REVISTA TEATINA
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.
Revista teatina, edição especial, Guarulhos, 2014
CLÉRIGOS
REGULARES
TEATINOS
OS TEATINOS EM TERRAS
BRASILEIRAS
REVISTA
teatina
2
É com muita satisfação que colocamos a
disposição de todos a edição especial da “Revista
Teatina”. A ideia não é nova, há um tempo
tínhamos a revista “A Voz Teatina”, não
podemos, contudo, dizer que esta seja uma
reformulação da extinta revista.
A nossa motivação é exatamente a de promover
o estudo, reflexão e propagação dos assuntos
teatinos, mais do que notícias, assuntos
referentes à nossa história, carisma etc. De fato,
a motivação primeira é a de resgate, bem como a
de incentivo de produção de conhecimento
teatino em língua portuguesa, visto que só o
tínhamos em outras línguas.
Gostaríamos de agradecer a todos quantos
colaboraram com o presente trabalho.
P. G. M.
“Se Deus me
concedesse a
graça de colocar
diante dos olhos
dos sacerdotes
seculares uma
congregação de
clérigos que ao
mesmo tempo
fossem
religiosos, estou
convencido de
que a sua
transparência,
sua modéstia, a
sua vida
tornarão o vício
detestável e
moverão os
demais à prática
da virtude”.
(Caetano Thiene)
EDITORIAL
SEMINÁRIO S. CAETANO, AV. GUARULHOS, 3614,
PONTE GRANDE, GUARULHOS SP
WWW.RADIONOVAVOZ.COM.BR
WWW.TEATINOSNOBRASIL.COM.BR
WWW.SEMINARIOSAOCAETANO.BLOGSPOT.COM
3
04 Vitória sobre si mesmo 06 João Marinoni- Retrato da perfeita
caridade humana 07 A casa teatina
09 Reformai, reformando-se
10 B. Paulo Burali D’Arezzo: Exemplo de serviço, amigo da verdade e pai dos pobres
12 História dos teatinos em terras brasileiras
19 Símbolos teatinos 24 Ven. Francisco Olímpio – Amante da
pobreza e da Eucaristia
SUMÁRIO
4
VITÓRIA DE SI MESMO
São Caetano Thiene pintado por Giambattista Tiepolo
título deste texto é o mesmo da
obra Vittoria di si stesso[1] do
frei dominicano João Batista
Carioni da Crema (cerca de1460-1534)[2],
que como se sabe foi diretor espiritual de
S. Caetano. O nome da obra já nos sugere
muitas coisas sobre o seu provável
conteúdo, contudo, o que nos interessa
não é isso exatamente, nem a obra em si,
senão o impacto da espiritualidade ou
ideia que está por trás, na pessoa de
Caetano. O que vem a ser essa vitória de si
mesmo? Com certeza no
acompanhamento espiritual que Carioni
fez com Caetano, deve de algum modo ter
passado sua riqueza espiritual inclusive
sobre essa questão.
Sobre isso um questionamento pode se
fazer presente: por que é necessário
vencer-nos a nós mesmos? Primeiramente
devemos ter em conta que o objeto da
batalha não é a pessoa em si apenas, mas,
sobretudo, sua vontade ou desejo. Isto é,
o que se busca vencer em nós mesmos é a
nossa própria vontade, frequentemente
mesquinha.
Mas para que vencer a própria vontade?
Para que possamos, com maior liberdade,
admitir e realizar a Vontade Divina, é o
que nos leva de modo perfeito ao Fiat
voluntas tua! [3]
Caetano herda, de certo modo, essa
espiritualidade de Carioni e a buscou vivê-
la. Onde podemos, na biografia do santo,
notar esse esforço? Antonio Prato nos
O
5
relata o seguinte: “... devendo partir de
Veneza para a prepositura de Nápolis, e,
os outros Padres, confiando a ele
[Caetano] a eleição do companheiro, não
quis nomear nenhum, ao invés disso,
voltado ao Crucifixo rezou ao Senhor que
inspirasse nos corações dos Padres a dar-
lhe aquele que fosse mais contrário ao seu
gosto.” [4]Temos prova aqui do esforço do
santo em busca de vencer sua própria
vontade. Como diz Santa Tereza do
Menino Jesus: “...essa pequena vitória
sobre a minha vontade me custou
muito...”, de fato, deve ter custado muito
a Caetano a sua vitória, mas ele nos
mostra o quão é possível.
Muito interessante poder ver, com este
exemplo, aquilo que Oliver afirma em seu
livro: “Assim, pois, o método espiritual de
Fr. Batista de Crema se tornou vida e ação
em Caetano de Thiene...”.[5] Exatamente,
Caetano foi fiel a sua formação espiritual,
foi obediente e confiou naquele que o
instruiu. Outro aspecto importante da
vitória de si mesmo é o da obediência,
pois vencendo o desejo próprio alcança-se
a obediência pacífica, todavia não é uma
obediência cega e sem escrúpulos.
De fato, os inimigos mais cruéis e difíceis
somos nós mesmos. Por conta da
dificuldade que temos de nos opor a nós
mesmos naquilo que queremos; ir contra
o desejo próprio. Isso se dá pelo fato de
que sempre vamos ser partidários ou
defensores de nossas próprias causas,
vontades. Isso nos leva a crer que estamos
certos, que o queremos é o melhor para
nós. Ora se queremos fazer a vontade de
Deus, implica então que a minha vontade
não é necessariamente a mesma Dele.
Portanto, para que a Vontade de Deus
seja a nossa vontade devemos, não negar
a nossa, mas livremente abdicá-la, para
que a Vontade Divina tenha cada vez mais
espaço em nós. Isso caracterizará a grande
vitória de nós mesmos.
Pedro G. Moreira
[1] Obra cujo título completo e original: Della Cognizione e vittoria di se stesso, Milão (1531).
[2] O ano do nascimento não é exato, pode ser em algum momento entre 1450 e 1960, em
Crema, Itália.
[3] Seja feita a vossa vontade, um dos pedidos da oração do Pater Noster.
[4] ANDREU, Francisco, Relazione del P. D. Giovanni Antonio Prato, Regnum Dei 1 (1945),p.
130.
[5] OLIVER, Antonio, Os Teatinos..., p.55.
6
JOÃO MARINONI
-Retrato da Perfeita Caridade Humana-
ó aquele que muito ama é capaz de,
a exemplo de Cristo, despojar-se de
si mesmo para entregar-se livre e
totalmente ao serviço daqueles que
necessitam. Vendo um pouco a biografia
do B. João Marinoni, percebe-se que este
alcançou tal maturidade espiritual.
Beato João Marinoni
Buscou, dentro de seus próprios limites,
dispensar somente o bem. Fez caridade a
todos os que ele pode atingir, até mesmo
aos animais dedicou seu amor. Sendo que
não permitia que exterminassem nem as
formigas que invadissem a dispensa da
comunidade, da qual era prepósito e
mestre.
Sua sensibilidade era tamanha que
multiplicavam-se pequenos gestos como,
rezar pelos mendigos, quando não possuía
recursos para a esmola, enviar doces
como sinal de carinho, dar comida aos
pássaros em suas próprias mãos, entre
tantos outros gestos.
Ele é com certeza fisionomia da caridade
humana, sendo que nunca precisou
distanciar-se de sua condição para fazer o
bem, mas se valeu dela para o êxito de
seu ministério.
Tendo contato com este grande exemplo
teatino, constata-se o quão possível é a
santidade e a caridade ao Homem de
hoje. Porque o segredo da santidade,
consequência do exercício do amor, de
Marinoni é ter encontrado Deus na pessoa
do próximo. Por isto nunca se absteve de
servi-lo incansavelmente.
Pedro G. Moreira
S
7
A CASA TEATINA
Seminário S. Pio X- Casa Mãe dos Clérigos Regulares no Brasil, Fartura SP
esde o início os Clérigos Regulares
chamaram de casa seus
conventos. A casa acaba por ser
um símbolo do novo modo de vida que se
propõem os fundadores, isto é, ela é o
lugar da prática da vida apostólica dentro
de uma comunidade, era ali o local onde
se realizava o desejo de “habitar juntos
em uma casa vivendo em comum e do
comum”.
De fato, a casa teatina é um porto seguro
para seus integrantes. Este termo exprime
o espírito do teatino, que não é menos
que uma família peculiar à luz da
comunidade dos primeiros tempos
cristãos. O laço que une os integrantes da
‘família teatina’ é mais forte que o laço do
sangue, é o laço da irmandade em Jesus,
isto é, o que eles possuem em comum não
é simplesmente consanguinidade, mas sim
um desejo comum de seguir a Cristo.
Esta é uma das características mais
singulares desta Congregação, mas que
por conta da modernidade se faz
‘esquecida’ nas páginas de sua história.
Com a perda da noção da dita ‘teologia da
casa’ perde-se uma das rochas que
sustentam este carisma, que é
experienciado dentro da casa, ou seja, é
ali que se dá a movimentação da
espiritualidade, do carisma, bem como
sua renovação.
Deste modo, “se não queremos que a
nossa espiritualidade própria se esvazie
de conteúdo, ‘temos que voltar à
D
8
casa’.” (Duc in Altum, II/20-In Domo
Habitantes, p.3). Podemos dizer que o
abandono da casa, implica, de certo
modo, a um abandono do próprio espírito
teatino. Sendo redundante, a perda da
consciência do lugar religioso ocorre em
um “esvaziamento de nossa
espiritualidade própria”, nada mais que
um contínuo vazamento da vivacidade da
Ordem.
A atualidade colaborou em muito com a
desestruturação da família e casa
moderna, isto atingiu também o campo
religioso e ,por conseguinte, os teatinos.
Cabe, portanto, evocar ao espírito mais
primitivo desta espiritualidade, que é a
‘reforma’ dos costumes incoerentes, seja
a época que for. É mister salientar que a
ideia de reforma não se prende ao século
XVI, como é recorrente pensar, mas esta
reforma está para além de determinada
época, visto que a própria espiritualidade
teatina é dinâmica e se adapta ao tempo
em que se encontra presente. Ou seja,
não se trata somente de reformar os
costumes incoerentes do clero, mas como
também os da sociedade.
Pedro G. Moreira
Casa Teatina de Iranzu, antigo monastério cisterciense, Espanha
9
REFORMAI, REFORMANDO-SE
Figura 1Imagem da obra "PHILOSOFIA DIVINA" de João Batista Carioni da Crema
eria impossível falar dos
Teatinos sem falar deste
tema tão profundo e tão
marcante na historia dos Clérigos
Regulares. Renovai renovando-se, já
ouvimos falar muito essa pequena frase,
já se refletiu muito, e também já
escrevemos muito sobre isso. Lendo um
pouco mais Os Teatinos, no capítulo 2, na
formação espiritual de São Caetano,
vemos uma figura muito marcante na
história dos Teatinos, Frei João Batista
Carioni, o dominicano, um homem que faz
parte da história dos Clérigos Regulares e
que tanto admiro. Carioni teve enorme
influência na vida espiritual de São
Caetano, como confessor. Carioni sempre
orientava Caetano sobre as dificuldades
do estado espiritual da humanidade, em
especial de todas as pessoas, onde se
necessitava de uma reforma de espirito. E
Frei Batista vendo tão precariedade neste
lado espiritual começa então iniciar uma
reforma na espiritualidade cristã. Onde
cada ser precisa conhecer-se
interiormente.
Carioni é um grande exemplo e
inspiração para qualquer pessoa que
busca uma renovação interior, que anseia
pela reforma de si. Vendo toda a sujeira
naquela época, onde Lutero cheio de
pomba querendo reformar a Igreja
através do barulho, da movimentação e
da agitação, Caetano faz ao contrário,
inverte a cena, e começa a reforma de si,
conhecendo-se, vendo as suas
fragilidades, sua humanidade, o seu ego.
Onde essa frase começa a ganhar grande
força. Caetano vê que deu certo o silêncio
em si, e ajuda a sua comunidade a seguir
esse exemplo de renovar-se. Conhecer-se.
Lendo ainda Os Teatinos, Carioni é
chamado de Mestre da energia espiritual.
E sem dúvidas Frei Carioni, é influência
viva para a fundação dos Clérigos
Regulares e sua espiritualidade.
Christian Macedo
S
Beato Paulo Burali D’ Arezzo: Exemplo de
Serviço,Amigo da Verdade e Pai dos
pobres.
Beato Paulo Burali D'Arezzo
Com o nome de Batismo Scipione,
nasceu em Itri, Diocese de Gaetre em
1511. Tendo como pais, Paulo e Victória
Oliveres, teve também quatro irmãos,
sendo Paulo o segundo e o primeiro João
Batista, mais tarde Abade de Santo
Erasmo, em Itri. Devido as lutas entre
Guelfos e Gibelinos, a família Burali de
Provenza transferiu-se para Toscana,
depois Florência e finalmente a Parma e
Arezzo. Ocorreu no ano de 1268.
Paulo na sua infância, era um menino
piedoso , com uma inclinação particular
de amor e solidão, mas possuía
um caráter doce e amável no trato e no
diálogo com os demais. Dedicava-se a
oração, frequentava os sacramentos,
assistia com frequência ao sacrifício
eucarístico na Igreja de Santa Maria da
Misericórdia. Destaca-se também
na infância de Paulo, que ele possuía um
amor aos pobres e a seu pedido o pai teve
sempre a dispensa aberta para um pedaço
de pão e um copo de vinho para eles.
Paulo foi advogado e exercia sua
profissão com muita lealdade e sempre
fazia a justiça acontecer na sociedade em
que vivia, surge aí o carinhoso título de
“amigo da verdade”. Sempre estava ao
lado dos pobres e viúvas que na época
eram muito injustiçados. Tinha como
diretor espiritual o Pe João Marinoni( hoje
Beato) que no meu ver incentivou ainda
mais Paulo a viver a serviço da caridade.
Com o passar do tempo ingressou na
Ordem Teatina, no qual vivia com fé seus
votos religiosos; A pobreza era
verdadeiramente edificante, ele mesmo
cuidava de suas roupas velhas e gastadas
e costurava seus sapatos rasgados. O
Beato sempre gostava de ficar um tempo
só, pois, manifestava sempre o desejo de
estar sempre em oração com Deus.
Como sacerdote Burali, sempre se
dedicava na administração dos
sacramentos, que constituía e ainda
constituí parte essencial do apostolado
teatino, como instrumento eficaz para a
reforma dos costumes. O Beato
conservava também o espírito de
disponibilidade, paciência e possuía
também uma admirável caridade, sempre
estava preocupado com os pobres. Como
Prepósito, distinguiu-se pela
exemplaridade, pelo cuidado da disciplina
11
religiosa e, sobretudo,pela caridade, afeto
e apego á Congregação. Sempre estava
disponível em ajudar os religiosos em suas
tarefas e se alegrava pelo crescimento
humano e espiritual de cada um.
Exemplo foi também como Bispo de
Piaccenza e mais tarde Cardeal, sempre
esteve disponível em servir os mais
pobres e conservava no coração e nas
suas vestes a pobreza e a simplicidade,
dom este que possuía já desde criança.
Possuindo também uma grande mente
intelectual, promoveu várias reformas na
sua diocese que, quando tomara posse a
encontrou abandonada, um verdadeiro
caos. Foi muito criticado pelas pessoas,
pois, como era inteligente, dedicava-se
seu tempo em servir os pobres e não ,
segundo algumas pessoas que o
criticavam, em dedicar-se coisas que
exigia o seu status.
Existem vários testemunhos de serviço,
oração e dedicação com a Igreja, ea sua
Liturgia e em especial com os pobres, que
dava o amado Beato. Que possamos
também, a começar por mim, a
refletirmos nossa caminhada Teatina,
Burali durante sua vida, colocou seus dons
com alegria e sua admirável caridade, a
serviço da Ordem Teatina e do povo de
Deus. Que possamos também colocarmos
a serviço os nossos dons, com alegria.
Renan Felipe Assumpção
12
A pós os primeiros contatos realizados em Roma,
durante o ANO SANTO de 1950, entre o Bispo de
Botucatu, D. Henrique Golland Trindade e os nossos
superiores, Pe. João Labrés C. R, Superior Geral e Pe.
Julian Adrover C.R Vigário Geral, foi confiada à nossa
Cúria Provincial Italiana, dirigida pelo Pe. Antonio
March CR, Prepósito Provincial, a solução do assunto,
que deu resposta positiva.
Foram escolhidos como pioneiros desta fundação
Teatina no Brasil os Padres Francisco De Lucia C. R,
Lineu Maria Bincelli CR, e o Irmão Coadjutor Gabriel
Mesquida CR.
A
HISTÓRIA DOS TEATINOS EM TERRAS
BRASILEIRAS
Na tarde do dia 4 de maio de 1951, no
Porto de Nápoles, embarcaram no Navio
“Conte Grande”, e no dia 17 do mesmo
mês, desembarcaram no Porto de Santos,
esperados pelo Pe. Sílvio Maria Dario,
depois Bispo auxiliar de Botucatu e
primeiro Bispo da nova Diocese de
Itapeva.
Os primeiros Teatinos passaram quarenta
e dois dias na hospitalidade dos Padres da
Consolata, em São Manoel, que muito os
ajudaram para a adaptação aos costumes,
usos e língua do povo brasileiro.
No dia 1º de julho de 1951, festa do
Preciosíssimo Sangue de Cristo,
acompanhados pelo Vigário Geral da
Diocese de Botucatu, Monsenhor José
Melhado Campos, por vários sacerdotes
do Clero Diocesano e religiosos e com a
participação do povo, tomaram posse da
Paróquia de Fartura. Os Padres Francisco
de Lúcia e Lineu Bincelli, Vigário e
Coadjutor respectivamente, iniciaram seu
trabalho apostólico, tanto na cidade como
nas várias capelas rurais. Fartura, foi uma
cidade onde o povo muito piedoso sempre
correspondeu com alegria e gratidão. A
Paróquia de “Nossa Senhora das Dores”,
foi criada no dia 2 de fevereiro de 1887,
tendo como primeiro pároco o Padre
Bartolomeu Comenale. Até 1951, teve dez
párocos diocesanos.
No dia 15 de janeiro de 1952, chegou para
ficar entre nós o Padre Salvador Badame
CR, que por muitos anos desempenhou
um grande trabalho apostólico,
especialmente em Fartura, como Vigário,
como Coadjutor. A ele se deve a reforma e
ampliação da Igreja Mariz, como também
a construção de várias Capelas rurais. No
dia primeiro de julho de 1956,
comemorando o quinto aniversario da
14
chegada dos Teatinos no Brasil, realizava-
se a inauguração do Salão paroquial,
dedicado a São Caetano.
No mesmo Salão Paroquial, com várias dependências construídas, capacitado a funcionar
provisoriamente como Seminário Menor, no dia 20 de fevereiro de 1961, começava a
funcionar como o primeiro Seminário Menor Teatino no Brasil.
No início teve 14 alunos e o primeiro Reitor foi o Padre Gabriel Dárida C. R., auxiliado pelo
Pe. João Ferreti CR, os quais vieram para o Brasil no dia 26 de agosto de 1960, justamente
para esta finalidade.
PRIMEIRA CASA DE FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO
PRIMEIRO SEMINÁRIO
15
No dia 25 de março de 1963, com a aprovação de D. Henrique G. Trindade e a participação
do povo, procedia-se a bênção da Pedra fundamental da construção do Seminário definitivo,
num lugar muito aprazível nos arredores da cidade.
Este terreno, em parte foi comprado e em parte foi doado pelos senhores Sebastião Garcia e
João Bianchi. Em 1965, uma parte do prédio já estava construído para hospedar um número
maior de seminaristas. Em todas as nossas atividades, contamos sempre com a intervenção
da Divina Providência, pois sem esta ajuda, pouco poderíamos realizar.
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Conduzidos pela Providência Divina e imbuídos do espírito missionário, conforme o mandato
de Jesus Cristo: “Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e
do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,9-20); os Padres Teatinos iniciaram os seus
trabalhos apostólicos no Brasil no dia 1.9 de julho de 1951 na cidade de Fartura, Estado de
São Paulo.
Os Padres Teatinos sentindo a grandiosidade da “messe”, e que Deus muito poderia fazer
por meio deles, no campo fértil da terra brasileira, um povo com tradição histórica marcada
pelo cristianismo e com muita “fome de Deus”, perceberam a necessidade de muitos
“operários”, jovens que a exemplo de São Caetano, se despojassem de todas as coisas,
renunciassem a si mesmos e se entregassem inteiramente ao serviço da PALAVRA,
anunciando o Cristo Vivo, estabelecendo o Reino de Deus entre os homens: “Buscai em
primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado em acréscimo”.
(Mt. 6,33).
Como não pudessem permanecer sempre dependentes da vinda de Padres Teatinos da
Província Italiana, impelidos pelo Espírito Santo e incentivados por muitos, inclusive por D.
Henrique Goland Trindade, bispo de Botucat1i, os Padres Teatinos do Brasil: Pe. Francisco de
Lucia e Pe. Salvador Badame começaram a preparar a fundação do primeiro, Seminário
Teatino na América Latina.
Com a chegada do Pe. Gabriel Dárida e Pe. João Ferretti, em 26 de agosto de 1960,
vindos da Itália exclusivamente para esta finalidade, concretizou-se o sonho dos
Padres Teatinos que a'qui estavam, descortinando-se um horizonte de muita
esperança e consolidação da Missão Teatina no Brasil.
Dedicaram Seminário Teatino a São Pio X, em reconhecimento ao mesmo por ter
sido o Restaurador da Ordem.
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de
família humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de
Cristo. Nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de
Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde
cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa
disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse.
(...)após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu
sucessor, com o nome de Pio X, em 1903.
No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X
morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um
santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.
Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família
humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de Cristo. Nasceu
numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da
Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde cedo, José demonstrava
ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande
esforço para que ele estudasse.
(...)após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu sucessor,
com o nome de Pio X, em 1903.
No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X
morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo.
Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado
(fonte:
http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=362)
17
Assim sendo, no dia 20 de fevereiro de 1961, nas dependências do Salão Paroquial
de Fartura, iniciava o Seminário Teatino São Pio X. com 14 alunos, na certeza de
que a Providência Divina iria propiciar o florescimento de tal obra.
De fato, foi o que sucedeu nos anos seguintes. A Providência Divina se mostrou pródiga
através da generosidade do povo farturense, que consciente da importância do seminário
como solidificação da Ordem Teatina no Brasil, e consciente de estar colaborando
diretamente para o crescimento da Igreja, formando futuros anunciadores do Reino, não
poupou esforços em benefício da obra: professores se prontificaram a lecionar
gratuitamente, foram feitas doações de terrenos e todos de um modo ou de outro
favoreceram ao Seminário e à construção do seu prédio.
Diz-se que este Papa possuía uma particular devoção pelo
fundador dos Clérigos regulares (Teatinos), São
Caetano Thiene, por conta do caráter reformador do santo.
Seu lema de sacerdócio era justamente ”Renovar todas as
coisas em cristo”.
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No dia 25 de março de 1963, com a participação de grande multidão, procedia-se à bênção
da “pedra fundamental” do prédio, num local ameno e aprazível, a 1.000 metros da cidade
de Fartura pela Rodovia Bandeirantes. Presidiu à cerimônia o então Delegado Provincial dos
padres Teatinos no Brasil, Pe. Francisco De Lucia, assistido pelo vigário de Fartura na ocasião,
Pe. Salvador Badame e pelos padres Gabriel Dárida e João Ferretti, responsáveis pelo
Seminário.
A inauguração do Prédio se deu dia 25 de março de 1965, passando os seminaristas a
ocuparem a nova instalação, embora ainda não concluída, mas em condições de acolhê-los e
proporciar-Ihes um melhor ambiente. Logo ao nascer, o Seminário enfrentou a crise que, por
aí fechou inúmeros Seminários, mas graças a Deus e à dedicação dos Padres Teatinos,
sobreviveu e apesar dos pesares, crescendo sempre, tornando-se hoje um esteio da
Esperança da Ordem Teatina.
Houve muitas transformações, pois o próprio foi enraizado justamente no momento em que
tudo mudava, mas mudou dentro dos critérios da Igreja, que procura se adaptar ao tempo e
à cultura em que está inserida, para melhor anunciar a VERDADE. Assim o seminário evoluiu
pelo caminho certo, passando de um regime interno conforme o ideal tridentino, para um
regime aberto, propiciando aos seminaristas estarem inseridos na realidade em que vivem,
conforme o próprio Cristo pedia ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas sim que os
preserves do mal” (Jo 17,15).
Passaram-se 15 anos dificílimos e hoje o Seminário já tendo colhido seus primeiros frutos:
dois sacerdotes Pe. Amador Ferreira Martins e Pe. Gorgônio Alves da Encarnação, além de
proporcionar ao Seminário Maior de Guarulhos dois alunos de Teologia e quatro de Filosofia,
possui em suas fileiras 65 seminaristas de 1º e 2º graus. Atualmente, os seminaristas
freqüentam as aulas nas Escolas Públicas de Fartura, tendo no Seminário a Orientação
necessária para o desenvolvimento psíquico, intelectual e espiritual.
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A vida de seminário está centralizada na vivência religiosa, que deve constituir a maior
motivação daqueles que almejam o Ideal Sacerdotal pois para agir em nome de Cristo, exige-
se íntima união com Ele. Mas como expressão desta Comunhão, vive-se no seminário a
alegria, o entusiasmo e a vibração de uma vida de comunidade, onde todos procuram
manifestar sua responsabilidade em atender ao chamado de Cristo, para serem dignos da
escolha.
Em tudo deve transparecer a busca de tão sublime Ideal: na Oração, no Estudo, no Trabalho
e na Recreação. O Seminário visa dar todas as condições para isso, propiciando aos
seminaristas um crescimento contínuo, para que conscientes e maduros possam assumir
com convicção e decisão o Ideal abraçado.
Caminhando assim, com a Luz do Espírito Santo, com a proteção de Maria Santíssima, do
nosso Pai São Caetano, do nosso patrono São Pio X e com as orações do Povo de Deus,
conseguiremos formar os sacerdotes que Cristo quer e a Igreja necessita.
SÍMBOLOS TEATINOS
1 - A Cruz desnuda
A santa Cruz, venerada
na ordem Teatina deste
de sua fundação, assumiu
na nossa espiritualidade
um lugar de destaque tão
grande que passou a nos
identificar, se posso
atreve-me; aquilo com o
qual nos identificávamos
como cristãos passou a
ser nossa identidade.
Assim pois um teatino é
aquele que sabe ver a
Cruz, assim como nossos
fundadores, não como
sinal de morte e
sofrimento, mas como
sinal de
mudança,símbolo de
uma fé que busca nas
dificuldades do dia a dia
a luta que garante a
salvação e a gloria de
Deus que nos criou, que
nos ama e nos quer junto
de si.
Para melhor expressar
melhor seu significado
transcrevo:
“Não existem dias tão
solenes e significativos
como o do nascimento de
nossa Companhia. A
decisão de funda-la foi
tomada na festa da
Invenção da Santa Cruz, e
procurou-se fazer
coincidir sua feliz
realização com o dia da
gloriosa Exaltação da
Cruz. A Cruz acolheu em
seu regaço a nossa
Companhia apenas
nascida, e era justo que
nascesse em tão gloriosa
data uma companhia que
professava pobreza
absoluta como a de
Cristo na Cruz, que
pregava a mortificação
da Cruz, e que parecia
tornar descobrir e a
exaltar a Cruz, a
reinstaurar a austera
forma de vida apostólica
em uma nova família
clerical. Por isso, estas
duas celebrações da Cruz
foram simples objeto de
especial veneração entre
nós, que nunca
desejemos ser
condecorados com outro
brasão ou insígnia que
não fosse a Cruz. Este é o
distintivo oficial de nossa
congregação; esta é a
insígnia de nossas casas e
de nossos templos, de
nossas alfaias sagradas e
domesticas de modo que
os Clérigos Regulares
podem ser chamados de
Religiosos da Cruz, como
eram chamados os
antigos cristãos, como
afirma Tertuliano”.
Uma expressão que
muito bem sintetiza essa
espiritualidade enraizada
na Cruz de Cristo foi
elaborada pelo espanhol
Pe. Jerônimo de La Lama,
quando no dia da
profissão dos primeiros
teatinos,ao final da Santa
Missa celebrada no altar
de Santo André, o
cerimoniário da Basílica
de São Pedro fez vir a
Cruz processional que
conduziria nossos
fundadores até o altar da
confissão na mesma
referida Basílica:
“Desta maneira vieram
no dia da Santa Cruz,
atrás da Santa Cruz, para
abraçar o caminho da
Cruz” (in die sanctae
Crucis, post Crucem, ad
amplexandam viam
Crucis).
Nosso pai fundador, São
Caetano, sabiamente
disse quando de sua
ordenação presbiteral:
“Torna-se sacerdote é
ligar minha vida à Cruz
de Cristo”! Essa
expressão nos demonstra
claramente qual é a
espiritualidade
sacerdotal de nosso pai e
nos aponta o caminho
para qual deveria estar
orientado nosso coração
e nossas forças: fazer-se
um com Cristo
crucificado!
Apresento o
desenvolvimento deste
emblema para os
21
teatinos dos primeiros
séculos:
Século XVI – a cruz se
torna símbolo de todos
os reformadores;
1533 – Pe. Caetano é
designado para a
fundação da casa em
Nápoles e aos pés da Cruz
implora a Deus um
companheiro que
soubesse crucificar sua
vontade, o que lhe é
enviado o Pe. João
Marinoni ;
Dom João Pedro Carafa
escreve que foi decidido
que nenhum emblema
secular fosse posto nas
igrejas teatinas a não ser
a Cruz sobre o trimonte;
1536 – o trimonte
encimado pela cruz
desnuda já aparecem nos
documentos;
1549 – carimbo de
madeira usado por Santo
André Avelino para lacrar
cartas oficiais da Ordem;
1562 – Dom Paulo Burali
D’Arezzo escreve para o
capitulo que havia
proibido colocarem
brasões particulares na
Igreja de São Silvestre no
Quirinal porque não era
costume da Ordem;
1570 – Pe. João Marinoni
impede que seja
colocadas outros
emblemas em São Paulo
Maior que não fosse a
Cruz,
1573 – A cruz sobre um
trimonte heráldico é
esculpido nas portas da
Casa de São Silvestre no
Quirinal de Roma;
1578 – Dom Marcelo
Maiorana chegou à sua
diocese de Cotrone a pé e
carregando uma grande
cruz até a cadetral
Século XVII – o emblema
teatino é esculpido nas
laterais da Basílica de
Santo André Della Valle;
1609 – a Primeira Historia
dos Clérigos Regulares, o
autor João Batista Del
Tufo traz como símbolo a
cruz sobre o trimonte e a
coroa de espinhos;
1628 – o símbolo teatino
vem estampado nos
comentários ás
Constituições do Pe.
Carlos Pellegrino;
1680 – na fachada da
Igreja de São Caetano em
Florença junto ao brasão
teatino foram postas as
figuras de duas mulheres,
uma simboliza a pobreza
e a outra a confiança em
Deus;
Na primeira metade do
século XVIII é esculpido o
emblema teatino na
Igreja de São Caetano em
Vicenza com o acréscimo
da inscrição “INRI” e com
a coroa de espinhos,
tendo a seguinte
exortação: “Reparaste o
estandarte do universo,
emblema dos Clérigos
Regulares”.
2 - A Cruz na
espiritualidade de nosso
pai São Caetano
Para nosso fundador a
cruz é um verdadeiro
convite a uma mudança
de vida e a uma profunda
configuração com o
Cristo que nela se deixou
pregar por amor a nós e
apara nossa salvação.
São Caetano acreditava
que militando sob a Cruz
de Cristo se poderia
vencer toda má
inclinação, toda
imperfeição, sem tréguas
nem descanso, progredir
sempre para Deus. Aos
que se apresentava para
ingressarem na Ordem
ele exortava:
“Aqui só existem os que
procuram o Cristo
Crucificado”.
“Aqui vivemos
congregados sob o jugo
da Cruz”.
Nas frases acima citadas,
São Caetano não quer
dizer aos que chegam
que a vida é sofrimento e
22
desalento, amargura e
tristeza, mas sim que a
vida sob a Cruz é de luta
que leva a vitoria, morte
que leva a ressurreição,
esperança que nos une a
Cristo.
Novamente transcrevo
aqui algumas linhas da
obra “Teatinos” que
expressão muito bem a
espiritualidade de nosso
fundador:
“Para Caetano, a Cruz é o
principio de toda
reforma, é a sementeira
de toda colheita, é o
lugar de toda renovação
e a condição de toda
ressurreição”.
“Para os teatinos a Cruz é
a estrutura interna que
mantém toda atividade e
irradiação do sacerdote
reformado. O
seguimento de Cristo é
para os teatinos, a
imitação do Cristo
crucificado, e esta
coincide para eles com a
vida religiosa”.
Um trecho da carta de
nosso cofundador
Bonifacio De’Colli
expressa bem o
sentimento dos quatro
primeiros teatinos e os
requisitos para quem
pretendia se unir a eles:
“Aprenderá através da
experiência de cada dia,
qual é o sentido e a força
da palavra do Senhor que
diz: Aquele que deseja vir
atrás de mim, negue-se a
si mesmo, tome a sua
Cruz e me siga,
entretanto pela porta
estrita e caminhando
pelo pranto da penitência
até chegar às praias de
uma caridade sem fim”!
O retorno ao Evangelho é
sempre um retorno à
Cruz e os grandes
reformadores sempre
foram homens da Cruz.
Para os teatinos era
programa da reforma
interior, pela qual se
deve começar
infalivelmente, até a da
igreja. O caminho para a
reforma do ser e da Igreja
é um só: a Cruz!
Muito se diz que sempre
um santo guia outro
santo, assim sendo,
nosso pai Caetano se
deixava conduzir pelos
escrito de um padre do
deserto chamado João
Cassiano e do qual se
acredita ter extraído de
suas “Colações” uma
síntese espiritual e que
mais tarde toda a Ordem
assumiu para si: a Cruz, a
perfeição evangélica e a
confiança na providência.
3 – O trimonte
Ainda em nosso emblema
se encontra sob a Cruz
três montes os quais
podemos atribuir
diversos significados:
- a Santíssima Trindade;
-os votos que
caracterizam a maioria
dos institutos religiosos:
pobreza, castidade e
obediência;
-os três sustentáculos da
vida religiosa: a palavra
de Deus, os Sacramentos
e a devoção à Virgem
Maria;
Mas aqui, quero me ater
a um simbolismo que um
sacerdote, Pe. João Maria
de Cortesis
contemporâneo dos
primeiros teatinos intuiu
na vida daquela
comunidade de homens
profundamente ligados à
Cruz:
a)- O desprendimento:
viver desapegado de
tudo e todos, possuir
como se nada tivesse,
não ater o coração a
nada, senão a Deus e ao
cumprimento de Sua
Vontade;
b)- A radical pobreza:
coração livre de todo
apego terreno, pronto
para deixar um local e
partir em missão para
outro;
c)- A confiança em Deus
providente: nunca
23
esperar em suas próprias
forças, sempre se
abandonar ao Pai do céu
que nos ama e sabe de
nossas necessidades.
4 – “Buscai em primeiro
lugar o Reino de Deus...”
Este trecho do Evangelho
de Mateus (Mt 6,33a) nos
convida a não nos
atermos a coisas
passageiras, coisas que
perderemos e que nada
poderemos fazer para
prolongarmos sua
existência. Só o Reino de
Deus vale a pela ser
instaurado, só ele pode
corresponder às nossas
aspirações de paz,
felicidade, alegria, amor,
caridade perfeita, tudo o
mis que possa vir a fugir
disso leva a frustração e
decepção porque não
tem base solida e alicerce
seguro. Deus é o
idealizador desse Reino,
mas nós somos seus
construtores que a cada
gesto de caridade, amor,
perdão, acolhida o vai
edificando nesta terra
para o consumar no céu!
5 – “...e a sua justiça, e
todas as coisas vos serão
dadas por acréscimo!”
Essa segunda parte deste
chamado de Cristo no
mesmo Evangelho (Mt
6,33b) nos pede para
buscarmos a justiça deste
Reino. Ora mas qual seria
a sua justiça? O apóstolo
Paulo nos reponde na sua
carta aos Romanos (Rm
14,17-19):
“Pois o Reino de Deus
não é comida e bebida,
mas é justiça e paz e
alegria o Espírito Santo.
Quem serve assim a
Cristo agrada a Deus e é
estimado pelos homens.
Portanto, busquemos
tenazmente tudo o que
contribui para a paz e a
edificação de uns pelos
outros”.
Assim por justiça
entendemos dar ao outro
aquilo que ele merece,
ou seja, não na nossa
medida, mas na medida
em que o outro o tem
direito, Deus age da
melhor forma nos dando
todos os dons
necessários para uma
vida digna e saudável,
mas fica sempre na nossa
decisão o que faremos
desse dom, podemos
exercer a justiça do Reino
no momento em que nos
deixarmos conduzir por
essa palavra que quer
nos fazer viver em
plenitude.
A alegria que vem do
Espírito Santo não se
configura nunca com essa
alegria passageira e fugaz
que o mundo nos
apresenta e insiste em
nos impregnar. A alegria
que vem Deus é algo que
nos transforma e nos leva
a buscar a felicidade do
outro e a enxergar no
outro a presença de
Deus! Quem é feliz no
Espírito Santo não se
deixa arrastar por coisas
mesquinhas mas,
independente do exterior
traz em si algo de belo e
vivo que só quem espera
em Deus pode
demonstrar.
6 – Conclusão
Creio que nossos
fundadores escolheram
esses sinais para
expressarem a missão
que a nova companhia
queria empreitar:
renovar-se para renovar
a Igreja, desapegar-se
completamente de todo
vinculo que possa
destruir o homem e sua
dignidade, ligarem-se a
Cristo de forma intima e
completa assumindo sua
Cruz e missão, anunciar,
e mais que isso, instaurar
com a Força do Espírito
Santo o Reino de Deus já
aqui, na justiça, na paz,
fazendo-se sinais de uma
24
profunda reforma, que
mais do que na estrutura,
seria do próprio ser
cristão voltando às fontes
e vivendo na sinceridade
de sua vocação:
“Pobres de tudo,
desnudos de qualquer
recurso próprio, vivendo
do amor de Deus!”
João Amaro
VENERÁVEL FRANCISCO OLIMPIO – AMANTE DA EUCARISTIA E DA POBREZA –
Francisco Olimpio nasceu em 5 de
fevereiro de 1559 em Nápoles, filho de
Tibério Olimpio e Elisabeta Di Leo, os
quais o dão o nome de Domingos Salvador
Honório.
Quando completa quinze anos decide
que tem que tomar uma decisão quanto a
que profissão seguir, decidindo-se por
responder ao apelo que sentia em seu
coração para servir a Deus através dos
irmãos, seguindo esse caminho por uma
via especifica, a vocação sacerdotal,
“O venerável Francisco
Olimpio nos deixa de um modo
muito claro e objetivo qual é o
caminho da santidade.”
25
entrando assim para a Ordem dos Padres
Teatinos. Identificou-se pelos teatinos por
serem estes, como ele dizia ‘os padres
reformados’. Ele emite sua profissão
solene da Ordem aos 17 anos, em 1576 no
dia do Beato Paulo Buralli D’Arezzo
(17/06), mudando seu nome para
Francisco.
Foi ordenado padre aos 25 anos de
idade em 25/03/1584, indo trabalhar da
cidade de Vico na Italia. Estupefato com o
mistério da concepção Imaculada de
Nossa Senhora, dedica sua vida a uma
especial devoção a Imaculada Conceição,
passando muitas horas rezando em frente
da imagem de Nossa Senhora, horas estas
que se multiplicaram também na
adoração eucarística “fonte de todos os
bens, segurança e certeza de todo
conselho, verdadeiro refúgio ante
qualquer adversidade”, como ele mesmo
dizia. Estas devoções renderam-lhe
imenso amor pela pobreza, pela
humildade e pelo sacrifício de si, visitas
incansáveis aos enfermos, as mães
solteiras e aos encarcerados.
Conservando sua grande devoção a Maria,
ajuda a propagar, fundamentado na obra
de São Luis Grignion de Montfort –
Tratado da verdadeira devoção à
Santíssima Virgem Maria -, o desejo de ser
escravo de Maria, escravidão que envolvia
um sacrifício de si mesmo e entrega para
o serviço ao necessitado, sendo criado por
ele o ‘Monte dos escravos de Nossa
Senhora’, uma especial de banco que
ajudava financeiramente as pessoas que
precisavam, por exemplo, de um
atendimento medico e que não tinham
condições para isso. Este “banco” era
fortalecido por doações do povo leigo
que, seguindo o exemplo de Francisco
Olimpio, tornavam-se escravos de Nossa
Senhora.
Dedicou toda sua vida, deste modo
ao “ora et labora”, ou seja, oração e
trabalho, gastando inúmeras horas em
orações e adorações, e, o dobro de horas,
em atendimento aos pobres, doentes e
desamparados.
Morreu em 21 de fevereiro de
1639, com quase oitenta anos, em fama
de santidade, fama tão grande que teve
seu processo de beatificação aberto
apenas quatro anos após sua morte.
O venerável Francisco Olimpio nos
deixa de um modo muito claro e objetivo
qual é o caminho da santidade. Quer ser
santo, reze, tenha uma verdadeira
devoção e confiança em Nossa Senhora,
nossa Mãe, comungue e adore o
Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus
inúmeras vezes, mas não pare nisto, é
preciso o trabalho, é preciso amar Nossa
Senhor e Jesus no irmão que sofre.
João Victor dos Santos Silva
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Encontre-me no campo
No campo encontra-se Deus. No campo encontra-se a luz que orienta E se dá como caminho. No campo encontra-se a poesia que
embeleza a Vida E a faz respirar livremente.
No campo encontrei a flor
Que faz os olhos brilharem em
lágrimas. No campo encontrei o vento Que preenche os pulmões E faz-me felicitar o poente. No campo encontrei o arbusto singelo Que recebeu a mais singela das
mulheres
E que por razão tornou-se rainha dos
céus.
No campo encontrei um coração
pulsante Que desejava o amor de todos Que por seu meio a Paz resplandeceria
entre os povos E conduziria todos a Aquele
Que primeiramente pode ser Encontrado.
Franklin Pontes
PENSAMENTOS, FRASES E POESIAS