Revista Patrimonio 34 IPHAN
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N 342012 Patrimnio
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N 342012
Histrico e Artstico Nacional
Histria e Patrimnio
Revista do PatrimnioHistrico e Artstico Nacional
Revista do PatrimnioHistrico e Artstico Nacional n 34 / 2012
Histria e PatrimnioOrganizao: Mrcia Chuva
Rplica da esttua Pensador angolanoAcervo do Museu do Dundo, em Luanda, Angola
Presidenta da Repblica do BrasilDilma Rousseff
Ministra de Estado da CulturaAna de Hollanda
Presidente do Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional
Luiz Fernando de AlmeidaChefe de Gabinete
Weber SuttiProcurador-Chefe Federal
Heliomar Alencar de Oliveira Diretora de Patrimnio Imaterial
Clia Maria CorsinoDiretor do Patrimnio Material e Fiscalizao
Andrey Rosenthal SchleeDiretora de Planejamento e Administrao
Maria Emlia Nascimento SantosDiretor Substituto de Articulao e Fomento
Claudio Antonio Marques LuizOrganizao
Mrcia ChuvaEditorao e Reviso Geral
Ana Carmen Amorim Jara CascoProduo
Vera Lcia de MesquitaCapa, Abertura e Apoio Diagramao
Aluzio de CarvalhoIconografia e Legendas
Cintia Mayumi Carli Silva Reviso e Padronizao de Texto
Alexandra BertolaRosalina Gouveia
DiagramaoNjobs Comunicao (a partir do projeto grfico de Victor Burton)
Capa e abertura: ilustrao que representa trecho do rio Tocantins, localizado a sudeste da regio norte brasileira, que documenta a ocupao da regio por volta de 1781Acervo Mapoteca do Itamaraty, Ministrio das Relaes Exteriores
Folha de rosto: Cais de Venda do Pescado Foto: E. Cavalcante, 1974. Acervo: Arquivo Central do Iphan
A Revista do Patrimnio publicada pelo Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, do Ministrio da Cultura, desde 1937. Os artigos so autorais e no refletem necessariamente a posio do Iphan e da organizadora deste nmero, Mrcia Chuva.
Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico NacionalSEPS 713/913, Lote D70390-135 Asa Sul Braslia DF
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Homenagem pstuma
Este nmero da Revista foi marcado pela perda de dois grandes historiadores que para ele contriburam Sandra Jatahy Pesavento e Manoel Luiz Salgado Guimares. A gacha Porto Alegre brilha singular na poesia de Mrio Quintana, O mapa. E por meio dela brilha tambm a cidade qualquer, o esprito urbano sem nome, que vai do pequeno mundo de cada um ao universal, ao humano.Que a simplicidade da poesia fale por ns das perdas que no podemos dimensionar, que no sabemos traduzir. O mapa
Mrio Quintana
Olho o mapa da cidade Como quem examinasse
A anatomia de um corpo... ( nem que fosse meu corpo!)
Sinto uma dor esquisita Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei... H tanta esquina esquisita
Tanta nuana de paredes H tanta moa bonita
Nas ruas que no andei (E h uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada
Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar
Parea mais um olhar Suave mistrio amoroso
Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso...
O mapa. In: Apontamentos de histria sobrenatural.
So Paulo: Globo, 1976 by Elena Quintana
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Lu iz Fe r nando d e A lme ida
Apresentao
Apresentar ao pblico um novo nmero da histrica e sempre atual Revista do Patrimnio Histrico Artstico Nacional, editada pelo Iphan, como abrir as portas e janelas de uma casa brasileira. Dessas que preservamos com o prazer e o orgulho comprometido com a proteo e a difuso de nossas razes histricas. Casa cheia de compartimentos e recantos, memrias, rudos e cheiros, que convido o leitor a descobrir e conhecer.
Melhor ainda essa metfora quando pensamos que o assunto deste nmero a Histria, disciplina que desde os primrdios do Iphan acompanha suas prticas e a inerente construo de saberes que preservar o patrimnio produz em cada Nao que se dispe a enfrentar este desafio. Histria que comparece em nossa prtica, seja na atribuio de valores aos bens culturais, seja na forma de compreender a lgica que constitui nossa identidade nacional, seja na abordagem que fazemos dos grupos sociais que do sentido ao patrimnio que preservamos. Histria que resgatamos, interpretamos e difundimos para proteger e preservar as mais diversas dimenses e expresses do nosso patrimnio cultural.
Cuidadosamente organizado pela historiadora Mrcia Chuva, ex-funcionria deste Instituto e sua permanente colaboradora, que hoje enriquece os quadros universitrios como professora do Departamento de Histria da Unirio, este nmero da Revista aborda as diferentes relaes da Histria com a preservao do patrimnio cultural brasileiro. Rene pesquisadores e profissionais que, com seriedade e zelo, trouxeram suas contribuies a este tema to antigo quanto atual, mas necessariamente permanente na nossa rotina de trabalho. A todos os colaboradores, manifestamos os nossos sinceros agradecimentos por terem tornado realidade mais este nmero da Revista.
Neste momento em que o Iphan, consolidando e recriando continuamente as suas prticas, amplia sua capacidade de trabalho por meio da vertente da formao profissional, conferida pelo reconhecimento das atividades de seu mestrado profissionalizante, entregar ao pblico este nmero da Revista soa quase como sublinhar essa caracterstica que gostaramos de valorizar e que a de reunir teoria e prtica, produo acadmica e formao profissional. Afinal, a superao do abismo que muitas vezes parece cindir o pensar e o fazer o nosso desafio permanente na construo cotidiana dos caminhos da preservao do patrimnio.
Se a mediao dinmica entre teoria e prtica nosso desafio permanente, o tema deste nmero da Revista instiga novas percepes e perspectivas sobre o papel dos historiadores na preservao do patrimnio. E estamos convencidos que esta reflexo propiciar experincias nicas para o compartilhamento de ideias, saberes, prticas e aes desenvolvidas cotidianamente para que o nosso patrimnio, memria e cultura sejam alicerces do futuro.
Com a metfora da casa, convidamos os leitores a conhecerem todos os recantos da Revista. Boa visita!
Crio de Nazar, Belm (PA), registrado em 2005 no Livro dasCelebraes como manifestao cultural que integra o patrimnioimaterial brasileiro. Foto: Francisco Moreira da Costa, sem data. Em Crio de Nazar. Rio de Janeiro: Iphan/MinC, 2006. (Dossi Iphan n. I)
Histria e Patrimnio
Mrcia ChuvaIntroduo Histria e patrimnio: entre o risco e o trao, a trama 11
Parte I em foco o camPo do PatrImnIo
Dominique Poulota razo patrimonial na europa do sculo XVIII ao XXI 27
Jos Carlos Reiso tempo histrico como representao intelectual 45
Jorge Colimaterialidade e imaterialidade 67
Mrcia Mansor DAlessiometamorfoses do patrimnio o papel do historiador 79
Manoel Luiz Salgado GuimaresHistria, memria e patrimnio 91
Andrea Daherobjeto cultural e bem patrimonial representaes e prticas 113
Roberto Conduru artifcios para inventar e destruir arquitetura, histria, preservao cultural 131
Mrcia ChuvaPor uma histria da noo de patrimnio cultural no Brasil 147
Parte II HIstrIa e PoltIca
Analucia Thompson, Cludia F. Baeta Leal, Juliana Sorgine, Luciano dos Santos TeixeiraHistria e civilizao material na revista do Patrimnio 167
Carla da Costa Dias e Antnio Carlos de Souza Limao museu nacional e a construo do patrimnio histrico nacional 199
Marcus Tadeu Daniel Ribeiroentre o ser e o coletivo o tombamento das casas histricas 223
Lia Mottao patrimnio cultural urbano luz do dilogo entre histria e arquitetura 249
Daryle Williamsalm da histria-ptria as misses jesutico-guaranis, o patrimnio da humanidade e outras histrias 281
Jaelson Bitran TrindadePatrimnio e histria a abordagem territorial 303
Parte III temas clssIcos da HIstrIa, noVos oBjetos de PatrImonIalIzao
Lilia Moritz Schwarcznacionalidade e patrimnio o segundo reinado brasileiro e seu modelo tropical extico 337
Alberto da Costa e Silvao Brasil na frica atlntica 361
Flvio Gomes terra e camponeses negros o legado da ps-emancipao 375
Sandra Jatahy PesaventoHistria, literatura e cidades diferentes narrativas para o campo do patrimnio 397
Jos Carlos Sebe Bom MeihyHistria oral e identidade caipira, espelho, espelho meu? 411
Mrio de Andradenoturno de Belo Horizonte 427
notas Biogrficas 440
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Mrc ia Chuva
Introduo
H i s t r i a e p a t r i m n i o : e n t r e o r i s c o e o t r a o , a t r a m a
Viver muito perigoso... Querer o bem com demais fora, de incerto jeito, pode j estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! (...)
Guimares Rosa1
Se os historiadores produzem o passado e o passado que faz uma nao,2 os historiadores do patrimnio fazem poltica, inventando o patrimnio nacional, atribuindo valor e significados a bens e prticas culturais que circunscrevem os limites da nao. Sabemos bem que o trabalho do historiador ao fabricar um patrimnio no seu prprio ofcio da escrita da histria est integrado a um projeto de nacionaliz