Revista final

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Skin Roger Marx Soul Tattoo Art Café Andrea Lavezzaro Ano I, Edição I Fevereiro de 2013 REVISTA FINAL.indd 1 22/02/2013 08:11:40

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Revista Skin, produzida por alunos da disciplina de Planejamento Gráfico, do curso de jornalismo da Universidade de Brasília.

Transcript of Revista final

Skin

Roger Marx Soul Tattoo Art Café Andrea Lavezzaro

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Edito

rial

Expediente

Repórteres

Diagramadores

Revisores

Fotógrafos

Publishers

Editores

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Isabella Campedelli, Pedro Alves, Raquel Franco, Taise Borges, Victor Pires.

Caro leitor, Você tem nas mãos a pri-

meira edição da revista Skin, a mais nova publicação focada em tatuagem do Brasil. Com ela, nós da equipe buscamos mostrar as novas tendências, as grandes personalidades do mundo das tattoos, a cultura em ligada a essa arte, e muito mais.

A Skin vem com uma nova proposta no mercado: difun-dir para o público e os artis-tas a tattoo como tendência e o universo que gira em volta dessa atividade. Para isso nós fomos atrás de especialistas, de amantes da tatuagem e de personalidades influentes da área.

Acreditamos que você vai perceber esse grande trabalho de pesquisa enquanto lê as diversas matérias. Buscamos nos aprofundar em cada tema para montar um quadro com-pleto do mundo da tatuagem. E uma revista de qualidade sobre o tema estava em falta nas bancas do Brasil. Espera-mos mudar essa realidade para melhor no cenário nacional.

Nessa edição você vai ler sobre a nova técnica da ta-tuagem ultravioleta, que está ganhando o mundo. Também vai saber sobre um local muito bom para ir em São Paulo e sobre uma festa mexicana que inspira tattos. Além disso, vai descobrir a interessante liga-ção entre tatuagem e yoga.

Um foco da Skin são as pessoas e as tattos. Por isso, você vai ler muito sobre per-sonalidades importantes no mundo da tatuagem. Entre elas, uma das mais famosas: Rick Genest, mais conhecido como Zombie Boy. Há duas entrevistas com brasileiros que trabalham diretamento com as tattoos no seu dia-a-dia, Roger Marx e Andréa Lavezzaro.

Por último, você vai ler uma crônica sobre tatuagens.Esperamos que você, leitor, goste muito da primeira Skin e podemos afirmar com cer-teza que a segunda edição vai ser tão boa quanto essa! Apro-veite a revista e se informe so-bre o mundo da tatuagem e das artes. Boa leitura!

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4. Estilo

6. Dualidade

5. Técnica

9. Mundo

Tatuagem ultravioleta

Tatuagem e Yoga

Beleza e Tattoos

La Catrina

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Sumário

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10. CapaZombie Boy

14. EntrevistaRoger Marx

16. Aonde IrSoul Tattoo Art Cafe

18. EntrevistaAndrea Lavezzaro

20. CrônicaTatuagem

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BelezaeTattoos

Marina Dias, modelo paulista, não esconde suas tatua-gens na hora de desfilar. Pelo contrário!

Estilo

Por Victor Pires

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ARINA DIAS, 36 ANOS, é um dos grandes nomes do

mundo da moda. No final da década de 90, foi considerada um ícone da moda brasilei-ra. Além do seu trabalho nas passarelas, é reconhecida por suas 16 tatu-agens e quatro piercings, os quais usa em seu trabalho.

Ela nasceu em São Paulo, mas cresceu em Curitiba. O início de sua carreira não foi precoce, como ocorre com as modelos hoje em dia. Come-çou em 1997, com cerca de 20 anos. Em sua carreira de pro-fissional, Marina fez desfiles para grandes marcas nacio-nais e interna-cionais, como Marcelo Sommer, Chanel, Dior e Kenzo. Já foi capa e realizou vários ensaios para revistas célebres do mundo da moda, como, por exemplo, para as versões brasileira, in-glesa, francesa e russa da re-vista Vogue.Marina ainda possui um con-trato de exclusividade para alta costura de Mugler e a campanha mundial da Fendi.

Marina atuou numa perfor-mance do grafiteiro francês Zevs. Em 2009, apresentou na televisão um programa sobre moda e, em 2011, foi uma das estrelas da exposição “Todo o Nada”, do fotógrafo peru-ano de moda Mario Testino. Atualmente, além de desfiles e campanhas, é também dire-tora de casting e coreografia e ilustradora, além de integrar o projeto “De Polainas”, um co-letivo de DJs paulistanas.Atualmente podemos vê-la atuando como jurada no re-ality de maquiagem Desafio da Beleza, exibido pelo canal pago GNT na segunda-fei-ra às 20h00, porém ela está longe das passarelas, mas nem tão longe assim, pois continua presente nos bastidores. “Meu trabalho acontece quando a passarela não é só ida e vin-da das mo-delos. Quando a postura corporal faz parte do conceito da coleção. Pra mim, é super divertido. Quando era modelo tinha preocupação em mostrar minha postura que o estilista queria passar”, diz Marina.

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Brilho NoturnoDiscretas durante o dia e fluorescentes à noite, as tatoos ultravioletas já chegaram ao Brasil

Por Taise Borges

tatuagem ultravio-leta, UV ou de luz escura, como também

é conhecida, vem fazen-do muito sucesso em países como Estados Unidos, Ca-nadá e Japão. Durante o dia, é pouco visível, mas à noi-te, revela seu efeito flores-cente, brilhando no escuro.

A tinta usada é compos-ta por um produto chamado Polymethyl methacrylate, que não ocasiona nenhum tipo de alergia. Essa tinta foi cui-dadosamente formulada para garantir biocompatibilidade, aderir à pele e ser facilmentemanuseada pelos tatuadores.

Sob a luz solar, as tatuagens ultravioleta ficam quase invi-síveis. Quando colocadas em ambientes propícios à luz UV,

é que revelam sua fluorescên-cia. Essa característica faz com que a tinta constitua uma op-ção àqueles que buscam uma

tatoo discreta durante o dia. são necessários cuidados ain-da maiores, principalmente quanto à exposição à luz do sol. Especialistas recomendam doses generosas de bloqueador solar, não somente para evitar queimaduras, como para man-ter a integridade da tatuagem.

Mesmo recentes no Brasil, as tatuagens UV já adquiriram credibilidade em países do exterior. Sua popularidade na-cional só não é maior por con-ta do valor mais alto que o das tatuagens comuns. A explica-ção para o preço elevado está na peculiaridade da tinta uti-lizada e na capacitação exigida do profissional para o manu-seio dela. Apesar da aplicação ser semelhante a qualquer ou-tra, o profissional interessado na técninca deve recorrer a cursos de capacitação dispo-níveis no Brasil ou exterior.

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Como surgiu a UV tattooA ideia veio de uma em-

presa norte-americana, que desenvolveu a tinta especial De acordo com a fabricante e os órgãos de vigilância sa-nitária dos Estados Unidos, as substâncias que compõem a tinta não são de natureza radioativa, causadoras de cân-cer ou prejudiciais à saúde do usuário em qualquer aspecto.

A produção desse tipo de desenho envolve procedimen-tos semelhantes aos utilizados para as tatugens comuns. Por se tratar de uma tinta de compo-sição diferenciada, entretanto,

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Técnicas

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Como a cultura hindu tem influenciado as tatuagens dos praticantes de Yoga e oferecendo a alternativa da hena

àqueles que não querem encarar a tatoo definitiva

Índia Por Taise Borges

Dualidade

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ara alguns pratican-tes de Yoga, o corpo é sagrado e não deve ser

maculado. Para outros, a pele não passa de uma tela em branco, possibilitando exibir pensamentos, textos e divin-dades que inspiram e infor-mam a prática. Estampadas em ombros, peito, braços e pernas, as tatuagens po-dem ser escondidas durante um dia de trabalho. Porém, ao praticar o Yoga, as pou-cas roupas geralmente reve-lam os desenhos existentes.

Muitas praticantes de Yoga tem ou pretendem ter uma ta-too. Érica Correa, professora de Yoga, há dois anos come-çou a tatuar um dragão colo-rido nas costas. Segundo seu marido, Flávio Cabelo, tatua-dor, só faltam três sessões para que o dragão esteja finalizado. Segundo Érica, é muito co-mum ver praticantes de Yoga tatuados. “Acredito que seja porque as pessoas se identifi-cam com a ideologia e a mito-logia indiana, e desejam pas-sar isso para o corpo.”, explica.

A jornalista e professora de Yoga, Madu Cabral, é um exemplo disso. Há três anos tatuou um mantra tibetano no pulso direito. “Estava em uma fase em que praticava intensa-mente o budismo tibetano e esse mantra é um dos seus re-

presentantes”, afirmou Madu. Segundo Érica, as tua-

gens mais populares são as dos deuses Krishna, Ganesh e Shiva. “Normalmente, os de-senhos são grandes, com mais de 20 centímetros, porque os símbolos relacionados à mito-logia indiana são muito deta-lhados, não tem como ser uma tatuagem pequena”, afirma. Outros desenhos bem requi-sitados são o do mantra Om e da flor-de-lótus, além das palavras escritas em sânscrito.

As fotos que ilustram essa matéria são de praticantes de Yoga que aderiram à tatua-gem. O pavão ao lado cobre a lateral esquerda das costas de Carol Tessirone, 32 anos. Sugundo ela, a figura tatuada representa sua própria perso-nalidade e demorou mais de 25 horas para ser feita, cus-tando cerca de 2 mil dólares.

Lula Trainor, 28 anos, ti-nha 19 quando escolheu tatuar uma flor-de-lótus em seu pei-to. Lula conta que foi atraída pelo símbolo da flor que nasce em águas poluídas e emerge

na luz e que, na cultura hin-du, simboliza a superação, a energia divina e fundamental.

Uma alternativa às tatoos Tem-se observado, no Bra-

sil, a frequente utilização da hena por pessoas que desejam enfeitar o corpo e fazer tatua-gens que duram cerca de duas semanas. O adereço também

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serve para aqueles que não têm coragem de fazer um de-senho definitivo na pele. Já na Índia, a tatuagem de hena é uma das muitas tradições que marcam os costumes re-ligiosos e que, além de embe-lezar, é símbolo de amor e de sorte. A brasileira Ana Luiza Rodrigues segue o hinduís-mo desde a adolescência e é uma adepta da hena há três anos. “Uso tatuagem de hena nas mãos e nos pés em qual-quer festa que vou. Ela é um adorno, um enfeite que nos deixa mais bonitas”, conta.

As folhas de hena são de-rivadas de um arbusto encon-trado em grande abundância em países de clima quente,

como Índia e Paquistão. De-pois de secas e trituradas, as folhas se transformam em uma pasta, utilizada para a confecção dos desenhos. Na cultura hindu, a hena é usada nas festas e nas comemora-ções. “Usamos essas tatuagens em chás de bebê, casamentos, noivados, aniversários e na Diwali, a Festa das Luzes. É um costume bem popular no país”, diz a indiana Antima Rajput, profissional que tra-balha com tatuagen de hena.

Segundo Antima Rajput, a maioria de suas clientes são brasileiras e fazem desenhos indianos, como flores, cora-ção e pavão, que representam a fertilidade e o amor. No en-tanto, as tatuagens não se limitam aos pés e às mãos, como acontece na Índia. As brasilei-ras também costumam tatuar a nuca, os ombros e as costas.Antima conta que seu públi-co é variado e que já atendeu “desde uma noiva que fez seu casamento em estilo indiano, até um rapaz que queria fazer uma tatuagem definitiva e aca-bou testando com a de hena para ver antes como ficava”.

O pó de hena utilizado na tatuagem é um produto muito barato na Índia. No

Brasil, porém, é difícil de ser encontrado, pois a hena na-tural sempre é importada do Oriente. Tal dificuldade é a causa do alto valor que atinge no mercado brasileiro: quatro gramas de hena custam apro-ximadamente R$20. As tatoos feitas a partir do pó não pos-suem preço fixo, porque ele va-ria de acordo com o tamanho do desenho e de seus detalhes.

Praticar yoga é buscar a harmonia entre mente e corpo, o equílibrio interno e externo. Os praticantes adquirem ver-dadeira paixão pela técnica, a qual passa a fazer parte de suas vidas. A tatuagem ganha sen-tido nesse momento, quando o adepto usa o corpo para imortalizar a yoga, difundí-la e informar sua prática. O ca-ráter definitivo da tatuagem serve bem a esse propósito.

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El Día de

Muertos

contrário da religião católica e sua tradição de luto no dia dos mortos, para

os mexicanos esse dia é de muita felicidade e celebração. El día de Muertos é um dia de recordação e honras aos mortos de cada familia. A ideia é que as pessoas convivam tão bem com a morte como com a vida e comemorem a paz dos espíritos daqueles que já se foram.

As celebrações são dedicadas à deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a Dama da Morte. A La Catrina surgiu da gravura de La Calavera de La Catrina do artista mexicano José Guadalupe Posada: a representação de uma dama da alta sociedade em forma de caveira.

Catrina é uma variante feminina da palavra Catrín, que significa homem de bom gosto e de bom senso estético, não necessariamente alguém pertencente á nobreza, mas o perfeito cavalheiro exemplar. A figura da La Catrina tem como objetivo lembrar que mesmo os mais ricos enfrentam a morte e que ela é igual para todos. Desde a figura pintada por José, a La Catrina se tornou mais sofisticada e, hoje, é vista tanto na festividade do Dia dos Mortos como em tatuagens. A diferença é que, atualmente, La Catrina não aparece mais com

os chapeús luxuosos, e sim com diversas flores em seu cabelo.

A caveira, também chamada de “Caveira de Açúcar”, é um símbolo popular da celebração. É usada principalmente em máscaras, tinha a função social de demonstrar a inexistência de diferenças entre ricos e pobres, pois perante a morte, todos somos iguais. Esta tradição inspirou o uso de tatuagens de Caveira Mexicana, extremamente coloridas (lançam mão de cores como rosa, vermelho, verde, roxo, violeta). Cabe aos tatuadores usar da criatividade para criar tatuagens que se destaquem pela originalidade e cor, além de representarem a tradição dessa data no país.

Além de serem extremamente exploradas pelos que amam suas tatuagens, essas caveiras já se tornaram uma tendência da moda. Por isso muitas revistas do meio estão investindo em editoriais com essa linha estética e apostando em acessórios e roupas com a estampa. Homenageiam os mortos de uma forma diferente da que estamos acostumados a ver aqui no Brasil, pois é alegre e traz uma lembrança feliz e festiva dos antepassados. Essa diferente forma de ver a morte já tem adeptos e cabe a cada um a adesão ou não desse espírito.

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Por Isabella Campedelli

Mundo

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ZombieBoy

Rick Genest, o modelo canadense, descober-to por Nicola Formichetti, que se tornou co-

nhecido pelo corpo coberto por tatuagensPor Raquel Franco

Capa

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Boy

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R ick Genest, mais co-nhecido como Zombie Boy, recebeu esse ape-

lido de seus amigos na épo-ca da adolescência. Modelo canadense de 27 anos, ele é conhecido por suas tatuagens que o fazem lembrar um ca-dáver. Mundialmente conhe-cido e fã da cultura punk, ele participa de campanhas pu-blicitárias e desfiles de mar-cas famosas.

Zombie Boy nasceu em Châteauguay, no subúrbio de Montreal. Primogênito de dois irmãos, Rick esperou até os 16 anos para fazer a pri-meira tatuagem em respeito aos pais, disse sua mãe. Um crânio e ossos cruzados no ombro faziam parte de sua primeira tatuagem. Aos 17 anos, foi morar sozinho e dois anos depois já tinha o projeto de tatuar todo o cor-po - inclusive o rosto - quan-do fizesse 21 anos. Quando atinguiu essa idade, procu-rou Frank Lewis, responsá-vel pela maior parte de suas tatuagens. O processo de se tornar uma “obra de arte” já dura 6 anos e Rick gastou cerca de 17 mil dólares.

Para ele, a obra retrata “o corpo humano como um corpo em decomposição, a arte de um cadáver apodre-cendo”. Suas tatuagens refle-tem criaturas vistas na arte literária e cinematográfica como símbolos da xenofobia. Rick se identifica com isso, já que, segundo ele, durante sua adolescência foi rejeitado e incompreendido. A modi-ficação em seu corpo ainda não terminou e não tem pre-visão. Entre outras modifi-cações, Rick tem vontade de remover a ponta do nariz.

Zombie Boy disse a res-peito das escolhas de suas belas e dramáticas tatuagens, “Eu uso minhas tatuagens como vetores de uma men-sagem expressando o que eu sinto. Existem várias razões para a minha escolha. Pri-meiro, o mito do zumbi com origem em pessoas enterra-das vivas no tempo da peste ter sido algo verdadeiro para mim em minha infância. Eu fiquei seriamente doente, fui afetado física e mentalmen-te... Eu parecia um zumbi.” Para ele, o zumbi encarna a rebelião contra o consumo

excessivo e contra as pró-prias leis da natureza. A este respeito, Rick cita o filósofo William James Durant, que disse “Uma grande civiliza-ção não é conquistada de fora, a menos que ela seja destruída por dentro”.

Com suas tatuagens, Rick se tornou uma figura popu-lar no cenário underground, mas no passado passou por grandes dificuldades finan-ceiras. No entanto, no ano de 2010 foi criada uma pá-gina no Facebook sobre a sua escolha de tatuagens. Por essa exposição ele foi desco-berto pela Mugler, empresa da qual Nicola Formichet-ti, diretor de moda da Lady Gaga, é diretor criativo que o convidou para ser a estrela da nova fase da marca. Após o contato pela rede social, Rick participou de um desfile não programado com a cantora em Paris. Consequentemen-te, teve seu nome promovido pela estrela do pop.

Em 2011, Zombie Boy participou de uma cam-panha publicitária para os produtos de maquiagem da Dermablend, sem nenhuma

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gem visível. No comercial, que possui a assinatura “Go beyond the cover” (Vá além da capa), ele aparece tirando a camisa e virando para a câ-mera, logo depois ele utiliza uma esponja com removedor da marca e passa no corpo e rosto, revelando suas tatua-gens e virando para a câmera. O vídeo também mostra o making off com todo o pro-cesso que Rick passou para cobrir as suas tatuagens. Con-fira o vídeo da campanha uti-lizando o link do box ao lado.

As pessoas se perguntam onde se esconde o rapaz nas-cido em Quebec, uma múmia de tatuagens que cobriu 80% do seu corpo e o que está em sua mente para colocar o imortal em sua pele. Zom-bie Boy diz que não está rico, como muitos imaginam. Di-vidindo um apartamento com um amigo, em um local afas-tado da cidade, o rapaz pode fazer festas a noite toda “sem o risco dos policiais aparece-rem”. Mas o corpo em tinta, só faz sentido para Rick Genest. Atualmente, Rick segue sua carreira de modelo, constan-temente fazendo desfiles, en-

saios fotográficos, campanhas e algumas entrevistas para re-vistas de moda.

Apesar de jovem, Rick é um dos personagens mais im-pactantes e intrigantes, devi-do a maneira que transformou seu corpo. Com o dinheiro que ganhou, ele tem como ob-jetivo trabalhar em um show que tem com seus amigos e fazer grandes festas. Questio-nado sobre como gosta de se vestir, ele afirma que antes de entrar na indústria da moda, fazia suas próprias roupas mas agora se veste da maneira que se sente bem. Utiliza tachas e texturas diferentes para cus-tomizar as peças ao seu estilo, transformando-as em únicas.

O rapaz que sacrificou seu futuro, acredita na originali-dade e não aprova que outros façam o mesmo. Se conside-ra feliz e acha graça quando param na rua para tirar foto apesar de receber olhares de espanto. Zombie Boy acre-dita no respeito às diferenças e manda um recado: “Eu não posso te dizer o que fazer e você não pode me dizer o que fazer, mas nós podemos nos dar bem mesmo assim”.

www.youtube.com/watch?v=Jk37BdzonCY

Veja o vídeo que o modelo tatuado fez para a

Dermablend no link:

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Roger Marx é um tatuador paulista, nascido em 1980. Apenas com

20 anos de idade, abandonou a faculdade e mudou-se para os Estados Unidos. Em janeiro de 2001 retornou a São Paulo, e, aos poucos, a ideia de tornar-se um tatuador profissional foi amadurecendo. Após isso, abandonou o ramo do design e ilustração para se dedicar exclusivamente a esta arte.

No ano de 2008 o tatuador abriu o próprio estúdio de tatuagem. Roger passa alguns meses por ano em Los Angeles, trabalhando e aprendendo mais em estúdios locais, mas seu endereço fixo é no Guadalupe Tattoo, localizado no Nimbus Studios, em São Paulo. Roger também já tatuou pessoas

Roger Marx

A arte de tatuar, com os erros e acertos, inspirações e desejos que movimentam o tatuador

Por Isabella Campedelli

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famosas, como integrantes da banda Guns’n’Roses. Confira, a seguir, a entrevista que a revista Skin fez com o artista! Skin: Por que você decidiu começar a tatuar?Roger Marx: Porque precisava de um ofício para pagar as contas. A música, além de prazer, só me deu gastos na vida. Tentei, por 15 anos, ser músico, e sempre fui ligado ao mundo da tatuagem como grande admirador, além de colecionador de desenhos em minha pele. Mas chegou um momento em que tive que me virar, e tudo aconteceu naturalmente. Quando vi, já estava tatuando e ganhando para isso. Meu amigo Joe Klenner (dono do Inferno

Club, na rua Augusta) foi quem me deu a minha primeira máquina, e, logo em seguida, comecei a fazer tatuagens em mim mesmo.

Skin: O que te inspira profissionalmente?Há temas específicos que você prefira tatuar, por exemplo?RM: Arte, no geral, me inspira. Desde de desenhos e quadros, à filmes, músicas, shows… tudo o que é relacionado à arte e suas vertentes. Acredito, também, que recebo inspirações cósmicas vindas de todos os cantos desse nosso grande planeta e de outras dimensões e galáxias distantes. Adoro tatuar coisas relacionadas a música e cultura em geral também. Gosto de me abrir para novas influências.

Entrevista

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Skin: Existe uma técnica em especial que prefira usar?RM: Não. Nada específico ou especial. Só existe uma forma de aprender algo: errando! Eu errei no começo, aprendi o que NÃO fazer, aprendi fazendo e observando. Tento mesclar todas as técnicas que aprendi no meu estilo. Sempre tento aprimorar observando as pessoas trabalhando (melhor ou pior do que eu).

Skin: Qual o significado das suas tatuagens?RM: Tenho tatuagens que remetem a um momento, um estado. Outras, a uma fase da minha vida, a minhas crenças, e algumas não têm significado. Tento contar minha história de vida no meu corpo. Tenho desde as assinaturas dos meus pais e avós, até logos das minhas bandas preferidas, passando por deuses, santos e flores! Uma mistureba…

Skin: Sua família te apoia e sempre apoiou? RM: Na verdade, quando comecei a me tatuar (antes de tatuar as pessoas) meus pais não gostavam. Mas independentemente disso, sempre me apoiaram, nunca me recriminaram. Sempre me aceitaram como eu era, mesmo não gostando. Quando eu decidi começar a tatuar os outros, eles foram os primeiros a me apoiar!

Skin: Tem algum conselho a quem está começando a entrar nesse meio?RM: Sim. Primeiro: não ouça quem diz que você não

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é capaz ou “que não tem jeito pra coisa”. Use isso como incentivo e mostre para todo mundo o quanto eles estão errados. Já pelo lado prático, uma coisa que me ajudou muito no começo foi refazer tatuagens. Todo mundo tem amigos que têm tatuagens toscas, coisas que nem se você quiser consegue piorar. Eu aprendi muito refazendo tatuagens, aprendi como os tatuadores faziam, aprendi aplicação, sombreamento e treinei fazer linhas firmes. Não cobrava nada dos amigos, mas ganhei algo mais valioso que dinheiro: ganhei o conhecimento.

Skin: E os planos futuros? Pretende continuar no Brasil ou fixar residência no exterior?RM: Meus planos são tatuar cada vez mais e melhor. Evoluir como pessoa e como profissional a cada dia, ate meu último dia, seja quando for. Quero fazer intercâmbios sempre que possível, uns mais demorados que outros. Adoro conhecer outras culturas e ver o mundo, mas minha residência é e sempre será no Brasil. Amo meu país e quero melhorá-lo como posso e não abandoná-lo.

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Por Pedro Alves

O Soul Tattoo Art e Café é um estúdio de tatuagem que reúne várias culturas e atrações

riado em fevereiro de 2011, o espaço fica em São Paulo, na Rua

Oscar Freire, e é liderado por Paulão Tattoo (desde 1985, um dos pioneiros da tatua-gem no Brasil) e sua espo-sa, a barista Patrícia Martins. No local, há uma mistura de vários ritmos e artes, que se unem em sintonia. Os visi-tantes têm acesso a um estú-dio de tatuagem e piercing, uma galeria de arte, um es-paço para exposição de jóias, um lounge com coffee shop.

Paulão Tattoo é nome co-nhecido no cenário da tatua-gem nacional, e trabalha com esse tipo de arte corporal há cerca de 28 anos. O tatuador já teve a oportunidade de ta-tuar celebridades, tais como a famosa atriz Deborah Secco, e a ex-Miss São Paulo, Mar-cela Temer, agora casada com o vice-presidente do Brasil, Michel Temer. Paulão e Pa-trícia ressaltam que a tatua-gem, assim como as artes em geral, expressa o que há de mais profundo no espírito do

ser humano. “Toda e qual-quer obra de arte, seja em for-ma de pintura, música, dan-ça, cinema, tem uma história que inspirou o autor, e com a tatuagem não é diferente. O Soul Tattoo pretende relacio-nar histórias a pessoas baca-nas, ambiente aconchegan-te e profissionais renomados.

No andar onde é situada a galeria, são realizados mui-tos eventos com viés artístico. A vitrine de joias tem traba-lhos de designers famosos. A equipe de piercings sabe dos

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Vai lá: Soul Tattoo Art & Café

R. Oscar Freire,2203, Jd Paulista, São Paulo

Tel: (11) 3063-3435

música, turismo, gastronomia oferecendo um universo cul-tural muito além da tatuagem.

As salas de tattoo e pier-cing, assim como todo o local, são clean organizadas e tem a proposta de trazer mais deli-cadeza para o estúdio. Cada um tem o seu estilo, mas to-dos são ótimos profissionais e se complementam. Os pro-fissionais têm experiência em várias áreas da arte e podem ajudar os visitantes em assun-tos como moda, música e, é claro, tatuagem.

Vale a pena acessar o Fa-cebook do Soul Tattoo e ver todas as fotos que compõem o portifólio, além de seguí-los no Twitter. Eles também são responsáveis pelo blog Alma Tatuada, um canal que traz o dia-a-dia do estúdio, dicas, , entrevistas com personalida-des e muitas referências do universo da body art, beleza, cultura e das artes em geral.

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melhores e mais conhecidos procedimentos de assepsia e segurança, e tem familiaridade com os mais variados tipos de perfuração estética e corporal, inclusive a microdermal.

O bistrô, sob comando da barista Patrícia Martins, tem drinks super criativos e que fazem parte do menu de cafés renomados no mundo, além de guloseimas deliciosas e bem conhecidas, como o “blondie” (versão do velho brownie, confeitado em açúcar mascavo e noz macadâmia) e diversos salgados.

Outra diferença do Soul é a biblioteca, que fica também no lounge, e serve de referência para váriados temas, tais como

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Andrea Lavezzaro

A fotógrafa argentina tem modelos tatuadas como principais musas

Por Pedro Alves

ndrea Lavezzaro é filha de argentinos, mas nasceu e viveu no ABC

Paulista até mudar para São Paulo para fazer um curso de Moda na faculdade, coisa que ela acabou deixando para trás. O início dela no ramo ocorreu no momento em que Andrea começou a trabalhar como assistente em estúdios de fo-tografia da capital. Atualmen-te, é fotógrafa oficial do site de modelos tatuadas Suicide Girls, além de possuir diver-sos outros projetos próprios.

Nessa entrevista exclusiva, você aprende mais sobre a história da carreira profissio-nal de Andrea e sobre os tra-balhos que ela faz. Confira!

Skin – Como você começou sua carreira de fotógrafa?Andrea Lavezzaro – Fui para São Paulo quando comecei a faculdade de Moda. Por sem-pre gostar mais das aulas de História da Arte, a fotografia foi a minha escolha quando larguei a faculdade para traba-lhar em estúdios e libertar as

minhas ideias sobre arte, que antes eram manipuladas por outra instituição, e ao mesmo tempo, para conseguir dinhei-ro suficiente e comprar meu próprio equipamento.

Depois de quase dois anos, pensei que finalmente havia conseguido minha liber-dade, mas iniciar uma carreira solo foi muito difícil e, mesmo trabalhando para a Folha de S. Paulo, nunca tive uma chance real de crescimento, por es-tar envolvida num ambiente pessoal que não me inspirava.

Entrevista

Foto: Andréa Lavezzaro

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nas tatuadas. De um jeito ou de outro, gosto bastante de trabalhar com isso, pois tenho a liberdade que procurava de poder viajar, fazer meus horá-rios e criar sem ter um chefe ou rotina – mas não é tão fácil como soa, pois eu tenho que lidar com vários problemas, o tempo todo. Fotografar é só uma parte do processo.

Skin – Você faz outros traba-lhos, além do Suicide Girls?AL – Eu também trabalho para várias revistas na Euro-

pa, projetos pessoais (que são os meus favoritos) e para o ci-nema alemão. Este ano, estou lançando meu primeiro livro com algumas fotos que já fo-ram publicadas e foram bem recebidas, sendo que a maioria delas é exclusiva.

Em 2006, decidi que já estava na hora de ir explorar outros lugares e horizontes.

Skin – Desde quando você trabalha para o Suicide Girls?AL – Desde 2006 eu fotogra-fo para o Suicide Girls - site que conta com fotos eróticas de estilo pin-up - como fotó-grafa oficial deles aonde quer que eu vá. Assim é como a maioria das pessoas conhece meu trabalho, mas de maneira superficial, porque faço outras coisas além de nus de meni-

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Site da Andrea Lavezzaro: http://lavezzaro.com/

Facebook: /LavezzaroPhotography

Foto: Andréa Lavezzaro

Foto: Andréa LavezzaroFoto: Andréa LavezzaroREVISTA FINAL.indd 21 22/02/2013 08:17:28

Reconhecendouma arte

Crônica

O momento em que uma pintura corporalpassa a ser reconhecida como arte

Por Isabella Campedelli

Confesso que nunca ti-nha me interessado pela arte de gravar sobre a pele,

desenhos, nomes, símbolos etc.Mas - a vida é sempre reple-

ta de surpresas - o meu dia che-gou, tardiamente, mas chegou. Não que eu pense em tatuar al-guma parte do meu corpo, não, não é isso, ou, ainda não é isso. O dia a que me refiro é o dia em que reconheci que a tatuagem é uma arte.

Chegou tarde, porque essa arte já existe a mais de cinquen-ta anos no Brasil. Mas, era tão marginalizada, que poucas pes-soas se atreviam a tatuar o cor-po. Eram tidas como marginais. Hoje, é quase mania nacional e os tatuados não sofrem mais de alguns antigos preconceitos.

As tatuagens são bonitas! Especialmente quando feitas com tintas multicoloridas em um painel de bom tamanho. Em grandes dimensões é de um efeito visual incomparável! São pinturas artísticas para se-rem apreciadas. Um conceito que aqueles que se dizem gos-tar apenas da arte de acadêmia poderão descordar de mim, mas que eu me atrevo a dizer que isso é porque eles nunca pude-ram estar perto o suficiente para

observar e disfrutar a beleza de uma tatuagem bem feita, bem desenhada, por um verdadeiro artista.

Me recordo perfeitamente do desenho que me fez enxergar essa arte. Era um desenho bo-nito e meio enigmático. Tinha dragão, borboleta, e também uma cobra, tudo muito colori-do e também alegre. Não resisti e pedi para tocar no desenho. Comecei a explorar a tatuagem com o sentido do tato. Tocan-do na imensa borboleta, que ocupava grande parte da tela corporal, senti como se o pólen transportado por ela estivesse em minhas mãos.

Enfim, pude entender essa arte, até então desconhecida para mim. Fiquei longamente admirando aquela ilustração. A arte é tudo que mexe com os nossos sentidos e achamos boni-to, sem obrigatoriamente seguir conceitos acadêmicos que mui-tas vezes nos reprimem.

Quando descobrimos beleza em tudo que nos rodeia, somos, finalmente, verdadeiros aprecia-dores das obras de arte. É como dizia o gênio Tom Jobim: “É pau, é pedra, é o fim do cami-nho.”Amo tatuagem!

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