Revista Península - Set/2009

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Península Revista este exemplar é seu Ano I – Nº3 – Setembro de 2009 www.peninsulanet.com.br E mais: SÍTIO DO MATOSO Pensando o meio ambiente A PRIMAVERA DESABROCHA Um novo colorido no ar EM CENA A consciência ambiental PENÍNSULA PENÍNSULA Bonita como a natureza

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Revista Península - Setembro 2009

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Page 1: Revista Península - Set/2009

PenínsulaRevista

este exemplar é seu

Ano I – Nº3 – Setembro de 2009www.peninsulanet.com.br

E mais:SÍTIO DO MATOSO

Pensando o meio ambiente

A PRIMAVERA DESABROCHAUm novo colorido no ar

EM CENAA consciência ambiental

PENÍNSULAPENÍNSULABonita como a natureza

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Planejamento eDesenvolvimento Urbano: Vendas:Realização:

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N A P E N Í N S U L A B A R R A

E M D E Z E M B R O / 2 0 0 9

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4 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Diretora Administrativa Rebeca B. MaiaEditora Responsável Tereza Dalmacio [email protected] Karen Montenegro | Marcella CastroFotografi a Jorge Carvalho | Thiago Esteves | Bruno LeãoRevisão Giselle MartinsDesign e Projeto Gráfi co Rafael Carvalho [email protected] Victor Bakker [email protected] | Marcio Ayres [email protected] | Bruno Faria [email protected]

Estrada da Barra da Tijuca, 3886 – Sala 222Itanhangá – Barra da Tijuca – [email protected] | utilcomunicacao.blogspot.com (21) 3471 6799 | 7898 7386 | 7898 7623 | 7880 4914 | 7850 1489

Presidente Carlos Felipe Andrade de CarvalhoVice-Presidente Sergio LopesGerente Administrativo/Financeiro Jorge LeoneGerente de Relacionamento Claudia Capitulinowww.peninsulanet.com.br [email protected] 21 3325 0342

Na próxima semana, entraremos na esta-ção mais linda do ano, a primavera. A na-tureza se veste com seus aromas, cores,

formas e texturas. E a Península desabrocha, revela, ainda mais, toda a sua beleza, seus encantos, uma poesia viva.E no meio de todo esse verde, o homem em co-munhão permanente com a mãe Terra, plantando a semente da consciência ambiental, recuperando, investindo em novos projetos sustentáveis.A primavera emoldura esse conceito germinado aqui, o da sustentabilidade. Ao longo dessa edição você vai conhecer o trabalho de muita gente que pensa e vive a Península em sua totalidade. Gente

Editorialque se dedica, que doa o seu tempo, que faz aquele trabalho de “formiguinha” e que fl oresce em resul-tados para todo esse espaço.A nossa Revista saúda a primavera e brinda com você o desejo mais simples do universo, homem e natureza em plena harmonia.

Revista Península é uma publicação da Editora Util Comunicação & Design

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"Primavera não é uma simples estação de flores, é muito mais, é um colorido da alma."

Jaak Bosmans

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5REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Sumário

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08. Entrevista| Carlos Alberto Muniz

11. Blog | Vice-Presidente

22. Sítio do Matoso

26. Paisagismo

30. Porta-Retrato

33. Nosso lixo de cada dia

34. É de Casa | Luciano Aragão

40. Entrevista | Luiz Augusto Ferreira Santana

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6 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Sala de estar

"Parabéns pela criação de uma revista bem elaborada, trazendo no seu conteúdo,todas as informações e acontecimentos, contribuindo para o crescimento e consolidação da Península, que carinhosamente chamo de “novo bairro”, pela extensão do seu espaço geográfi co e também pelas construções. A cada dia cresce mais, cria identidade e futuramente ganhará vida própria, com as novas implantações de áreas comercias internamente e perifericamente. Falo com a visão de morador e profi ssional, colabo-rando e fazendo parte da comissão de obras do meu condomínio (Via Bella).Boa sorte,"

Antonio Félix, [email protected]

SALA DE ESTAR

A Revista Península é um veículo de co-municação criado para você, morador, e por isso mesmo, é fundamental a sua

participação para o sucesso deste lançamento. Sugira temas, nos envie sugestão de pautas,

mande a foto que quer ver publicada, participe,

interaja, escreva pra gente. Essa sala de estar é para receber você e saber o que gostaria de encontrar na sua Revista Península. Aponte o tema, e nós vamos buscar as informações que você deseja. Até o próximo encontro, e sempre com a sua participação.

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7REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Armazém

ARMAZÉM

Você sabia que, mais de 500 anos depois do descobrimento do Brasil, a mais antiga das práticas comerciais, o escambo, ganha força

novamente no mercado? Segundo o International Reciprocal Trade Association (IRTA), a troca de produtos e serviços movimenta, informalmente, quase 800 milhões de dólares por ano no país. E nós vamos aumentar, mesmo que timidamente, essa cifra.

Esse espaço aqui é o seu Armazém, para venda

ou troca de objetos entre os mora-dores da Península e também para os parceiros que prestam serviços aqui.

Vamos funcionar como um pe-queno classifi cado. Anuncie o seu produto. Faça um bom negócio sem sair de casa. Maiores informações pelo telefone 3325 0342 ou pelo e-mail [email protected].

Beleza e qualidadeTereza Michalski, moradora do Monet, apar-tamento 905, informa que é consultora Natura (Natura Cosméticos). Aos interessados, o tele-fone para contato é o 3151 3421. A Tereza é professora de português e inglês, exerce essa nova função com muita alegria.

Aulas de inglêsDéborah Grossman, moradora do Atmosfera, é formada em Letras Inglês/Português pela Universi-dade de São Paulo - USP - com especialização em tradução. Oferece aulas para todos os níveis e re-forço escolar, também faz traduções. Para contato, os telefones são 3503-1560 / 8133-3362 ou pelo e-mail, [email protected].

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8 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

CARLOS ALBERTO MUNIZ, VICE-PREFEITO E SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO, É ECONOMISTA COM ESPECIALIZAÇÃO EM PLANEJAMENTO E CONSULTORIA, FOR-MADO PELA SORBONNE (UNIVERSIDADE DE PARIS). TEM AMPLA EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL NA ÁREA AMBIENTAL E JÁ PRESIDIU A FEEMA - FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ENGENHARIA DO MEIO AMBIENTE, TENDO COMANDADO TAMBÉM A SERLA - SUPERINTENDÊNCIA ESTADUAL DE RIOS E LAGOAS. É DIRIGENTE PARTIDÁRIO, ALÉM DE SER UM PROFISSIONAL COM BAGAGEM E FORMA-ÇÃO PARA ENFRENTAR OS GRANDES DESAFIOS DE UMA METRÓPOLE DO PORTE DO RIO DE JA-NEIRO. VAMOS SABER COMO ANDAM OS PROJETOS DA PREFEITURA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ORDENADO DA CIDADE.

Revista Península: Secretário, antes de falarmos sobre o meio ambiente, conte pra gente como in-gressou na política? Carlos Alberto Muniz: Comecei minha trajetó-ria política antes do golpe militar de 1964, quando participava do movimento estudantil como presi-

dente do grêmio do Colégio Pedro II. Durante os chamados "anos de chumbo", quando cursava En-genharia na Universidade do Brasil, atual UFRJ, eu presidi o Diretório Central dos Estudantes (DCE) daquela universidade. Com o Ato Institucional N° 5 e o recrudescimento da violência do regime mi-litar, fi z parte da geração que resistiu ao que se convencionou chamar de "golpe dentro do golpe".Perseguido, passei a viver na clandestinidade, aju-dando a organizar a resistência à ditadura. Vivi exi-lado na Argélia, na França e no Chile. Na França, me formei em Economia e Administração. Esse período conturbado fez com que eu não pudesse concluir o curso de Engenharia no Brasil, apesar de ter cursado até o 4° ano. Em 1976, retornei ao Brasil, mas vivi na clandestinidade até 1979, quando foi assinado o decreto de anistia pelo então pre-sidente João Figueiredo. No mesmo dia, fi liei-me ao MDB, que depois passou a se chamar PMDB, partido no qual estou há 30 anos e onde exerci e exerço diversas funções. Fui eleito secretário-geral do partido no Estado do Rio de Janeiro e integro o Diretório Nacional da legenda. Acredito que meu perfi l de articulador político fez com que eu fosse escolhido para ser candidato como vice-prefeito na chapa de Eduardo Paes, o que muito me honra. Revista Península: A recuperação das Lagoas Rodrigo de Freitas, da Barra e de Jacarepaguá são alguns dos desafi os da sua pasta?

ENTREVISTA SECRETÁRIO CARLOS MUNIZ

//texto por Tereza Dalmacio //foto por Thiago Esteves

ENTREVISTA CARLOS ALBERTO MUNIZ Vice-Prefeito e Secretário de Meio Ambiente/RJ

Secretário Carlos Muniz

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9REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Carlos Alberto Muniz: A questão da Lagoa Ro-drigo de Freitas está plenamente equacionada. As ações que ali estão ocorrendo são coordenadas pela nossa Secretaria, numa articulação com ou-tros órgãos governamentais do Município (Secre-taria de Obras, Fundação Rio-Águas) e do Estado (Inea, Cedae) e a fundamental parceria da empresa EBX, de Eike Batista. As obras deverão estar con-cluídas até o fi nal de 2010 ou início de 2011 e, assim, cessará, fi nalmente, o lançamento de esgoto na Lagoa. Caberá à Secretaria de Meio Ambiente o desenvolvimento do trabalho de Educação Am-biental que dará sustentabilidade ao projeto e a sua plena compreensão pela população. E no futu-ro, estaremos, através do monitoramento da água da Lagoa, que será executado pela SMAC, zelando pelo equilíbrio adquirido através deste trabalho. Portanto, em breve, entraremos na fase fi nal que é: “rumo ao banho na Lagoa!”; algo impossível de se pensar até o ano passado. Revista Península: O senhor conhece a Penín-sula, uma área do tamanho do Leblon, às margens da Lagoa da Tijuca, com 780 mil metros quadrados de área verde? Qual a importância da recuperação ambiental feita pela Carvalho Hosken nos mangue-zais que circundam a Península? Carlos Alberto Muniz: Conheço muito bem as glebas E e F há cerca de 20 anos, desde o tempo em que eu era presidente da FEEMA. Conside-ro a Península um projeto avançado no tempo, e que vem ajudando muito a proteger as margens da Lagoa da Tijuca, especifi camente nesse trecho do condomínio. Existe um projeto em estudo para solucionar a situação da Lagoinha e da Lagoa de Marapendi, a Cedae já concluiu a construção do emissário e está completando a rede de captação dos esgotos para, assim, melhorar a balneabilidade das águas das lagoas existentes dentro do Municí-pio do Rio. Estamos colocando também em ope-ração a estação de tratamento do Arroio Fundo, que contribuirá para haver uma substancial me-lhora na qualidade da água da Lagoa da Tijuca. E

já estamos estudando a possibilidade de implantar também uma estação no Arroio Pavuna. Em alguns projetos da Barra, a iniciativa privada tem se mos-trado muito empenhada em realizar parcerias com a Prefeitura do Rio, na luta pelo desenvolvimento da região, e em prol da preservação da natureza local. Considero de suma importância o trabalho da Carvalho Hosken nessa questão do mangue-zal, haja vista o belo serviço de recuperação desse “berço” da natureza que circunda a península, cujo trabalho realizado ali, devolveu ao meio ambiente e à população a exuberância de sua fauna e fl ora.

Revista Península: Qual o benefício recebido pela Barra por conta da manutenção (limpeza) da Lagoa realizada pela ASSAPE? Carlos Alberto Muniz: Excelente oportunida-de para que eu possa elogiar o trabalho feito pela ASSAPE e acrescentar que, nos próximos anos da gestão do prefeito Eduardo Paes, dará um grande salto para recuperar as lagoas da Baixada de Jaca-repaguá.

Revista Península: O projeto urbanístico da Pe-nínsula é moderno, inovador e contribui efetiva-mente para a proteção ambiental. O senhor acre-dita que a Península é um modelo sustentável para o Estado e para o País? Carlos Alberto Muniz: Considero um modelo bastante avançado, mas ainda não totalmente sus-tentável. A Carvalho Hosken estará, com certeza, incorporando aos seus próximos empreendimen-tos itens que proporcionem maior sustentabili-dade a projetos desta natureza, tais como: incre-mento e recuperação da vegetação de áreas de preservação permanente; utilização de espécies nativas nos projetos paisagísticos; dispositivos para a redução do consumo de água; utilização de iluminação especial nas áreas de preservação ambiental, com lâmpadas que não atraiam insetos; e emprego de técnicas para reduzir o consumo de energia elétrica.

ENTREVISTA SECRETÁRIO CARLOS MUNIZ

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10 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Revista Península: Outro grande desafi o da Se-cretaria de Meio Ambiente é conter a expansão de favelas, que alcançam 3,7% do território da cidade, e cresceram nos últimos 10 anos mais de 3.000.000 m². Como está o trabalho de Ecolimites, como vem sendo chamado esse trabalho de coibir a constru-ção de casas em encostas e áreas fl orestais? Carlos Alberto Muniz: Na atual gestão não per-mitiremos mais nenhuma construção em área de proteção permanente (APP), em beira de rios, nas encostas e em áreas de fl oresta. Com a parceria de outros órgãos do Município e do Estado, estamos empenhados na melhoria de várias comunidades, dentre as quais: Dona Marta, Alemão, Pavão-Pa-vãozinho, Complexo de Manguinhos e, em breve, entraremos com diversas ações nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme. Posso afi rmar que todas as moradias em áreas de risco dessas comunidades serão removidas e realocadas em áreas mais seguras dentro da própria comuni-dade e com infraestrutura adequada aos seus mo-radores. Também haverá, nesses locais, Educação Ambiental, paisagismo e refl orestamento, para que as áreas não sejam novamente usadas de forma inadequada e a vida dos moradores melhore ainda mais. Quanto aos Ecolimites, o programa está sen-do transformado em limites defi nidos e comple-mentados com o trabalho de paisagismo e arbori-zação. Assim, a comunidade passa a ter a natureza preservada e os moradores dessas localidades ga-nham beleza natural ao redor de suas moradias.

Revista Península: O desenvolvimento sustentá-vel é defi nido como aquele que harmoniza o cres-cimento econômico, com a promoção da justiçasocial e a preservação do meio ambiente. Assim, busca-se garantir que as necessidades das atuais gerações sejam atendidas sem comprometer o atendimento das gerações futuras. A Prefeitura do Rio está no caminho certo para buscar esse de-senvolvimento? Carlos Alberto Muniz: Sim, porque a Prefeitura

do Rio, além de considerar como prioridade esses 3 eixos que constituem a sustentabilidade, ou seja, o crescimento econômico, a preservação ambiental e não somente a justiça social, mas principalmente, a equidade social, leva também em consideração 3 fatores igualmente essenciais: o capital humano, que é o conhecimento e o talento; o capital social, que é o nível de organização e de cooperação da sociedade e o capital ético, que é a boa governan-ça e a transparência nas suas ações. Haja vista os projetos e programas que estão sendo desenvolvi-dos pela Secretaria de Meio Ambiente, como por exemplo: o programa Mutirão Refl orestamento que, ao longo de sua existência, já plantou mais de 5 milhões de mudas de árvores, numa área de 2 mil hectares, tendo a preocupação, inclusive, de gerar trabalho e renda nas 100 comunidades em que atua. Outro exemplo é o projeto de implan-tação da política municipal de mudanças climáti-cas, tendo como base a atualização do inventário de emissões de gases do efeito estufa da cidade do Rio de Janeiro, cujo trabalho está sendo feito pela Coppe. Estamos tendo também um cuidado especial com a Educação Ambiental, fundamental na produção de conhecimento, conscientização e disseminação de informações. Pois, além de procu-rar esclarecer e envolver todos os segmentos da sociedade carioca, visa a um consumo mais cons-ciente e responsável. Revista Península: Alguma consideração fi nal so-bre o seu trabalho à frente da Secretaria de Meio Ambiente? Carlos Alberto Muniz: Estar à frente da Secre-taria de Meio Ambiente de uma das cidades mais importantes do país e do mundo, é um desafi o que muito me estimula e me incentiva a avançar ainda mais na minha carreira de servir ao público. Encon-trei aqui na SMAC uma equipe altamente experiente e capacitada. Estou certo que na gestão do prefeito Eduardo Paes, que também já comandou esta Se-cretaria, as ações da Prefeitura estejam no caminho para a construção de uma cidade sustentável.

ENTREVISTA SECRETÁRIO CARLOS MUNIZ

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11REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009 11REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Hoje em dia, escutamos muitas expressões como responsabilidade ambiental, susten-tabilidade ambiental, licenciamento am-

biental, estão na mídia, nas escolas, nas empresas, enfi m em toda parte. E sei que depois de ter lido o Blog anterior, na edição de agosto, você pensou: “O Sergio é xiita, alarmista, está exagerando”. Mas não é isso. Precisamos todos contribuir com o ambiente em que vivemos, de uma forma ou de outra. Se você gera aquele ou outro resíduo, poderia separá-lo em casa para facilitar a sua reciclagem, não é mesmo?

E será que, depois da leitura, algo mudou na sua casa ou no seu trabalho? Bom, independente da resposta, proponho aqui um desafi o: no próxi-mo fi m de semana, separe o seu lixo doméstico. Em uma sacola plástica coloque as latas de cerveja, re-frigerante, extrato de tomate, enlatados em geral. Em outra, as garrafas pet e qualquer outro resíduo plástico e, agora, os papéis e jornais. O resto de fri-turas, depois de esfriar, pode ser colocado em uma garrafa pet. Por último, mas não menos importante, a sobra de comida. Mas, cuidado na hora de jogar no coletor. O correto é colocar em uma sacola de lixo ou embrulhar em jornal para que não se espalhe e acabe gerando mau cheiro e atraindo vetores.

Abro um parêntese: em breve, a ASSAPE cria-rá adubo com esse material, aproveitando-o para o plantio aqui mesmo na Península. Impressionante como a reciclagem de lixo gera economia e protege o meio ambiente!

Retornando à separação do lixo, quando tudo estiver ensacado - e você deve se perguntar: “E ago-ra José??? O que faço com tudo isto???"-, é simples: a ASSAPE dará o destino correto.

Outro ponto que gostaria de colocar para você, que aceitou o nosso desafi o de mudar hábitos e contribuir com a saúde do nosso planeta, é sobre o transporte solidário. Alguma notícia?

Dividir o carro para o trabalho, escola ou uni-versidade com amigos ou vizinhos é mais uma ati-tude que contribui com o meio ambiente. Menos carro na rua, menos poluição.

Muitas vezes não aceitamos o transporte soli-dário, a carona, por não ter intimidade com o outro, por não saber nada sobre ele, se é chato, fumante ou outra característica que o incomode. Contudo, o outro lado também pode ser verdade. Esse vizi-nho pode se tornar um grande amigo, você pode ter pontos em comum com ele, encontrar identidades. E além de tudo isso, todo mundo pode economizar, dividindo o custo de combustível e o desgaste do carro. Cada semana vai o carro de um.

São as pequenas atitudes que, em cadeia de pen-samento, podem mudar nosso planeta. Tive a honra de ser convidado para uma recepção com direito a uma palestra no Itamaraty, onde o príncipe Charles, em sua visita ao Brasil, fez uma palestra muito determinada sobre mudanças climáticas. Ele possui uma organiza-ção chamada The Prince’s Rainforests Project (Mais informações no site www.princesrainforestsproject.org), e afi rma “As melhores projeções nos dizem que temos menos de 100 meses para mudar nosso com-portamento ante o risco de uma mudança climática catastrófi ca”, existem várias frentes para o combate a esta mudança climática. Mas, o mais efetivo, efetivo mesmo, são nossas atitudes.

Só agindo de forma local, obtemos alcances globais. Pense nisto!!!

BLOG DO VICE-PRESIDENTE

Blog do Vice-PresidenteO BLOG DESTE MÊS VEM AFINADO COMO TODA A EDIÇÃO, QUE ABORDA O TEMA MEIO AM-BIENTE. UM ASSUNTO MOBILIZADOR, INSTIGANTE E QUE TEM TUDO A VER COM A NOSSA MORADA, A PENÍNSULA.

Acesse meu blog: www.osergiolopes.com.br, clique no link Península. Criei um ponto de encontro virtual, lá você poderá oferecer e procu-rar caronas.Sergio Lopes é Empresário da área de Meio Ambiente, pai de três fi -lhos, Vice-presidente da ASSAPE e um apaixonado por esse planeta.

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12 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

“Houve um incêndio na fl oresta e enquanto todos os bichos corriam apavorados, um pequeno beija-fl or ia do rio para o incêndio levando gotinhas de água em seu bico. O leão, vendo aquilo, perguntou para o beija-fl or: “Ô beija-fl or, você acha que vai conseguir apagar o incêndio sozinho?” E o beija-fl or respondeu: Eu não sei se vou conseguir, mas estou fazendo a minha parte”.

Fábula do Beija-fl or

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13REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

A primeira década do século XXI vem escre-vendo sua história como um período de transformação. Há uma nova concepção de

vida surgindo. Um olhar mais apurado, mais atento. O conceito de globalização ganha novas conota-ções nos quatro cantos do planeta. É preciso mu-dar para poder permanecer. Permanecer sobre a Terra. Não há mais lugar para o consumo desenfre-ado e desmedido. A crise econômica mostra isso. Não há mais como ignorar a agressão ambiental, a destruição da camada de ozônio (aquecimento glo-bal) comprova. Não temos como ignorar a fome, a miséria, as pandemias, vide a gripe suína.

O mundo se transforma. Há uma nova cons-ciência. É o individual, o trabalho de cada um, que irá transformar o coletivo. São pequenas sementes jogadas aqui e ali que já germinam. Cada setor da sociedade está imbuído e buscando novos cami-nhos para cuidar desse pequeno planeta azul.

Na Península, esse novo movimento pode ser observado desde a concepção de todo projeto, criado há mais de 20 anos, até as ações empreendi-

das no dia-a-dia. Se observarmos, sua consciência ambiental começa pelo seu perímetro urbano, que acolhe uma trilha ecológica com 4 quilômetros, vegetações de mangue e de restinga recuperadas pela Carvalho Hosken.

Nas últimas três décadas, a empresa investiu mais de US$ 10 milhões na recuperação do man-guezal da Península. Nos últimos 4 anos, todo o trabalho foi coordenado pelo biólogo Mario Mos-catelli, mestre em Ecologia, professor de Gerencia-mento de Ecossistemas do Centro Universitário da Cidade e responsável técnico pela Manglares Consultoria Ambiental.

Vamos saber como esse projeto funciona, os re-sultados alcançados e o que ainda vem pela frente.

Revista Península: O que é o Projeto Manguezais?

Mario Moscatelli: É um projeto de gerenciamen-to, isto é, de adequação ambiental, recuperação e manutenção de lagoas, manguezais e comunidades vegetais de transição.

Consciência AmbientalConsciência Ambiental

ECO BARREIRA MARIO MOSCATELLI

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14 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Revista Península: A natureza já dá sinal de re-cuperação?

Mario Moscatelli: Basta comparar o que era com aquilo que é hoje. Os manguezais, há qua-tro anos atrás, eram verdadeiras lixeiras. Era tanto lixo depositado, que criava um colchão de resíduos que impedia o desenvolvimento do manguezal. Destaca-se que era encontrado de tudo, lixo doméstico e hospitalar, aparelho de TV, geladeira, sofá, dava para montar um apar-tamento com toda aquela porcaria que se acu-mulava dentro do manguezal, na Lagoa da Tijuca, no Saco e no Saquinho. Hoje, você vê o mangue-zal recuperado, se reproduzindo e, com ele, sua fauna, como os caranguejos e aves e, também, capivaras e jacarés.

Revista Península: O trabalho vai além da re-cuperação do manguezal da Península. Que outras áreas são benefi ciadas com esse trabalho?

Mario Moscatelli: Minha empresa (Manglares) atua com outras empresas em outras áreas nas Lagoas da Tijuca, de Marapendi e de Jacarepaguá.

Destaco, porém, que a maior é a que eu gerencio nas glebas E e F, nas áreas do Saco Grande e Saqui-nho. Um importante e signifi cativo trabalho vem sendo desenvolvido há vinte anos na Lagoa Rodri-go de Freitas, onde, pessoalmente, plantei 3 km de manguezais em seu perímetro com apoio do Cen-tro Universitário da Cidade de onde sou professor titular na cadeira de Gerenciamento de Ecossis-temas. Esse projeto na Lagoa Rodrigo de Freitas, bem como o da Península são ícones na mudança de relação da sociedade do Rio de Janeiro com o ecossistema mangue, tido no passado, errone-amente, como algo inútil e, portanto, suprimível. Um profundo engano que avalizou a supressão de grandes extensões desse ecossistema, fundamen-tal para a manutenção da biodiversidade da zona costeira. Infelizmente, ainda em outros municípios da Baía de Guanabara, essa ideia ainda prevalece.

Revista Península: Será que ainda veremos caranguejo guaiamum e do uçá no manguezal da Península?

Mario Moscatelli: Se procurar agora, já podemos achar esses animais como tantos outros. Como já

ECO BARREIRA MARIO MOSCATELLI

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ECO BARREIRA MARIO MOSCATELLI

disse, os animais não gostam de viver na imundície, podem até suportar, mas gostar, garanto que não! A partir do momento que você gera as condições am-bientais adequadas, aves, répteis, mamíferos começam a surgir e tomar conta daquilo que sempre foi deles.

Revista Península: Quanto tempo é necessário para a recuperação total de uma área como essa? E essa recuperação é possível?

Mario Moscatelli: No caso da Península, em uma década já temos claramente os sinais de recupera-ção. Não apenas os manguezais podem ser recu-perados, mas se houver vontade política de nossos gestores públicos, com toda e absoluta certeza, em associação com o setor privado, poderemos, entre 5 e 10 anos, reverter a maior parte do processo de degradação que vemos no sistema lagunar da Bai-xada de Jacarepaguá, transformando o que hoje ain-da é, em sua maioria, uma cloaca e uma lata de lixo em uma área de lazer com marinas e onde o meio ambiente, de fato, poderá gerar riqueza e oportu-nidades, não só para o “caranguejo e o socó”, mas também para o pescador, o marinheiro, o empre-sário e o morador da região. Enfi m, poderemos mostrar no futuro que, no início do século XXI, o carioca aprendeu alguma coisa com 400 anos de degradação ambiental em nossa cidade.

Revista Península: O que é a ecobarreira e como funciona nesse processo de recuperação?

Mario Moscatelli: A ecobarreira é um sistema de barreiras físicas instaladas em trechos especí-fi cos da Lagoa da Tijuca que impedem que o lixo que desce dos rios e das favelas, associados a res-tos vegetais e gigogas, invadam as áreas de man-guezal e da Lagoa da Tijuca, que estão sob nosso gerenciamento. Se não houver esse sistema, nossa equipe limpa hoje para amanhã estar do mesmo jeito. São toneladas de resíduos removidos men-salmente das barreiras e que não param de che-gar da bacia hidrográfi ca, principalmente durante o período de chuvas.

Revista Península: O senhor desenvolve outro trabalho na Península, o horto educativo, com mu-das de plantas de manguezais, e ainda um viveiro de caranguejos. Já é possível devolver à natureza essa fauna e essa fl ora?

Mario Moscatelli: Este trabalho já vem sendo efetuado, visto que o ecossistema já apresenta as condições ambientais para o desenvolvimento/sus-tento da fauna associada. No momento, o horto passa por uma recuperação estrutural e, portanto, está operando apenas na produção de mudas, mas periodicamente, os caranguejos são soltos na área visando a sua reintrodução. No ano passado, algu-mas escolas visitaram as trilhas, bem como recebe-ram aulas nos manguezais do Saquinho.

O trabalho de Mario Moscatelli e equipe, junto à AS-SAPE e à Carvalho Hosken é um começo importante dentro desse processo de transformação. Sabemos que não vamos solucionar o problema ambiental do mundo, mas sabemos também que podemos colabo-rar com essa reconstrução de forma científi ca, con-creta e direta. É cada um fazendo a sua parte em prol do todo. Plantamos ideias, conceito, novas tecnologias e, com certeza, iremos colher crescimento socioeconômico, prosperidade com sustentabilidade. É o homem em busca da perfeita harmonia com o universo. Somos todos seres vivos, dividindo a mesma casa, o nosso planeta Terra.

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16 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009FOTO TIRADA NA LAGOA DA PENÍNSULA

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“Hoje, você vê o manguezal recuperado, se reproduzindo e, com ele, sua fauna, como os caranguejos e aves e, também, capivaras e jacarés”.

Mario Moscatelli

Foto

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no L

eão

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Saindo do ecossistema dos manguezais, chegamos a mais um tema verde, a fauna e a fl ora da Península. E quem vai falar sobre o assunto é o biólogo Cláudio

Henrique, Ph.D. em biologia animal, Consultor da Carvalho Hosken e diretor-geral da Plantare Jardins, responsável pela manutenção do Parque Ambiental Professor Mello Barreto e Av. Via Parque, áreas associadas à Península, um profi ssio-nal que, há quase duas décadas, trabalha e cuida dessa área de mais de 780 mil m².

Num rápido passeio pela Trilha Ecológica Luiz Emigdio, é possível se deslumbrar com a beleza local e perceber que o homem e a natureza podem conviver harmonicamente, em total sintonia. São diversas árvores frutíferas, animais silvestres. A natureza desabrocha mansamente, em comu-nhão com o universo.

Revista Península: Nesse espaço fantástico, temos a ve-getação nativa preservada e também muitas árvores frutífe-ras. Limão, manga e o que mais encontramos nesse pomar ou podemos chamar carinhosamente de “quintal”?

Cláudio Henrique: Temos catalogadas 26 espécies frutí-feras, entre nativas e exóticas. Como exemplo: grumixama (Eugenia unifl ora), sapoti (Achras sapotas), pitanga (Eugenia unifl ora), banana (Musa sp.), jaboticaba (Myrciaria caulifl o-ra), jambo (Syzygium malaccense), cajá (Spondias lutea), etc. Todas distribuídas harmoniosamente no percurso da trilha ecológica.

Revista Península: Nada como comer uma fruta debai-xo do pé, hábito tipicamente de cidades pequenas. Aqui, no meio do Rio de Janeiro, os moradores encontram tempo para apreciar esse costume interiorano e tão gostoso?

Cláudio Henrique: A disposição das espécies frutíferas na Península foi pensada para atender a dois objetivos es-pecífi cos: um seria o de proporcionar aos condôminos um ambiente naturalmente agradável pelo aroma liberado pe-las fl orações e pela frutifi cação das espécies, aliado ao pra-zer de se poder consumir, criteriosamente, frutas livres de agroquímicos, bem junto ao local de sua moradia.

Fauna e fl ora, a natureza pede passagem//fotos por Bruno Leão

ENTREVISTA CLÁUDIO HENRIQUE

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Revista Península: Como é o cuidado com a fl o-ra? Há períodos de poda, colheita? Como é esse processo com tantas espécies diferentes, ou a na-tureza se encarrega de manter e proteger?

Claudio Henrique: Um empreendimento eco-lógico como a Península demanda uma gama de ações e cuidados permanentes. Trabalhamos com equipes de manutenção de jardins, realizando po-das, controle biológico e alternativo, transplante, adubação regas e outras práticas culturais. Ainda realizamos coletas de sementes para a multiplica-ção das espécies. Para tanto, mantemos uma área que denominamos sementeira, onde conseguimos manter um plantel de espécies para reposição no paisagismo local.

Revista Península: Podemos dizer que esse po-mar dá uma salada de frutas com gosto de preser-vação ambiental?

Cláudio Henrique: Com certeza! Gosto de pre-servação, de qualidade e ainda podemos dizer de pureza, pois como já disse, as frutas são livres de agroquímicos. Salada de frutas esta, bastante apre-ciada pela exuberante fauna.

Revista Península: Além das árvores frutíferas o que mais foi plantado aqui? E os produtos são todos orgânicos?

Cláudio Henrique: Temos uma variedade de

plantas de restinga, ornamentais, exóticas e nati-vas, palmeiras, forrações e arbustos, adequadamen-te implantados, criando o que nós chamamos de manchas vegetais, bastante expressivas. O projeto de arborização de ruas e parques foi idealizado com uso de espécies nativas de grande importân-cia como pau-brasil (Caesalpinia echinata), aroeira salsa (Schinus molle), jacarandá mimoso (Jacaranda cuspidifolia) entre outras. As frutas, podemos dizer que são orgânicas, pois não recebem nenhum tipo de tratamento químico, como já disse. As ações de combate aos fi toparasitos (pragas) são direciona-das para o controle alternativo e biológico.

Revista Península: E a fauna, que animais encon-tramos nessa área?

Cláudio Henrique: Podemos encontrar desde mi-núsculos insetos até o maior roedor das Américas como a capivara (Hidrochoerus hidrochoeris). Ainda temos bandos de aves que utilizam o mangue como ninhal, como é o caso das garças brancas (Egretha thula), biguás e marrecos. Temos ainda famílias de pica-paus, quero-queros e cerca de uma centena de outras espécies de aves. Outros moradores da Penín-sula são os répteis, que habitam a faixa marginal de proteção distribuídos na vegetação de restinga e nas manchas de ornamentais e frutíferas, onde encontram abrigo e alimento. Nos mangues, temos crustáceos e moluscos diversos, bem como podemos observar o fenômeno de ovoposição de diversas espécies de pei-xes entre suas raízes. Nas árvores, temos as alegres famílias de saguis (Callithrix argentata ) que encantam os moradores ao descerem em busca de alimentos. Cabe ressaltar que não incentivamos o fornecimento de alimentos a estes animais, visando a não causar fu-turos desequilíbrios pelo aumento da população. Pois estes animais são onívoros, ou seja, se alimentam de várias fontes, como insetos, frutos, ovos e pássaros. Ao alimentá-los, podemos favorecer o crescimento da população na área e causar um desequilíbrio, pois os mesmos não possuem predadores naturais, e ten-derão a se alimentar de aves, podendo vir a dizimar certas espécies.

ENTREVISTA CLÁUDIO HENRIQUE

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Revista Península: Como é essa convivência tão próxima, do homem com tantas espécies?

Cláudio Henrique: Hoje, podemos observar uma convivência respeitosa, pois além de termos uma consciência voltada para a manutenção per-manente destas espécies, percebe-se um cuidado pessoal no entendimento de que o ambiente maior, pertence aos moradores mais “antigos”. Pensando assim, podemos conviver sem invadir, observar sem tocar, se maravilhar sem interferir e se comu-nicar sem prejuízo físico para ambas as partes.

Revista Península: Você gostaria de deixar algum recado para as pessoas que usam as trilhas, que convivem lado a lado com toda essa beleza?

Cláudio Henrique: São de suma importância o respeito e o cuidado, pois animais silvestres po-dem apresentar reações imprevistas, portanto não se deve pegar, afugentar nem mesmo ter atitudes que possam ser interpretadas por eles como ame-açadoras. Deve-se caminhar sempre pelo centro da trilha, pois como a vegetação, em algumas áreas, é muito densa, se andarmos muito próximo a ela podemos não ver alguns animais que podem agir de forma defensiva, podendo causar alguns trans-tornos. E sempre, sempre harmonizar o ambiente com intenções positivas, para aproveitar o máximo da paz alcançada na caminhada.

Revista Península: Basicamente, como é a sua rotina aqui na Península?

Cláudio Henrique: Eu oriento o trabalho de estagiários da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no acompanhamento da fauna e de sua fl utuação populacional, além de realizar atividades de coleta de sementes para perpetuação das es-pécies botânicas, acompanhado da consultora de paisagismo Anna de Fátima de Carvalho. Também acompanho visitantes diversos, como caravanas de colégios, estudantes de cursos de botânica, paisa-gismo e outros apreciadores da natureza. Sou res-

ENTREVISTA CLÁUDIO HENRIQUE

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RECEITAS ALTERNATIVAS PARA CONTROLE DE PRAGAS EM PLANTAS

Batida de alhoProtege contra brocas, cochonilhas, ácaros, pulgões, la-gartas e ferrugens.Bata no liquidifi cador 1 dente de alho com 1litro de água, coe bem e pulverize.

Caldo de fumo de cordaProtege contra cochonilhas, ácaros, pulgões, larvas. Pro-teja as mãos e olhos ao borrifar.Pegue 5 cm de fumo de corda e coloque de mo-lho em água com uma tampinha de álcool por 24 horas.A Calda de fumo de corda deve ser preparada com 48 horas de antecedência para a aplicação. Deve ser bem coada para a aplicação. Diluir em água (um litro da solução para três litros de água). Aplicar sobre as plantas infestadas e reaplicar após 15 dias. Observar se os insetos estão morrendo. Usar luvas e máscara ao preparar e ao aplicar as infusões acima descritas.

ENTREVISTA CLÁUDIO HENRIQUE

ponsável ainda, pelo acompanhamento do trabalho da equipe de controle de mosquitos e de outros vetores. Ou seja, caminho constantemente nessa maravilhosa área há dezessete anos, desde quan-do ainda os moradores eram somente os animais silvestres.

Revista Península: É gratifi cante ver o resulta-do de toda essa dedicação? O que mais o encanta nesse trabalho?

Cláudio Henrique: Com absoluta certeza, nos-sa equipe de trabalho pode se orgulhar muito de tudo que conseguimos fazer. Me encanta es-tar próximo à diversidade de cores, de fragrân-cias e de movimentos que são observados em plantas e animais, esta é a minha área!

Revista Península: A Península criou um novo modelo urbano de sustentabilidade. Você diria que esse espaço é um oásis, um pulmão verde para toda essa região?

Cláudio Henrique: Sim! Temos aqui, mais do que um oásis, temos um organismo ambiental em plena saúde, somos os observadores, somos os médicos e somos ainda, os privilegiados, pois temos áreas plenas de espécies em equilíbrio, temos um mangue que colabora para a perpetu-

ação de espécies lagunares e marítimas, temos beleza nas formações e traçados paisagísticos. Ou seja, temos um complexo ecológico em fun-cionamento sustentável.

Claudio Henrique

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Como já vimos nas reportagens anteriores, são muitos os projetos para o crescimento sustentável da Península. Esse mês come-

ça a ser construído o Sítio do Matoso, um núcleo de educação ambiental, um local de convivência para práticas de valores de uma cultura sustentá-vel através da educação. O recurso utilizado nessa empreitada é resultado da economia fi nanceira da gestão do Dr. Carlos Felipe Andrade de Carvalho e do Sr. Sergio Lopes, presidente e vice-presidente da ASSAPE – Associação Amigos da Península - e aprovado por unanimidade pela AGO.

Quem vai nos dar detalhes sobre o Sítio do Matoso é a Marcella Castro, advogada e gestora ambiental, moradora da Península, coordenadora da Comissão de Meio Ambiente e principalmente apaixonada por esse projeto.

A Península é um “bairro” planejado, reco-nhecido e premiado por sua preocupação com o meio ambiente e com a qualidade de vida. Cabe a nós preservar essa riqueza. Assim que eu e meu marido compramos nosso apartamento, eu fui até a antiga SCAP para saber se existiam, aqui, ações voltadas para educação e conscientização ambien-tal, pois sempre achei que este era um local mere-cedor. Durante a transição para ASSAPE, a convi-te da Célia de Castro, síndica do meu prédio que sempre me ouvia falar sobre questões ambientais, participei de algumas das intermináveis reuniões que antecederam essa transição. Foi então que co-nheci o Sergio, empresário da área de meio am-biente engajado de longa data, e enfi m encontrei um parceiro. O Sergio me convidou para fazer par-te da Comissão de Meio Ambiente da qual me tor-nei coordenadora. Passamos, então, a desenvolver propostas para os projetos, e a educação ambien-tal seria ponto de partida. A ideia inicial surgiu com a criação de uma brigada infantil dos defensores da natureza que, no desenrolar das ideias, precisaria de uma sede. Onde? Foi então que, numa conversa com a Claudia Capitulino e com o Jorge Leone na ASSAPE, eles me contaram sobre uma área na trilha que já havia sido pensada como um sítio para as crianças. Fui, então, conhecer o espaço e come-cei a sonhar... E por que “do Matoso”? Quem me explicou tudo foi a Aninha (Ana de Fátima Carva-lho): “Conta a lenda que o Matoso foi o primeiro morador daqui e que ele gostou tanto que trouxe toda sua família e amigos ...”. É como um conto, que começa a ganhar mais e mais capítulos dessa história de um mundo mais sustentável.

Revista Península: Podemos dizer que o Sítio do Matoso será uma “escola” para os pequenos mo-radores da Península? Um espaço para conhecer e desenvolver essa consciência ambiental?

Marcella Castro: Se entendermos que uma es-

Sítio do Matoso, pensando o futuro

ENTREVISTA MARCELLA CASTRO

Marcella Castro e Sergio Lopes

//fotos por Bruno Leão e Jorge Carvalho

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cola é “local destinado à educação”, fator determi-nante para uma sociedade produtiva e responsável, o que é pré-requisito fundamental para o desen-volvimento sustentável, o Sítio do Matoso é, sim, uma escola. Não é uma instituição de ensino pa-drão, com o propósito de elevar o grau de instru-ção. A proposta do sítio é proporcionar práticas que desenvolvam valores em favor de um futuro sustentável. Será uma escola lúdica, onde aprender sobre o meio ambiente será algo divertido.

Revista Península: Sabemos que a educação é a ferramenta de transformação para qualquer so-ciedade. Você acredita que essas crianças de hoje, moradores da Península, estão tendo a oportuni-dade de se tornarem multiplicadores, de levar o aprendizado daqui para outros espaços?

Marcella Castro: É exatamente isso! Nós te-mos aqui, com certeza, crianças que estão sendo instruídas em conceituadas instituições de ensino, mas que, culturalmente, desenvolvem um modelo de aprendizado passivo dos fatos. Os alunos saem muito bem preparados para enfrentar desafi os profi ssionais e, embora os temas ambientais façam

parte dos programas curriculares, na prática, o que se tem são ações pontuais resumidas em datas co-memorativas e trabalhos escolares. Acredito que podemos ir além e incentivar o desenvolvimento de habilidades e de valores que façam com que essas crianças reconheçam estilos de vida mais conscientes. É obrigação de cada um de nós disse-minarmos práticas e conhecimentos por um mun-do melhor. Para isso, devemos começar cuidando de nossas atitudes com relação ao meio ambiente mais próximo, como nossas casas, nossos bairros... E o efeito multiplicador cuidará de globalizar o bem que estamos fazendo.

Revista Península: Exatamente, como o Sítio funcionará? Como o morador poderá participar diretamente deste projeto?

Marcella Castro: À medida que o sonho vem se tornando realidade e com a participação de cada um que vem se apaixonando pelo projeto, estamos desenvolvendo uma espécie de “diretriz curricu-lar” para uma espécie de ecoalfabetização, através de atividades que possam capturar o desejo de aprender coisas novas. Mas tudo só vai estar real-

ENTREVISTA MARCELLA CASTRO

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mente concretizado com a participação de nossas crianças. Para garantir a sustentabilidade do proje-to, o processo deve desenrolar de forma participa-tiva. Integrando os elementos cognitivos, afetivos e práticos, queremos levar aos participantes das ofi cinas e dos cursos, informações, provocações e estímulos para que possam entender conceitos ecológicos fundamentais do planeta; reconhecer os processos cíclicos, as interdependências e as mudanças como base da vida; avaliar as conse-quências de uma postura de consumismo irres-ponsável; desenvolver uma relação profunda com o mundo natural; entrar em contato com os ele-mentos da natureza; colocar em prática o conhe-cimento e o sentimento ecológico na mudança de hábitos, criando um estilo de vida ambientalmente menos impactante. Dito isso, posso adiantar que teremos um espaço preparado para ofi cinas de culinária infantil orgânica, que será “abastecido” pelos frutos de nossa hortinha, muito bem cuidada por nossas crianças nas ofi cinas de agricultura. Va-mos ter nossa própria sementeira para produzir as mudas necessárias para a reposição dessa horta, de acordo com a época apropriada de cada alimento. Teremos também ofi cinas de reciclagem e de con-fecção de papel. A ideia é que nada se perca e tudo se transforme ali. Faremos o uso consciente da água e a reciclaremos o tanto quanto for possível de uma forma educacional. Todos os conceitos de sustentabilidade aplicados no sítio estarão dispo-níveis aos olhos curiosos de nossas crianças. Esta-mos estudando a possibilidade de um miniceleiro para alguns pequenos animais e um borboletário, ideia antiga do Cláudio Henrique, nosso biólogo e “professor”. A “casinha do saber” será o ponto de encontro da brigadinha infantil, além de funcionar como local de palestras e de exposição de vídeos e onde também estará nossa biblioteca ecológica.

Revista Península: Quando o Sítio do Matoso fi cará pronto? Já há uma previsão?

Marcella Castro: O projeto arquitetônico apro-vado já foi entregue a uma empresa escolhida para

realização e, em alguns dias, se dará o início das obras. Acredito que poderemos passar as férias escolares no Sítio do Matoso.

Revista Península: E a horta orgânica, os produ-tos daqui tirados, que destino terão?

Marcella Castro: A horta vai subsidiar as au-las de agricultura e culinária orgânica. Com isso, queremos infl uenciar na opção alimentar dessas crianças que exercem, cada vez mais, autonomia na decisão do que querem comer, e incentivar uma alimentação saudável, além do contato dire-to com a terra.

Revista Península: E o que encontraremos nessa horta maravilhosa?

Marcella Castro: Teremos legumes, verduras, er-vas e frutas que se adaptem ao local e que serão cultivadas sob a orientação do Cláudio, pois cada espécie tem sua época certa para que possamos aproveitar melhor os seus benefícios.

Revista Península: Deixa pra gente uma mensa-gem sobre a consciência ambiental, e mais que isso, sobre a importância do Sítio do Matoso?

Marcella Castro: Assistindo ao fi lme “HOME, Nosso Planeta, nossa casa” escutei algo que me tocou: “Não há mais tempo para sermos pessi-mistas.” É isso aí! Não dá mais pra fi carmos apá-ticos, lamentando sobre um futuro catastrófi co. Não dá mais para achar que não podemos fazer nada e que não podemos salvar o mundo. O mo-mento é de reconhecermos a responsabilidade de nossas escolhas e de nosso estilo de vida. Quanto mais estudo, mais entendo o efeito mul-tiplicador a que me referi anteriormente. O Sítio do Matoso é a aplicação prática disso, um lugar onde vamos transmitir conhecimentos, compar-tilhando ideias e discutindo soluções; aprender e sonhar com um mundo melhor. A ASSAPE vem trabalhando em outros projetos ambientais vol-

ENTREVISTA MARCELLA CASTRO

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ENTREVISTA MARCELLA CASTRO

tados para o desenvolvimento mais sustentável da Península. Estamos desenvolvendo um projeto para gerenciamento integrado de resíduos na Pe-nínsula, visando a criar tecnologias de coleta, ar-mazenamento e destinação correta dos resíduos recicláveis de toda a Península, de forma efi ciente e integrada. Outro projeto muito relevante a que demos início é a captura dos gatos abandonados para esterilização. Muitos moradores têm pedido solução para o problema do aumento descontro-lado da quantidade de gatos. Este é um problema pelo qual “nós” somos responsáveis, sobre isso eu gostaria de explicar melhor. “A captura e ABATE de colônias de gatos NÃO é efi caz, levando ape-nas a que outros gatos das redondezas (não es-terilizados e não controlados) ocupem o espaço deixado livre pela colônia anterior e reproduzam até o limite da capacidade do espaço (fenôme-no conhecido como "efeito de vácuo"). Capturar, esterilizar e devolvê-los é um método humano e efi caz de controle de colônias de gatos e de redução da população felina silvestre. O processo

envolve a captura dos gatos de uma colônia a sua esterilização, identifi cação, desparasitação e, por fi m, a devolução do animal de volta ao seu terri-tório de origem. Uma colônia controlada é uma colônia saudável (alimentada apenas com água e ração em recipientes limpos), silenciosa (uma vez que os gritos de acasalamento e lutas deixam praticamente de existir) e desempenha um papel importantíssimo no controle da população de ro-edores.” (Fonte: http://www.animaisderua.org)Uma preocupação importante que já estamos discutindo é a quantidade de carros circulando na Península. Temos que pensar em formas alternati-vas para os pequenos deslocamentos, diminuindo o fl uxo de veículos automotores, evitando con-gestionamentos, melhorando ainda mais a quali-dade do ar e, de quebra, diminuindo a emissão de gases de efeito estufa causadores do aquecimen-to global. Um primeiro passo já foi dado com a travessia por balsa para o Barra Shopping, projeto já aprovado na última AGO e que estará disponí-vel neste mês.

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Pitanga, cajá, sapoti, manga, goiaba, fruta do conde, grumixama, carambola, jabuticaba, tamarindo, siriguela, entre outras, distri-

buídas entre dois grandes parques, com 45 mil m² cada, e cinco jardins temáticos. A Península é, sem dúvida, a prova de que é possível existir uma relação equilibrada entre preservação am-biental e ocupação urbana.

A consciência ambiental começa no perímetro urbano, com uma trilha ecológica com quatro qui-lômetros de extensão com vegetações de mangue e de restinga recuperadas pela Carvalho Hosken que se estende pelos seus 750 mil m².

A área teve seu ecossistema original restaura-do - incluindo a recuperação da faixa marginal de proteção de parte da Lagoa da Tijuca, com man-guezais e vegetação de restinga - e a fauna nativa da região, após a revitalização, retornou ao local e hoje encontra alimento.

Em se plantando, tudo dá

Foram necessários quase 30 anos de trabalho, de uma equipe formada por profi ssionais renoma-dos, entre cientistas, biólogos, paisagistas, enge-nheiros e técnicos, e um investimento total na casa dos 20 milhões de reais; além da manutenção, que envolve cerca de 30 pessoas, e da equipe do de-partamento de etimologia da Universidade Rural do Rio de Janeiro, que através de um convênio fi r-mado, verifi ca o equilíbrio ecológico da Península.

Entre as responsáveis pelo planejamento e pela manutenção do ecossistema da Península, a paisagista Ana de Fátima de Carvalho, explica que “Quando a Carvalho Hosken comprou a área, ad-quiriu um mangue doente e uma lagoa poluída. A vegetação de restinga, que antes recobria a Penín-sula, era escassa e até mesmo a fauna havia migra-do para outros locais. Tudo o que se vê hoje na Península foi plantado pelo homem”.

A paisagista conta que o primeiro passo foi o

PAISAGISMO

//texto por Karen Montenegro//fotos por Bruno Leão

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Dicas da PaisagistaNão alimente os micosTrazidos do nordeste para cá, eles hoje existem em grande número no Estado do Rio de Janeiro e já ameaçam o ecossistema, uma vez que não pos-suem predadores.

Bromélias x dengueOs mosquitos da dengue necessitam de água pura para se reproduzir, como a água da chuva. Para manter suas bromélias livres do Aedes Aegypti, re-gue as folhas com água clorifi cada, como a da com-panhia de abastecimento, ou um pouco de água sanitária.

Mudas gratuitasNa época da poda, algumas mudas que são reti-radas dos jardins são doadas aos moradores que tiverem interesse. Basta que entrem em contato com a ASSAPE, a responsável pela distribuição das mudas.

PAISAGISMO

estudo, realizado pelo arquiteto e paisagista Fer-nando Chacel, da fauna e da fl ora nativas da região e a revitalização dos três quilômetros de área pe-rilagunar. Logo a seguir, veio o plantio de sementes e mudas. Finalmente, após a espera pela maturação do que havia sido plantado, foi possível começar o planejamento e execução dos parques e jardins.

Para o projeto dos parques e jardins, além das nativas, plantas e árvores exóticas foram incluídas. Iniciativa que, norteada pelo objetivo de apresen-tar algo novo aos moradores, é amplifi cada com as obras de arte. As obras endossam o estilo con-temporâneo dos espaços onde foram instaladas e os tornam ainda mais interessantes. Que tal uma visita a um dos parques ou jardins?

A paisagista Ana de Fátima de Carvalho

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Evandro Carneiro, curador da Península é um dos maiores conhecedores de artes plásticas do país. Ele reuniu nos jardins da Penínsu-

la um dos mais notáveis patrimônios culturais da arte brasileira.

Revista Península: Como você recebeu a pro-posta de ser curador de uma da área pública maior que a do bairro do Leblon?

Evandro Carneiro: Foi gratifi cante e ao mesmo tempo um desafi o, as obras teriam que ter uma grande carga expressiva, pela própria dimensão do empreendimento. Desde que se instalou o com-plexo da Catacumba, há mais de 30 anos, nenhuma iniciativa deste porte, de oferecer ao público um museu a céu aberto, com obras dos maiores no-mes de artistas brasileiros tinha sido tomada. Esta-va em minhas mãos a responsabilidade de implan-

tar na Península o primeiro Parque de Esculturas da Zona Oeste.

Revista Península: Como foi feita a seleção das obras de arte?

Evandro Carneiro: O critério foi de qualidade e de artistas consagrados, de diferentes gerações, que estivessem acostumados a lidar com espa-ços de grandes dimensões. Franz Weissman, um dos mais signifi cativos artistas do século XX, não poderia faltar nesta seleção. Outros nomes de re-levância no cenário cultural complementam este quadro: Zélia Salgado, Sônia Ebling, Ascânio MMM, Emanoel Araújo, Caciporé Torres, Evandro Carnei-ro, Rubem Gerchman, Vera Torres, Nicolas Vlavia-nos e Mario Agostinelli.

Revista Península: No Jardim das Esculturas,

Museu a céu aberto, mais um charme da Península

ACERVO CULTURAL

//fotos por Bruno Leão

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ACERVO CULTURAL

podem ser admiradas réplicas de criado-res imortais, como o italiano Gian Lorenzo Bernini (1598-1680). Na Europa, as cida-des históricas têm muitos monumentos e esculturas clássicas nas praças e ruas, ao longo dos anos tem se implantado também esculturas modernas nestas áreas. Como você vê a convivência destas obras?

Evandro Carneiro: Acho enriquecedora, pois sempre que você contrapõe estilos, abre espaço para o questionamento e a pesquisa, daí vem o conhecimento e com ele a apreciação.O meu trabalho na Península foi dar uma unidade formal ao acervo de esculturas, harmonizando réplicas históricas com obras de artistas da atualidade. O que liga todas as obras é a belíssima paisagem da Península, ela é a malha que amarra todas as peças.

Revista Península: Onde o senhor citaria, na Europa, um local assim?

Evandro Carneiro: Barcelona talvez seja a cidade com o maior número de escultu-ras modernas convivendo com as clássicas.

Revista Península: Passear num jardim de obras de arte é emocionante e morar no meio desta comunhão, natureza e arte, um raro privilégio. O senhor diria que a Penín-sula é um dos poucos lugares do mundo em que isso é possível?

Evandro Carneiro: O ambiente natural e cultural da Península é único. A importância de se ter um bairro planejado, com um pro-jeto ambiental pioneiro e uma proposta de um museu a céu aberto, imprimiram à Pe-nínsula uma identidade cultural, oferecendo toque de arte no estilo de vida de quem escolheu este lugar para morar.

Evandro CarneiroEvandro Carneiro

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30 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 200930 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

No olhar atento do fotógrafo Bruno Leão, a co-munhão da natureza com os moradores da Penín-sula que, correndo, caminhando, descansando ou namorando, aproveitam o verde e a manhã de sol.

Porta-Retrato

PORTA-RETRATO

Gabrielli, moradora do Fit, recebe os amigos Gabriel e Nathalia.

O casal, Felipe e Roberta, desfruta a manhã de sol com o fi lho Felipe. A família é moradora do Fit.

Os moradores do Quintas, Fernando e Débora, levam as meninas, Giulia, Clara e Ana Laura, para caminhar e aproveitar o contato com a natureza.

Caminhar, descansar, alongar e também namorar. Thiago, morador do Quintas, leva o seu amor, a Duda, para visitar a trilha.

Relaxamento é a palavra de ordem para o Sr. Monoel, que aproveita a tranquilidade da Península.

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31REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009 31REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

PORTA-RETRATO

A Península é um convite à boa forma. As amigas, Rita Bianca (At-mosfera) e Ana Paula (Quintas), colocam o papo em dia enquanto pedalam.

Pai e fi lho, Danilo e Lucas, levam o mascote da família para passear.

A natureza chama a atenção, rouba os olhares da avó Valéria Correia, moradora do Style, do netinho Bernardo e da irmã Marília.

Os gêmeos Silvio e Sergio com as fi lhas Lis e Bia. Alegria em dobro. Rita, moradora do Bernini, leva a dupla de brincalhões para um passeio matinal.

O morador do Paradiso, Sr. Carlos Alberto, se diverte com as netas Carol e Duda.

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32 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

A MORADORA DO EDIFÍCIO ATMOSFERA, RITA BIANCAMANO, NOS ENVIOU UMA RECEITA FÁCIL E DELICIOSA PARA VOCÊ PREPARAR PARA A SUA FAMÍLIA OU PARA AMIGOS. EXPE-RIMENTE E MANDE SEUS COMENTÁRIOS PARA A NOSSA REDAÇÃO.

Cores & Sabores

Bolo de farinha de roscaBater no liquidifi cador:3 bananas d'água grandes 3 ovos 1 xic. de óleo 2 xic. de açúcar

Modo de preparo:Despejar em uma vasilha o que foi batido; em seguida, acrescentar 2 xic. de farinha de rosca e uma colher de sopa bem cheia de fermento em

Se você também tem uma receita que gostaria de di-vidir com outros moradores, envie pra gente. O nosso e-mail é [email protected].

CULINÁRIA

pó; untar uma forma com margarina e povilhar com açúcar e canela.

Leve para assar em forno baixo até dourar.

Fácil de fazer e uma delícia.

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33REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

A palavra lixo tem origem no latim lix, que sig-nifi ca cinza, pois na Europa antiga a maioria dos resíduos domésticos vinha do fogão e

da lareira, eram restos de lenha, carvão e cinzas, já que os de alimentos eram utilizados como ração animal e como esterco para horta e pomar.

Podemos dizer que lixo é um conceito do ser humano para o ser humano, pois para a natureza não há lixo. São os hábitos humanos que geram essa infi nidade de resíduos, coisas que não que-remos ou não necessitamos, e que desejamos ou precisamos eliminar.

O lixo não é um problema em si, é um tema complexo, o resultado de uma cadeia que come-ça pelo descompromisso das indústrias, continua com o impacto de maus hábitos de consumo e que se estende nos danos causados pelo descuido da sociedade com seus resíduos.

A produção e a destinação desordenadas de lixo causam impactos negativos e alteram a quali-dade de vida de todos os seres vivos. Somos todos responsáveis e as soluções se tornam cada vez mais urgentes, ao passo que a natureza já não consegue mais se recuperar por seus próprios meios.

Uma das soluções efi cazes é o reaproveita-mento do lixo através de programas de gerencia-mento de resíduos, uma vez que podemos diminuir a quantidade de lixo enviado a aterros sanitários, reaproveitar os resíduos gerados destinando-os para reciclagem - o que reduz a necessidade de extração de matéria-prima diretamente da nature-

O nosso lixo de cada dia

za. Além disso, um programa bem elaborado pode envolver a sociedade na problemática, através de trabalhos educativos.

POR QUE SEPARAR O LIXO?Quando misturamos o nosso lixo (cascas, pa-

péis, latas, pets, vidros, etc.) estamos inviabilizando o reaproveitamento e a reciclagem dessa matéria-prima que precisa estar limpa e separada para que seja coletada de forma adequada. Você pode per-guntar: “- E a água que vou gastar para lavar essas embalagens?” É claro que não podemos desperdi-çar água (outro problema sério que discutiremos em outra ocasião), mas não devemos fazê-lo in-clusive para lavarmos nossa louça. Se pensarmos no quanto de água e de energia que se gasta para fabricarmos novos materiais e na economia que faremos para o meio ambiente, veremos que vale, sim, muito a pena limparmos nossos resíduos reci-cláveis e darmos destinação correta a eles.

Vou dar apenas um exemplo: com a recicla-gem do aço economizam-se três quartos da ener-gia usada para fabricar o aço a partir do minério de ferro. A reciclagem do alumínio é ainda mais vantajosa, pois gasta-se muita energia para produ-zir o alumínio a partir da bauxita. Cada tonelada de alumínio reciclado economiza a extração de cinco toneladas de bauxita. Quando falamos em ener-gia, em fabricação e em extração estamos falando também em consumo de muita água.Portanto: Vamos repensar nossos velhos hábitos!

LIXO

//texto por Marcella Castro

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E na 3ª edição, dedicada ao meio ambiente, o advogado Luciano Aragão, também mestre em Direito das Relações Econômicas, casa-

do, pai de dois fi lhos, morador do Bernini des-de março de 2008, fala pra gente dos avanços na legislação ambiental e um pouco da sua história pessoal.

Antes de se formar, foi bancário, trabalhou para custear os estudos universitários. É fruto de uma família humilde, trabalhadora, determinada e morre de orgulho da educação que recebeu dos pais. E o que aprendeu em casa, hoje ensina para os fi lhos.

Ele acredita que a educação é a maior ferra-menta de transformação de qualquer sociedade e que a ECO-92 foi um marco para que a susten-tabilidade ganhasse força nos quatro cantos do planeta. Vamos conhecer um pouco mais desse jovem que tem uma atuação importante em sua atividade profi ssional.

Revista Península: Antes de falarmos da legisla-ção ambiental conta pra gente por que a escolha da Península?

Luciano Aragão: Comprei o Bernini em 2005. Até então não conhecia essa área, sabia que fi cava por trás do Barra Shopping, que não queria nem entrar pra ver. Bom, fui ver outro apartamento nas imedia-ções e o corretor acabou me trazendo aqui. Quan-do eu entrei na Península, começou aquela primeira paixão. Quando eu andei de carrinho aqui, quando vi toda a estrutura, saí daqui dizendo “É aqui, em que prédio ainda não sei, mas é aqui”.

É de CasaNESTE ESPAÇO, VOCÊ VAI SEMPRE ENCON-TRAR UMA CARA CONHECIDA, PODE SER O SEU VIZINHO, ALGUÉM QUE TENHA UM TRABALHO RELEVANTE, QUE SE DESTAQUE EM SUA ATIVIDADE E QUE RESIDA AQUI NA PENÍNSULA.

Eu penso que a escolha não poderia ter sido me-lhor. Aqui o despertador são os pássaros, não estou querendo ser poeta, até porque me falta a mínima veia pra isso. Mas aqui é assim. Você chega na janela de manhã cedo, e assiste a um balé das garças e dos patinhos. As traquinagens dos micos. Proporcionar uma visão dessas para os seus fi lhos, e isso dentro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, é maravilhoso, fantástico. Você tem uma tranquilidade, uma paz, é um oásis. É saber que, depois de um dia duro, de muito trabalho, você tem uma zona de amorteci-mento, vamos chamar assim. Você fi ca renovado para encarar um novo dia de trabalho. Além disso, aqui, a infância dos meus fi lhos não é uma infância de cidade grande. A gente passeia por essas trilhas, aprende, conhece. Um exemplo, eu fui conhecer pé

* “ECO-92, Rio-92, Cúpula ou Cimeira da Terra são nomes pelos quais é mais conhe-

cida a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,

realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro. O seu objetivo principal buscar meios

de conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a conservação e a proteção

dos ecossistemas da Terra”.

É DE CASA

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35REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

de algodão aqui. Está lindo. Aos 37 anos eu vim a conhecer pé de algoão.

Revista Península: A lei ambiental do Brasil é um avanço?

Luciano Aragão: Eu digo que sim. Olha para trás, o que a gente tinha, um decretozinho? O grande marco da legislação ambiental foi a ECO 92*. A partir daí, se começou a ter uma preocupação. Por que digo que é um avanço? Porque hoje, nenhum projeto vai adiante sem ter feito um estudo de impacto ambiental, relatórios do INEA - Instituto Estadual do Ambiente -, IBAMA. Portanto, há todo um trabalho de controle.

Revista Península: Mas é uma legislação severa, ela realmente pune?

Luciano Aragão: Pune. Mas olha só, você não pode sair do nada para outro extremo. O alcan-ce social da lei não é só punir, mas muito mais educar. Vou dar um exemplo clássico do direito: o analfabeto não pode alegar que cometeu esse ou aquele delito porque não tinha conhecimento da lei. Porque toda lei é publicada e presume- se que é do conhecimento de todos. Você vai logo pensar “mas ele não sabe ler”, mas aí, eu digo: desde pe-queno, aprendemos com os nossos pais, que não podemos pegar um brinquedo do amiguinho, pois é dele e temos que devolver e que não podemos bater no coleguinha. Se ele não aprende isso, não vai saber que não pode furtar, que não pode se apropriar de algo que é de outro, sem consenti-mento. Isso é para ilustrar que o primeiro alcance da lei é pedagógico. Então, você tem um costume secular num país abençoado, então vamos o quê? Extrair, é o extrativismo, vamos tirar da terra o que ela nos dá. Isso é do homem, tirar as coisas da terra. É preciso educar, ensinar mesmo.

Revista Península: Mas essa Educação Ambien-tal, que se faz tão necessária, e que a lei exige, já existe?

Luciano Aragão: Já há uma mudança. As escolas públicas já ensinam a Educação Ambiental. Há di-versas ONGs, instituições, cooperativas, voltadas para ensinar às comunidades mais carentes. Esta-mos em processo de aprendizado para poder mu-dar e transformar. É poder ser autossufi ciente sem agredir o meio ambiente.

Revista Península: Falamos dos pequenos, do extrativismo, e do caminho de mudança, que é o educacional. E a legislação diante das grandes em-presas, que poluem de diversas formas? Vemos muito marketing das próprias empresas exibindo seu engajamento socioambiental como uma peça de publicidade, quando na verdade, é uma obriga-ção fazer o certo.

Luciano Aragão: Vejo isso como uma tendên-cia. A Legislação é uma só e para todos: grandes, pequenos, ricos, pobres. Dentre os três poderes, o Judiciário é muito respeitado. Às vezes, moroso pela sua própria burocracia, e tem que ser assim. Não se pode pular etapas, o direito processual exi-ge isso, até para poder dar garantias ao cidadão de poder se defender e de ter uma lei ser justa, como deve ser. Hoje o governo não libera nenhum licenciamento de obra sem que tenha o estudo de impacto ambiental. Isso é uma tendência. Então, quer dizer, uma obra tem que ter autorização dos órgãos responsáveis e competentes.Vamos passar para a industrialização, para o co-mércio e tudo mais. Penso eu que é uma tendên-cia, que, em breve, vai ter algum político que vai instituir que os órgãos públicos, na licitação para contratar, exijam um selo ou certifi cado de emis-são zero.

SER ECOLÓGICO HOJE É UM GRANDE INVESTIMENTO.

Revista Península: Como assim, emissão zero?

Luciano Aragão: Bom, todos nós emitimos car-bono. Então, teremos que criar métodos de com-

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pensar aquele carbono que é emitido. Vai chegar a esse ponto, não tenho a menor dúvida. Então, se vou contratar uma empresa, por exemplo, para fornecer 10 mil cadeiras para um órgão público, essa empresa, nos requisitos da licitação, vai ter que apresentar esse certifi cado ou selo. Ela vai ter que mostrar que compensa essa emissão de carbono de alguma forma, com responsabilidade social e ambiental.Lá no meu escritório, temos uma equipe que é especializada em realizar projetos para empresas de redução de carbono. Agora mesmo, estamos terminando um projeto para uma empresa que consome muito diesel. As empresas, antes, eram obrigadas a colocar 2% de biodiesel no óleo diesel, agora pela Lei do Biodiesel, passou para 5%. E aí, as empresas podem chegar a 10 ou 20%. Então, se faz um cálculo, em razão da quantidade de biodiesel contida no diesel, de quanto carbono deixou de ser emitido. Ou seja, quanto CO2 essas empresas deixaram de lançar no meio ambiente. Com isso, através de todo um protocolo internacional que se tem, você converte esses valores em toneladas de CO2 não emitidas, certifi ca esse projeto em or-ganismos governamentais e o transforma em cré-dito de carbono. Desta forma, por estar fazendo mais do que se determina, a empresa pode obter

receita com isso. Ser ecológico hoje é um gran-de investimento. Além de você estar fomentando a consciência ambiental, de estar fazendo a sua parte, você está tendo vantagens econômicas com isso. Então, essa é a tendência.

Revista Península: O assunto é muito abran-gente. A lei ambiental é um tema vasto e preci-saríamos de uma revista inteira para falar sobre isso. Mas vamos sair um pouco desse assunto e voltar para Península, que é um modelo de cons-ciência ambiental. Como você vê todos esses projetos, vide o Sítio do Matoso, que tratamos também nessa edição?

O SANGUE DELE NÃO É VERMELHO, É VERDE.

Luciano Aragão: O que me deixa muito feliz é saber que, hoje, a ASSAPE está entregue a um mo-rador. Esse é o primeiro aspecto. O segundo as-pecto é a quem está entregue. Porque eu conheço o Sergio. Conheço o empresário que o Sergio é – sério –, e o que é melhor, da área ambiental. Então, fi co muito tranquilo e feliz por isso tudo.Eu brinco com o Sergio que o sangue dele não é vermelho, é verde. Então, não poderia deixar de ser

É DE CASA

AOS 37 ANOS EU VIM A CONHECER PÉ DE ALGODÃOAOS 37 ANOS EU VIM A CONHECER PÉ DE ALGODÃO

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37REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

É DE CASA

como é, um local como esse, onde o meio ambien-te tem que ser tratado com muito carinho, estar entregue a quem conhece isso e faz com paixão. Isso me conforta muito. Outra pessoa por quem tenho profunda admiração é o Mario Moscatelli, totalmente comprometido, realiza um trabalho fantástico. Quer dizer, temos uma equipe fantás-tica que realiza um trabalho fantástico. O pessoal todo da ASSAPE está de parabéns. Estamos muito bem amparados.E tem outra coisa que desejaria registrar aqui, com a vinda das Olimpíadas, que é dada praticamente como certa, teremos aqui um paraíso sem igual. Porque essa lagoa vai fi car limpa, não tem outra saída. Então teremos esse verde todo, com esse complexo lagunar limpo. Sei que já duas grandes construtoras - pelo menos li isso recentemente -

estão investindo nesse trabalho de limpeza. O que podemos querer mais, não é verdade?

Revista Península: Para fi nalizar, o que gostaria de registrar?

Luciano Aragão: Que estou muito feliz em es-tar morando aqui. É um sonho realizado. Aqui eu noto que a minha família está feliz. Noto que é um local onde tem paz, onde tem tranquilidade. É prazeroso descer, passear pelas trilhas, propor-cionar isso tudo aos meus fi lhos. As crianças brin-cam, os pais interagem. É tudo muito bom. E eu fi co mais feliz ainda, por saber quem são as pesso-as que estão cuidando de todo esse espaço, tudo vai melhorar cada vez mais. Eu sou um encantado pela Península.

*Fonte: wikipedia

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Você pergunta e a ASSAPE respondeMANDE AS SUAS DÚVIDAS PARA O NOSSO E-MAIL [email protected], A EQUIPE DA ASSAPE RESPONDERÁ COM TODA PRONTIDÃO.

ASSAPE RESPONDE

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39REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

Existe alguma rede wireless na Península?A ASSAPE disponibiliza, nos dois parques, junto ao apoio de tênis, rede wireless. Para utilização, basta fazer a busca e conectar-se, inclusive, não há senha para isso. Para as máquinas que não possuem wireless, disponibilizamos dois pontos de rede fixos, bastando plugar o cabo.

A água dos bebedouros que estão localiza-dos nos quiosques, parques e na trilha é fi l-trada?A água dos bebedouros de toda Península é fil-trada, visto que, todos os bebedouros possuem filtros de tratamento que são verificados men-salmente. São realizadas análises periódicas da qualidade da água oferecida. Podemos colher as frutas da trilha?Os mais de 20 tipos de frutas existentes na Pe-nínsula sofrem tratamento biológico para que, sem riscos, as mesmas possam ser consumidas. Quando a árvore está em tratamento, apesar de não ser tóxico, ela é marcada com uma fita vermelha contraindicando o consumo de frutos naquele momento. Aproveitando a pergunta para falar sobre o mo-tivo da existência das árvores frutíferas, elas foram plantadas, principalmente, para alimentar as espécies animais existentes na Península, tais como micos, pássaros e gambás. Esclareço isso, já que, com o aumento da ocupa-ção da Península, temos observado várias pes-soas recolhendo frutas em sacos (inclusive em sacos destinados às fezes dos cachorros) e, em alguns casos, retirando até frutas verdes, o que fará com que, ao acabar o alimento, os animais que se alimentam destas frutas sejam extintos da Península. Não existe proibição quanto à colheita das fru-tas por parte dos moradores, basta que isto ocorra de forma moderada. Existe algum tratamento para água do lago localizado no Lagoon Park?

ASSAPE RESPONDE

Não apenas este, mas todos os lagos da Penín-sula são tratados. Este tratamento é semelhante ao de uma piscina, por isso alertamos para a não utilização dos mesmos para banhos. Qual o limite de velocidade na Península?O limite de velocidade interno é de 30 Km/h. Para que houvesse um maior controle quanto à velocidade dos carros nas ruas da Península, foram instaladas 34 lombadas. Antes desta ins-talação, foram notificados alguns acidentes, tais como batidas e atropelamentos, todos por ex-cesso de velocidade. Mas desde a instalação dos quebra-molas, não tivemos nenhum registro de acidentes por este mesmo motivo.Para informação: quando um funcionário/pres-tador de serviço, é identificado desrespeitando o limite de velocidade, entramos em contato com o responsável e, em casos extremos, so-licitamos a retirada do condutor do veículo da Península. No caso dos moradores, esperamos apenas bom senso e respeito ao próximo.

Até que horas as quadras (tênis, vôlei de areia, poliesportiva e campo de futebol) e os quiosques podem ser utilizados?As quadras e os quiosques podem ser utilizados até as 22:00h. O limite de utilização foi definido tomando por base regras mínimas de convivên-cia, pois precisa ficar claro que existem vários prédios habitados que circundam os parques e que sofrem com o uso destas áreas.

O que é necessário para fazer reserva da quadra de vôlei de areia?As reservas de todos os espaços da Península devem ser feitas através do site www.peninsula-net.com.br, bastando que o morador/proprietá-rio se cadastre e tenha liberado o acesso ao site, o que é feito até 48 horas após solicitação.Novamente, esclarecemos que a abertura dos espaços reservados somente acontecerá na presença do autor da reserva, tendo o mesmo, obrigatoriamente, que ser maior de idade.

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ENTREVISTA DR. LUIZ AUGUSTO FERREIRA SANTANA

Dr.Luiz Augusto e a gripe suína para a gestanteDR. LUIZ AUGUSTO FERREIRA SANTANA, MÉDICO HÁ 27 ANOS, COM ESPECIALIZAÇÃO EM GINECO-OBSTETRÍCIA E MASTOLOGIA, É DIRETOR DO CENTRO MÉDICO SANTANA E DA GYNE CARE BARRA, ALÉM DE SER RESPONSÁVEL PELO SETOR DE MASTOLOGIA DO INSTITUTO MUNICIPAL DA MULHER FERNANDO MAGALHÃES. É UM DOS PRIMEIROS MO-RADORES DA PENÍNSULA, RESIDE NO GREEN BAY E FAZ ALGUNS ALERTAS IMPORTANTES SOBRE A GRIPE SUÍNA PARA A GESTANTE, QUE FAZ PARTE DO GRUPO DE RISCO.

Revista Península: Antes de falarmos de saúde, o Sr. afi rmou que se sente como fundador da Pe-nínsula. Como é isso?

Dr. Luiz Augusto: É isso mesmo. A Península nem existia materialmente quando, no BarraShopping, vi um estande de vendas da Gafi za com o lançamento dos primeiros prédios daqui. Vale esclarecer que o condomínio Península Green, com os dois prédios, era para ser lançado primeiro, mas acabou que o Monet e o Paradiso foram entregues na frente. Mas bom, me encantei com o projeto e vim conhecer a área com a minha esposa. Aqui, apenas vegetação, muito buraco, no meio do mato mesmo. Minha es-posa achou uma loucura, mas estava encantado com o projeto e ela também foi conhecendo e acabamos comprando. Hoje tenho uma fi lhinha de 3 anos, nós três aproveitamos muito todo esse espaço. Partici-po de tudo, adoro as confraternizações promovidas pela ASSAPE. Eu e minha família vivemos com muita alegria nesse espaço privilegiado.

Revista Península: Bom, mas vamos falar de saú-de. A pandemia da gripe suína é uma realidade. As gestantes fazem parte do grupo de risco. O que você diria para essa futura mamãe se precaver?

Dr. Luiz Augusto: Na verdade, a gripe suína é uma novidade, inclusive para os médicos. Porque esse vírus é originário do porco. É um vírus que sofreu uma mutação e acabou contaminando o homem. É

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tudo muito novo, como foi a AIDS quando apare-ceu. Tanto é que, nas primeiras estatísticas, houve um alarde muito grande, foi inclusive publicado, no dia 6 de agosto último, num jornal importante do Rio de Janeiro, que as gestantes eram 39,5% do to-tal de óbitos no Brasil. Isso causou uma convulsão na Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrí-cia para se fazer uma campanha de esclarecimento aos próprios médicos sobre os cuidados primários dessas grávidas. Mas vale dizer aqui que essas es-tatísticas divulgadas estão erradas, mas nos aler-tou severamente sobre o problema. Os médicos acabaram fi cando mais atentos às suas pacientes e muitos óbitos foram evitados.

Revista Península: Os sintomas da gripe suína são muito parecidos com os de outras doenças?

Dr. Luiz Augusto: São muito parecidos com a “infl uenza sazonal”, a conhecida gripe comum. A diferença maior é que a gripe suína vem associada com tosse, dor muscular e dor articular.

Revista Península: E aí, esses sintomas ainda se confundem com os da dengue?

Dr. Luiz Augusto: Exatamente. Mas a dengue não dá nessa época, ela dá mais no verão.

Revista Península: A higiene é o fator determi-nante de prevenção no caso da gripe suína?

Dr. Luiz Augusto: Para essa e para muitas ou-tras doenças. Quem não se lembra daquele cru-zeiro em que as pessoas fi caram intoxicadas pela alimentação. Aquilo ali nada mais foi do que falta de higiene na hora de manipular os alimentos. Foram encontrados coliformes fecais. Se todo mundo la-vasse a mão antes e depois de ir ao banheiro, antes de se alimentar e ao chegar em casa, muita coisa seria evitada.

Revista Península: O uso do álcool gel realmen-te higieniza?

Dr. Luiz Augusto: Higieniza sim. E se podemos dizer que há um lado positivo dessa pandemia é essa campanha de higienização. Que o brasileiro transforme isso em rotina em suas vidas. O único cuidado com o álcool gel é com o fogo. É preciso ter atenção, não podemos esquecer que é infl amável.

Revista Península: O exame de diagnóstico da gripe suína é rápido ou realmente demora esse tempo todo que ouvimos comentar na imprensa? Há pessoas que morreram e o exame não fi cou pronto.

"A medicação, Tamifl u,é segura para a gestante

e para o feto"

Dr. Luiz Augusto: Essa informação é meio con-fusa mesmo. No Brasil, só quatro grandes centros estão fazendo o exame: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Agora, se tiver uma organização maior o resultado pode sair bem mais rápido. Na rede particular, se consegue o re-sultado em 24 horas.

Revista Península: E o uso da medicação nas gestantes, para funcionar, precisa ser logo nos pri-meiros sintomas?

Dr. Luiz Augusto: A recomendação do Ministé-rio da Saúde e da Organização Mundial de Saúde é que, para grávidas gripadas com os sintomas de tosse, dor muscular e articular, é claro, a gente já prescreve o remédio logo.

Revista Península: E não tem nenhuma contrain-dicação para mãe ou para o bebê?

Dr. Luiz Augusto: Não tem nenhuma contrain-dicação. Pode tomar tranquilamente. Mas sempre com acompanhamento médico. E é bom informar,

ENTREVISTA DR. LUIZ AUGUSTO FERREIRA SANTANA

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42 REVISTA PENÍNSULA SETEMBRO 2009

também, que a medicação só está disponível nos postos de saúde e no Corpo de Bombeiros. Tem que chegar lá com a receita especial (formulário próprio) para pegar o remédio Tamifl u.

"No Rio de Janeiro, foi anunciadauma redução da gripe suína na

ordem de 20%na rede pública e mais de 30%

na rede privada"

Revista Península: E como está o índice de mor-talidade da gripe suína hoje? (*)

Dr. Luiz Augusto: A mortalidade no país caiu muito, para 12,5% dos casos. E isso aconteceu por causa da nova orientação do Ministério da Saúde,

ENTREVISTA DR. LUIZ AUGUSTO FERREIRA SANTANA

de intervir imediatamente e administrar a medica-ção. Iniciaram os sintomas, há suspeita da doença, já administra o remédio.

Revista Península: Gostaria de fazer alguma con-sideração ainda sobre a gripe suína?

Dr. Luiz Augusto: Eu acho o seguinte, nós médi-cos não podemos só falar de coisas ruins, temos também que falar de coisas boas. Complementan-do a resposta anterior, nessa última semana, foi di-vulgado pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro uma redução total de 20% dos casos de gripe suína no Estado. Sendo 25% nos postos de saúde municipais e, no setor privado, mais de 30%. Isso é resultado do trabalho, do clima que está mais quente e da própria conscientização da população que começa a se prevenir mais.

(* )Lembramos que os números exibidos aqui são de 23 de agosto e podem variar

com o decorrer do tempo.

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