Revista "Nova Era" - Especial Getúlio Vargas

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Trabalho de história feito para contar um pouco sobre a vida de Getúlio Vargas, assim como fatos da época.Trabalho chefiado pelo professor Maurício Ramos.

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Sumário

04 - Carta da redação

60 - Espaço do leitor

Matérias

Da redação

07 - EXCLUSIVO: A última entrevista com Getúlio Vargas

15 - Quem é Olympio Mourão Filho?

42 - O mundo dividido em dois

02 - Agosto - 1954

Getúlio Vargas em novembro de 1930. Fo-tografia da revista O Cruzeiro .

12 - Lupa sociofilosófica: O Governo Vargas sobre os pilares do populismo

17 - O que foi... A Revolução Constitucionalista?

20 - Getúlio Vargas: Morre o homem, nasce a lenda

32 - Plano Cohen: A idéia que deu certo

48 - Bem vindo ao inferno

58 - A redação indica

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Carta da redação 

04 - Agosto - 1954

Editora Fabril S.A.

Fundador: Maurício Ramos

Editor-Chefe: Leonardo Costa ScottConselho editorial:Eliziane AlbuquerqueGustavo DaviJosé Williams

Leonardo ScottMoab Cirino

Diretor-Geral: Leonardo Costa ScottEquipe editorial: Eliziane Albuquerque

Gustavo Davi

José WilliamsLeonardo ScottMoab Cirino

Pesquisa publicitária:Gustavo Davi

Eliziane AlbuquerqueMoab CirinoJosé Williams

Pesquisa:Gustavo Davi

Eliziane Albuquerque

Leonardo Costa ScottMoab Cirino

Este trabalho foi realizado pelos alunos da ter-ceira série “A” da Escola de Educação Básica eProfissional Fundação Bradesco, unidade Ma-ceió, para fins de obtenção de nota equivalentea dois pontos para o componente curricularhistória, sob orientação do professor MaurícioJosé Ramos Pereira, idealizador desta atividadeavaliativa. Esta revista tem como finalidadeúnica e exclusiva a aprendizagem e apresenta-ção do conteúdo trabalhado em classe, e suavenda é proibida em qualquer unidade da fede-

ração, bem como fora do território nacional,assim como reprodução de trecho parte ou todoo conteúdo, seja em qual forma estiver, sobacusação de violação dos direitos autorais daequipe produtora. Porém tal periódico poderáser usado para aprendizagem pessoal ou emgrupo, bem como para fins de pesquisa. Qual-quer semelhança com editora, publicação, bemcomo nomes e afins não passam de mera paró-dia, sem consolidar violação de direitos auto-rais. As semelhanças entre periódicos se deveao fato de algumas revistas servirem comopadrão comparativo para a produção e qualida-de do periódico. As imagens usadas são, em sua

maioria, de domínio público. Qualquer recla-mação deverá ser dirigida ao diretor de redação,para as devidas providências.

Maceió, 09 de setembro de 2011.

Poucos trabalhos nos dias de hoje sãotão motivadores. A metodologia exi-gida em trabalhos de cunho científico

é muitas vezes um empecilho a criati-vidade e potencialidade do estudanteque se dedica a realizar uma atividadeproposta. Essa formalidade acaba de-sestimulando o aluno, e muitas vezeso resultado é um produto mal feito eque não agrega nenhum conhecimentoao estudante.

Com o advento da tecnologia mui-tos jovens passaram a fazer trabalhosque são apenas cópias de páginas dainternet, muitas sem um conteúdo

confiável. Não há absorção do conteú-do exigido.

Por isso quando nos foi propostofazer uma atividade de pesquisa e queo produto desta atividade fosse umarevista, nós nos empenhamos ao má-ximo para fazer este trabalho. Forammais de cinqüenta dias de pesquisa eprodução intensiva, em uma tentativade conciliação com todas as nossasoutras atividades. Mais de 163páginas de internet foram revi-radas, suas informações cruza-das, verificadas e analisadas,tudo para garantir a informaçãosegura e certa. Claro que podemconter erros, afinal este é umdos grandes problemasda atualidade, a veraci-

dade das informações, mas demos onosso melhor para garantir segurançaao nosso leitor.

Getúlio Vargas não é um assuntomuito simples de trabalhar. Comple-xo, cheio de detalhes e fatos paralelos,exige uma busca cuidadosa. Uma pes-quisa para além do óbvio que se en-contra por aí.

Getúlio Vargas foi o melhor presi-dente da história do Brasil. Inteligentee ótimo em manobras políticas, eledeu uma cara nova ao país. Criou leistrabalhistas, fundou empresas nacio-nais em setores estratégicos da econo-

mia, como a Petrobrás e a CompanhiaSiderúrgica Nacional. Todos os seusmandatos no governo foram de grandeimportância para o desenvolvimentoeconômico e social, e as conseqüên-cias de suas atitudes como governantesão de valor inestimável para nós. De-vemos muito a Getúlio pela formacomo vivemos hoje.

Estudar a vida de Vargas é tambémestudar o populismo, algo quetem se tornado comum de se verem vários presidentes da atuali-dade.Esperamos que aproveitem eque possam aprender muito comesta revista, que certamente será

o melhor trabalho que jáfizemos em nossas vidas.

Uma revista, uma missão

Revista “Manchete”, de 1954: Até pensamos em tomar ela como base, mas ain-da buscamos algo de diferente.

 Leonardo Costa ScottDiretor de redaçã[email protected]

Por que não basta falar, tem que comentar

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Entrev is ta  GETÚLIO VARGAS 

A c u lpa é delesO president e fa la de sua v ida, se defende de acusaç ões e d iz que ac ulpa da cr is e em seu gover no não é de sua responsabi l idade, e

c r i t i c a a oposição por c u lpá-lo . 

1954 - Agosto - 07

etúlio Dorneles Vargas, de 72 anos, foi umexemplo de político para o nosso país. Fa-lecido a pouco tempo, a NOVA ERA teve

a oportunidade de entrevistá-lo dias antes de suamorte. Político habilidoso, sábio e um excelenteorador, ele sempre se mostrou uma pessoa íntegra,de boas idéias e preocupado com os problemas

sociais. Adepto das idéias castilhistas, um movi-mento ideológico que pregava a idoneidade moralde todo candidato à um cargo público, enxergavano serviço público uma missão, uma imposiçãofeita pela vida à alguém que tem como objetivo aconstrução de um país melhor. Foi responsável porgrandes mudanças em nosso país, acelerando aindustrialização e a urbanização no Brasil, e con-quistou os trabalhadores, lhes deu leis que garan-tissem uma qualidade de vida e de condições traba-lhistas melhores. Líder da Revolução que mudou a

política em nosso país, foi sem dúvidas um homemvitorioso em muitos aspectos e momentos de suavida. Andava recentemente abalado com o proces-so de investigação que corre no Palácio do Catete,e durante a entrevista se mostrou muito preocupa-do com os rumos da política nacional. A pressãopolítica que paira sobre ele, principalmente porparte do militares, que exigiam a sua renúncia, es-tava se tornando um fardo muito pesado para oentão presidente. Que Getúlio Vargas descanse empaz.

GUSTAVO DAVI  

G

Senhor Getúl io, a sua famíl ia sempre fo il igada à econom ia de sua região, e inc lu-

s ive teve uma for te in f luênc ia po l í t i ca no

Rio Grande do Sul. De que forma isso o

inf luenc iou na sua forma de governar?

Mesmo tendo uma família influente eu semprebusquei ter idoneidade moral em qualquer cargoque assumisse. É claro que a formação pessoal querecebi de meus pais influenciou a forma como fizpolítica. Meu pai era militar e lutou na Guerra doParaguai, e meu avô foi major de milícias, entãoeles me ensinaram muito do que sou hoje, princi-palmente quanto a minha personalidade. Aprendicom eles noções de administração, e desde peque-no convivi em meios onde a política reinava. Anosmais tarde eu vi quão importante foi ter essa base.

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http://slidepdf.com/reader/full/revista-nova-era-especial-getulio-vargas 12/6410 - Agosto - 1945

O seu pai fo i mi l i tar , e o seu

avô teve l igação com as fo rças

armadas . Até mesmo o senhor  

  já passou por colégio mi l i tar  

quando era moço, conhecendo

pessoas importantes e chegan-do a ser promovido a sargento.

De que forma esse convív io

com as fo rças armadas o in f lu -

enc iaram? Primeiro com a discipli-na e com os valores que aprendi commeu pai, que sempre me guiaram du-rante o período em que governei o Bra-sil. Mas teve algo além disso. Com aconvivência que tive com meu pai e oque pude constatar depois quando en-trei na escola militar foi o quanto asnossas Forças Armadas precisavam demudanças. Quando assumi o governodurante o Estado Novo propus umareforma aos militares, dando a elesarmamentos modernos, profissionali-zando e disciplinado os militares, alémde afastá-los da política.

Uma das pr imeiras pessoas a

perceberem a sua apt idão para

a pol í t ica fo i Pinheiro Machado.

Desde jovem o senhor já se in-

teressava por pol í t ica? Eu sem-pre acreditei que a política é o caminhopara se resolverem os problemas soci-ais. Somente de forma democrática e

  justa, com muito trabalho e empenhoque é possível fazer com que nossopaís avance no tempo. Respondendo asua pergunta, sim, eu sempre me inte-ressei por política.

O senhor sempre enxergou na

vida públ ica uma missão. Por  

que? Por que não se pode servir àpátria se não for de coração, se nãohouver empenho. O funcionário públi-co não serve a ele, e muito menos amim, presidente. Ele serve a cada cida-dão deste país, e como tal deve se de-dicar às suas funções de forma a ser omais profissional possível. O serviçopúblico é uma missão imposta a cadaum que deseja um país melhor.

Em sete de junho de 1897 ocor-

reu a morte do estudante pau-

l is ta Car los de Almeida Prado

Júnior , em Ouro Preto, e sabe-

se que você e seus i rmãos es-

tavam envolv idos no ato. Qual

fo i o mot ivo que levou à ta l fat a-

l idade? Eu particularmente não mesinto muito a vontade com essa pergun-ta, mas vamos lá. Foi um briga quemeus irmãos se envolveram e que teveesse desfecho infeliz. Não lembro bem oque motivou o incidente, éramos bem

  jovens, idealistas, mas se me recordobem o estudante paulista era um tantometido e arrogante, e tinha a crença deque São Paulo era o melhor estado do

Brasil, menosprezando os outros. Emuma conversa de ânimos exaltados aca-bamos brigando. No final das contasretornamos para Rio Grande.

Após as e le ições de 1930, com a

v i tó r ia do cand idato govern is ta

Júl io Prestes, deu-se iníc io aos

preparat ivos para a revolução.

Por que havia a necess idade de

um novo governo? Por que a formade fazer governo da Velha República já

estava tão corrompida que não corres-pondia mais às necessidades da Nação.Era preciso que houvesse mudanças, eestas só seriam possíveis por meio derevolução, uma vez que o sistema eleito-ral brasileiro já estava tão manipuladoque era difícil ter mudanças simples-mente por meio da urnas.

Quando o senhor era deputado

federa l , c r i t i cou as revo l tas te -

nent is tas, chegando a d izer que

‘ já passou a época dos motinsde quar té is e das emprei tadas

caudi lhescas ’ . Porém, ao tomar 

o poder em 1930 o senhor con-

cedeu anis t ia a todos os revol-

tosos envolv idos nas causas

tenent is tas. Por que? Quando fa-lamos de política fica difícil manteruma posição. Isso por que muitos fato-res te influenciam em uma decisão, quepode mudar os rumos da Nação. Conti-nuo achando que, no Brasil que temoshoje as revoltas nos quartéis se fazemdesnecessárias. Porém, durante a Revo-lução de 1930 recebemos uma ajudamuito importante dos tenentistas, quetinham um poder e influência muitoforte. Uma das exigências do grupo eraa anistia desses envolvidos, e a nãoconcessão resultaria em conseqüênciasmuito graves para todos os brasileiros.

Em 1934, quando fo i promulga-da uma nova Const i t u iç ão, o se-

nhor se mos trou um tanto des-

cont ente c om isso. Por que? Porque tudo o que foi feito ali acabou sen-do feito as pressas. Não houve uma pre-ocupação em ver várias questões sériase importantes à Nação. Sem falar que aConstituição limitava os poderes doGoverno Federal, e impedia que eu co-mo presidente pudesse fazer mudanças

muito importantes. Com o Estado Novoisso mudou, agora eu tinha em minhasmãos tudo o que precisava para execu-tar uma reforma profunda em nossopaís. 

Durante o seu governo, fo i c r ia-

do o Departam ento de Imprensa

e propaganda, o DIP, que t inha

mui tas funções , como censura

e a própr ia propaganda gover-

namental . O senhor não acredi-

ta que havia exageros por par tedesse órgão? Não acredito que hou-ve exageros por parte do meu órgão.Ele apenas fazia o que era certo: divul-gar as benfeitorias do meu governo, umdireito que o povo brasileiro tem desaber. Além do que nós não podíamosdeixar que uns poucos descontentescom o meu governo pusessem em riscotodo o sucesso de uma revolução emprol do Brasil, sem falar nas imoralida-

des que corriam país a dentro. A censu-ra foi válida, e feita pelo bem do povo.

Em 1945, quando o país estava

em processo de redemocrat iza-

ção surg iu um mov imento em

Em 1945deixei o go-verno para

que não fossederramadosangue dequalquer bra-sileiro em mi-nha causa

Ent rev is ta GETÚLIO VARGAS 

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apoio à sua permanência, os

“queremis tas ” , com s logans do

t ipo “queremos Getúl io” . O que

o senhor tem a d izer desse mo-

v imento? Foi um movimento demo-crático legítimo. O povo soube reco-nhecer o meu trabalho em prol de to-dos os brasileiros, e eu me senti muitograto e feliz por saber que, mesmo na-quele momento conturbado, havia pes-soas que reconhecessem a importânciada continuidade do meu trabalho.

Ainda em 1945, para garant i r  

que o senhor não permaneces-

se no poder , os mi l i tares o de-

puseram, ato organizado inc lu-

s ive pelo minis tro da guerra, ogeneral Góes Mont eiro. Como o

senhor vê a sua deposição? A-quilo foi algo completamente desne-cessário. Me senti traído pelos milita-res, à quem tanto apoiei em meu gover-no. A rapidez como tudo foi executadomostrava que aquilo tudo já estava pla-nejado, e faltava somente uma oportu-nidade. Faltavam menos de dois mesespara deixar o poder, mas ao ver aquilooptei pela renúncia. Deixei o governopara que não fosse derramado sanguede qualquer brasileiro em minha causa.

Na sua campanha à pres idên-

c ia da Repúbl ica em 1950, o

senhor v is i tou mais de 70 c ida-

des e para cada estado fez

questão de tratar de assuntos

bem regionais. Por que? Um pre-sidente mais do que tudo deve estar apar de tudo o que acontece em sua na-

ção. Uma vez que ele esteja no cargo éfundamental que tenha conhecimentode tudo o que seu povo passa, seus de-sejos, anseios e necessidades. Sua fun-ção é servir ao seu povo. Sem falar queo político que demonstra ter conheci-mento dos problemas e tem como obje-tivo saná-los é bem visto e bem votadopelo povo.

Em 1951 o senhor assumiu a

pres idênc ia e começou uma

pol í t i ca nac iona l is ta , carac te-r ís t ica apoiada pelos comunis-

tas. O seu governo tem uma

base soc ia l is ta? Não e jamais terá.O maior problema do povo brasileiro é

confundir socialismo com políticas so-ciais, que é o que eu faço e o que eusempre fiz. Minhas intenções nuncaforam favorecer essa forma abominávelde governo que é o comunismo. Souum sujeito democrata, defendo um esta-do forte, mas não sou comunista.

E sobre a grande intervenção

do Estado sobre a economia?

Nós só fazemos o que todos devem fa-zer. Cabe a nós como os únicos capazesde intervir na economia fazer interven-ções que beneficiem à toda a economianacional. E saibam que, se a economianacional anda instável ela podia estarmuito pior! Graças às medias que toma-mos muita coisa pôde ser evitada.

No meio pol í t ico o senhor per-

manece não sendo bem v is to ,

a inda com a a lc unha de di tador .

Como o senhor encara esta a l -

cunha? Isso é uma afronta a minhapessoa. Fui ditador porque as contin-gências do país me levaram à ditadura,mas como defensor da democracia lutopara ser um presidente constitucionaldentro dos parâmetros fixados pelaConstituição.

Uma das le i ma is po lêmicas a-

tua lmente é a que l imi ta a re-

messa de lucros das empresas

estrangeiras para o exter ior .

Por que l imi tar a remessa doslucros para o exter ior? É uma per-gunta bem pertinente, mas que não émuito comum ao bom senso dos brasi-leiros. Anualmente as empresas estran-

geiras obtém lucros absurdos com omercado de consumo brasileiro. Todoesse lucro ao invés de permanecer noBrasil e gerar mais riquezas e benefí-cios para nós é enviado para fora, enri-quecendo o bolso de proprietários e

acionistas estrangeiros. Essa lei tem oobjetivo de proteger a economia nacio-nal.

Mas ela afastou mais invest i -

ment os es t range i ros . Infelizmen-te foi um risco que preferi correr. Osoutros países dependem do Brasil co-mo produtor de matérias primas, e te-nho certeza que será questão de tempoaté que os investimentos voltem paracá. E quando isso acontecer teremos

muito mais desenvolvimento do queagora.

Sobre o atent ado cont ra Car los

Lacerda, o que tem a d izer? Issoé um assunto muito sério, que eu nãogostaria de tratar. Não aqui, não agorae não hoje.

Mas o povo quer saber . Tudobem, sendo para o povo. Aquilo foiuma tramóia para me desestabilizar,acabar com a minha reputação. Carlos

Lacerda levou um tiro no pé. Eu leveidois tiros nas costas com aquela notí-cia! Sabia que o primeiro suspeito seriaeu, como em um plano bem arquiteta-do, sem escrúpulos. Fiquei surpreso aosaber que dois integrantes de minhaguarda pessoal, duas pessoas de minhatotal confiança haviam me traído. Umverdadeiro “mar de lama” corria pordebaixo dos panos, aqui, no Palácio doCatete. Tudo acontecia e eu não sabiade nada.

Os mi l i tares cada vez mais tem

exig ido a sua renúncia. O que

acha disso? Completamente desne-cessário. Não irei renunciar, e se quise-rem me depor só encontrarão o meucadáver. Mas estou disposto a me afas-tar temporariamente, desde que os mi-litares se comprometam em manter aordem.

Como o senhor pretende con-

tornar es ta s i tuação? Sincera-mente, ainda não sei.

E o que dizer ao povo? A culpada crise não é minha, é deles. Mas seDeus quiser, tudo vai ficar bem.

Um verda-deiro ‘mar delama’ corria

por debaixodos panos, a-qui, no Paláciodo Catete. Tu-do acontecia eeu não sabiade nada.

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O pai dos pobres: O Governo Vargas sobre os pilares do populismo

Por Leonardo Costa Scott 

Com palavras bonitas e bem faladas, o populismo é cada vez mais comum em governoslatino-americanos, e representam um risco à democracia legítima. É preciso ter cautela.

arisma, essa é a palavra-chave do populismo. Parase ter um governo populista basta que se tenha um

líder capaz de fazer com que o povo se identifique nele,e que em consideração à ele esteja disposto a ignorarqualquer processo legal ou valor moral em nome de umsuposto “bem à Nação”.

Ter um líder assim parece bom? Pois saiba que não.Muitos deles não estão preocupados com o povo defato, e usam os benefícios que concedem à sua Nação

como artimanha política para se manterem no poder. Asua real intenção é essa, manter-se o quanto puder nopoder.

Um fator muito favorável ao surgimento de líderespopulistas é a desigualdade social, principalmente entretrabalhadores e elites, sejam econômicas ou políticas.Prometendo melhorias sociais, as benfeitorias feitaspelo líder enquanto está no poder não passam de“migalhas” que são concedidas aos poucos, a fim deparecer algo inovador e dado de bom grado ao povo.Ele também se “empenha”em causas populares, lutandopor elas em oposição aos “inimigos da Nação”.

Como um bom populista precisa ter uma imagemmuito bem conservada junto ao seu povo, o seu gover-no tem uma preocupação muito grande com propagan-das sobre as benfeitorias que são feitas. Os meios decomunicação são fundamentais para isso, principalmen-te o rádio, com capacidade potencial de divulgação dainformação.

Mas como controlar os meios de comunicação paraque não se fale o que o governante não quer ouvir? Porisso ele muitas vezes se vale de medidas que censurama comunicação, impedindo os meios de falar qualquercoisa contra o seu governo. Isso pode ser feito por meiode leis, acusação de irregularidades e nomeação de in-terventores para determinada empresa de comunicação,ou ainda a estatização da empresa, que passa a atenderas vontades do governo.

Uma das coisas mais interessantes nessa forma degovernar é que o líder prega uma aproximação com opovo, porém ao mesmo tempo estabelece um controlesobre o mesmo, impedindo o surgimento de uma oposi-ção ao seu governo. Usa os benefícios por ele concedi-dos para esvaziar movimentos opositores, e para ganhara confiança incondicional da população.

A ascensão populista deve ser vista com desconfian-ça pela sociedade, pois reflete uma tendência a um regi-me ditatorial, uma vez que não há uma perspectiva po-lítica clara. Com um populista no poder, não há comohaver democracia plena.

No populismo, o governante se vale da censuraaos meios de comunicação para criar uma imagemforte do seu governo à população. Todo líder po-pulista é um risco à real democracia.

12 - Agosto - 1945

Lupa sociofilosófica 

Uma reflexão sobre o que nem sempre é evidente

C

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Quem é Olympio Mourão Filho?

 Por Moab Cirino

Amante da democracia, Mourão Filho foi responsável por um golpe de estado emnosso país.

1954 - Agosto - 15

O general Olympio Mourão Filho é uma pessoamuito engraçada. Mineiro nascido em Diamantina, éum personagem muito importante na história doBrasil. Graças a ele tivemos, por ironia, uma ditadu-ra no Brasil.

Mourão Filho é um amante da democracia, emuito bem intencionado. Na esperança de um paísmelhor, no melhor estilo “Policarpo Quaresma”,muitas vezes ele passou suas madrugadas em claro,anotando em seu diário os direitos fundamentais queum Governo deveria promover. Participava de reu-niões políticas na praça da Sé para ouvir a “voz dopovo”.

Em 1937 Mourão integrava a Ação IntegralistaBrasileira, e atuava no Serviço Secreto da Ação In-tegralista. Era também aluno do curso do Estado-Maior. Foi nessa época que recebeu uma tarefa: si-mular uma revolta comunista no Brasil. Surgia oPlano Cohen.

O plano foi tão bem elaborado que quando oGoverno descobriu esses documentos, simulou edenunciou o esquema para derrubada do presidente,o que deu uma grande ajuda a Getúlio Vargas na

hora de dar um golpe de Estado, permanecendo noGoverno até 1945.Com a assinatura do Decreto-Lei que determina-

va o fechamento dos partidos políticos a AIB aca-bou sendo fechada também, o que gerou revolta nosintegrantes do grupo. Em 11 de maio de 1938 váriaspessoas, em especial os integralistas, invadiram oPalácio da Guanabara, na época sede do Governo, etentaram dar um golpe de Estado. Essa ação queficou conhecida como Intentona Integralista foi umfracasso, e resultou na morte e prisão de várias pes-soas, inclusive de Mourão Filho. Envergonhado, ele

lutaria por anos para se desvincular do fato.Ele participou dos principais eventos militares

do século XX, mas não se destacou tanto. Pode-secitar a Revolução Constitucionalista e a SegundaGuerra Mundial.

Resta saber que outros fatos históricos serão desua responsabilidade...

Polêmico e nacionalista, Mourão Filho é famoso por seuscomentários.

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O que foi... A Revolução Constitucionalista?

Em 1932 os paulistas andavam revoltados. Getúlio Var-gas havia assumido a chefia do governo provisório,fechado o Congresso, as Assembléias Legislativas e asCâmaras Municipais, e, além disso, chutado a Constitu-ição de 1891 para longe. Mais do que isso: a autonomiado estado paulista havia acabado, e quem governava oestado era um interventor federal e radical, o pernam-bucano João Alberto, nomeado por Getúlio. Além dis-so, várias medidas tomadas pelo governo provisórioirritaram os paulistas, sobretudo a elite do estado, quese sentiu prejudicada.

O Partido Democrático, que havia apoiado a Revo-lução de 1930 e tentou indicar alguém do estado comointerventor, ficou desgostoso com essa situação e rom-peu com o governo provisório. Foi então que os doismaiores partidos do estado se fundiram: Partido Demo-crático e Partido Republicano Paulista se uniram paraformar a Frente Única Paulista, e assim exigir do go-verno uma eleição para uma Assembléia Constituinte.

Para tentar amenizar a situação, Getúlio resolveunomear para interventor o civil e paulista Pedro de To-ledo, e publicou o novo Código Eleitoral, que previaeleições para a Assembléia Constituinte em maio do

ano seguinte. Tudo isso acabou sendo interpretado co-mo manobra com a finalidade de protelar as eleições.

Mas o auge da crise foi com o comício de 23 demaio, que reivindicava uma nova Constituição. O co-mício terminou resultando em um conflito armado, es-pecialmente depois da tentativa de invasão a um jornalfavorável a Vargas. Nesse conflito quatro estudantesmorreram: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Seusnomes acabaram sendo usados para dar nome a um mo-vimento revoltoso, o MMDC, que tinha o objetivo dederrubar Vargas.

Neste mesmo dia o interventor Pedro de Toledo, quevinha tendo dificuldades com o governo para montarum secretariado, conseguiu formar um com o apoio dopovo, e neste dia rompeu com o Governo Provisório.Depois disso Pedro viria a ser aclamado governador doestado.

A revolução começa em 09 de julho, na capital e nascidades do interior. Quem comandava tudo era uma

 junta revolucionária. Integravam a junta Francisco Mo-rato, Antônio de Pádua Sales, os generais BertoldoKlinger e Isidoro Dias Lopes. O general Euclides Fi-gueiredo ficou responsável pela 2º Região Militar. Fo-

ram cerca de 200 mil voluntários, sendo cerca de 60mil nas fileiras de combate.Outros estados também tiveram o seu apoio ao mo-

vimento paulista, porém em menor intensidade. Elestambém não puderam ajudar no combate armado, pois

o Porto de Santos fora bloqueado, impedindo a chegadade tropas. Essa falta de tropas foi responsável pelo fracas-so da revolução.

As tropas paulistas estavam bem menos preparadas, eas tropas do governo federal eram maiores e mais bemequipadas. Depois de inúmeras baixas, crise econômicano estado e deserções cada vez maiores, as tropas revolu-cionárias se viram obrigadas a se renderem.

Mas a revolta conseguiu o seu objetivo: Getúlio Var-gas se sentiu pressionado, e em 03 de maio de 1933 ocor-reram as eleições para a Assembléia Nacional Constituin-te. Um interventor civil e paulista é nomeado, marcandouma reconciliação do estado com o presidente. A Consti-tuição só chega em 1934. Acabava assim a maior batalhacivil que o país já enfrentou.

Cartaz chama os paulistas para a Revoluçãode 1932. Naquele ano o bicho pegou...

1954 - Agosto - 17

 Por José Williams

Desgostosos com a situação política do país, os paulistas resolveram se juntar elutar contra o governo provisório. Estava marcada a maior guerra civil da históriado país.

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Populista, de tendências fascistas, líder de uma Revolução que deucerto, Getúlio Vargas conseguiu deixar um legado muito importan-te para os brasileiros. Conheça agora a história do maior governan-te do Brasil.

Por Eliziane Albuquerque

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O homem que conquistou uma nação

Podemos dizer que com certeza, Getúlio Vargas foi o mais popular presidente do Brasil.Um grande político, teve habilidade para manobras que outros nem imaginariam. E assimconquistou a confiança da população brasileira.

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e há uma coisa que podemos falarde Getúlio Vargas é que ele marcou

o Brasil. Seu carisma e habilidade polí-tica foram símbolo de um período dequinze anos de governo ininterruptosentre 1930 e 1945, além do mandato dequatro anos entre 1951 e 1954. De gran-de popularidade entre os brasileiros, ele

escreveu um novo capítulo na históriado país. Conheça agora como foi a vidadesse homem que marcou uma nova eraem nossa história.

Longe demais das capitaisGetúlio Dorneles Vargas nasceu em 19de abril de 1883 na cidade de São Borja,interior do Rio Grande do Sul. Indícioslevantam a suspeita de que na verdadeele tenha nascido em 1882, e falsificado

seus documentos para que“comprovassem” o seu nascimento em1883. Mas o motivo para isso seria des-conhecido.

Filho de Manuel do NascimentoVargas e de Cândida Francisca Dorne-les Vargas, sua família é de origem doarquipélago de Açores, e se assentou naregião Sul do país, como tantas outrasda mesma região. Eram bem influentes,principalmente quanto a política. Getú-lio manteve sempre um laço com o local

e as atividades lá desenvolvidas, como apecuária. Seu pai era militar de alta pa-tente, e sua mãe dona de casa.

Estudou com um mestre-escola emSão Borja, mas logo depois da Revolu-ção Constitucionalista seu pai o encami-nhou a Ouro Preto em Minas Gerais, em1897, para que continuasse seus estudospor lá junto com seus dois irmãos maisvelhos na Escola de Minas. Porém oenvolvimento de seus irmãos em umabriga que resultaria na morte de um es-

tudante paulista fez com que ele voltas-se para sua cidade natal, em 1898.

No ano seguinte Getúlio tornou-sesoldado do Sexto Batalhão de Infantariade São Borja, e pouco tempo depois foipromovido a sargento. Em 1900 Vargasse alistou na Escola Preparatória e deTática de Rio Pardo, no Rio Grande doSul, mas não passou muito tempo, sen-do transferido para Porto Alegre. Lá,cursando uma escola militar, ele conhe-ceu Eurico Gaspar Dutra e Pedro Auré-lio de Góis Monteiro. Se desligou daescola em 1902, em solidariedade à al-guns amigos, que teriam sido expulsospor problemas disciplinares.

Diante da disputa entre Brasil e Bolí-via pelo território do Acre, Getúlio alis-tou-se como voluntário, e participou daColuna Expedicionária do Sul. Sua bre-ve carreira militar e o fato de seu pai sermembro do exército fizeram com queele conhecesse de perto as necessidadesdas forças armadas.

Nos caminhos da políticaEm 1904 Getúlio se matriculou na Fa-culdade de Direito de Porto Alegre, pri-meiro como ouvinte e depois como alu-no regular. Desde aquela época Getúliose mostrava seguidor do castilhismo,

  junto com outros jovens republicanos.Sua vida na política começou em 1906,ao ser escolhido como orador em umahomenagem ao presidente eleito AfonsoPena, em uma visita ao Rio Grande doSul. Já no ano seguinte se tornou inte-grante efetivo na política partidária re-publicana, assim como também se for-mou, nesse mesmo ano, em ciências

 jurídicas e sociais.Em 1908 foi nomeado segundo pro-

motor público do Tribunal de Porto Ale-gre, mas não passou muito tempo comopromotor, e no ano seguinte foi incluídona lista de candidatos do PRR à Assem-bléia dos Representantes, onde se ele-

geu deputado estadual. Como a Assem-bléia só se reunia durante três meses porano Getúlio tinha muito tempo para sededicar ao escritório de advocacia emSão Borja.

Em 1911 Getúlio se casou comDarcy de Lima Sarmanho, filha de umdiretor de banco de sua cidade natal. Acuriosidade é que o casamento foi maisconciliatório entre famílias do que poramor. Isso por que antes do casamentohavia uma rixa entre as duas famílias.

Durante a Revolução Federalista as du-as famílias apoiaram partidos opostos, elutaram cada um de um lado. ComDarcy, Getúlio teve cinco filhos: Lute-ro, Jandira, Alzira, Manuel Antônio eGetúlio.

Foi reeleito deputado estadual em1913, mas renunciou em protesto a in-tervenção de Borges de Medeiros naseleições no município de Cachoeira.Borges teria feito os eleitos renunciaremaos seus cargos. Pelos próximos trêsanos Getúlio dedicar-se-ia somente aoseu escritório de advocacia. Somente nofim desse período que Vargas reatariasuas relações com Borges.

Seria eleito novamente em 1917 co-

mo deputado estadual, e reeleito comfacilidade em 1921, mesmo com a políti-ca nacional passando por uma fase tu-multuada, devido à sucessão do entãopresidente da república Epitácio Pessoa.

Com a morte do deputado federalRafael Cabeda, em outubro de 1922 Ge-túlio foi eleito para completar o mandato

do falecido na Câmara dos Deputados.Porém por motivos políticos não pôde irao Rio de Janeiro assumir o cargo. Seuestado passava por uma crise política.Pela primeira vez os principais partidosdo estado se opunham à reeleição deBorges de Medeiros para governador.Ao contrário, eles apoiavam o candidatoAssis Brasil. A vitória de Borges levou auma revolta que resultaria em um confli-to armado. E este só acabaria em dezem-bro de 1923 com o Pacto de Pedras Al-tas.

Apesar de não ter lutado diretamentenos conflitos, foi nomeado tenente-coronel por decreto de Borges de Medei-ros, assumindo o comando do 7º CorpoProvisório em São Borja. Como havia apossibilidade de perder o mandato senão se apresentasse na Câmara, Getúlioteve que abandonar a batalha.

Como deputado federal, trabalhoupara evitar a intervenção federal no Rio

Grande do Sul e no desenvolvimento deum esforço de aproximação com os re-presentantes da oposição gaúcha. Outrofato importante foi a aproximação deVargas com parlamentares de outrosestados, principalmente São Paulo, alémde criar vínculos com o poder central, oque beneficiou a imagem de seu estado

  junto aqueles que decidiam a políticanacional. Reelegeu-se em 1924, assu-mindo a liderança da bancada republica-na gaúcha na Câmara, função que exer-

ceria até 1926.Com a posse de Washington Luíscomo presidente da República em 1926,Getúlio foi nomeado ministro da Fazen-da. No princípio relutava em assumir,uma vez que acreditava não ter conheci-mento suficiente em finanças para talfunção. Porém Borges de Medeiros oconvenceu a aceitar o cargo. Como mi-nistro, apesar de não ter tido um manda-to longo, foi uma época boa para a polí-tica econômico-financeira. Na sua gestão

foi feita uma reforma monetária, queinstituiu o retorno do padrão-ouro e cri-ou um novo fundo de estabilização cam-bial.

Em 1927 Getúlio foi indicado pelo

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A famíliaGetúlio Vargas, filho de Cândida Vargas e o General Manoel Vargas (abaixo, à esquerda), se formouem Direto em 1907 (abaixo, à direita). Viria a se casar com Darcy Sarmanho, em 1911.

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O RevolucionárioLíder da Revolução de 1930, Getúlio se tornou chefe do Governo Provisório. Durante seu governo

houveram várias mudanças mas a principal foi a quebra da servidão do poder público as causas dasoligarquias. Acima, Getúlio Vargas, vitorioso, posa para foto no Palácio do Catete, sede do GovernoFederal. Abaixo, Vargas aparece chutando um senhor, que representa as oligarquias.

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então governador do Rio Grande do Sulcomo candidato e sucessor do seu go-verno. Eleito, Vargas assumiu o gover-no em janeiro de 1928. Como governa-dor, que naquela época era chamado depresidente do estado, tomou medidasque reorientaram a economia e a políti-ca regionais. Teve resultados bons e

rápidos, devido a uma série de medidasde amparo à lavoura e à pecuária, decombate ao contrabando e de estímulo àorganização dos sindicatos de produto-res. Outra medida importante foi a cria-ção do Banco do Rio Grande do Sul.

No campo político, Getúlio queriamostrar independência, principalmenteem relação ao poderoso caudilho Bor-ges de Medeiros, sem negar que ele teri-a uma grande influência na política par-tidária. Getúlio estabeleceu um “modus

vivendi” que foi fundamental para aca-bar com as lutas interpartidárias, que jáduravam cerca de trinta anos e na maio-ria delas se fazia de forma violenta.Tanto que em meados de 1929 a políticado Rio Grande do Sul se uniu para lan-çar pela primeira vez a candidatura deum gaúcho na presidência da República.

A revoluçãoA situação política no Brasil em 1929

não era nada agradável. O país era do-minado por partidos políticos, que obe-deciam aos mandos e desmandos dasoligarquias, que representavam as von-tades dos famosos “coronéis”. Os esta-dos mais influentes na política nacionaleram São Paulo e Minas Gerais, umpela potência econômica nacional queera, tendo como produto principal o ca-fé, e o outro por ter o maior colégio e-leitoral da época, e tendo como princi-pal produto o leite. Isso formava o que

viria a ser conhecido como “política docafé com leite”.

Com a quebra da bolsa de valoresnesse ano o café que até então era oprincipal produto de exportação da eco-nomia brasileira deixou de ser item fun-damental aos compradores do exterior,principalmente os EUA, na época já oprincipal importador. Para tentar reme-diar a situação as oligarquias de SãoPaulo se mobilizaram para indicar umcandidato de seu estado, contrariando o“pacto” que tinham com as oligarquiasde Minas Gerais.

Revoltados, os mineiros rompem opacto, e diante dessa situação Minas

Gerais se une aos outros estados revolta-dos com aquela forma de fazer política,em especial o Rio Grande do Sul e a Pa-raíba. Dessa união surge a “Aliança Li-beral”, unido vários políticos e partidos.Do Rio Grande do Sul é lançada a candi-datura de Getúlio Vargas à presidênciada república, e tendo como “vice” o pa-

raibano João Pessoa, opondo-se a candi-datura do paulista Júlio Prestes.

As eleições ocorreram no dia primei-ro de março de 1930, de onde o candida-to Júlio Prestes saiu vitorioso. Porémindícios de fraude começaram a surgir, ea oposição se recusou a aceitar a derrota.Para agravar a situação, os deputados daoposição que haviam sido eleitos nãotiveram seus cargos reconhecidos, emum processo político conhecido como“degola”. A conspiração já estava sendo

formada.A gota d’água veio com o assassinato

de João Pessoa, no dia 26 de julho. Omotivo não tinha nada haver com a der-rota eleitoral presidencial, porém foi to-mado como se fosse. Tudo isso somadoà crise econômica favoreciam um golpede estado. Getúlio tentou várias vezesnegociar com o governo de WashingtonLuís, mas ao ver que não haveria acordoe que a posse de Júlio Prestes se aproxi-

mava, não haveria outra forma senão arevolução. Foi então que um movimentoarmado começou a tomar forma.

No dia três de outubro às 17 horas e25 minutos a Revolução começou, e ra-pidamente se alastrou por todo o país.Oito governos estaduais no Nordesteforam depostos pelos tenentes, tambémenvolvidos no movimento. No dia 10 élançado por Getúlio Vargas o manifesto"O Rio Grande de pé pelo Brasil", deonde ele parte, por ferrovia, rumo ao Rio

de Janeiro, então capital federal.Em 12 e 13 de outubro ocorreu oCombate de Quatiguá, o maior combatedesta Revolução. Contudo, o combatemais esperado era a batalha em Itararé,pois era nessa cidade onde estavam a-campadas as tropas do governo. Porémela não chegou a ocorrer. Em 24 de ou-tubro os generais Tasso Fragoso e MenaBarreto e o Almirante Isaías de Noronhadepuseram Washington Luís, e forma-ram uma junta de governo.

Foi então que às três horas da tardedo dia três de novembro de 1930, a juntamilitar passou o poder, no Palácio doCatete, a Getúlio Vargas, encerrando achamada República Velha e derrubando

todas as oligarquias estaduais exceto amineira e a gaúcha. Era o começo deuma nova política brasileira.

O Governo ProvisórioGetúlio assumiu o governo com amplospoderes. Oito dias após ter recebido opoder, Vargas baixou o Decreto Nº

19.398, que subjugou a Constituição e1891, cancelou as garantias constitucio-nais e fechou o Congresso Nacional,assim como todo e qualquer órgão legis-lativo do país. Os governadores dos es-tados em sua maioria foram depostos, eem seus lugares interventores federaisassumiram seus cargos. Posteriormenteforam criados o Ministério do Trabalho,da Indústria e Comércio e o Ministérioda Educação e Saúde.

O durante essa fase Vargas deu iní-cio a uma reestruturação do Estado.Centralizador, ele acreditava que a auto-nomia por parte de cada estado era umproblema. A função de legislar passou aser somente do chefe do governo provi-sório, bem como seus interventores es-taduais e municipais. Em substituição àsleis, Vargas passou a legislar por meiode Decretos-Lei.

Vários órgãos foram criados em seugoverno, como o Departamento Nacio-

nal do Café (DNC), o Instituto do Açú-car e do Álcool (IAA) e o Serviço doPatrimônio Histórico e Artístico Nacio-nal (SPHAN).

Com o término da Revolução, Getú-lio teria que ser bem habilidoso paraenfrentar a instabilidade que viria. Aunicidade das forças políticas não passa-va de “ilusão”, e ela teria que ser“consolidada” para que o Governo Pro-visório pudesse dar certo.

A crise econômica que se passava no

mundo inteiro também afetava dramati-camente o Brasil, e seria necessário umgrande trabalho econômico para evitarproblemas maiores. O governo aindadependia dos recursos financeiros dosgrandes produtores de café e outros pro-dutos de grande interesse. Para protegera economia e os cafeicultores, Getúlioadotou uma política protecionista, comoinvestimentos nas safras de café e ou-tros recursos. Ele também favoreceu odesenvolvimento industrial, que foi umdos pontos mais fortes de seu governo.Entre 1929 e 1939, a indústria cresceu125%, enquanto na agricultura o cresci-mento não ultrapassou 20%. Tais medi-

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das tinham como meta tornar o Brasilum país mais industrial, desenvolvido,com uma população mais urbana.

Com o objetivo de reduzir a tensãopor parte da massa trabalhadora, foramcriadas as primeiras leis trabalhistas.Nelas o governo passou a garantir direi-tos como férias e aposentadoria a todos

os trabalhadores. A Justiça do Trabalhopassou a conciliar interesses de traba-lhadores com patrões. Tudo isso serviutambém como estratégia para reduzir aforça dos sindicatos e movimentos ope-rários.

Essas medidas geraram uma verda-deira revolução trabalhista, social, edu-cacional e cultural, transformando mui-to profundamente a sociedade brasileira.O governo deu uma nova visão à educa-ção, preocupando-se em formar cida-

dãos que atendessem as exigências de-mocráticas, além de pessoas que pudes-sem contribuir com a formação de umpaís mais desenvolvido.

No que diz respeito ao ensino superi-or, procurou-se estabelecer as bases dosistema universitário, investindo nasáreas de ensino e pesquisa. Tanto que ogoverno Vargas foi um dos poucos nahistória do país que conseguiu“conquistar” técnicos tanto da terra

quanto do exterior, convencendo-os avirem e permanecerem no Brasil.O governo de Vargas foi marcado

também por uma aproximação do Esta-do com a Igreja católica. Em 1931, ogoverno decretou a obrigatoriedade doensino religioso nas escolas públicas.Outro marco importante desse fato foi ainauguração, em 12 de outubro de 1931,da estátua do Cristo Redentor no Corco-vado, Rio de Janeiro. Essa aproximaçãofoi uma estratégia muito sábia de Getú-

lio, uma vez que, em troca, a Igreja le-vou a massa da população católica aapoiar o novo governo.

No âmbito cultural, uma grande mu-dança acabou se realizando. O movi-mento modernista tomou força e se tor-nou o principal movimento artístico daépoca. A Academia Brasileira de Letrasdeixou de ser referência, perdendo umpouco o prestígio por adotar os estilosmais conservadores. A cultura popularentrou em alta, sendo supervalorizada, e

ganhou incentivo com o rádio, o maismoderno meio de comunicação em mas-sa da época. O samba, antes um estilomusical restrito a uma parcela menosinstruída, tornou-se símbolo do Brasil.

Porém, mesmo com tantas mudançaspositivas, havia certo descontentamentopor parte de algumas oligarquias, princi-palmente as excluídas do governo, e emespecial as oligarquias paulistas. Elascomeçaram a reagir às medias tomadaspelo presidente, e que muitas vezes com-prometiam a autonomia do estado, mas

reagiram principalmente às ações favo-ráveis ao movimento tenentista. Essareação das oligarquias, apoiadas pelaclasse média paulista, passou a compro-meter a autonomia de Getúlio. Mas opior da revolta ainda estava por vir.

Após vários problemas com Vargas,principalmente no que se referia ao in-terventor nomeado para o estado de SãoPaulo, os paulistas começaram a se re-voltar e exigir uma convocação para u-ma Assembléia Constituinte. Getúlio

chegou a decretar um novo Código Elei-toral, que marcava as eleições para o diatrês de maio de 1933, mas os paulistasenxergavam nisso apenas uma medidaprotelatória, para que ele pudesse passarmais tempo no poder, e com isso a crisesó aumentou. Essa crise acabou levandoa uma movimentação popular sem igual,a Revolução Constitucionalista, ocorridaem 1932, o maior conflito civil armadoem território nacional.

Mesmo saindo vitorioso do conflitocontra os paulistas, Vargas se sentiupressionado a convocar uma AssembléiaConstituinte, o que viria a acontecer emtrês de maio de 1933. A nova Constitui-ção veio a ser promulgada em 15 de ju-lho de 1934. Ela manteve a repúblicafederativa, o presidencialismo, o regimerepresentativo e instituiu o voto secreto edeu o direito às mulheres de votar e dese candidatar. Ela também determinouque a próxima eleição presidencial deve-

ria ser feita por meio de voto indireto.Dessa forma Getúlio Vargas acabou sen-do eleito presidente pelo Congresso em

 julho de 1934, legitimando o seu poder edando início a uma nova fase de seu go-verno.

Sob nova ConstituiçãoGetúlio pôde então assumir o governo deforma legítima, como presidente devida-mente eleito. Mas os seus próximos anosde governo foram um tanto conturbados.Marcados por grande agitação política,greves e o aprofundamento da crise eco-nômica, esses fatos acabariam levandoao fortalecimento de movimentos ideo-lógicos, a maioria extremistas, como a

Ação Integralista Brasileira (AIB), comclara e evidente influência fascista, e aAliança Nacional Libertadora (ANL),de orientação mais comunista.

Esse período foi marcado por umaforte oposição ideológica entre a“direita” e a “esquerda” brasileira. Emmarço de 1935 foi formada a Aliança

Nacional Libertadora, que reunia umgrupo bem heterogêneo, como comunis-tas, tenentes, intelectuais e alguns cató-licos. Era o principal grupo de contra-ponto a Ação Integralista Brasileira,assim como de oposição à Getúlio Var-gas.

Quatro meses após a sua formação aANL foi considerada ilegal. Isso porque durante manifestações públicas decomemoração aos levantes tenentistasde 1922 e 1924 o maior representanteda ANL, Carlos Prestes, leu um mani-festo em que defendia a derrubada dogoverno provisório e exigia "todo o po-der à ANL". Comunista, Prestes era u-ma “pedra no sapato” de Vargas. Foientão que Getúlio se valeu da Lei deSegurança Nacional, aprovada em abrildaquele mesmo ano em meio às mobili-zações grevistas, e decretou a ilegalida-de da Aliança Nacional Libertadora.Essa medida só aumentou a revolta dos

integrantes da Aliança, que começariama bolar um plano para tomar o poder.Foi então que no dia 23 de novembro

de 1935 aconteceu algo que pôs medona maior parte da sociedade brasileira.Uma tentativa de revolução de carátercomunista, sangrenta e aterrorizanteveio a tona. Naquele dia, eclodiu o pri-meiro levante militar da Intentona, quecomeçou em Natal, no 21° Batalhão deCaçadores. Os revoltosos chegaram ainstalar o seu próprio governo, e conse-

guiram afugentar o poder oficial. A on-da de levantes foi se espalhando, che-gando em Recife e até no Rio de Janei-ro, com ataques ao 3º Regimento deInfantaria, ao 2º Regimento de Infanta-ria, ao Batalhão de Comunicações e àEscola de Aviação. Mas tanto em Reci-fe quanto no Rio de Janeiro os levantesforam rapidamente sufocados.

Aquele episódio desencadearia umaperseguição ferrenha aos membros daANL, mas principalmente aos comunis-

tas. Vargas decretou estado de sítio emtodo o país, o que lhe permitiu prendercentenas de civis e militares acusadosde ligação com a ANL e o PCB, entre ofinal de 1935 e início de 1936.

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Vargas: o presidente do trabalhadorUm dos pontos fortes do seu governo foi a Consolidação das Leis do Trabalho, que concedeu muitosbenefícios aos trabalhadores. Essa medida o tornou muito popular entre as classes operárias.

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Varias outras medidas de “caça aoscomunistas” foram tomadas, entre elas acriação da Comissão Nacional de Re-pressão ao Comunismo, responsávelpela investigação de suspeitos de parti-cipação em movimentos ilegais, e o Tri-bunal de Segurança Nacional, responsá-vel pelo julgamento dos envolvidos na

Intentona de 1935. Mas sem dúvidas, aIntentona seria uma das principais in-centivadoras da maior conspiração que

  já houve em nosso país: o golpe de1937.

O golpe: um Estado NovoO golpe de 1937, também chamado degolpe do Estado Novo, foi a mais bemelaborada e bem sucedida tramóia polí-tica já arquitetada na história do Brasil.

Prestes a acabar o mandato de Getúlio,uma revelação quase “milagrosa” de umplano de um levante comunista vem atona, um plano violento e muito bemarquitetado para desestabilizar o Gover-no e tomar o poder.

Com a revelação desse plano, conhe-cido como “Plano Cohen”, Getúlio tinhaem mãos o motivo que queria para de-clarar “Estado de Guerra”. Com seupedido de declaração aceito pelo Con-gresso Nacional, Vargas mais uma vez

fechou o Congresso, as AssembléiasLegislativas de todo o país, nomeouinterventores para os estados, e dessavez outorgou uma nova Constituição, decaráter mais ditatorial: A Polaca, comoera conhecida, havia sido inspirada naCarta-Magna da Polônia, e se mostravaaltamente centralizadora.

Claro que Vargas não deu o golpesozinho, e para isso contou com a ajudade alguns aliados: os integralistas. Oplano Cohen surgiu no interior da AIB,

e foi parar em suas mãos “por acaso”.Getúlio havia prometido aos seus alia-dos certos benefícios quando assumisseo governo, mas não cumpriu com elesquando deu o golpe. Isso acabaria lhecustando mais uma revolta, o LevanteIntegralista.

Nessa nova fase do governo, Vargasmanteve o caminho que vinha seguindoanteriormente, sem muitas mudanças.Uma mudança importante foi uma mai-or dedicação as Forças Armadas, suaprofissionalização, a compra de novosarmamentos e o afastamento dos milita-res da política. Mas não só os militarescomo todo o serviço público: em 1938,

Vargas criou o Departamento Adminis-trativo do Serviço Público (DASP), ór-gão responsável pela boa administraçãoda máquina pública.

Durante o Estado Novo houve umaumento do controle do Estado sobre apopulação, principalmente sobre os sin-dicatos. O controle estatal sobre a eco-

nomia era forte e influente. O capitalestrangeiro cada vez mais chegava aopaís e contribuía para o desenvolvimen-to local.

Porém no âmbito da política externahavia um problema. A Segunda Guerrarolava solta na Europa, e embora Getú-lio demonstrasse certa simpatia aos paí-ses do Eixo, ele sabia que não poderia sealiar a eles. Mas enquanto se manteveneutro, soube tirar proveito dos dois la-dos. Tendo que se decidir por qual lado

aderir, acabou por se juntar aos Aliados,em 1942, e depois de ver submarinosalemães torpedearem navios brasileiros,foi obrigado a declarar guerra contra oEixo. O Brasil entrava na SegundaGuerra Mundial.

O Estado Novo garantiu a Getúliomais oito anos no poder, que somados amais sete anteriores dariam quinze anosininterruptos como chefe de governo.Em 1945, diante de situações tão anta-

gônicas entre a liberdade e a democraciaque o Brasil defendia na Segunda Guer-ra e a ditadura que se vivia no país defato, a população começou a pressionar,e Getúlio começou a se ver obrigado aceder direitos políticos, assim como o-brigado a deixar o governo. Mesmo di-zendo que passaria o cargo em breve, elenão demonstrava tanta clareza assim,principalmente em algumas ações umtanto “turvas” de sua parte.

Foi então que, para evitar que Getú-

lio boicotasse o processo eleitoral a fimde permanecer no poder, em 29 de outu-bro de 1945 os militares chefiados peloministro da Guerra general Góes Mon-teiro depuseram Getúlio, em uma grandemobilização armada. Vargas renunciouao cargo e quem assumiu interinamentea presidência foi o presidente do Supre-mo Tribunal Federal, José Linhares. Ge-túlio voltou para São Borja, mas nãodeixou a política. Muito mais havia deacontecer na vida daquele que seria o

maior estadista que o Brasil já teve.

O retornoDeposto, Vargas se candidatou para aseleições constituintes como senador pelo

Rio Grande do Sul e foi eleito. Detalhe:ele também se candidatou como senadorpor São Paulo, e deputado federal peloDistrito Federal e mais seis estados. Pordecisão da Assembléia Constituinte de-veria ser diplomado como senador peloRio Grande do Sul. Mas Getúlio nãocompareceu ao Congresso nos primeiros

meses, só aparecendo em junho, depoisdo anteprojeto ter sido encaminhado aoplenário para votação.

Seu retorno à política foi conturba-do, e sua posse foi motivo de discussãoem favor da condenação do Estado No-vo. Mas não passou muito tempo naAssembléia, e não estava lá no momen-to da promulgação da nova Constitui-ção. Somente no final de 1946 que Ge-túlio assumiria seu cargo como senadoreletivo, não mais constituinte. Apesarde não ser o congressista mais atuante,era o mais visado, e o ambiente que ocercava era tão duro e pesado à ele quepor várias vezes teve que pedir licença ese ausentar do cargo. Mesmo assim nãoficaria por muito tempo como senador.

Em 1950 a candidatura de GetúlioVargas à presidência da República foilançada. Seu principal adversário foi obrigadeiro Eduardo Gomes, que na épo-ca era filiado à União Democrática Na-

cional (UDN). Sua campanha foi deforte apelo popular, e tratou de temasbem relevantes ao povo. Conseguiumaioria dos votos e foi eleito presidenteem outubro, tomando posse em janeirode 1951.

Ao assumir, Getúlio criou um minis-tério onde todas as forças políticas esta-vam representadas, inclusive a UDN.Mas desde o começo seu governo semostrou polarizado, e com uma oposi-ção bem forte. Seu programa reformista

não encontrou muito apoio, e sem forçapolítica, recorreu aos trabalhadores, quepor sua vez não estavam organizadossuficientemente para apoiá-lo.

A política de Vargas nessa nova fasese tornou bastante nacionalista, princi-palmente no plano econômico. O mode-lo de desenvolvimento continuava base-ado em uma constante industrialização emodernização do Brasil. O governo bus-cava tanto atender às demandas popula-res quanto ao crescimento econômico,

além de favorecer a classe política que oajudava.

O capital estrangeiro era bem vindo,mas Getúlio passou a criticar como asempresas multinacionais repassavam as

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“O petróleo é nosso”No começo de seu governo em 1930, Vargasdizia abertamente que no Brasil não havia pe-tróleo. Foi pressionado, acusado de preservar

interesses de empresas estrangeiras, e só assimpara ser criado o Conselho Nacional de Petró-leo, responsável pela investigação de campospotencialmente produtores. Em 1938 com aexploração de um poço na Bahia é descobertoo tão desejado mineral, e em 1941 é descober-to o Campo de Candeias, o primeiro a produzirpetróleo de fato. Só em 1953 que o Brasil vai

ter uma empresa cem por cento nacional pro-dutora de petróleo, a Petrobrás.

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altas margens de lucro para o exterior.Para acabar com isso foi criada uma leique limitava a remessa dos lucros emapenas dez por cento. Isso irritou osinvestidores estrangeiros, e por algumtempo o capital investido foi reduzido.

Outra grande preocupação desse go-verno era a criação de rodovias que in-

terligassem todos os estados da federa-ção. Para isso foi criado o Fundo Rodo-viário Nacional, cujo objetivo era au-mentar a malha rodoviária do país. Ou-tros órgãos e empresas importantes fo-ram criados, como o Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e a Petro-brás. No plano econômico, trabalhava-se muito para conter a inflação e o défi-cit no balanço de pagamentos, que ele-vavam o custo de vida do brasileiro. Asmedidas econômicas também visavam

um protecionismo industrial, aprovei-tando o câmbio. Comprar produtos im-portados estava saindo caro, e os nacio-nais estavam mais em conta.

O fim de uma eraCada vez mais a UDN endurecia a suaoposição, e negava-se a qualquer apro-ximação com Vargas, alegando que eleestimulava a luta de classes e que prepa-rava a implantação de uma ditadura no

país.Uma reforma ministerial feita porGetúlio em junho de 1953 acabou sendoconsiderada uma tendência para a es-querda, o que não era verdade. A maiorparte dos ministros não sustentava umaradicalização política. Com a nomeaçãode João Goulart para ministro do Traba-lho, gerou-se muita desconfiança nomeio político, militar e econômico. Umdos pontos mais polêmicos de Goulartcomo ministro foi uma proposta de au-

mentar o salário mínimo em cem porcento. Essa e mais outras medidas ado-tadas eram vistas com receio pelos libe-rais, que consideravam uma“esquerdização” do país, mas bem vis-tas pelo povo, que passava por proble-mas com a inflação.

Essa mudança política nos ministé-rios tinha o objetivo de combater a opo-sição, aproximar os setores mais conser-vadores e combater a inflação, que afas-tava cada vez mais o povo do seu presi-dente. Mas a crise política já estava emandamento, e a desconfiança com o go-verno aumentava, principalmente emrelação aos militares. A oposição queria

que Vargas renunciasse, como forma de“pacificar” a nação. Ou isso ou um pro-cesso de impeachment .

Os militares estavam desgostososcom o governo e em fevereiro de 1954foi entregue ao ministro da Guerra ummanifesto assinado por 48 coronéis e 39tenentes-coronéis, se exprimia o des-

contentamento das forças armadas. Paracontrolar a situação, Getúlio nomeouZenóbio da Costa para o Ministério daGuerra. João Goulart também não resis-tiria às pressões e renunciaria o cargo.

Mesmo com a Saída de Goulart doministério do trabalho, no dia primeirode maio Getúlio concedeu o aumento dosalário mínimo, e pediu aos trabalhado-res que se organizassem em defesa dogoverno. A oposição caiu em cima, ale-gando que o aumento salarial era infla-

cionário e demagógico. Foi então que aoposição apresentou ao Congresso umpedido de impeachment do presidente.

Mas os problemas de Getúlio esta-vam só começando. Um atentado ocor-rido na madrugada de cinco de agostocontra o jornalista e principal opositorde Vargas, o senhor Carlos Lacerda,acabou não dando muito certo. Lacerdasaiu ferido, e de todos que estavam comele na hora do atentado, o major-aviador

Rubens Vaz morreu.A Aeronáutica começou a investigare buscar o criminoso, que acabou sendoidentificado. O sujeito assumiu ter liga-ção com a guarda pessoal do presidente,e isso acarretou uma crise política semigual para Vargas. Ele dissolveu suaguarda, além de abrir o Catete para in-vestigações policiais, que foram respon-sáveis pela descoberta de várias irregu-laridades, resultando na prisão de váriosguardas pessoais de Getúlio. Havia “um

mar de lama” correndo por baixo dospanos no Palácio do Catete.A pressão só aumentou, principal-

mente por parte das Forças Armadas,que exigiam a sua renúncia. Na noite de23 de agosto, Getúlio reuniu o seu mi-nistério e concordou em se licenciar atéque fossem apuradas todas as investiga-ções sobre o assassinato do major Vaz,mas o Exército manteve a exigência darenúncia do presidente.

Desgastado por toda aquela situação,

Vargas deu o seu último passo políticoem sua vida. Na madrugada do dia 24,por volta das sete horas da manhã, Ge-túlio se suicidou com um tiro no peito, edeixava à uma “nação de órfãos” duas

cartas-testamento, uma manuscrita e aoutra datilografada. Chegava ao fimtoda a crise política, daquele jeito, coma morte do maior presidente do Brasil.Para o choque da oposição e comoçãogeral da nação.

E agora Getúlio?

Hoje, passados três dias da morte deGetúlio Vargas, podemos ver o reflexode seu ato sobre a população. Mobiliza-ções gigantescas, com milhares de pes-soas, principalmente trabalhadores epessoas humildes, unidos em homena-gem ao grande estadista. As principaisruas das cidades estão lotadas. Nos mei-os políticos, nos quartéis, no Congresso,se discute o que será da política nacio-nal. O golpe militar que antes era imi-

nente agora já não se torna sustentável.Se os militares quiserem dar um golpede estado terão que esperar um outromomento. Até por que quem deve assu-mir é o vice, Café Filho, que já vinhademonstrando simpatia à oposição, esupõe-se que até já estivesse negocian-do assumir o cargo de presidente casoGetúlio renunciasse.

A oposição tomou um duro golpe.Getúlio, que antes era visto como culpa-do pela crise passou a ser visto como

vítima, e a comoção era tanta que a po-pulação repudiava qualquer um que ti-vesse se oposto ao ex-presidente. Tantoque jornais do O Globo, um dos jornaisoposicionistas ao ex-presidente, foramqueimados em manifestações em home-nagem à Getúlio. A UDN não tem sidomuito bem vista pela população, e tudoindica que não será de lá que sairão ospróximos presidentes do Brasil.

Parece que há uma nuvem negra pai-rando sobre a política nacional. Talvez a

pergunta mais oportuna a ser feita agoraé o que será do Brasil agora, com a mor-te de Getúlio Vargas? Vamos ter maisdias conturbados em nosso país? A situ-ação agora é delicada, e tudo indica queas conseqüências serão sentidas pormuitos anos. O jeito é esperar e ver oque acontece daqui para a frente. Sóassim será possível fazer uma boa avali-ação desse período. Certamente umacoisa é fato: Getúlio Vargas saiu da vidapara entrar para a história.

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“Só morto sairei do Catete”Em 1954, Getúlio não agüentou a pressão política pela qual passava: desesperado, a forma que en-controu para livrar-se da pressão foi a mais drástica possível. Com um tiro no peito, Getúlio se suici-dou, finalizando uma era marcada por grandes mudanças e evoluções.

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Criado no interior da Ação Integralista Brasileira, o Plano Cohen tinhafins didáticos, mas acabou sendo utilizado para outra finalidade. E ga-rantiu a Getúlio Vargas mais sete anos no poder.

Por Leonardo Costa Scott 

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O início do golpeGetúlio Vargas divulga a nova Constituição no pro-grama de rádio “A Hora do Brasil”, no dia 10 de no-vembro de 1937 .

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uando Olympio Mourão Filhoescreveu o Plano Cohen com cer-

teza não imaginava a proporção queseu trabalho tomaria. O militar mem-bro do Estado Maior e também mem-bro do Serviço Secreto da Ação Inte-gralista Brasileira (AIB), elaborou umplano a pedido de Plínio Salgado, lí-

der da AIB, e que simulava um ataquecomunista em uma tentativa de derru-bar o então presidente Getúlio Vargase tomar o poder.

O trabalho tinha fins somente paraestudo, mas durante uma conversa deOlympio com o general Álvaro Mari-ante, Olympio apresentou o documen-to ao amigo. Foi então que Marianteresolveu mostrar o documento ao ge-neral Góes Monteiro. O plano acabouindo parar nas mãos do próprio presi-

dente.Getúlio já estava a sete anos no

poder, e procurava um motivo qual-quer para adiar as eleições presidenci-ais que ocorreriam próximo do fim doano. Como a Intentona Comunistatinha sido descoberta em novembro de1935 e eles já estavam em 1937, nãohavia justificativa para usá-la comodesculpa para um golpe de Estado.Em contrapartida havia um medo pai-

rando no ar, um receio de que os co-munistas tentassem outro levante. Oplano havia chegado em boa hora.

O plano foi divulgado no dia 30 desetembro de 1937, em cadeia nacionalde rádio, durante o programa “A horado Brasil”. Nele haviam planejadasações de grande violência, entre elas oseqüestro e assassinato de autoridadespolíticas, o que quebraria o sistemapolítico vigente.

A divulgação deu o motivo que

Vargas queria para continuar no po-der. Para intimidar os Estados da fe-

deração, o ministério aprovou umaintervenção federal nas forças públi-cas estaduais, aumentando assim ocontrole do presidente sobre o país.

Para concretizar sua perpetuaçãono poder, Vargas declarou Estado deGuerra, alegando ser uma guerra con-tra a “ameaça vermelha”. Sua declara-

ção foi aceita no Congresso no dia 1ºde outubro, mesmo com alguma opo-sição dos liberais. Todos aqueles quefossem contra o governo incluindo osque defendiam a democracia tiveramque fugir o quanto antes do país paranão serem presos. Nesse momento jáhavia começado a “caça aos comunis-tas”.

A campanha presidencial entreJosé Américo de Almeida, Armandode Sales Oliveira, e mais tardiamente

por Plínio Salgado fora deixada delado. Armando Sales tentou dialogarcom os militares, na tentativa de evi-tar um golpe, mas foi inútil. No dia 10de novembro, com o apoio de lideran-ças políticas, Getúlio ordenou o cercoe fechamento do Congresso Nacional,ordem acatada pelos militares.

Nesse mesmo dia houve a divulga-ção de uma nova Constituição, elabo-rada pelo jurista Francisco de Cam-

pos. Há suspeitas de que o golpe jávinha sendo cogitado, até por que anova Carta Magna havia sido feita umano antes do golpe. As principais mu-danças constitucionais eram a institui-ção da pena de morte para crimes bár-baros ou contra o Estado, a subordina-ção dos poderes em detrimento dofortalecimento do Governo Federal ea prisão e exílio para os opositores doregime. Tal Carta Magna havia sidofeita inspirada na Constituição da Po-

lônia, e ela abriu caminho para umaforma autoritária de governo. Iniciava

-se o Estado Novo.

RevoltasEssa nova fase política começou semmuita oposição. Após anos de propa-gandas anti-comunistas feitas pelogoverno e por adeptos do integralis-mo, e com o exemplo da instabilidade

política gerada com a Intentona Co-munista, havia um medo comum aopovo brasileiro de uma revolução so-cialista no país. A oposição estavaenfraquecida, principalmente por queo único governador que poderia criaruma resistência armada ao presidente,Armando Sales, havia renunciado aogoverno de São Paulo em 29 de de-zembro de 1936, para poder concorreràs eleições presidenciais. Diante disso

Vargas tomou o poder com plena a-ceitação popular. Só havia um impre-visto: o governador do Estado do RioGrande do Sul, Flores da Cunha.

Liberal, Flores da Cunha havialutado com Getúlio na Revolução de1930, e inclusive tendo sido nomeadocomo interventor federal no estado.Porém discordava do golpe, e se opôsao presidente. Mas a sua resistêncianão durou muito tempo, e se exilou noUruguai, antes mesmo da promulga-

ção da nova Carta Magna.Mas outro conflito, mais sério, es-tava para ser travado desta vez com osintegralistas. Getúlio sempre fora alia-do da AIB, desde a sua fundação, ehavia prometido ao líder do partidoum cargo como ministro da educação.Prometeu também que o partido teriauma posição de destaque em seu go-verno. Porém ao assumir o comandodurante o golpe Vargas não benefi-ciou a AIB, desprezando o apoio dado

pelo grupo.

Q

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O fim do CongressoO fechamento do Congresso e a nova Constituição consolida-ram o golpe dado por Vargas. A nova Carta Magna ficou conhe-cida popularmente como “A Polaca”, justamente por ter sidoinspirada nas leis polonesas. Mas havia também um outro moti-vo, mais pejorativo: polaca também era como se chamavam asmulheres imigrantes da Polônia, que por não terem emprego enem como manter sua família, se prostituíam.

Durante o Estado Novo Getúlio aboliu os símbolos regionais,conforme está expresso no artigo segundo da nova Constitui-ção:

“A bandeira, o hino, o escudo e as armas nacionais são de uso obrigatório em todo o País. Não haverá outras bandeiras, hinos,

escudos e armas. A lei regulará o uso dos símbolos nacionais.” 

Em cadeia nacional, Getúlio justifica o golpe, alegando seruma atitude necessária: 

"O homem de Estado, quando as circunstâncias impõem uma deci- são excepcional, de amplas repercussões e profundos efeitos na vida do país, não pode fugir ao dever de tomá-la [...]" 

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O Vargas traidorO Levante Integralista foi uma resposta da AIB a traição de Vargas.

Membros do partido se sentiram usa-dos, meros instrumentos de Vargaspara tomar o poder. Logo a revoltacresceu, principalmente depois doDecreto-Lei nº 37, de 02 de dezembrode 1937, que proibia a organização departidos políticos. A partir daí váriosconfrontos foram travados com osintegralistas, e estes passaram então aorganizar um golpe contra o traidor:nascia assim o Levante Integralista.

O plano seria executado na madru-gada do dia 11 de maio de 1938, po-rém já no dia 10 os revoltosos anda-

vam pelos arredores do Palácio deGuanabara, o que causou estranha-mento por parte dos policiais do go-verno. O alarme foi dado, e naquelemesmo dia os policiais começaram aagir, prendendo os revoltosos. Cercade 80 integralistas conseguiram inva-dir o palácio, mas a ação foi frustradapela polícia e pela resistência de Var-

gas e sua família, que reagiram aoataque. O resultado final deu em cercade 1500 integralistas foram presos,alguns foram mortos, e o líder PlínioSalgado exilado em Portugal.

O Estado NovoO golpe dado por Getúlio passou a serchamado de Estado Novo, inspiradona ditadura de António Salazar, emPortugal. Vargas tinha então todo ocontrole da União, e lhe era atribuídoo poder de nomear interventores paracada estado da federação. Cada inter-ventor tinha plena autonomia para

tomar decisões.Apesar de a Constituição de 1937prever um poder legislativo, não hou-ve nenhuma eleição para parlamenta-

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res. Também eles não se faziam ne-cessários: as leis passaram a ser feitassob forma de Decreto-Lei, instituídaspelo próprio presidente. Mas segundoo mesmo jurista que escreveu a Cons-tituição, o maior erro de Getúlio Var-gas foi não ter instaurado um poderlegislativo, e nem se legitimado presi-

dente em uma eleição.O governo passou a adotar uma

fortíssima política de propaganda, queera coordenada pelo DIP, Departa-mento de Imprensa e Propaganda,criado em 1939, mas que havia herda-do a estrutura do Departamento Ofici-al de Propaganda. O DIP tinha umpapel essencial ao governo de Vargas,uma vez que ele era o responsávelpela imagem do presidente perante opaís. O órgão era dirigido pelo jorna-

lista Lourival Fontes, e suas atribui-ções iam desde fazer propaganda dogoverno até censurar qualquer formade comunicação, desde jornais atépeças de teatro.

Muitas pessoas importantes forampresas durante esse período histórico.Entre eles o líder comunista Luís Car-los Prestes, que ficou preso durantetodo o Estado Novo, mas não somentecomunistas: escritores como Monteiro

Lobato e Graciliano Ramos forampresos também. Para muitos presos ascondições eram precárias, e muitasdas prisões, ilegais, já que em várioscasos não havia processo judicial ouacusação formal.

A produção de petróleo no Brasilainda não fazia parte da realidade bra-sileira, até por que o governo dependi-a de capital estrangeiro, e não interes-sava às multinacionais ter o nosso paíscomo produtor de petróleo. Por isso

era sustentada a farsa de que no Brasilnão havia petróleo. Mas mesmo assimfoi criado em 1939 o Conselho Nacio-nal de Petróleo, que definiria a políti-ca petrolífera no país.

Culturalmente falando, durante oEstado Novo houve uma busca pelaidentidade nacional. Isso também sereflete na campanha do governo deintegrar os imigrantes a cultura brasi-leira, que era até uma forma de au-mentar o controle sobre eles. Essa

política de integração cultural foi umdos principais objetivos do Serviço doPatrimônio Histórico e Artístico Na-cional, órgão criado pelo presidente, e

que contou com o trabalho e auxíliode vários intelectuais e pessoas impor-tantes, entre eles o poeta Mário deAndrade e o arquiteto Lúcio da Costa.

Foi no SPHAN onde se cunhou aideia de que a cultura brasileira écomposta da mistura das três raças, eque depois de muito tempo de misci-

genação acabou sendo gerada umacultura única. Tal objetivo vinha afavorecer Vargas e a sua política deunificação da pátria.

Durante o Estado Novo houve umagrande preocupação com o serviçopúblico, que passou a ser profissiona-lizado. Diferente da República Velha,o governo se preocupou com a buro-cratização, e criou leis que regulassemos assuntos que até então eram deixa-dos de lado por outros governantes.

As principais leis criadas foram o Có-digo Penal e o Código de ProcessoPenal Brasileiro.

A Consolidação das Leis do Traba-lho é um caso a parte, pois mais doque isso reflete uma grande artimanhapolítica do presidente. Por muitos tra-balhadores considerada um presente,ela nada mais é do que a oficializaçãoe conquista de muitos trabalhadoresque lutaram por seus direitos, e já vi-

nham conseguindo avanços na políticatrabalhista. Mas entre os benefíciosconcedidos pelas novas leis estavam acarteira de trabalho, a Justiça do Tra-balho e a estabilidade empregatíciapor tempo de serviço.

Várias instituições como o Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatísti-ca foram valorizadas, e outras tão im-portantes foram criadas. Entre elas aFundação Getúlio Vargas, que foi cri-ada com o objetivo de profissionalizar

pessoas para a administração públicae privada do Brasil.Nesse período foram criadas tam-

bém empresas estatais importantes,como a Companhia Siderúrgica Na-cional, a Companhia Vale do Rio Do-ce, a Companhia Hidrelétrica do SãoFrancisco e a Fábrica Nacional deMotores, todas em setores de grandeimportância para a economia nacio-nal.

Outros fatos relevantes da época fo-

ram a criação do Cruzeiro, moeda já idea-lizada por Getúlio antes de assumir o go-verno, a reforma ortográfica, que visavasimplificar a ortografia, e a estrada Rio-Bahia, sendo a primeira rodovia a ligar o

nordeste a região centro-sul do país. 

A guerraNo começo do Estado Novo GetúlioVargas demonstrava simpatia comregimes fascistas. Havia até boas rela-ções comerciais com a Alemanha ecom a Itália, como o acordo de com-

pra de submarinos italianos em trocade algodão e outros produtos brasilei-ros. O próprio integralismo era umaforma abrasileirada de fascismo. Po-rém, como bom político, quando aSegunda Guerra começou Getúliomanteve-se neutro, sem assumir umaposição, o que se manteve até o iníciode 1942.

Mesmo nutrindo grande simpatiapelas “nações fortes”, Vargas jamais

se aliaria a eles em uma guerra. Seriauma tremenda loucura, uma vez quedo lado oposto estaria os Estados Uni-dos, o “vizinho rico do norte”. Os EU-A não teriam dúvidas quanto a invadiro país e tomar portos e grandes regi-ões estratégicas do nordeste. Já haviaaté um plano pronto, caso não houves-se acordo diplomático favorável entreos dois países.

No início de 1942, em uma confe-rência dos países sul-americanos, con-

denaram-se os ataques japoneses eficou decidido que haveria um rompi-mento com os países do Eixo. Essamedia não agradou muito a Getúlio.

Logo após romper relações com ospaíses do Eixo, navios mercantes bra-sileiros foram atacados por submari-nos alemães. Diante de tal medida, nodia 31 de agosto foi declarada guerracontra a Alemanha e a Itália.

Antes o Brasil que só fornecia ma-téria-prima para suprir as necessida-

des dos países aliados, passou tambéma enviar tropas para a guerra. Isso sóocorreu depois da visita do presidenteamericano Franklin Roosevelt ao Bra-sil, em uma conferência em Natal. Láocorreram os primeiros acordos deapoio. Desses acordos viria a ser cria-da a Força Expedicionária Brasileira.

O país não estava preparado parauma guerra daquele porte, e houvedemora e hesitação do governo emenviar tropas. Isso tudo gerou o co-mentário de que “seria mais fácil umacobra fumar do que o Brasil entrar naguerra”. Mas aconteceu, e a cobrafumou.

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Foram enviados a guerra cerca de 25mil homens, que ficaram conhecidoscomo “pracinhas”. O total estimadoinicialmente era de 200 mil homens, eas tropas só foram enviadas em julhode 1944, para lutar na Itália.

A quedaMas a participação na guerra trouxetambém uma incoerência ideológica.

Como o Brasil poderia estar lutandopela democracia mundial, com demo-cracias mundiais se ele mesmo nãovivia a democracia?

Em 1943, revoltados com o regime,um grupo de advogados fazem o pri-meiro protesto contra o governo. Oprotesto conhecido como Manifestodos Mineiros foi uma carta aberta, pu-blicada no dia 24 de outubro, justa-mente no aniversário da revolução de1930.

A medida que a guerra ia chegandoao fim, as pressões por redemocratiza-ção aumentavam. Em 22 de fevereirode 1945 é publicada uma entrevista

com José Américo de Almeida a Car-los Lacerda, no jornal “Correio da ma-nhã”. Isto foi um marco no Estado No-vo, representando o fim da censura àimprensa.

Várias medidas de redemocratiza-ção foram tomadas, como a definiçãode uma data para as eleições presiden-ciais, a concessão de anistia a presospolíticos como Carlos Prestes, a liber-

dade de organização de partidos políti-cos e a promessa de organizar uma As-sembléia Nacional Constituinte. Masmesmo assim a pressão para que Getú-lio renunciasse ao governo permanecia.

Nessas circunstâncias surgiu o Que-remismo, movimento com a finalidadede garantir a permanência de Vargasno poder, pelo menos até a criação danova Constituição.

No final de outubro, Vargas tentousubstituir o chefe da Polícia do Distrito

Federal por seu irmão Benjamin Var-gas, o que foi considerado pelos milita-res uma das medidas para a permanên-cia do então presidente no poder.

A deposição veio em 29 de outubro,pelos militares, sendo liderados pelogeneral Góes Monteiro. Só então re-nunciou formalmente ao cargo. Comonão havia vice-presidente, presidenteda Câmara dos Deputados ou Presiden-te do Senado, quem assumiu a presi-dência foi o presidente do SupremoTribunal Federal José Linhares. Este sóficou três meses no poder, passando a

chefia ao presidente eleito em 2 de de-zembro de 1945, Eurico Gaspar Dutra.E a farsa do plano Cohen? Só em

1945 que algumas autoridades milita-res confessaram a farsa do documento.Mourão Filho levaria anos tentandolimpar seu nome dessa mancha em suahistória.

O pai dos pobresGetúlio dava muito trabalho ao pessoal do DIP. O pai dos pobres é uma referência bíblica, e foidado ao presidente pelo Departamento, sendo logo popularizado.

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Acima, movimento de trabalhadoressaúdam Vargas. Esse tipo de mobiliza-ção era comum, uma vez que o presi-dente era popular entre o povo. Ao la-do, Getúlio passeia com o presidenteamericano Franklin Delano Roosevelt,

em Natal. A região foi estratégica du-rante a Segunda Guerra Mundial.

O Vargas é pop

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Os fatos sugerem que os próximos anos serão tempos difíceis. As duas mai-ores potências do mundo estão em uma guerra velada. Com a situação atualentre Estados Unidos e URSS, analistas confirmam: o mundo irá se partir emdois.

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Por Gustavo Davi

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O Tio Sam quer você...A maior potência capitalista dos últimos anos, os Estados Unidos da Amé-rica têm buscado fortalecer as suas relações diplomáticas com outros paí-

ses capitalistas e impedir o surgimento de outros países comunistas.

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mundo está em crise. O medo deuma grande guerra, muito pior do

que as duas grandes guerras anterio-res, paira no ar. E é mais do que umaguerra armada, um confronto bélico: éuma disputa ideológica inconciliável.

De um lado está os Estados Unidosda América, como o maior represen-

tante do capitalismo. Com ele estão aInglaterra, França, Bélgica, Suíça,Espanha, Portugal e todos os outrospaíses que tem como base da socieda-de o consumo e suas relações com otrabalho humano. Todos juntos carac-terizam um bloco que os especialistaschamam de “primeiro mundo”.

Do outro lado se encontra a Uniãodas Repúblicas Socialistas Soviéticas,como a maior representante do comu-nismo. Vários países vêm se alinhan-

do a essa potência, como conseqüên-cia de revoluções e golpes de adeptosdo socialismo. Com a URSS estão aAlemanha Oriental, a China e a recen-te Coréia do Norte. Este é o que cha-mam de “segundo mundo”.

Uma “guerra fria”Cientistas políticos avaliam que estasituação que estamos vivendo podemdurar anos, caracterizando uma era

que poderá ser chamada daqui há al-guns anos de “Guerra Fria”. Isso porque os Estados Unidos e a União So-viética não se colocariam em confron-to direto. O motivo? É arriscado de-mais para duas superpotências quepossuem armas atômicas. Isso poderialevar o mundo a uma guerra sem pre-

cedentes, pondo em risco a humanida-de inteira.

Então como ganhar uma guerra senão há choque direto? O jeito seráadotar manobras políticas de“sufocamento”, a fim de desestruturaro oponente e levá-lo a “quebrar”. Naprática seria impedindo que o país

aumente sua influência, ganhe adeptosde seu regime, e expanda as suas fron-teiras. Tudo isso levando o seu opo-nente a exaustão, depois de gastosgigantescos com armamentos e desen-volvimento de tecnologia.

Para impedir que outros países a-dotem a ideologia do adversário, amedida mais comum tem sido financi-ar movimentos adeptos da sua própriaideologia. Isso tanto os Estados Uni-dos quanto a União Soviética tem fei-

to, e há muito tempo.Enquanto a URSS financia e pla-

neja levantes comunistas em toda par-te do planeta, os Estados Unidos pre-ferem dar apoio financeiro e militar aestados fortes, muitos sob um governomilitar.

Como tudo começouA ascensão do comunismo começouem 1917 com a Revolução Russa. Du-

rante essa revolução de caráter políti-co-social que depôs o regime czarista,os comunistas liderados pelos bolche-viques tomaram o poder da Rússia ecriaram um governo de ideologia so-cialista.

Desde esse ano já havia uma opo-sição entre as duas ideologias, e essa

oposição se tornou mais forte com ocrescimento do número de adeptos docomunismo em outros países. Paracombatê-lo os capitalistas precisaramadotar uma política mais firme, e ou-tras ideologias de oposição surgiram,entre elas o fascismo italiano e o na-zismo alemão. Essas duas foram res-

ponsáveis pela guerra mais terrívelque a humanidade já teve: a SegundaGuerra Mundial.

Essa guerra destruiu a Europa, masserviu para lançar a Rússia, então jáURSS, como uma superpotência mun-dial, e para acabar com o desejo dasideologias contrárias: o comunismo iade vento em popa. Tanto que o conti-nente europeu estava ocupado porexércitos das duas grandes potências:Estados Unidos e União Soviética.

Mas desde aquela época a superio-ridade americana já era notória nesseconflito: com um Produto InternoBruto equivalente à metade do mundi-al, dois terços de todo ouro no mundo,mais da metade da capacidade de pro-dução de bens industrializados e tam-bém da extração de petróleo. As for-ças armadas americanas nem podiamser comparadas com as soviéticas: osestadunidenses possuíam a maior frota

de navios militares e aviões de ataquee espionagem do mundo. E eles ocu-pavam as áreas mais ricas do conti-nente invadido.

A polarização do mundo já estavaclara, e a maior evidência disto foi adivisão da Alemanha em quatro, eposteriormente em duas: a República

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... E os comunistas também!A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas também estão em busca de“camaradas” que queiram aderir ao comunismo. Estratégias incluem patro-cínio de partidos e movimentos comunistas em diversos países. É o iníciode uma longa época...

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Sem conflitos diretosUm conflito direto entre Estados Unidos e União Soviética poderia le-var o mundo a uma guerra nuclear. Para evitar isso os dois tem adota-do táticas veladas de guerra. Melhor para o mundo.

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Federativa da Alemanha, capitalista, ea República Democrática Alemã soci-alista.

O Plano MarshallCom o término da guerra vários países

precisaram reerguer sua economia,que estava acabada. Como forma deimpedir revoluções de caráter comu-nista nos países da Europa ocidental osecretário de Estado dos Estados Uni-dos, George Marshall propôs um pla-no econômico onde seria emprestadodinheiro aos países para que estes pu-dessem se reconstruir. Os principaispaíses foram os do Reino Unido,França e a República Federativa daAlemanha.

Em contrapartida, a URSS tambémcriou um plano de ajuda econômica, oConselho para Assistência EconômicaMútua ou COMECON. Isto serviu

para manter os países aliados a UniãoSoviética a se manterem aliados, semdemonstrar interesse no plano de de-senvolvimento econômico apresenta-do pelos EUA, a esta altura já conhe-cido como Plano Marshall.

Uma corrida armamentistaA maior conseqüência desse conflito temsido uma corrida em busca do desenvolvi-mento e sofisticação de armas. São avi-ões, submarinos, navios de guerra e mís-seis balísticos sendo desenvolvidos e a-perfeiçoados. As armas químicas que atéentão eram novidade desde a PrimeiraGuerra Mundial foram utilizadas em largaescala durante a Segunda Guerra, e estãosendo desenvolvidas em grande quantida-de. Outra novidade são as armas biológi-cas, que chegaram a ser testadas.

Mas o maior temor é quanto ao desen-volvimento de armas atômicas. Poucodepois dos soviéticos terem desenvolvido

a sua primeira bomba de fissão nuclear, osamericanos conseguiram desenvolveroutra arma atômica com potencial destru-tivo muito maior do que a anterior: abomba de hidrogênio. Esta arma se valeda fusão nuclear, fundindo átomos dehidrogênio e liberando centenas de vezes

mais energia do que as armas atômicas dageração anterior. No ano passado os sovi-éticos conseguiram construir uma bombade hidrogênio, obtendo informações comespiões e físicos disposto a vender o quesabiam sobre as armas.

Tudo isso é movido por um receio, ummedo de que o rival consiga ser mais fortee bem armado, o que geraria um deswqui-líbrio de forças. Para isso os dois paísesdesenvolvem tecnologias, muitas delasimpensáveis até pouco tempo atrás.

Estamos vivendo tempos de guerra, e

a única coisa que nos resta é esperar e veraonde tudo isso irá nos levar. E que nessaguerra vença o melhor.

O início de um longo períodoEssa nova fase mundial promete se arrastar por anos. O jeito é esperar e ver quem será o vencedor. Quem viver verá.

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Estima-se que cerca de seis milhões de pessoas tenham morde um regime cruel e impiedoso. Apresentamos agora as fot

manidade: Com vo Por Mo

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ido em campos de concentração e extermínio nazistas, obrado crime mais cruel já cometido em toda a história da hu-

ês o holocausto.

Auschwitz: A morte mora ao seu lado

Auschwitz-Birkenau é o nome de um grupo de campos de concentração localizados

no sul da Polônia. Um verdadeiro crime contra a humanidade, várias pessoas erammandadas para cá para serem executadas. Entre todos que eram enviados estavamjudeus, homossexuais, comunistas, deficientes físicos e muitos outros, incluindo a-queles que fossem contra o governo alemão.

 b Cirino

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“O trabalho liberta” Essa frase ficava escrita na entrada do campo de concentração. Auschwitz I foi aberto em20 de maio de 1940, a partir de propriedades do exército polonês. Os primeiros prisioneirosdo campo foram políticos poloneses, e o campo no início foi utilizado para internar membrosda resistência e intelectuais poloneses, mais adiante foram levados para lá também prisio-neiros de guerra da União Soviética, inimigos de guerra e pessoas anti-sociais.

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Vivendo como ratosAs condições de vida eram precárias. Fome, doenças, a exaustão física por causa do trabalhoforçado, tudo isso era parte do cotidiano daqueles que estavam concentrados. Tudo isso ele-vava a quantidade de mortos, sem nem precisar recorrer do cruel sistema de extermínio na-zista. Os que sobreviviam não duravam muito tempo.

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Só um banhoCom tanta gente em um mesmo lugar, os nazistas se depararam com um problema: comomatar tanta gente de forma barata e eficaz? Estava lançada a idéia da criação de câmarasde gás. Para não desesperar aqueles que estavam para ser executados, os nazistas entrega-

vam sabonetes para os “concentrados”, e diziam que eles deveriam tomar banho. Eram en-tão trancados em uma sala, onde um gás era colocado. Para garantir a morte, cada banhodurava cerca de 45 minutos.

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Os judeus eram obrigados a usar uma estre-la de Davi em suas roupas para que fossemidentificados como tais. Isso permitia a dis-criminação e incentivava o preconceito.Qualquer um que ajudasse um judeu, mes-mo que fosse alemão legítimo seria alvo de

piadas e até mesmo seria tratado comoum.

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(des)Alojados

Ao assumir o poder, os nazistas colocaram em prática uma série de medidas anti-semitas. Aperseguição embora já tivesse começado bem antes agora era oficializada pelo governo.Com a chamada “Questão Final” vários judeus passaram a ser enviados para campos de con-centração, perdendo suas casas e suas posses.

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Sem espaço

De tantas mortes que chegavam a ocorrer diariamente, não havia como enterrar todos oscorpos. Uma forma de se livrar deles era por meio de incineradores ou pilhas onde se ateavafogo, ou então os corpos eram jogados em valas enormes.

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A redação indicaOs livros mais recomendados pela redação

Pela palavra fluida, experiente e carregada de sabedo-ria de Tancredo Neves, surge neste livro um depoi-mento histórico sobre o personagem e o político Ge-

túlio Vargas. Este trabalho, realizado por Valentinada Rocha Lima e Plínio de Abreu Ramos, da Funda-ção Getúlio Vargas, se constitui num precioso docu-mento, não só pelas revelações de Tancredo - o cola-borador e o espectador privilegiado da vida políticade Vargas, - algumas até então inéditas, mas tambémpela oportunidade do registro de uma face fundamen-tal da personalidade de Tancredo Neves: sua clarezaintelectual e sua capacidade de expressar o conheci-mento e a compreensão que tinha da história do Bra-sil. A segunda parte de Tancredo fala de Getúlio a-presenta uma notícia biográfica realizada pelos pes-

quisadores do Cpdoc da Fundação Getúlio Vargas,onde o leitor terá um completo e atualizado levanta-mento da vida política de Tancredo Neves.

Tancredo Fala de GetúlioValentina da Rocha Lima e Plínio de Abreu Ramos.Editora L&PMEdição: 2ISBN: 0Páginas: 128

O Homem que Matou Getúlio Vargas é a biografia criadapor Jô Soares de Dimitri Borja Korozec, anarquista especi-alizado em assassinatos políticos, que tem como diferenci-al, como cita o narrador, "uma propensão natural para acatástrofe", que faz dele sempre o homem certo na horaerrada. Perseverante e astuto, mesmo sendo um"desastrado nato", ele muda de cidade e de país, sempreconvencido de que sua missão é exterminar tiranos. Curio-samente, Dimitri sempre encontra-se no meio de algumacontecimento interessante. Jô Soares constrói um roteirogeográfico para seu assassino e, através dele, conta 40 a-nos de história. Entre história e ficção passam-se 40 anos,de 1914 na Bósnia ate 1954 no Brasil. Mas, na biografiadesse assassino anarquista, um fato e líquido e certo: JôSoares é o arquiteto do riso.

O Homem que Matou Getúlio VargasJô SoaresEditora: Companhia das Letras

ISBN: 9788571648395Páginas: 344

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Essa turma da redação teve um trabalho danado para pesquisar. Foram dias dededicação.

Gostei muito desta revista. Simplesmente ótima! Pe-na que não tenha saído tão perfeito como uma publi-cação oficial, mas tudo bem. As matérias estão óti-mas, e a busca pela fidelidade da informação tambémestá muito boa. Parabéns aos editores!

Que bom que vocês gostaram pessoal! Nossa equipede redação se sente muito feliz com o reconheci-mento do nosso esforço. Foram dias de pesquisa in-tensiva sobre Getúlio Vargas e nós também apren-demos bastante com isso. Esperamos que todos pos-sam aproveitar o conteúdo que nós produzimos.

Puxa vida, muito massa essa revista! Getúlio era ocara. Governar um país por quinze anos seguidos eainda se reeleger? Todo mundo amava ele, e eutambém amaria se ele me desse direito à aposenta-doria, condições mais dignas de trabalho e aumen-

tasse meu salário em 100%. Um grande homem.Gustavo Davi, estudante Maceió - AL

Muito triste as fotos do holocausto. Muita maldadede alguém conseguir fazer aquilo com outras pessoas.Mas os campos de extermínio eram só uma parte detudo. Tinham muito mais coisas iguais aquela portoda a Alemanha. Uma crueldade sem limites.

 Moab Cirino, estudante

 Maceió - AL

Nossa, muito boa esta revista! Obtive muitos conhe-cimentos sobre Getúlio Vargas, sua vida e seu lega-do ao Brasil. Também aprendi bastante sobre aGuerra Fria e conheci coisas que antes eu não sabia.Conhecer sobre essa parta da história me ajudou a

entender muita coisa dos dias de hoje, e foi, particu-larmente, um bom aprendizado. Eliziane Albuquerque, estudante Maceió - AL

Nossa, aprendi bastante sobre Getúlio Vargas. Quemdiria que aquele homem que nasceu no interior doestado do Rio Grande do Sul viria a se tornar umgrande político, e governar por tanto tempo. Ele real-mente era bom naquilo que fazia.

 José Williams, estudante Maceió - AL

Espaço do leitorO nosso feedback e a conclusão do leitor sobre a revista

 Leonardo Scott, estudante Maceió - AL

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