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  • 7/23/2019 Revista- o Nivel Maonico

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    O NVEL MANICO: UMA MISSO DENIVELAO OU DE UNIO?

    John Deyme de Villedieu

    EdioInaugura

    ldaPrimeiraRevistadeEstudosMan

    icosdaGrandeLoja

    ManicadoEstado

    deRondnia

    A MAONARIA EM EVOLUO

    Cludio Santini

    ASPECTOS SIMBLICOS DOTRABALHO EM CANTARIA

    Roger Avis

    AS ORIGENS DO RITO YORKHugo Borges e Srgio Cavalcante

    ORIGEM E FONTES DORITUAL SCHRDER

    Hans Heinrich Solf

    G.. D.. G.. A.. D.. U..

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    PODER EXECUTIVO DA GLOMARON

    Gro-Mestre:

    Juscelino Moraes do Amaral

    Gro-Mestre Adjunto:

    Antnio Alves Pereira

    DELEGADOS DO GRO-MESTRADO POR JURISDIODelegado da 1 Regio:

    Mrio Leme da Rocha Junior

    Delegado da 2 Regio:

    Nilton Edgard Mattos Morena

    Delegado da 3 Regio:

    Edson Vinicius Alves

    Delegado da 4 Regio:

    Joo Carlos Veris

    Delegado da 5 Regio:

    Edson Aleotti

    Delegado da 6 Regio:

    Jaime Clemente Oberdoerfer

    Delegado da 7 Regio:

    Lourival Da Lamarta

    Delegado da 8 Regio:

    Pedro Jos Bertelli

    Delegado da 9 Regio:

    Joo Carlos Volpato

    Delegado da 10 Regio:

    Afonso Soares de Albuquerque

    GRANDES SECRETARIAS EXECUTIVAS

    Relaes Interiores:

    Deivison Russi

    Relaes Exteriores:

    Edson Ramos

    Finanas:

    Claudio Aparecido Pinto

    Coordenao e Planejamento:

    Wladmir Jos Carranza

    Publicao e Divulgao:

    Luiz Carlos Arajo dos SantosRelaes Publicas:

    Noilson Neviton de Souza

    Bibliotecrio:

    Carlos Alberto da R. Nogueira

    Historiador:

    Gilberto Carlos Cantarelli

    Informtica:

    Jairo Tschurtschenthaler Costa

    Relaes Para-Manicas:

    Antnio Porphirio P. dos Santos

    Administrao e Patrimnio:

    Itamar Jos Ferreira

    Ritualstica:

    Aldino Brasil de Souza

    NDICE

    PALAVRA DO GRO-MESTRE 3

    EDITORIAL 4

    O NVEL MANICO: UMA MISSO DENIVELAO OU DE UNIO? 5

    A vertical, garante da horizontalidade 5

    O estabelecimento da horizontal 7

    O aplainamento como matrimnio unicador 10

    Maonaria Operativa e Maonaria Especulativa 13

    ASPECTOS SIMBLICOS DO TRABALHO EMCANTARIA 13

    As ferramentas do Canteiro 14

    Relaes analgicas entre a cantaria e o trabalho interno 15

    Aspectos prticos de como trabalhar literalmente pedra

    bruta 17

    Concluso: Iniciaes nos mistrios menores e maiores 19

    ORIGEM E FONTES DO RITUAL SCHRDER 21

    AS ORIGENS DO RITO YORK 41A Grande Loja de Londres 41

    Os primeiros maons da amrica do Norte 43

    Saint Johns Lodge - a primeira Loja das Amricas 44

    Os maons Ingleses e Americanos na Independncia dos

    Estados Unidos 46

    O Rito York no Brasil 50

    Os membros Fundadores 51

    As Lojas Posteriores Washington Lodge 53

    A MAONARIA EM EVOLUO 55Bibliograa 60

    E-Mail para contato: [email protected]

    Salientamos que as matrias aqui publicadas foramexaminadas e no encontramos qualquer sinal de cpiano referida ou plgio. Caso haja alguma reclamaosobre este motivo, favor entrar em contato com o Editordesta revista, atravs do e-mail acima mencionado,inserindo material probatrio, que nos comprometemosa fazer a reticao possvel. Cabe lembrar que estarevista de distribuio gratuita, e que no se auferenenhum lucro com sua distribuio, e que no temosintuito de inserir propagandas comerciais objetivandocom isto conseguir numerrio para sua edio. Todosos que nela trabalharam o zeram gratuitamente, semo intuito de constituir, com isso, alguma renda. Caso

    se interesse em colaborar com a revista, atravs dematrias -dentro da proposta acima apresentada, ou deperguntas, entre em contato conosco para examinarmoso material proposto.

    O Editor

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    Grande Loja se manifesta sobre o 7 de

    setembro: Independncia do Brasil

    13/09/2013

    Mais de 200 maons e jovens das ordens

    Demolay e Filhas de J participaram na noite

    do ltimo sbado, do desle de 7 de setembro,

    em Porto Velho. Os maons deslaram com

    seus paramentos utilizados nas sesses, e

    levaram para o desle um pouco da histria

    da participao da Maonaria no processo que

    culminou com a independncia do Brasil.O desle dos maons no dia 7 de setembro

    faz parte da proposta da Grande Loja Manica

    do Estado de Rondnia de aproximar a Maonaria

    das comunidades e tambm serve para mostrar

    que a instituio tem uma participao importante

    na construo de uma sociedade mais justa e

    mais humana.

    A Maonaria esteve presente nos

    grandes acontecimentos da histria brasileira,

    especialmente naqueles que buscavam garantir

    ao povo brasileiro a liberdade inexistente no

    perodo colonial. Desde ento, inmeros projetos

    sociais vm sendo desenvolvidos pela Maonaria,

    sempre contribuindo com o desenvolvimento

    humano e a melhoria da sociedade.

    A independncia do Brasil tem um

    signicado especial para ns, maons, pois

    a Maonaria teve participao decisiva no

    movimento, quando props, em uma sesso,

    que se conferisse ao Prncipe D. Pedro I, o ttulo

    de Protetor e Defensor Perptuo do Brasil.

    D. Pedro aceitou o ttulo, propondo apenas a

    supresso do termo Protetor.Os maons, habilmente, arquitetaram o

    desenrolar do 7 de setembro de 1822, lanando

    a idia da convocao de uma Constituinte, cujo

    projeto foi redigido por Gonalves Ledo e Jos

    Bonifcio, o patriarca da Independncia.

    Na tarde de 7 de setembro de 1822,

    s margens do Ipiranga, D. Pedro atendeu

    s recomendaes atravs do Manifesto de

    Gonalves Ledo, e o grito, Independncia ou

    Morte, foi a denominao de uma das palavras

    da sociedade secreta.

    No desle de 7 de setembro, em Porto

    Velho, os maons, bem como os jovens

    Demolays e Filhas de J, so saudados pelas

    autoridades e aplaudidos pela populao que

    reconhece a histria de nossa instituio e luta

    pela construo de uma Sociedade mais justa

    e perfeita com a trilogia Liberdade, Igualdade e

    Fraternidade entre os povos e naes.

    JUSCELINO AMARAL

    GRO- MESTRE DA GLOMARON

    PALAVRA DO GRO-MESTRE

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 4

    EDITORIAL

    J se disse que Joo Batista vivia pregando no deserto... no deserto do corao dos homens.Ns, tendo Joo Batista como nosso exemplo, mentor da Maonaria Simblica, devemos nos per-guntar o quanto de deserto carregamos em nossos coraes.

    A partir deste momento racional que se faa uma pergunta para que ns todos meditemossinceramente: quem anal isento de uma misso espiritual? Estabeleamos, desde j que a reli-gio no monopoliza a espiritualidade, que h aspectos espirituais no religiosos, no misticado-res, no ocultistas ou fantasiosos, que a maonaria faz por bem estudar e praticar, ainda que osindique atravs de outros nomes, como caridade, ou amor fraternal, no importa.

    No entanto, na atualidade, quase infrtil de osis a fertilizarem as areias deste mundo, perce-bemos muitas vezes que os sonhos e ideais dos homens so castigados pelos ventos do materialis-mo, e o cotidiano vai martelando implacvel, at levar grande parte da humanidade, inclusive muitoslhos da viva, mais completa afasia.

    No entanto, h o conhecimento... eis a chave! A chave que abre o cofre onde est guardado umnovo universo, cujo aroma rescende primeira terra molhada pela chuva que lembramos da infn-cia. E tal qual descascar uma cebola, ou se guiar por um o atravs de um labirinto aparentementeinextricvel, pouco a pouco podemos retornar ao ncleo e despertarmos para o que somos e o quedevemos fazer. Eis o conhecimento.

    O amor... eis a ferramenta! Qual Irmo se sente isento de uma misso espiritual? Qual maomestaria isento, aps receber a Luz, de trabalhar para um mundo melhor? Ser que no temos com -promissos com o nosso prximo e podemos deix-lo sem nosso zelo constante, pois sabemos queoutros se encarregaro dele e de seu bem?

    Esta Revista no foi criada para aqueles que buscam se encher das coisas mundanas, achan-do-as sucientes para sua existncia. Esta pequena revista existe para aqueles que tm sede deconhecimento. Foi construda sobre o alicerce do estudo; e se sua dbil aparncia material possaimpressionar desfavoravelmente aos olhos de alguns, ainda assim ela foi construda sobre o carterdaqueles que tambm consideraram uma misso expressar uma mensagem de conhecimento paraestas paragens e por que no dizer?- para humanidade.

    Voc, que nos l, tambm o artce desta obra. E caso ainda no tenha colaborado direta-mente, ou indiretamente -o que poder acontecer num futuro prximo- ainda assim, s o fato dessa

    mensagem chegar a um emissor, voc, isso o torna o maior colaborador que temos!Portanto, queremos que voc, leitor, saiba que esta revista existe tal qual uma Loja, onde reno-

    vamos nosso compromisso com um mundo melhor, a comear de nosso mundo interior, bastio dequalquer outra mudana que queiramos proceder.

    Esta revista foi criada para este raro tipo de homem, que est em extino na atualidade, masque ainda encontramos em nossos trabalhos: O homem que tem um ideal! Que no se conformacom a existncia mesquinha, onde nmeros, cifres e preocupaes so o mais importante, masque busca uma soluo, atravs do estudo de si mesmo, para galgar os degraus da do autoconhe-cimento, que costumamos chamar escada de Jac.

    Boa leitura, e muito grato!

    O Editor

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    A vertical, garante da horizontalidade

    O

    Nvel, na Franco-Maonaria, parece-nos

    sobretudo conhecido como o instaurador

    da horizontal e, por isso, como o smbolocomplementar da Perpendicular, ou Prumo, que,

    do mesmo modo, determina a vertical. Pode

    [ser] que isto explique o que as signicaes

    que com freqncia se evocam, at hoje em

    dia, a propsito do Nvel, sejam uma lembrana

    daquilo que o sculo XVIII em seus ltimos anos

    via, com uma predileo sincera ou oportunista,

    na horizontalidade.Desta maneira, segundo um catecismo

    dado por um ilustre Maom antes da guerra,

    o Nvel tende a nivelar as desigualdades

    arbitrrias (1). E o Simbolismo em nossos dias

    unanimemente desconhecido (2), at o ponto em

    que outro autor, em seu Dicionrio, consagra ao

    Nvel uma linha e meia para nos dizer que esta

    ferramenta simboliza a igualdade. curta, e,sobretudo, em razo de certos hbitos mentais

    de nossa poca, um pouco equivocada.

    O nivelamento tem tanto xito depois de v-

    rios sculos, que fez perder de vista, em sua f-

    ria por achatar tudo, [inclusive] a prpria origem

    da palavra, quando esta origem, como se ver,revela muito bem a signicao e, alm da le-

    tra, o esprito. Mas no s a linguagem esclarece

    coisas. O prprio instrumento, que serviu de mo-

    delo ao smbolo (3), parece-nos igualmente mui-

    to revelador caso se preste ateno maneira

    como est constitudo. Efetivamente, ele se com-

    pe de um esquadro cujos braos esto unidos

    por uma barra transversal, e de um prumo quedesce do pice de tal esquadro: no momen-

    to em que o prumo se situa defronte linha de

    f, marcada na barra, que o Nvel certica a ho-

    rizontalidade que tem como misso assegurar.

    Desta maneira, se esta ferramenta permite obter

    a horizontal, ela facilita, alm disso -e acima de

    tudo, a vertical, parecendo assim mais comple-

    ta que o Prumo, como por outra parte numero-sos autores o tm feito observar. Mas, ento, o

    que poderia surpreender que, at admitindo

    O NVEL

    MANICO: UMA

    MISSO DE NIVELAO OU DE UNIO?

    JOHN DEYME DE VILLEDIEU

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    esta superioridade, considera-se que a vanta-

    gem dada ao Nvel, com relao ao Prumo (4),

    devida to somente ao fato de que estabelece

    a horizontalidade, enquanto que o Prumo d a

    vertical. Perguntamo-nos qual pde ser o motivo

    que faz com que se atribua esta preeminncia

    a uma mais que a outra destas direes, o quevai contra ordem hierrquica habitualmente re-

    conhecida? Deve-se a esta nsia democrtica

    de nivelar indiferenciadamente tudo, segundo o

    mtodo confusionista, antes da subverso total?

    Entretanto, os mesmos dicionrios profa-

    nos, que so pouco suspeitos de preocupaes

    esotricas, deixam entrever a verdadeira signi-

    cao do Nvel e, portanto, o mistrio de suafuno.

    Sem dvida, num certo sentido, que parece

    predominante para muitos hoje em dia, nivelar

    igualar; trata-se de por tudo no mesmo plano;

    fazer tbula rasa do excepcional; em suma, nive-

    lar por baixo. Em qualquer caso, isto o que se

    faz com os trabalhos de nivelamento das terras

    com toda a brutalidade ininteligente e antiestti-ca da tcnica moderna, e no surpreendente

    que nossos contemporneos, muito mais pene-

    trados de materialismo do que geralmente se

    imaginam, retenham do nivelamento, sobretudo,

    o ato aplanador de algo.

    Na realidade, nivelar no s aplainar, mas

    tambm, como diz o [dicionrio] Robert, medir

    as alturas comparativas dos diferentes pontos de

    um terreno com relao a um plano horizontal

    dado. No se pode atuar sobre as coisas pas-

    sando sobre elas ou as esmagando, mas sim

    observando o mundo ao redor, assinalando as

    linhas caractersticas e o relevo. Tambm, no

    sentido de aplainar, unicar, quer dizer unir,

    embora o dicionrio reconhea que este ltimo

    termo, no sentido de aplainar, tornou-se estra-nho [N.T. - o autor se refere ao sentido encontra-

    do na lngua francesa]. Unir realizar a unidade,

    com o qual ca manifesto tudo aquilo que separa

    esta signicao de terreno aplanador do qual

    partimos (5).

    Quando se trata do Nvel, as denies es-

    to de acordo em reconhecer que seu papel con-

    siste em vericar a horizontalidade de um plano;

    e para isto que serve na prtica da maonaria.

    Mas, caso se deseje aprofundar na signicao

    simblica, conveniente entrar em certos deta-

    lhes cuja evidncia inegvel sem dvida, em-

    bora os espritos distrados e enfastiados de nos-

    sa poca tenham perdido o costume de tom-los

    em considerao.

    Na realidade o Nvel to somente permiteestabelecer se dois pontos de uma superfcie

    se encontram mesma altura, ou se no se en-

    contram; e o importante que isto se faz graas

    a seu prumo que, como dizamos mais acima,

    coincide ou no, sobre sua barra transversal,

    com a marca chamada linha de f. Quer dizer

    que a vericao da horizontalidade se opera

    obrigatoriamente [em relao] vertical.

    H aqui um ponto que quereramos estabe-

    lecer e que no recordamos hav-lo visto assi-

    nalado com a insistncia necessria, apesar de

    ampliar e elevar singularmente as signicaes

    da ferramenta que estamos estudando. O N-

    vel, efetivamente, em seu domnio prprio, o

    equivalente da Balana, como o indicam noto-

    riamente seus nomes latinos respectivos libella(6)e libra, onde o primeiro no mais que o di-

    minutivo do segundo. Por outra parte, a palavra

    nvel (7)provm da raiz libr-, que comporta a

    ideia de pesagem, com o que a ferramenta ma-

    nica, em sua signicao simblica, tem proxi-

    midade com a Balana.

    O que interessante, no que se refere ao

    Nvel manico e Balana tradicional, que nocaso de se tratar de estabelecer a horizontal,

    [somente] com a ajuda da vertical que poder fa-

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    z-lo, o que assinala com nitidez a preeminncia

    desta vertical. Deste modo, no mnimo curio-

    so constatar que o inverso o que ocorre nas

    balanas modernas, porque neste ltimo caso

    o rigor da pesagem depende -acima de tudo-

    da exata horizontalidade do plano sobre o qual

    esto colocados estes aparelhos, como se, ataleatoriamente, a produo de nossa moder-

    na civilizao estivesse destinada subverso.

    Pelo contrrio, a preeminncia da vertical sobre

    a horizontal ainda era respeitada nas antigas ba-

    lanas, como a que se encontra pendurada na

    parede da Melancoliade Drer. Efetivamente, a

    horizontalidade do brao se vericava pela ver-

    ticalidade da agulha que se encontra xada emngulo reto e que, para ser vertical, devia tomar

    a mesma direo que o suporte onde repousava

    o brao, ele prprio suspenso em um ponto xo

    e que, como o prumo do Nvel, o garante da

    verticalidade e, consequentemente, de uma justa

    horizontalidade.

    Melancolia- DrerEstando bem estabelecida a preeminn-

    cia da vertical quanto a sua necessidade para [a

    existncia] de uma justa pesagem da horizon-

    tal, interessante recordar que, tradicionalmen-

    te, esta vertical o smbolo da Vontade do Cu.

    Esta, para o entendimento humano, pode to-

    mar o aspecto de uma fora descendente e que

    pesa sobre o destino humano, mas tambm -e

    ao mesmo tempo, o aspecto de uma fora as-cendente por sua atrao; estas foras, que se

    exercem simultaneamente, representariam bas-

    tante bem a Justia rigorosa e a Misericrdia da

    rvore Sertica, respectivamente. A Vontade

    de que se trata por outra parte conforme a Ati-

    vidade do Cu, que parece descender, como a

    Graa, mas que na realidade incita elevao

    (8).

    Conviria agora estudar o que do ponto de

    vista simblico signica a vericao e, de fato,

    a instituio efetiva (9)da horizontal pela graa

    da vertical (10). Resulta, efetivamente, que o ver-

    dadeiro papel do Nvel, na arte manica, no se

    limita a constatar uma diferena de altura entre

    dois pontos, mas sim consiste em reduzi-la, at

    faz-la desaparecer.

    O estabelecimento da horizontal

    Partindo do fato j estabelecido de que a

    nalidade do Nvel no nem uniformizar nem

    achatar, mas sim aplainar, unicar, e, portanto,

    de unir, existe um meio para tentar compreender

    no que consiste verdadeiramente a instituio da

    horizontalidade. Para isso suciente ater-se ssignicaes da pesagem levada a termo pela

    Balana, vocbulo de que vimos em latim sua

    equivalncia etimolgica com o Nvel.

    No comrcio, para realizar uma pesagem,

    antigamente cava em um prato da balana cer-

    to peso estabelecido pelo pedido do cliente, e no

    outro prato fragmentos da mercadoria desejada

    at que esta fazia o peso. O ideal que a mer-cadoria escolhida devia alcanar era, em conse-

    qncia, da ordem quantitativa. No entanto, isso

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    Os antigos arquitetos e artesos egpcios usaram o nvel triangular e prumo nvel paragarantir que todas as superfcies de construo eram niveladas e perfeitamente aprumadas. Dotmulo de Sennedjem veio um conjunto dessas ferramentas, incluindo uma haste com a me-dida do cvado real, um nvel de tringulo, dois prumos de chumbo, dois esquadros, e vriasoutras peas. Sennedjem pode ter usado esses instrumentos para a construo e decoraodos tmulos de Seti I e Ramss II no Vale dos Reis, bem como do prprio lugar onde ocorreuseu esplndido enterro.

    Este nvel de tringulo construdo de dois pedaos diagonais de madeira unidas emngulo reto, com um pedao horizontal entre os dois. O prumo na forma de um corao suspenso por um o a partir do topo do ngulo recto, quando o nvel est colocado sobre umasuperfcie plana, a corda do prumo iria car exatamente no meio das marcas de inciso nocentro da pea horizontal. Se a superfcie no fosse devidamente nivelada, o prumo, ento,indicaria as correes necessrias. A inscrio, que gira em torno do tringulo pede ao deusPtah e Re-Horakhty-Atum-Hemiunu para o enterro e benefcios em vida aps a morte para oba de Sennedjem. (O Museu Egpcio, no Cairo)

    go Egito, e a prova est na arte da Idade Mdia

    crist, onde algumas iluminuras [imagens ilu-minadas] testemunham que a Europa, naquele

    tempo, conhecia o simbolismo da psicostasia.

    Observamos ento que a Balana, consi-

    derada em seu sentido material ou em seu sen-

    tido espiritual, tem por funo medir a adequa-

    o de uma coisa a seu modelo, caso se trate

    da adequao de certa quantidade de farinha ao

    peso exigido, ou da adequao de uma alma

    exigncia da Justia equilibrante.

    Compreendendo agora o que exatamen-

    te, do ponto de vista simblico, a pesagem da

    Balana, no difcil deduzir a signicao que

    tem, com o Nvel, ou pequena Balana (libella),

    a instituio da horizontalidade. No se trata de

    elevar os operrios ao nvel social dos patres,delrio utpico ou hipcrita demagogia. No

    tampouco questo de rebaixar os patres ao

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    nvel dos operrios, pura especulao de dio

    social. O m do Nvel promover um aplaina-

    mento suscetvel de resolver as diculdades, que

    elas provenham de uma superfcie desigual, de

    uma incompreenso nas relaes sociais abrup-

    tas, ou, no plano espiritual, de uma opacidade

    rugosa que oculta ao homem suas sumidadesluminosas. Aplainar, dissemo-lo anteriormente,

    unir, mas esta uma signicao que se tentou

    suprimir das memrias humanas. Preferiram re-

    ter as ideias de acordo com um ideal de simpli-

    cao e facilidade, ideias que seduzem muito

    especialmente o mundo moderno, porque elas

    so a negao de toda vida (12).

    Dado que o Nvel uma das ferramentas-

    smbolos utilizadas em uma das raras Organiza-

    es iniciticas que ainda existem no Ocidente,

    sobretudo em sua acepo espiritual que aqui

    nos interessa. Como proceder ento ao aplaina-

    mento, unicao, unio da qual antes fal-

    vamos? A nica maneira de unir irreversivelmen-

    te os homens entre si p-los em situao de

    intuir e posteriormente descobrir neles mesmosaquilo que os tornam verdadeiramente iguais e

    cuja aparncia social e de carter to somente

    o reexo mais ou menos el, se no a caricatura

    mais ou menos enganosa. Queremos falar deste

    elemento que Mestre Eckhart chamava incriado

    e incrivel, e que, em cada homem, o nico

    elemento que o torna no s igual, mas tam-

    bm realmente idntico a seu prximo. Umadas utopias mais perigosas e daninhas do mun-

    do moderno querer igualar tudo, reunir tudo,

    unir tudo do exterior, mas negando a nica coisa

    que, no centro de cada homem, faz possvel esta

    unio (13). O nico e verdadeiro ecumenismo

    to velho como o mundo e no outra coisa que

    o resultado do conhecimento esotrico que per-

    mite perceber, sob a variao dos diversos cli-mas religiosos, a unidade essencial que trans-

    cende as expresses particulares para fundi-las

    na mesma Identidade.

    Se a unio entre os homens passa pelo re-

    conhecimento prvio daquilo que o nico que

    pode uni-los, evidente que o primeiro passo

    consiste em reconhecer no mais profundo de al-

    gum aquilo que o converte em verdadeiramen-

    te idntico a todos os outros, sem distino de

    sexo, raa ou religio. Uma vez reconhecido este

    elemento, e tendo em conta que se trata de algo

    eminentemente senhorial, todas as inumerveis

    aspiraes individuais produtoras de caos tm

    que se subordinar a tudo que ele suscita de as-

    pirao central. Isto quer dizer que corresponde

    a cada um realizar em primeiro lugar a unidade

    em si mesmo.

    Assinalemos aqui algo que poderia passar

    por uma simples coincidncia, mas que ns con-

    sideramos como uma conrmao do que esta-

    mos dizendo. Trata-se de uma semelhana con-

    sonantal parcial que, por intermdio da raiz LB,

    opera uma aproximao entre o latim libra, que

    designa a balana, e o hebraico leb, que designao corao, o nico lugar que, por sua posio

    central, permite ao homem realizar o equilbrio

    harmonioso do qual falamos. A raiz hebraica de

    que se trata evoca por outra parte a audcia e

    qualquer atividade produtora interior. Quer dizer

    que ela expressa com bastante exatido a orien-

    tao da conscincia e das aspiraes humanas

    para seu centro espiritual (14).Esta aproximao lingstica, curiosa pelo

    menos, parece-nos digna de certa ateno, pois

    deixando parte qualquer questo de etimolo-

    gia, sempre permanece o fato de que tanto a Ba-

    lana quanto o Nvel se mostram perfeitamente

    capazes de velar pela transmutao espiritual de

    que estamos falando, podendo aparecer por isso

    como os instrumentos de uma converso uni-cadora da qual s pode sugerir-se sua profundi-

    dade.

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 10

    O aplainamento como matrimnio uni-fcador

    Contribuiremos agora algumas conside-

    raes complementares sobre o sentido destasntese equilibrante a se realizar pelo homem

    e, em primeiro lugar, conviria no se deixar en-

    ganar pelas signicaes que os hbitos men-

    tais do Ocidente moderno acabaram por impor

    a determinadas palavras. Por isso, necessrio

    guardar na memria o princpio da pesagem es-

    piritual que o antigo Egito, por exemplo, deixou-

    nos como modelo. Entre o corao humano emum lado da Balana e, no outro, a Verdade e a

    Lei divina, no existe, entenda-se bem, nenhum

    ponto de comparao salvo o que possa haver

    entre a Luz e um de seus brilhos. No se tra-

    ta de fazer uma boa mescla de suas aspiraes

    individuais e de sua aspirao central. A unio

    de que estamos falando aqui no um coque-

    tel. Trata-se do matrimnio do indivduo com oSi universal, e, em tal matrimnio, o indivduo se

    funde no Si, at o ponto em que suas aspiraes

    no tenham mais nada de individual nem de ml-

    tiplo, mas apenas se reduzam a sua aspirao

    essencial, que no outra que o reexo do Que -

    rer divino.Assinalemos que no matrimnio do Si tudo

    est, por m, aplainado, tudo est perfeitamente

    unido, liso e sem rugas. Entretanto, na relao

    de adequao do smbolo quilo que ele simbo-

    liza, alguns poderiam opor uma objeo. Se o

    Nvel permite elevar as coisas mesma altura,

    o que est em concordncia com o matrimnio

    de que estamos falando, tambm serve para ni-velar, e aqui onde se pde deslizar o sentido

    forado (15)que com tanta freqncia se utiliza

    hoje em dia, seja de uma maneira simplesmen-

    te pejorativa, ou de forma reivindicativa e mais

    ou menos rancorosa. Agora, caso se rechacem

    todas as utilizaes desta palavra com ns po-

    lticos ou sociais que, tal e como se entendem

    atualmente no saberamos no que poderia nosinteressar, evidente que suas signicaes no

    tm nada de pejorativo nem de rancoroso, como

    Nvel-Amuleto depedreiros egpcios

    (Williams Colle-ge Museumof Art)

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 11

    testemunhava o primeiro dicionrio consultado.

    Alm do mais, caso se considere a utilizao do

    Nvel para fazer descer um elemento altura de

    outro, encontramos uma aplicao imediata dis-

    so no prprio processo do matrimnio simbli-

    co -mas real- considerado anteriormente. Se a

    conscincia individual nos aparecer em plenoimpulso para a sumidade, onde se far possvel

    a unio to desejada, existe tambm outra ima-

    gem que no mbito espiritual se cita com bas-

    tante freqncia: o homem no faz o caminho s

    porque Deus vem a seu encontro (16)e, por isso,

    deve necessariamente consentir em descer de

    suas alturas. Entenda-se, estas no so seno

    imagens que tentam traduzir o melhor possvel,em uma linguagem muito inadequada, a espera

    divina e a esperana humana que acabaro por

    reunir-se cedo ou tarde. H aqui uma convergn-

    cia onde seria difcil dizer qual o primeiro insti-

    gador se no se soubesse sempre que tudo se

    submete, de bom grau ou no, Vontade divina.

    A pesagem que mais acima evocvamos ,

    por outra parte, uma imagem expressiva dos mo-vimentos de elevao e descida de que estamos

    falando. Como em qualquer deliberao (17)

    onde se pesam os elementos em questo, existe

    uma oscilao caracterstica da Balana. Entre-

    tanto, no terei que acreditar que esta alternn-

    cia de movimentos inversos sempre se resolva

    nalmente por uma concluso favorvel ao que

    pesado. Quando Maat desce em seu prato, ocorao do defunto se eleva no seu, mas quando

    Maat se faz muito leve, tnue, inacessvel, ento

    o corao humano cai e sucumbe a seu peso.

    Isto no nega tudo que dissemos do equil-

    brio essencial da Balana e do Nvel. Certamen-

    te, na economia universal, existem elementos a

    depurar e outros a eliminar, mas isto jamais se

    faz em um ambiente denegritrio e de dio. Simporta a euritmia e, para nos limitar ao simbo-

    lismo da pesagem, embora lhe dando uma di-

    menso universal, caso se desa em um ponto

    do cosmo, eleva-se em outro ponto, de tal forma

    que sempre se preserve a harmonia geral das

    coisas. o que a tradio chinesa denomina as

    aes e reaes concordantes, cujo equilbrio

    est situado no Invarivel Meio, equilbrio que

    no outro que o reexo da Atividade do Cuevocada anteriormente (18).

    Vemos como o Nvel, na ordem simblica

    e espiritual, perfeitamente apto para cumprir a

    misso que aqui lhe reconhecemos, esteja, por

    outro lado, na mo do Maom ou na do Grande

    Arquiteto, o qual, do ponto de vista em que con-

    sideramos as coisas, deve ser o mesmo, pois

    sempre o Grande Arquiteto o que guia a mo doMaom, ao menos na medida em que este reali-

    za uma obra de Mestre.

    a este dever espiritual de elevao cor-

    retora e de condescendncia misericordiosa (19)

    ao qual deveria estar consagrado o Nvel ma-

    nico em sua acepo mais alta, e assim com

    toda certeza como o entendiam antigamente os

    melhores de nossos construtores de catedrais.Sempre h templos a elevar, como h mas-

    morras a cavar, e aqueles que reclamam das

    exigncias interiores em nada cedem s prodi-

    giosas construes medievais. Desta maneira,

    quando se prov de seu Nvel, o Maom ter

    aplainado em si mesmo os obstculos que o

    separam da nica Realidade resplandecente,

    quando se acha desembaraado de todas suastravas egocntricas, quando, livre enm, verda-

    deiramente ser uno com seus Irmos e com to-

    dos os homens que, como ele, caminham pelo

    mundo (20).

    A coisa no fcil de realizar, pois, como

    dissemos, facilidade e simplicao, embora

    satisfaam preguia moderna, entretanto con-

    duzem para um beco sem sada. Pelo contrrio,no necessrio esperar para empreender,

    nem obter para perseverar, e se a via espiritual

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 12

    pode ser larga s vezes, no faltam ores para

    baliz-la e compensar assim os rigores. Alm

    disso, como escrevia Ren Gunon, quem esti-

    vesse tentado a ceder ao desespero deve pensar

    que nada do que realizado nesta ordem pode

    perder-se, que a desordem, o engano e a escu-

    rido s podem dominar na aparncia e momen-

    taneamente, que todos os desequilbrios parciais

    devem convergir necessariamente no grande

    equilbrio total e que nada poder prevalecer -

    nalmente contra o poder da verdade; sua divisa

    deve ser a que adotaram antigamente certas or-

    ganizaes iniciticas do Ocidente: Vincit Omnia

    Veritas[a Verdade Sempre Vencer]. (21)

    Notas

    (1)Sem dvida, isto hoje em dia seria um pleonasmo, pois devido ao

    progresso uma opinio se foi forjando pouco a pouco, para a qualqualquer desigualdade arbitrria.

    (2)O desdm para com o Simbolismo a conseqncia lgica da igno-

    rncia de nossa poca com tudo o que tem relao com a Metafsica.

    (3)E no o nvel moderno, com borbulha de ar, o qual se chama nivela.

    (4)efetivamente, na Franco-Maonaria, ao primeiro Vigilante a quem

    se atribui o Nvel, enquanto que o Prumo corresponde ao segundo Vi-

    gilante.

    (5) Unicar no uniformizar, como pensa o estpido modernista:

    justamente o contrrio, pois para unicar necessrio sair do mundo

    das formas.

    (6) Libellusem latim popular.

    (7) Derivado do francs antigo livel, e inclusive do ingls level.

    (8) Tal , por exemplo, a Graa que desce sobre aqueles que, no Isl,

    seguem o caminho reto, bem conhecido por sua verticalidade e por

    propor uma direo ascendente.

    (9) Esta considerao necessria, j que no curso de suas numero-

    sas vericaes o que o Nvel constata o fato de que a horizontali-

    dade nunca est estabelecida, e consequentemente ca por realizar.

    (10) Poderia ser que isto mesmo no esteja muito longe daquilo que

    dizia Joo, o Batista, quando recomendava aplainar os caminhos do

    Senhor (Mateus III, 3).

    (11) Esta idia de elevao, que o contrrio da de nivelamento, en-

    contra-se no latim aequare: efetivamente, alm das signicaes de

    aplainar, ou de unicar, de pr ao nvel de, de comparar, tambm

    comporta as de igualar e obter.

    (12) Os promotores do mundo moderno no so acaso os inimigos de

    toda via, de toda verdade e de toda vida? Esperam triunfar expandindo

    sua desordem libertria, seu pensamento falacioso e os venenos de

    suas sujas indstrias.

    (13) No se trata de uma simples utopia nascida dos crebros mais

    ingnuos, mas sim de um clculo premeditado, retorcido e criminoso,

    que parte daqueles que conduzem este mundo e que, nos fazendover que procuram a paz, no perdem ocasio de promover todas as

    frices, dios e mortes.

    (14)A palavra rabe lubb, que designa o ncleo, o corao, a essncia

    de uma coisa, parece estar formado de uma raiz semtica comum com

    o hebreu leb da qual estamos falando. Evoca a mesma centralidade

    e a mesma espiritualidade interior: por isso se diz que o susmo o

    ncleo ou o corao do Isl.

    (15) Foi forada esquerdizando-a. Mas esta simultaneidade na ao

    de maneira nenhuma exclui uma sucesso lgica de dois fatos: a

    vontade do esquerdismo a que torna inevitvel violar a signicao.

    (16) Desta maneira o Cristo se fez homem para salvar aos homens: ele

    desce para que estes possam elevar-se.

    (17) As duas palavras deliberao e nvel derivam da mesma raiz

    libr.

    (18) R. Gunon aborda este assunto nos Principes du Calcul innitsi-

    mal, P. 105, 108.

    (19) Utilizamos o termo de condescendncia no sentido, desgraada-

    mente em desuso, de uma espcie de benevolncia para aqueles que

    esto menos avanados no Caminho do Conhecimento. Curiosamente,

    o [dicionrio] Pequeno Robert, na mesma ordem de ideias, cita a con-

    descendncia de um iniciado para com um profano. E tambm no

    mesmo sentido de compaixo e de compartilhar como ns entende-

    mos aqui a misericrdia.

    (20) Se diz que o Maom deve ser um homem livre e de bons costu-

    mes, e vimos que sua autntica liberao, que uma elevao, no

    poderia encontrar uma origem melhor que na utilizao judiciosa do N-

    vel. Seria ento interessante operar uma aproximao lingstica entre

    o termo nvel e o de liberdade, que, pelo que parece, nunca se ten -tou. O francs niveau, o ingls levele o francs antigo livel, que tm a

    mesma signicao, pertencem mesma famlia lingstica que o latim

    libra(= balana, peso de 12 onas) e o grego litra, com igual sentido.

    Grandsaignes dHauterive no vai alm das razes libr- e litr- que de-

    signam, segundo ele, um objeto que serve para pesar. Anteriormente

    vimos como a pesagem exercida pela Balana e pelo Nvel pode ser

    tomada em relao com a liberdade da alma e tambm com sua Libe-

    rao. Agora, as palavras francesas liberao e liberdade, o latim liber

    e o grego eleutheros (= livre), Grandsaignes dHauterive os relaciona

    com a raiz indo-europea leudh-, qual d por signicao a ideia de

    elevar-se. No deixa de ser interessante observar que se a etimologia

    renunciar aparentemente a relacionar entre si as ideias de nvel, de

    pesagem, de elevao e de liberdade, pelo contrrio o simbolismo nodeixa de faz-lo, como corresponde a sua misso unicadora.

    (21) La crise du monde moderne, pg. 134 [nal].

    Traduo: Roger Avis

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    Maonaria Operativa e Maonaria Espe-culativa

    Na passagem da maonaria operativapara a maonaria especulativa, muitosdos detalhes da nobre arte da cantaria

    foram deixados de lado em prol da adaptao

    realizada. Os livres pensadores que adotaramos ensinos manicos no estavam interessa-dos na prtica manual do canteiro, que era umservio pesado e, portanto, buscaram simplicarno simbolismo.

    Esta simplicao simblica trouxe um re-lativo empobrecimento no sentido do conheci-mento da arte, onde diversos detalhes do traba-lho nos canteiros, ao serem deixados de lado,

    obscureceram facilitaes tericas no caminhodo auto-conhecimento.

    Para se adentrar mais nestes aspectos,

    e vericar sua real importncia, devemos dizerque a palavra cantaria vem, etimologicamen-te, do latim canthus, que signica aresta (1).Desta forma, o conceito de cantaria se refere aotrabalho em pedras objetivando seu esquadreja-mento, ou a sua formatao no sentido de servir

    ao projeto construtivo. Na maonaria especula-tiva, simplicamos: tornar a pedra bruta em pe-dra cbica.

    O que do desconhecimento da maioriados maons o fato de que o conhecimento tra-dicional sobre o trabalho operativo era transmi-tido atravs de tcnicas que sempre buscavamum sentido efetivo de aperfeioamento no sdo trabalho, mas tambm do prossional, poisse entendia que a perfeio daquele passavapela perfeio deste, em todos os aspectos,dentre eles o prtico, o psquico e o intelectual.Quanto mais aperfeioado internamente, mais

    Aspectos Simblicos do Trabalho em

    Cantaria

    Ir. Roger Avis

    Se o eterno no edicar a casa, em vo trabalham aqueles que a edicam.Salmo 127:1

    (Cntico das peregrinaes de Salomo)

    Aplicai-vos, pois, de todo o vosso corao e vossa alma a buscar o Senhor vossoDeus. Constru o santurio do Senhor Deus, para trazer a arca da aliana do Senhore os utenslios sagrados de Deus ao templo que ser edicado ao nome do Senhor.

    1 Crnicas 22:19

    O Eu o mestre do eu. Cada um o seu prprio mestre e refgio, quem outro poderia

    ser? O completo domnio de si mesmo o nico refgio, difcil de alcanar.Sidarta Gautama (Buda)

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 14

    perfeita ser a habilidade do obreiro e, conse-quentemente, da obra.

    Aqueles que estudam os textos antigospercebem que a utilizao metafrica do traba-lho comum, analogicamente relacionado es-piritualidade, algo constante nas civilizaesdo passado - egpcia, caldaica ou medieval, ou

    por aqueles que, nos sertes mais afastadosdos grandes centros urbanos, ainda empregamaquelas tcnicas artesanais tradicionais.

    No Oriente, por exemplo, existia toda umaexplicao simblica para a prtica do ofcio datecelagem, onde os os paralelos, presos ao tear,so os inuxos espirituais manifestados atravsdas leis universais, enquanto que os os hori-zontais, adicionados ao serem tecidos, so asatividades nos planos manifestados. Assim, sim-

    bolicamente, nossas aes, quando levando emconta os inuxos espirituais do GrandeTecelo do Universo (2), s podero serrealmente profcuas a partir do momentoem que com estas sejam harmnicas. Afalha de um ponto na tecelagem poderiadeitar fora todo o trabalho.

    Da mesma forma, no ocidente, te-mos exemplos de diversas prosses-seno todas as que existiam na antigui-

    dade ou idade mdia- que se utilizavamdesta espcie de simbolismo para ensi-nar que, ao se trabalhar o material, tam-bm se trabalhava em outros aspectosdo ser, e que era necessrio ter atenopara isto. A matria-prima artesanalmen-te trabalhada pelo obreiro era o espelho ondeele poderia apreciar seu prprio carter.

    Outra coisa que geralmente menospre-zada pelos estudiosos o fato da maonariaoperativa ter em seu bojo aspectos loscosprofundos, e que a maonaria especulativa so-mente pde fruticar em seus estudos porqueisto j era uma realidade poca de seu nasci-mento. Alguns estudiosos, inclusive, desprezamesta espcie de abordagem, entendendo queapenas com a maonaria especulativa que seobteve um aprofundamento no conhecimento,tendo em vista o advento no seio daquela ordemde pessoas letradas, pensamento com o qual,

    respeitosamente, no nos alinhamos.

    Essa espcie de perspectiva toma por baseum preconceito cultural, onde se estende o olhar

    de nossa poca para medir todas as pocas an-teriores. E este preconceito, que no sabe en-xergar seu prprio anacronismo, faz com que ossbios de nosso tempo se limitem a uma formade pensar estreita, sem realmente aproveitar oconhecimento oriundo da antiguidade. Mas, istoj seria a matria de um outro trabalho. Apenas

    mencionamos para que o leitor possa levar emconta, tambm, que se quisermos extrair a es-sncia de qualquer coisa, devemos conhec-lasem preconceitos, conforme propalado pelosmesmos ensinos manicos (3).

    As ferramentas do Canteiro (4)

    Como so desconhecidas pelos maonsatuais muitas das ferramentas dos canteiros,abaixo vo exemplos de algumas poucas ferra-mentas modernas utilizadas atualmen-te no tra-balho de cantaria artesanal, fabricadas pela em-

    presa americana Trow & Holden Company (5):

    Como se pode perceber, existe uma inni-dade de ferramentas utilizadas no trabalho docanteiro alm daquelas mencionadas na mao-naria especulativa. bvio que os processos deformatao da pedra bruta atravessavam umasrie muito maior de detalhes, hoje desconhe-cidos na maonaria especulativa, que levavamos mestres obreiros a situaes reexivas noencontradas na especulao.

    A gura do camartelo (ferramenta pareci-da com um martelo pontiagudo, que utilizada

    para o primeiro trabalho, mais grosseiro, na pe-dra bruta), por exemplo, utilizada no Rito Schr-der, provm da mais antiga tradio dos maonsoperativos, no absorvida pelos outros ritos em

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 15

    geral. Numa miniatura do sc. XV, do artista fran-cs Jean Fouquet, mostra-se a utilizao destaferramenta para o desbaste da pedra bruta.

    O buril (6), no caso do trabalho em pedra,trata-se de uma espcie de cinzel pontiagudo[conforme o Hou-aiss, ferramenta de ao componta oblqua cortante (... ) para lavrar pedra],

    que vai dar um trato rstico na pedra, podendoser usada aps o camartelo, ou j direta-mente(dependendo do tipo da pedra). Tambm podeser utilizada para o incio do acabamento nocaso de guras escultricas.

    A abordagem que efetuamos neste ttuloserve apenas para demonstrar que os conheci-mentos relativos ao trabalho manico operativotinham detalhes muito maiores do que os apre-sentados atualmente, e que a riqueza destes de-

    talhes poderia levar a aspectos desconhecidosde um simbolismo mais claro e preciso, objeti-vando, tambm, maior preciso no processo deautoconhecimento e aperfeioamento.

    Ativemo-nos em considerar apenas o tra-balho em pedra porque era a perspectiva do tra-balho dos canteiros, da qual a maonaria surgiu.Outras prosses tradicionais vo conter simila-ridades com o que aqui foi descrito.

    Relaes analgicas entre a cantaria e otrabalho interno

    A Extrao da pedra-bruta diretamente dapedreira muito similar escolha efetuada doprofano apto a entrar na maonaria. Anal, asociedade profana muito se assemelha a umapedreira, onde a multido sufoca o talento indivi-dual, fazendo com que muitas vezes o indivduono encontre seu caminho.

    necessrio acrescentar que, seguindoa tradio da maonaria brasileira, os profanosso escolhidos para integrarem a sublime or-dem. Isto faz-nos considerar a maonaria comoo artce que visita a pedreira em busca do ma-terial necessrio para cumprir a sua obra, en-tendendo, queremos deixar claro, a ordem comoum canal que veicula foras superiores a esteestado de manifestao.

    Sobre este fato, podemos consider-lo ain-

    da de duas formas: de maneira macro-csmicaou microcsmica. No primeiro aspecto, o artceseria o GADU que escolheria os aptos a veicu-larem seus desgnios na consubstanciao do

    Templo Universal. Micro-cosmicamente, o pr-prio iniciado, em seu trabalho meditativo, identi-caria os aspectos de seu ser que devero serpinados de seu interior e trabalhados conformeestes mesmos desgnios, para que a verdadeseja expressa.

    O maom deve aprender a reconhecer no

    emaranhado informe de sua existncia cotidianaos aspectos sublimes de seu ser, e seu trabalho reconhecer quais deles dever trabalhar du-rante sua vida para melhor expressar sua des-treza, ou sua sintonia com o Todo. A isto as pes-soas costumam chamar, talvez impropriamente,de misso. Na atualidade, o maom pode terem sua frente uma quantidade enorme de pers-pectivas onde expressar sua vida. Contudo,somente aquelas que coadunam com seu car-

    ter que lhe traro a verdadeira realizao. Asoutras devero ser desprezadas, porque quemtudo quer, nada consegue.

    Se o iniciado escolheu a matria primacorreta onde trabalhar, ou seja, escolheu os as-pectos de si mesmo que devero receber suaateno de agora em diante, e que sero traba-lhados com suas virtudes, seu trabalho no serem vo. Contudo, se h falhas na matria prima,ou seja, se no escolheu corretamente o aspec-

    to que dever ser trabalhado, dever retornar pedreira de si mesmo e, atravs de um estudomais aprofundado e orientado, encontrar o ma-terial correto para seus objetivos (7).

    Aps um exame acurado, enxergam-seas matrias primas interiores misturadas comoutros agregados psquicos, frutos estes de di-versas origens, principalmente dos preconceitose erros que nos habituamos a aceitar e conti-nuamos a engendrar, seja da criao, seja dainuncia da sociedade. A origem pode ser gros-seira (agresses, vcios, luxria, etc.) ou maisimperceptvel (costumes, sosmas, paradigmas,etc.).

    Logo aps de escolhida a matria prima,o maom dever fazer um desbaste acentua-do, onde as maiores imperfeies so retiradas.Podemos, simplicando, encontrar trs pontosa serem trabalhados em primeiro lugar: fsico,

    psquico e mental. claro que no existem fron-teiras estanques entre eles, e que os aspectos aserem trabalhados podem conter caractersticasde todos estes: um pouco mais de um, um pou-

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    co menos de outro.

    Por exemplo, a glutonaria: existe a ne-

    cessidade de se encontrar a raiz psicolgica que

    induziu o indivduo a tal situao para extirp-la

    completamente; contudo, em determinados ca-sos, se no houver uma modicao radical no

    jeito de se alimentar talvez a base material ondetrabalhamos, que o prprio corpo, pode deixarde existir e o indivduo simplesmente morrer, an-tes de encontrar essa raiz psicolgica e extirp-la.

    Logo a seguir, fazemos um pequeno esboodestas consideraes acima, trazendo, de ma-neira supercial, algumas analogias necessrias

    Cantaria Aspecto Fsico Aspecto Psquico Aspecto Mental (8)

    Burilar (9)Extirpao de hbitos ex-tremamente danosos sade: fumo e drogas.

    Eliminao de sentimen-tos extremamente gros-seiros como dio ou ira.

    Considerar-se como umreceptor, estando prontoao aprendizado.

    Dentear

    Aperfeioamento dos h-bitos tendo como metamelhor sade: alimenta-o.

    Cultivo da pacincia e daconformao (10).

    Estudar os ensinamen-tos manicos, buscandocompreender e memori-zar o relevante.

    CinzelarDomnio de sua vida se-xual.

    Cultivo do amor fraternal.Meditar sobre os ensina-mentos e excluir o supr-uo.

    EsmerilarDomnio sobre a respira-o.

    Cultivo do Amor incondi-cional.

    Compreender a verdadei-ra natureza do Homem.

    PolirDomnio sobre todos as-

    pectos siolgicos.

    Superao da individuali-

    dade.

    Libertao dos conceitos,em busca da SupremaIdentidade.

    dos trabalhos da cantaria com os trabalhos queo maom deve perpetrar em si mesmo para seucrescimento e aperfeioamento:

    Nos exemplos acima demonstrados na ta-bela, devemos levar em conta que esta relaono nalista, apenas exemplicativa. Cada umdeve aprender a conhecer seu prprio carter

    e, atravs do estudo sincero e objetivo, levandoem conta os ensinos tradicionais, reconhecer agraduao com que deve ser efetuado do tra-balho interior. Cada um, dentro de suas carac-tersticas prprias, deve saber encontrar quaisaspectos dever trabalhar dentro de si mesmo.

    O que devemos entender que, dentro daperspectiva manica, em todos os aspectosest envolvido um carter gradual de crescimen-to (veja o simbolismo da escada), que deve ser

    levado em conta a partir do momento em que sedecide trabalhar sobre si mesmo. No se pas-sa para o prximo degrau enquanto o anteriorno estiver trabalhado. Da mesma forma no se

    cinzelar enquanto o denteamento no estivertotalmente pronto.

    Ao se transportar perspectiva da mao-naria especulativa o trabalho de cantaria, per-cebe-se que houve uma grande simplicao,tendo em vista que j no se tratavam mais deoperrios da pedra, mas de livres pensadores,

    que desconheciam a espcie de trabalho efetua-do, ou no queriam se ater a este.

    Contudo, dentro do conhecimento tradicio-nal, os trabalhos operativos tinham o objetivomeditativo, onde o arteso utilizava seu trabalhocom o sentido de se aperfeioar.

    Como j foi descrito, havia no trabalho detransformao da pedra bruta em cbica umadedicao de dias, variando conforme a comple-

    xidade do trabalho e da dureza do material, ondeuma falha poderia fazer perder todo o processo.Por este motivo, havia a necessidade de se ter,em primeiro lugar, pacincia. Este trabalho de

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    Revista de Estudos Manicos da Glomaron - Ano I - N. 0 17

    Aspectos prticos de como trabalhar literalmente pedra bruta

    Em primeiro lugar, antes da existncia da matria prima para o trabalho do canteiro, h a necessidade da sua ex-trao na pedreira. Neste momento, o artce escolhe na fonte de qual lugar querer extrair o material que deseja.Deve levar em conta para que propsito se utilizar a pedra, pois a escolha do lugar da pedreira j inui na espciede matria prima que se obter.

    Aps a extrao da fonte, ou seja, o nascimento da pedra-bruta em sua forma individual, traa-se todo um plano emque so considerados os mtodos de trabalho no sentido de buscar como resultado a adaptao da matria-prima

    ao lugar em que ela est destinada. Podemos chamar de aperfeioamento, neste caso, o caminho que se faz dapedra bruta at chegar pedra polida. Este trabalho, didaticamente, poderia ser classicado em cinco partes:

    1) Punoar ou burilar - neste momento, fazemos com que as grandes diferenas existentes sejam atingidas peloburil at que quem pequenas. Neste trabalho, conforme mostra a gura a seguir, deixam-se normalmente estriasem diagonal;

    2) Dentear - depois do burilamento, utilizamos o cinzel denteado para diminuir ainda mais as diferenas, buscandoeliminar as estrias do trabalho anterior, deixando as marcas dos dentes desta ferramenta. O cinzel denteado deveser utilizado de forma reta, no mesmo sentido das laterais da pedra utilizada. Utilizam-se para isto diversos cinzisdenteados, dos de dentes maiores aos de dentes menores, at ser utilizado, nalmente, o cinzel sem dentes, maisconhecido na maonaria especulativa. Alguns chamam o cinzel denteado de buril, tambm;

    3) Cinzelar - o cinzel, propriamente dito, conforme demonstrado na maonaria, utilizado neste momento. Neste

    caso, comea um trabalho de alisamento da pedra, eliminando a maior parte das marcas anteriores;4) Esmerilar - a pedra de esmeril utilizada, suavizando o mximo possvel as marcas do cinzel. Na maonariaoperativa, observava-se um movimento manual contnuo e circular e, aos poucos, e adicionando constantementea gua para eliminar obstrues (escorregar), a superfcie ia cando lisa;

    5) Polir - para nalizar o servio, e a superfcie car totalmente lisa e espelhada, utilizam-se lixas de diversas gra -naturas (de 150, 220, 300 e 600), gradualmente da mais grossa para a mais na.

    mos concluir que se tratam de processos emque a fora fundamental, sendo caracters-tico da passagem de uma fase para a outra adiminuio da fora e o aumento da destreza.Poderamos identicar desta forma: a) Burilar -mais fora e menos destreza; b) Dentear - forae destreza na mesma medida; c) Cinzelar - maisdestreza do que fora.

    Isso demonstra que os prprios proces-sos de trabalho no carter tambm apresentamaspectos em que determinados pontos de vistadevem ser abordados. A princpio, a fora ex-tremamente necessria para excluir os defeitosmais evidentes. Dentro da maonaria especula-

    transformao est muito ligado, neste caso, pacincia que temos ao abordar uma determi-nada matria-prima. Se vamos impetuosamentesobre ela, podemos errar. Se utilizarmos foraminscula, podemos demorar alm do necess-rio.

    Neste caso, as virtudes seguintes que seligavam ao processo de transformao eram oequilbrio e a rmeza. Podemos, assim, j nestemomento, encontrar similaridades entre o traba-lho externo, na pedra, e o trabalho interno, nocarter.

    Sobre o burilar, dentear e cinzelar pode-

    Figura adaptada do livro The Complete Book of Self-Sufciency, de John Seymour.

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    tiva, os aprendizes sentam-se no lado norte, soba gide do Irmo 1. Vigilante, que o respon-svel pela veiculao da fora numa Loja. Estefato bastante caracterstico, tendo em vista otrabalho mais forte que se deve ter quanto aosaprendizes, ainda eivados de profanidades.

    No entanto, com a sequencia do trabalho,j a experincia (que na maonaria o conheci-mento terico adquirido e praticado) aliada coma destreza vem se tornando muito mais impor-tante, chegando ao ponto de ser quase a nicadeterminante. A experincia, ou a percia, so oaprimoramento do conhecimento do artce emsua prpria arte. O maom, no hbito de traba-lhar sobre si mesmo, encontra a prpria arte queo conduz ao aperfeioamento cada vez mais re-nado.

    Quando falamos nos trabalhos que efe-tuamos sobre o nosso prprio carter, sobre ocinzel e o malho, temos que levar em considera-o, tambm, os ensinamentos que a maonariaespeculativa transmite aos obreiros. Abord-los,neste momento, necessrio no sentido de nos

    conduzirmos a um aprofundamento ainda maiorsobre este trabalho.

    Lavagnini diz o seguinte:(... ) o malho e o cinzel, como instrumentos

    propriamente ati-vos, representam exatamente os

    esforos que, por meio da Vontade e da Inteligncia,

    temos de fazer para nos aproximarmos da realizao

    efetiva desses Ideais, que representam e expressam

    a perfeio latente de nosso Ser Espiritual. O

    malho, que utiliza a fora da gravidade de nossa

    natureza subconsciente, de nossos instintos, hbitos

    e tendncias, pois, representativo da Vontade, que

    constitui a primeira condio de todo progresso e

    ao mesmo tempo o meio indispensvel para realiz-

    lo. (11)

    Isto que Lavagnini diz simplesmenteo bsico a ser mencionado sobre os aspectosda utilizao do buril e dos cinzis, juntamentecom o malho. Encontraremos em diversos auto-

    res poucas variaes, nada substanciais. Todoseles funcionam simbolicamente da mesma for-ma (seja o buril ou os cinzis), tendo, contudo,cada um, suas caractersticas prprias, j men-cionadas.

    O que geralmente no se fala quem, ouo que, o responsvel pela movimentao des-sas ferramentas supra mencionadas. Gunonnos fala da Divina Personalidade, que quem

    Pedreiros trabalhando (miniatura do sc. XIII)

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    fala atrs da mscara - a persona, que a nossaindividualidade.

    esta Divina Personalidade a verdadei-ra responsvel pelo manejo dos instrumentos.E no caso do trabalho operativo sobre o nossoprprio carter, a matria prima, que somos nsmesmos, a desculpa (grosso modo) necess-

    ria para que esta essncia real de nosso ser semanifeste. E este o verdadeiro trabalho do ini-ciado: no olhar os instrumentos vibrando nafrente de seus olhos, mas perceber quem olha.No se prender vontade e inteligncia, massuprimir esta ateno aos instrumentos, e volt--la ao verdadeiro artce interno (12).

    Falar mais sobre o simbolismo dos cinzise do malho seria supruo neste momento. Di-

    versos manuais sobre o assunto j discorreramo suciente para que necessitemos continuaraqui. Somente queremos alertar que o simbo-lismo deve ser visto no corao, e presenciadotambm no corao para que seja realmenteefetivo.

    Quanto ao esmerilar e polir, que so traba-lhos onde a fora j no to importante, masprincipalmente a destreza, carregam consigoum aspecto fundamental: o movimento circular.

    Ao movimentar a mo com o esmeril, ou coma lixa, o obreiro segue compassadamente umaordem, onde toda a superfcie atingida para sechegar ao obje-tivo.

    Sabemos que o crculo o smbolo do in-nito e da perfeio. A circularidade do movimen-to da lixa na face quadrada do cubo nos parececarregado de reminiscncia no tocante qua-dratura do crculo. O crculo vem aperfeioando

    a face quadrada da pedra cbica.A utilizao da gua revestida, tambm,

    de seu carter simblico. A gua, sendo utiliza-da como , torna-se o veculo para a perfeio.E dentro do simbolismo esotrico encontramosna alma a referncia da gua. A gua, batizandoa pedra, torna-a capaz de receber a perfeiodo artce, bem como de chegar realizaodo trabalho. Somente atravs da alma o espritopode realizar a obra.

    O obreiro, neste ponto do trabalho, aopassar a mo pela superfcie completa da pe-dra, deve demonstrar a sensibilidade necessria

    para compreender que j extraiu da pedra brutaa pedra cbica.

    Concluso: Iniciaes nos mistriosmenores e maiores

    Especicamente quanto ao trabalho de cantaria,

    da formatao da pedra, ele se relaciona ao queos gregos antigos chamavam de mistrios me-nores. A iniciao nos mistrios menores bus-cava com que o homem expressasse o mximode sua perfeio enquanto homem. Na mao-naria simblica atual, estas consideraes esta-

    riam demonstradas principalmente nos graus decompanheiro e aprendiz.

    As iniciaes nos mistrios maiores busca-vam com que o homem superasse sua condioindividual e se unisse divindade. Enquanto asiniciaes dos mistrios menores apontavam ocaminho perfeio humana, as dos mistriosmaiores apontavam para uma perfeio divina,a do homem transcendente.

    Seria, neste caso, a segunda morte, apre-sentada na maonaria no magistrio manico.

    A iniciao nos mistrios maiores estariasimbolicamente relacionada mais diretamenteao ofcio da arquitetura e da efetiva construo,o que pode ser tema de outro trabalho.

    Este trabalho apenas pincelou algumasconsideraes superciais sobre o ofcio de can-teiro, que podero ser aprofundadas na no estu-

    do, pesquisa e meditao de cada obreiro. Cum-pre destacar que o ensinamento manico temsido habitualmente utilizado em limites aqumde seus objetivos, e cabe a ns, maons, co-

    maons operativos

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    mear a mudar esses limites e parmetros esta-belecidos, sob pena de contribuirmos cada vezmais para o desaparecimento virtual e, aps,efetivo de nossa Augusta Ordem.

    Assim, os estudos elaborados na atuali-dade devem procurar resgatar, conforme bus-camos fazer aqui, os fundamentos do ensino,

    estabelecendo e renovando as conexes com aorigem prstina do legado manico.

    E tambm, com este mesmo objetivo,queles capazes de uma obra mais abrangente

    e herclea, recriar as possibilidades iniciticaspara as mulheres, tendo em vista que, no Oci-dente tais sociedades desapareceram, ou delasno se tem mais notcia. Mas para isso, tantopara o reavivamento do conhecimento mani-co, tanto para possibilitar uma iniciao femini-na, de acordo com as caractersticas prpriasdas mulheres(13), necessrio o mergulho namatria prima inicitica do ocidente, e buscartrazer tona aquilo que se ocultou em nossapoca.

    Notas

    (1) Desde a origem, podemos perceber que a tnica dos trabalhos efe-tuados pelos maons operativos sempre foi no sentido de tirar as ares-

    tas, e encontrar a pedra lavrada que j habita o interior da pedra bruta.

    (2) Usamos este nome para a divindade dos teceles apenas para fa-zer um paralelo entre este e o GADU. Este termo ctcio. Contudo, osimbolismo da tecelagem existiu na antiguidade e, at, na idade mdia. bem signicativo notar sobre isso a informao de Gunon: (...) oslivros tradicionais so freqentemente designados por termos que, emseu sentido geral, referem-se tecelagem. Assim, em snscrito, strasignica propriamente o: um livro pode ser formado por um conjun-to de stras, como um tecido formado por um conjunto de os; tan-tra possui tambm o signicado de o e de tecido, e designa maisparticularmente o urdume de um tecido. Da mesma forma, em chins,king o urdume de um pano, e wei sua trama; o primeiro destes doistermos designa ao mesmo tempo um livro fundamental, e o segundoseus comentrios. Esta distino entre urdume e trama no conjunto das

    escrituras tradicionais corresponde, segundo a terminologia hindu, queexiste entre a Shruti, que o fruto da inspirao direta, e a Smriti, que o produto da reexo que se exerce sobre os dados da Shruti . (RenGunon, O Simbolismo do Tecido XIV captulo do livro O Simbolismoda Cruz).

    (3) Algo que deve ser levado em considerao para meditarmos sobreeste assunto posteriormente, a apreciao de uma catedral gtica, que uma verdadeira enciclopdia de conhecimento, onde o corao huma-no se expressou de formas sublimes. Cremos que ignorantes de menteestreita seriam incapazes de dar cabo de tal tarefa. E somente um idealrenado poderia impulsionar pessoas a participarem da construo deum edifcio como este durante sculos a o, sem preocupaes imedia-tistas, to caractersticas de nossa poca.

    (4) Os maons operativos reuniam toda uma srie de procedimentos,que no se atinham apenas ao trabalho de cantaria, tais como a arquite-tura e a carpintaria. No entanto, todos os aspectos abordados mais abai-xo tambm podero ser aplicados analogicamente carpintaria. Quanto arquitetura propriamente dita, faremos algumas consideraes maisao nal do trabalho.

    (5) Citamos a empresa por termos utilizado de gura existente em suapgina eletrnica.

    (6) Outras ferramentas so chamadas buril, utilizveis em outros mate-riais (madeira e metal, por exemplo) e com funes diversas. Contudo,em se tratando da maonaria, o buril que deve ser levado em conta omencionado. claro que, com a decadncia dos trabalhos em pedra, oburil para gravao em metal cou mais conhecido.

    (7) Podemos exemplicar esta situao da seguinte forma: alguns tmuma inclinao para determinado tipo de comportamento mais carac-

    terstico que seria, para ilustrar, o orgulho. Se ele no buscar trabalharsobre este aspecto psicolgico negativo de imediato, e no procurar su-blim-lo e, em vez disso, escolher um outro, tal como a inveja, que noseria to importante em seu carter, pode acontecer de no conseguirse livrar nem de um, nem da outra. Por isso, a escolha sobre o que deve

    se trabalhar deve ser tomada criteriosamente, levando sempre em contaas virtudes e os defeitos que se tm. Virtus = fora.

    (8) Estes aspectos podem ser estudados dentro da mesma perspectivado Yoga: Hatha, Karma e Jnana.

    (9) O burilamento a extrao das diferenas mais grosseiras, que tor-nariam o maom incapaz de aproveitar os ensinamentos a ele dirigidos.O burilado no busca a eliminao imediata das imperfeies,

    mas sim a formatao destas de uma forma que no impeam o apren-dizado.

    (10) Os primeiros resultados ainda no so o objetivo buscado, que serealiza com o tempo. Por isso a necessidade de pacincia (a famosatolerncia manica) consigo mesmo e com os outros.

    (11) Manual do Aprendiz Maom Aldo Lavagnini

    (12) Os Upanixades oferecem um texto interessante, mostrando a im-portncia deste aspecto simblico, que muitas vezes desconsideradona maonaria:

    Tendo compreendido que os sentidos so distintos da alma, e que suaascenso e declive a eles pertence, o sbio deixa de sofrer. (...)Almdos sentidos est a mente, alm da mente est o Ser supremo, alm doSer supremo est o Grande Ser, alm do Grande, o Oculto. (...)Alm doOculto est a Personalidade, o onipresente, completamente impercept-vel. As criaturas que lhe conhecem so liberadas e obtm a imortalidade.(...) Sua forma no pode ser vista, pois ningum pode lhe contemplarcom os olhos. S pode ser conhecido com o corao, que se acha almda sabedoria e a mente. S aqueles que sabem isto so imortais. (...)Quando todos os sentidos e a mente so submetidos, o sbio alcana o

    estado supremo. (Kata Upanishad, Segundo Adhyaya, Sexto Valli)

    (13) Segundo nosso entendimento, necessrio possibilidades de or-dem inicitica para as mulheres, devidamente embasadas na tradio.Tais possibilidades se estendem apenas no Oriente, enquanto que noOcidente esto adormecidas, at o momento de serem reavivadas. En-tendemos que a maonaria no seria o lugar deste processo pelas pr-prias caractersticas da ordem. Em se conhecendo os fundamentos daordem, ca bem claro que seus ensinamentos no serviriam para umaespcie de iniciao feminina. Tratar desiguais de forma igual um dosabsurdos que grassa em nossa poca.

    Existem, dessa forma, ofcios femininos que poderiam servir de base atoda uma simblica de uma organizao inicitica. O cuidado que umaorganizao inicitica pr-existente, tal como a maonaria, deveria ter o de proporcionar uma adaptao simblica monumental, sem escorre-gar para o campo da fantasia. Trabalho muito rduo.

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    Na Grande Loja dos Maons Antigos Livrese Aceitos (que uma das mais importan-tes componentes da Potncia Manica

    denominada Grandes Lojas Unidas da Alema-

    nha) esto em uso dois rituais ociais e o uso

    de mais dois permitido. A maioria das Lojas tra-

    balha no Rito Schrder na verso realizada em1960.

    A Grande Loja tambm publicou um ritual

    da Arte Real baseado na tradio Francesa, comambos os vigilantes colocados no Oeste e coma Accia gurando no grau de Mestre. As Lojasque pertenciam a hoje extinta Grande Loja RoyalYork foram autorizadas a trabalhar com seus an-tigos rituais baseados no texto reformado porFessler. Algumas Lojas da igualmente extintaGrande Loja ZurSonne (Ao Sol) continuamtrabalhando pelos seus velhos rituais. Como naInglaterra, no h nenhuma diferena fundamen-

    ORIGEM E FONTES DO RITUAL SCHRDER

    Hans Heinrich Solf

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    tal entre estes trabalhos, porquanto todos elesderivam de Prichards MasonryDissected (Ma-onaria Dissecada, de Prichard) ou do ThreeDistinct Knocks (Trs Batidas Diferentes) tendosido introduzidos certos elementos de algumasexposies e ainda adicionados embelezamen-tos de origem Francesa.

    Capa do Masonry Dissected, deSamuel Pritchard (1831)

    A cerimnia Passing the Chair (Passan-do pela Cadeira) nunca foi introduzida e nemo Real Arco tem-lhe dado apoio. A GrandeLoja Nacional dos Maons da Alemanha (outracomponente das Grandes Lojas Unidas da Ale-manha) ainda trabalha pelo sistema Sueco, queconsiste de 10 (dez) graus com um fundo pro-

    nunciadamente Cristo.

    O Rito York Americano, trabalhado prin-cipalmente pelas Lojas Militares (Nas GrandesLojas Unidas da Alemanha existem ainda umaGrande Loja Amrico-Canadense e uma GrandeLoja dos Maons Ingleses, cujos componentesem quase sua totalidade so membros das tro-pas militares estacionadas na Alemanha) intro-duziu na Alemanha os graus Crypticos e Tem-

    plrios. O Supremo Conselho do 33

    para a Ale-manha trabalha pelo Rito Antigo e Aceito, usual-mente conhecido como Rito Escocs, parecidocom o Rito Escocs Reticado na Frana, que

    est se tornando popular de novo.

    O que inspirou o Irmo em dar um novo Ri-tual a Maonaria Germnica e como ele atacouesta tarefa que imps a si mesmo? Estas soas questes que sero agora investigadas. Pri-meiramente algumas palavras sobre o homem,Schrder. Ele foi como seus pais, um ator pro-

    dutor, que naquele tempo signicava que eleera proprietrio de teatro em Hamburgo. Ele co-nhecia muito bem na Europa as regies ondedominava a lngua alem e nunca esteve na In-glaterra, Frana ou Itlia. Suas habilidades lin-gsticas eram limitadas embora ele fosse capazde adaptar peas de teatro dos originais Fran-ceses e Ingleses. Sem conhecer Latim e Grego,ele adquiriu, entretanto um grande cabedal deconhecimento pelo auto-estudo. Acima de tudo

    se destacava nele o seu carter forte e sincero.O estado da Franco-Maonaria na Alemanha notempo em que ele foi iniciado com a idade de 29anos, era catico. Seu proponente foi Johann J.Christoph Bode, seu amigo, e sem escrutnio foiaceito na Loja Emanuel. O Rito Estrita Obser-vncia era dominante naquela poca e o carterda Franco-Maonaria Inglesa, como original-mente introduzida em Hamburgo, se tinha perdi-do. As Lojas foram dominadas pelo misticismo,

    alquimia, Rosa-Cruzes e Iluminados, sendo queos ltimos introduziram formas de cavalheirismoe Altos Graus importados da Frana. Mesmoos sbrios e democrticos Irmos de Hamburgono se abstiveram de deslar como Muito exce-lente Cavaleiro Templrio.

    No de estranhar que um homem srioe despretensioso como Schrder fosse radical-mente contrrio a estas excentricidades. Ele es-perava da Maonaria, educao e verdadeira mo-

    ralidade. Com o declnio do Rito Estrita Obser-vncia, depois da Conveno de Wilhelmsbadem 1782, a hora de Schrder tinha chegado.Segundo seus desejos os Irmos de Hamburgodecidiram:

    l.) Restaurar a verdadeira e antiga Maonaria,como nos foi trazida pelos nossos antepassadose espalhada daqui por quase toda Alemanha, eque existiu em Hamburgo at a reforma de 1765.Esforar-se zelosamente para elevar seus prop-sitos a um nvel mais alto e fazer com que cada

    um dos seus ramos sejam mais teis; isto deverser alcanado, com amor pela pesquisa da Ver-dade, seguindo com a mxima sinceridade osensinamentos da sagrada religio Crist e pondo

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    elmente em prtica seus deveres.

    2) Melhorar a harmonia entre os Irmos, pro-

    curando concentrar as quatro Lojas unidas em

    duas, sendo uma Loja Alem e outra Francesa, e

    permitir a seus membros elegerem seus Mestres

    no Festival de So Joo.

    3) Trabalhar nos trs graus da Arte Real de acor-do com o Antigo Ritual Escocs dos nossos an-

    tepassados, at que os Rituais organizados na

    Conveno Geral nos sejam comunicados.

    Para se ter uma idia dos problemas queenvolviam uma tal deciso, aqui esto algunsexemplos das diculdades com o Ritual queexistiu em Hamburgo e em outras partes. Esteseram tirados na sua maior parte da primeira

    edio do livro Materialien zur Geschichteder Freimaurerei (Matria para a Histria daFranco-Maonaria), um tratado composto do1.400 pginas. Este trabalho ainda uma minade informaes para o historiador principalmen-te por causa dos documentos mencionados ecujos originais agora no so mais acessveis.

    Schrder relata, por exemplo, sobre umaLoja da cidade de Dresden que se compunhade membros da alta aristocracia, mas, entre osociais da Loja havia um Cozinheiro-Chefe eum Porta Caneco e em 1743 bebidas eram ser-vidas enquanto a Loja estava aberta. Em 1744dois Diconos foram nomeados pela primeiravez na Loja Absalom em Hamburgo, presumi-velmente por causa das exposies que haviamaparecido na Inglaterra e na Frana. Naquelapoca era ainda costume pagar ao Secretrio

    um salrio especial pelos seus discursos, queapareciam depois impressos. O ocio de Oradorveio para a Alemanha da Frana. Naquele tem-po, o pri meiro e o segundo grau no eram maisconferidos juntos em Hamburgo, por causa dosregulamentos que requeriam um perodo entreeles de nove meses. O compromisso de Apren-diz inclua a seguinte exigncia: Que ele deviaamar seus Irmos e ainda promover seus melho-

    res interesses por todos os modos. Esta frasepodia muito bem ter sido idealizada pela prpriaLoja e se acha no Ritual at hoje.

    fac-smile de LOrdredes Francs-Maons Trahi

    (1745)

    A publicao da exposio L Ordre desFranc Maons Trahi (1745) fez a Loja Aos trsGlobos, trabalhando num Ritual Francs, in-troduzir uma mudana que no foi, entretanto,mantida por muito tempo: a palavra Tecton e o

    sinal de Harpcrates (dedo indicador sobre oslbios) deveriam ser usados como uma palavrae sinal adicional.

    Havia uma completa incerteza acerca dacolocao da venda nos olhos. O candidatogeralmente era trazido para o interior da Lojacom os seus olhos no vendados; o procedi-mento correto aprenderam de Londres somenteem 1763. Alm do mais, ningum estava certo

    se as espadas eram para ser usadas dentro daLoja (na Frana elas eram consideradas comoum smbolo de igualdade) ou se fogo (ordempara beber) deveria ser dado nos banquetes. Oprocesso de escrutnio tambm no era compre-endido. Foi somente em l763 que a Grande LojaProvincial de Hamburgo decidiu que cada Irmoque colocasse uma bola preta na caixa do escru-tnio, devia informar o Mestre dos motivos de as-sim ter procedido no prazo de 3 (trs) dias. Isto

    habitual na Alemanha at hoje, se at 3 (trs)bolas pretas aparecerem. Painis da Loja dese-nhados em oleados somente apareceram no mdo sculo 18; em 1765 o Cobridor ou um Irmo

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    ou formato quarto por ser mais prtico para oRitual e este est em uso ainda hoje. Ele achouque era prefervel ter um Ritual organizado pelos

    principais Maons do seu Tempo e aprovado pelaGrande Loja Provincial de Hamburgo e que deve-riam estar disponveis para as Lojas, em vez de

    suas cerimnias serem baseadas em uma dzia

    de exposies.Schrder fez uma observao ao p da

    pgina: isto se refere ao Ritual usado antes de1765; isto , antes da introduo da Estrita Ob-servncia. Entretanto como no havia ento Ri-tual escrito, tornava-se impossvel relembr-lo

    depois de 17 anos. De qualquer maneira aque-le Ritual no seria apropriado para o m atual.

    Os balastres da Loja Absalom mostram queo Ritual ingls no era acuradamente conheci-

    do mesmo antes de 1763. Em 14 de maro de1764, uma iniciao e elevao na mesma noite

    -como era ento praticado na Inglaterra- tiveramque ser adiadas por causa da ausncia do IrmoBode, que era o nico capaz de dar uma expla-nao do Painel da Loja. Esta era a situao,quando Schrder comeou sua tarefa. impor-tante mencionar que o trabalho em certas Lojas,era ainda em lngua Francesa.

    Mas havia mais um obstculo no caminhode um comeo decidido e enrgico: o Gro-Mes-tre von Exter. Embora ainda mantivesse umanomeao Inglesa como Gro-Mestre Provincialpara a Baixa Saxnia e Hamburgo, ele estavaprofundamente envolvido com a Ordem Rosa-Cruz e os graus cavalheirescos e tambm in-uenciado com idias msticas, desde a intro-duo do Rito da Estrita Observncia em 1765.

    A Grande Loja Provincial de Hamburgo h

    muito havia negligenciado suas obrigaes paracom a Grande Loja Me em Londres. Finalmenteo ento Grande Secretrio, Irmo Heseltine, emuma carta de 30 de maio de 1773 (UGL MS.26/

    B/B/1) pediu a devoluo da Carta Constitutivaao Gro-Mestre Provincial. No tendo recebidoresposta dentro de poucos meses, o Irmo He-seltine enviou uma cpia de sua primeira cartaacrescentando que a Carta Constitutiva deveriase entregue ao Irmo Sudthausen que por aca-

    so se achava em Hamburgo. A Grande Loja Pro-vincial de Hamburgo reagiu com diversas cartasiradas, mas, mesmo assim no enviou relatrios,nem saldou as devidas contribuies.

    servente ainda tinhade fazer o desenho com giz

    no cho. Um Diretor de Ce-rimnias foi pela primeira

    vez nomeado em 1774,

    embora na Alemanhae na Frana o seu ti-

    tulo era de Mestrede Cerimnias.Mais ou menosnesta poca osDiconos foramr e n o m e a d o sde Stewards(mordomos).

    bem co-nhecido pelos ba-

    lastres de uma pe-quena Loja no Castelo

    Kniphausen na Frsia

    Oriental, que um soldadoda guarda do Conde foi

    empregado como Co-bridor e pago pelos

    membros daLoja. O traba-lho desta Loja

    era baseadono de Prichardembora o Ta-pete (Painel)tenha sido co-

    piado de um de-senho do livro L

    Ordre des Fran-

    c-Maons Trahi. tambm conhecido pe-

    las muitas averiguaesemanando de todas as partesda Alemanha, que as Lojas deHamburgo e a Loja ProvincialInglesa, eram consideradas au-toridades em todos os assuntos

    ritualsticos. Esta foi provavel-mente a razo porque Schrder ti-

    nha seu Ritual impresso clara-mente sem abreviao ou

    cdigo. Ele sabia que istono estava de acordo coma pratica Inglesa. Ele tam-

    bm selecionou o tamanho

    usto de Johann Joachimhristian Bode (Dsseldorf,oethe-Museum)

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    Uma vez que Schrder tomou as rdeasem suas mos esta situao mudou imediata-mente. De agosto de 1786 em diante, a GrandeLoja Provincial de Hamburgo enviou regularmen-te os balastres de suas reunies para Londres.A interveno do Irmo von Grfe certamente ti-nha sido de grande ajuda nesta mudana. (UGL

    Ms.26/B/B/7-27). Ele tinha ditado o Ritual Inglspara o Grande Secretrio Provincial, Irmo Be-ckmann. Em seu comentrio, Schrder, faz a se-guinte anotao:

    ....e assim temos agora um antigo Ritual comu-nicado para ns, exceto por algumas alteraesintroduzidas pelo tempo e o desejo de melhorar.De acordo com este texto, o 2 Vigilante tem seulugar no Sul; no havia nenhuma Estrela Fla-mgera e nem mais espadas dentro da Loja. ODiretor Regional von Exter, pois ele ainda deti-

    nha este cargo na Estrita Observncia, no tra-balharia sem as duas Colunas (Vigilantes) noOcidente, sem a Estrela Flamgera, sem o montede terra e o galho de Accia, sem as aluses epromessas de uma Luz Superior e sem os vintee mais itens muito preciosos para ele. Assim veioa Luz um Ritual at mesmo mais mstico e mais

    pomposo do que esse da Estrita Observncia.

    Estas observaes contm uma importan-te indicao. O texto Grfe no era bem o mes-mo que o bem conhecido texto do Prichard, quehavia sido publicado em uma edio Alem em1736, e que foi largamente utilizado pelas LojasAlems e na Frana com a verso Francesa. OIrmo N. B. Spencer j apontou isto no volumeArs Quatuor Coronatorum n. 74: O apareci-mento regular de tradues de uma ou de ou-tras exposies bem conhecidas em Alemo ouFrancs, encadernadas, com quase todas as c-pias dos livros Alemes da Constituio do S-culo 18, sugere de uma maneira taxativa, que osAlemes estavam usando-os como guia para assuas cerimnias, assim como ns usamos ummoderno Ritual ou Monitor.

    Schrder escreveu para seu amigo Meyer:

    Eu estou surpreso que voc no achou nenhu-ma Loja em Londres na qual o 2 Vigilante senta-se no Sul ou a tal conhecida Loja dos Antigos.Durante este ano j tivemos quatro Irmos de

    tais Lojas como visitantes.

    Na verdade os Vigilantes estavam coloca-dos no Noroeste e Sudoeste respectivamentenos trabalhos da maior parte dos Rituais Con-

    tinentais derivados de Prichard ou das versesFrancesas baseado no Masonry Dissected.Quando Schrder tornou-se membro da comis-so para elaborar uma nova Constituio, eledevotou-se a esta tarefa de maneira metdica ediligentemente e com uma considervel despe-sa pessoal. Assim ele imprimiu as suas prprias

    custas numa tipograa secreta em Rudolstadt,todos os Rituais disponveis para ele, bem comouma Histria da Maonaria em quatro volumese uma exata anlise da Constituio Inglesa.Este empreendimento algo fora do comum naHistria da Franco-Maonaria e, lanar-se umpouco de luz sobre isto somente poder ser deproveito.

    Modelo de Tapete utilizado no Rito Schrder

    Schrder via a necessidade de abraar apesquisa manica dentro da obrigao de umsegredo contido nos Rituais. Investigando entreos seus Irmos de conana vericou que aLoja Amlia, em Weimar, (Goethe e Herder eramambos membros dela) podia ajudar. Um dosseus membros era o Irmo Wesselhft que mo-rava em Jena e que tinha o seu negcio de Im-presso e Publicaes em Rudolstadt, cidadesestas prximas a Weimar. O Irmo Wesselhftfez o juramento, como tambm todos os mem-

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    bros de suas empresa, para manter o sigilo; sen-do que alguns deles foram simplesmente convi-dados a se unirem a Loja de Rudolstadt. O IrmoConta, que era alto ocial da Policia Alem, foinomeado para exercer a funo de supervisor ecensor. As detalhadas instrues anotadas peloMestre da Loja, provas que Schrder forneceu o

    necessrio material e capital de trabalho, aindaexistem. Este estabelecimento comeou a tra-balhar na ultima dcada do sculo 18 e pareceter encerrado suas atividades depois da mortede Schrder. Uma de suas publicaes foi a co-leo de Rituais em 21 volumes, dos quais, a ni-ca cpia conhecida nos dias atuais, encontra-sena Biblioteca da Grande Loja Nacional da Dina-marca. Este trabalho, cerca de trinta Rituais dosento conhecidos e dos Altos Graus, incluindoum texto do Three Distinct Knocks, que semdvida considerado como o mais velho e genu-no Ritual Ingls, sem entretanto mencionar suaorigem. O texto de Prichard identicado e a ra-zo para o anonimato do Three Distinct Knocks

    pode se achar na correspondncia de Schrdercom Meyer, onde escreve:

    Pelo amor de Deus, Three Distinct Knocks (Ja-chim e Boaz s uma reimpresso da anterior)no deve se tornar conhecido porque o nossoritual est baseado nele. Portanto eu removi es-tes dois livros do catlogo de nossa biblioteca. muito raro na Alemanha e provavelmente na

    Inglaterra tambm.

    Mas seu amigo sabia melhor; Jachim eBoaz sempre reimpresso sem alterao, eletinha uma edio de 1800. No prefacio da ediode 1815 do seu livro Materialien zur Geschich-te der Freimaurerei (Materiais para a Histria daFranco-Maonaria), Schrder aponta que ThreeDistinct Knocks o ritual que trabalhado athoje em dia por todas as velhas Lojas Inglesas

    na Gr Bretanha, sia, frica e Amrica. Acer-ca de Prichard ele diz que este foi o primeirodesvio do mais velho, isto do Three DistinctKnocks, mas que tinha sido usado pela maio-

    Frontispcios dos Livros Three Distinct Knocks e Jachin and Boaz (1865). Os dois livros foram duasexposies muito famosas da maonaria poca.

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    ria das Lojas Alems. Os Rituais Franceses, amaioria deles baseados em Prichard, foram asfontes dos Rituais de Zinnendorf e Sueco, cujossistemas haviam aceitado os Altos Graus daFrana, tambm eram conhecidos por Schrder.Os Altos Graus reproduzidos nesta coleo,no so de nenhum interesse aqui, mas deve-se

    dizer que o trabalho total at hoje uma rara fon-te de pesquisa ritualstica. Como este trabalhofoi destinado somente aos membros do CirculoInterno, a edio no podia consistir de maisde cem cpias e por isto que se trata de umaObra rara e que no foi totalmente registradapor Taute e Wolfstieg que produziram uma Bi-bliograa Manica. Assim h muita razo emser grato a Grande Loja Nacional da Dinamar-ca por ter liberado sua cpia para fazer-se umareproduo fotogrca em 1976, que foi limita-da a uma edio de trezentas cpias e no estdisponvel comercialmente. Com isto chega mosa uma certa concluso: quando o trabalho come-ou em Hamburgo em 1790 para um novo Ritual,a Grande Loja Provincial subordinada a PrimeiraGrande Loja da Inglaterra, no possua em Ri-tual escrito em Ingls com um texto autntico.Schrder estava absolutamente convencido deque Three Distinct Knocks no era apenas ge-nuno, mas era efetivamente o mais velho Ritual

    existente. Como podemos ver, ele baseou todoo seu trabalho sobre este texto, tanto quanto dizrespeito a estrutura ritualstica. Nas instrues doGrau de Aprendiz datado de 1801 Schrder diz:

    No pretendemos absolutamente proteger todasas partes do velho catecis mo. Embora estejamosinclinados a preferi-lo - no todo a qualquer coi-sa nova, entretanto reconhecemos que o que foidito em uma Fraternidade Inglesa, que consistiaprincipalmente de arteses, no pode ser inteira-mente adequado para maons educados de ou-tro pas. Portanto corrigimos ou omitimos o queest fora do esprito ou circunstncias do nosso

    tempo.

    Ele sentia profundamente que princpiosticos e morais eram a essncia da Maonaria eele os formulava com grande cuidado e em cola-borao com os mais educados Maons do seutempo. Isto d ao seu Ritual um carter particularprprio, expressando as tendncias espirituais

    da Alemanha por volta do sculo 18. A tendnciapara a Maonaria Cavalheiresca ou Templria,com um forte contedo Cristo e at mesmo Ca-tlico Romano, tinha desaparecido. Fortaleceu -

    -se a tendncia de que, moral elevada e princ-pios ticos, deveriam ser as essenciais caracte-rsticas da Arte Real.

    Ignaz Aurelius Feler (1756-1839)

    Schrder, bem conhecido e respeitadocomo era, tanto prossionalmente como Diretor

    de um teatro de alta reputao e, tambm comoMaom, estava em contato com Irmos proemi-nentes e os familiarizava com os seus planos.Sua correspondncia com seus Muitos conan-tes Irmos por todo o norte da Alemanha. eraparcialmente escrita em um cdigo que foi tiradoda Estrita Observncia e usado com sua prpriafrase chave, a qual foi descoberta recentemen-te. Os princpios bsicos seguidos pelos dois re-formadores da Arte Real na Alemanha, por uma

    iniciativa paralela, foram lanados por Fesslerem Berlim e sua linha de ao ser menciona-da mais tarde - pode melhor ser compreendidaestudando-se a introduo do COMPACT daGrande Associao Manica de 1801 entre aGrande Loja Provincial de Hamburgo e a GrandeLoja Royal York de Berlim a qual Fessler perten-cia. Embora este texto tenha sido traado porFessler e no por Schrder, o contedo reeteelmente as idias do ltimo:

    1) Franco-Maonaria e fraternidade manica,so dois conceitos bem diferentes, como as pa-lavras cincia e escola, religio e igreja. Istonos leva para:

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    2) Franco-Maonaria, independente de tempoe condies locais, (ouvimos a voz de Lessing)sempre una e a mesma, sempre aquilo que en-volve e coloca rmemente o homem interno entreo esquadro e o compasso, seu modo de pensare agir e que xa a posio moral do homem naSociedade, embora a Franco-Maonaria possaocasionalmente ter-se desenvolvido em direesdiferentes.

    3) As Grandes Lojas Provinciais Unidas noreconhecem na Fraternidade Manica o talchamado propsito ou desgnio secreto que sediz possuir e alm dos trs graus de So Joo.Para elas o objetivo da Fraternidade Manica o mesmo: prtica, manuteno e crescimentocomum da Arte; tudo isto visto pela luz de suapura tendncia moral. Isto os mais esclarecidosIrmos tem em todos os tempos reconhecido.

    4) Como no mais se pode deixar aos caprichosde Maons isolados ou Lojas em particular, a

    deciso e denio da natureza e tendncia daMaonaria, as Grandes Lojas Provinciais Unidasesto convencidas de que o mais velho Ri tual In-gls dos trs graus o nico em que podemosconar como fonte histrica e para compreenso

    da natureza e evoluo da franco-Maonaria.

    A razo da curta vivncia da Grande Asso-ciao Manica pode se achar na conturbadasituao poltica existente naqueles dias na Ale-manha,