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Qual o Recife que queremos para o futuro? CIDADE RECEBE O PROJETO PORTO LEVE Qual o Recife que queremos para o futuro? CIDADE RECEBE O PROJETO PORTO LEVE TECNOLOGIA E MOBILIDADE A BUSCA PELA CIDADE INTELIGENTE TECNOLOGIA E MOBILIDADE A BUSCA PELA CIDADE INTELIGENTE www.portodigital.org janeiro 2013 | nº 01

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Qual o Recife que queremos para o futuro? CIDADE RECEBE O PROJETO PORTO LEVE

Qual o Recife que queremos para o futuro? CIDADE RECEBE O PROJETO PORTO LEVE

TECNOLOGIAE MOBILIDADE

A BUSCA PELACIDADE INTELIGENTE

TECNOLOGIAE MOBILIDADE

A BUSCA PELACIDADE INTELIGENTE

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R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 3

O Porto Digital ocupa apenas um pedaço da cidade. Uma

parte diminuta, se comparada com outras áreas fisica-

mente muito mais expressivas e densamente habitadas,

mas que carrega um enorme valor simbólico. O Recife

nasceu aqui. Aqui viveu seu apogeu, no ritmo de um dos

portos mais movimentados do continente americano nos

séculos XVII e XVIII. O Bairro do Recife era o ponto de

conexão entre a cidade e o restante do mundo. O mundo

entrava no Brasil pela porta do Recife. A alma recifense é

cosmopolita, e deve este traço ao velho bairro.

Porém, quanto mais a cidade crescia, mais se afastava do

seu centro histórico. A dinâmica econômica do século XX

já não cabia no espaço de antes. E assim o bairro lenta-

mente tornou-se testemunha de sua própria decadência,

anunciada no esvaziamento progressivo de suas ruas, na

degradação de seu casario, no declínio de negócios an-

tes prósperos. A cidade ficou de costas para o bairro. E

o bairro transformou-se em um mero apêndice urbano de

uma cidade que resolveu seguir outros rumos.

Mas, há muita sabedoria entranhada em paralelepípedos

centenários. No apagar das luzes do século algoz, o

bairro reapresentou-se à cidade, vetusto e generoso. O

mundo já não era o mesmo, e a nova economia – a do

conhecimento - tinha outros valores. Lugares históricos,

seus mistérios e significados, a cultura do povo, con-

verteram-se em cenários ideais para um novo modo de

criação de riqueza. O que se observava em outras partes

estava por ocorrer aqui também. Saem os estivadores,

cargas e navios; entram os tecnólogos, bits e a internet:

está criado o Porto Digital, uma nova conexão com a

economia do futuro. E o velho bairro do Recife recon-

ciliou-se com a cidade.

[Sim, mas isto aqui deveria ser um editorial da revista

mobIT! Para quem não sabe, o Porto Digital também

procura pensar a cidade. E pede licença ao bairro para

ocupar suas ruas e transformá-lo em um grande labo-

ratório urbano, espaço de experimentação de novas

tecnologias de mobilidade, sustentabilidade e segurança

para a melhoria do cotidiano da população do Recife.

Esse esforço já está em curso (se chama Porto Leve) e

envolve a implantação de sistema de compartilhamento

de bicicletas e carros elétricos, câmeras inteligentes para

segurança e informação das pessoas. Isso tinha que ser

registrado. Por isso a revista mobIT. Boa leitura!]

EDITORIAL

EXPEDIENTE

É uma publicação do Projeto Porto Leve do Porto Digital,

com distribuição gratuita. Rua do Apolo, 181 - Recife VelhoRecife - PE, Brasil | 81 3419.8000

www.portodigital.org

F R A N C I S C O S A B O YA

presidente do Porto Digital

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L PU

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ÉRIO

P R O J E T O G R Á F I C O E E D I T O R I A L

Multi Comunicação Corporativawww.multicomunicacao.com

C O O R D E N A Ç Ã O G E R A L Patrícia Natuska | DRT/PE 3187

E D I Ç Ã O Teresa Maciel e Patrícia Natuska

D I R E Ç Ã O D E A R T E Daniele Torres

A S S I S T E N T E S D E A R T E Humberto Beltrão, João Lima

e Manu Duarte

F O T O C A PA Sol Pulquério

R E V I S Ã O Consultexto

T I R A G E M 2000 exemplares

R E P O R TA G E N S Mariana Nepomuceno

Marina AndradeEduardo Amorim

SUMÁRIO

8 ALTERNATIVAS PARA OTRANSPORTE PÚBLICO

10 PORTO DIGITAL LANÇAO PORTO LEVE

14 EM DEFESA DASBICICLETAS

16 ITgreen ESTIMULARESPONSABILIDADE

18 MobIT DEBATE MOBILIDADE URBANA

22 TECNOLOGIA MELHORAVIDA NAS CIDADES

22 PORTO NOVO TRANSFORMABAIRRO DO RECIFE

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A força da economia das cidades

provocou a aglomeração da popu-

lação nos espaços urbanos. Porém,

poucas aliam o crescimento popula-

cional a uma urbanização organizada

e planejada. Uma delas é o Recife.

A capital de Pernambuco, assim

como muitas no País, está travada.

Trânsito caótico e problemas de in-

fraestrutura urbana e de segurança

estão entre os principais entraves.

“Existem cidades no Brasil que estão

parando, como São Paulo, Recife,

Salvador”, alerta o coordenador-geral

do programa Cidades Sustentáveis

e coordenador da Rede Nossa São

Paulo, Maurício Broinizi, que defende

a troca de experiências positivas pa-

ra ajudar os municípios a chegarem

mais rapidamente a soluções.

Para Broinizi, é fundamental ainda

a mobilização de cidadãos e gover-

no para debater o tema, união que

já rendeu frutos. “Na Região Norte,

o município de Paragominas, a 300

km de Belém, praticamente resolveu

o problema do desmatamento, con-

tando com a adesão de pecuaristas

e ruralistas que mudaram suas ati-

vidades econômicas porque ‘com-

praram’ a ideia do reflorestamento.

Em João Pessoa, na Paraíba, políti-

cas de preservação de áreas verdes

estão avançando em integração

entre áreas naturais e urbaniza-

das. Temos bons exemplos para

inspirar a melhoria da qualidade de

vida em nossas cidades também na

mobilidade.”

Cidade que se move é cidade inteligente

Busca de soluções para melhorar espaços urbanos tem mobilizado sociedade e instituições

50%

80%dos brasileiros vivemem zona urbana

49 350 milmunicípios habitantes,

ABRIGAM

representam

e detêm

do PIB

das pessoasdo País

60%F

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Em todo o Brasil, seguindo uma

tendência global, cresce o número

de instituições preocupadas com o

futuro das cidades. Para o arquiteto

e consultor de gestão empresarial

Francisco Cunha, um dos motivos

é a percepção de um “mal-estar ur-

bano generalizado”, que tem trazido

consigo um lado positivo: a mobi-

lização intensa e crescente, porém

dispersa, de cidadãos preocupados

com a cidade. No caso do Recife, ele

cita os recentes movimentos Abrace

a Agamenon, Ocupe Estelita e a co-

munidade virtual Direitos Urbanos

como exemplos, mas pondera:

“Precisamos de liderança, de uma

canalização dessas vontades pelo

governo”.

Dentro da proposta de contribuir

com essa transformação do Recife

em uma cidade melhor, socialmente

justa, ambientalmente equilibrada e

economicamente viável, foi criado o

Observatório do Recife. “Estamos

articulados e dialogamos bastante

com outros movimentos, como a Re-

de Nossa São Paulo e o Movimento

Nossa São Luís, cidades que pas-

sam por momentos de emergência

de soluções urbanas”, conta Maria

Amélia Bezerra, uma das voluntárias

da instituição. Esses movimentos se

unem na rede Cidades Sustentáveis

e buscam inspiração em municípios do

Brasil e do exterior que possuam boas

práticas em eixos que contemplam 12

temas, que vão desde saúde e edu-

cação da população ao planejamento

e desenho urbano local.

“Já estamos em diálogo com gestores

de mandatos municipais de 2013 a

2016 e conseguimos a adesão de

180 prefeitos eleitos, a maioria em

cidades com mais de 200 mil habi-

tantes, incluindo capitais, que são

signatários da carta-compromisso

da rede. O documento contém um

programa de metas em prol da sus-

tentabilidade das cidades, englo-

bando 12 eixos e 100 indicadores

básicos de avaliação”, completa

Broinizi.

A democracia na relação entre ci-

dadãos e deles com o Poder Públi-

co, com participação ativa para a

construção das cidades, também é

um ponto fundamental nas cidades

sustentáveis na ótica da urbanista

Amélia Reynaldo. Além de infraestru-

tura em calçadas e arborização, ela

defende que o conceito deve estar

no próprio desenho. “A cidade sus-

tentável tem sua rede básica de

saúde, educação, lazer, recreação,

cultura e esportes dimensionada e

distribuída na proximidade das mora-

dias, enquanto o comércio de vizin-

hança ou proximidade se estende ao

longo dos corredores comerciais que

permeiam os bairros.”

Para Roberto Montezuma, presi-

dente do Conselho de Arquitetura e

Urbanismo de Pernambuco (CAU), a

cidade sustentável não existe porque

a lógica da cidade é que ela seja

global. Porém, argumenta que toda

cidade deve ser um palco controla-

do que trate todo o seu território de

forma planejada, incluindo o público

e o privado no mesmo discurso. “A

cidade deve integrar seus espaços

públicos, investir em transporte,

habitação e educação de quali-

dade, priorizando a inclusão social”,

acrescenta.

“Toda cidade deve ser um palco controlado, incluindo o público e o privado no mesmo discurso”R O B E R T O M O N T E Z U M A

Arquiteto e urbanista

“Numa cidade, a prioridade devia ser o pedestre. Depois o transporte não motorizado, o coletivo e o particular. Não o inverso”F R A N C I S C O C U N H A

Arquiteto e consultor de Gestão Empresarial

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MOBILIZAÇÕES

ORGANIZADAS

observatoriodorecife.org.br

/orecifequeprecisamos

cidadessustentaveis.org.br

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A capital da Colômbia é pioneira na

América Latina na busca de saídas

para a mobilidade urbana e conse-

guiu avançar na solução de graves

problemas sociais, transporte públi-

co e segurança. “A cidade passou

por uma revolução urbana que acon-

teceu em três gestões municipais.

Foi preciso vontade política que en-

volvesse vários setores da sociedade

e forte investimento na parte social,

que se refletiu em mobilidade”, conta

Maria Amélia Bezerra que esteve em

Bogotá em 2011.

A cidade ainda é modelo em efi-

ciência de transporte público com

o Transmillenium, sistema que se

baseia no Bus Rapid Transit (BRT)

criado em Curitiba, na gestão do

arquiteto Jaime Lerner, na década

de 1970, e que será implantado no

Recife. Bogotá conseguiu privilegiar

os espaços públicos e a mobilidade

não motorizada, aumentando as

calçadas, criando ciclovias e ruas

fechadas para pedestres e conquis-

tou a adesão dos cidadãos. Institu-

iu, inclusive, um órgão municipal, a

Secretaria de Mobilidade, para cuidar

de projetos e do monitoramento de

dados sobre o tema. Morei em Londres em 2008 e

retornei para visitar em 2010.

Na cidade, quase ninguém tem

carro ou deixa o carro para usar

somente no final de semana. O

metrô vai até a meia-noite, mas

o ônibus funciona toda hora.

As pessoas, em geral, andam

bastante a pé, menos na parte

afastada da cidade, onde não é

muito seguro.”

Em Salamanca, a maioria das

pessoas anda a pé. Só existe

necessidade de ônibus quando

esfria muito. Já em Madri, as

pessoas ainda usam muito car-

ro, tanto que o governo munici-

pal proibiu a entrada de veículos

particulares no centro. O trans-

porte público de lá é excelente.

É fácil conseguir se localizar

no metrô, que também é limpo

e bem iluminado, com preços

acessíveis e com cartões com

valores fixos e sem limite de uso

mensal. É o melhor metrô que já

vi.”

O QUE ELES VIRAM

O EXEMPLO

DE BOGOTÁ

LÁ FORA

“Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público”

E N R I Q U E P E Ñ A L O S A

Prefeito de Bogotá entre 1998 e 2001

movilidadbogota.gov.co

LONDRES

MADRID

SALAMANCA

E D U A R D O C É S A R M A I A

Doutorando em Letras da UFPE

C L A R A G O U V Ê A

Fotógrafa

“ “CIDADES SUSTENTÁVEIS, CIDADES INTELIGENTESDesenvolvimento Sustentável num Planeta UrbanoCarlos Leite, Bookman, 2012

+ SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO:

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Todo labirinto é intrigante. Nele, di-

versos caminhos podem ser percor-

ridos em busca de saídas, e qualquer

escolha que aponte uma direção a

seguir implica em desafios e riscos

que devem ser assumidos.

Ao redor de todo o mundo, pesquisa-

dores têm se esforçado para decifrar

seus próprios labirintos: eles estão

em busca das melhores alternativas

capazes de solucionar os problemas

atuais da mobilidade urbana. No

Brasil, um desses obstáculos é o

tempo médio gasto pela população

em deslocamentos nas cidades, que

cresceu 20% entre os anos de 2003

e 2010, segundo pesquisa realiza-

da pela Confederação Nacional da

Indústria.

No centro dessas discussões, está

a escolha do tipo de transporte pú-

blico ideal a ser implementado nas

grandes cidades, cada uma com

suas particularidades. Entre Veículo

Leve sobre Trilhos (VLT), monotrilho e

Bus Rapid Transit (BRT), qual o mais

adequado para desafogar o trânsito

das metrópoles e melhorar a quali-

dade de vida das pessoas?

Invenção curitibana

Desde a década passada, o Bus

Rapid Transit (BRT) tem chamado a

atenção de quem entende do assun-

to por conta da eficiência de suas

vias exclusivas e seu sistema de

bilhetagem do lado de fora do veículo,

o que une a velocidade do ônibus ao

conforto do metrô.

O modelo nasceu em Curitiba, no

Paraná, e foi copiado por cidades

como Bogotá, na Colômbia. “Lá,

existe uma central de monitoramen-

to que acompanha o movimento em

tempo real. É possível saber quantas

pessoas estão esperando na estação

e para que destino elas vão. É um

sistema operacional muito eficiente”,

analisa o arquiteto, urbanista e presi-

dente do Instituto Pelópidas Silveira,

Milton Botler.

Utilizado em metrópoles de quase

todos os continentes, principalmente

na Europa, o BRT é a aposta de sete

cidades-sede brasileiras da Copa

do Mundo da FIFA 2014 como saída

para destravar o trânsito público no

País. Podendo ser articulado ou bi-

articulado, com embarques sempre

em nível, cada ônibus comporta de

70 a 80 passageiros. Assim, é capaz

de substituir 50 automóveis ou 70

motocicletas nas vias, em média.

Em busca de saídas para o transporte públicoBRT, monotrilho e VLT são alguns dos caminhos apontados pelos especialistas

POR MARINA ANDRADE

INVENÇÃO

CURITIBANA

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Transporte por ônibus utilizando corredor exclusivo, embarque nivelado, pagamento antecipado.

Veículo leve sobre trilhos, predominan-temente em vigas de concreto armado e tração dos carros com uso de pneus que elevam o atrito e reduzem o ruído.

O BRT une a praticidade do ônibus comum com a velocidade e o conforto do metrô por conta das suas vias exclusivas.

100% aéreo, ocupa um pequeno es-paço (2,5 m de largura), menor custo de construção comparado com o metrô e menor interferência na cidade durante a construção.

Passageiros/hora: 10 a 35 mil.

Passageiros/hora: 6 a 20 mil.

R$ 15 milhões/km.

R$ 100 milhões/km.

BRT

MONOTRILHO

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Uma espécie de metrô de superfície geralmente movi-

do a eletricidade. É assim que os especialistas definem

o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), também chamado

de bonde moderno. Com a vantagem de transportar um

grande número de pessoas de uma só vez, esse sistema

possui elevado padrão de conforto, segurança e confi-

abilidade, além de ser o mais barato entre os trans-

portes de passageiros sobre trilhos.

O consultor em transporte Germano Travassos aponta,

porém, que os custos operacionais de manutenção desse

sistema são muito maiores. Além disso, conforme estudo

comparativo entre as várias modalidades de transportes

públicos, solicitado pela Associação Nacional das Em-

presas de Transportes ao escritório Jaime Lerner Arquite-

tos Associados, em 2009, os sistemas de VLT operados em

via urbana não têm atingido a performance necessária pa-

ra atendimento de grandes demandas por conta de sua

rigidez operacional.

Assemelhando-se ao VLT na capacidade de comportar

um grande número de passageiros, o monotrilho é tam-

bém um tipo de metrô que já foi implantado em cidades

como Miami, nos Estados Unidos. Como opera acima

do solo sobre um único trilho, sua instalação exige, pre-

dominantemente, o apoio de vigas de concreto armado e

tração dos carros com uso de pneus que elevam o atrito

e reduzem o ruído, além de equipamentos como escadas

rolantes e plataformas de embarque e desembarque.

Seu custo médio projetado é de R$ 100 milhões de reais

por quilômetro, valor que é metade do necessário para o

metrô (R$ 200 milhões/km); o dobro do custo médio do

VLT (R$ 50 milhões/km); e mais de seis vezes dos inves-

timentos médios requeridos em BRT (R$ 15 milhões/km).

Na opinião do consultor em Transporte Germano Travas-

sos, todo tipo de investimento em transporte público é

válido. “Não é justo que 70% do sistema viário seja ocu-

pado por automóveis que transportam apenas 30% das

pessoas. O meio de transporte público deve receber um

melhor tratamento para dar prioridade à maior parte da

população. É preciso mostrar às pessoas que esse tipo

de serviço pode ter uma melhor qualidade”, avalia.

“Não é justo que 70% do sistema

viário seja ocupado por automóveis

que transportam apenas 30% das

pessoas”G E R M A N O T R AV A S S O S

Consultor em Transporte

SOLUÇÕES POSSÍVEIS

BONDE MODERNO

ACIMA DO SOLO

INSTITUTO PELÓPIDAS SILVEIRAhttp://www2.recife.pe.gov.br/secretarias-e-orgaos/orgaos/instituto-pelopidas-silveira/

+ SAIBA MAIS SOBRE O ASSUNTO:

?

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Espécie de metrô de superfície geralmente movido a eletricidade.

Conheça melhor os modais.

Pode ser aéreo ou misto e pode disputar espaço com veículos. Tem elevado padrão de conforto, segurança e confiabilidade. É o mais barato entre os transportes de passageiros sobre trilhos.

Passageiros/hora: 15 a 30 mil.

R$ 50 milhões/km.

VLT

INFOGRÁFICO DANIELE TORRES

+

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Você já imaginou o Recife ideal, com

menos carros na rua, menos poluição

e cheio de alternativas para fazer a ci-

dade andar, como bicicletas e carros

elétricos compartilhados? Já sonhou

com uma forma de saber a melhor

hora do trânsito para ir ao centro

ou para descobrir se há estaciona-

mento livre para ir ou não de carro?

Começam nos sonhos as grandes

ideias e projetos. O Bairro do Recife,

ilha que abriga um dos mais relevantes

centros de inovação e empreendedo-

rismo do País e importantes pontos

turísticos da cidade, está sendo alvo de

um projeto piloto do Porto Digital.

São milhares de pessoas circulando diariamente no local, incluindo os cerca

de 6.500 profissionais de software, serviços de Tecnologia da Informação e

Economia Criativa do Parque Tecnológico do Porto Digital. “O bairro reúne ex-

celentes condições para uma experiência de uso de Tecnologia da Informação

a serviço da cidade”, diz o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, que

reuniu em um projeto uma rede de compartilhamento de bicicletas de aluguel

e de carros elétricos e aplicativos para smartphones capazes de auxiliar os

motoristas na busca por vagas de estacionamento.

Em meio a discussões sobre Bus Rapid Transit (BRT), navegabilidade de rios

e estímulo ao uso de ciclovias, o projeto Porto Leve coloca o Recife na ainda

curta lista de cidades brasileiras que estão de olho em caminhos sustentáveis

para a mobilidade. Orçado em R$ 6 milhões, com recursos do Ministério da

Ciência e Tecnologia (MCT), ele promove ainda a implantação de estaciona-

mentos inteligentes e possibilitará a transformação do bairro numa ilha de

segurança. “Modelo que pode ser expandido para outras áreas da cidade”,

avalia o diretor-executivo do Porto Digital, Leonardo Guimarães.

Caminho livre no

Bairro do Recife

Projeto do Porto Digital traz novos conceitos de mobilidade, sistemas inteligentes e compartilhamento de

bike e carro elétrico

POR MARINA ANDRADE

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COMO FUNCIONA

BICICLETAS

COMPARTILHADAS

Serão disponibilizadas 100 bicicletas no

sistema de bike sharing em dez estações

que interligam o Bairro do Recife, São José

e Santo Amaro, possibilitando não apenas

uma nova alternativa de deslocamento,

mas a proposta de um olhar diferente pa-

ra a cidade, ao ar livre e sobre duas rodas.

“Isso estimula mudança de comportamen-

to das pessoas, convivência entre o carro

e a bicicleta e ainda desafoga o trânsito e

reduz a emissão de poluentes”, acrescenta

Saboya. A tecnologia do projeto é da em-

presa pernambucana Serttel, responsável

pela Bike Rio, Bike São Paulo, Bike POA

(Porto Alegre), entre outras.

As bicicletas ficarão disponíveis das 8h às 22h.

Qualquer pessoa pode pegar, alugar e pedalar,

basta se cadastrar no site do Porto Leve e pa-

gar uma taxa R$ 10,00 via cartão de crédito.

Para liberar as bikes, que ficam presas a uma

barra nas estações, o ciclista deve ter um

telefone celular. A pessoa cadastrada vai ligar

gratuitamente para o portal de voz e seguir

as orientações ou acessar, para quem possui

smartphones, o aplicativo. O tempo máximo

de uso é 30 minutos. Se ultrapassado, será

cobrado um adicional de R$ 5,00. Para usar o

serviço mais de uma vez durante o mesmo dia,

é preciso um intervalo de 15 minutos.

As estações são movidas a energia solar e

compostas de uma barra de engate para as

bicicletas e um totem com a inteligência

da estação e mapa dos três bairros. Oito

delas têm capacidade para acomodar 12

bicicletas e duas para 14.

A bike possui um sistema de

câmbio inteligente com três marchas

que evita que a corrente caia. O modelo,

fabricado pela Serttel, foi desenvolvido

para o ciclista pedalar com o corpo ereto

e baixa velocidade, além de seu projeto

reduzir os riscos de vandalismo.+

serttel.com.br

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portal de aplicativosdo Porto Leve

chips IRFD

estações de recarga

câmeras

vagas

portoleve.org

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CENTRO DE ESTUDOS

O Porto Leve terá ainda um espaço para elaboração de pesqui-

sas e divulgação das ações do projeto e de um acervo técnico

sobre inovação e tecnologias em mobilidade urbana e desen-

volvimento sustentável.

“O projeto planta uma semente para um caminho possível”

CARROS

ELÉTRICOS

A partir do mesmo modelo de ca-

dastro prévio, pagamento de men-

salidade e ligação gratuita ou acesso

ao aplicativo pelo smartphone, será

possível destravar os veículos nas

estações. Serão disponibilizados

três carros elétricos compactos, com

capacidade para transportar dois

passageiros. Os veículos possuem

bateria de longa durabilidade, não

agressiva ao meio ambiente e de

rápida recarga. Em cerca de 15 minu-

tos, é possível atingir 80% da bateria

que possibilita uma autonomia de

100 km. Os carros são interligados

por uma central de comando que

acompanha a velocidade e o trajeto

e pode auxiliar o usuário por meio

de contato com operador. Possuem

ainda ar-condicionado e espaço pa-

ra pertences. Outra vantagem são as

vagas especiais que estarão sempre

disponíveis.

Os automóveis poderão ser retirados

e entregues em três estações: em

frente ao Shopping Paço Alfândega

e nos dois estacionamentos inteli-

gentes previstos pelo projeto. Todos

terão estação de recarga.

ESTACIONAMENTOS

INTELIGENTES

O projeto prevê a construção de dois

estacionamentos inteligentes, onde

os motoristas deixarão os carros e

partirão a pé, de bike ou carro elétri-

co. Eles poderão acessar o aplicativo

de casa e checar a disponibilidade

de vagas nos dois locais, nas áreas

públicas do Bairro do Recife e a situ-

ação do trânsito no local.

L E O N A R D O G U I M A R Ã E S

Diretor-executivo do Porto Digital

O aplicativo do Porto Leve está

disponível, gratuitamente, para

download no endereço:

+

portoleve.org

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RIO CAPIBARIBE

RIO BEBERIBE

OCEANO ATLÂNTICO

R. DA AURORA

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AV. N

ORTE

CAIS DO APOLO

R. C

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5

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PREFEITURA DO RECIFE

TERMINAL DESANTA RITA

PONTE GIRATÓRIA

CONTAX

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RUA DOAPOLO

TV. DO BOM JESUS

C.E.S.A.R.

RU

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3

PRAÇADO ARSENAL

22

10

6 6PAÇOALFÂNDEGA

1 CAIS DO APOLO, PRÓXIMA AO PONTO DE ÔNIBUS DEFRONTE AO PRÉDIO DA PREFEITURA (BAIRRO DO RECIFE)

2 2 PRAÇA TIRADENTES, PRÓXIMA AO PRÉDIO DO C.E.S.A.R (BAIRRO DO RECIFE)

3 PRAÇA DO ARSENAL, NA CALÇADA DO PRÉDIO DA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (BAIRRO DO RECIFE)

4 TRAVESSA DO BOM JESUS, NA ESQUINA DA RUA DO APOLO (BAIRRO DO RECIFE)

6

5 CALÇADA DO CAIS DO PORTO (ANTIGO PRÉDIO DO BANDEPE, BAIRRO DO RECIFE)

6 RUA ENTRE A LIVRARIA CULTURA E O SHOPPING PAÇO ALFÂNDEGA (BAIRRO DO RECIFE)

7 PRÓXIMA AO TERMINAL DE PASSAGEIROS DE SANTA RITA (SÃO JOSÉ)

8 RUA DA AURORA, PRÓXIMA DA CONTAX (SANTO AMARO)

9 RUA CAPITÃO LIMA, PRÓXIMA DA TV JORNAL (SANTO AMARO)

10 RUA BIONE, NO ESTACIONAMENTO INTELIGENTE QUE SERÁ INAUGURADO PERTO DA PRAÇA TIRADENTES (BAIRRO DO RECIFE)

SÃO JOSÉ

SANTOANTÔNIO

SANTOAMARO

BAIRRO DORECIFE

MAPA DO PROJETOESTAÇÕES DE BICICLETA CARROS ELÉTRICOS

“Queremos provocar mudança de comportamento e envolver a

população e a iniciativa privada na questão da mobilidade”

F R A N C I S C O S A B O YA

Presidente do Porto Digital

+O Porto Digital atua em

empreendedorismo e inovação nas áres

de software, serviços de Tecnologias

da Informação e Economia Criativa.

Ocupa uma área de 149 hectares, nos

bairros do Recife e de Santo Amaro,

que vem sendo requalificada a partir

da instalação e consolidação de novos

empreendimentos. É considerado um

dos principais ambientes de inovação

do País, abrigando mais de 200

empresas, 3 incubadoras, 2 instituições

de Ensino Superior e 2 institutos de

pesquisa. Gera cerca de R$ 1 bilhão,

emprega mais de 6.500 pessoas e

possui 500 empreendedores.

portodigital.org

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R E V I S TA m o b I T w w w . p o r t o d i g i t a l . o r g1 4

A iniciativa do Porto Digital que lança

um projeto de compartilhamento

de bicicletas para aluguel no Bairro

do Recife chega em um momento

bastante oportuno para a cidade.

Além do tradicional fluxo de

trabalhadores que utilizam o veículo

por ser mais barato para chegar aos

seus locais de trabalho, muita gente

passou a usar a bike como forma

de fugir dos engarrafamentos e até

mesmo como forma de lutar por uma

cidade mais humana.

É o caso do corretor de seguros e

funcionário da Secretaria de Cultura

de Olinda Fabiano Guerra. Duas

vezes por semana, ele deixa o carro

na garagem e pedala da zona norte

do Recife até a prefeitura da cidade

vizinha e já foi até atender clientes da

seguradora utilizando sua bicicleta.

“São os dias em que não levo meu

filho para a escola, então aproveito

para não enfrentar o trânsito e

ainda fazer exercício”, conta ele,

que mora no bairro do Arruda e

encontra no caminho a ciclo faixa

instalada nas Estradas do Arraial e

do Encanamento.

Motivo de polêmica entre moradores,

ciclistas e a Prefeitura do Recife, a

ciclo faixa vem sendo um fator a mais

para aumentar o número de ciclistas

na zona norte. Recentemente, o Plaza

Shopping Casa Forte divulgou que,

após a instalação da área reservada

para as pessoas pedalarem

aumentou em 30% a frequência de

clientes que utilizam o bicicletário do

estabelecimento, demonstrando que

há demanda para investimentos que

tornem mais viável o uso das bikes.

Ciclistas unidos em ação Intermodal mostrou que a bike foi o meio mais rápido para enfrentar o trânsito

POR EDUARDO AMORIM

QUER SE CONECTAR

COM QUEM JÁ DEFENDE

O USO DA BICICLETA?

Animado protesto realizado todas

as últimas sextas-feiras do mês,

com saída na Praça do Derby, às

18h30. O grupo não tem líderes e

se reúne apenas para os eventos.

BICICLETADA RECIFE

bicicletada.org

Entidade que está sendo criada

por um grupo que se conheceu

durante a Bicicletada e tem como

slogan: ciclistas unidos por um

trânsito mais humano.

CICLOAÇÃO

cicloacao.org

Site em que ciclistas inexperientes

encontram voluntários para acom-

panhar e dar dicas para quem quer

começar a aventura de pedalar no

meio dos carros e motos no Recife.

BIKE ANJO

bikeanjo.com.br

Disputa não competitiva já realizada

em outras cidades como o Rio de

Janeiro, estreou no Recife em 2012.

A classificação completa, você

pode conferir no endereço abaixo.

DESAFIO INTERMODAL

bit.ly/XSfWFo

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Page 15: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 1 5

Fabiano Guerra tinha andado de

bicicleta apenas quando criança,

mas, depois de ver alguns

amigos se organizarem para

defender o uso do veículo no dia

a dia, resolveu voltar a pedalar.

Sua esposa, Adriana Fairbancks,

apoia o marido, mas diz ainda

não ter coragem de enfrentar o

pesado trânsito recifense e cuida

para que ele só leve o pequeno

Heitor em passeios seguros. “Já

pedalei muito. Mas, no meio dos

carros, como meu marido, tenho

medo. Em uma rua tranquila é

muito bom.” Fabiano já planeja

juntar um grupo de pais da

escola do filho para enfrentar o

trânsito do bairro das Graças

sobre duas rodas.

Em breve Heitor vai ganhar

mais liberdade sem as rodinhas

CICLO ATIVISTAS

MUDANÇA DE HÁBITO

UNINDO FAMÍLIAS

Érico Andrade vai diariamente para o trabalho

pedalando, participa da Bicicletada, é voluntário do

site Bike Anjo e ainda integra um coletivo que vem se

organizando para divulgar e defender o uso da bike,

o Cicloação. Mas, para ele, o mais importante é ter

transformado em um agradável passeio o trajeto que

faz acompanhado

pela sua esposa,

Cibele Barbosa,

para levar o filho de

dois anos à escola.

Érico e Cibele levam o filho

na cadeirinhaO grande desafio é conseguir espaço e segurança no trânsito do Recife

O publicitário Fernando Lima é um dos que apostam

no transporte. Tanto que é um ativo ciclista da

Bicicletada Recife e foi um dos 12 participantes do

I Desafio Intermodal do Recife. A disputa tem a proposta

de mostrar em quanto tempo pode-se fazer o mesmo

percurso usando diferentes meios de transporte e

como possibilidades distintas de deslocamento fazem

diferença. Os participantes, cada um com um meio de

transporte, percorreram dez quilômetros, entre os bairros

da Boa Vista, no centro da cidade, e de Boa Viagem, na

zona sul, a pé, de bicicleta, carro, barco, moto, metrô,

ônibus e também de patins. E sabe quem venceu? O

primeiro participante gastou 36 minutos para completar

todo o percurso em cima de uma bicicleta! Ennio

Paipa conseguiu o primeiro lugar e mostrou que meios

alternativos podem ser mais rápidos que os tradicionais

carros ou até mesmo motos.

“O Desafio Intermodal já

existia no Sudeste, e há

dois anos alguns amigos

decidiram fazer aqui, mas o

movimento ciclo ativista não

era tão forte, precisava de

uma maior participação. Só

este ano pudemos realizar

com a participação de 12

modais. Inclusive tivemos

categorias intermodais, como barco com bicicleta, ônibus

com caminhada, porque era importante usar o real tipo

de deslocamento das pessoas”, explicou Lima.

O professor de Filosofia da Universidade Federal de

Pernambuco (UFPE) Érico Andrade fez o percurso do

I Desafio Intermodal utilizando metrô e caminhada, no

percurso entre os Shoppings Boa Vista e Recife e as

estações mais próximas. Ele foi o oitavo participante

mais rápido, chegando dois minutos antes da integrante

que utilizou um carro e fez o percurso em pouco mais

de uma hora. “Acho extraordinário o movimento que tem

se criado em torno da bicicleta. Uma questão pontual é

convertida em um debate sobre o espaço público. Algo

que era apenas uma opção de transporte passa a ser

também um símbolo de uma opção de vida coletiva”,

comenta Érico, que adotou o meio de transporte no

último ano e já se tornou um grande incentivador do uso

da bicicleta, especialmente pela possibilidade de ser uma

forma de lazer saudável e divertida.

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ITgreen, núcleo do Porto Digital, faz pesquisas, promove semináriose estimula responsabilidade social e ambiental nas empresas

Tecnologia sustentabilidade informação

POR MARIANA NEPOMUCENO

“O ITgreen promove a prática sustentável

e mostra que ela tem mercado, demanda e

valor comercial”

O caminho não tem mais volta. Ci-

dades de diversas partes do mundo

já despertaram para a necessidade

de buscar soluções tecnológicas que

possam ser alinhadas com o desen-

volvimento sustentável. E o Recife

também está seguindo esse rumo.

O Porto Digital adotou a causa e

criou o ITgreen com a missão de

estimular a cultura da responsabili-

dade socioambiental nas suas empre-

sas e também promover tecnologias

que contribuam para a sustentabili-

dade das cidades.

“Há dois anos, nascemos como um

centro de referência em gerencia-

mento de resíduos de equipamentos

eletroeletrônicos. Depois vimos

que era possível expandir nos-

sa abordagem para a formação

de jovens e a acessibilidade digital,

áreas que interagem diretamente

com a Tecnologia da Informação

e Comunicação (TIC), e com isso

atuar nas três áreas da sustenta-

bilidade: sociedade, economia e

meio ambiente”, explica a gestora

de Responsabilidade Social Em-

presarial do Porto Digital, Joana

Sampaio.

Além do investimento em estudos,

pesquisas e eventos para a socie-

dade, o ITgreen também trabalha

na sensibilização e mobilização de

empresas para a importância da

responsabilidade socioambiental, e

no desenvolvimento de tecnologias

urbanas sustentáveis.

“Quando o Porto Digital oferece va-

gas na incubadora para empresas

que desenvolvam projetos sus-

tentáveis, contribui para pro-

mover essa cultura e mostra que

esse tipo de negócio tem mercado

e valor comercial”, completa Joana.

Gestora de ResponsabilidadeSocial Empresarial do Porto Digital

J O A N A S A M PA I O

Page 17: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 1 7

rss.portodigital.org

“Para 2013, o grande diferencial serão as apresentações de artigos científicos”

30

15

siree.portodigital.org

Desde 2009, o Porto Digital tem

contribuído para que os meses de

janeiro e fevereiro não sejam ape-

nas sinônimo de férias. O calor do

verão esquenta debates sobre temas

relevantes e atuais nos âmbitos de

Tecnologia da Informação, Economia

Criativa e Sustentabilidade, no Reci-

fe Summer School (RSS).

Focando, principalmente, no em-

preendedorismo e na inovação,

o encontro conta com apoio do

Ministério de Ciência, Tecnologia

e Inovação (MCTI) e da Secretaria

de Ciência e Tecnologia do Estado

de Pernambuco (Sectec), além de

outras instituições do setor. O próximo

acontece entre os dias 02/01 e 07/02

e vai englobar diversos eventos. En-

tre eles: o Seminário Internacional de

Mobilidade (mobIT), o Seminário Inter-

nacional sobre Resíduos de Equipa-

mentos Eletroeletrônicos (SIREE),

um seminário sobre Economia Cria-

O Seminário Internacional sobre

Resíduos de Equipamentos

Eletroeletrônicos (SIREE) tem se

configurado como um dos principais

eventos do país voltado para a

temática da gestão sustentável

desse tipo de material. Chega em

2013 à sua terceira edição debatendo

Cidades Sustentáveis e Experiências

Inovadoras na Gestão de Resíduos

de Equipamentos Eletrônicos, com

encontros entre os dias 5 e 7 de

fevereiro.

“Para 2013, o grande diferencial

serão as apresentações de artigos

científicos. Em 2012, os participantes

identificaram que era importante

a colaboração acadêmica. Então,

abrimos chamada para quem

tivesse interesse e teremos a

apresentação oral de treze artigos

e sete pôsteres. A contribuição da

universidade é muito importante para

a ampliação das discussões sobre

essa temática”, afirma Joana. Estão

sendo esperados 200 participantes,

e a expectativa é de aproximar mais

a indústria de eletroeletrônicos,

os empresários do Porto Digital e

também a sociedade no esforço de

discussão conjunta sobre o assunto.

tiva, além de oficinas de formação de

acessibilidade digital, e palestras so-

bre empreendedorismo e inovação.

Serão oferecidos mais de 30 cursos

e minicursos, além de 03 seminários

e cerca de 15 palestras, workshops

e mesas-redondas, representando

uma oportunidade de adquirir novos

conhecimentos, trocar ideias, es-

tabelecer networking e gerar opor-

tunidades de negócios para profis-

sionais dos segmentos empresarial,

acadêmico, técnico e governa-

mental do setor de Tecnologia da

Informação, Economia Criativa e

Sustentabilidade.

“Eventos como o RSS são impor-

tantes, pois promovem qualificação

e atualização profissional, mobilizam

empresários e colaboradores das

empresas do parque, incentivam

a discussão de conceitos atuais

e relevantes no cenário mundial,

além de colocarem as empresas de

TI como potenciais solucionadoras

de problemas e contribuidoras para

a formação de ambientes urbanos

mais sustentáveis”, finaliza Joana.

RSS

SIREE Em sua última edição, o SIREE

discutiu A Indústria de TI: Fonte e

Solução de Problemas Ambientais, a

partir de atividades de sensibilização

ambiental, mobilização social,

campanha de coleta de REE e

palestras. A primeira, realizada em

2011, já começou promovendo

exposições, mesas-redondas e

fóruns com a presença de dezenas

de especialistas brasileiros e

estrangeiros envolvidos no tema

Práticas Sustentáveis na Gestão dos

Resíduos Tecnológicos.

Page 18: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I T w w w . p o r t o d i g i t a l . o r g1 8

Projetando o futuro Seminário traz especialistas internacionais para debater mobilidade urbana no Recife

Entre os convidados, estão o presidente do

Canadian Urban Institute ( referência em pro-

moção de qualidade de vida em centros ur-

banos), John G. Jung, o professor de Oxford,

Martino Tran, e o arquiteto Uli Seher, que abordará

novidades tecnológicas para a mobilidade do

futuro.

O arqueólogo espanhol Jordi Pardo, que participou

do projeto 22@ Barcelona, traz a experiência que

representou uma renovação urbana a partir da

construção de um polo tecnológico, e Craig

Nelson, especialista em sistemas de transporte

inteligentes, fala sobre o desenvolvimento de

ferramentas sobre mobilidade na web.

Do Brasil, expõem suas experiências, o

Secretário Executivo da Rede Social Brasileira

por Cidades Justas e Sustentáveis, Maurício

Broinizi, a criadora do cidadesparapessoas.

com, Natália Garcia, o especialista em en-

genharia de transporte, Cláudio Marte, o superin-

tendente de gestão da Agência Metropolitana de

Transportes Urbanos do Rio de Janeiro, Waldir

Peres, e o executivo Angelo Leite, presidente da

empresa Serttel.

PALESTRANTES-DESTAQUE PROGRAMAÇÃO

Observar as transformações nas cidades ao redor do mundo, ouvir especialistas no assunto e buscar exemplos de

experiências bem-sucedidas para aplicar no Recife é a proposta do Seminário Internacional de Mobilidade (mobIT),

promovido pelo Porto Digital em janeiro de 2013, com foco na discussão sobre a cidade e a diversidade modal.

Em três dias de evento, questões como desenvolvimento sustentável e inteligente, acessibilidade e inovações

tecnológicas foram discutidas por especialistas nacionais e internacionais com um público-alvo amplo, já que

o assunto atrai de gestores públicos e privados a acadêmicos atuantes nos campos de tecnologia, urbanismo

e transporte, passando por interessados da sociedade civil que se interessam pelas propostas e ações para

melhorar o futuro da cidade.

A programação do I Seminário Internacional

de Mobilidade está baseada em dois eixos

de discussão: Cidades: Tecnologia e Mobili-

dade e Transporte e Tecnologia. “Nesse pri-

meiro momento, vamos debater inovações

tecnológicas relacionadas à mobilidade ca-

pazes de fazer as cidades funcionarem me-

lhor. Já no segundo, focaremos na relação

dos usuários com esses avanços”, explica

um dos organizadores do evento, Milton

Botler. Para ele, um seminário voltado espe-

cificamente à mobilidade representa a opor-

tunidade de aprofundar os conhecimentos

acerca das boas práticas que estão sendo

desenvolvidas atualmente no mundo.

mobit.portodigital.org

+

Page 19: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 1 9

Jordi Pardo é especialista em

Políticas Culturais da Unesco,

dentro do programa Cultura,

Desenvolvimento e Governança. Ele

retorna ao Recife em janeiro de

2013 para participar do I Seminário

Internacional de Mobilidade,

promovido pelo Porto Digital. Em

conversa com a Revista mobIT,

fala sobre a experiência do projeto

22@Barcelona, que transformou

Poblenou em um distrito de

inovação com espaços públicos

modernos e impulsionadores da

cultura e da Economia Criativa.

“O processo de desenvolvimento do projeto 22@ começou com uma propos-

ta técnica preparada a partir da visão e da experiência de gestão de trans-

formação urbana da cidade desenvolvida nos anos 1980, com o impulso das

Olimpíadas de 1992. A experiência trouxe modelos de governança e de par-

ceria público-privada possíveis para lançar um projeto de regeneração de um

tecido urbano de 200 hectares produtivos que enfrentava perda de população

e de atividades, estava com estruturas velhas e sofrendo com aumento da in-

segurança urbana e degradação. Em

2000, o Plano Geral Metropolitano

foi alterado, e começamos a tocar

um projeto ambicioso de transfor-

mação do setor norte da cidade para

promover atividades econômicas

compatíveis com a moradia, constru-

indo e reabilitando 4 milhões de m2

para novas atividades econômicas

relacionadas com a sociedade do

conhecimento e a Economia Criativa,

e também com a moradia. Esse con-

ceito de integração com mix de usos e atividades supõe a continuidade de

um modelo de cidade compacta, complexa e diferente do modelo urbano de

Barcelona. O objetivo era transformar o lugar em um espaço para viver e tra-

balhar com alta qualidade de vida, equipado com infraestruturas relacionadas

com a tecnologia, a sustentabilidade e o transporte público.”

Distrito da inovação, da cultura e da Economia Criativa

“O objetivo era transformar o lugar em um espaço para viver e trabalhar com alta qualidade de vida”

DANDO A LARGADA

ENTREVISTA

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Page 20: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I T w w w . p o r t o d i g i t a l . o r g2 0

60mil

mobilizando

+3mil 114

“Além da revitalização, a meta era atrair e promover o

desenvolvimento de atividades econômicas de alto valor

agregado relacionadas com a sociedade do conhecimen-

to e com a Economia Criativa, especialmente nos setores

de Tecnologia da Informação e da Comunicação - mídias,

designer, novas energias e biotecnologia. Por outro lado,

o objetivo era desenhar operações urbanísticas para o

setor privado em um projeto que despertasse interesse

geral, pensado desde a lógica do setor público. Os pro-

cessos de comunicação e de participação cidadã para

colocar o projeto em marcha são as maiores dificuldades.

A complexidade da gestão urbana obrigou o desenho

de novos mecanismos de expropriações e permutas do

solo e acordos para financiamentos. Mas, mesmo com

a crise econômica, o projeto 22@ tem se consolidado.

Doze anos depois, foram criados cerca de 60 mil postos

de trabalho, mobilizando mais de 3 mil empresas, das quais

cerca de 1,5 mil correspondem a atividades relacionadas

com sociedade do conhecimento e Economia Criativa.”

Dividindo o espaço

“O projeto tem permitido a criação de novos espaços

públicos de qualidade (praças, ruas, jardins e parques)

e uma rede de infraestrutura de novos serviços públicos.

Foram construídos e recuperados mais de um milhão

de m² e foram recuperados 114 edifícios de patrimônio

histórico-industrial, que foram destinados a usos públi-

cos e privados. A trama urbana existente tem sido fun-

damental para o desenvolvimento do projeto, para os as-

pectos decisivos que tem sido o modelo de governança e

de gestão. O projeto tem sido liderado pela Prefeitura de

Barcelona, com participação do setor privado industrial

e investidores, universidades, assim como outras institu-

ições, coletivos e projetos culturais.”

Estimuldo a criação “O 22@Barcelona não é um distrito fechado. Ele repre-

senta um modelo aberto em que se encontram proces-

sos de melhora urbana para incrementar a atração, mas,

ao mesmo tempo, para o desenvolvimento e fomento

da dimensão criativa da cidade. A aplicação inteligente

dos processos criativos e dos potenciais da cultura é a

base fundamental para o desenvolvimento da inovação.

A criatividade é patrimônio de todas as culturas, comuni-

dades e cidades. A inovação é o resultado da aplicação

sistemática e viável da criatividade. Mas nem sempre a

criatividade cria oportunidade de desenvolvimento. Por-

tanto, um primeiro passo é o fomento da criatividade. So-

mente assim, se pode impulsionar processos de inovação.

“A inovação é o resultado da aplicação sistemática e viável da criatividade”

PULANDO OBSTÁCULOS ESTIMULANDO A CRIAÇÃO

DIVIDINDO O ESPAÇOIN

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Page 21: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 2 1

“A constante busca do progresso não pode gerar uma total substituição do tecido urbano preexistente”.

DESEMBARCANDO NO RECIFE

As cidades atrativas estimulam a criatividade. Mas para ter êxito na atuação

delas como sistemas criativos, devem melhorar as condições que permitem o

desenvolvimento da cultura como indutor de mudanças no âmbito da criação

de valor. A inversão da cultura e a promoção do talento é um ingrediente

fundamental para o desenvolvimento das cidades criativas. A cultura deve

se tornar parte da personalidade real do ambiente da cidade com uma alta

participação dos cidadãos. A inovação floresce em cenários urbanos onde as

ideias circulam com rapidez e liberdade. É necessário dispor de espaços pú-

blicos de qualidade, seguros e culturalmente ativos e atrativos. O Porto Digital

e o Bairro do Recife têm condições potenciais imbatíveis para serem cenários

de progresso, competitividade econômica e felicidade para seus cidadãos e

seus usuários. O acordo político a médio e longo prazos, o consenso público

e privado, o rigor técnico e o desenho dos processos são chaves importantes

para se chegar a isso”.

“Como parte integral da paisagem,

em Plobenou, estão as fábricas e

galpões e além deles se encon-

tra uma realidade cultural, social

e laboral própria de uma classe

de trabalhadores. Barcelona tem

sido o berço da industrialização

não somente da Catalunha co-

mo também de toda Espanha.

A preservação das edificações

fabris e de outras que estão dire-

tamente relacionadas a elas, é um

compromisso com a cidadania,

já que Patrimônio é uma peça-

chave para que a população

entenda quem é. Além disso,

a existência de elementos que

permitam manter a identidade

de uma nação é cada vez mais

importante devido ao processo

de globalização que progressiva-

mente é mais forte e presente em

todo o mundo”.

“Os modelos não são transportáveis, mas se pode aprender muito com

as metodologias de planejamento e gestão urbana, assim como com

o desenho de mecanismos de governança e de colaboração públi-

co-privada. O Recife tem um potencial enorme para se consolidar co-

mo uma cidade fundamental para a geografia estratégica da inovação

no Brasil, aproveitando sua posição geográfica como uma porta

continental e seus enormes potenciais de caráter turístico e cultural.

O Porto Digital é um projeto com enormes possibilidades de desenvolvi-

mento que apresenta conexões com alguns aspectos-chave do projeto

22@Barcelona.”

Universidad y Parque BCN Media

CONTRAPONTO

Saiba mais sobre o

projeto na página:

+

22barcelona.com

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ULG

ÃO

Alba Villarim é arquiteta,

morou cinco anos em Barcelona,

onde conclui um Master e uma

Pós-Graduação na Universidade

Politécnica de Catalunha. Trabalhou

no Departamento de Obras da

Universidade Politécnica de Catalunha.

+

Page 22: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I T w w w . p o r t o d i g i t a l . o r g2 2

“As TICs criam soluções e necessidades para outros setores, além de gerarem emprego qualificado e renda”

G U I L H E R M E C A L H E I R O S

Diretor do Porto Digital

Empresas investem em soluções para melhorar a vida nas cidades

Em conferência no festival South by Southwest (SXSW), no Texas (EUA), em

2011, Marissa Mayer, na época uma das principais executivas do Google,

apresentou números impressionantes. Entre eles, o dado que pode deixar

incrédulos boquiabertos: o Google Maps Navigation ajuda, por dia, seus

usuários a pouparem dois anos de tempo e a economizarem 250 mil dólares.

Cerca de 40% do acesso ao serviço já era feito através de dispositivos móveis.

Isso mostra o impacto que as tecnologias podem ter na rotina de quem lida

com o trânsito todos os dias.

Tecnologia e mobilidade urbana formam parcerias que vão muito além

da geolocalização. União que tem atraído empresas e gerado negócios

promissores. “Somos um grande laboratório de soluções. Esperamos também

incentivar a criação de estruturas que possam pensar as cidades, torná-las

um lugar mais agradável e eficiente para se viver com mais qualidade de

vida”, destaca o diretor de Inovação e Competitividade Empresarial do Porto

Digital, Guilherme Calheiros.

O investimento em soluções tecnológicas para gerenciamento

de trânsito, segurança e mobilidade urbana levou a

pernambucana Serttel a se destacar no cenário nacional.

Hoje com 23 anos de existência, conta com mais de 650

funcionários, fábrica de equipamentos no Parque Tecnológico

de Eletroeletrônica de Pernambuco (Parqtel) e unidade de

produção de software localizada no Porto Digital. “O grupo

é formado pela Serttel, Mobilicidade e Samba Transportes

Sustentáveis. Fomos pioneiros no Brasil na implantação de

parquímetros conectados em tempo real. Criamos um sistema

100% digital de gerenciamento da Zona Azul e bicicletas

compartilhadas em várias cidades do Brasil”, comemora

Ângelo Leite, presidente do grupo Serttel.

MADE IN PERNAMBUCO

POR MARIANA NEPOMUCENO

Tecnologia a serviço da mobilidade

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ILUSTRAÇÃO JOÃO LIMA

Page 23: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I Tw w w . p o r t o d i g i t a l . o r g 2 3

Quem pensa em usar a bicicleta para ir ao trabalho poderá contar em breve com

o Green Street, uma plataforma focada no compartilhamento de informações

entre ciclistas. Lá, o usuário poderá compartilhar seu percurso em tempo real,

visualizar o dos amigos, trocar mensagens de alerta/ajuda, entre outros. Uma

das iniciativas previstas é o Bike Bus, que permite agendamento de rota e

horário para, ir em grupo, de bicicleta para o trabalho. “Isso torna o trajeto

mais seguro, divertido e sustentável. Ajuda a motivar as pessoas a usar mais a

bicicleta”, diz Mauro Silva, um dos cabeças por trás do Green Street.

Serviços de táxi, ativação de tíquetes

e pagamento de estacionamentos,

compartilhamento de bicicletas,

redes sociais para quem quer dividir o

carro na hora de ir ao trabalho. Essas

são algumas das possibilidades

que as Tecnologias de Informação e

Comunicação (TICs) já oferecem.

As empresas perceberam essa

oportunidade e apostam no

desenvolvimento de aplicativos

para celular. “O usuário de

smartphone pode baixar aplicativos

e transformá-los num poderoso

centro de controle. Com apenas

alguns toques sobre a tela, ele pode

ativar serviços, adquirir produtos,

consultar saldos, entre outras

comodidades”, aponta Diego Rafael,

diretor de Negócios da Mobilicidade,

responsável pela operacionalização

da Zona Azul Eletrônica no Recife.

A empresa está desenvolvendo, em

parceria com o Porto Digital, um

projeto para transformar o Bairro

do Recife em uma minicidade,

onde serão experimentadas novas

tecnologias aplicadas à mobilidade

urbana, entre elas, bicicletas

compartilhadas e carros elétricos.

As dificuldades de estacionamento

no Bairro do Recife, o trânsito

caótico da cidade e a percepção

de que a maioria dos carros

circula com uma pessoa apenas

motivaram Henrique Nunes e

seus sócios a criarem o Carona

Sustentável. “Pensamos em um

projeto de benefícios voltado

para a empresa que quer ajudar

a resolver a mobilidade do

funcionário: o vale-carona”. O

mecanismo é simples: quem pega

carona repassa o vale para quem

deu, que, no fim do mês, pode

trocar os vales por diferentes

tipos de subsídios relacionados

ao uso do veículo – benefícios

para gasolina, estacionamento,

manutenção do carro e seguro,

por exemplo. Além de estimular

financeiramente a carona, o projeto

contribui com o compartilhamento

dos custos do transporte do

funcionário. A empresa já botou

em prática um piloto que durou três

meses e atingiu a marca de 800

caronas.

Soluções sustentáveis para a

cidade estão até na conversa de

mesa de bar dos profissionais

de TIC. No Recife, um grupo se

reúne mensalmente para discutir

alternativas renováveis e com uso

de energias limpas. Eles fazem

parte do Green Drinks, iniciativa que

surgiu em Londres e se espalhou por

mais de 50 países. “Conversamos

também com pessoas de outras

áreas e, em um dos encontros, um

publicitário apresentou a invenção

dele: o CicloShadow, um sombreiro

criado para bicicletas”, conta

Raphael Vasconcelos, um dos

líderes do Green Drinks no Recife.

Ele deixou de usar carro em 2011,

quando a garagem do seu prédio foi

inundada pela chuva e seu veículo

ficou inutilizável. “Isso me ajudou a

refletir sobre o que estamos fazendo

com a natureza. Usei o dinheiro do

seguro para outra coisa e hoje só

uso bicicleta ou ônibus.”

PODER NAS MÃOS

NOVAS IDEIAS

CARONA NA BIKE

H E N R I Q U E N U N E S

Criador do Carona Sustentável

R A P H A E L V A S C O N C E L O S

Um dos líderes do Green Drinks no Recife

“Pensamos em um projeto de benefícios

para a empresa que quer resolver a mobilidade do

funcionário: o vale-carona”

“Hoje, só uso bicicleta ou ônibus”

Page 24: Revista mobIT

R E V I S TA m o b I T w w w . p o r t o d i g i t a l . o r g2 4

Vida nova no cais

Buenos Aires, Rio de Janeiro e Belém do Pará têm algo

em comum com o Recife. Todas construíram sua economia,

rotina e cultura entrelaçadas às idas e vindas de seus portos. Nos

últimos anos, as três cidades reurbanizaram sua região portuária. E

a capital pernambucana também segue esse caminho.

O primeiro passo foi dado em setembro de 2012, com a inauguração do

segundo Centro de Artesanato de Pernambuco, no Marco Zero da cidade.

Mas o projeto, que ganhou o nome de Porto Novo, envolve uma completa

reestruturação do Bairro do Recife e Cais de Santa Rita. Prédios sem uso

que atravessam a visão do mar ganharão vida, movimento, geração de

riqueza e opções de cultura e lazer.

As obras começaram com a demolição da ruína do prédio da Conab em

outubro de 2012. Nesses espaços serão erguidos um hotel, uma marina

internacional e um centro de convenções. Cada armazém deverá cumprir

uma função. O armazém 9 deve ter a implantação, manutenção e exploração

comercial de escritórios para desempenho de atividades comerciais

compatíveis com o plano de desenvolvimentos da cidade. Os armazéns

12, 13 e 14 abrigarão restaurantes, bares, lojas de entretenimento e pontos

comerciais, locais para exposições e eventos fechados.

O armazém 15 terá hotel ou apartamentos de longa estada, com no mínimo

200 unidades, em padrão igual ou superior a três-estrelas. O estabelecimento

deverá ter restaurantes, lojas, bares, salas de reunião, piscina, academia de

ginástica e número de vagas de garagem compatível. Nos armazéns 16 e

17, centro de convenções integrado ao hotel, com capacidade mínima para

quatro mil pessoas. Outro espaço previsto é o Cais do Sertão Luiz Gonzaga,

que inclui um museu dedicado ao Rei do Baião.

Serão erguidos um hotel, uma marina internacional e um centro de convenções

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O sucesso do Centro de Artesanato, em

funcionamento na Praça do Marco Zero,

dá um gostinho do que a revitalização vai

trazer ao bairro. O diretor de Promoção da

Economia Criativa da AD Diper, Roberto

Lessa, afirma que um dos benefícios é

fortalecer a cadeia produtiva do artesanato

no Estado, permitindo contato direto entre

artesãos e público, sem atravessadores. “Em

dois meses, foram comercializadas mais de

10 mil peças das 16 mil. Além disso, o local

preserva a cultura da tradição artesanal.”

O Terminal Marítimo de Pernambuco, que

também será reformado, é outro importante

equipamento de turismo para o Recife e

para Pernambuco, que integra o complexo

turístico e dará suporte aos grandes eventos

que chegam – a Copa das Confederações,

em 2013, e a Copa do Mundo de 2014.

Ao final das obras, a expectativa é de que

o projeto Porto Novo amplie as perspectivas

de desenvolvimento econômico da

localidade. “A revitalização comercial e

valorização imobiliária do entorno vão ajudar

na integração entre o porto e a cidade e na

melhoria de qualidade de vida para a região”,

diz Marta Kümmer, diretora-presidente do

Porto do Recife.

TURISMO E RENDA

PORTO NOVO

O arrendamento da área de 32.341m2 foi

concedido por licitação e vale por 25 anos,

prorrogáveis por mais 25. Quem vai comandar

o projeto, avaliado em R$ 140 milhões, é a

Sociedade de Propósito Específico (SPE) Porto

Novo Recife, controlada pelo Grupo Excelsior e

mais três sócios, entre eles a Construtora Conic,

que executará a obra.

O projeto é liderado pelo Porto do Recife e envolve

Prefeitura do Recife, Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instituições

responsáveis pela autorização do projeto e da

obra. A execução e a operacionalização dos

armazéns 9, 12, 13, 14, 15, 16 e 17 serão feitas

pela iniciativa privada.

Confira mais informações acessando o endereço:+portonovorecife.com.br

Um dos espaços previstos inclui um museu dedicado a

Luiz Gonzaga

O Porto do Recife receberá uma receita mensal de R$ 85,3 mil do arrendamento e 2,71% de participação no faturamento dos negócios

DIVULGAÇÃO / PORTO DO RECIFE

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Qual o Recife que queremos para o futuro? CIDADE RECEBE O PROJETO PORTO LEVE

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TECNOLOGIAE MOBILIDADE

A BUSCA PELACIDADE INTELIGENTE

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