Revista Sinais do planeta

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por uma cultura de paz e pela ecologia integral Revista Ecologia Integral Impressa em papel reciclado Ano 7 - N.º 30 - R$6,00 Foto: Alice Okawara A responsabilidade humana nas mudanças climáticas Sinais do planeta

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por uma cultura de paz e pela ecologia integral

Revista

Ecologia IntegralImpressa em papel reciclado

Ano 7 - N.º 30 - R$6,00

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A responsabilidade humana nasmudanças climáticas

Sinais do planeta

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Atividades do Cei e pontos deAtividades do Cei e pontos deAtividades do Cei e pontos deAtividades do Cei e pontos deAtividades do Cei e pontos devenda da Revista Ecologia Integralvenda da Revista Ecologia Integralvenda da Revista Ecologia Integralvenda da Revista Ecologia Integralvenda da Revista Ecologia Integral3232323232

Desenhos e textos da garotadaDesenhos e textos da garotadaDesenhos e textos da garotadaDesenhos e textos da garotadaDesenhos e textos da garotada

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sentido do tato - sentido do tato - sentido do tato - sentido do tato - sentido do tato - por Leandro Carvalhopor Leandro Carvalhopor Leandro Carvalhopor Leandro Carvalhopor Leandro Carvalho Silva Silva Silva Silva Silva

Controle externo ou sensibil idade do ser -Controle externo ou sensibil idade do ser -Controle externo ou sensibil idade do ser -Controle externo ou sensibil idade do ser -Controle externo ou sensibil idade do ser -

Quem decide o futuro da Terra?Quem decide o futuro da Terra?Quem decide o futuro da Terra?Quem decide o futuro da Terra?Quem decide o futuro da Terra?

por Ana Mansoldopor Ana Mansoldopor Ana Mansoldopor Ana Mansoldopor Ana Mansoldo

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Espaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da Florinda

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Educação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambiental

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Ecologia pessoalEcologia pessoalEcologia pessoalEcologia pessoalEcologia pessoal

Como e por que o ser humano vemComo e por que o ser humano vemComo e por que o ser humano vemComo e por que o ser humano vemComo e por que o ser humano vem

alterando o cl ima do planeta?alterando o cl ima do planeta?alterando o cl ima do planeta?alterando o cl ima do planeta?alterando o cl ima do planeta?

O que está acontecendo com o planeta Terra?O que está acontecendo com o planeta Terra?O que está acontecendo com o planeta Terra?O que está acontecendo com o planeta Terra?O que está acontecendo com o planeta Terra?

Atmosfera e efeito estufa: gases regulamAtmosfera e efeito estufa: gases regulamAtmosfera e efeito estufa: gases regulamAtmosfera e efeito estufa: gases regulamAtmosfera e efeito estufa: gases regulam

a temperatura na Terraa temperatura na Terraa temperatura na Terraa temperatura na Terraa temperatura na Terra

O esforço internacional para o controleO esforço internacional para o controleO esforço internacional para o controleO esforço internacional para o controleO esforço internacional para o controle

das emissões atmosfér icasdas emissões atmosfér icasdas emissões atmosfér icasdas emissões atmosfér icasdas emissões atmosfér icas

A discussão das mudanças cl imáticas no Brasi lA discussão das mudanças cl imáticas no Brasi lA discussão das mudanças cl imáticas no Brasi lA discussão das mudanças cl imáticas no Brasi lA discussão das mudanças cl imáticas no Brasi l

Acontece no mundoAcontece no mundoAcontece no mundoAcontece no mundoAcontece no mundo

Pesquisas brasi le i ras sobre mudanças cl imát icasPesquisas brasi le i ras sobre mudanças cl imát icasPesquisas brasi le i ras sobre mudanças cl imát icasPesquisas brasi le i ras sobre mudanças cl imát icasPesquisas brasi le i ras sobre mudanças cl imát icas

O que podemos fazer para ajudar?O que podemos fazer para ajudar?O que podemos fazer para ajudar?O que podemos fazer para ajudar?O que podemos fazer para ajudar?

As ações da ong Ecoa no PantanalAs ações da ong Ecoa no PantanalAs ações da ong Ecoa no PantanalAs ações da ong Ecoa no PantanalAs ações da ong Ecoa no Pantanal

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Pensar globalmente,Pensar globalmente,Pensar globalmente,Pensar globalmente,Pensar globalmente,agir localmenteagir localmenteagir localmenteagir localmenteagir localmente

Ponto de vistaPonto de vistaPonto de vistaPonto de vistaPonto de vista

Pós-graduaçãoPós-graduaçãoPós-graduaçãoPós-graduaçãoPós-graduaçãoCentro de Ecologia Integral formaCentro de Ecologia Integral formaCentro de Ecologia Integral formaCentro de Ecologia Integral formaCentro de Ecologia Integral forma

educadores ambientaiseducadores ambientaiseducadores ambientaiseducadores ambientaiseducadores ambientais

Efeito estufa: o que eu tenho a ver com isso?Efeito estufa: o que eu tenho a ver com isso?Efeito estufa: o que eu tenho a ver com isso?Efeito estufa: o que eu tenho a ver com isso?Efeito estufa: o que eu tenho a ver com isso?

por Oscar Alves de Carvalho Júniorpor Oscar Alves de Carvalho Júniorpor Oscar Alves de Carvalho Júniorpor Oscar Alves de Carvalho Júniorpor Oscar Alves de Carvalho Júnior

As várias formas de poluiçãoAs várias formas de poluiçãoAs várias formas de poluiçãoAs várias formas de poluiçãoAs várias formas de poluição

por Oswaldo Moreno Navaspor Oswaldo Moreno Navaspor Oswaldo Moreno Navaspor Oswaldo Moreno Navaspor Oswaldo Moreno Navas

Mulheres e mudanças cl imát icasMulheres e mudanças cl imát icasMulheres e mudanças cl imát icasMulheres e mudanças cl imát icasMulheres e mudanças cl imát icas

por Deborah Munhozpor Deborah Munhozpor Deborah Munhozpor Deborah Munhozpor Deborah Munhoz

Transposição do Rio São FranciscoTransposição do Rio São FranciscoTransposição do Rio São FranciscoTransposição do Rio São FranciscoTransposição do Rio São Francisco

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Para a divulgação da ecologia integral e da cultura de paz, os conteúdos aqui apresentados podem e devem serrepassados adiante. Você pode reproduzir os textos da Revista Ecologia Integral, citando o autor (caso houver)e o nome da publicação da seguinte forma: “Extraído da Revista Ecologia Integral, uma publicaçãoda ong Centro de Ecologia Integral. Informações no site www.ecologiaintegral.org.br”.Fineza enviar-nos cópia do material produzido para o nosso arquivo.

A Revista Ecologia Integral é uma publicação do

Centro de Ecologia Integral, organização não-

governamental, sem fins econômicos, que tem

por finalidade trabalhar por uma “cultura depaz” e pela “ecologia integral”, apoiando e de-

senvolvendo ações para a defesa, elevação e

manutenção da qualidade de vida do ser

humano, da sociedade e do meio ambiente,

através de atividades que promovam a ecologiapessoal, a ecologia social e a ecologiaambiental. A Revista é um dos meios utilizados

para divulgar, informar, sensibilizar e iniciar um

processo de transformação em direção à

ecologia integral e a uma cultura de paz.

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ExpedienteExpedienteExpedienteExpedienteExpedienteEditorialEditorialEditorialEditorialEditorial

Homo sapiens sapiens?

Revista Ecologia Integral - ISSN 1808-7256Ano 7 - N° 30 - Impressa em abril de 2007Publicação do Centro de Ecologia Integral - CeiRegistrada no Cartório de Registro Civil dePessoas Jurídicas sob o nº 1093Diretores do Cei: Ana Maria Vidigal Ribeiro e

José Luiz Ribeiro de Carvalho

Editora: Ana Maria Vidigal Ribeiro - MG 5961 JP

Jornalista responsável: Desirée Ruas - MG 5882 JP

Projeto gráfico e editoração: Desirée Ruas

Serviços gráficos: Gráfica e Editora O Lutador

Tiragem: 2000 exemplares

Endereço para correspondência:Centro de Ecologia Integral

Rua Bernardo Guimarães, 3101 - Sala 204

Bairro Santo Agostinho - Belo Horizonte

Minas Gerais - Cep: 30.140-083

Telefone: (31) 3275-3602

[email protected]

www.ecologiaintegral.org.br Em respeito ao meio ambiente, a Revista Ecologia Integral é impressa em papel reciclado.

Para adquirir uma assinatura da Revista EcologiaIntegral (oito edições), envie cheque cruzado e

nominal ao Centro de Ecologia Integral no valor de

R$48,00 (preço válido até 31/12/2007). Você

também pode efetuar depósito no Banco do Brasil

(Ag: 1629-2 C/C:18377-6) ou Banco Real (Ag: 0181

C/C: 2971626-4) e enviar comprovante para o Centrode Ecologia Integral. Ou solicitar boleta para

pagamento que será enviada pelo correio.

Segundo a antropologia e a biologia, o ser humano faz parte do reino animal, filo doscordados, classe dos mamíferos, ordem dos primatas, família Hominidae, gênero Homo,espécie sapiens. Teorias mais aceitas entre os antropólogos apontam para uma origem doHomo sapiens nas savanas da África entre 130.000 a 200.000 anos atrás. Homo erectus...Homo floresiensis... Homo neanderthalensis... Homo rhodesiensis... Homo sapienssapiens. Estas são algumas das etapas da evolução do ser humano, segundo a antropologiae a teoria da evolução de Darwin.

Existem também outras teorias que buscam explicar a presença humana na Terra.Entre elas o criacionismo, que entende a origem de tudo como um ato intencional criativo,e o criacionismo evolucionista, que procura integrar os conceitos das duas visões (aevolucionista e a criacionista).

Independente da teoria que oriente as reflexões sobre a crise atual e a relação do serhumano com o meio ambiente natural, parece haver um consenso, quase uma unanimidade,no seguinte aspecto: o modelo atual de relacionamento ser humano-natureza está seesgotando em velocidade perigosamente crescente. Não temos outra alternativa: oumudamos, ou mudamos.

Sapiens, em latim, significa racional, sensato, sábio. Homo sapiens sapiens significaentão, literalmente, homem duplamente sábio. Estará este termo adequado? Podemosdizer que já existe um ser humano sensato, sábio?

O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, IPCC, publicadorecentemente pela Organização das Nações Unidas, ONU, resultado do trabalho de maisde dois mil cientistas de todo o mundo, ao apontar, com enorme probabilidade, aresponsabilidade humana nas mudanças climáticas, mostra o quanto ainda temos queevoluir enquanto uma das espécies que habita o planeta.

Muitos outros relatórios da ONU e de outras instituições de renome mundial trazemnúmeros sobre a fome, a pobreza, a violência, a destruição das espécies e dos ecossistemas,e outras conseqüências da ação humana no mundo. Os estudos evidenciam uma realidadetriste e inexplicável. Apesar de todos os complexos sistemas e tecnologias criados pelo serhumano ao longo do tempo, ainda presenciamos o abandono, a falta de cuidado, aindiferença do ser humano para com o seu semelhante. Muita inteligência e pouco amorao próximo e à Terra.

Estamos, portanto, num momento crítico e importante da história do ser humanoneste planeta. Ou o Homo sapiens sapiens vai se desenvolver e aprender como se relacionarcom o outro e com a natureza dentro dos princípios da sustentabilidade para a vida ou serámais uma espécie extinta, como tantas já o foram pela desastrosa ação humana.

Acreditamos que uma nova espécie poderá surgir desta crise, e a ela dedicamos estenúmero da Revista Ecologia Integral.

Um grande abraço a todos.

Ana Maria e José LuizDiretores do Centro de Ecologia Integral

Revista Ecologia Integral n°30

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Centro de Ecologia Integralde Jequitinhonha/MG

Tel.: (33) 3741-1107 (Frei Pedro)

Centro de Ecologia Integralde Pirapora/MG

Tel.: (38) 3741-7557 (Delvane)

Amalé - Grupo de Divulgação dasManifestações Folclóricas

Juiz de Fora/MGwww.grupoamale.org.br

Associação Cultural Nova Acrópole do Brasilwww.nova-acropole.org.br

Tel.: (31) 3227-1148

Gráfica e Editora O LutadorTel.: (31) 3439-8000www.olutador.org.br

Projeto O Sal da [email protected]

Sociedade Vegetariana Brasileira (BH)Tel.: (31) 3313-5592 - [email protected]

www.svb.org.br

Quatro Cantos do MundoTel.: (31) 3461-6851/9111-9359 (Carolina)

[email protected]

Rede Mineira de Educação AmbientalTel.: (31) 3277-5040

[email protected]

Trilhas D’Água Passeios EcológicosTels.: (31) 3295-6546/9985-3185 (Evaldo)

[email protected]

Universidade Internacional da PazUnipaz-MG

Tel.: (31) 3297-9026www.unipazmg.org.br

Unipaz - AraxáTels.: (34) 3661-3199 (Homero)

Vibra Mais - Vida à Bacia do RibeirãoArrudas, Meio Ambiente e Integração Social

Tels.: (31) 3393-2659 (Selma) (31) 3467-2275 (Joana)

Atuais parceirosAtuais parceirosAtuais parceirosAtuais parceirosAtuais parceiros

Car ta sCar ta sCar ta sCar ta sCar ta s

Conheça as dimensões daConheça as dimensões daConheça as dimensões daConheça as dimensões daConheça as dimensões daecologia integralecologia integralecologia integralecologia integralecologia integral

iA ecologia pessoalvisa a saúde física, emocional, mental e espiritual do ser humano como

estratégia fundamental para o desenvolvimento da paz e da ecologia

integral.

A ecologia socialbusca a integração do ser humano com a sociedade, o exercício da

cidadania, da participação e dos direitos humanos, a justiça social, a

simplicidade voluntária e o conforto essencial, a escala humana, a cultura

de paz e não-violência, a ética da diversidade, os valores universais, a

inclusividade, a multi e a transdisciplinaridade.

A ecologia ambientalobjetiva a integração do ser humano com a natureza facilitando o processo

de conscientização e sensibilização no sentido da redução do consumo e

do desperdício, do incentivo à reutilização e à reciclagem dos recursos

naturais, bem como da preservação e defesa do meio ambiente e de

sociedades sustentáveis.

Comentários sobre a Revista Ecologia Integral

“Recebemos com satisfação a edição nº 29 da Revista Ecologia Integral com o temaeducação ambiental. As matérias ficaram muito boas e esperamos ter um bomretorno com esta divulgação de nossas atividades de educação ambiental e da RedeMineira de Educação Ambiental.”Aluísio Cardoso de Oliveira - Gerente de Educação AmbientalCentro de Extensão em Educação Ambiental / Sala VerdePrefeitura Municipal de Belo Horizonte

“Parabenizamos a equipe do Centro de Ecologia Integral pela qualidade da RevistaEcologia Integral n°29 sobre o tema educação ambiental e esforços empreendidosna área da educação por uma cultura de paz e construção de sociedades sustentáveis.”Rachel TrajberCoordenadora-geral de Educação Ambiental - Ministério da Educação

“Gostaria de parabenizar a Revista Ecologia Integral pelo belo trabalho. A Revista émaravilhosa. Parabéns!”Anaisa MoreiraUberlândia - Minas Gerais

“Sou assinante da Revista Ecologia Integral e adoro o trabalho de vocês. Essa Revistanos torna cidadãos conscientes .”Calcida Guido da SilvaBerilo - Minas Gerais

Revista Ecologia Integral n°30

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ObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatório

Esforço mundial

Metas para proteger a biodiversidade“Contagem Regressiva 2010” (Countdown 2010, em inglês)

é um programa internacional com o objetivo de erradicar aperda da biodiversidade em todo o mundo. Lançado em 2004,em uma conferência na Irlanda, o Countdown 2010 é umarede de sócios ativos que trabalham em parceria, para alcançaras metas de conservação da biodiversidade estabelecidas pelaConvenção sobre Diversidade Biológica, CDB. Cada sócio vemrealizando esforços que visam barrar as causas da perda debiodiversidade. Atualmente, o Countdown 2010 é compostopor 6 governos nacionais, 8 governos regionais e locais, 4instituições acadêmicas, 17 aquários, museus, parques ejardins zoológicos e mais de 70 ongs.

No BrasilPara cumprir os compromissos assumidos junto à Convenção

Sobre Diversidade Biológica, a Comissão Nacional de Bio-diversidade, Conabio, definiu um conjunto de metas nacionaisde biodiversidade, em consonância com as metas globaisaprovadas pela Conferência das Partes da CDB.

O Brasil é um dos poucos países ricos em diversidade e quejá definiu suas metas em conjunto com representantes dogoverno e da sociedade.

As metas dispõem sobre o conhecimento e conservação,utilização sustentável, monitoramento, avaliação dabiodiversidade; prevenção e mitigação de impactos sobre abiodiversidade; acesso aos recursos genéticos, conhecimentos

tradicionais associados e repartição de benefícios;educação, sensibilização pública, informação edivulgação sobre biodiversidade; e fortalecimentojurídico e institucional para a gestão dabiodiversidade.

Mais informações:Contagem Regressiva 2010www.countdown2010.netMetas Nacionais de Biodiversidade para 2010www.mma.gov.br/conabio

Ministros de meio ambiente de vários paísesrealizaram em Nairóbi, no Quênia, no último mêsde fevereiro, as negociações mundiais pelaprogressiva redução da utilização do mercúrio nosprocessos industriais. Durante a 24ª sessão doConselho de Administração do Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente, Pnuma, e do FórumGlobal de Ministros da área, a ministra do MeioAmbiente, Marina Silva, defendeu que a substituiçãodo mercúrio seja feita mediante mecanismos decompensação, como transferência de tecnologia eadoção de fundo financeiro de apoio internacionalaos países em desenvolvimento, que abdicarem dautilização daquele metal em seus processosindustriais.

O mercúrio é um dos problemas mais sérios parao ambiente e a saúde humana, em especial naAmazônia. Além de ser usado na produção de soda,lâmpadas fluorescentes, termômetros e de outrosprodutos, o metal é empregado na amalgamaçãodo ouro. O seu uso indiscriminado e sem critériosem garimpos contaminou o ar, os rios e solos daregião, atingindo os peixes e os seres humanos,sobretudo habitantes de regiões ribeirinhas.

Negociação mundial contra autilização do mercúrio

A sobrevivência das espéciesdepende da preservação deseus ecossistemas

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Água limpa e sem sal no nordeste

ObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatório

Para garantir água potável para a população nordestinamesmo durante os períodos de seca, o Programa ÁguaDoce, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministériodo Meio Ambiente, intensificará o uso de um mecanismode dessalinização desenvolvido pela Universidade Federalde Campina Grande. A população de 120 localidades dosemi-árido brasileiro será beneficiada.

O dessalinizador transforma 900 litros de água retira-da do solo com alto teor de sal em água doce em apenasuma hora. A água doce vai para uma cisterna para garantiro consumo dos moradores do povoado.

O Programa pretende reativar os cerca de dois milequipamentos de dessalinização que foram instalados nonordeste na década passada. A maioria está desativadaou operando precariamente. O Programa Água Doce visaalcançar a meta da Declaração do Milênio, de reduçãopela metade, até 2015, da proporção da população semacesso permanente e sustentável à água potável. Aestruturação do programa considerou a recomendaçãoda Agenda 21 relacionada ao desenvolvimento de fontesnovas e alternativas de abastecimento de água (como adessalinização), e a delegação às comunidades daresponsabilidade pela implementação e funcionamentodos sistemas de abastecimento de água.

Pela primeira vez na história do país, o governo reconheceu a existência formal de todas aschamadas populações “tradicionais” do Brasil. O decreto presidencial número 6.040, de 7 defevereiro de 2007, instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos eComunidades Tradicionais, PNPCT, estendendo um reconhecimento feito parcialmente, naConstituição de 1988, apenas aos indígenas e aos quilombolas. Foram incluídos no conjunto daspopulações tradicionais, faxinenses (que plantam mate e criam porcos), comunidades de “fundode pasto”, geraizeiros (habitantes do sertão), pantaneiros, caiçaras (pescadores do mar),ribeirinhos, seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco de babaçu, ciganos, dentre outros.

Plantas medicinaisA Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, criada com o decreto 5.813, de 22

de junho de 2006, reconheceu a importância e estabeleceu as linhas de ação prioritárias para ouso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. A partir de um levantamento dos remédiostradicionais mais usados pela medicina popular brasileira e sua utilização, pesquisadores vêmavaliando a qualidade da matéria-prima, a eficácia no tratamento e a segurança para o paciente.Com o decreto, as plantas medicinais poderão ser prescritas por médicos do Sistema Único deSaúde, SUS.

Populações tradicionais

Maior consumidora de águaA agricultura é a atividade que demanda maior volume

de água. A produção de alimentos mundial responde por70,2% do consumo de água que vem dos mananciais. Aseguir, os maiores usos são a produção industrial e oabastecimento humano domiciliar.

No Brasil, a agropecuária responde por 69% do volumede água retirado dos mananciais. O abastecimentodoméstico e a atividade industrial são, na seqüência, osmaiores usuários, com 21% e 18%, respectivamente, devolume utilizado. Os dados são de 2002 e fazem parte dodocumento Cadernos Setoriais dos Recursos Hídricos,publicado recentemente pelo Ministério do Meio Ambientee distribuído para prefeituras, conselhos estaduais derecursos hídricos, comitês de bacias hidrográficas eorganizações não-governamentais.

Um dos desafios para se evitar o mau uso da água étornar a irrigação mais eficiente. Hoje, perde-se 35% doque se retira dos mananciais na condução e distribuiçãoda água.

A pecuária é outra atividade que demanda grandequantidade de água em todas as suas fases, como namanutenção do rebanho, no abate, no preparoagroindustrial dos cortes e na oferta de produtosderivados, tais como leite e ovos.

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ObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatórioObservatório

Agenda 21 Escolar - Escolas em movimento,um mundo em transformaçãoVale a pena conhecer a publicação Agenda 21 Escolar, organizada pelaeducadora ambiental Mara Andrade. A publicação é resultado do projetodesenvolvido pela Escola Balão Vermelho, de Belo Horizonte, em umaação conjunta dos alunos, educadores e parceiros. Com todos os capítulosdo documento oficial reescritos de forma simples, o livro apresenta dicaspara sua aplicação em escolas. O livro conta também a experiência daEscola Balão Vermelho, nos cinco anos de trabalho com a Agenda 21.Com 120 páginas e impressa em papel reciclado, o livro traz ilustraçõesde crianças da escola.

A resolução dos atuais problemas socioambientais, como o dasmudanças climáticas, depende da formulação e operacionalizaçãode planos e iniciativas de desenvolvimento sustentável. A Agenda21, resultado da Conferência das Nações Unidas sobre MeioAmbiente, Rio 92, é um dos principais instrumentos para aorganização e mobilização de grupos para se atingir este objetivo.

O fortalecimento dos processos, a troca de experiência e aorganização da Rede Mineira foram os principais objetivos do IEncontro Mineiro da Rede Brasileira de Agendas 21 Locais, realizadona cidade de Virgolândia, no período de 7 a 10 de fevereiro de2007. A Rede Mineira integra a Rede Brasileira de Agendas 21 Locais,criada em agosto de 2006 em Brasília.

A reunião estadual acontecerá a cada seis meses e a próximaestá prevista para o período de 19 a 22 de setembro, em Varginha.

A Rede Brasileira de Agendas 21 Locais possibilitará a visibilidadee reconhecimento dos processos existentes, além de estimularnovas iniciativas, criar canais de informação para a sensibilizaçãoe divulgação de ações e experiências exitosas e contribuir para apromoção e o engajamento de diversos setores da sociedade naimplementação de políticas locais voltadas para o desenvolvimentosustentável.

Entre as propostas aprovadas no I Encontro, destacam-se:elaboração de cadastro dos municípios que possuem processo deAgenda 21 instalado ou que venham iniciar; criação um selo de certificação para osmunicípios e demais atores envolvidos no processo; debate e decisão sobre temas técnicos;criação do site e de grupo de discussão virtual, entre outros.

Agenda 21 Local: I Encontro Mineiro fazpropostas para o fortalecimento da Rede

Múltipla escolhaMúltipla escolhaMúltipla escolhaMúltipla escolhaMúltipla escolha

Revista Ecologia Integral n°30 5

Participantes do I EncontroMineiro da Rede Brasileira

de Agendas 21 Locais,realizado em Virgolândia,

em fevereiro

Fotos: Arquivo Cei

Organização: Mara AndradeE-mail: [email protected] Balão VermelhoTelefone: (31) 3281-7799 - www.editorabalaovermelho.com.br

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O verão e o inverno de hoje não são mais como os de antigamente.Não é preciso ser especialista em clima para fazer esta constatação. Nasúltimas décadas, as estações do ano vêm sofrendo modificações visíveiscom alterações na temperatura e no volume das chuvas.

Apesar de ser velho conhecido de pesquisadores e educadoresambientais, o aquecimento global é agora assunto tratado por todos osmeios de comunicação. Mudança climática, efeito estufa, Protocolo deQuioto... Nem todos sabem o que estes termos significam mas todosos habitantes do planeta estão ouvindo falar deles. E cada pessoa, emuma determinada proporção, tem sua parcela de responsabilidade.

O estilo de vida e de consumo adotado por cada um de nós temrelação direta com o que acontece no planeta: exploração excessiva dosrecursos naturais, destruição da biodiversidade, poluição do ar, da águae do solo, dentre outros. A principal questão é o modelo de produçãoe consumo atual, alimentado pelo sistema capitalista globalizado. Sevocê consome produtos industrializados e utiliza algum meio de transportemovido por derivados de petróleo, você contribui para o aquecimentoglobal.

O aumento da temperatura global é apenas um dos sinais da crisevivida pelo planeta. É preciso olhar para os demais sinais que a Terra nosenvia. É preciso aprendermos a ver a realidade que nos cerca e a perceberque tudo está interligado.

Nós somos os principais causadores dessa realidade que prejudicatodas as espécies e a vida do planeta como um todo. Então, cabe a nósalterarmos nossas atitudes para que a relação com o planeta seja de maisrespeito e menos destruição.

Como e por que o ser humanovem alterando o clima do planeta?

Mudanças climáticas

Revista Ecologia Integral n°30

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O que está acontecendo com o planeta Terra?O clima do planeta está em constante modificação.

Mas, segundo os cientistas, as mudanças climáticas atuaisnão estão ligadas apenas a variações naturais, mas tam-bém às atividades humanas. O aquecimento global é umadessas mudanças. O aumento da temperatura da Terra éconseqüência da poluição da atmosfera devido, princi-palmente, à excessiva queima de combustíveis fósseis.

A temperatura média global subiu cerca de 0,7ºC entre1901 e 2005. Os dois anos mais quentes registrados atéhoje foram 1998 e 2005. E a situação pode piorar já queos cientistas estimam, nas previsões mais otimistas, umaumento entre 1,8 e 4,0 graus na temperatura do planetano século 21.

Os dados fazem parte do “Resumo para os Formu-ladores de Políticas”, que integra a primeira parte dorelatório “Mudanças Climáticas 2007”, do PainelIntergovernamental sobre Mudança Climática, IPCC, nasigla em inglês. O IPCC é a mais alta autoridade científicasobre aquecimento global. Foi criado em 1988 pelaOrganização Meteorológica Mundial, OMM, e pelo Progra-ma das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma.

As variações no clima do planeta, que muitos cien-tistas diziam esperar para daqui a algumas décadas, játêm conseqüências visíveis como o derretimento de gelei-ras e a diminuição das calotas polares. Além disso, amudança climática pode ser sentida em todo o planetacom a alteração nos padrões de chuva, com secas etempestades violentas, e níveis mais elevados nos mares.

Para o secretário-executivo do Fórum Brasileiro deMudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, coordenadordo Programa de Planejamento Energético da UniversidadeFederal do Rio de Janeiro, o relatório do IPCC e o movi-mento causado pelo ex-vice presidente dos EstadosUnidos, Al Gore, proporcionaram uma agitação em tornodo tema que não pode ser passageira. “O que nós devemosé aproveitar o momento para incluir o tema efetiva-mente na pauta de governos e empresas e buscar umasensibilização de toda a sociedade brasileira no que dizrespeito a questões como uso da energia, desmatamentose utilização de veículos.” Segundo Pinguelli, todas aspessoas podem contribuir de alguma forma para diminuiro problema das mudanças climáticas. “O cidadão comumpode influenciar nas decisões através da cobrança dosgovernos e das empresas. A sociedade precisa se mobilizar

para refletir sobre os atuais padrões de consumo que sãoinsustentáveis. O planeta não suporta que todas as naçõessigam os padrões americanos ou europeus de consumo. Énecessário discutirmos amplamente sobre a quantidadee os tipos de energia que estamos usando, sobre o tipo eo volume de veículos que estão nas ruas”, explica.

Em Minas Gerais, o secretário-executivo do FórumMineiro de Mudanças Climáticas, Milton Nogueira da Silva,explica que será feito um inventário das emissões degases de efeito estufa por setor produtivo e regiãogeográfica. O Fórum, ainda em fase de implantação,espera articular empresariado, governo, universidades eongs em iniciativas para diminuir o efeito estufa.

Para o coordenador do Comitê Municipal de MudançasClimáticas e Ecoeficiência e vice-prefeito de BeloHorizonte, Ronaldo Vasconcelos, devemos assumir umconsumo consciente. “Abrir mão de determinadas açõesnão é nada difícil, como por exemplo, usar menos o carroe mais o transporte coletivo. Usar produtos renováveis,procurando sempre diminuir o consumo, reutilizarmateriais e reciclá-los. Temos de reduzir a emissão degases causadores do efeito estufa”. Ele explica que, nacapital mineira, está sendo aprovada legislação sobre ouso de combustíveis renováveis pela frota de veículos daPrefeitura. Considera ainda que temos de avançar comrelação ao transporte coletivo, para reduzir o númerode veículos particulares em circulação nas ruas eavenidas.

O clima está mudando porque a ação humana estáinterferindo na forma com que a energia solar

interage com a atmosfera e escapa dela

Foto: Iracema Gom

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Atmosfera e efeito estufa: gases regulam atemperatura na Terra

Do grego, atmós (gás) e sphaîra (esfera), a atmosferaé uma mistura de gases que envolve o planeta Terra. Éformada principalmente por nitrogênio, N2 (78%) e poroxigênio, O2 (21%).

Alguns dos demais gases também presentes naatmosfera são conhecidos como “gases de efeito estufa”porque têm a capacidade de regular a temperatura naTerra. São eles o dióxido de carbono (CO2), ozônio (O3),metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), juntamente com ovapor d’água (H2O).

Esses gases recebem tal denominação por apre-sentarem a propriedade de reter o calor, da mesmaforma que os vidros de um carro fechado ou orevestimento de uma estufa sob a incidência do sol.

A temperatura média da Terra gira em torno de 15ºCdevido à presença de gases que existem naturalmentena atmosfera, como o dióxido de carbono, o metano eo vapor d’água. Eles formam uma camada que aprisionaparte do calor do sol. Sem eles, o planeta teria umatemperatura média de 17 graus abaixo de zero. Nesteambiente gelado poucas espécies conseguiriamsobreviver. Esse fenômeno é chamado de efeito estufa.Não fosse por ele, a vida na Terra não teria tamanhadiversidade.

Mas o excesso de dióxido de carbono, metano e outrosgases na atmosfera começou a comprometer o equilíbriodo clima no planeta intensificando o efeito estufa.

Gás carbônico Principal gás de efeito estufa presente na

atmosfera, o dióxido de carbono ou gáscarbônico, CO2, representa apenas 0,035% daatmosfera. Mas apesar da pequena quantidadeé de grande importância para a vida noplaneta pois contribui para o controle da tem-peratura na superfície terrestre, além de serfundamental no processo da fotossíntese.

Animais ao respirarem tomam oxigênio daatmosfera e o devolvem na forma de dióxidode carbono. Por outro lado, as plantas verdes,na presença da luz, retiram o CO2 do ar, usam

o carbono paracrescer e retor-nam o oxigêniopara atmosfera.Durante a noite,na transpiração,este processo seinverte e a plan-ta libera CO2 ex-cedente do pro-cesso de fotos-síntese. Além dasplantas verdes,certos protistas(como as diato-máceas e as eu-glenoidinas), as cianófitas (algas verde-azuladas) ediversas bactérias são organismos fotossintéticos, ou seja,são capazes de realizar a fotossíntese.

A importância da fotossíntese para a vida na Terra éenorme, pois é o primeiro e principal processo detransformação de energia na biosfera.

O CO2 é o gás que mais contribui para a intensificaçãodo efeito estufa porque o volume de suas emissões para aatmosfera representa algo em torno de 55% do total dasemissões de gases de efeito estufa e o tempo de suapermanência na atmosfera é de pelo menos 10 décadas.

O gás carbônico, CO2, é resultante de toda e qualquer combustão dematéria que contenha o elemento carbono, incluindo os combustíveis

fósseis utilizados pelos veículos automotores

Ilustração: Emidio

As queimadas contribuem para a emissãode dióxido de carbono na atmosfera

Ilustração: Emidio

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Outros gasesO gás que mais chama a atenção depois

do CO2 é o metano, ou CH4, produzido peladecomposição de matéria orgânica.Algumas atividades humanas aumentam aemissão deste gás, tais como a agro-pecuária, plantios irrigados, mudanças no usodo solo como os desmatamentos e a produçãode lixo e esgoto.

O óxido nitroso (N2O), um outro gás deefeito estufa, é liberado em atividadesagrícolas que utilizam fertilizantesquímicos e também em alguns processosindustriais. Já os clorofluorcarbonos, CFCs,hexafluorcarbonos, HFCs e perfluor-carbonos, PFCs, são utilizados em sprays eaerossóis, aparelhos de refrigeração e nafabricação de isopor.

A utilização dos CFCs - que além de seremgases de efeito estufa também são prejudiciais à camadade ozônio - está controlada pelo Protocolo de Montrealda Convenção das Nações Unidas para a Proteção daCamada de Ozônio. O que normalmente é chamado de“buraco” na camada de ozônio é, na verdade, umadiminuição da substância que funciona como um escudoprotetor filtrando parte da radiação ultravioleta que vemdo sol. É importante notarmos que a diminuição dacamada de ozônio e o aquecimento global são objeto detratados internacionais independentes.

IndustrializaçãoA partir da Revolução Industrial, no século XVIII, a

atmosfera começou a receber grandes volumes de gasesde efeito estufa. Em todo o mundo, o uso doscombustíveis fósseis foi se intensificando. As máquinasa vapor funcionavam com carvão mineral. Os derivadosdo petróleo eram usados como fonte energética parailuminação através da sua combustão em lampiões etambém em motores de combustão, assim como o gásnatural. Quanto mais a industrialização das cidadescrescia, maior era o uso dos combustíveis fósseis.

As atividades humanas, também denominadasantrópicas, ocasionaram ao longo do tempo, o usointensivo do carbono estocado durante milhões de anosem forma de carvão mineral, petróleo e gás natural, afim de gerar energia para as indústrias e para os veículos.

Tempestades mais violentas e elevação do nível dos oceanossão algumas das conseqüências das mudanças climáticas

Ilustração: Emidio

A poluição atmosférica aumenta a concentração de gases deefeito estufa como o dióxido de carbono

Ilustração: Emidio

As florestas, grandes depósitos de carbono, come-çaram a ser destruídas e queimadas cada vez mais rápido.Com as queimadas, o carbono estocado no solo é liberadopara a atmosfera. Com os desmatamentos, diminuem oschamados sumidouros, vegetação que tem a propriedadede absorver o CO2 e outros gases de efeito estufa, comoos aerossóis, da atmosfera.

Outras atividades básicas, como a criação de gado eos cultivos irrigados de arroz, emitem metano, óxidonitroso e outros gases de efeito estufa.

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O esforço internacional para o controledas emissões atmosféricas

A Convenção estabelece como objetivo final aestabilização das concentrações atmosféricas de gasesde efeito estufa em níveis seguros. Esses níveis, que nãoforam quantificados pela Convenção, devem seralcançados num prazo que permita aos ecossistemasadaptarem-se naturalmente à mudança do clima, queassegure que a produção de alimentos não seja ameaçadae que permita que o desenvolvimento econômico prossigade forma sustentável.

Para atingir esse objetivo, todos os países têm ocompromisso comum de tratar da mudança do clima,adaptar-se aos seus efeitos e relatar as ações que estãosendo realizadas para implementar a Convenção quedivide os países em dois grupos: os países industrializadosque mais contribuíram no decorrer da história para amudança do clima e que contam com maior capacidadefinanceira e institucional para tratar do problema, e ospaíses em desenvolvimento.

Protocolo de QuiotoO Protocolo de Quioto é um tratado internacional com

compromissos mais rígidos para a redução da emissãodos gases que provocam o efeitoestufa, considerados, de acordocom a maioria das investigaçõescientíficas, como causa doaquecimento global.

Em meados da década de 80 o tema mudançaclimática começou a ganhar espaço no cenário políticointernacional. Isto ocorreu devido ao aumento dasevidências científicas sobre a interferência humana nosistema climático e à crescente preocupação pública comas questões ambientais globais.

Com o objetivo de reunir informações científicasconfiáveis e atualizadas, em 1988, a OrganizaçãoMeteorológica Mundial, OMM, e o Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente, Pnuma, estabeleceram oPainel Intergovernamental sobre Mudança Climática,IPCC, sigla em inglês. Nesse mesmo ano, a AssembléiaGeral das Nações Unidas abordou o tema da mudança doclima pela primeira vez e adotou a resolução 43/53 sobrea “Proteção do clima global para as gerações presentese futuras da humanidade”. Em 1990, o IPCC lançou o seuPrimeiro Relatório de Avaliação, mostrando que asalterações do clima eram, de fato, uma ameaça, eincentivando a formulação de um acordo global paratratar do problema. Em 1990, a Assembléia Geral dasNações Unidas iniciou formalmente negociações relativasa uma convenção-quadro sobre mudança do clima pormeio da resolução 45/212, estabelecendo um ComitêIntergovernamental de Negociação, CIN, para conduziressas negociações.

A Convenção de Mudança do ClimaA Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança

do Clima foi aberta a assinaturas na Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,a chamada “Cúpula da Terra”, no Rio de Janeiro, emjunho de 1992 e entrou em vigor no dia 21 de marçode 1994. Hoje, 180 países e a Comunidade Européiasão Partes da Convenção. Para tornar-se Parte, opaís deve ratificar, aceitar, aprovar a Convençãoou a ela aceder. As Partes reúnem-se regularmentena Conferência das Partes, COP, para rever aimplementação da Convenção e dar continuidadeàs discussões sobre a melhor forma de tratar damudança do clima.

Ilustração: Emidio

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As metas dos países signatários do Protocolo de Quiotocobrem as emissões dos seis principais gases de efeito

estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4),óxido nitroso (N2O),

hidrofluorcarbonos (HFCs),perfluorcarbonos (PFCs) e

hexafluoreto de enxofre(SF6)

O Protocolo de Quioto foi o primeiro passo concretopara combater as mudanças climáticas globais. Oprotocolo define que os países desenvolvidos têm aobrigação de reduzir a quantidade de gases poluentesem, pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveisde 1990. Os países signatários terão que colocar emprática planos para reduzir a emissão desses gases entre2008 e 2012.

Discutido e negociado em Quioto no Japão em 1997,foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 eratificado em 15 de março de 1999. Para entrar em vigor,o Protocolo precisava ser ratificado por paísesresponsáveis por pelo menos 55% das emissões.Oficialmente entrou em vigor em 16 de fevereiro de2005, depois que a Rússia, segundo maior emissor degases do mundo, o ratificou em novembro de 2004. Ogoverno dos Estados Unidos, os maiores emissores, commais de 36% do total mundial, optou pela não-ratificação.

O Protocolo também estabelece três mecanismos:Implementação Conjunta; Comércio de Emissões eMecanismo de Desenvolvimento Limpo, MDL. A Imple-mentação Conjunta diz respeito apenas aos paísesdesenvolvidos. Acontece quando dois ou mais delesimplementam projetos que reduzam a emissão de gasesde efeito estufa para posterior comercialização. Com oMDL, os países desenvolvidos podem adquirir créditos decarbono gerados em países em desenvolvimento ueassinaram o Protocolo, caso do Brasil. Em outras palavras,a emissão de gases de efeito estufa em um local é

compensada com medidas de redução da emissão domesmo gás em outro local do planeta. OComércio de Emissões, determinado noProtocolo, estabelece um mercadocompletamente novo. Ao atribuir aocarbono um valor econômico, essecomércio deve incentivar a participaçãomaior nos esforços pela redução deemissões. Os benefícios da Imple-mentação Conjunta, do Mecanismo de

Desenvolvimento Limpo e do Comércio de Emissões sóestão disponíveis aos países que implementarem oProtocolo de Quioto.

Participação brasileiraO único mecanismo que envolve a participação de

países em desenvolvimento, como o Brasil, é o MDL,elaborado com base em uma proposta brasileira. O MDLpossibilita a transferência de recursos e tecnologiaslimpas de países desenvolvidos para países em desen-volvimento, mediante investimentos em tecnologias maiseficientes, substituição de fontes de energia fósseis porrenováveis, racionalização do uso da energia, flores-tamento e reflorestamento, entre outras. Estima- se queChina, Brasil e Índia serão os maiores receptores dessetipo de projeto.

Embora o Brasil não possua metas, há um com-prometimento voluntário do país para redução de suasemissões. O combate às queimadas e ao desmatamentoé o principal desafio brasileiro. A Amazônia é um biomacom importância fundamental na regulação do climaglobal. O cultivo de florestas é fundamental para afixação de carbono, contribuindo para a redução dosefeitos do aquecimento global. O incremento dabiomassa vegetal (plantio de árvores) ‘seqüestra’ odióxido de carbono da atmosfera e colabora paraamenizar o aquecimento do planeta.

Para a redução das emissões, os países signatáriosdevem conjuntamente reformar os setores de energia etransportes; promover o uso de fontes energéticasrenováveis; eliminar mecanismos financeiros e demercado inapropriados aos fins da Convenção; limitar asemissões de metano no gerenciamento de resíduos e dossistemas energéticos; proteger florestas e outrossumidouros de carbono.

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Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas

Fórum Brasileiro de Mudanças ClimáticasO Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, FBMC, visa

conscientizar e mobilizar a sociedade para a discussão etomada de posição sobre os problemas decorrentes damudança do clima por gases de efeito estufa, bem comosobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, MDL.

O FBMC deve auxiliar o governo na incorporação dasquestões sobre mudanças climáticas nas diversas etapas daspolíticas públicas. É composto por 12 ministros de Estado,do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas, ANA, ede personalidades e representantes da sociedade civil. OFórum é presidido pelo Presidente da República.www.mct.gov.br (link Mudanças climáticas)

O Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas Globais foicriado em 2005. Compete a ele formular e implementarpolíticas relativas às mudanças climáticas globais; propornormas para a instituição de uma política estadual demudanças climáticas, em articulação com a políticanacional de mudanças climáticas e outras políticas públicascorrelatas; e incentivar projetos que utilizem o Mecanismode Desenvolvimento Limpo, a fim de que se beneficiem do“mercado de carbono” decorrente do Protocolo de Quioto;além da promoção de estudos e pesquisas na área do clima.

O Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas é formado porrepresentantes de secretarias de estado, do setor privado,de universidades e representantes da sociedade civil.www.semad.mg.gov.br (link Mudanças climáticas)

O Comitê Municipal sobre Mudanças Climáticase Ecoeficiência (Belo Horizonte) tem por objetivopromover e estimular ações que visem a mitigaçãodas emissões de gases causadores do efeito estufa,contemplando fontes renováveis de energia,aproveitamento do biogás emitido pelos aterrossanitários, melhoria da eficiência energética e usoracional de energia, promoção da redução,reutilização e reciclagem de resíduos, ampliação eadequada manutenção de áreas verdes e arborizaçãode vias públicas, estímulo e participação em estudose pesquisas visando a redução da emissão de gasescausadores do efeito estufa, estímulo às iniciativasque visem multiplicar as informações atinentes àsmudanças climáticas, entre outras açõ[email protected]

A discussão das mudanças climáticas no BrasilComitê Municipal

Criada em 2000 pelo Conselho Empresarial Brasileiropara o Desenvolvimento Sustentável, CEBDS, a CâmaraTécnica de Energia e Mudança do Clima, CTClima, objetivaorientar as empresas a gerenciar o impacto de suasatividades, implementando mecanismos de diminuição degases estufa, e buscando novas oportunidades de negócios.www.cebds.org.br

Câmara Técnica de Mudança do Clima

Em Belo Horizonte, foi criado o Comitê Municipal deMudanças Climáticas e Ecoeficiência

Foto: Desirée Ruas

Comissão InterministerialCriada em 1999, a Comissão Interministerial de

Mudança Global do Clima tem, dentre outrasatribuições, a emissão de pareceres e o fornecimentode subsídios para políticas setoriais e posições degoverno nas negociações da Convenção-Quadro. Éresponsável também pela apreciação de pareceressobre projetos que resultem em redução de emissõese que sejam considerados elegíveis para o Mecanismode Desenvolvimento Limpo – MDL.www.mct.gov.br (link Mudanças climáticas)

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Temperaturas mais elevadasO mês de janeiro de 2007 foi o mais quente registradoem todo o mundo desde 1880. A média das temperaturasmundiais registradas foi a mais alta da história, segundoos cientistas da Administração Oceânica e AtmosféricaAmericana. O fenômeno é devido ao aquecimento globale, possivelmente, ao fenômeno El Niño, aquecimento noPacífico Central que tende a aumentar as temperaturasglobais.

A Sibéria, o Canadá e o norte da Ásia e da Europaregistraram temperaturas de até quatro graus centígradosacima da média do mês de janeiro. Estes níveisrepresentam um recorde em relação aos registrados em2002, quando as temperaturas superaram a média em0,56°C, o que foi considerado como um valor altíssimo.

Acontece no mundo

Derretimento de geleirasSegundo os pesquisadores, a geleira Qori Kalis, no Peru,

pode perder metade de seu tamanho nos próximos 12 mesese desaparecer completamente em cinco anos. A geleiraestaria perdendo cerca de 60 metros ao ano atualmente,contra uma média de um metro ao ano durante os anos1960. O derretimento das geleiras estaria afetandotambém outros países andinos - Colômbia, Venezuela,Equador e Bolívia. Os pesquisadores dizem que o encolhi-

mento das ge-leiras é, atéhoje, a provamais clara doaquecimentop r o v o c a d opelas mudançasclimáticas.

Furacões mais intensosNa costa leste dos Estados Unidos, pesquisadores e

autoridades se preocupam com o aumento da força dosfuracões verificada nos últimos anos. Com o aquecimentoglobal espera-se, em todo o mundo, um aumento dosfenômenos climáticos extremos e dos prejuízos e casosde morte ocasionados por catástrofes naturais, como astempestades tropicais.

Elevação do nível dos oceanosO derretimento de geleiras e a expansão térmica dos

oceanos podem elevar o nível do mar, ameaçando zonascosteiras e pequenas ilhas de baixa altitude. O nívelmédio global do mar já subiu cerca de 10 a 15 cm noséculo passado e espera-se que o aquecimento globalocasione um aumento adicional de 15 a 95 cm até o ano2100. O Brasil também tem uma vasta costa, que devesofrer com o aumento do nível do oceano.

Ursos polaresestãoameaçadospeloderretimentodas calotaspolarescausado peloaquecimentoglobal

Foto: Arquivo Cei

Plantas e animaisTodos os seres vivos e os sistemas naturais já sentem

as conseqüências das mudanças climáticas mundiais. Acapacidade dos ecossistemas de se adaptar às mudançascausados pelo clima é limitada. Alguns deles poderãoser fortemente prejudicados. Só para citar algunsexemplos: os ursos polares estão cada vez maisameaçados à medida em que diminuem as calotaspolares, seu hábitat. Há geleiras derretendo em todosos continentes. Recifes de corais sentem o aumento natemperatura dos mares. Plantas tendem a se desenvolverem outros locais mais frescos.

Oceanos podem inundar zonas costeiras

Foto: Alice Okawara

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Pesquisas brasileiras sobre mudanças climáticasEstudos preliminares sobre mudanças climáticas e seus

efeitos na biodiversidade foram apresentados peloMinistério do Meio Ambiente, MMA, no final de fevereiro.No conjunto, os estudos analisaram o perfil evolutivo doclima no país e desenharam possíveis cenários do climanos próximos 100 anos (de 2010 a 2100). Desenvolvidasde 2004 a 2006, as pesquisas foram feitas em atendimentoà determinação da Conabio, Comissão Nacional deBiodiversidade.

Um dos estudos, realizado pelo Centro de Previsão deTempo e Estudos Climáticos (CPTEC)/Instituto Nacionalde Pesquisas Espaciais (Inpe)apresentou as seguintesconclusões:

Temperatura e chuvas no século XXNo Brasil, a temperatura média aumentou aproxi-

madamente 0,75ºC no século XX, considerando atemperatura média anual de 24,9ºC, aferida entre 1961e 1990. O ano mais quente no país foi o de 1998. Oaumento da chuva no sul do Brasil foi consistente, maisacentuado no inverno e, depois, no verão.

No sudeste da América do Sul, têm-se observadoaumento na intensidade de episódios de dias com chuvaintensa no período de 1961 a 1990. Na costa brasileira,observou-se tendência de aumento do nível do mar daordem de 40 centímetros/século ou quatro milímetros/ano. Cidades litorâneas e 25% da população brasileira,cerca de 42 milhões de pessoas que vivem na zonacosteira, podem ser afetadas pela elevação do oceanoAtlântico.

Projeções de temperatura e chuvasNo Brasil, o aumento da temperatura média no ar

pode chegar até 4ºC acima da média climatológica em2100, em relação à temperatura média aferida de 1961a 1990. Na Amazônia, o aquecimento pode chegar, nocenário mais pessimista, a 8ºC.

A probabilidade de maior redução de chuva podeafetar a Amazônia e o nordeste. No sul, no sudeste e nocentro-oeste, permaneceriam estáveis nos níveis atuais,embora o volume da precipitação possa ser mais intenso.

EcossistemasPode haver a perda de biodiversidade e de recursos

naturais, ainda mais quando se acrescenta às mudançasclimáticas os efeitos das alterações da cobertura devegetação, especialmente desmatamentos. Outros efeitos

são alterações das rotas migratórias e mudanças nospadrões reprodutivos das espécies. No pior cenário, aAmazônia pode virar cerrado até o final do século XXI.

DoençasA mudança climática pode causar aumento do risco

de incidência de doenças como malária, dengue, febreamarela e encefalite. Tais doenças teriam condições maisfavoráveis para se expandir num planeta mais quente,em parte porque os insetos que as carregam (caso damalária e da dengue) teriam mais facilidade para sereproduzir. Aumentaria ainda o risco de contrair, por meioda água, salmonelose, cólera e outras doenças.

Além disso, teme-se que pessoas morram comoconseqüência das ondas de calor, especialmente criançase idosos. A queda da produtividade agrária também podeagravar a desnutrição, que hoje já afeta 800 milhões depessoas globalmente.

Grandes cidadesEm todas as grandes cidades, o aquecimento também

deve exacerbar o problema das ilhas de calor, no qualprédios e asfalto retêm muito mais radiação térmica queáreas não-urbanas.

Acesso à águaAumento nas dificuldades de acesso à água. A

combinação das alterações do clima, escassez de chuvaassociada a altas temperaturas e altas taxas deevaporação, pode levar a uma crise nos recursos hídricos.Os mais vulneráveis seriam os agricultores de subsistênciana área do semi-árido do nordeste (polígono da seca),região de 940 mil km2 que abrange nove estados eenfrenta problema crônico de falta de água.

Mudanças climáticas podem provocar alterações no padrãoreprodutivo das espécies

Foto: Alice Okawara

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Nós podemos1. Parar um instante para ler e entender o que significamudança climática.

2. Conhecer melhor as principais ações e invençõeshumanas que poluem a atmosfera e contribuem para oaumento do efeito estufa.

3. Buscar informações sobre as conseqüências dasalterações climáticas para nós, seres humanos, e para asdemais espécies, para o solo, para as águas, para todos ospaíses, para as cidades litorâneas, para os agricultores,para os pescadores, etc.

4. Atuar como multiplicadores da informação acerca dascausas e conseqüências das mudanças climáticas.

5. Criar alternativas para a redução da poluição do ar eadotar atitudes mais sustentáveis, seja nas opções deconsumo, nos meios de transporte, nas ações cotidianas,no tipo de energia utilizada...

6. Identificar todos os tipos de alteração que a açãohumana tem ocasionado na superfície terrestre e naatmosfera: no solo, na vegetação, nas águas, no ar...

7. Tomar consciência de como temos usado os recursosnaturais sem nos preocuparmos com a manutenção destes

Mas há muito o que fazer...

recursos, dos ecossistemas ali presentes e com as futurasgerações.

8. Diminuir o uso de produtos feitos de petróleo.

9. Combater todas as formas de poluição.

10. Aumentar a reutilização e a reciclagem dos produ-tos que consomem muita energia, como vidro, plástico,alumínio, cimento e aço.

11. Conversar sobre o tema em casa, no trabalho, naescola e participar de audiências públicas, fóruns econferências.

12. Adotar ações individuais e coletivas em nossacomunidade que possam contribuir para a preservaçãodo planeta.

Emissão de poluentes atmosféricosO controle da poluição atmosférica, uma das causas

principais das mudanças climáticas globais, terá maiorrigor no Brasil. Já está em vigor a Resolução 382 doConselho Nacional do Meio Ambiente, Conama, quedefine os limites máximos para a emissão de poluentespor equipamentos, instalações ou processos deprodução fixados em lugar específico, chamados fontesfixas. A resolução estabelece uma base de referêncianacional nas emissões de poluentes atmosféricos, comoóxidos de nitrogênio, óxidos de enxofre, monóxido decarbono e material particulado. Com isso, os órgãosambientais poderão aprimorar o controle desse tipode poluição.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente, Conama,proibiu a importação de gás CFC e a utilização doherbicida brometo de metila, duas das principaissubstâncias que destroem a camada de ozônio, sendoque o CFC é também um gás de efeito estufa. Comisso, a eliminação total do consumo destas substânciasno Brasil se torna mais próxima de acordo com ocompromisso assumido com os outros países signatáriosdo Protocolo de Montreal, de 1987. De acordo com oprotocolo, o prazo para eliminar a produção de CFCno mundo termina em 2010, e o de brometo de metila,em 2015.

No caso do CFC, o Brasil já não produz a substânciahá algum tempo e, nos últimos anos, havia estabelecidocotas progressivas para reduzir a importação, agoratotalmente proibida.

O Ministério do Meio Ambiente coordena o ProgramaBrasileiro de Eliminação da Produção e Consumo dasSubstâncias que Destroem a Camada de Ozônio, PBCO.Atualmente, o CFC sobrevive em equipamentos velhos,geladeiras, equipamentos de ar condicionado e nabombinha utilizada no tratamento da asma.

Proteção da camada de ozônio

As mudanças climáticas já são uma realidade no planeta.

Priorizar o transporte coletivo

Foto: Irma Reis

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13. Mudar os nossos padrões de consumo, optando porviver uma vida mais simples.

14. Optar por produtos que respeitem o meio ambiente.

15. Podemos e devemos exigir de nossos representantespolíticos medidas para combater o problema e seusimpactos.

16. Como consumidores nós temos um grande poder emnossas mãos. Podemos pressionar empresas a produzir deforma mais sustentável.

17. Cobrar mais pesquisas e a substituição de energiasgeradas por combustíveis fósseis, nuclear, grandeshidrelétricas pelas energias solar, eólica e de pequenashidrelétricas.

18. Apoiar e participar de ações para a proteção deflorestas.

19. Ajudar a recuperar o verde de nossa cidade, plantandoárvores e cuidando das já existentes em nossa rua.

20. Deixar o carro na garagem sempre que possível,incentivar a carona solidária e utilizar o transportecoletivo, bicicletas ou caminhar.

21. Fazer revisões periódicas nos veículos para reduzir aemissão de poluentes. O motor do carro deve estar semprebem regulado, assim como a pressão dos pneus, oalinhamento das rodas, o estado do filtro de ar, dacarburação, sistema de injeção, velas de ignição etc.

22. Preferir alimentos orgânicos, cultivados semfertilizantes químicos e agrotóxicos e produzidos porpequenos agricultores.

23.Dizer “não” aos alimentos transgênicos.

24. Diminuir o consumo de carne, peixes e frutos do mar.

25. Cuidar para que os utensílios e móveis da nossa casa,do nosso local de trabalho, da escola e dos espaçospúblicos tenham uma vida útil maior.

26. Cuidar dos nossos objetos pessoais para que duremmais. Resistir aos apelos da moda, que nos levam acomprar roupas e calçados que não precisamos.

27. Aumentar a vida útil do nosso computador fazendo“upgrades”. Na fabricação de um computador de 24quilos, por exemplo, são usados 240 quilos decombustíveis fósseis, 22 quilos de produtos químicos,dentre eles alguns tóxicos, além de perigosos metaispesados.

28. Pensar bem se realmente precisamos de umequipamento novo antes de trocar o computador, celular,ou qualquer outro eletroeletrônico.

29. Doar ou vender no mercado de usados seusequipamentos antigos. Procurar usar cartuchos de tintaou tonner reciclados. Avaliar se é mesmo necessárioimprimir algo.

30. Guardar as folhas usadas e usar seu verso paraanotações. Tirar cópias xerox frente-e-verso. Preferir opapel reciclado.

31. Ao comprar madeira e produtos florestais, peça provasde sua origem legal ao lojista, como a certificação doFSC (Conselho de Manejo Florestal), que garante que aextração se deu de forma ambientalmente correta,socialmente justa e economicamente viável.

32. Reduzir o uso descartável de madeira como formasde concreto, tapumes e andaimes.

1 bilhão de árvoresEm um esforço para atenuar oaquecimento global, o Programa dasNações Unidas para o Meio Ambiente,Pnuma, lançou uma campanhamundial pelo plantio de um bilhão dearvores em todo o mundo até o finaldeste ano. Site: www.unep.org/billiontreecampaign

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33. Evite consumir objetos feitos de plástico, que utilizampetróleo na sua fabricação e contaminam o meio am-biente

34. Usar com consciência o gás de cozinha que, comooutros derivados de petróleo, é um recurso não-renovável,cujo uso contribui para o efeito estufa.

35. Usar somente a quantidadede água necessária paracozinhar e, quando começar aebulição, colocar em fogobaixo. Deixar sempre osalimentos mais duros, comocereais e legumes secos, demolho antes do cozimento.Aproveitar melhor o calor.Manter as panelas fechadase centralizadas.

36. Economizar energia pois assimdiminuimos a demanda por novasusinas, linhas de transmissão e de dis-tribuição e, conseqüentemente, os riscosde impactos ambientais e de apagões.Qualquer que seja a fonte, a produçãode eletricidade sempre causa algumaagressão ao meio ambiente. Hidre-létricas inundam grandes áreas,alterando e destruindo ecossistemas.Termoelétricas emitem gases quecontribuem para o efeito estufa.Usinas nucleares representam riscopermanente de acidentes, além de gerarem lixo atômico,extremamente perigoso.

Empresas37. Investir em combustíveis alternativos aos fósseis eutilizar fontes de energia limpa.

38. Reduzir e controlar os níveis de emissão de poluentesatmosféricos.

39. Preferir edifícios inteligentes que já demonstraramser possível reduzir o consumo de energia em 90% com aadoção das tecnologias à base de LED’s (diodos emissoresde luz).

40. Priorizar a geração de energia solar, eólica ou porpequenas centrais hidrelétricas que causam menosimpactos ambientais.

41. Preferir utilizar biocombustíveis, de preferênciaproduzidos em pequenas propriedades e pelo sistema depolicultura e agroecologia.

42. Gerar energia elétrica apartir de biomassa como o

bagaço de cana; de resí-duos da suinocultura;

de gases dos aterrossanitários e de gasessiderúrgicos.

43. Reduzir, reusar ereciclar, em casa ouno trabalho, para o

uso sustentável daenergia.

44. Assumir o compromisso da busca deprocessos produtivos menos poluentes.

45. Investir em pesquisas que contribuampara novas tecnologias que favoreçamo meio ambiente.

Países e cidades46. Adotar políticas que promovameficiência energética e tecnologias“mais limpas”.

47. Reduzir as emissões do setoragrícola e do setor industrial.

Carona solidária, andar apé ou de bicicleta são ações

a favor do planeta

Ilustração: Emidio

Carros movidos a hidrogênioA indústria automobilística vem desenvolvendo

protótipos de carros movidos a hidrogênio emestágio avançado de testes. Abundante noambiente, o hidrogênio é uma fonte inesgotávelde energia. A principal vantagem destes veículosecológicos é que, como “queimar” no dicionárioda química é sinônimo de “combinar comoxigênio”, o único resíduo deixado pela queimado hidrogênio seria a água.

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Informações sobre gás carbônico no rótuloRede de supermercados britânica Tesco anunciou que irácolocar nos rótulos de seus produtos, ao lado do preço equantidade de calorias, quanto de carbono emitem. Aempresa, primeira do mundo a tomar esta atitude, afirmaque seus negócios serão líderes no caminho da economialow-carbon (baixas emissões de carbono). O objetivo éque os consumidores possam comparar o ‘custo decarbono’ do mesmo modo que comparam o quanto de salcada um contêm. A Rede produz dois milhões de toneladasde dióxido de carbono, CO2, por ano no Reino Unido.

Emissões de CO2 reduzem ainda maisMinistros do Meio Ambiente concordaram em reduzirem 20% as emissões de gases com efeito de estufada União Européia, UE, até 2020. Os Estadosmembros comprometem-se mesmo em ir mais longena luta contra as alterações climáticas, reduzindoaté 30% as emissões da UE, se outros paísesindustrializados aceitarem metas idênticas.

A decisão dos ministros do ambiente de reduziras emissões de CO2 deverá ainda receber “luz verde”dos líderes europeus. Agora inicia-se o processo denegociações sobre os critérios de repartição daredução das emissões e quanto cabe a cada Estado-membro desse esforço.

Com estas metas traçadas em termos de reduçãoda emissão de gases, a União Européia prepara-separa as negociações de um novo acordointernacional pós-Quioto, para o período depois de2012.

48. Desenvolver programas que protejam os cidadãos e aeconomia contra possíveis impactos da mudança do clima.

49. Apoiar pesquisas sobre o sistema climático.

50. Prestar assistência a outros países em necessidade.

51. Promover uma conscientização pública sobre aquestão.

52. Proporcionar incentivos fiscais para empresas queadotem comportamento que reduzam a mudança declima.

53. Financiar programas de pesquisa de novos combus-tíveis.

54. Incentivar o uso de fontes energéticas menos emissorasde gases de efeito estufa.

55. Combater o desmatamento e reflorestar áreasdesmatadas com espécies nativas.

56. Criar programas públicos para redução do uso degasolina, gás natural, diesel e incentivar a ampliação douso de sistemas de aquecimento solar, por exemplo.

57. Promover a educação ambiental em todos os meios,inclusive pelos meios de comunicação.

58. Iniciar uma campanha educativa para mudar ospadrões de produção e consumo e utilização de veículos.

59. Dotar as cidades de transporte coletivo de qualidadee a baixo custo.

60. Formular leis que ajudem a reduzir a emissão nosprocessos produtivos.

61. Implementar a Convenção do Clima em nível local,melhorando a eficiência energética de seus sistemas detransporte, edifícios públicos e infra-estrutura públicaem geral.

62. Repensar o número de veículos que os grandes centrosurbanos suportam tendo em vista os engarrafamentos eas emissões atmosféricas.

63. Praticar rodízio de veículos ou outras medidas quediminuam o número de veículos em circulação nas ruas.

Escolas e universidades64. Capacitar os educadores para a discussão do temaem sala de aula.

65. Promover fóruns e debates sobre o tema envolvendoescola, pais, alunos e comunidade.

66. Aumentar o número de árvores existentes dentro efora da escola.

67. Promover campanhas de preservação de áreas verdesda cidade.

68. Desenvolver projetos de educação ambientalincentivando a reflexão sobre as mudanças climáticas.

69. Realizar mais pesquisas sobre mudança do clima eassuntos correlatos.70. Promover parcerias com órgãos públicos, empresas eongs buscando ações concretas em favor do meioambiente.

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As ações da ong Ecoa no PantanalPensar globalmente, agir localmentePensar globalmente, agir localmentePensar globalmente, agir localmentePensar globalmente, agir localmentePensar globalmente, agir localmente

A Ecoa – Ecologia e Ação é uma organização não-governamental do Mato Grosso do Sul, fundada em 1989,que atua na área socioambiental e que tem como objetivoa promoção de ações em defesa da qualidade de vida, apreservação e a conservação dos bens naturais, com focono Pantanal e nas áreas de cerrado.

Trabalhando para o desenvolvimento integral dascomunidades, defende a implementação de políticas eações para a proteção do Pantanal, incentiva o seudesenvolvimento sustentável, a conservação ambientale a melhoria da qualidade de vida das populaçõespantaneiras. Nesse sentido, adota a gestão participativa,que concilia o conhecimento tradicional dos pescadorese o conhecimento técnico dos pesquisadores para aconstrução de pactos que resultem no uso sustentável ena conservação dos recursos pesqueiros. Tais mecanismosdevem estar refletidos em políticas efetivas para a pescasustentável.

Uma boa parte das atividades que vêm sendodesenvolvidas e trabalhadas tem como tema a pesca,que é uma atividade tradicional e cultural, meio de sub-sistência e sobrevivência da maior parte dos ribeirinhos

do Pantanal.A organi-

zação tra-balha no MatoGrosso do Suldiretamentecom comu-nidades tra-

dicionais de pescadores ribeirinhos e coletores de iscasvivas (isqueiros) na região de Miranda, Corumbá e PortoMurtinho, além das comunidades do Porto da Manga eAmolar, apoiando as organizações locais na busca desoluções adequadas à sua realidade política e cultural.Defende a construção de políticas sustentáveis para apesca junto aos fóruns e espaços de discussões políticassobre o assunto e promove a participação de pescadorese representantes das comunidades nestas esferas. Comoresultado desse trabalho, os isqueiros são reconhecidoscomo uma categoria, vivem da coleta e comercializaçãode espécies utilizadas como iscas para a pesca. Estaatividade gira em torno de 21 milhões de unidades/ano,gerando uma renda bruta de cerca de 4 milhões de reaispor ano. Contudo, grande parte dessa renda beneficia oatravessador e não o isqueiro.

Rafaela Nicola, diretora de projetos da Ecoa, comentaque os “peixes constituem um dos maiorescompartimentos de reserva viva de nutrientes e energiado Pantanal, garantindo a sobrevivência de inúmerasespécies e o equilíbrio dos ecossistemas”. Sabe-se que amanutenção dos estoques pesqueiros dependediretamente da aplicação de regulamentos e demecanismos de controle de forma a permitir asustentabilidade da pesca. Porém é necessário atentartambém aos fatores que, apesar de externos à atividade,influenciam nos estoques, por exemplo: a intensidade ea duração dos pulsos de inundação; o lançamento innatura de esgotos domésticos e industriais; o crescentedesmatamento da região com o comprometimento dasmatas ciliares; e a substituição da vegetação naturalpor pastagens e culturas de grãos, onde o manejoinadequado do solo e uso intensivo de agroquímicospõem em risco a qualidade ambiental das águas doPantanal e afeta negativamente as populações depeixes.

Entre as várias espécies de iscas, as mais capturadase comercializadas são os peixes Gymnotus carapo

Jean FernandesEcoa - Ecologia e Ação

www.ecoa.org.br

Trabalho realizado pela ong Ecoa ensina técnicas sustentáveispara o trabalho de pescadores ribeirinhos e coletores deiscas, os isqueiros, no Pantanal

Foto

s: J

ean

Fern

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s -

Ecoa

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20Membros de comunidades de pescadores do Pantanal conhecem a Revista Ecologia Integral

Fotos: Jean Fernandes - Ecoa

(tuvira), Synbranchus marmoratus (mussum) e oDilocarcinus (carangueijo). Como no manejo das iscasocorrem taxas de mortalidade acentuadas devido àineficiência das técnicas de captura e de armazenamentoutilizadas pelos isqueiros, Rafaela comenta que o trabalhoque a Ecoa faz é de reverter esse quadro e introduzirpotenciais locais, agregando valor às iscas, buscandosoluções para a melhoria da qualidade de vida dosisqueiros e conservação dos estoques pesqueiros noPantanal.

A Ecoa em parceria com o Ibama e Embrapa Pantanaldesenvolvem ações em duas unidades experimentaisinstaladas pela organização, com o propósito dediagnosticar a atividade de captura de iscas e propormedidas para a melhoria da sua manutenção emcativeiro. Nestas unidades, localizadas na comunidadedo Porto da Manga, no município de Corumbá e emMiranda, são realizadas capacitações, monitoramentosna qualidade da água, coleta adequada na captura dasiscas e o desenvolvimento integral das comunidades. Abióloga e pesquisadora Rosana Cândido Pereira, quetrabalha nas pesquisas nos dois centros de iscas, comentaque o trabalho realizado na região “é de sumaimportância a fim de gerar informações para subsidiar aimplementação do manejo sustentável dessa atividade,

Pescadores e ribeirinhos da comunidade do Porto da Manga, no MatoGrosso do Sul, receberam no mês de janeiro vários exemplares da RevistaEcologia Integral.

Divaldo da Costa Soares, pescador emembro da Associação dos Moradores do Portoda Manga, comenta que é muito importanteter revistas com temas de educação ambientalna comunidade, “estamos a 60 km deCorumbá, que é a cidade mais perto, aquinão temos acesso aos veículos decomunicação. Com essa revista, com essasnotícias, ficamos a par de muitas coisas queestão acontecendo no Brasil no foco daecologia, pois vivemos nela e vivemos dela”,comenta o pescador que coleta iscas paravender aos turistas e pescadores da região noPantanal do Mato Grosso do Sul.

Revista Ecologia Integral no Pantanal

Projeto ensinatécnicas sustentáveisde pesca e coleta de

iscas no Pantanal

bem como orientar os gestores dos recursos pesqueirosnas tomadas de decisões”.

As ações desenvolvidas e apoiadas pela ong buscamarticular parcerias da sociedade civil, com as instituiçõespúblicas que atuam no Pantanal e cerrado, e contribuirpara a criação de alternativas de desenvolvimentosustentável das comunidades pantaneiras. Além daconcretização de benefícios às comunidades com umpacto de sustentabilidade social e ambiental, é umaforma importante de promover a inclusão social, o resgateda cidadania e a conservação para garantir a efetividadede acordos ambientais.

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O efeito estufa vem sendo, nos últimos tempos,sistematicamente responsabilizado pelo aquecimentoglobal. Os extremos de temperatura, as tempestades,secas, enchentes, furacões que, a cada ano, se tornammais freqüentes, estão sendo creditados a ele. Venho aquidefendê-lo das injustas acusações e desfazer esse mal-entendido. Quem será então o grande responsável pelocaos no clima da Terra que, embora incipiente, já se faznotar no nosso cotidiano?

O efeito estufa é um fenômeno natural e essencialpara a existência de vida na Terra. Sem ele, a temperaturamédia no planeta seria cerca de 30ºC mais baixa. Oproblema está na intensificação deste efeito.

Para uma melhor compreensão é importante levar emconsideração as radiações solar, atmosférica e terrestre.A superfície da Terra, quando aquecida pela absorção daradiação solar (ondas curtas), torna-se uma fonte deradiação de ondas longas (radiação terrestre), enviandoparte do calor de volta ao espaço. A atmosfera, uma finacamada de gases presa à Terra pela força da gravidade,é composta por diversos tipos de gases que absorvem eemitem energia radiante (radiação atmosférica). Assim,o efeito estufa pode ser entendido como a ação que certosgases atmosféricos exercem sobre a radiação terrestre,interceptando-a e transmitindo-a de volta à superfície.

Situação semelhante pode ser observada em um carrofechado sob o sol. Os raios solares atravessam o vidro,mas ficam retidos no interior do veículo.

Dentre os gases atmosféricos que mais absorvem aradiação terrestre, os chamados gases de efeito estufa,estão o vapor d’água, o ozônio, o metano e o dióxido decarbono. Os dois últimos tem sido alvo de intensasdiscussões em nível global, uma vez que a suaconcentração na atmosfera vem sendo aumentada pelaação antrópica (atividades humanas).

O dióxido de carbono é gerado pela queima decombustíveis fósseis principalmente nas indústrias etransportes e ainda pelo desflorestamento e pelasqueimadas. Por sua vez, o metano é gerado em grande

parte pela decomposição do lixo e pela fermentação damatéria orgânica no estômago dos bovinos.

O desflorestamento para criação de pastagens é umaatividade humana que contribui duplamente para oaquecimento global, pois é grande gerador desses doistipos de gases. Libera o dióxido de carbono armazenadonas árvores para a atmosfera e transforma a funçãodaquele espaço: de regulador do clima da Terra para ade produção agropecuária que, como já vimos, vai geraro gás metano pela flatulência bovina.

O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas,IPCC, divulgou, recentemente, em Paris, o relatório deum estudo realizado por 2.500 cientistas de todo o mundo.Traz conclusões como essas: “o aquecimento do sistemaclimático é inequívoco”, a causa é “muito provavel-mente” humana e o efeito “continuará pelos próximosséculos”.

Somos nós, os seres humanos, os responsáveis peloaumento da intensidade do efeito estufa e conseqüen-temente pelo aquecimento da nossa casa, a Terra.

A boa notícia é que também somos nós que podemosdiminuir a emissão dos gases de efeito estufa buscandoinformações, participando e usando a criatividade.

Quanto ao metano, substitua a carne alguns dias nasemana; produza menos lixo, separando-o, evitandodescartáveis, reutilizando utensílios, consumindo menosquantidade e mais qualidade. Sua mente, seu corpo eseu bolso agradecerão.

Quanto ao dióxido de carbono, mesmo sem contarainda com um transporte público de qualidade, utilize-osempre que possível, não use carro para percorrerpequenas distâncias; prefira produtos de origem localou regional; consuma com consciência o necessário parao seu conforto e procure não se influenciar pelascampanhas de publicidade que existem para estimular oconsumo criando falsas necessidades, de olho exclu-sivamente no seu dinheiro. No mais, transforme o seumundo e estará transformando o mundo. A vida agradece.Em todas as suas formas.

Efeito estufa - O que eu tenho a ver com isso?Oscar Alves de Carvalho Júnior

Geógrafo e pós-graduado em Educação Ambiental, Agenda 21 e Sustentabilidade,pelo Centro de Ecologia Integral em parceria com a Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte

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O verbo poluir é originário do latim, polluere, quesignifica sujar, corromper, tornar prejudicial à saúde eao meio ambiente.

O ser humano, quer derrubando florestas, querdespejando nos rios os subprodutos de suas indústrias,altera um ambiente natural, outrora equilibrado. Adegradação ambiental vem ameaçando não só as espéciesanimais e vegetais como a própria sobrevivência humanaem certas áreas geográficas.

A poluição pode ser de origem natural ou ser deorigem antrópica. Todos os tipos de indústrias, sejam detecidos, papel, plásticos, tintas, siderurgia contribuem,umas mais outras menos, para a degradação ambiental.

Os meios de transporte e seus motores a explosãomovidos com gasolina, álcool, diesel liberam compostosde carbono, aldeídos, hidrocarbonetos não queimados,enxofre, dentre outras substâncias altamente poluentes.

O desflorestamente agrava a situação já que adestruição de um hectare de floresta impede a formaçãode cerca de 20 toneladas de oxigênio por ano. Odesmatamento também provoca erosão e impede aformação de húmus o que pode transformar áreas antesférteis em terrenos arenosos e inférteis.

Também prejudicam o meio ambiente as descargasmaciças e sem tratamento de detritos industriais desubstâncias tais como ácidos, metais pesados, fenóisdetergentes não-biodegradáveis, mercúrio, chumbo, etc.

A mistura de vários tipos de poluentes potencializa anocividade de seus efeitos. O abuso e a falta de critériotécnico na aplicação de parasiticidas na agricultura ena pecuária acarretam a deposição de resíduos químicostóxicos em diluição mínima. Estes alteram a flora, afauna e a vida microbiana do solo com reflexos negativosem toda a teia alimentar. Os pequenos seres vivos dessesambientes transferem os efeitos patológicos através da

As várias formas de poluiçãoOswaldo Moreno Navas

Biólogo. Pós-graduado em Solos e Meio Ambiente pela UFLA e em Educação Ambiental, Agenda 21 e Sustentabilidadepelo Centro de Ecologia Integral em parceria com a Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte

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As substâncias radioativas causam, além dos graves danos ecológi-cos, seríssimos riscos à saúde humana, devido principalmente às alte-rações do material genético e do sistema imunológico.

cadeia alimentar de espécie para espécie pois esses sãoos primeiros elos dessa cadeia. Uma simples minhocaque consegue sobreviver a um determinado defensivo,ao ser devorada por uma ave, poderá matá-la.

Mas felizmente, o controle biológico de insetos é umatendência em ascensão em todo o mundo. A agriculturasem o uso de defensivos químicos é uma realidade quecontribui para o equilíbrio dos ecossistemas e para asustentabilidade. Um reflexo das novas demandasambientais em conformidade com a nova consciênciaecológica que desponta, e das exigências dos usuáriosconscientes de seus direitos à saúde e ao bem-estar.

Há também o lixo atômico resultante dos produtos esubprodutos radioativos usados em usinas atômicas. Assubstâncias radioativas causam além dos graves danosecológicos, seríssimos riscos à saúde humana devidoprincipalmente às alterações do material genético e dosistema imunológico. Podem provocar o surgimento devários tipos de câncer e, mesmo em pequenas doses, têmefeito cumulativo.

A poluição sonora, o uso de cigarro em recintosfechados, o lixo doméstico mal acondicionado e outrostipos de atividades humanas refletem a falta de cuidadodas pessoas que vivem em coletividades. Esses desviosde comportamento ambiental, além do estresse,diminuem nas pessoas sua capacidade de trabalho,raciocínio, resistência imunológica, humor e podemcausar irritabilidade crônica.

O problema da poluição é complexo e, por isso, dedifícil solução. Acreditamos porém que a cons-cientização dos males que ela causa, a educação voltadapara a conservação do ambiente natural aliada arecursos técnicos venham, se não eliminá-la porcompleto, ao menos, mantê-la dentro de parâmetrostoleráveis.

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O presente artigo busca pontuar rapidamente algumasquestões de gênero aliadas ao desafio climático. Taisquestões procuram evidenciar as diferenças entre homense mulheres construídas culturalmente por nossasociedade e seus reflexos em alguns aspectos do cotidianofeminino.

Vamos começar com a definição de vulnerabilidade.Ela pode ser definida como a característica de umapessoa ou grupo em termos de sua capacidade deantecipar, lidar com, resistir e recuperar-se dos impactosde um desastre climático. Está ligada as possibilidadesculturais, sociais e econômicas. Quem possui menosrecursos, será mais vulnerável.

No contexto atual, as mulheres possuem menoresoportunidades de acessar os recursos materiais e sociais,assim como a tomada de decisões em assuntos queafetam sua vida e o funcionamento da sociedade.Mulheres dedicam grande número de horas na execuçãode tarefas não remuneradas tais como cuidar das crianças(educação, banho, alimentação), enfermos e anciãos,cuidar da saúde dos membros da família, limpar a casa,lavar a roupa ou cuidar para que casa e roupa sejamlimpos.

Assim como os chamados serviços ecossistêmicos(serviços prestados pela natureza tais como a polinizaçãodas plantas, a produção de oxigênio), o trabalhosilencioso da mulher não tem valor na sociedadecontemporânea. Por isso é menos apreciado que o doshomens, cujo trabalho visível, pode ser dimensionado,valorado, constar no PIB. Hazel Hendersen, uma raramulher economista, denomina esse trabalhodesempenhado pelas mulheres de “Economia do Amor”.O ônus de cuidar cai sobre as mulheres, particularmentedurante as crises econômicas.

As mudanças climáticas afetam diretamente aeconomia, a incidência de doenças tais como a dengue,malária, hepatite A, cólera, diarréia, leptospirose;também aumenta a desnutrição. Sendo a mulher aprincipal cuidadora da espécie humana, caberá a elaessa vulnerabilidade específica às mudanças climáticas.

Como lembra Jared Diamond, em seu livro “Colapso”,na raiz de todo problema ambiental existe uma questãopolítica. Raras mulheres têm oportunidade para ocuparemo espaço público. Sendo assim, as leis e decisões queafetam o destino de uma nação são em geral feitas semcontemplar a ótica feminina. Como a questão climáticaenvolve também decisões políticas de governos, eis aquimais uma vulnerabilidade. Há uma urgente necessidadede mulheres bem preparadas para ocupar cargos públicose ajudar aos homens a tomar decisões saudáveis e sensatasem todas as instâncias que envolvem políticas públicas.Há também necessidade das mulheres se politizarem parafazer escolhas conscientes ao longo da vida quer naeducação das crianças, na escolha de parceiros, quer nacobrança de desempenho e na escolha de políticos. Aquestão da contracepção também é desafiadora. Amulher precisa educar homens para serem responsáveispelas suas sementes, participando ativamente doplanejamento familiar. Para suavizar e adaptar àsmudanças do clima, torna-se fundamental a informaçãoe a educação das mulheres em todos os níveis e áreas doconhecimento.

Mulheres e mudanças climáticasDeborah Munhoz

Química e Mestre em Saneamento e Meio [email protected]

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Mulheres são mais vulneráveis às mudanças climáticas

Ilustração:Emidio

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Desde o Império alguns iluminados associam as águasdo rio São Francisco com a questão da seca no Nordeste. Aidéia seria transpor a barreira da chapada do Araripe e atingiro rio Jaguaribe no Ceará. Parece lógico, mas as aparênciasenganam. Seria como querer resolver a questão da fomenuma região muito pobre propondo construir ali um grandesupermercado.

Primeiramente, é ilusão pensar que a seca no Ceará,Paraíba, Pernanbuco e Rio Grande do Norte é somente faltade água. Nestes estados existem 70 mil açudes de pequenoporte e 400 de grande porte, com capacidade paraarmazenar 37 bilhões de metros cúbicos de água, umadisponibilidade hídrica suficiente para atender bem a todasas necessidades da região e com sobra. Sem falar em outrasreservas lá existentes. Porém, os açudes estão concentradosem alguns pontos e não atingem as áreas rurais do semi-árido onde vivem 1 milhão de famílias prejudicadas pelasestiagens periódicas. Como as águas da transposição serãodestinadas a estes açudes é como chover no molhado, aágua não chegará às famílias sertanejas necessitadas. Oscustos para a construção de encanamentos transpondomontanhas e incontáveis quilômetros, até chegar a cadafazenda dessas pessoas empobrecidas, e o gasto com energiaelétrica para transporte da água e irrigação, sãoincalculáveis. Estas pessoas, nem mesmo as mais ricasteriam recursos para tanta despesa. Não compensariaproduzir assim. Da mesma forma que só com dinheiro secompra nos supermercados.

Além disso, a chuva que cai no semi-árido desta regiãoé na média de 700 mm anuais. Esta chuva chega em todasas casas e fazendas, por gravidade, porém, não é coletadae devidamente armazenada para usos posteriores,escorrendo para o mar ou evaporando. Está aí a granderiqueza desperdiçada, por falta de pequenas obras locais etecnologias simples, ao alcance de cada família. Tambémno passado o governo preferiu construir grandes obras deaçudagem em terras de grandes proprietários, sendo elesos únicos beneficiários. Da mesma forma querem agora atransposição e grandes canais, para a produção de frutasde alta qualificação e criação de camarão, tudo paraexportação. É mais uma vez o nosso dinheiro a serviço dos

Transposição do Rio São FranciscoApolo Heringer Lisboa

Professor da Faculdade de Medicina da UFMG - Departamento de Medicina Preventiva e Social ecoordenador-geral do Projeto Manuelzão

grandes da região, que têm o hipócrita discurso da seca,pois com esta indústria se enriquecem e se mantêm no poder.

Falam de revitalização do São Francisco apenas comoestratégia para obter o que pretendem. Seria umacompensação. Mas nem isto querem de fato: estãodistribuindo algumas poucas verbas para seus aliados, semnenhum projeto executivo sério com visão operacional debacia hidrográfica. Certamente é mais desperdício dedinheiro sem resultado. Aliás, a indústria da seca,historicamente, está associada à corrupção e à opressão nonordeste.

O grande desafio que o Brasil precisa enfrentar é produzirum programa de desenvolvimento de todo o semi-árido,com inclusão social e apoiado na economia familiar. Oprojeto da transposição é da parte perversa da elitenordestina, beneficiando a si própria. Tem o discurso dachantagem emocional, falando dos pobres e da seca. Parao povo do sertão agrário o caminhão pipa e a dependênciacontinuarão. Será um desperdício acima de 20 bilhões dereais em obras hídricas superdimensionadas, que poderiamser utilizadas no máximo durante 3 meses durante 4 anosem dada década, por razões climáticas. O custo energéticoequivale à produção de uma e meia represas de Três Marias.Prevê um mega canal de 740 quilômetros, com 25 metrosde largura por 5 metros de altura, em concreto e commuretas de um metro! Como de Belo Horizonte a Brasília,com quilômetros de túneis. Sendo que na beira do SãoFrancisco, em terras planas e de boa qualidade, o ProjetoJaíba de agricultura irrigada patina a mais de 30 anos, játendo consumido mais de 500 milhões de dólares, e aindanão produz nem um décimo do previsto! Há obras inacabadaspor todo lado em todo o vale do São Francisco.

A Agência Nacional de Águas, órgão do governo federal,divulgou o Atlas do Nordeste, em que sugere para o semi-árido a realização de trezentas e trinta pequenas obras aum custo de 3,5 bilhões de reais, para beneficiardefinitivamente cerca de 30 milhões de pessoas em 9estados. Muito mais eficaz e abrangente para o semi-áridoque a obra da transposição. Quiçá, possa ser a solução parao atual impasse e a esperança de racionalidade eparticipação popular na política brasileira.

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Centro de Ecologia Integral formaeducadores ambientais

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A organização não-governamental Centrode Ecologia Integral comemora a formaçãodos educadores ambientais da primeira turmado curso de pós-graduação “Educaçãoambiental, Agenda 21 e Sustentabilidade”,realizado pela instituição em parceria com aFaculdade Metropolitana de Belo Horizonte.

Durante todo o ano de 2006, o cursoproporcionou aos alunos conhecimento ereflexão sobre questões como a relação doser humano com a natureza, a legislação e apolítica ambiental, projetos de educaçãoambiental, Agenda 21 e ações para asustentabilidade, dentre outros temas.

Os educadores ambientais formados pela primeiraturma do curso de pós-graduação do Centro de EcologiaIntegral têm formação bastante eclética. Geógrafos,psicólogos, jornalistas, engenheiros, filósofos,pedagogas, artistas plásticos, turismólogos, assistentessociais, dentre outros: profissionais de diversas áreas nabusca por novos conceitos para uma atuação diferenciadaem seu campo profissional.

Para o geógrafo Oscar Alves de Carvalho Júnior, esteé um curso diferenciado, pois “propicia uma visão maisabrangente e integrada da nossa realidade que se mostratão complexa. Ótima pedida para quem acredita naeducação integral como forma de mudar o mundo decada um e de todos nós”.

Para o administrador Jean Carlos Fernandes de Brito,“o curso, além do excelente corpo docente, infra-estrutura, teorias e práticas ministradas, possui odiferencial das vivências cotidianas, que motiva os alunosa estarem sempre juntos, apoiando-se mutuamente”.

A pedagoga Renata Gazzinelli ressalta que “o cursodesmistifica a idéia de que educação ambiental interessaapenas a algumas profissões. Ele me proporcionou,enquanto pedagoga, olhar para as questões ambientaiscom legítimas argumentações, modificando não só aminha conduta diária, como por exemplo acerca doconsumo, mas tornando observável para o meu grupo detrabalho hábitos rotineiros que comprometem a nossageração.”

Alunos e professores do curso de pós-graduação coordenado peloCentro de Ecologia Integral

Foto: Arquivo Cei

Centro de Ecologia Integral formaeducadores ambientais

Para informações sobre o curso de pós-graduação,entre em contato com o Centro de Ecologia Integralpelo telefone (31) 3275-3602 (de 14 às 18 horas) oupelo e-mail [email protected] também outras informações no site www.ecologiaintegral.org.br

Educação ambientalMostrar às pessoas a importância da mudança de

valores e de atitudes na vida pessoal, na família, navizinhança ou na escola para a melhoria da vida noplaneta. Esta é uma das tarefas do profissional deeducação ambiental, que busca sensibilizar pessoas egrupos para novas formas de ver, sentir e agir, através dopensamento global e da ação local, para a construçãode uma sociedade sustentável.

O curso de pós-graduação lato sensu, em nível deespecialização, oferecido pelo Centro de EcologiaIntegral em parceria com a Faculdade Metropolitana deBelo Horizonte, possui um diferencial importante para aformação dos educadores ambientais: a visão da ecologiaintegral e das suas dimensões, a ecologia pessoal, aecologia social e a ecologia ambiental. O corpo docentee as disciplinas do curso foram planejadas para umaabordagem integrada do conteúdo, já que a interfaceentre as áreas do conhecimento é essencial na formaçãodo educador ambiental.

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Espaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaOs lindos desenhos abaixo foram feitos por Jade Carvalho dos Santos, que tem 8anos, e por Tatyana Santos de Souza, de 9 anos. As duas moram na cidade deAiuruoca, Minas Gerais e estudam na Escola Municipal Nossa Senhora do SagradoCoração.Já o desenho que mostra um rio com peixes é da Alana Guido Oliveira, de 10 anos,estudante da 4a série da Escola Estadual Professor Jason de Morais, da cidade deBerilo, também em Minas Gerais. Alana também escreveu sobre a importânciada preservação da água juntamente com Alanderson G. Oliveira, estudante da8a série da mesma escola. Não deixe de ler os excelentes textos na página 27.

Oi, Florinda! Sabe que você é uma flormaravilhosa? Eu queria brincar comvocê um dia porque você é muito legale bonita. Eu também fiz um desenhopara você e espero que goste. Você podeusar outros cabelos. Vou fazer você decabelo vermelho, amarelo, rosa e devárias cores.” Jade - 8 anos

“Oi, Florinda! Sabe que você é superlegal? Você é uma flor muito bonita eperfeita. Sabe ,Florinda, eu amo abeleza da natureza, mas os homensestão maltratando os bichos. Você émaravilhosa. Espero que goste do meudesenho. Você pode mudar de vestido.Até mais ver!” Tatyana - 9 anos

Alana - 10 anosBerilo - MG

Tatyana - 9 anosAiuruoca - MG

Jade - 8 anosAiuruoca - MG

Tatyana - 9 anosAiuruoca - MG

Jade - 8 anosAiuruoca - MG

Revista Ecologia Integral,Rua Bernardo Guimarães, 3101sala 204 - Bairro Santo AgostinhoBelo Horizonte - Minas Geraiscep:30140-083 ou envie seudesenho, foto ou mensagem parao nosso [email protected]

Escreva você tambémEscreva você tambémEscreva você tambémEscreva você tambémEscreva você também

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Espaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaEspaço da FlorindaÁgua: seiva da vidaÁgua: seiva da vidaÁgua: seiva da vidaÁgua: seiva da vidaÁgua: seiva da vida Água: elemento essencialÁgua: elemento essencialÁgua: elemento essencialÁgua: elemento essencialÁgua: elemento essencial

à sobrevivênciaà sobrevivênciaà sobrevivênciaà sobrevivênciaà sobrevivência

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Durante vários dias assisti a muitasapresentações, a uma passeata e tivemuitas informações sobre a água; eenquanto eu assistia, fiquei pensandosobre o problema enorme que estáacontecendo com o planeta Terra. Sentientão que a minha responsabilidade émuito grande diante de tudo isso.

Estou super preocupada. É que li quedo jeito como nós estamos tratando aágua, pode ser que no futuro não existauma gota de água, que ela estará todapoluída.

Não entendo muito sobre este assunto,mas com certeza o livro que li é correto.Vejo que posso contribuir nãodesperdiçando tanto a água; deagora em diante vou tentarmudar meus gastos principal-mente na hora do banho.

Estou me convencendode que esta substância vitalpara existência da vidanão pode acabar, poisesta seiva, esta vita-mina que só o meioambiente sabe fazeré essencial para queo ser humano sobre-viva além depermitir a vidapara as gera-ções presentes e futuras.

Sei que ainda sou criança e tenhomuito que aprender, mas para serconsciente no futuro é preciso começarna infância. O nosso planeta precisa daajuda de cada um de nós.

Alana Guido Oliveira - 4a sérieEscola Estadual Professor Jason de MoraisBerilo - Minas Gerais

A água é um bem precioso e pode acabar. Por isso, éimportante a preservação do meio ambiente para quepossamos usufruir das suas diversas utilidades.

O meio ambiente depende muito da água e ela dependedele. Ao redor dos grandes rios devia-se ver grandesquantidades de matas ciliares, pois, são elas que mantêm orio vivo. Mas, infelizmente, isso não acontece. Por esse motivo,o desmatamento é um dos maiores responsáveis pela seca dosrios.

Na vida do ser humano o bem mais importante é a água.Sem ela todos morreríamos de sede. Água é também o fatoressencial à agricultura, à nossa alimentação. É através da

boa agricultura que teremos um país deprogresso e de sucesso, tanto

no nosso sustentoquanto na ex-portação deprodutos.

S e n d oassim, devemoscuidar para que

a água seja pre-servada. Para isso

diversas medidas po-dem ser tomadas. Por

exemplo, pode-setomar banhos maisrápidos, econo-mizar energiaelétrica e fazerirrigação por

gotejamento.Em virtude dos fatos mencionados, vê-se que é preciso

fazer um esforço para preservar melhor a água. É desejo detodos que isso aconteça ou a raça humana em breve poderátambém entrar em extinção. Preservar a água é também umexercício de cidadania.

Alanderson G. Oliveira – 8ª sérieEscola Estadual Professor Jason de MoraisBerilo - Minas Gerais

Ilustração: Emidio

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O que de fato significa para nós, seres humanos, otermo mudança climática? Para qualquer coisa que habitao planeta, e para ele próprio, qualquer alteração noclima é um aviso claro: “Está na hora de adaptar-se àsnovas condições. Se não fizer isso, você deixará deexistir”. Isso vale para tudo, desde as rochas e cristais,até os seres humanos, passando pelos vírus e as plantas.Para a geologia, por exemplo, a dureza ou maleabilidadede uma rocha, ou a composição de um solo, são coisasque dependem da temperatura média do planeta nomomento em que este elemento se forma. Para os seresvivos, este aviso é ainda mais evidente: a evolução dasespécies, e mesmo a evolução da vida, não ignoram ainterferência, positiva ou negativa, da temperaturaambiente. Por esta razão é que a escolha de revestimentoscorpóreos adequados para cada situação está incluídanos mecanismos de aperfeiçoamento da vida. Nossoscorpos se auto-regulam de acordo com o lugar ondeestão, com o clima, com a abundância de alimentos, enos avisam sobre isso fazendo-nos sentir frio, calor, fomeou sede na medida certa.

A pele, que na mitologia grega clássica carrega umcomponente de invulnerabilidade, de energeia(enérgeia, força motora relacional), carrega umparadoxo: ao mesmo tempo que precisa ser uma linhadivisória, uma fronteira entre o mundo interior e omundo exterior, ela nos lembra justamente da continui-dade implícita entre estes dois mundos. Origináriosdeste lócus, trocamos energias a todo momento com aTerra; e no entanto, pelo reino da Cultura, somosestruturalmente distintos dela.

A pele é o órgão pelo qual mais nitidamente noschegam as sensações de temperatura. Quando, pois,queremos conversar sobre alterações climáticas, o queseria mais natural do que nos lembrarmos dela? Trata-se do nosso ponto de referência quando queremos nosreferir às alterações mais imediatas que acontecem nonosso ambiente. É ela quem primeiro sente e noscomunica os seus efeitos.

No livro A doença como caminho: uma nova visão decura (Editora Cultrix), os autores Thorwald Dethlefsen eRüdiger Dahlke, afirmam que a pele é uma grandesuperfície de projeção, onde acabamos por imprimir, àsvezes de modo definitivo, as nossas disposições interioresmais insuspeitadas. Podemos corar quando mentimos, ouficar pálidos de medo. Uma disfunção alimentar ouhormonal pode se mostrar através de espinhas, acnes,cravos, pele ressequida ou oleosa. Às vezes, de tantousarmos a máscara de “severos” ou “estressados”,acabamos admitindo rugas que jamais vão deixar nossastestas.

Da mesma maneira como projetamos na nossa pele onosso interior, é também através dela que recebemos eregistramos os efeitos da nossa relação com o ambienteque nos cerca.

Existem ações de combate ao aumento do efeitoestufa. Certo número são apenas reacionárias, outrasmirabolantes, a maioria são eficientes, e entre estasalgumas são simplesmente notáveis. Mas por maiseficientes que sejam, se não forem direcionadas para atransformação do nosso modo de agir e pensar, terãopouco efeito prático. Mecanismos de compra de carbono,por exemplo, podem ser vistos de duas formas: nega-tivamente, como carta branca para a continuidade histó-rica da degradação praticada pelas nações desenvolvidas;positivamente como um ultimato de apelo ao uso de

A ecologia dos nossos sentidosLeandro Carvalho Silva

Bacharel-licenciado em Filosofia pela PUC-Minas e especialista em Educação Ambiental, Agenda 21 e Sustentabilidadepelo Centro de Ecologia Integral em parceria com a Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte

A pele e o sentido do tato

É através da pele que registramos os efeitos da nossa relaçãocom o ambiente que nos cerca

Foto: Irma Reis

ecologia pessoalecologia pessoalecologia pessoalecologia pessoalecologia pessoal

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modelos sustentáveis de produção, e divisão e distribuiçãoequilibrada dos benefícios trazidos pelo usufruto dos bensnaturais.

Falar em distribuição equilibrada nos remete maisuma vez à imagem do corpo humano. Não por acasoevoluímos para o formato físico que temos hoje. Eleresponde a um complexo sistema de adaptação ao meioem que vivemos, sendo cada órgão cuidadosamentedisposto para facilitar o funcionamento e evolução doconjunto. Quando, pois, adequamos nossas estruturassociopolíticas e econômicas a uma lógica de acumulaçãoe discriminação, é sinal de que estamos nos esquecendode observar a nossa própria condição de seres vivos. Nosesquecemos de que somos mais uma espécie viva quehabita este lugar. Nos esquecemos de que, apesar dedotados de razão e consciência, ainda temos muito queaprender com o nosso ambiente.

Assim a nossa pele, como o sentido do tato, apontapara o cuidado da nossa ecologia interna, pessoal, namedida em que, servindo-nos de fronteira com o mundoexterior, também é o termômetro que registra o que delerecebemos e a ele oferecemos. Ela nos revela que é urgenteassumirmos a mudança de pensamento como um assuntoa ser tratado em todos os lugares por onde passamos. Porela percebemos que o modo de ver e pensar as coisas quenos cercam pode ser diferente, porque tudo – inclusive osnossos pensamentos – está sujeito à mudança. Longe denos afastar do ambiente, nosso revestimento nos aproximadele, nos faz verdadeiramente participantes da natureza.

Mas não apenas mudanças internas, como tambémsociais, a pele nos pede. Por longos séculos, infelizmente,

nossa cultura ensinou abertamente a discriminar aspessoas pela cor de sua pele, e esta é uma atitude queprecisa acabar definitivamente. Do mesmo modo,encaramos nossas fronteiras geopolíticas como espaçosdivididos, ao invés de vê-los como portadores de culturasdiferentes. A fronteira natural de que somos dotados nãoé como as paredes de um castelo de pedras, intranspo-nível, assim como não deveriam ser nossas fronteiraspolítico-ideológicas e culturais. Governantes quemandam erguer muros e cercas ao redor dos seus países,ao invés de pontes, não aprenderam a olhar para aatividade de respiração que a sua própria pele realizaininterruptamente.

No que toca à dimensão propriamente ambiental daecologia, nossa pele sofre com as agressões queimputamos à camada de ozônio. A atmosfera funcionacomo a pele do planeta, e a camada de ozônio, uma desuas componentes, não é de forma nenhuma menosimportante.

Nossa pele, enquanto organismo vivo e participanteda comunidade biológica, tem seus modos de nos alertarsobre nossos excessos com relação ao meio ambiente.Nos próximos textos da série, “A ecologia dos sentidos -os ouvidos e o sentido da audição; os olhos e o sentido davisão; o nariz e o sentido do olfato e a boca e o sentidodo paladar”, veremos que cada um dos nossos sentidospode fazer isso também. Cabe à nossa consciência,regente dos sentidos e reagente a eles, acolher estealerta e transformar os valores da sustentabilidade, daresponsabilidade e da paz em elementos da consciênciacoletiva.

Universidade Internacional da Paz - UNIPAZ-MG

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Próximos seminários - 2007

20 a 22/04 - Permacultura: novas formas de viver/Economia Solidária (João Rockett)

25 a 27/05 - Budismo Tibetano - meditando o cotidiano (Lama Padma Samten)

29/06 a 1º/07 - O poder de criar (Annie Rottenstein)

27 a 29/07 - A arte de viver a natureza (Lydia Rebouças)

31/08 a 2/09 - A arte de cura dos pajés – tradição sagrada Tupi-Guarani (Kaka Werá Jecupé)

28 a 30/09 - A arte de viver a passagem (Pierre Weil)

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Educação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambiental

Quem está de fato preocupado com as catástrofesprenunciadas pelos cientistas, decorrentes da poluiçãoatmosférica? A resposta parece óbvia: muita gente, ouquase todo mundo. Mas, quem está de fato criandoopções pessoais de transporte, alimentação, vestuário,lazer, que reduzam a geração de energia poluente? Aresposta também é óbvia: pouca gente, ou quaseninguém.

O desequilíbrio na equação, consumo de bens egeração de energia está na subtração da sobrevivência.

Há pouco tempo assisti ao vivo, uma cena exemplar.No alto de uma árvore um bem-te-vi voava atrás de umgavião. Depois cada qual pousou em um galho ealternadamente emitiam seus trinados peculiares.Olhando mais acima vi um ninho com os filhotes e entendio significado daquilo que me pareceu uma discussão: ogavião iria comer aqueles filhotes, mas a mãe chegou atempo de impedi-lo. Fiquei maravilhada, o gavião sendomuito maior que a mãe bem-ti-vi, poderia ter feito umarefeição dupla e, no entanto, não o fez. Acatou apresença dela como uma ordem: “Aqui, não!” Se anatureza fosse regida pela força, não existiriam maisbem-ti-vis. No entanto a lei da natureza é a vida. Se amãe protege, a vida está salva.

Nossa civilização parece carente de sensibilidade,desta capacidade do ser vivo de responder aos estímulosexternos e salvar a vida. Uma cultura carente deprincípios comunitários, egoísta, solitária. O mais fortedominando o mais frágil. Submetidos aos interesses deum modelo econômico que acredita que pode serpraticado apesar das pessoas ou contra elas. Uma legiãode produtores e consumidores, seduzidos por este cantodas sereias, belo e destruidor, sem questionamentos, semhumildade. O mercado fez da vida uma mercadoriadesprezível. O bem estar é para poucos e o sacrifíciopara a maioria.

Estranho paradoxo: estamos cada vez mais próximose cada vez mais indiferentes à vida do outro. A ilusão do

bem estar sustentado pela posse de bens materiais, requero mais e a sobrevivência exige o menos, mas ninguémquer abrir mão de suas escolhas em prol do coletivo.Cada qual busca sua salvação individual, quando a espécieé que está ameaçada.

Ao olharmos pelo retrovisor de nossa experiênciacivilizatória, veremos o legado que estamos deixando àTerra. Talvez a iminência do insuportável nos faça reagir,pois o suportável não provoca mudanças. E mudançasnão resultam de proclamações, mas daquilo que toca ahonra do indivíduo, como diz Forbes, aquele aspectosilencioso e íntimo que orienta o ser a tal ponto, que suaperda desmerece a própria vida.

Ainda que toda a diplomacia mundial assineprotocolos e regulamentos para o controle da poluiçãoatmosférica, não haverá mudança estrutural sem umamudança individual, sem a recuperação da virtude quebrilha com luz própria: o amor à vida. Não se trata deleis, mas de justiça, o que vale para um vale para todos.Não precisamos de controle externo, nem de heróis parasalvar o mundo, precisamos sim, de sensibilidade. Docompromisso íntimo. De sabermos aproveitar a vida semcausar danos a ninguém. De viver e deixar viver semsofrimento e com dignidade. De admitir que há um ponto,em que qualquer negociação, que desconsidere a vida,está fora de cogitação. De ter a coragem do bem-ti-vipara dizer: Aqui não!

Controle externo ou sensibilidade do ser

Ana MansoldoPsicóloga, pós-graduada em Educação Ambiental e colaboradora do Centro de Ecologia Integral

Quem decide o futuro da Terra?

Ainda que toda a diplomacia mundialassine protocolos e regulamentos parao controle da poluição atmosférica,não haverá mudança estrutural semuma mudança individual, sem a recu-peração da virtude que brilha com luzprópria: o amor à vida.

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Dê preferência ao ser humanoReflexõesReflexõesReflexõesReflexõesReflexões

Que tal andar a pé pelas ruas da nossa cidade, exercitar o corpo, ver as pessoas deperto, parar e conversar sem pressa? Resgatar os nossos espaços que foram cedidos aosautomóveis e transformá-los em praças, centros de lazer e de convivência? Que talrepensarmos o uso que fazemos atualmente do automóvel, da excessiva dependênciaaos carros? Antigos casarões e árvores vão ao chão para a construção deestacionamentos. Cada vez mais a cidade precisa de viadutos, alargamento das vias evagas para veículos. E, apesar de todas as obras de expansão, nossas ruas estãosempre pequenas para tantos carros. Por que não ampliamos e racionalizamos trajetose estruturas de nossos ônibus e metrô para que o transporte coletivo seja eficiente?O espaço urbano humanizado precisa de menos máquinas e mais de relações entre aspessoas, mais segurança, mais paz, menos barulho, menos acidentes, menos poluição,menos automóveis nas ruas. Que tal transformar algumas ruas em áreas sem tráfegoonde as crianças possam brincar de bola e andar de bicicleta, onde os jovens praticaresportes e os adultos se reunir para conversar. Que tal construirmos um novo ambienteurbano que seja sustentável, que dê preferência às crianças, aos idosos, aos portadoresde deficiência, enfim, a todas as pessoas... Que dê preferência à vida sem pressa,sem barulho, sem poluição, sem engarrafamentos, sem estresse, sem exibicionismo,sem solidão.

Reduzir a emissão de gases de efeito estufa faz bem para o clima do planetae promove a qualidade de vida das pessoas, a vida social e cultural dascomunidades.

A Jornada Brasileira “Na Cidade Sem Meu Carro” aconteceanualmente no dia 22 de setembro, incentivando a utilização debicicleta ou de transporte coletivo para os deslocamentos noscentros urbanos.

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Centro de Ecologia Integral - R. Bernardo Guimarães, 3101 - Sala 204 - B. Santo Agostinho - Belo Horizonte/MGBrasil - Cep: 30.140-083 - Tel.: (31) 3275-3602 - E-mail: [email protected] - www.ecologiaintegral.org.br

Participa atualmente dos seguintes fóruns, redes e comissões: Rede Mineira de Educação Ambiental, RMEA Fórum de Ongs Ambientalistas de Minas Gerais Fórum Municipal Lixo e Cidadania de Belo Horizonte Comissão Organizadora do Fórum da Agenda 21 de Belo Horizonte

Grupos de estudos(abertos e gratuitos)- Ecologia do ambiente (semanal)- Meditação (quinzenal)- Sonhos (quinzenal)

Atividades do Cei

BibliotecaCine-pazPalestrasPasseios ecológicos deintegração com a natureza

Em Belo Horizonte:Bancas e agências de revistas: ver com a Distribuidora Santana - DISA: (31) 3388-6669

Barreiro: Vagner Luciano - Tel. (31) 3225-0644 Barroca: Homeopatia Vitae (R. Brumadinho, 267) Centro: Farmácia Chamomilla (Av. Augusto de Lima, 403);

Restaurante Vegetariano Naturalmente (R. Rio de Janeiro, 1197); Livraria Usina das Letras 2 (Av. Afonso Pena, 1537 - Palácio das Artes) Floresta: Farmácia

Homeopática Digitalis (Rua Curvelo, 130) Lourdes: Farmácia Weleda (Av. Olegário Maciel, 1358) Santo Agostinho: Livraria Usina das Letras 1 (R. Aimorés, 2424

Usina Unibanco); Farmácia Atma (R. Rodrigues Caldas, 766) Savassi: Homeopatia Germinare (R. Paraíba, 966 - Loja 2); Homeopatia Vitae (R. Cláudio Manoel,

170); Mandala Restaurante Natural (R. Fernandes Tourinho, 290) Serra: Farmácia Amaryllis (R. do Ouro, 1582) Sion: Restaurante Natural Nascente (R.

Paraguai, 86); Homeopatia Magna Mater (R. Montes Claros, 509)

No interior de Minas Gerais:Caeté: Livraria e Papelaria Universo (Rua Israel Pinheiro, 305); Papelaria Pergaminho (Rua Jair Dantas, 402); Loja do Cabral (Av. João Pinheiro, 3654)

Juiz de Fora: G2 Comércio de Livros (Campus da UFJF); Livraria Liberdade - Tel. (32) 3215-7863

Pompéu: Jacson Afonso de Sousa - Tel. (37) 3523-1107

Pontos de venda da Revista Ecologia Integral

Seminários, cursos e oficinas- Ecologia integral- A arte de viver em paz

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O Centro de Ecologia Integral, Cei, é uma associação sem finseconômicos reconhecida de utilidade pública municipal eestadual. É registrado no Cadastro Nacional de EntidadesAmbientalistas, CNEA, do Ministério do Meio Ambiente.

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Por uma cultura de paz e pela ecologia integral!A Revista Ecologia Integral é uma publicação da organização

não-governamental Centro de Ecologia Integral.

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