarias nos prximos 10 e 20 anos, baseando-se em
previses de crescimento da renda per capita no Brasil, foram pesquisadas nas ferramentas
estatsticas da plataforma Perspectiva Econmica Global (WEO, na sigla em ingls) do Fundo
Monetrio Internacional (FMI). Nessa projeo, o Brasil chegaria a 699 microcervejarias em
2024, e 1.455 em 2034.
O consumidor de cervejas especiais majoritariamente masculino (88%), tem de 25 a 31
anos, com nvel superior (69%) e alto nvel de interao em mdias digitais (SEBRAE, 2015).
Isso no significa que integrantes fora desse perfil no representem um potencial mercado
consumidor. O pblico feminino vem demonstrando um crescente interesse pela cerveja
especial, e certamente, a explorao dos interesses dessa parcela de consumidoras
representar uma estratgia de sucesso para uma microcervejaria.
O consumo de cervejas especiais feito principalmente aos finais de semana (74%), no
entanto o consumo em dias de semana est longe de poder ser ignorado, com 53% dos
consumidores afirmando beberem cervejas especiais nesses dias. A bebida bastante
consumida em casa, pois 96% consomem a bebida em casa, comprando em supermercados
(82%) ou emprios especializados, bares ou adegas (73%). A maior parte, representada por
69% dos consumidores, paga de R$11,00 a R$20,00 por cerveja e 47% investe de R$100,00 a
R$150,00 em cervejas especiais por ms (SEBRAE, 2015).
Ainda, segundo o mesmo relatrio de inteligncia, os principais critrios apontados pelos
consumidores de cervejas especiais para escolha no momento da compra so: qualidade,
estilo, preo, indicao e inovao (SEBRAE 2015).
Para a Associao Brasileira da Indstria da Cerveja (CervBrasil) as microcervejarias e
importadoras esto ocupando um importante espao no cenrio nacional. As cervejas
especiais, que incluem as artesanais, as importadas e as industriais de categoria premium,
ocupam hoje 5% do mercado e tm previso de dobrar o nmero de vendas nos prximos
cinco anos (CervBrasil, 2011).
Em 2013, cerca de 200 microcervejarias do pas produziram 188 mil litros da bebida. As
projees indicam que no prazo de dez anos este nicho deve chegar a 2% do mercado total de
cervejas (SEBRAE, 2015).
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A produo exata do mercado artesanal, no entanto, ainda uma incgnita, visto que as
cervejarias no tm o costume de divulgar dados, alegando sigilos comerciais e estratgicos,
alm de muitas vezes no responderem a pedidos de informaes. Outros interessados, como
reprteres independentes ou profissionais de blogs, esbarraram neste obstculo em suas
tentativas de abordar o assunto.
A cerveja especial consumida em diferentes estabelecimentos e promovida de diferentes
formas. O autor identificou os segmentos abaixo como potenciais oportunidades em mercados
e/ou formas de promoo da cerveja especial.
Beer Truck
O mercado tambm est oferecendo aos consumidores a oportunidade de provar
cervejas fora dos estabelecimentos convencionais, como os caminhes. Portanto,
deve-se prestar ateno aos novos modelos de negcio que esto chamando ateno do
cliente
Participao em eventos e festivais
Tanto os voltados para profissionais e especialistas do mercado das cervejas
artesanais, quanto os eventos que visam divulgar a cultura cervejeira, essa uma
forma que contribui fortemente para exposio da marca no mercado. Alm de
aumentar o consumo e estabelecer uma consolidao dos rtulos da marca, esse
mtodo pode abrir caminho para parcerias de negcio.
Albergues
Cada vez mais os albergues se consolidam como espao fora do comum e do bvio
para entretenimento. Por reunir pessoas de diferentes partes do pas ou do mundo
eventos realizados em albergues passaram tambm a atrair os locais da cidade. Uma
parceria para comercializao de cervejas especiais pode significar uma grande
oportunidade, por se tratar de um nicho bem especfico de consumidores que
valorizam a unicidade da experincia, alm de serem eventos de menor escala.
Gastronomia
Realizar parcerias entre microcervejarias e chefs de cozinha, bares e restaurantes para
trabalhar com harmonizao de cervejas especiais e alimentos uma oportunidade
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para aumentar as vendas e proporcionar boas experincias aos clientes, alm de cativar
pblicos que valorizam esse tipo de interao.
Venda para eventos ou Atacado
Outro segmento que tem potencial para ser explorado a venda para eventos ou
atacado. O consumidor entra em contato com a microcervejaria e solicita um ou mais
barris de cerveja especial para seus eventos.
A concluso que se chega aps avaliao do mercado de que as cervejarias artesanais no
so um fenmeno passageiro, tendo apresentado crescimento sustentvel e elevado nos
ltimos anos. O mercado, apesar de oferecer acirrada competio, tem espao para adoo de
estratgias de diferenciao que podem permitir o destaque do novo participante.
3.3 Cadeia Produtiva
A cadeia produtiva da cerveja envolve trs grandes elos, e ocorre de forma bastante
semelhante para as grandes fabricantes de cerveja e para os microcervejeiros. Em ordem so
eles: o fornecimento de insumos, a fabricao e a distribuio.
O ponto de incio da cadeia o ambiente rural. A cevada, principal ingrediente da cerveja,
um gro cuja colheita ocorre no quarto trimestre do ano. Dessa forma, os insumos vm de
produtores agrcolas e os preos so controlados principalmente pela oferta e demanda.
A cevada ser transformada em malte, por meio da germinao parcial do gro. Para controlar
esse processo, ela submetida a um ambiente controlado, onde ocorrer a hidratao, para dar
incio ao processo de germinao. A interrupo da germinao ocorre por um processo de
secagem e para concluso da transformao em malte, ocorre a torrefao.
No Brasil, permitido o uso de outros ingredientes que no a cevada para a composio do
malte. Tais ingredientes alternativos devem ser prprios para o consumo humano e
fermentveis. Os mais utilizados so o milho e o arroz. Entretanto, existe um limite na
proporo do peso dos ingredientes, sendo que a cevada deve corresponder por, no mnimo,
55%.
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O elo de fabricao se inicia a partir deste momento e, apesar de existirem diferenas no
produto final, h poucas diferenas entre grandes fbricas e microcervejarias, sendo as etapas
de produo as mesmas. Em sntese, ocorrem at cinco etapas dentro da fbrica: a mostura, a
fervura, a fermentao e, por ltimo a maturao. A quinta etapa, da filtrao, ocorre a
discricionariedade do produtor.
A primeira etapa consiste no preparo do mosto. Sua produo feita adicionando-se ao malte:
gua e lpulo. O lpulo responsvel pelo amargor e pelo tpico aroma de cerveja. Ele
conserva naturalmente a bebida. No Brasil muito baixa a produo desse insumo, sendo,
portanto importado. A proporo do ingrediente na receita, no entanto, no suficiente para
que os preos deste insumo alterem as margens e os preos do produto final.
Em seguida, leva-se o mosto fervura. Aps isso, adiciona-se a levedura e coloca-se a
mistura para fermentar, em tanques especficos para esse fim. Durante a fermentao, obtm-
se o lcool e gs carbnico a partir do acar presente no mosto. A maturao o acabamento
final da cerveja, em termos de sabores e aromas, pois quando se pode fazer a adio de
especiarias e outros ingredientes. Opcionalmente, a cerveja poder ser filtrada e, ento,
direcionada para o envase.
A distribuio, o elo final da cadeia, ocorre usualmente de forma indireta. Assim, a fbrica de
cervejas disponibiliza os produtos envasados para que sejam entregues nos estabelecimentos.
Algumas vezes pode ocorrer a presena de um atacadista nesse canal. A distribuio pode ser
controlada pelo fabricante ou terceirizada para uma empresa especializada nessa logstica.
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4. PLANO DE OPERAES
A escolha pelo modelo de cervejaria cigana bastante estratgica para a 388. importante
entender bem como uma cervejaria desse tipo funciona para desenhar sua operao, sua
estrutura de pessoas e outros processos internos da empresa. O mtodo cigano a sada
encontrada para microcervejeiros iniciarem a produo em escala.
Na produo cigana, na qual um terceiro contratado pela empresa para realizar a produo,
os principais custos e demandas iniciais para construo da fbrica so mitigados. A empresa
contratada fica sendo responsvel por tais investimentos, obteno de licenas, manuteno da
estrutura, bem como da equipe de pessoas necessrias.
Marcelo Bonato, um dos trs scios-fundadores da Sumria, cervejaria de Santo Andr
afirma: "O modelo tem suas vantagens, uma das principais o investimento para comear a
empreitada, e a burocracia tambm contornada. A prpria fbrica providencia o registro da
cerveja junto ao Mapa (Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento)" (KONO,
2914). O trio realizou investimento inicial de cerca de R$ 100 mil quando optou pela
produo cigana, ao invs de incorrer no longo processo e nos altos investimentos para
montar a fbrica prpria.
Desta maneira, o incio de uma cervejaria cigana parece simplificado, atenuando uma barreira
de entrada a este mercado. O desafio passa a ser encontrar uma fbrica que atenda aos
critrios de qualidade exigidos pelo scio da 388 e que possua capacidade ociosa ou preo de
produo compatvel com aquele planejado pela gesto.
Um dos irmos scios-fundadores da cervejaria Jpiter, David Michelson, afirma que entre as
desvantagens do mtodo, a maior delas encontrar algum disposto a abrir as portas. De
acordo com ele, o nmero de cervejarias com fbrica prpria e bem preparadas menor e tem
capacidade limitada
A manuteno deste negcio no curto e mdio prazos fundamental para o sucesso da 388,
em sua prpria viso. Apesar de, na maioria dos casos, a empresa abrir mo de margem, o
terceirizao da produo permite maiores possibilidades de elaborar novos lanamentos e
posicionar a marca entre uma das mais inovadoras microcervejarias artesanais. necessrio
existir uma marca bem definida e um ideal para sempre atingir o publico alvo necessrio.
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4.1 Estrutura Legal
A empresa ser constituda como Empresa Individual. Caso venha a ocorrer a entrada de um
scio, a empresa ser criada, ou convertida, em Empresa de Pequeno Porte. Os limites de
faturamento impostos pela Receita Federal para estes tipos so de R$360.000,00 por ano e
R$3,6 milhes por ano. Tais valores so superiores as expectativas da 388, portanto
enquadrando a cervejaria na legislao.
No interessante a abertura da empresa na condio de Microempreendedor Individual
(MEI), pois o faturamento esperado para o primeiro ano j ser superior ao limite da
legislao para este tipo de empresa, hoje em R$ 60.000,00 por ano.
A desvantagem ao no abrir a empresa como MEI, ser a necessidade de ter os Livros Razo
e Dirio com balano e contabilidade da empresa, conforme Lei n 10.406/2002 (Artigos
1.179, 2 e Artigo 970), bem como no Artigo 68. da Lei Complementar 123/2006, ambas do
Novo Cdigo Civil. Dessa forma, ser necessrio contratar um contador ou os servios de
uma empresa de contabilidade.
O capital social inicial da 388 ser o necessrio para produo de aproximadamente 2.000
litros de cerveja. Esta demanda contratada diretamente com a fabrica e, portanto, o
pagamento feito logo no comeo da operao da empresa.
4.2 Instalaes e Arranjo Fsico
A produo das cervejas da 388 ser terceirizada, devido a escolha estratgica por um modelo
de produo cigano. Por isso, inicialmente no ser necessrio existir um local para
armazenagem e produo da cerveja. Esses custos e investimentos so todos absorvidos pela
fbrica contratada.
Sendo assim, a principal estrutura necessria ser o escritrio administrativo. A partir dessa
base, o scio poder procurar os clientes, diretos e indiretos, bem como buscar parcerias nas
distribuies. A gesto da companhia e todas as pesquisas dependero do esforo e
concentrao do scio no seu local de trabalho bem como nas interaes na rua, em pontos de
venda, em eventos e outros locais.
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Desta maneira, no incio a operao ser feita na prpria casa do scio, porm em uma sala
dedicada a 388. Conforme a cervejaria se expandir e notabilizar, e, dessa forma, aumentar a
necessidade de receber clientes, fornecedores, distribuidores e parceiros, ser necessrio uma
sala comercial para atender e proceder com a logstica de vendas e distribuio e atendimento.
4.3 Processos Operacionais Crticos
O fluxo operacional da companhia bem compreendido. A produo, desde a compra de
matria prima at a entrega da cerveja envasada, feita por uma fbrica terceirizada. A 388
cabe fazer a reserva de pedidos de forma planejada, atentando aos prazos de produo e
custos de armazenagem da fbrica, a fim de manter nveis mnimos de estoque, sem deixar de
atender a demanda. Um estoque grande consumiria grande parte do capital social da empresa,
seja na forma do produto, seja pelos custos incorridos por conta da estocagem adequada. Em
contrapartida, a falta do produto poderia causar impactos na imagem da marca, que ainda
estaria batalhando para ganhar terreno no mercado.
Ainda do lado da produo, importante manter um timo relacionamento com os produtores.
H um reduzido nmero de fbricas com adequado preparo para produzir com a qualidade
esperada as cervejas da marca. Danos no relacionamento podem impactar a renovao de
lotes, criao de novas variedades e at a prpria qualidade da cerveja. O ponto mais grave
nesse cenrio deixar a 388 sem alternativas para produo das cervejas, causando impacto
adverso extremamente relevante para a companhia.
A distribuio outro processo chave, este sob responsabilidade da 388 em maior proporo e
visto como desafiador. Aps receber o produto, a cervejaria deve encontrar e estabelecer a
maneira mais adequada de distribu-lo ao mercado.
O uso de distribuidores e/ou intermedirios impactante para o resultado operacional da
companhia, uma vez que a prestao do servio ocorre a custos bastante elevados. Essas
empresas praticam tais preos em razo do seu amplo conhecimento de mercado e longo
relacionamento com outros distribuidores e varejistas. A vantagem na contratao desse
servio que esses profissionais so capazes de colocar o seu produto para o pblico alvo
desejado de maneira muito eficaz. Em centros menores, existem menores barreiras de entrada
nesse sentido e a entrega direta torna-se mais factvel.
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Considerando que So Paulo um grande centro e bastante dinmico, os distribuidores
utilizam este fato a seu favor, pois entendem a necessidade das microcervejarias no seu
trabalho, exigindo muitas vezes exclusividade na distribuio.
No esquema a seguir podemos observar como funciona resumidamente a operao da
microcervejaria cigana:
Figura 2 Fluxograma da Operao da 388
Fonte: Elaborado pelo autor
4.4 Capacidade de produo
Os limites da capacidade de produo dependero da fbrica contratada para realizar a
produo e o volume produzido dever ser dimensionado com base em caractersticas da
oferta e demanda. Entretanto, para o primeiro lote de produo da 388, ser contratado o
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volume mnimo cobrado pela cervejaria produtora. Sero produzidos cerca de 2.000 litros. A
produo de um primeiro lote nos volumes mnimos exigidos pela fbrica adequada a 388,
diminuindo investimentos na produo e possibilitando a utilizao de recursos direcionados
s aes de distribuio e marketing.
Trata-se de um segmento que cresce e tem um pblico desenvolvido e tem apresentado
demanda consistente por novos rtulos. A sensibilidade sobre como funcionar a demanda da
cerveja ser obtida no mercado. O maior varejista de cervejas especiais no Brasil, o Grupo
Po de Acar, informou que as vendas dessas variedades cresceram 80% ao ano. A rede
criou, ainda em 2010, um cargo especfico, o comprador de cervejas especiais. A motivao
para este movimento foi justamente o aumento da demanda e do nmero de rtulos. Aps
treinamentos em pases do continente europeu como Alemanha, Inglaterra e at a Rssia, este
funcionrio o responsvel por realizar treinamentos com funcionrios da rede, visando
divulgar a cultura cervejeira e suas caractersticas, de maneira semelhante ao que j feito
para vinhos e queijos nos supermercados do grupo.
Aps anlise dessas evidncias, a 388 acredita que este um mercado crescente e com espao
para entrada. A popularizao da marca e o crescimento das vendas dependero de esforo de
divulgao e distribuio adequados, e, em menor escala, do planejamento da capacidade da
produo. interpretao do scio, a demanda existe.
4.5 Certificaes e Licenas
A principal certificao necessria para este negcio o registro do produto no Ministrio da
Agricultura. O Ministrio o responsvel por atestar que a qualidade na elaborao e
industrializao da cerveja est adequada e no oferece riscos sade humana. No rtulo,
devem constar informaes do produtor ou fabricante, do padronizador ou importador, bem
como o nmero do registro do produto no Ministrio da Agricultura ou do estabelecimento
importador - quando bebida importada - alm da denominao do produto, os ingredientes e
informaes necessrias. Existe fiscalizao, feita pelas Superintendncias Federais de
Agricultura nos estados em conjunto com a Coordenao-Geral de Vinhos e Bebidas
(CGVB).
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Anteriormente concesso do registro do produto, dever ser registrado o estabelecimento
produtor. A solicitao de registro ser analisada e concedida, aps vistoria e validao pelo
fiscal federal agropecurio. Apenas aps a concesso do registro que a empresa poder
solicitar, na mesma superintendncia, o registro da bebida que pretende produzir, informando
sua composio, que ser analisada segundo os parmetros legais estabelecidos.
No caso de uma cervejaria cigana como a 388, a cervejaria produtora precisa ter o registro no
Mapa e ser regularmente fiscalizada. Como isso, somente necessrio o registro de cada um
dos rtulos da 388 antes de iniciar a comercializao.
Outro registro necessrio o registro da marca da cervejaria, bem como das eventuais
criaes como propriedade intelectual junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual
INPI. Aps o pagamento da taxa, o pedido de registro feito na internet, e a anlise deve ser
acompanhada no prprio website do instituto, uma vez que documentos adicionais podem ser
solicitados e os prazos estabelecidos para entrega devem ser cumpridos. A validade do
registro da marca de 10 anos, podendo ser renovado sucessivamente.
4.6 Estrutura de Pessoas
A estrutura de pessoas fundamental para o desenvolvimento de uma empresa. O setor de
recursos humanos engloba no somente contratao e demisso dos funcionrios, mas sim
todas as polticas relacionadas ao desenvolvimento das capacidades pessoais de cada um e dos
comportamentos e da cultura da empresa.
Na viso da 388, as pessoas que a representam so essenciais na construo da cultura e
imagem da marca e estes fatores so justamente os pontos por meio da qual a cervejaria
deseja se diferenciar.
Por se tratar de produo terceirizada, inicialmente, a quantidade de funcionrios ser bastante
enxuta. No primeiro momento o funcionrio e scio ser Lucas Fonseca. Ele ainda no possui
experincia direta em empreendedorismo ou administrao de empresas. Porm, possui
grande experincia em finanas decorrentes de cursos e dos 6 anos que passou trabalhando no
banco Itau BBA.
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Graduado em engenharia de produo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
comeou a sua carreira no mercado financeiro, onde atuou por seis anos com diversos
produtos bancrios, principalmente no mercado de capitais de Renda Fixa. Ps-graduado em
finanas pela FIA/SP, fez curso de finanas corporativas na London School of Economics e
certificado pelo CFA Institute.
Quando tomou fora seu interesse pela cerveja, tornou-se cervejeiro artesanal certificado pela
Escola Superior de Cerveja e Malte, em Blumenau/SC e atualmente estuda para obter a
certificao de Sommelier de Cervejas pelo Instituto de Cerveja Brasil/SP. Iniciou a produo
de cervejas artesanais de forma caseira, e aprimorou sua tcnica e receitas.
Percebeu que seria o momento de dar um passo rumo ao sonho do prprio negcio e definiu
que isso ocorreria com a criao de uma microcervejaria. O scio tem interesse e capacidade
empreendedora, alm de toda a motivao necessria para batalhar pelo sucesso da 388.
As funes dos scios sero as funes gerais da companhia neste primeiro momento.
Cuidaro da produo, estocagem e distribuio, tanto para clientes diretos, como para
distribuidores contratados. Na medida em que as vendas cresam, ser necessrio contratar:
(i) Atendente ter a funo de recepcionar e verificar o produto, contatar parceiros e
ser o substituto dos scios quando estes no estiverem disponveis.
(ii) Motorista ter a funo de efetuar entregas (alternativa para distribuio e evitar a
contratao de um terceiro especializado). Neste caso ser necessrio a aquisio ou
locao de um pequeno veculo de cargas como um mini caminho ou uma
caminhonete, a ser avaliado posteriormente conforme definies de volume e
distribuio.
Com relao a terceiros, a 388 dever tomar alguns cuidados. O scio dever escolher uma
fbrica que respeite as condies mnimas de qualidade na produo. No entanto, outro
aspecto a ser ponderado ser a relao da fbrica com seus funcionrios e reguladores. O
objetivo mitigar o risco de que algum acidente por negligncia, condies precrias de
trabalho, envolvimento em escndalos de propina sejam de algum modo relacionados 388.
A mesma ateno deve ser tomada no momento da deciso e contratao dos distribuidores
em que ambientes a cerveja est sendo disponibilizada. ruim para a imagem da marca, to
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duramente construda, que algum tipo de escndalo possa respingar na 388. Casos recentes de
discriminao em bares foram noticiados e a 388 no deseja apoiar tais comportamentos.
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5. PLANO DE MARKETING
O plano de marketing deve contar com o conjunto das anlises feitas sobre condies de
mercado, do produto e das necessidades do cliente. Deve ficar claro como a empresa
conseguir atingir seu pblico alvo com sucesso, considerando as condies impostas pelo
mercado e pelos modelos de produo.
Sero avaliadas tambm oportunidades de crescimento, com base em pontos fortes da
empresa, assim como sero levantados os pontos internos e externos que meream ateno e
monitoramento da administrao.
5.1 Segmentao de mercado
Para a segmentao de mercado em que pretende atuar, a cervejaria 388 levou em
considerao aspectos geogrficos, psicogrficos, demogrficos e comportamentais. O estilo
de vida, hbitos, atividades e interesses do pblico alvo so fundamentais para atrao e
tambm reteno do consumidor.
O pblico alvo so consumidores das classes de mdia e alta renda localizados em So Paulo
com possibilidade de alcanar cidades do interior paulista com raio de atendimento de at 200
km. O consumo de cervejas especiais majoritariamente masculino, com idades entre 18 e 65
anos. As mulheres que as consomem tm entre 30 e 65 anos, de acordo com dados da
Associao Brasileira de Bebidas (Abrabe) (SEBRAE, 2015).
Adicionalmente, a busca e manuteno do seu consumidor sero feitas por meio da
elaborao de aplicativos para celular e vdeos, participao intensa nas redes sociais e
participao em eventos no s relacionados cerveja, mas tambm relacionados com msica
e arte, fatores de entretenimento valorizados pelo pblico alvo.
5.2 Diferenciao
A 388 uma cervejaria artesanal cujo foco a qualidade dos ingredientes e receitas, buscando
diferenciar-se pela qualidade e pela experincia completa de degustao do produto. Suas
cervejas so inovadoras e atraentes ao pblico jovem adulto de mdia e alta renda. A proposta
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ser de uma cerveja de alta qualidade, mas que tambm investe no design do produto e na
imagem da marca.
A 388 quer atingir desde cervejeiros profissionais, como sommeliers e produtores de blogs
especializados, at cervejeiros iniciantes ou apenas entusiastas desse novo mercado de
cervejas especiais. A atrao do consumidor se dar por meio da qualidade, para o apreciador
mais experiente, e pela inovao na marca, para o consumidor mais novo. Sem amarras
conceituais alm do prprio conceito artesanal, a empresa atua com liberdade de criao,
dando mais espao cerveja do que cervejaria.
As linhas de produto podero ir desde o mais tradicional e popular at o mais inventivo ou
descolado. No curto prazo, a 388 focar no nicho de cervejas inusitadas, divertidas e criativas,
buscando um consumidor que j se mostra mais cativo e disposto a pagar mais por uma
cerveja melhor at o consumidor entusiasta, que segue a tendncia atual ou moda da cerveja
artesanal.
Por meio de processos contnuos de controle, a fabricao artesanal de cervejas com
ingredientes e processos de produo de alta qualidade ser mantida, buscando a inovao
tanto na criao de seus produtos, quanto na forma de se relacionar com toda a cadeia de
valor. Dessa forma, pretende-se contribuir para o crescimento do mercado de produtos menos
industrializados e de alta qualidade.
Tambm como forma de se distanciar da concorrncia e do senso comum, a 388 quer garantir
a sustentabilidade e relevncia da marca para a comunidade, a cidade de So Paulo e todos os
mercados em que vier a atuar, atravs da criao de empregos, valorizao da arte, cultura e
celebrao do encontro entre as pessoas. A 388 valorizar o senso de comunidade e quer
aumentar o mercado de produtos locais, onde a qualidade tem o papel principal. O principal
ponto nesse caso o fato de a 388 no vender apenas cerveja, e sim vender a experincia.
De acordo com essas caractersticas e em homenagem a cidade de So Paulo as cervejas vo
levar os nomes de Ibira, Consolao e Vila Mada. O rtulo ser em arte no estilo
grafite, com estilizaes de monumentos, prdios e/ou caracterstica dos entornos que do
nome a cada tipo de cerveja. A cultura urbana, em extrema ascenso na cidade de So Paulo,
uma das personalidades da 388. O grafite, expresso de arte urbana, foi escolhido
justamente por representar bem este sentimento da marca. Da mesma forma que o grafite
surgiu quando jovens queriam deixar suas marcas nas paredes da cidade, a empresa quer
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provocar e cativar todos os tipos de consumidores de cervejas, em especial seu pblico alvo.
Abaixo podemos observar o esboo preliminar da arte de cada cerveja da 388:
Figura 3 - Rtulos das cervejas 388 (Fornecido pela Empresa)
Fonte: Companhia
O Canadean, instituto de pesquisa canadense focado no mercado de bebidas, as principais
tendncias que influenciariam o comportamento do consumidor em 2015 e que tomaremos
como base para 2016 e 2017 tambm:
Migrao dos produtos massificados para os produtos personalizados: consumidores
preferem cada vez mais produtos fabricados em menor escala e estes produtos so
vistos como de maior qualidade, percebidos como exclusivos, ganhando a preferncia,
pois os consumidores criam uma maior conexo com as marca.
Ingredientes naturais e saudveis: as pessoas esto cada vez mais preocupadas em
consumir produtos com ingredientes que tenham essas caractersticas , por isso o
consumidor de hoje quer saber a origem do que est comprando.
Embalagens impulsionando a experincia sensorial: a variedade de produtos
disponveis na prateleira faz com que a embalagem (mais especificamente o rtulo, no
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caso da cerveja) seja fator importantssimo para o consumidor. Um bom rtulo
geralmente transmite a percepo de qualidade e superioridade, atuando diretamente
na deciso de compra de um cliente com alto padro de exigncia e que procura
produtos personalizados. Enquanto no caso das grandes marcas o cliente muito
sensvel a preo, no caso das cervejarias artesanais eles buscam produtos que
apresentem diferenciao.
Tais atributos so fortemente encontrados nas cervejas artesanais da 388 e estaro em
constante atualizao se assim for necessrio para ter a reteno do cliente.
No momento de lanamento e entrada no mercado, a 388 dever estar preparada para se
destacar, estando bem posicionada por meio de uma divulgao eficaz para seu pblico alvo.
O objetivo causar a curiosidade e surpreender, oferecendo produtos de alta qualidade, com
rtulos diferenciados, alinhados s expectativas dos consumidores neste mercado.
A concentrao nos esforos de marketing ser a atividade central da 388. A escolha de
entrada no mercado por meio da terceirizao da produo e da distribuio, permitir a
cervejaria focar nas atividades que de diferenciao. A expectativa que, com o foco nessas
atividades, haja sucesso na entrada nesse mercado, alm da conquista de seus consumidores e
fidelizao desse pblico.
5.3 Praa
So Paulo ser a casa da 388. Por se tratar de uma praa que no apenas aceita como tambm
busca e cria novas tendncias de mercado, a implementao do negcio na cidade faz sentido
para a microcervejaria 388. Alm disso, essa regio apresenta alta renda per capita e
um ponto focal tanto de fornecedores como de distribuidores.
de extrema importncia na escolha da Cidade de So Paulo , pois sua proximidade com o
consumidor um grande facilitador do negcio. O consumo das cervejas artesanais est
concentrado em 81,5% na regio Sudeste, regio mais rica do pas e So Paulo concentra
grande percentual dentro do perfil demogrfico de consumidores de cervejas artesanais, que
tem um preo mdio elevado quando comparado ao de cervejas comuns.
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No mdio ou longo prazo, microcervejarias buscam estratgias para diminuir sua dependncia
dos distribuidores. Uma estratgia adotada a abertura de um bar prprio. Essa estratgia
ajuda a divulgar o conceito das cervejas artesanais, alm de ajudar na construo da imagem
marca em seus mais variados aspectos, desde valores a pblico alvo, consumidor tpico etc.
Essa estratgia nasceu na Alemanha, e permite que a bebida seja servida nas condies ideais,
com a temperatura apropriada e no copo certo, alm de poder ser harmonizada com um prato
ou petiscos complementares.
Essa estratgia foi seguida pela cervejaria Karavelle, que abriu no ltimo ano duas casas
prprias em bairros da cidade de So Paulo, o primeiro nos Jardins e o outro no Itaim.
Segundo a prpria cervejaria, o objetivo levar a qualidade das cervejas Karavelle aos seus
consumidores em um ambiente que permita a complementao da experincia. A unidade dos
Jardins tem tanques de ao inox a mostra nos quais ocorre a fermentao e maturao das
cervejas. A casa do Itaim tem apresentao de bandas ao vivo e incentivo a cultura e artistas
independentes. No entanto, essa estratgia no faz sentido apenas na capital do estado. Em
Ribeiro Preto, a cervejaria Walfnger fez investimentos da ordem de R$ 1,0 milho para
abrir um bar com fbrica e, assim, poder ampliar a experincia do consumidor de seus rtulos.
No mercado das cervejas artesanais, por conta da grande quantidade de rtulos e da
caracterstica do cliente de testar e provar continuamente novas cervejas e variedades, a
fidelizao do cliente um dos maiores desafios. Estratgias como a de um bar prprio, bem
como manter o cliente ciente das atualizaes via site e rede sociais, ou mesmo convidando-os
para uma degustao e explicao sobre o tipo de cerveja e as maneiras como ela foi
produzida pode ser um diferencial.
Em uma segunda fase, a 388 poder se estabelecer na forma de um bar-fbrica, no qual se
consome a cerveja produzida no prprio local. Esse seria um bar conceito, oferecendo toda a
experincia que a 388 pretende propiciar ao cliente, com personalidade da marca e de seus
rtulos. Essa movimentao permitir que a empresa aumente suas margens, pois no h
necessidade de intermediadores entre o processo de produo e o de venda. O processo de
estabelecimento de um bar-fbrica e os investimentos a ele relacionados so similares e
menos complexos se comparados aos da abertura de uma fbrica.
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5.4 Produto
A 388 tem em seu portfolio trs produtos: a cerveja WitBier, Hop Lager e IPA. Por meio de
estudo do mercado de cervejas artesanais, notou-se que so as receitas que atendem os
diferentes tipos de paladares, despertam o interesse e agradam os paladares de nosso publico
alvo.
O consumidor curioso e busca experincias sensoriais e inovao, valoriza as cervejas
artesanais pelo seu modo de produo e qualidade dos ingredientes. Um levantamento
realizado mostrou que a maior parte dos consumidores de cervejas artesanais leva em
considerao o rtulo na hora da escolha da bebida: o primeiro item que buscam no rtulo o
estilo (tipo) da cerveja. O preferido atualmente no Brasil o estilo Ale com o lpulo
marcante na frmula, o que deixa a cerveja mais amarga.
Uma caracterstica importante na elaborao das receitas, alm dos tipos a escola cervejeira.
A escola alem a mais clssica e tradicional, a americana a mais moderna e arrojada, a
belga, bastante criativa tambm e com cervejas com teor alcolico mais alto e a inglesa, com
as tpicas Ales servidas em bares do tipo pub (cervejas de alta fermentao).
A escola alem tem como caracterstica a seguir a Lei da Pureza. Na prtica, essa lei no
muito considerada pelos cervejeiros artesanais, dado que limita os ingredientes a apenas
quatro: gua, malte, lpulo e levedura. Com essa restrio ficam excludas especiarias, frutas,
castanhas, etc., ingredientes responsveis pelo aumento das possibilidades de explorar a
mistura de sabores to caractersticas deste tipo de produto.
O entendimento da escola cervejeira importante, pois esta ditar muitas tendncias de
consumo. A 388 optou por iniciar sua produo com trs tipos de cerveja. Acreditando atingir
diferentes gostos do pblico e, assim, ampliar sua base consumidora, as cervejas de escolha
foras:
Hop Lager: Cerveja leve e fcil de beber para tomar com os amigos. Combinado a isso, um
potente dry-hopping o que essa cerveja Hop Lager entrega. As suas caractersticas so uma
lager clara, brilhante, leve e refrescante, com um delicioso aroma de lpulos ctricos
americanos.
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Wit Bier: Excelente opo para quem est comeando a se aventurar no mundo das
cervejas especiais ou simplesmente pra quem busca uma cerveja leve e refrescante. A Wit
Bier, alm dos ingredientes comuns a uma cerveja, tambm leva trigo, casca de laranja e
sementes de coentro em sua composio. Essa sutil combinao garantia de refrescncia. No
aroma bastante complexa, com os ctricos provenientes da casca da laranja sendo
complementados pelo leve aroma condimentado das sementes de coentro. uma cerveja leve
e fcil de beber, com final seco, pedindo um prximo gole. Sua colorao amarelo palha,
bem clara, motivo pelo qual carinhosamente chamada de Blanche em sua terra natal.
IPA (India Pale Ale): Essa uma cerveja para os amantes de lpulo, uma forte tendncia
entre as cervejas artesanais no Brasil. No aroma, a exploso de frutas ctricas balanceada em
segundo plano por uma base maltada, notada principalmente pelo aroma sutil de caramelo.
Apresenta colorao mbar profundo e uma bela e consistente espuma. No paladar, a presena
marcante de lpulo deixa sua marca, contribuindo com um amargor caracterstico e
balanceado.
A IPA e Hop Lager so da escola americana, principalmente pelo uso de lpulos ctricos. J
Wit da escola belga. A escola americana a que mais influencia o mercado brasileiro e a
principal escolha da 388.
5.5 Estratgia de Preos
No mercado de cervejaria artesanal, o poder de barganha dos compradores alto, pois existe
grande variedade de marcas, sabores e embalagens e h um perfil de consumidor que busca
sempre experimentar novas cervejas. Casas especializadas como o Emprio Alto de Pinheiros,
por exemplo, apresentam cerca de 650 rtulos aos seus clientes.
Em contrapartida, a interferncia do consumidor nos preos das cervejas artesanais
diminuta, pois, os clientes desse nicho de mercado geralmente aceitam arcar com os preos
mais elevados do produto em decorrncia dos insumos caros e custos de distribuio, na busca
por uma bebida diferenciada das demais cervejas padronizadas.
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O preo alvo das cervejas 388 tentar ser inicialmente um pouco inferior aos dos principais
concorrentes totalmente artesanais, sendo um valor por garrafa de 500ml com preo sugerido
de R$ 25,00
O maior desafio do segmento atualmente o alto valor necessrio para a produo. Alm dos
ingredientes e custos da fbrica, o alto valor dos impostos acaba sobrecarregando a cadeia
produtiva da cerveja. Alm disso, as condies econmicas instveis no pas, aumento de
inadimplncia e alta taxa de juros podem inibir os empreendedores a tomar financiamentos
para iniciar ou ampliar negcios. A alta do dlar tambm afeta os preos dos insumos
cervejeiros, dependentes de importaes.
O pblico alvo, apesar de estar disposto a desembolsar quantias maiores para a experincia da
cerveja artesanal quando comparado ao preo das grandes cervejarias, ir efetuar uma busca
entre as cervejas artesanais. A concorrncia da 388 pode ser dividida em duas categorias:
1. Grandes Cervejarias Artesanais
2. Pequenas Cervejarias Artesanais
As grandes cervejarias artesanais so aquelas que foram compradas pelas grandes produtoras
de cervejas. Este o caso das cervejas: Baden Baden, Eisenbahn e Colorado. J as pequenas
cervejarias artesanais tem sua produo feita em pequenas fbricas localizadas prximo sua
principal praa. Alguns exemplos de cervejas dessa categoria so: Jpiter, Sumria, 3
Cariocas, 2 Cabeas, Urbana, DUM entre tantas outras.
5.6 Promoo
Envolvida com a cidade, a 388 valoriza a arte e as suas diversas formas de expresso. uma
marca fortemente urbana e se preocupa com a comunidade, buscando uma atuao sustentvel
e colaborativa. O rtulo foi desenvolvido em Grafite e coloca em evidncia esse envolvimento
com a arte e a cidade de So Paulo, sua criatividade e belo design impulsiona a experincia
sensorial e transmite a percepo de qualidade.
Os locais para venda dos produtos foram estrategicamente escolhidos para atingir nosso
publico alvo. Os locais foram pensados tendo como base caractersticas do pblico
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predominante. A 388 pretende popularizar-se entre pessoas pertencentes a classes sociais mais
altas, que se importam com a qualidade do que consumem, gostam de novidades e esto
dispostas a pagar mais caro por produtos e servios diferenciados. Os pontos de venda
inicialmente pensados foram supermercados, sites de compra online, clubes de cerveja,
barbearias modernas, bares e restaurantes, estdios de tatuagens, lojas especializadas e
emprios.
Ao analisar os pontos de venda de outras pequenas cervejarias artesanais, constatamos que
todas colocam seus produtos a venda em lojas ou emprios especializados. Alm desse tpico
ponto de venda, as cervejarias costumam fazer algum tipo de parceria com outro tipo de
estabelecimento. A Jupiter e a 2 cabeas, por exemplo, disponibilizam suas cervejas em
hamburguerias. Entendem que o pblico semelhante e os produtos so complementares. O
consumidor do hambrguer artesanal est interessado em uma receita de lanche com preparo
diferenciado, alm da experincia que comer um hambrguer grelhado no seu local de
produo e poder conversar diretamente com os criadores da receita. Para isso tudo, inclusive,
esto dispostos a desembolsar maiores quantias e complementar a experincia com uma
cerveja adequada para a ocasio.
A DUM, alm de disponibilizar seu produto em hamburguerias, tambm o faz em lojas de
vinis e discos alternativos. Novamente, o motivo a caracterstica similar do pblico. A
preocupao com a qualidade do som do vinil e experincia musical de se escutar uma
gravao original na textura do disco essencial para essas pessoas. Uma cerveja artesanal
possui caractersticas diferenciadas quando comparada as cervejas mais amplamente
disponveis. Por conta de seus aromas, essncias e texturas ela combina com trilhas sonoras e
pode ser apreciada juntamente com gravaes nicas por um pblico que entende o valor da
DUM.
Os meios de comunicao para lanamento da 388 visam garantir a ampla divulgao do
produto, gerando a curiosidade do consumidor em conhecer a cerveja. Por meio das redes
sociais e plataformas de solues em publicidade, a divulgao ocorrer para todos os
consumidores que entendemos ser o perfil do cliente da 388. Dessa forma, a cervejaria passa a
ser conhecida pelos potenciais consumidores. Com uso de geolocalizao e horrio, pode-se
informar o consumidor potencial que h um estabelecimento prximo aberto e que
disponibiliza as cervejas da marca, despertando o interesse do consumidor mais ainda e
favorecendo a ida ao ponto de venda.
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Aliada s formas de divulgao mais massificadas, pretende-se tambm fazer a divulgao
oferecendo a degustao das cervejas em emprios especializados, bares ou restaurantes. Em
complemento a degustao, outra estratgia a realizao de eventos de lanamento e
coquetis nos pontos de venda mais adequados, eventualmente contando com a parceria
dessas casas.
5.7 Distribuio
As formas bsicas de distribuio so exclusiva, seletiva e intensiva. A distribuio exclusiva
ocorre quando o prprio fabricante determina seus revendedores e, dessa forma controla
grande parte das atividades de distribuio. O nmero de intermedirios neste caso bastante
reduzido, sendo que a distribuio muitas vezes feita por um nico revendedor.
A distribuio seletiva utilizada quando o fabricante pode, parcialmente, abrir mo do
controle da distribuio. Ela feita por um grupo selecionado de intermedirios, tendo como
base sua localizao, carteira de clientes, reputao entre outros fatores. muito utilizada
quando a natureza do negcio exige valorizao do produto.
Por ltimo, a distribuio intensiva aplica a lgica de escala. O objetivo disponibilizar o
produto no maior nmero possvel de pontos de venda. Esse a forma escolhida para
produtos cuja frequncia de compra alto e, normalmente, apresentam menor valor agregado.
A 388 ir utilizar a estratgia de distribuio seletiva. A cerveja artesanal um produto que
bastante comparado e analisado pelo cliente antes do consumo. Assim, importante o
vendedor estar capacitado, conhecer o produto e valoriz-lo perante outras opes, sejam elas
cervejas tradicionais ou outras cervejas artesanais.
O objetivo selecionar intermedirios qualificados, que possam contribuir para a imagem da
marca, principalmente no que tange experincia completa que a cervejaria pretende
oferecer. Inicialmente ser