Revista ECOLÓGICO - Edição 53

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Confira a Revista ECOLÓGICO, lua cheia de janeiro. Com as principais matérias: A exploração da árvore pau-rosa para produção de perfumes como o Chanel nº 5, cuja musa é Marilyn Monroe As belezas da Estrada Real Política - A nova Feam Memória Iluminada com Florence Nightingale

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PARA AJUDAR A TRAZER A VIDA DE VOLTA AOS NOSSOS RIOS, A COPASA REALIZOU UM GRANDE INVESTIMENTO, QUE FICA MAIOR AINDA SE VOCÊ OLHAR OS BENEFÍCIOS QUE ELE TRAZ.

Legenda:

84 novas ETEs em operação de 2003 a 2011

79 ETEs em obras

34 ETEs em operação até 2003

ETEItajubá

ETEAraxá

ETECurvelo

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ETEMontes Claros

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R$ 6 bilhões de investimentosem água e esgotoem todo o Estado.

Para garantir que a água chegue sempre

pura e tratada para mais de 13 milhões de

mineiros, a Copasa também precisa ajudar

a proteger os nossos rios. É por isso que

nunca se investiu tanto em tratamento

de esgoto, em Minas, como nos últimos

anos. Desde 2003, o número de Estações

de Tratamento de Esgoto construídas pela

Copasa aumentou de 34 para 118. E outras

79 estão em construção. Agora, a Copasa vai

realizar um investimento de R$ 450 milhões*

para recuperar a bacia do Rio Paraopeba

e a Lagoa da Pampulha. Um valor pequeno,

se comparado aos milhões de pessoas que

serão beneficiadas. São obras concretas,

com o tamanho e a importância que Minas

e a natureza merecem.

Nunca se investiu tanto emtratamento de esgoto em Minas

» R$ 6 bilhões** em obras

» Aumento de 230% no volume de esgoto tratado em todo o Estado

» Implantação de 8.000 km de redes de esgoto

» Aumento de 70% da população atendida pelo serviço de esgoto

* Recursos próprios e financiamentos de agentes federais e internacionais.

* * Recursos próprios e financiamentos de agentes federais.

ETETeófilo Otoni

ETESerro

ETEBetim

ETE OnçaBelo Horizonte

ETETeófilo

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CONSELHO EDITORIAL Angelo Machado, AntônioClaret de Oliveira, Célio Valle,Evandro Xavier, José CláudioJunqueira, José FernandoCoura, Maria Dalce Ricas,Maurício Martins, NestorSant’Anna, Paulo Maciel Júnior, Roberto Messias Franco, Vitor Feitosa e Willer Pós.

DIRETOR GERAL E EDITORHiram [email protected]

CORRESPONDENTE INTERNACIONALAndréa Zenóbio Gunneng

REPORTAGEMAna Elizabeth Diniz, Cristiane Men-donça, Fernanda Mann, LucianaMorais e Vinícius Carvalho

CAPAArte sobre foto de Gene Kom-man / 20th Century Fox

EDITORIA DE ARTEAndré [email protected]

Marcos [email protected]

Sanakan [email protected]

REVISÃO Gustavo Abreu

DEPARTAMENTO COMERCIALJosé Lopes de [email protected]

Sarah [email protected]

Silmara [email protected]

MARKETING E [email protected]

IMPRESSÃORona Editora

PROJETO EDITORIAL E GRÁFICOEcológico Comunicação em Meio Ambiente Ltda [email protected]

REDAÇÃORua Dr. Jacques Luciano, 276Sagrada Família - Belo HorizonteMG - CEP 31030-320Tel.: (31) [email protected]

VERSÃO DIGITALwww.revistaecologico.com.br

A REVISTA ECOLÓGICO utiliza papéisSuzano para a sua impressão. Isto

garante que a matéria-prima florestalprovenha de um manejo econômico,social e ambientalmente sustentável.

REVISTA NEUTRA EM CARBONOwww.prima.org.br

Em toda Lua Cheia, uma publicação dedicada à memória de Hugo Werneck

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são investidos em obras e

programas sociais que trazem

benefícios para todos. É você e

a Prefeitura trabalhando juntos

por mais desenvolvimento

e qualidade de vida.

NÃO PARA DE TRABALHAR

POR VOCÊ.

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● IMAGEM DO MÊS 10

● CARTAS DOS LEITORES 12

● CARTA DO EDITOR 14

● ECONECTADO 16

● SOU ECOLÓGICO 18

● GENTE ECOLÓGICA 20

● CEU DE BRASÍLIA 22

● ESTADO DE ALERTA 28

● PARCERIA 42

● PRESERVAÇÃO 44

● GESTÃO E TI 52

● VOCÊ SABIA 54

● AS RPPNS DA VALE XII 56

● NATUREZA MEDICINAL 59

● OLHAR POÉTICO 60

● OLHAR EXTERIOR 62

● MEMÓRIA ILUMINADA 64

● CONVERSAMENTOS 72

1 ÍNDICE

PERFUME DEVASTADOR A Amazônia destruída para produzir

perfumes como o Chanel nº 5, eternizado por Marilyn Monroe

Pág 30

E mais...

POLÍTICA AMBIENTAL Zuleika Torquetti: a primeira mulher na presidência da FEAM

Pág 46

PÁGINAS VERDESAmeaçada de morte, Evane Lopes luta pelos direitos dos quilombolas em todo o país

Pág 24

DIREITOS HUMANOSA face dos 10 brasileiros que mais lutam por um mundo justo, e estão ameaçados de morte

Pág 34

ENSAIO FOTOGRÁFICOAs belezas naturais da Estrada Real

Pág 68

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1I M AG E M D O M Ê S

GIGANTE POLUÍDO

A China tem sido nos últimos anos foco de notícias sobre crescimento econômico. Estima-se que em 2015 o gigante asiático será o principal consumidor planetário. Porém, o país, que cresce a passos largos, demonstra um modelo de desenvolvi-mento insustentável. Prova disso foi a nuvem de poluição que acinzentou a paisa-gem de 12 províncias, sendo a pior registrada na última década. Cidadãos foram orientados pelo governo a não sair de casa, já que a fumaça foi qualificada de “severamente prejudicial”. Exemplo comprovado pela foto do distrito de Pudong, ponto financeiro de Xangai, também tomado pela nuvem tóxica e antiecológica.

10 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

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1CARTAS DOS LEITORES

Oscar da Ecologia“O Prêmio Hugo Werneck comprova que, ao invés de sermos contra, apenas queremos condicionar o desenvolvimento a um país melhor, mais justo e que proteja a sua natureza. Parabéns!” IZABELLA TEIXEIRA, ministra do Meio Ambiente

Melhor revista“Quero transmitir novamente para toda a equipe da ECOLÓGICO: vocês estão fazendo a melhor revista sobre sustentabilidade hoje no país. Isso nos orgulha!” DÍDIMO PAIVA, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais

A lavra nova de Célio“Parabéns, professor Célio Valle, meu companheiro nos encontros espeleológicos. Fui o modelo do Lund nas ilustrações de seu livro! Já tenho um exemplar com dedicatória dele.” ADRIANO FERNANDES

Germinar de Novo“Foi um susto generalizado, meu e da nossa turminha , quando nos deparamos com a matéria Germinar de Novo. Nos sentimos totalmente prestigiados ao ver tantas fotos e um texto corretíssimo. Ficou ótima e retratou com fidelidade o que fazemos. Muito bom!” LILIAN FREDERICO, GERDAU

Instituto Inhoré“Sou sitiante vizinho do parque e espero que este sonho se torne realidade o mais breve possível. Boa sorte e um grande abraço para todos os envolvidos nesta campanha.” EDSON ANTÔNIO

12 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

SOS Semad“A OSCIP Amanhágua também está sofrendo com o contingenciamento, aguardando a liberação do desembolso previsto para abril de 2012 conforme convênio firmado entre Amanhágua/IEF/SEMAD. Estamos com nossas atividades paralisadas devido à falta de recurso financeiro. Adiantamos os trabalhos e não recebemos. Estamos com os pagamentos dos fornecedores atrasados e inclusive os viveiros familiares não receberam, eles produziram as mudas e estão aguardando a liberação do recurso, o que implica em perda de credibilidade e confiabilidade de nossos fornecedores e clientes.” WANDERSON, OSCIP AMANHÁGUA

Olhar Exterior“Parabéns, Andrea Zenóbio, pelo belo texto ‘Em busca da felicidade’, na última ECOLÓGICO. A matéria expôs de modo simples e convincente a concepção budista de felicidade. Desejo a você que nesse 2013 outras belas mensagens de conteúdo tão instigante sejam a marca da sua coluna.”ALFEU TRANCOSO

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“Conheci a Revista ECOLÓ-GICO há alguns anos e, desde então, sou assinante. É uma revista atual, atemporal, ideal para se ter no consultório. Meus pacientes adoram e sempre elogiam as ótimas matérias, as belas fotos... Al-guns, inclusive, tornaram-se assinantes. Leio e recomendo pelo conteúdo e visual mo-dernos e sofisticados.”

DANIELA ARAÚJO, belo-horizontina, médica acu-punturista.

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ERRATANa edição 48, matéria “Um rotei-ro que ensina a amar e preservar”, página 56, a foto do Cemitério Lund foi publicada com crédito errado, repassado pela assessoria de imprensa da prefeitura de La-goa Santa. Seu autor é Rui Alves.

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www.agbpeixevivo.org.brR. Carijós, 166, 5º andar : Centro : BH MG : CEP:30120-060

Tel.: (31) 3207-8500

INTEGRAÇÃOPELAS ÁGUAS

A AGB Peixe Vivo é uma Agência de Bacia, uma entidade técnica-executiva de apoio a Comitês de Bacia Hidrográfica. Tem atuação focada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Avalia, executa e fiscaliza projetos, contrata empresas, organiza eventos, reuniões e viagens técnicas, propõe estratégias, dá apoio administrativo, jurídico e financeiro, realiza cursos, além de outras funções relativas às atividades dos Comitês de Bacia.

Projetos HidroambientaisAvaliação, elaboração, detalhamento, licitação, contratação e acompanhamento de projetos hidroambientais.

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Reuniões e EventosA AGB Peixe Vivo realiza a produção e presta apoio para a organização de eventos e reuniões dos Comitês de Bacia Hidrográfica.ReunReunião iãoo o PlePlenPlenenPlennáriaáriaáriaáriaáá do dodo ComComiComiiCom tê dtê dddtê ddaa Baa Baa Baa BaBaciacia iacia Coomunião PReunião Plená doa dria

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Cursos e SemináriosA AGB Peixe Vivo promove e apoia a realização de cursos e seminários relacionados a recursos hídricos.

CursCursCursCursCuurso deo deo dedeo de CapCapapCapCa acitacittaca açãoaçãoaçãoaçaçãoçaçãoç de dedede de AgeAgenAgenAgenAgentes tes tes teaçãaçãtaçãoaçãocitc e AAaa gapap eCaC tes rsrsGestGestGestGesestoresoresoresoress ememememmm RecuRecuecuRecursosrsosrsosos HídHídHíHídricoicocoicoricos dos dds dos d rsou oscucu HHHecee rRR cmm s eeese

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C aro leitor da primeira edição da ECOLÓGI-CO de 2013, seja bem-vindo. Como você vai ler na página 30, Marilyn Monroe, a “Vênus

Platinada” que até hoje a humanidade sonha em ter nos braços, a boca carnuda, os cabelos loiros, a pinta fatal e uma ingenuidade e infelicidade sem limites, não morreu sozinha. Muito menos tinha consciência do que ocorria à sua volta.

A cada duas gotas de Chanel Nº 5, e nada mais, que ela aplicava em seu corpo nu e escultural antes de dormir, milhares de paus-rosa esculturais mor-riam no Brasil. Eram cortados e jogados criminosa-mente e sem piedade ao chão da Floresta Amazônia para produzir essa e outras fragâncias desejadas pela maioria das mulheres tops do planeta. Marilyn realmente não sabia de nada. Portanto, não poderia ser acusada nem condenada por isso. Garota propa-ganda da indústria farmacêutica, ela virou estrela prematura e morreu antes do advento da consciên-cia ecológica. E nós a amamos até hoje.

A ironia e o contraste do nosso destino ainda erran-te e em jogo sobre a Terra, você também vai conferir na página 34 desta edição, diz respeito a dez outros brasileiros. Homens e mulheres anônimos que, longe dos refletores da mídia, não usam Chanel Nº 5, não devastam a Amazônia, ainda estão vivos, mas sabem que podem ser assassinados. Heróis reconhecidos pela própria ONU pelo trabalho que desempenham em prol dos direitos humanos, mas que podem ser mor-tos a qualquer momento, basta um vacilo da Justiça que os protege.

Se Marilyn vive até hoje em nossos desejos, sau-dades e admiração, as árvores amazônicas e esses brasileiros não precisam ser ceifados e mortos pre-maturamente para também se transformarem em estrelas reluzentes no céu da nossa esperança. Hoje, todos sabemos disso. Não somos mais inocentes nem seremos perdoados. Mas podemos agir e fazer a nossa parte, democratizando essas informações. Podemos lutar pela sustentabilidade de nossas ações e salvar a natureza que nos resta. Podemos amar e sermos amados, como amamos Marilyn e devemos amar esses brasileiros especiais e ameaça-

De Marilyn a condenados

CARTA DO EDITORHIRAM [email protected]

1

dos, pela causa que defendem.“No fim, o amor vencerá!” – Hugo Werneck nos dizia

sempre, em sua fé inquebrantável. Nós temos de acre-ditar nisso. 2013 só está começando.

Boa leitura e até a próxima lua cheia.

14 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

A DIVA DO CINEMA COM SEU CHANEL Nº 5...

... E A CAPA DO DOCUMENTO DA ONU COM OS DEZ BRASILEIROS CONDENADOS POR SUA ECOLOGIA SOCIAL

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Job: 23226 -- Empresa: Ogilvy RJ -- Arquivo: 23226 An Anglo American 20c27 Revista Ecologico_pag001.pdfRegistro: 99867 -- Data: 15:09:50 19/11/2012

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d1E C O N E C T A D O

16 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

“O que você pretende fazer em 2013 para deixar a cidade melhor?”@andretrig - André Trigueiro , jornalista

“Energia limpa e renovável é mais ba-rata e não polui. Megawatt de energia térmica a diesel custa $500. Solar $300. Eólica $100” @sleitaor - Sergio Leitão, socioambientalista

“A tragédia em Xerém poderia ter sido evitada se a Mata Atlântica tivesse sido preservada ao longo dos séculos”@GreenpeaceBR - Greenpeace Brasil

“De tão poluído, ar em Pequim tem ‘gosto’ e causa perigos à saúde”@bbcbrasil – BBC Brasil

“Sustentabilidade deve ser tema bastante discutido nas escolas”@cmrrmg – Centro Mineiro de Referên-cia em Resíduos

“Mineradoras aceleram seu avanço na Amazônia brasileira”@DeLuCa - Cristina De Luca, jornalista

Com o objetivo de tornar os produtos orgânicos mais acessíveis aos consumido-res e fomentar uma alimentação saudá-vel, o Idec realiza o Mapa de Feiras Orgâ-nicas e Grupos de Consumo Responsável. Basta digitar um endereço para encontrar todas as feiras especializadas e grupos de consumo responsável mais próximos de você, bem como informações de horários de funcionamento e tipos de produtos encontrados nesses locais. Além disso, o mapa mostrará quais são as frutas, ver-duras e legumes da estação na sua região para que opte pelos produtos locais.Dica: Caso o mapa não mostre nenhu-ma feira próxima ao endereço buscado, clique em “diminuir o zoom” (sinal de menos na régua localizada no canto su-perior direito do mapa). Clique quantas vezes for necessário até aparecerem as indicações de localidade das feiras. Acesse: www.idec.org.br/feirasorganicas

ECO LINKS

O Pinterest é uma rede social específica para compartilhamento de fotografias on-line. Nele os usuários podem compartilhar e gerenciar imagens temáticas de paisagens naturais, ciências, dicas, decoração, esportes, entre outras. Cada usuário pode compartilhar suas imagens e as de outros e colocá-las em suas coleções ou quadros, além de poder comentar e realizar outras ações disponíveis no site. Para que as pessoas possam interagir de forma mais ampla com outras comunidades, o site é conectado ao Twitter e Facebook. Com fácil layout e rápido crescimento, tornou--se um novo meio de compartilhamento de imagens na internet. Foi eleito um dos melhores websites de 2011 pela revista Time.No Pinterest da ECOLÓGICO: www.pinterest.com/souecologico você encontra fotografias de plantas e animais, além de imagens que remetem às últimas notícias ambientais.

Twittando

Mesmo em dias de tempestade, há quem consiga encontrar leveza. É o caso do jorna-lista Christiano Senna, da Associação Mineira dos Municípios. Após um dia de intensa chuva em Belo Horizonte, Senna capturou a imagem de um belo arco-íris.Outro que também registrou um belo momento pós-chuva foi o diagramador André Firmino. Da janela de casa, ele fotografou dois imensos arco-íris na região leste da cidade.

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ECO MÍDIAS

Quer ganhar o super livro “Fauna da Floresta Nacional de Carajás”? Basta ser um seguidor no nosso Pinterest www.pinterest.com/souecologico O sorteio será realizado no dia 22 de fevereiro e o resultado divulgado em todas as nossas redes sociais.

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SOU ECOLÓGICO1

NA CABEÇAQue diria que a nossa estância hidromineral batizada por Rui Barbosa como “Medi-cina entre Flores” viria a ser cantada dali para o mundo na Marquês do Sapucaí deste ano? Pois é verdade. Sob o tema “O milagre das águas na fonte do samba”, Caxambu foi escolhida como tema da Escola de Samba Império Serrano no desfile de ouro do Carnaval´2013. O enredo foi desenvolvi-do pelo carnavalesco Mauro Quintães , tendo Quité-ria Chagas como sua nova rainha de bateria. Um grupo de 90 caxambuenses sairá junto de um carro alegórico à Fazenda da Roseta, onde foi engar-rafada a primeira garrafa de água mineral do Brasil.E quem diria também, existe um ambientalista his-tórico atrás de toda esta história parceira com a verde-e-branco presidida por Átila Gomes e nove vezes campeã do carnaval carioca. Ele é o ex-presi-dente da Feam e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH, Paulo Maciel Junior, bisneto do Barão da Roseta e um dos nomes também no colete da nova gestão de Lacerda.

SUCESSÃO NA PBHQue me perdoem tantos candidatos amigos e companheiros com legitimidade para isso. Mas tanto o prefeito Márcio Lacerda, como seu o vice Délio Malheiros, mais todo o PV e a maioria dos ambientalistas históricos que o apoiaram (e não perten-cem a qualquer partido) já sabem o nome uníssono mais competente para ser indi-cado como o novo secretário municipal de Meio Ambiente de BH. Mais: eles sabem também qual o melhor nome, a chamada “prata da casa”, para ser seu secretário--adjunto, e assim integrar o que restou da velha pasta, hoje técnica e politicamente em frangalhos, pelos 20 anos de medo, preconceito e abandono que o PT lhe causou, ao novo que ela pode resignificar aos olhos da população.

CORAGEM POLÍTICAResta agora ao nosso prefeito, que se comprovou um raro líder comprometido com a causa da sustentabilidade - vide BH ter sediado o último Encontro Mundial de Gover-nança Local (ICLEI´2012 ) e ele ter representado seus colegas internacionais na RIO + 20 – sustentar este nome mais técnico e necessário, acima dos interesses partidários.Afinal, Lacerda sempre sustentou a tese sábia de ter como seus secretários pessoas com mais autoridade e conhecimento específicos em suas respectivas pastas, do que ele próprio, aí sim, como comandante geral.

APOIO NATURALÚltimo “mais”: esse nome para a SMMA também tem o apoio do presidente da Fiemg, Olavo Romano, representando o setor produtivo. Apoio do ex-ministro José Carlos Carvalho e do Centro Mineiro de Referência em Resíduos, a “menina dos olhos” de Andréa Neves. E até mesmo, in memorian, do dr. Hugo Werneck, de seus canarinhos, borboletas e amor à natureza urbana que nos resta. O meio ambiente aguarda. E torce.

LACERDA: MAIS UM TESTE DE CORAGEM POLÍTICAE COMPROMISSO COM O PROJETO "BH' 2030"

MACIEL: VERDE E FOLIÃO

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Acesse o blog do Hiram: hiramfirmino.blogspot.com

Há 34 anos trabalhando pela preservação do meio ambiente.

Parabéns a todos que fazem parte desta história!

Amda

www.amda.org.br

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Quem tem competência, se estabelece, diz o velho ditado. Mas se ainda somar carisma pessoal, relacionamento fácil e consciência ecológica, diz o novo ditado do desenvolvimento sustentável, vai mais longe ainda. Foi o que aconteceu com o geólo-go e engenheiro de Minas Carlos Gonzalez, recém-anunciado pela MMX, do Grupo EBX, de Eike Batista, como o novo presidente e diretor de Relações com Investidores. Formado pela Escola de Minas de Ouro Preto e com MBA em gestão estratégica de negócios pela FEA/USP, Gonzalez começou a ganhar notoriedade desde seus primei-ros tempos na Vale, como responsável pela gerência geral de operações de Carajás.A partir de 2001, como diretor de mineração da EBX, ele tornou-se também responsável pelo projeto Minas-Rio, hoje da Anglo American, em implantação na delicada região de Conceição do Mato Dentro, no coração de Minas, considerada Reserva Mundial da Biosfera.Deve-se a ele o fato de esta futura mina ter sido o primeiro projeto na história mineral do Estado a ser concebido de maneira parceira com os órgãos ambientais do Estado, o que garantiu sua aprovação e licenciamento recordes. O projeto é “modelo” de mineração sustentável para o país. Isso aconteceu a partir de 2008, quando ele ocupou a posição de CEO da Anglo, que comprou o projeto de Eike. De volta ao grupo, em 2011, ele foi surpreendido agora com este novo desafio, quando estava de férias em Ubatuba, no litoral paulista, com a família, e recebeu um telefonema de Eike.“Eu me sinto motivado por ter participado do projeto MMX desde a sua concepção e abertura de capital, além de conhecer bastante a holding. Recebo a empresa com o desafio de concluir o processo de licenciamento ambiental da barragem Serra Azul e o de entregar o Superporto Sudeste” – declarou em sua primeira entrevista. Simplicidade, credibilidade e capacidade de se relacionar indistintamente, seja com as autoridades do governo, seja com as ONGs e os ambientalistas históricos mineiros, de cuja maioria ele tornou-se amigo, é o que também não lhe falta.

CARLOS GONZALEZ: NOVO PRESIDENTE E DIRETOR DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES DA MMX

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20 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

1G E N T E E C O L Ó G I C A

"Hoje eu só me interesso pelas formas que o amor pode tomar

nas vidas das pessoas que só podem ser salvas por esse amor."

NAGISA ÔSHIMA,CINEASTA JAPONÊS (1932 – 2013)

"O mar de Minas não é no mar. O mar de Minas é no céu para o mundo olhar

para cima e navegar."

RUBEM BRAGA, ESCRITOR

"Sentir é estar distraído."

FERNANDO PESSOA, POETA

"Com o que se joga fora de material de construção, o

Brasil poderia construir todos os estádios que a FIFA exige."

MENALTON BRAFF, COLUNISTADA REVISTA “CARTA CAPITAL"

"Eu te amo, te amo, te amo. Quem sabe repetindo três vezes, isso vai entrar como mágica e, através de seus olhos azuis, em sua alma, enchendo você de graça e alegria por saber que fez o bem nesta vida. Você é uma grande mãe. Por favor, leve isso

quando estiver finalmente pronta para partir."

JODIE FOSTER, ATRIZ E DIRETORA, AO RECEBER O TROFÉU CECIL B. DEMILLE/GLOBODE OURO, EM LOS ANGELES, PELO CONJUNTO DE SUA OBRA, EM DISCURSO

EMOCIONADO À SUA MÃE QUE SOFRE DE DEMÊNCIATO

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CRESCENDO

ECOLÓGICO /JANEIRO DE 2013 21

CHINA

“A névoa sem fim pode borrar nossa visão, mas nos faz ver claramente a urgência do con-trole da poluição e da construção de uma sociedade socialista e ecoló-gica, mencionada no 18º Congresso do Partido Comunista.”Diário do Povo, diante dos níveis de poluição atmosférica jamais vistos na história do país.

"Para você eu sou um ateu; para Deus, sou a

Oposição Leal."

WOODY ALLEN

"O maior inimigo de um governo é um povo culto."

JÔ SOARES , APRESENTADOR DE TV E ESCRITOR

"Percebi que coração não tem idade e sentimento

não tem barreiras."

FRANCISCO CUOCO, ATOR, SOBRE SUA ESPOSA 53 ANOS MAIS JOVEM

"Inhotim é um santuário da arte e da botânica mundial. Pelo Barcelona e como amante das artes, fui a mais de 60 países,

mas nunca vi um jardim botânico tão perfeito!"

ANTÔNIO PAGÈS, COLECIONADOR E EX-DIRETOR INTERNACIONAL DO BARCELONA, AO LADO DE BERNARDO PAZ, IDEALIZADOR E FUNDADOR DO INHOTIM

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EIKE BATISTANuma época em que os ambien-talistas temem pelo aumento das poluentes usinas térmicas no país, em razão da crise energética provocada pela falta de chuva, o empresário se sobressai por possuir um novo modelo de usina a carvão mineral funcionando em Pecém, no Ceará, tida como referência no setor. Ela possui tecnologia de última geração capaz de evitar o indesejável despejo de poluentes na atmosfera.

ALEXANDRE SIONCriada há menos de um ano, A Sion Advogados (leia-se Alexandre Sion, ex- Vale, MMX e Anglo American) já está entre os 15 escri-tórios de advoca-cia mais admira-dos na categoria “altamente especializado” na área ambiental. A indicação é do Anuário 2012 – Análise Advocacia 500, que consultou os principais executivos jurídicos de 1.787 companhias, entre as maiores empresas do Brasil. Além de estar à frente de seu escritório, Sion é o coordenador do Grupo de Trabalho Legal do SindiExtra.

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CÉU DE BRASÍLIAVINÍCIUS [email protected]

MOSAICOO governo federal reconheceu este mês o primeiro mosai-co brasileiro de Áreas Protegi-das que reúne Terras Indígenas (TIs) e Unidades de Conserva-ção (UCs). O Mosaico do Oeste do Amapá e Norte do Pará tem extensão de mais de 12 milhões de hectares e é formado por três Terras Indígenas (TIs) e seis Uni-dades de Conservação (UCs).

AJUDAO governo federal autorizou um repasse de mais de R$ 500 milhões para os atingidos pela estiagem nos estados do Nordeste e em par-te de Minas Gerais, na região do semiárido brasileiro. O total de re-cursos disponibilizados pela linha emergencial de crédito chegará à marca de R$ 2,4 bilhões até feve-reiro. A informação é do Ministé-rio da Integração Nacional.

ENERGIA 1Começou a valer este mês a Resolução 482/2012 da Agência Na-cional de Energia Elétrica que regulamenta a geração de ener-gia por consumidores. Qualquer pessoa ou empresa que quiser instalar micro (até 100 KW) ou minigeradores (entre 100 KW até 1 MW) terá direito a um abatimento na conta de luz de acordo com a sua produção.

ENERGIA 2 A norma define os trâmites que as distribuidoras deverão adotar nesses casos e é válida para energia solar, eólica, hídrica e de bio-massa. Depois que o consumidor fizer o pedido para conectar seu gerador à rede, as distribuidoras terão até 82 dias para finalizar os procedimentos necessários.

RENAN INVESTIGADO A Procuradoria-Geral da República pediu ao Supremo Tribunal Fede-ral autorização para investigar se o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), cometeu crime con-tra o meio ambiente e o patrimônio genético em uma unidade de con-servação em Alagoas. No pedido, o Ministério Público o aponta como responsável por pavimentar uma estrada de 700 metros na Estação Ecológica Murici, administrada pelo Instituto Chico Mendes.

22 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

DESPERDÍCIOPesquisa da Associação Brasilei-ra das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) aponta que 10% dos 430 terawatt--hora (TWh) consumidos anual-mente no país são desperdiçados, volume superior ao consumido por toda população do estado do Rio de Janeiro. Os maiores vilões são processos industriais obsoletos e sistemas de refrigeração, aqueci-mento e iluminação inadequados.

AGROPECUÁRIADos seis biomas encontrados no Brasil, o que mais sofre pressão pela agropecuária é o Pampa, com 71% da sua área ocupada com estabelecimentos rurais, seguido pelos biomas Pantanal (69%), Mata Atlântica (66%) e Cer-rado (59%). Os dados são do Atlas do Espaço Rural Brasileiro (IBGE).

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RISCO DE APAGÃO 1 As chuvas afastaram a possibilidade de racio-namento de energia e ajudaram a aumentar o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas das Regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte, as-segurou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Também houve um crescimento no ní-vel dos reservatórios da Região Sul, embora em menor intensidade.

RISCO DE APAGÃO 2 Acionadas em outubro para preservar os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, as usinas tér-micas já emitiram mais de 16 milhões de tone-ladas de gás carbônico (CO

2) equivalente. Foi o

maior volume de gases de efeito estufa já produ-zido pelas térmicas em um único ano no Brasil.

O entusiasmo de cada um para trabalhar com respeito à diversidade de paisagens e ideias faz a equipe SETE forte e pronta para mais um ano cheio de vida!

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Aline Falco, [email protected]

XX ECOLÓGICO/ABRIL DE 2012

P Á G I N A S V E R D E S1

Aos 36 anos, Evane Lopes protagonizou uma série de ações em prol dos qui-lombolas de São Domingos e de outras

quatro comunidades da região de Paracatu, no noroeste de Minas, onde a mineração e o latifúndio têm papel influente na política de municípios. Seu poder de liderança e ar-ticulação, bem como sua determinação em enfrentar tanto organizações não-governa-mentais quanto empresas poderosas da re-gião, renderam benefícios.

Como presidente da Associação Quilom-bola São Domingos, colaboradora da região noroeste da Federação Quilombola de Mi-nas Gerais e militante da Coordenação Na-cional de Articulação das Comunidades Ne-gras Rurais Quilombolas (Conaq), conseguiu garantir direitos básicos para a população quilombola, exigir reparação de uma grande empresa que atua no local e levar as cinco comunidades da região para conversar com a presidência da república. Também ganhou projeção como defensora de direitos: em se-tembro de 2012, foi selecionada para inte-grar o Grupo Nacional Assessor da Socieda-de Civil da ONU Mulheres.

Casada desde os 17 anos e com três filhas, em 2012 Evane se viu ameaçada de morte por causa de sua atuação. Mas não pensa em parar. Além de toda militância, a defensora estuda Direito em Paracatu com o objetivo de atuar ainda mais fortemente contra as injustiças cometidas cotidianamente contra as populações tradicionais em nome do di-nheiro e do poder. Confira a entrevista!LEILA: "A DELICADEZA, O RESPEITO E A

CORDIALIDADE SÃO PRIMORDIAIS NO CARDÁPIO DA BOA CONVIVÊNCIA"

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EVANE: “MINHA FILHA CHEGOU A DIZER QUE NÃO QUERIA MORRER COM 12 ANOS. ISSO PARTE O CORAÇÃO DE UMA MÃE

AINDA VIVEMOS À MARGEM

DA SOCIEDADE””

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Como se construiu essa sua relação?● Eu nasci e cresci na comuni-dade quilombola São Domingos. Pertenço a uma das famílias que deu origem ao quilombo. Minha tetravó realmente foi escrava, e desde pequena estive envolvida com as histórias sobre negros es-cravizados no Brasil, contadas pelos mais velhos. Porque são eles a fonte de toda a sabedoria exis-tente. Aos 10 anos de idade, saí recolhendo a história das pesso-as da comunidade, porque o meu sonho era escrever um livro sobre ela. Tenho comigo guardado até hoje um caderno com essas his-tórias. Eu me apaixonei por ouvir as pessoas mais velhas e entender o passado da nossa comunidade, por conhecer nossas origens.Ao longo do tempo, entretanto, fui percebendo que a sabedoria ancestral estava sendo podada, porque pessoas começaram a se apossar das terras da nossa co-munidade. Eu via a luta do meu tio e do meu avô para defender um território que era nosso. Im-portante dizer que a gente não utilizava armas, apenas palavras e algumas vezes a força do braço. A comunidade, que era aberta, passou a ter cerca de arames por causa de invasões, por volta de meados da década de 1980, época de exploração do garimpo na co-munidade. Inicialmente era um garimpo tradicional, feito pelos próprios negros, que depois foi atraindo outras pessoas.

Então você começou a atuar na defesa dos direitos da co-munidade?● Essa foi a base. Já criança ti-nha vontade de fazer alguma coi-sa para mudar a situação. Mas a gente deve respeito aos mais ve-lhos e eu não podia fazer nada. Eu me casei em 1993 e comecei

EVANE LOPESDEFENSORA DE DIREITOS HUMANOS, QUILOMBOLA, MILITANTE DO GRUPO NACIONAL DA SOCIEDADE CIVIL DA ONU MULHERES

2

“Sabotaram meu carro duas vezes

para provocar acidentes. A sorte é que nas duas vezes,

Nossa Senhora protegeu a mim e a

minha família.”

a atuar na igreja da comunidade. Nessa atuação, minha maior pre-ocupação foi resgatar as nossas tradições e rezas antigas que es-tavam se perdendo. Rezávamos aos pés da árvore de jenipapo, onde nossos antepassados foram enterrados. Tentei fazer um tra-balho como educadora na comu-nidade para preservar também os trabalhos e simpatias que fa-zíamos embaixo do pé de cedro, que em nada infringiam o catoli-cismo. Fiz um trabalho de cons-cientização a esse respeito.

Quando você começou a atu-ar na associação?● Em 2002, foi quando comecei a presenciar situações que não me agradavam. No final de 2004,des-cobri que os recursos repassados pelo governo federal para a exe-cução de projetos na comuni-dade estavam sendo utilizados para outros fins. Esses recursos não eram enviados diretamente à associação, pois outras pessoas os gerenciavam. Fui questionar o fato com os integrantes da dire-toria, e me falaram que eu esta-va me metendo demais onde não era chamada. E eu aprendi com meu avô que a única coisa que nós temos para zelar sempre é o nosso nome. Não queria de forma alguma estar relacionada a isso.

Pedi demissão e me afastei das atividades na comunidade. Che-guei a sofrer tentativa de suborno para ficar calada e, claro, recusei. Estava defendendo os interesses da minha comunidade. Naquela época me senti muito sozinha, ninguém da diretoria da associa-ção me apoiou.

Como você enfrentou o pro-blema?● Cheguei a denunciar isso a instâncias estaduais, mas a questão política falou mais alto, e nada foi feito. A gota d’água para mim foi em 2008, quando me procuraram para denunciar superfaturamento de compras para um projeto a ser executado na comunidade. Eu me indignei e ainda naquele ano resolvi as-sumir a diretoria da associação.

Sua projeção como defensora dos direitos das comunidades quilombolas começou aí?● Inicialmente, sob a nova di-reção, a associação começou a realizar um trabalho com a mi-neradora que atua em São Do-mingos e de outras comunidades quilombolas de Paracatu. Eles ti-nham a obrigação de custear al-gumas atividades na comunida-de, em contrapartida à atividade de mineração que exerciam. Ain-da em 2009, fomos procurados pelo Ministério Público, que es-tava questionando a veracidade de documentos que justificavam essa contrapartida. Tive acesso ao processo e percebi que eles alegavam realização de ações que não existiam na comunida-de. E isso me indignou.Então foi marcada uma audiên-cia pública, com a presença de vários atores influentes, como a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a Fundação Palmares, o Incra, entre

ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013 25

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P Á G I N A S V E R D E S1outros. Consegui obter um relató-rio não divulgado pela minerado-ra, demonstrando que eles aplica-vam em suas políticas o oposto do que divulgavam para autoridades. E apresentei na reunião.Inicialmente a mineradora havia garantido que jamais iriam tirar as comunidades de suas terras e que respeitavam a cultura local. Entretanto, o documento infor-mava que a nossa área estava lo-calizada exatamente em cima da mineração que eles precisavam fazer; que nossa água corria risco de contaminação; que o ar que a gente respirava estava com alto nível de contaminação, entre ou-tros. Ou seja, eles sabiam que ha-via riscos para a população qui-lombola, mas esconderam isso.Depois do processo, a minerado-ra foi obrigada de fato a cumprir as condicionalidades para exer-cer a atividade na região: inde-nizar a população, reparar casas que racharam por conta de ex-plosões, entre outras. Ainda não foi feito, mas esperamos que isso seja resolvido em breve.

E como essa audiência im-pulsionou sua atuação?● O relatório gerou repercus-são, e a partir desse dia comecei a falar não apenas por São Do-mingos, mas por todas as comu-nidades quilombolas da região. Desde então, minha atuação e militância fluíram. Fui convida-da pela Federação Quilombola de Minas Gerais para atuar como coordenadora das comunidades do noroeste do estado e, poste-riormente, também fui convida-da a atuar como militante da Co-naq, participei de seminários em todo o Brasil, expus a situação. Além disso, fui selecionada para integrar o Grupo Nacional Asses-sor da Sociedade Civil da ONU

Mulheres. Aquela menina pobre que veio do quilombo passou a ser vista com outros olhos. Pas-samos a dar visibilidade também às comunidades da região. E, em abril de 2012, em função das ar-ticulações, consegui uma audi-ência com a Secretaria-Executiva da Presidência da República, da qual participaram representan-tes das cinco comunidades de Paracatu. Em junho, juntamente com a Federação Quilombola de Minas Gerais, consegui um ôni-bus para levar quilombolas da re-

gião para a Rio+20. De lá, surgiu a ideia de criarmos na internet a TV Quilombo, com vídeos e pro-gramas produzidos pela comuni-dade. Só estamos esperando fi-nanciamento. Também criamos o blog da comunidade:www.comunidadequilombolasa-odomingos.blogspot.com

Essa atuação mais pública gerou reações contrárias?● Sim. Depois da audiência pú-blica, comecei a ser ameaçada, moral e fisicamente. Tentaram

26 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

MORADORES ANTIGOS DO QUILOMBO SÃO DOMINGOS, ONDE VIVEM 400 PESSOAS

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manchar a minha imagem e re-putação. Em 2011, a comunidade amanheceu com o chão coberto de papeis me acusando de várias coisas, dizendo que eu não era confiável, me chamando de ban-dida. Diante disso, pedi ajuda e fui incluída no Programa de Pro-teção de Defensores de Direitos Humanos de Minas Gerais.Em janeiro de 2012, sabotaram meu carro duas vezes, em dois dias seguidos, para provocar aci-dentes. Essas sabotagens foram inclusive comprovadas por mecâ-nicos, em depoimento à polícia. A sorte é que das duas vezes, Nossa Senhora protegeu a mim e a mi-nha família. E ninguém se feriu.

A sua atuação arrefeceu de-pois disso?● Eu não vou mentir: tive receio pela minha família, que é o meu tesouro. Minha filha chegou a me dizer: “Mãe, eu não queria mor-rer com 12 anos”. Isso parte o coração de uma mãe. Mas ainda assim eu tenho o apoio da minha família e nunca passei para ela que lutar por um ideal é ruim. A luta, quando é egoísta, não tem alegria. Quando você busca os direitos coletivos, aí sim encon-tra sabor. Na verdade, você nem percebe o que está fazendo.

O que mais te marca hoje? ● As comunidades quilombolas como um todo, especialmente as de Minas Gerais, são extrema-mente carentes. São Domingos é uma exceção, porque tem vi-sibilidade em decorrência de ser perto da mineradora. Em minha visita a algumas comunidades do estado, não pude acreditar que a situação ainda estivesse tão precária. Em uma comuni-dade quilombola, por exemplo, que é bem mais afastada do cen-

tro de Paracatu, encontrei a se-nhora mais velha da região dor-mindo em cima de uma tábua apoiada em quatro tijolos. Cho-ramos juntos, eu e meu marido, diante da situação. A população de lá me pediu ajuda, porque é incrível como, mesmo ainda dentro do perímetro da cidade, a comunidade ainda não tinha sido visitada por ONGs ou por órgãos governamentais. Então eu comecei a fazer o que tinha feito em São Domingos: conse-gui acesso aos direitos, como auxílio-maternidade, aposenta-doria, atendimento diferenciado em saúde.

Quais são as principais ne-cessidades das comunidades quilombolas?● Um primeiro ponto é ter o co-nhecimento de seus direitos e acesso a eles. É preciso que as comunidades saibam o que é ga-rantido a elas por lei. Quando eu comecei a atuar, não conhecia to-dos esses direitos. Foi a partir das palestras e seminários, dos quais eu participei, que aprendi e levei esse conhecimento para São Do-mingos e às outras comunidades da região. Mas faltam recursos para garantir que todos tenham acesso à informação e aos direi-tos. Nem todos têm oportunida-de e meios para isso. Eu mesma já

tive que ir a Brasília de carona em carretas, por falta de dinheiro.Outro ponto importante diz res-peito à efetivação das políticas públicas voltadas para os quilom-bolas. No papel, é tudo lindo. O problema é que a implementação dessas políticas é feita via proje-tos, por meio de convênios com empresas e organizações não go-vernamentais selecionadas por chamadas públicas. Na maioria das vezes, as instituições con-templadas nessas chamadas vão atuar sem o menor conhecimento da realidade das comunidades. O trabalho é imposto sem valoriza-ção, sem resgate das tradições. E por isso mesmo não vinga. A co-munidade não consegue se de-senvolver dessa forma.

O que fazer?● É preciso mudar esse quadro, porque a questão cultural de cada comunidade quilombola é muito diferenciada. Certamente, temos algo em comum: somos descen-dentes de negros que foram escra-vizados e vivemos às margens da sociedade até hoje, esperando mi-galhas. Percebemos que se inicia um novo processo de reparação, mas ainda é pouco. É triste cons-tatar isso, mas as comunidades ainda vivem esperando migalhas, e uma delas é o reconhecimento, a titulação das terras, da mesma forma que nossos antepassados fi-cavam esperando os restos de pão que caíam da mesa dos senhores na época da escravidão. No fun-do, as coisas ainda não mudaram muito. É preciso fazer com que as políticas públicas sejam realmen-te implementadas nas comuni-dades, e assim conseguirmos que nosso povo tenha mais dignidade.

CONHEÇA OS DEMAIS BRASILEIROSAMEAÇADOS NA PÁGINA 34.

ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013 27

EVANE LOPESDEFENSORA DE DIREITOS HUMANOS, QUILOMBOLA, MILITANTE DO GRUPO NACIONAL DA SOCIEDADE CIVIL DA ONU MULHERES

“Encontrei a senhora mais velha

de uma comunidade dormindo em cima

de uma tábua, apoiada em quatro tijolos. Choramos

juntos.”

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ESTADO DE ALERTAMARIA DALCE RICAS (*)[email protected]

A Frente Mineira pela Proteção da Biodiversida-de, integrada por 17 organizações não gover-namentais, encaminhou, há quase dois meses,

um documento ao prefeito de BH, Marcio Lacerda, solicitando realização de Estudos de Impacto Am-biental (EIAs) para elaboração de Plano Diretor da Lagoa da Pampulha, o objetivo é conciliar as obras de reurbanização, anunciadas pela prefeitura para a Copa de 2014, e proteger os nichos ecológicos exis-tentes em seu entorno, principalmente nas áreas mais próximas à Fundação Zoo-Botânica.

As entidades não se posicionam contra a proposta de reurbanização, mas entendem que se trata de um projeto de grande impacto ambien-tal, sujeito a licenciamento, conforme determina a lei. Preocupados com o silêncio do prefeito, a Frente encami-nhou ofício ao secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Adriano Magalhães, soli-citando que a Semad oficie a prefeitu-ra quanto à necessidade legal do EIA--Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental). A solicitação baseia-se também no fato de que os impactos ambientais da intervenção extrapo-lam o município. Diversas espécies de aves que se reproduzem no local são migratórias, algumas, inclusive, provenientes de países de clima temperado que fogem do inverno.

Como a prefeitura licencia empreendimentos por delegação do Copam, através de convênio, entende-mos que a Semad tem responsabilidade e competên-cia legal para garantir que a lei seja cumprida. As entidades solicitaram também audiência pública à

A OUTRA COPA NA PAMPULHA

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RAMARCIO LACERDA: NOVASOLICITAÇÃO DA NATUREZA

Ambientalistas pedem a Lacerda um plano diretor para a lagoa, considerando seus outros ilustres moradores, além dos humanos

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28 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

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(*) Su pe rin ten den te-exe cu ti va da Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda).

Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legisla-tiva de Minas Gerais (ALMG) e manifestação do Mi-nistério Público Estadual, através de recomendação à prefeitura no sentido de que o projeto tem de ser licenciado. A solicitação foi subsidiada em estudos técnicos já realizados sobre as espécies que habitam os nichos ecológicos. Segundo o biólogo e ornitólo-go Gustavo Pedersoli, presidente da ONG Ecoavis, o licenciamento é necessário para que o projeto de reurbanização atenda aos objetivos da revitalização da Lagoa, sem comprometer os nichos ecológicos e a permanência das aves no local. O desassoreamento previsto, sem que antes sejam realizados os estudos ambientais, nos preocupa. Os bancos de areia lo-calizados em alguns pontos da lagoa, associados à vegetação marginal ao seu redor, formam ambien-tes extremamente propícios para a permanência da grande maioria das aves aquáticas que habitam o local, pois lhe oferecem condições para a alimenta-ção e reprodução. Se forem retirados, todas as aves aquáticas associadas, como patos, marrecos, mer-gulhões, socós, garças, colhereiros, sanãs, saracuras, frango d’água, maçaricos e jaçanãs, serão direta-mente prejudicadas, ele adverte.

O recém-lançado livro “Pássaros poemas - Aves da Pampulha”, do cantor e compositor Tavinho Moura (Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade´2012, Categoria Fauna), confirma, por meio de registros fotográficos, a diversidade de habitantes do local, in-clusive, a presença de espécies ameaçadas. Daí a nos-sa surpresa pela postura da prefeitura em pretender realizar o projeto sem Estudos de Impacto Ambien-tal. A necessidade legal do licenciamento em função dos impactos, sejam positivos ou negativos, é óbvia. O

Poder Público deveria, por princípio, ser exemplo de respeito às leis ambientais. A Lagoa da Pampulha é um dos símbolos que compõem a identidade natural de BH, e um projeto como este pode e deve ser base-ado em estudos que possam resultar na otimização dos benefícios sociais, ambientais e econômicos e na minimização dos impactos negativos. A Copa de 2014 não pode certamente ser o parâmetro norteador para o mesmo. Mas, sim, a sustentabilidade que todos bus-camos para a nossa capital, o planeta e a humanida-de. Com a palavra, o nosso prefeito!

“O licenciamento é necessário para que o projeto de reurbanização atenda aos objetivos da revitalização da Lagoa, sem comprometer

os nichos ecológicos e a permanência das aves no local.”

A Frente Mineira de Proteção pela Biodiversidade é com-posta pelas entidades: 4 Cantos do Mundo; Associação dos Amigos de Iracambi; Associação Mineira de Defesa do Ambiente (Amda); Associação para Gestão Socioam-biental do Triângulo Mineiro (Angá); Centro de Estudos Ambiente Brasil; Centro de Estudos Ecológicos e Educa-ção Ambiental (Ceco); Conservação Internacional (CI); Ecologia e Observação de Aves (Ecoavis); Fundação Biodi-versitas; Fundação Relictos de Apoio ao Parque Florestal Estadual do Rio Doce - MG; Instituto Ekos; Instituto Espin-haço; Instituto Hóu; Movimento Pró Rio Todos os Santos e Mucuri; Movimento Verde de Paracatu (Mover); Valor Natural; Zeladoria do Planeta.

O QUE É ?

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ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013 29

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ELA NÃO SABIAApós décadas de exploração, foram derrubados dois milhões de árvores

da Floresta Amazônica para a produção de diversos perfumes. Entre eles, o famoso Chanel Nº 5, imortalizado por Marilyn Monroe

Marilyn Monroe dizia que para dormir usava apenas duas gotas de

Chanel Nº 5. Talvez a diva do cine-ma e garota propaganda da marca francesa pensasse duas vezes an-tes de falar isso se soubesse que centenas de milhares de árvores seriam derrubadas para fabricar sua fragância favorita.

É do pau-rosa (Aniba rosaeodora), árvore nativa da Floresta Amazôni-ca, que se extrai o óleo essencial de aroma de rosa, matéria-prima de vários perfumes famosos, entre eles o da estilista Coco Chanel.

Utilizado na indústria de per-fumaria a partir do início do sé-culo XX, estima-se que nos últi-

mos 40 anos aproximadamente dois milhões de exemplares de pau-rosa foram abatidos em cer-ca de 10 milhões de hectares da Floresta Amazônica.

Para a produção de 10 litros de óleo, uma árvore de aproximada-mente uma tonelada tinha de vir abaixo. O trabalho era feito por meio de usinas móveis, que ex-ploravam a madeira em diversos trechos da floresta até esgotá-la.

No período áureo da extração do pau-rosa, na década de 1950, a ativi-dade chegou a envolver diretamen-te cerca de seis mil trabalhadores e ocupou o terceiro lugar na pauta de exportações do Estado do Ama-zonas. Ao todo, eram produzidas

anualmente 50 toneladas do óleo. A Chanel ficava com uma tonelada.

“Existem sete grandes em-presas fabricantes de perfumes concentrados espalhadas pelo mundo. Elas são as grandes com-pradoras das outras 49 toneladas de óleo de pau-rosa que se pro-duzia no Brasil”, diz Lauro Barata, professor da Universidade Fede-ral do Oeste do Pará e do Labo-ratório de Química de Produtos Naturais, do Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A Givaudan é uma delas. A em-presa, com sede em Genebra, é lí-der mundial na criação de aromas e perfumes.

Cíntia Melo [email protected]

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30 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

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Page 31: Revista ECOLÓGICO - Edição 53

A ESTRELA DO CINEMA FEZ CAMPANHA PUBLICITÁRIA PARA O CHANEL Nº5 ANTES

DA ATUAL CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

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AlternativaNo final dos anos 1990, a extração do pau-rosa e a devastação da flo-resta chamaram a atenção de um grupo de ecologistas franceses, que iniciou uma campanha con-tra os produtos da Chanel.

Para conter os ânimos dos ambientalistas, a empresa con-tratou a ONG Pro-Natura para desenvolver programas susten-táveis de manejo do pau-rosa na Amazônia.

Barata foi um dos que participa-ramda força-tarefa. Ele elaborou um diagnóstico da situação da árvore amazônica. Mais: propôs a extração do óleo de suas folhas, no lugar da derrubada da árvore.

A iniciativa para conciliar pro-dutividade e proteção ambiental é boa. No método convencional, a produção do óleo é baseada na

destruição total da árvore, cujo tronco é cortado, reduzido a cacos e destilado. Com a nova técnica, só as folhas são retiradas.

Barata explica que em uma to-nelada de folhas é possível extrair 10 quilos de óleo. E o rendimento e a qualidade da substância são semelhantes ao obtido da ma-deira. “A variação, em média, é de 0,9% a 1,1%”, diz.

Ele conta que, no início dos anos 2000, 10 mil mudas de pau-rosa foram plantadas em regiões de-gradadas da floresta para o desen-volvimento da extração do óleo a partir das folhas do pau-rosa.

Na última produção de óleo de pau-rosa, entre 2010 e 2011, fo-ram extraídos e exportados cerca de 2.500 quilos de óleo de folhas de pau-rosa. Metade desse mon-tante foi produzida a partir da tec-

nologia do professor, ou seja, das folhas e galhos da árvore.

Hoje o projeto está parado.

RegulamentaçãoO Instituto Nacional do Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) incluiu a es-pécie na lista de árvores em peri-go de extinção e criou, em agosto de 1998, uma portaria que regula-menta sua extração.

Se antes a árvore era encontrada em toda a Amazônia, agora só nos municípios de Parintins, Maués, Presidente Figueiredo e Nova Aripuanã, no Amazonas. Já não há mais exemplares também na Guiana Francesa (onde a planta começou a ser explorada no início da década de 1920), nem nos esta-dos do Amapá e Pará.

“Hoje a exploração da Aniba rosaeodora somente é permitida quando aprovado o plano de ma-nejo florestal sustentável da es-pécie, no caso de ela se encontrar em seu meio natural. Isso dá uma maior proteção para a espécie em seu hábitat natural”, diz Cláudia Maria Correia de Mello, da Coor-denação de Proteção e Conser-vação Florestal, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A primeira legislação para ex-ploração de óleo essencial de pau-rosa estabelece procedimen-tos relativos ao ordenamento da extração e reposição da espécie. Depois da publicação da porta-

LAURO BARATA: “ACREDITO QUE A CHANEL IRÁ USAR O ÓLEO SINTÉTICO E TENTAR CHEGAR À ESSÊNCIA NATURAL DO PAU-ROSA. MAS NUNCA SERÁ A MESMA COISA"

“Estima-se que havia até cinco exemplares de pau-rosa por hectare e que agora reste apenas

um exemplar a cada seis hectares”

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ria, a Secretaria de Desenvolvi-mento Sustentável do Amazonas publicou a Instrução Normativa nº002/2006, estabelecendo pro-cedimentos e exigências que dis-ciplinam a colheita de pau-rosa.

O documento trata do manejo florestal sustentável, das áreas de plantio e de parâmetros a serem considerados na transformação da matéria-prima em óleo essencial pelas usinas de beneficiamento. De acordo com o MMA, o Brasil é o único país exportador de óleo es-sencial de pau-rosa atualmente.

“A entrada da espécie na lista de árvores em perigo de extinção garantiu maior proteção para ela”, diz Cláudia.

Para Barata, o Ibama inviabili-zou a comercialização do óleo bra-sileiro. De acordo com o professor, só existem dois produtores hoje na Amazônia. “O Ibama está inviabili-zando o negócio do pau-rosa. En-tre 2010 e 2011, foram produzidos 2.550 quilos do óleo de folha de pau-rosa. Este ano não foi produ-zida nem uma gota dele. Dez anos atrás um litro de óleo custava 25 dólares. Depois passou a 33. Hoje, custa 200 dólares”, calcula.

Lúcia Lisboa faz coro com pro-fessor Barata. Para a diretora de vendas da Givaudan, “o Ibama está limitando o desenvolvimen-to. Mas precisa regulamentar a extração, sim. De forma honesta

e adequada.”Lúcia garante que a Givaudan já

não compra mais o óleo de pau-ro-sa. E que a empresa sempre se pre-ocupou com a regulamentação das matérias-primas que utiliza.

“Compramos matérias-primas, natural ou sintética, para produzir fragrâncias. Mas nossas essências precisam estar aprovadas pelos órgãos responsáveis. Seguimos as normas do IFRA (Fragrance Asso-ciation Internacional)”.

A associação comercial represen-ta a indústria de perfumaria global.

E quanto ao risco do Chanel Nº 5 da Marilyn Monroe, sumir das prateleiras?

“A Chanel não vai parar de pro-duzir o perfume. Eles dizem que estão plantando na Guiana France-sa, mas acho que isso é marketing. Acredito que eles têm estoque e também que irão usar o óleo sinté-tico e tentar chegar à essência na-tural do pau-rosa. Mas nunca será a mesma coisa”, diz Lauro Barata.

Saber que seu perfume preferido é produzido à custa da devastação pode causar certo espanto. Não por menos, Flávia Cruz, quando soube que cinco dos 100 mililitros de seu Chanel Nº 5 vêm das árvores da flo-resta, ou seja, do óleo do pau-rosa, sentiu vontade de parar de usar a fragrância na hora.

A empresária, que é adepta da marca francesa há alguns anos, fi-cou triste. “Não sabia que era assim e acho uma pena. É muito ruim ver que grandes marcas abusam da nossa natureza em prol de seu úni-co benefício. A Chanel, com o apor-te financeiro que tem, não precisa disso. Tem condições de criar alter-nativas bem mais sustentáveis para manter a durabilidade e a essência do Chanel Nº5”, avalia.

NOTA DA REDAÇÃO:A reportagem da ECOLÓGICO tentou falar com

a assessoria da Chanel no Brasil sobre a compra e o uso do pau-rosa, mas não obteve resposta.

O CHANEL Nº 5O Chanel Nº 5 foi a primeira fragrância a levar o nome de um estilista. Um frasco de 100 mi-lilitros hoje custa R$ 444. Criado em 1921 por Ernest Beaux, a pedido de Coco Chanel, seu frasco art déco foi incorporado à coleção per-manente do Museu de Arte Moderna de Nova York em 1959.

FIQUE POR DENTRO

A FRAGRÂNCIA ALMISCARADA DA ESTILISTA COCO CHANEL ATRAVESSOU O SÉCULO COMO ÍCONE DE SOFISTICAÇÃO, ELEGÂNCIA E FEMINILIDADE E É A MAIS

VENDIDA NO MUNDO

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Dez defensores de direitos humanos sob proteção especial do governo brasileiro contam suas histórias em uma publica-

ção lançada no final de 2012 pelas Nações Uni-das no Brasil em parceria com a Embaixada do Reino dos Países Baixos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Dele-gação da União Europeia no Brasil.

A série de entrevistas, reunidas no documen-to “Dez faces da luta pelos direitos humanos”, apresenta denúncias na voz dos defensores de direitos humanos do país, as motivações de luta e os percalços inerentes à atuação de cada um.

As histórias desses homens e mulheres repre-sentam as experiências de todos os defensores incluídos e acompanhados pelo Programa Nacio-nal e pelos Programas Estaduais de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. As atuações cobrem áreas distintas: direito à terra, à vida, a um tratamento adequado e não violento, ao meio ambiente, à manutenção de comunidades tradi-cionais, indígenas, quilombolas e de pescadores.

A publicação é uma iniciativa inspirada na Declaração sobre Defensores dos Direitos Hu-manos, de 9 de dezembro de 1998, quando os países afirmaram a responsabilidade de todos

no que diz respeito à promoção e à proteção dos direitos humanos. Após a Declaração de 1998, os brasileiros foram os primeiros e únicos no mun-do a contar com um Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, desenvolvido pelo governo desde 2004. Ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, reconhece a importância dos defensores para a efetivação dos direitos.

Em 2007, outro grande avanço aconteceu com a instituição da Política Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. Atualmente, está presente em oito estados brasileiros: Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Ceará.

O defensor é atendido por equipes técnicas es-taduais ou federais, são monitorados, têm o ris-co e a situação de ameaça em que se encontram avaliados periodicamente. Visitas no local de atuação do defensor, atendimento psicossocial, acompanhamento das investigações e denún-cias fazem parte do programa, além de articu-lar medidas de proteção com órgãos de defesa e segurança. Excepcionalmente, é feita a retirada provisória do defensor do seu local de atuação em casos de grave ameaça ou risco iminente.

BRASILEIROS NA MIRA

Conheça a história de luta e sobrevivência dos dez brasileirosque estão sob proteção especial do Governo Federal

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Aline Falco, [email protected]

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Desde 2003, o pescador Alexandre Anderson de Souza vem travando uma batalha em favor da Baía de Guana-bara, no Rio de Janeiro, e de comunidades de pesca artesanais que vivem do que a baía tem para oferecer, frente à construção de empreendimentos petroquímicos que afetam o meio ambiente local. “Estamos pescando 80% menos em relação ao final dos anos 90”, diz, com base em um mapa participativo que ajudou a construir com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em função das tentativas de reverter esse quadro, fala que já sofreu seis atentados e teve quatro companheiros mortos. Alexandre é fundador e presidente da Associação dos Homens do Mar do Rio de Janeiro (Ahomar), com quase dois mil associados em sete municípios e mais de quatro mil pescadores representados. Montou um sindicato de pesca no estado e sonha em criar a primeira confederação nacional de pescadores artesanais no país.

ALEXANDRE ANDERSON DE SOUZA

“Eu agradeço pela vida a cada dia que acordo, porque talvez um dia eu não acorde mais.”

O guarani-kaiowá Eliseu Lopes começou a se envolver com as questões indígenas em 2003, quando se tornou professor da aldeia de Taquapiri, no Mato Grosso do Sul. Mais tarde, passou a ser porta-voz do Movimento Aty Guasu, que reúne os Guarani-Kaiowá, e se engajou na luta pela recuperação da terra que historicamente pertencia a seus antepassados e no apoio a lideranças nos outros 35 acampamentos indígenas do estado.“Eu estava vendo muita liderança ser morta, meus parentes e minha família de sangue sofrendo, acampados à beira de uma rodovia federal esperando uma demarcação de terras que nunca acontece (…). Nós não usamos violência, mas continuamos sofrendo violência, atentados, assassinatos.” Atualmente em Brasília, como coordenador de mobilização da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o defensor atua com questões indígenas de todo o país. Enquanto estava na base, não podia ficar muito tempo em uma aldeia só. “É uma situação difícil, existe medo, porque não temos para onde correr. Por isso temos que enfrentar essa vida, não tem alternativa, temos que buscar o que é nosso.”

ELISEU LOPES

“Mesmo com perseguições, com a falta de condições, a luta não está parada, estamos buscando nossos direitos.”

Evane Lopes protagonizou uma série de ações em prol da comunidade quilombola de São Domingos e de outras quatro comunidades da região de Paracatu (MG), noroeste de Minas Gerais, onde a mineração e o latifúndio têm papel influente na política de municípios. Conseguiu garantir direitos básicos para a população quilombola, exi-gir reparação de uma grande empresa que atua no local e levar as cinco comunidades da região para conversar com a Presidência da República. Também ganhou projeção como defensora de direitos: em setembro de 2012, foi selecionada para integrar o Grupo Nacional Assessor da Sociedade Civil da ONU Mulheres. Casada desde os 17 anos e com três filhas, em 2012, Evane se viu ameaçada de morte por causa de sua atuação. Mas não pensa em parar. “Eu não vou mentir: tive receio pela minha família, que é o meu tesouro. Minha filha chegou a me dizer: ‘Mãe, eu não queria morrer com 12 anos’. Isso parte o coração de uma mãe.

EVANE LOPES

“Mãe, eu não queria morrer com 12 anos.’ Isso parte o coração de uma mãe.”

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O juiz Gleydson Gleber, da 3ª Vara Criminal de Caruaru, uma cidade de 350 mil habitantes do Agreste pernambu-cano, foi o principal juiz da primeira grande operação contra o crime organizado de extermínio no país, em 2007. Mesmo sob riscos e ameaças, ajudou a desmantelar um esquema poderoso, que era responsável por um terço dos homicídios na cidade. “De 180 (homicídios por ano), nós passamos para 120 no ano de 2007, índice que consegui-mos segurar até hoje. E, em 2012, de abril a final de junho, nós não tivemos registros na cidade, passaram-se três meses sem homicídio.” Gleydson afirma que sua atuação é a favor da vida e acredita que, nos casos referentes a direitos humanos, o papel da Justiça é aplicar a lei, e não ir aquém - abrandando penas - ou além -, fazendo justiça-mento. E aplica o princípio de que todos têm direito de serem bem tratados durante o julgamento.

GLEYDSON GLEBER BENTO ALVES DE LIMA PINHEIRO

“A vida são princípios, são valores. Você pesa tudo e define o que quer.”

A comunidade tradicional do Cumbe, a 12 km do município de Aracati, litoral leste do Ceará, é rica em recursos naturais e em patrimônio cultural. É cercada por dunas, lagoas interdunares, gamboas, rio Jaguaribe, praias, uma extensa área de manguezal e carnaubais. A população é formada basicamente por pescadores e pescadoras que vivem da cata de caran-guejo e de mariscos do manguezal. Esse patrimônio vem sendo pressionado por grandes empreendimentos de carcinicul-tura - criação de camarão em cativeiro. É nessa comunidade que João Luís Joventino do Nascimento, ou João do Cumbe, como é mais conhecido, vem desenvolvendo sua luta para a preservação dos manguezais e da própria comunidade e suas tradições culturais desde 1996. João usou a escola como ponto de partida para sua mobilização. Teceu redes, deu visibili-dade aos problemas, colocou as necessidades de uma comunidade pobre e esquecida no mapa. Depois de mais de quinze anos de luta, agora aos 39 anos, decidiu ampliar sua atuação e fazer mestrado em Educação na Universidade Federal do Ceará. Ele garante que continuará disseminando a história e a luta do Cumbe em defesa dos manguezais e das dunas para alertar outras comunidades que venham a passar pelo mesmo problema.

JOÃO LUÍS JOVENTINO DO NASCIMENTO (JOÃO DO CUMBE)

“Estamos vivendo uma recolonização.”

Aos 47 anos, Júlio César Ferraz de Souza vem atuando na garantia do direito à moradia em Manaus há quase duas décadas, e ajudou milhares de pessoas a conquistarem sua casa e alcançarem condições mais dignas de vida. Ele acredita e aposta no poder de organização da população sem-teto como forma de resistência às pressões políticas para despejo e desocupação de terras. Atualmente, é integrante e dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto. Hoje o defensor combate a grilagem de terras públicas. “Os grileiros tomaram conta de 30 milhões de hectares de terras pertencentes ao Governo Federal ou doados a particulares que não reclama-ram. É uma terra que poderia estar sendo usada para acomodar parte dos 800 mil sem-teto de Manaus.” Júlio foi militante do Partido dos Trabalhadores na década de 1980 e funcionário do governo do Amazonas. Formado técnico em Patologia, Júlio nunca mais conseguiu emprego depois do início da luta. Foi preso, sofreu torturas, foi ameaçado de morte. Com um problema cardíaco descoberto em 2012, tem o sonho de reencontrar o filho que não vê há três anos.

JÚLIO CÉSAR FERRAZ DE SOUZA

“Defensor de direitos também é ser humano.”

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Há mais de três décadas, a gaúcha Leonora Brunetto, 67 anos de idade, atua em defesa de trabalhadores e trabalhadoras rurais sem-terra. Integrante da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), irmã Leonora vem organizando lideranças e empoderando jovens para lutar pelo direito à terra e por questões associadas à pequena produção agroecológica. Atuou no Rio Grande do Sul, em Tocantins, no Rio Grande do Norte e no Maranhão. Atualmente, integra a CPT do Norte de Mato Grosso e vem enfrentando - com a voz suave e calma, mas com garra, coragem e fé - o agronegócio e as grilagens de terra que dominam a região. Sua aposta é no poder da juventude para garantir que a agricultura familiar se fortaleça e permaneça no local. “Ao mesmo tempo em que você tem medo, você tem uma força divina para dizer: ‘não pare, pode lutar, pode continuar’. (…) No começo, o medo era pavoroso, ficava com vontade de largar. Agora, ele é um sinal para reflexão.”

LEONORA BRUNETTO

“Não dá pra abandonar um povo tão sofrido.”

A história de Maria Joel Dias, mais conhecida como Joelma, poderia ser apenas mais uma entre as de milhares de bra-sileiros que foram para o Pará, na década de 1980, em busca de melhores condições de vida e de terras para tirar o seu sustento e encontraram uma situação completamente diferente da esperada. Porém, a partir das ações de seu marido, o sindicalista José Dutra da Costa (Dezinho), morto no ano 2000, ela conseguiu garantir terra, esperança e sustento para parte desses brasileiros que foram parar em Rondon do Pará, município com cerca de 45 mil habitantes no sudeste do estado. Aos 49 anos, Joelma atua a favor dos trabalhadores rurais desde 2002, quando assumiu a presidência do Sindi-cato dos Trabalhadores da Agricultura do município, cargo antes ocupado por seu marido. De acordo com ela, sua luta é a continuidade do sonho de Dezinho. Por tudo o que ele lutava em vida, Joelma não deixou de colocar a cara no mundo denunciando grilagens, exploração madeireira e lutando por melhores condições de vida. Atualmente, é coordenadora regional da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Pará.

MARIA JOEL DIAS (JOELMA)

“Construímos essa história porque eu não me acovardei.”

Com um riso fácil e um excelente domínio da palavra, o tupinambá Rosivaldo Ferreira Dias, o Cacique Babau, tem na ponta da língua a história de sua aldeia de Serra do Padeiro, no município de Buerarema, nos arredores de Ilhéus, na Bahia. Aos 38 anos e pai de dois filhos, ele lidera desde o ano 2000 a organização de sua tribo para lutar pela garantia de seus direitos. Seu poder de articulação e espírito empreendedor conseguiram reunir cerca de 900 pessoas de 180 famílias em torno de um modo de produção de agricultura familiar comunitário e sustentável. Coordenou 21 retomadas de terras que já foram reconhecidas como pertencentes ao seu povo. Suas três cicatrizes de tiros recebidos mostram que nem sempre essa luta é feita de forma pacífica. Ele sofre perseguições políticas, processos de criminalização e, em 2010, foi preso. Em virtude disso, foi inserido no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, com o propósito de assegurar a continuidade da sua batalha pelo direito à terra e preservação da cultura Tupinambá.Nada parece diminuir a vontade de liderar uma luta que vai além de questões de posse de terra, mas passa também por tradições, questões religiosas e preservação do meio ambiente: de acordo com os Tupinambá da Serra, a Serra do Padeiro é considerada um lugar sagrado e deve ser devolvida em sua totalidade e integridade aos seus habitantes originais.

ROSIVALDO FERREIRA DIAS (CACIQUE BABAU)

“O lugar sagrado tem que ser preservado.”

Natural da Itália, o Padre Saverio Paolillo, mais conhecido no Brasil como Padre Xavier, vem atuando em favor dos direi-tos da criança e do adolescente brasileiros desde 1985. Abrigos, casas-lares, centros de defesa, programas de liberdade assistida, projetos profissionalizantes e assistência às famílias de meninos e meninas abrigados ou em conflito com a lei estão entre as suas realizações. Como integrante e coordenador da Pastoral do Menor, denunciou inúmeras situações de violação de direitos humanos nas unidades de internação de adolescentes. Conseguiu dar visibilidade internacional ao problema ao levar a situação para a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Também participou como mediador de incontáveis conflitos e rebeliões. Padre Xavier integra o Conselho Estadual de Direitos Humanos e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Espírito Santo. Ele acredita que há uma visão equivocada a respeito do trabalho que realiza e sofre cotidianamente pressões por defender os direitos de uma parcela da população que, em sua opinião, precisa, acima de tudo, de políticas públicas que efetivem os direitos humanos.

PARA SABER MAIS: WWW.ONU.ORG.BR/DEFENSORESDH/

SAVERIO PAOLILLO (PADRE XAVIER)

“Nosso trabalho é incompreendido.”

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PLANTANDO árvores e sonhos

num valioso exemplo de preser-vação ambiental e de responsabi-lidade social para toda a região.

Embalada pelo lema ‘Plantando Árvores e Sonhos’, a iniciativa con-tou com a parceria do Grupo Pre-con, que doou mil mudas e todos os insumos necessários para a pre-paração da terra. As novas espécies – ornamentais e frutíferas – foram plantadas em espaços públicos ao longo de ruas, próximo a atrativos turísticos como a Gruta da Lapinha e o Parque Estadual do Sumidouro, e também em quintais e pomares, beneficiando, entre outras, famí-

lias que vivem da tradicional pro-dução de doces na Lapinha.

Conscientização popular O ‘Árvore é Vida’ foi um dos ven-cedores do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Na-tureza, 2012, na categoria melhor exemplo em Turismo. A meta da Acer é plantar um milhão de ár-vores ao longo da Estrada Real e de outros roteiros, aumentando a conscientização da população sobre a necessidade de resgatar e conservar o verde, contribuindo, assim, para a maior valorização das

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Luciana Morais [email protected]

Associação das Caminhantes da Estrada Real ganha apoio do Grupo Precon para cumprir a missão de plantar um milhão de mudas

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Novas árvores e a esperança de um futuro melhor fo-ram ‘plantadas’ no final-

zinho de 2012 e prometem render muitos frutos nos próximos anos. Na manhã de sol forte e céu claro do último dia 20 de dezembro, foi realizada mais uma ação do pro-jeto ‘Árvore é Vida’: o plantio de mudas por representantes da As-sociação das Caminhantes da Es-trada Real (Acer), de instituições parceiras, como a Emater, e por moradores das comunidades da Lapinha, em Lagoa Santa; Fidalgo e Sumidouro, em Pedro Leopoldo,

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OLGA PINHO: “É PRECISO PENSAR GRANDE E REFORÇAR A SINERGIA”

Mensagem de despertar Representante da Emater em Lagoa Santa, Ilka Alves Santana explicou que muitas doceiras da Lapinha deixam de produzir seus doces caseiros – que ga-rantem renda e sustento às fa-mílias – por falta de frutas. “Es-senciais para o enriquecimento paisagístico e a recomposição de pomares, as árvores também são uma mensagem de desper-tar, reacendendo nas pessoas o desejo de cuidar do verde e da vida. Temos aqui várias casas com quintais enormes, subutili-zados, e pomares pouco produ-tivos. Esse projeto é o primeiro passo, um incentivo para resga-tarmos valores, fortalecermos a sensação de pertencimento e mantermos vivas as raízes e tra-dições locais.”

O ‘Árvore é Vida’ conta com o apoio do governo de Minas, por meio das secretarias de Meio Am-biente (Semad/IEF), Agricultura e Pecuária (Seapa) e Turismo (Se-tur); além da Prefeitura de Belo Horizonte (Fundação Zoobotâ-nica), Instituto Estrada Real, As-sociação Comercial de Minas e Banco Mercantil. Idealizado pela International Federation of Bu-siness and Professional Women (BPW), esse projeto está presente em 100 países.

* A Associação das Caminhantes da Estra-da Real (Acer) é formada por 80 mulhe-res – empresárias, mestras e doutoras, políticas, juízas, arquitetas, jornalistas e enfermeiras – que percorrem esse históri-co roteiro estimulando o desenvolvimento das comunidades visitadas e atuando nas áreas de cultura, educação, meio am-biente e turismo. Também promove ações destinadas à preservação e valorização dos patrimônios históricos, artísticos e socioambientais.* Em 2012, o Grupo Precon patrocinou o filme “Causos da Melhor Idade”, do diretor Ernane Alves, que retrata a história de Pedro Leopoldo por meio de “causos” contados por personagens icônicos da cidade. Patrocinou, ainda, a 1ª Literata Betim, encontro que reuniu personalidades da cena literária e cul-tural do país e ofereceu inúmeras atividades para crianças, adolescentes e jovens.* Outra ação desenvolvida pela empresa foi a parceria com o Instituto Itiquira no pro-grama ‘Mãos Formosas’, que visa qualificar mulheres e jovens em situação de risco e vulnerabilidade social na cidade de Formosa (GO), onde a Precon tem uma fábrica de argamassa. Em BH, o grupo apoiou o projeto BH Capital do Natal 2012, além de ser o patrocinador da equipe de vôlei feminino do Minas Tênis Clube.

PARA SABER MAIS: www.caminhantesdaestradareal.com.br

www.precon.com.br

FIQUE POR DENTRO

comunidades e o embelezamento dos caminhos.

“Essa meta é ambiciosa, mas somos sonhadoras e temos fé em Deus que chegaremos lá. Já supe-ramos a marca de 30 mil mudas, entre plantios diretos e indiretos. Durante nossas caminhadas, co-meçamos a perceber a necessida-de do plantio de árvores, de maior cuidado com a natureza. Por isso, decidimos usar nossa força polí-tica, nossa voz e nossa presença para disseminar uma premissa da qual muitos estão se esquecendo: o compromisso que cada um de nós tem com a conservação da nature-za e do planeta”, destacou a presi-dente da Acer, Maria Elvira Salles.

E completou: “Minas Gerais tem 853 municípios e ainda há muito que fazer. Em uma das conversas que tivemos com o governador An-tonio Anastasia, grande apoiador do projeto, reafirmamos a nossa proposta de que Minas se transfor-me no maior estado plantador de árvores do Brasil.” A gerente de Co-municação e Marketing da Precon, Olga Ferreira de Pinho, lembrou que é preciso pensar grande e reforçar a sinergia em prol do ‘Árvore é Vida’. “Estamos plantando mil mudas aqui, mas pensando na meta de um milhão. Esse projeto é bem coorde-nado, tem parcerias fortes e grande potencial para seguir adiante.”

“É muito importante a nossa empresa se fazer

presente em ações dessa grandeza. O ‘Árvore é Vida’ é um projeto consolidado

e tem valor imenso pela abrangência em diversas

comunidades.”

BRUNO DIAS, DIRETOR-PRESIDENTE DO GRUPO PRECON

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A BATALHA DO PEQUI

1PRESERVAÇÃO

Um dos maiores inimigos do Cerrado brasileiro atende pelo nome de cor-

rentão. Sobretudo para o desma-tamento de grandes áreas do bio-ma, não há técnica mais barata, eficiente e rápida para a “limpeza” da vegetação, no jargão de quem vende o serviço. Esticada entre dois tratores que avançam lado a lado, a corrente arranca, até as raízes, todas as árvores e arbustos que houver pelo caminho. Pela in-ternet, um correntão de duas po-legadas, 95 metros e mais de cinco toneladas sai por R$ 300 o metro, frete não incluído. Alugar pode ser bem mais barato, dependendo da área que se quer desmatar.

Já um dos maiores inimigos do correntão atende pelo nome de pequizeiro. Declarado pela legis-

lação mineira espécie de preser-vação permanente, de interesse comum e imune de corte, o pe-quizeiro impede o uso da técnica onde dá frutos, obrigando fazen-deiros e monocultores a adotar o corte seletivo: mais caro e nem sempre economicamente viável para quem quer desmatar gran-des áreas. É assim, por tabela, que o pequi salva espécies como o an-gico, a cagaita e o araticum, entre centenas de outras formas de vida da fauna e da flora do Cerrado.

Aprovado em 2º turno pelo Plenário da Assembleia Legisla-tiva de Minas Gerais, o Projeto de Lei 1.799/11 reduziu as restri-ções para o corte do pequizeiro. O objetivo era admitir o abate da árvore não somente na hipótese de empreendimento de utilida-

de pública ou relevante interes-se social, mas também nos casos de área urbana ou distrito indus-trial legalmente constituído e de implantação de empreendimen-to agrícola.

A ideia foi rechaçada pela Frente Mineira pela Proteção da Biodiversidade, composta por 18 entidades ambientalistas de Minas Gerais, que só aceitou a possibilidade de supressão de in-divíduos da espécie em caso de áreas já antropizadas, median-te compensação e aprovação do órgão ambiental. “Por trás dessa tentativa de mudar a lei estavam fortes interesses do agronegócio. No norte e no noroeste de Minas são muitas as terras planas com pequizeiros. Como ficou, con-tinua proibido o corte em áreas

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Vinícius Carvalho [email protected]

SÍMBOLO DO CERRADO MINEIRO, O PEQUIZEIRO GANHA SOBREVIDA EM

MEIO À DEVASTAÇÃO GERAL

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais alterou a Lei do Pequi. Legislação é uma das mais importantes barreiras ao desmatamento do Cerrado em Minas

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nativas”, explica Dalce Ricas, su-perintendente executiva da Asso-ciação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (Amda).

O texto estabelece a recompo-sição dos pequizeiros suprimidos numa proporção entre cinco e dez mudas. A proposta também cria outras formas de compensa-ção, como o pagamento ao Estado de R$ 1.200 por árvore abatida e a possibilidade de doação de terras para a criação ou regularização de reservas extrativistas. “Todas as mudas da compensação devem ser plantadas na mesma sub-ba-cia de origem”, diz o deputado e relator do projeto, Célio Moreira.

Um dos objetivos, diz, é evitar pendengas como a ocorrida em Sete Lagoas em 2008. À época, a Ambev ameaçou cancelar um investimento de R$ 240 milhões no município por conta da exis-tência de 410 pequizeiros no ter-reno comprado para a instalação de uma fábrica de cerveja. A em-presa se comprometeu a plantar outras dez mil mudas para viabi-lizar o negócio.

Função social O pequi é o principal produto do agroextrativismo mineiro. Alguns coletores chegam a conseguir mais da metade de sua renda anual com o pequi, e os frutos também servem aos animais, especialmente quando a safra do milho é prejudicada pela seca. Em um dia de trabalho, uma família pode coletar até 60 kg de caroços. Quando processados para extração do óleo da polpa, rendem cerca de seis litros. Já o quilo da pol-pa sai por R$ 15 e ajuda a comple-mentar a produção dos agriculto-res, em geral voltada à subsistência.

“O Estado poderia aproveitar e garantir também recursos no orça-mento para apoiar as cooperativas e famílias agroextrativistas, que são as maiores zeladoras do Cerrado”,

avisa o agroextrativista José Correia Quintão. Presidente da Cooperati-va de Agroextrativistas do Grande Sertão Veredas, no município de Chapada Gaúcha, ele fala da im-portância do pequi para as 200 fa-mílias da cooperativa do noroeste mineiro. “Vendemos quatro tone-ladas no ano passado. É uma renda complementar muito importante para nós”, afirma.

Em estudo recente sobre a dis-ponibilidade no mercado de oito dos principais produtos agroex-trativistas do país - amêndoa de babaçu, óleo de copaíba, fibra de buriti, folha de jaborandi, casca de barbatimão, casca de angico, mangaba e a amêndoa de pequi -, pesquisadores identificaram que todos eles apresentaram queda na produção entre 1982 e 2005, com exceção do óleo de copaíba e da amêndoa de pequi. Embora o óleo tenha apresentado maior au-mento na produção (12,9%), sua oferta provém quase totalmente da região amazônica. Ou seja, o pequi segue rei do agroextrativis-mo no Cerrado.

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A EXTRAÇÃO DO ÓLEO DO PEQUI GARANTE A RENDA DE MUITOS AGRICULTORES DO NORTE E NOROESTE DE MINAS

PRESIDENTE DA COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA ALMG, CÉLIO

MOREIRA É O RELATOR DO PROJETO

O PEQUIO fruto é o principal produto do agroextra-tivismo mineiro. O caroço pode ser consu-mido in natura ou cozido com arroz, feijão ou frango. A polpa é utilizada para extração do óleo, na produção de geleias, doces, licores, cremes, sorvetes, farofas, pamonhas e ração para porcos e galinhas. A amêndoa produz óleo e também pode ser consumida in natura ou torrada e utilizada no preparo de paçocas, bolos, doces e pamonhas. A madeira é utilizada na fabricação de móveis rústicos, caibros, dormentes, moirões, postes, esteios, carroças, construção civil e naval. No Cerrado, é comum a presença média de 25 pequizeiros por hectare, núme-ro que pode escalar para 100 em áreas de vegetação fechada.

SAIBA MAIS

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1 P O L Í T I C A A M B I E N T A L

Luciana Morais [email protected]

A nova Feam

Servidora de carreira da Fundação Estadu-al do Meio Ambiente (Feam) desde a sua criação, a engenheira Zuleika Torquetti é

a primeira mulher a integrar a galeria de presi-dentes em 23 anos de história. Reconhecida por sua dedicação ao trabalho, empenho na busca do rigor técnico e constante disposição para o diálogo, ela assumiu o cargo em setembro, a convite do secretário Adriano Magalhães.

Experiente e defensora antiga da causa am-biental, Zuleika mostra-se bastante à vontade na nova função, sem perder de vista os inúme-ros desafios que tem pela frente. Em tom didá-tico e bastante direto, ela explica que o trabalho da Feam está voltado para estudos, pesquisas e programas ambientais estratégicos, e não mais para atividades ligadas ao Licenciamento e à Fiscalização Ambiental, atribuições transferi-das às subsecretarias criadas com essa finali-dade, junto à Secretaria Estadual do Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

O foco atual do trabalho, esclarece, é o desen-volvimento de projetos e modelos inovadores nos eixos de Energia e Mudanças Climáticas, Pro-dução Sustentável, Qualidade do Ar, Qualidade do Solo, Gestão de Resíduos e Áreas Contamina-das, além do apoio à regularização e fiscalização ambiental e no aprimoramento da legislação e instrumentos de gestão do Estado. “Temos uma equipe bastante competente, com profissionais alinhados e comprometidos em todos os níveis da instituição. Por isso, mesmo diante de tantas demandas e desafios, as perspectivas de traba-lho para os próximos anos são as melhores”, afir-ma. É o que você confere a seguir:

Zuleika Torquetti, primeira presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente, confirma a força feminina na gestão pública

ZULEIKA: "A GESTÃO DE RESÍDUOS É NOSSO CARRO-CHEFE POR UMA GRANDE MINAS E UM BRASIL SEM LIXÕES"

JANICE DRUMOND/ASCOM SISEMA

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APOIO E RECONHECIMENTO“Estou recebendo grande apoio dos colegas de trabalho e isso é muito importante, já que nin-guém faz nada sozinho. É uma honra assumir esse cargo, em es-pecial pelo imenso respeito que tenho por todos os meus ante-cessores, entre eles, Ilmar Bas-tos, José Cláudio Junqueira, Ivon Borges, Hiram Firmino e tantos outros que passaram por aqui. Do ponto de vista técnico, me consi-dero bastante preparada para tra-tar de todos os assuntos que inte-gram a agenda da Feam, mas sei que é preciso seguir avançando, e me preparando cada vez melhor para lidar com as questões admi-nistrativas. A sensação é de alegria e de grande satisfação, diante do reconhecimento de uma carreira pautada pelo mérito técnico.”

CAMINHO DO MEIO“Quem já trabalhou comigo sabe que sou muito exigente, do ponto de vista da qualidade do trabalho, e prezo sempre pelo rigor técnico. Felizmente, ao longo desses mais de 20 anos, também desenvolvi capacidade para ouvir e ponderar

ECOLÓGICO /JANEIRO DE 2013 47

os interesses dos outros setores e atores que integram a agenda am-biental. Busco a convergência dos interesses. Já participei de inúme-ros grupos de trabalho comple-xos, tanto na história do Copam quanto do Conama; e, felizmente, o retorno que tenho das pessoas é sempre positivo, uma vez que procuro conciliar os interesses para achar o que o ex-ministro e ex-secretário José Carlos Carvalho chama de ‘caminho do meio’.”

ATUAÇÃO DIFERENCIADA“Boa parte das pessoas se confun-de, acreditando que a Feam ainda pratica o Licenciamento e a Fiscali-zação Ambiental. Desde 2007, essas atividades não fazem mais parte de nossa agenda direta de trabalho. O Licenciamento foi totalmente transferido para as Superintendên-cias Regionais de Regularização Ambiental (Suprams), enquanto nossa atuação na Fiscalização se dá apenas para suporte aos proje-tos executados pela própria Feam e atendimento às demandas da Semad, como, por exemplo, no atendimento a denúncias ou requi-sições do Ministério Público, como apoio técnico.”

“Hoje, nosso foco é o desenvol-vimento de estudos, pesquisas e programas ambientais estratégi-cos, pensando e planejando os ins-trumentos da gestão político-am-biental do Estado. Temos linhas de trabalho já bem definidas e con-solidadas (veja ilustração a seguir). Estamos capacitando nossas equi-pes técnicas e também contamos

“A ‘Pegada de Carbono da Copa 2014’ é um modelo

desenvolvido pela Feam e reconhecido pelo comitê

organizador com o melhor do Brasil.”

Nascida em São Paulo, mas ‘mineira e be-lo-horizontina de coração’, Zuleika Torquetti é formada em Engenharia Química e tem mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos, pela UFMG. Iniciou sua tra-jetória no governo de Minas na Superinten-dência de Meio Ambiente, em 1988. Um ano depois, com a criação da Feam, foi integrada aos quadros da instituição, onde atuou como técnica do Licenciamento e da Fiscalização Ambiental no segmento da Indústria Quími-ca e Alimentícia. Esteve, ainda, à frente das diretorias de Licenciamento da Indústria da Mineração, de Qualidade Ambiental e de Ges-tão de Resíduos. É casada e tem dois filhos.

PARA SABER MAIS: www.feam.br

QUEM É ELA

com importantes parcerias inter-nacionais para o desenvolvimento de novas ferramentas de gestão e aperfeiçoamento contínuo de nos-sa massa crítica.”

RESÍDUOS SÃO CARRO-CHEFE“A gestão de resíduos é o carro-chefe da Feam. Somos responsá-veis pela execução do projeto es-tratégico ‘Redução e Valorização de Resíduos’, no qual o programa ‘Minas Sem Lixões’, que comple-tará 10 anos em 2013, se destaca. A meta é o aumento do percentu-al da população urbana atendida por sistemas adequados de dispo-sição de resíduos sólidos urbanos. Até o fim de 2011 esse índice era de 55,26% e, em 2012, alcançamos até novembro 59,02%. Estamos avançando num ritmo menor do que esperado, mas apostamos no incentivo à formação de consór-cios para a gestão compartilhada de resíduos como forma de ace-lerar as ações. Em Minas, onde 70% dos municípios têm popula-ção menor que 20 mil habitantes, é impossível imaginar que essas prefeituras terão condições de instalar e operar sistemas indivi-duais de coleta, disposição e tra-tamento de lixo.”

“Atualmente, 478 cidades estão discutindo o consorciamento, em diferentes estágios de evolução, com apoio da Secretaria de De-senvolvimento Regional e Políti-ca Urbana (Sedru) e orientação técnica da Feam. É um trabalho recompensador, pois demonstra o compromisso de mais da me-tade dos municípios mineiros em relação ao cumprimento da Polí-tica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que estabeleceu o mês de agosto de 2014 como data-limite para que as prefeituras assumam essa gestão, pondo fim aos lixões em todo o Brasil.”

“Outro marco importante é o repasse dos primeiros pagamen-tos do Programa Bolsa Recicla-

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gem, destinado a catadores de materiais recicláveis, ocorrido em dezembro, referente ao terceiro trimestre de 2012.”

LOGÍSTICA REVERSA“No que se refere à logística re-versa – conceito segundo o qual o resíduo gerado pós-consumo tem de retornar ao fabricante para re-processamento, a exemplo do que ocorre com baterias de celular, eletroeletrônicos, pneus, lâmpa-das e embalagens de agrotóxicos –, a Feam firmou, este ano, o pri-meiro acordo setorial com o seg-mento de embalagens plásticas usadas de óleos lubrificantes.”

“O acordo prevê a implantação de um sistema de coleta e recicla-gem, bem como a instalação de uma central de reprocessamen-to em Betim, para recebimento de embalagens descartadas em concessionárias, postos de com-bustíveis e oficinas mecânicas. Esse é um primeiro exemplo, e já estamos trabalhando na pro-posição de novos acordos, junto a outros setores, numa linha de atuação estratégica e bastante característica da nova agenda ambiental da Feam.”

BARRAGENS MAIS SEGURAS“Nosso Programa de Gestão de Barragens também é uma con-quista histórica. Felizmente, desde 2007 não há registro de acidentes com grandes danos

ambientais, o que demonstra o sucesso dessa iniciativa. O pro-grama é baseado em auditorias de segurança feitas por auditores ter-ceirizados e independentes, que vão às barragens e atestam sua estabilidade e condições de fun-cionamento. Um trabalho essen-cialmente focado na prevenção e não na correção de problemas e de impactos ambientais.”

DESTAQUE NA COPA 2014“No segmento de Energia e Mu-danças Climáticas, estamos tra-balhando no Plano do Clima para Minas Gerais. O primeiro passo será a discussão da adap-tação dos setores produtivos às mudanças climáticas. Tudo indi-ca que o trabalho terá início com o setor agropecuário, um dos que mais sentirá os impactos de eventos climáticos extremos.”

“Vale destacar, ainda, a meto-dologia desenvolvida pela Feam, com apoio da Secretaria Extra-ordinária para a Copa do Mundo (Secopa), para a quantificação das emissões de gases de efeito estufa nos eventos do mundial. A ‘Pe-gada de Carbono da Copa 2014’ é um modelo desenvolvido pela Feam e reconhecido pelo comi-tê organizador com o melhor do Brasil. Todos os eventos se quise-rem compensar suas emissões o farão com base na fórmula criada por nossos técnicos.”

“Esse é, sem dúvida, motivo de

grande satisfação para todos nós. A proposta é que a compensação das emissões seja feita por meio do plantio orientado de novas ár-vores, visando principalmente à reabilitação de áreas degradadas em Minas, e sob a supervisão do IEF, como forma de assegurar a eficácia das ações.”

RECONVERSÃO DE TERRITÓRIOS“A Feam mantém inúmeras par-cerias com agências ambientais de diferentes países, voltadas para o intercâmbio de experiên-cias e de tecnologia. Felizmente, do ponto de vista da competên-cia técnica, nossa equipe de ser-vidores está apta a conversar em pé de igualdade com especialis-tas de qualquer parte do mundo. Recentemente, demos início a um acordo de cooperação com a França para aplicação, em Mi-nas, do conceito chamado re-conversão de territórios.”

“Trata-se de uma visão inova-dora e diferenciada que se aplica principalmente à recuperação de áreas mineradas. Mais que a rea-bilitação ambiental de determi-nada região ou território, prevê um uso futuro sustentável e com-patível com o desejo da comuni-dade: pode ser um parque, uma escola, ou seja, um conceito bem mais amplo do que apenas plan-tar árvores, conservar a água e re-vitalizar o solo. O objetivo é asse-gurar o regaste social, histórico e cultural dos espaços impactados, dando à população local a chance de redescobrir sua identidade e de valorizar suas riquezas naturais.”

REABILITAÇÃO DE SOLOS“Na Diretoria de Qualidade Am-biental, um dos pilares do tra-balho é a pesquisa dos valores de referência de qualidade do solo. Esse trabalho é essencial em Minas Gerais, onde prati-

1 P O L Í T I C A A M B I E N T A L

ESTAÇÃO DE MONITORAMENTO DO QUALIDADE DO AR INSTALADA NA CIDADE ADMINISTRATIVA

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camente todos os elementos da tabela periódica estão presentes em nosso subsolo. Criamos uma rede de cooperação, em parce-ria com a UFMG, as federais de Lavras e de Viçosa, além do Cetec e do Centro de Desenvol-vimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), com profissionais res-ponsáveis por coletar amostras e caracterizá-las.”

“Como resultado, já temos um mapa de solos totalmente atualiza-

do, indicando o perfil das diferentes regiões mineiras. Uma ferramenta altamente eficaz e imprescindível para a definição de ações ligadas à reabilitação de solos degradados. Num segundo momento, esse ban-co de dados também poderá ser usado como instrumento de plane-jamento estratégico, apontando os empreendimentos mais indicados para instalação em determinada região do Estado.”

“Estamos investindo, ainda,

na ampliação da rede de moni-toramento da qualidade do ar, que já está consolidada na Re-gião Metropolitana. Também há cabines automáticas em Ipatin-ga, Itabira e Pirapora, que estão conectadas ao Centro Super-visório de Monitoramento da Qualidade do Ar na Feam, em BH. A meta é instalar novas es-tações em outros polos produti-vos onde há grande emissão de poluentes atmosféricos.”

No Brasil presidido por uma mulher, a mineira Dilma Rousseff (1) , e que tem como ministra do Meio Ambiente a brasiliense Izabella Teixeira (2), a presença feminina ganha cada vez mais destaque em diferentes cargos e instituições, públicas e privadas. No mês passado, o país assis-tiu a mais uma conquista das mulheres: a capitão-de-mar-e-guerra Dalva Maria Carvalho Mendes (3) se tornou a primeira oficial-general das Forças Armadas do Brasil ao assumir o posto de contra-almirante.

No Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Mi-nas (Sisema), o secretário Adriano Magalhães está amparado por um staff repleto de mulheres. Entre elas: Marília Melo (4), subsecretária de

Controle e Fiscalização Ambiental Integrada; Maria Cláudia Pinto (5), sub-secretária de Gestão e Regularização Ambiental Integrada; Valéria Rezende (6), subsecretária de Inovação e Logística; Daniela Diniz (7), vice-diretora do Igam; Adriana da Silva (8), vice-diretora do IEF; Zuleika Torquetti (9), pre-sidente da Feam; e Aline Trindade (10), vice-presidente da Feam. Além de Adriana Spagnol (11), chefe de gabinete da Feam; Carolina Couto Pereira (12), procuradora chefe do IEF; Cristiane Brant Veloso (13), chefe de gabinete da Semad; Vanessa Coelho Naves (14), chefe de gabinete do Igam; Luciana Gontijo (15), assessora chefe de comunicação do Sisema e Nathália Milagre Hazan (16), assessora chefe de gestão estratégica e inovação.

MULHERES VERDES

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APOIO À REVITALIZAÇÃO DO VELHAS“Em 2013, uma das prioridades da Feam será o Mapeamento dos Efluentes Industriais na Bacia do Rio das Velhas, tarefa crucial para o cumprimento da Meta 2014. Pela primeira vez, serão conhecidos e registrados, em campo, todos os pontos de geração e lançamento de efluentes líquidos de origem industrial. Numa primeira etapa, o trabalho estará concentrado em 21 municípios do Alto e Médio Ve-lhas, em função do elevado custo de execução do projeto e da grande extensão da Bacia, que se estende por 51 cidades. A expectativa é de que a metodologia desenvolvida seja replicada, contribuindo para a melhoria da qualidade de outros cursos d’água do Estado.”

“Já em fase de licitação, esse mape-amento será realizado em conjunto com o Igam. Além de promissor, atende a uma antiga reivindicação de ambientalistas, em especial do professor Apolo Heringer Lisboa, idealizador do Projeto Manuelzão, tendo em vista a necessidade de avançarmos de maneira prática na gestão integrada das águas, com base na visão territorial de Bacia e não apenas de forma pontual.”

“Esses são, em síntese, alguns exemplos de como a Feam vem tra-balhando de forma estratégica no desenvolvimento de novos projetos e instrumentos de gestão ambiental. Acredito que o nosso maior desafio, nos próximos anos, será a consoli-dação das metas previstas, já que, para tanto, é essencial mantermos nossas equipes motivadas e coesas. O ‘fantasma’ da evasão sempre nos ronda e o atual corpo de servidores, formado por cerca de 90 profissio-nais, ainda é restrito, diante de tan-tas demandas a serem atendidas. Ainda assim, seguimos dedicados e confiantes, buscando sempre novos avanços e conquistas.”

“A Feam foi criada tendo como principal atividade a análise dos processos de licencia-mento para subsidiar as decisões do Copam. Em 1995, com a criação da Semad, passou a compartilhar a Secretaria Executiva do Copam com o IEF e Igam, restringindo sua atuação à chamada Agenda Marrom – atividades in-dustriais, mineração e infraestrutura. Ainda assim, sua principal atividade continuou a ser o exercício dos instrumentos de comando e controle – licenciamento e fiscalização – na sua área de atuação.

Em 2007, quando o secretário José Carlos Carvalho me convidou para voltar à presidên-cia da Feam, a proposta foi implantar uma ‘nova Feam’, para além dos convencionais ins-trumentos de comando e controle. Assim, nos inspiramos nas experiências internacionais mais modernas, como as agências francesa (Ademe) e alemã (UBA), para desenvolvermos a que seria a primeira agência ambiental de segunda geração no país.

A partir de então, a Feam passou a de-senvolver trabalhos em quatro áreas do conhecimento, como base para subsidiar as unidades descentralizadas do Copam. Essas áreas são: Resíduos, Solos, Qualidade do Ar e Mudanças Climáticas. Nesse sentido, a Feam desenvolveu o projeto do Centro Mi-neiro de Referência em Resíduos (CMRR), em parceria com o Servas, que se constitui hoje

no principal centro de conhecimento em re-síduos no Brasil.

Na área de solos, foram desenvolvidos os estudos necessários para estabelecer os padrões de referência dos solos no Estado. Hoje, Minas Gerais e São Paulo são os únicos estados da federação que podem reconhecer os níveis de contami-nação de seus solos e agir com mais segu-rança para a sua remediação.

O monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana de Belo Horizonte e a verificação dos problemas decorrentes das emissões dos veículos automotores subsidiaram a elaboração da proposta de Inspeção Veicular, infelizmente até hoje não implementada pelo Estado.

Na questão das mudanças climáticas, a Feam hoje é referência no país, tendo elabo-rado o Inventário de Gases de Efeito Estufa do Estado e a proposta de lei para a redução do aquecimento global. É uma agência ambien-tal de segunda geração, desenvolvendo traba-lhos de base para subsidiar políticas novas em prol do meio ambiente. É uma visão de futuro.”

*JOSÉ CLÁUDIO JUNQUEIRA, Ex-presidente da Feam e ex-secretário de Meio Ambiente de BH e atual consultor da Organização dos

Estados Americanos para Resíduos (OEA)

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“SOMOS REFERÊNCIA NO PAÍS”JOSÉ CLÁUDIO JUNQUEIRA*

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D iário de bordo do Google, quatorze horas e cinquenta e quatro minutos do dia dezes-seis de janeiro de 2012. O Big Brother Brasil

ocupa nada menos que as oito primeiras posições das maiores tendências de busca originada em nosso ter-ritório para os últimos sete dias. Faz pensar...

O programa vai rolando em sua décima terceira edição, sem dar sinais de cansaço. Ao contrário, pa-rece revitalizado, financeiramente sustentável, com anunciantes fazendo filas em suas portas para seu minuto de merchandising e sua esperança de glória e muitas vendas.

Enquanto isso, o Greenpeace, o melhor caso de su-cesso em redes sociais de ONGs que consigo citar, se arrasta por anos para obter 506.223 fãs no facebook e 593.621 seguidores no twitter, no mesmo dia e hora.

Posso estar enganado, mas boa parte da vitalidade do BBB, que parece nunca terminar, vem da tecnolo-gia, mais precisamente das redes sociais. Quem milita no terceiro setor, quem luta para produzir um marke-ting digital social de qualidade para essas causas, vai aprendendo muito rapidamente que há fenômenos de aumento repentino de audiência, aqueles casos em que uma criancinha na Dinamarca dá uma ri-sada e milhões de pessoas pelo mundo afora morrem de rir e twittar. E há o cara da Coreia do Sul, o popstar Psy, que virou celebridade porque sua música, letra e origem casam perfeitamente com uma centúria de Nostradamus para o fim dos tempos. O mundo não

termina. E, no mesmo dia, na mes-ma hora em que o BBB explode, pesquiso os níveis de audiência

do sul-coreano e não o encon-tro nem entre as dez maiores

tendências. Passou!Sim, há causas que pas-

sam e causas que duram! Tempos atrás eu já disse que as causas sustentáveis

precisam estar sintonizadas com o fenômeno das redes so-

ciais. Minha pergunta agora é outra.

BANALIDADES SUSTENTÁVEIS

Quer saber como se mede a audiência de um tema?

No Google www.google.com.br/trends

No twitter www.twitter.com/TopTrendsBrasil

No Facebook www.facebook.com/TopTrends

TECH NOTES

Quero saber se as causas aparentemente não susten-táveis na visão da Triple Bottom Line podem evoluir e dialogar com as principais questões da sociedade, sem se tornarem chatas - ecochatas, para ser exato.

Não estou desejando que BBBs plantem árvores ou que tomem banho com água aquecida por coletores solares, muito embora a ideia não seja de todo má. Também não sou ingênuo ao ponto de achar que mi-nutos de exposição em mídia serão graciosamente oferecidos durante o programa para salvar as baleias nem os times que vão cair pra segundona.

A questão é que fenômenos de audiência repetidos como o BBB precisam ser tratados com o respeito que merecem, porque influenciam milhões de pessoas e precisamos estudar como funcionam e dialogar com eles. Eu mesmo sou um exemplo, enquanto falo de BBB e pego carona em sua audiência.

Nunca será demais nos perguntarmos a respeito de um BBB, uma final de campeonato ou um grande show transmitido em cadeia nacional: o que é que isso tem a ver com sustentabilidade? O pior que pode acontecer é a gente encontrar oportunidades boas de fazer um mun-do melhor no meio da aparente banalidade.

(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente de Sustentabilidade da Sucesu-MG e presidente do Comitê para a Democratização

da Informática - CDI e diretor do Arbórea Instituto.

GESTÃO EMPRESARIAL & TIROBERTO FRANCISCO DE SOUZA (*)[email protected]

52 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

Nunca será demais nos perguntarmos o que o BBB pode ter de sustentável. O pior que pode acontecer é a gente encontrar oportunidades de fazer

um mundo melhor no meio da aparente banalidade

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Nas nações mais ricas o desperdício ocorre devido à “cultura do consumo”. Supermercados rejeitam alimentos que não tenham uma boa aparência, mesmo que estejam em perfeitas condições de consumo. Já o consumidor desperdiça porque compra mais do que realmente irá comer.

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Segundo estudo publicado pelo Instituto de Engenharia Mecânica do Reino Unido,

entre 1,2 bilhão e 2 bilhões de toneladas de comida são jogados no lixo todo ano.

Número que representa entre 30% e 50% da produção mundial .

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O desperdício de alimento também ocorre muitas vezes nas casas. Caules e folhas tradicionalmente desperdiçados podem ser uma fonte importante de nutrientes. O talo de couve possui até quatro vezes mais vitamina C que a polpa da laranja. Já as folhas de cenoura são ricas em vitamina A, que ajudam a deixar pele e cabelo mais

bonitos e saudáveis. Basta pesquisar na internet e descobrir vários sites que ensinam receitas deliciosas a base dessas variedades. Afinal, desperdício não é nada ecológico!

Nos países pobres, o alimento se perde antes mesmo de chegar aos supermer-cados. Razões como produção agrícola defasada, erro na forma de estocar e transportar os alimentos deixam pelo caminho milhares de frutas, verduras e outros servíveis que alimentariam a crescente população mundial.

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AS RPPNS DA VALE (1)AASS RRPPPPNNSS DDAA VVAALLEE ((11))AS RPPNS DA VALE (XII)

56 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

Localizada no município de Nova Lima, a RPPN Rio de Peixe enche de vida os 84

hectares que ficam entre as minas da Vale: Capitão do Mato e Abóbo-ras. Inserida no domínio do bioma Floresta Atlântica, a RPPN possui quatro fitofisionomias principais: Floresta Estacional Semidecidual, Mata de Galeria, Cerrado Ralo e Afloramento Rochoso com Cam-po Rupestre. Situa-se na bacia hi-drográfica do rio das Velhas, sob a influência do ribeirão Capitão do Mato e do rio de Peixe, que dá

A INTOCADA RIO DE PEIXEAparentemente inóspita devido ao tamanho e difícil acesso, a reserva surpreende por sua importância na formação de

corredores ecológicos e manutenção da biodiversidade.

Fernanda Mann [email protected]

nome à reserva e caracteriza-se por um vale profundo e estreito, de en-costas muito íngremes.

Constitui, com seu relevo escarpa-do de Campos Rupestres em altitu-des elevadas, entre 900 e 1.300 me-tros, um refresco verde para a região marcadamente afetada pela pressão antrópica. O acesso à área se dá pela BR 040, mas é extremamente restri-to, o que ao mesmo tempo resguar-da sua característica inóspita e into-cada e desafia o trabalho da equipe de proteção da Vale que cuida para manter a preservação da RPPN.

CUIDADO E PROTEÇÃOSegundo o técnico em Meio Am-biente Wobert Alves, o maior desa-fio enfrentado na área é o incêndio. “Raramente acontece, mas por ser de difícil acesso é muito compli-cado de combater. Assim, procu-ramos atuar prioritariamente na prevenção, fazendo aceiros e traba-lhando a conscientização. Algumas vezes o incêndio é de má-fé; outras, trata-se de um vizinho que botou fogo no pasto e perdeu o controle.

Há vilas de moradores, trabalha-dores da AngloGold Ashanti, entre

EM PRIMEIRO PLANO A RPPN BANHADA PELAS ÁGUAS QUE LHE DÃO NOME, RIO DE PEIXE

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ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013 57

Capitão do Mato e Rio de Peixe, e eles nos auxiliam com informações. São excelentes parceiros nos cuida-dos da área. Quem combate o fogo é a empresa, mas a comunidade nos informa rapidamente, pois residem próximo ao local e têm interesse em ajudar”, conta Wobert.

O monitoramento da reserva é periódico. Feito pelo pessoal da Prosegur (empresa de segurança privada) e pelos técnicos de meio ambiente da Vale, que realizam rondas por todo o limite da reser-va e observam pontos estratégicos. Por causa da dificuldade de acesso ao seu interior, a RPPN é mais volta-da à preservação, mas ainda assim recebe pesquisadores.

Wobert foi responsável pelas RPPNs Andaime, Rio de Peixe e Ca-pitão do Mato durante o último ano e agora passa sua função para Mau-ro César, que antes ficava apenas nas florestas de plantio de eucalip-to. Eles já vêm trabalhando juntos há algum tempo, e Wobert garante satisfação no posto que agora en-trega à Mauro. “A gente aprende a gostar do local, mas o importante é o trabalho, o monitoramento e a gestão continuarem. Eu amo fazer isso. É um ofício diferente, sempre em contato com a natureza. Além de ser um trabalho diferenciado, pois não há rotina. Coisas diferen-tes acontecem todos os dias. Cola-boramos com a preservação, o que é muito gratificante”, afirma.

Mauro também demonstra grande entusiasmo: “agora faço parte oficialmente do grupo das RPPNs. Adorei a novidade! Vou poder acompanhar os trabalhos de pesquisa, que são valiosos, e cuidar da natureza. Trabalhar nes-sas áreas, em contato com o meio ambiente, muitas vezes nos faz es-quecer de problemas do dia a dia. É muito prazeroso.”

CORREDORES DE FAUNA Ocorrem outras quatro RPPNs no entorno desta, todas de propriedade da Vale, resultantes de processos de compensação ambiental: Capitão do Mato, Andaime, Córrego Seco e Reserva do Tumbá. A conectividade entre esses fragmentos florestais é condição fundamental para a con-servação dos ambientes, mantendo a diversidade, o equilíbrio entre ri-queza e abundância e permitindo o

estabelecimento de populações que dependem de maior mobilidade. Por isso, a primeira recomendação para o manejo da RPPN Rio de Peixe é o planejamento para criação e forma-ção de corredores ecológicos. Uma opção é o enriquecimento ecológico da frágil conexão com a área da reser-va Capitão do Mato, possibilitando o contato de algumas populações de ambas as RPPNs com outras áreas naturais da região.

A PRESENÇA DE LÍQUENS COMPROVA A BOA QUALIDADE DO AR

A RIQUEZA DE EPÍFITASMARCA FORTE PRESENÇA,COLORINDO O AMBIENTE

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AS RPPNS DA VALE (1)AASS RRPPPPNNSS DDAA VVAALLEE ((11))AS RPPNS DA VALE (XII)

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Flora - A lista da flora apresentou 169 espécies de angiospermas e 135 espécies de pteridófitas. As famílias de angiospermas que mais se destacam pela riqueza são as Orchidaceae, Fabaceae, Myr-taceae, Velloziaceae e Lauraceae, com respectivamente 28, 17, 15, 9 e 8 espécies. Abriga ainda nove tipos presentes na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção em Minas Gerais, sendo duas na categoria “Criticamente Ameaçada”, três “Em Perigo” e quatro avaliadas como “Vulneráveis”. A família com maior número de es-pécies ameaçadas é a das orquídeas, que muitas vezes sofre com coletas predatórias para comercialização e cultivo.

Aves - Com registro de 239 espécies, Rio de Peixe representa 30,4% da riqueza de espécies registradas em Minas Gerais. A quantidade de exemplares representantes da ordem Falconiforme chama atenção, contando 15 espécies, sendo 3 ameaçadas de ex-tinção: falcão-de-peito-laranja (Falco deiroleucus), águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) e gavião-de-penacho (Spizaetus orna-tus).

Mamíferos - Há ocorrência de 52 espécies de mamíferos para o município de inserção da RPPN Rio de Peixe (Nova Lima), perten-centes a nove ordens. As espécies registradas representam todas as ordens de mamíferos presentes em Minas Gerais, com exceção da Perissodactyla, que correspondem a 21,85% das espécies descri-tas no Estado e 61,90% para o Quadrilátero Ferrífero.

Invertebrados - Já foram listadas 72 espécies de invertebrados, principalmente da ordem Lepidoptera, das borboletas e das ordens de insetos de importância médica. Vale destacar a presença da bor-boleta Parides burchellanus (Papilionidae), ameaçada de extinção.

Herpetofauna - São 43 espécies de anfíbios anuros e 16 répteis. Entre os anfíbios incluídos nessa lista, quatro espécies são endêmi-cas da Mata Atlântica, uma endêmica do Cerrado (Hypsiboas lun-dii) e oito da porção meridional da Serra do Espinhaço. O restante são espécies comuns. A presença da Hylodes uai (rã-do-riacho) é um bom indicador da qualidade do ambiente, pois espécies desse gênero são conhecidas apenas para riachos bem preservados. Rio de Peixe ainda apresenta uma espécie inédita, ou seja, que não foi descrita pela Ciência: Scinax aff. perereca.

Ictiofauna - Os resultados das amostragens de campo contidos no plano de manejo da reserva indicam a inexistência de peixes no trecho do rio do Peixe no interior da RPPN. Isso se deve às in-terferências antrópicas nas adjacências, incluindo os barramentos.

A área de abrangência da RPPN Rio de Peixe apresenta ainda uma região rica em ecossistemas. Possui várias nascentes e cabecei-ras de rios e sua heterogeneidade ambiental sustenta uma alta diversidade de vidas, brevemente listada a seguir:

BIODIVERSIDADE DA RESERVA

AVES DE RAPINA DESTACAM-SE NO CÉU DA RESERVA

NA PRÓXIMA EDIÇÃO, LUA CHEIA DE FEVEREIRO, A ECOLÓGICO VISITA A RPPN JEQUITIBÁ. ACOMPANHE!

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“ele age como um anti-inflamatório natural, princi-palmente no sistema circulatório, protegendo veias e artérias, além de prevenir derrames e infartos do mio-cárdio. Com as mesmas propriedades do vinho tinto, tem a vantagem de não conter calorias e também de não produzir os efeitos nocivos da bebida alcoólica, podendo ser consumido de “mamando a caducando”

Usado há milênios, o suco extraído da uva é uma verdadeira panaceia, atuando ainda como diurético, tônico, depurativo e reconstituinte. Essa vivência foi marcada pela gentileza e coerência de uma escolha de vida. Inté a próxima lua!

I nvariavelmente as histórias narradas aqui têm como pano de fundo o cerrado, o sertão, mas des-ta vez o cenário é uma das mais belas áreas da

Mata Atlântica, próxima ao litoral do Paraná. Iniciei amizade há alguns anos com o biólogo e agricultor orgânico Cauê, moço bão e idealista, morador daque-las bandas. Depois de muitas visitas aqui nos gerais, passou a reclamar nossa presença em suas paragens, desafio que decidi encarar na busca de vivenciar mais de perto a natureza desconhecida de sua região. Ven-cidas as distâncias e o cansaço, deu de sobrar belezu-ras e encantamentos.

Fomos acolhidos amorosamente no sítio de sua mo-radia, que fica encravado na descida da capital Curi-tiba ao litoral, em meio a Serra da Graciosa, nome dos mais apropriados para definir a pujança da floresta, que ali faz os homens se curvarem a sua majestade e grandiosidade. Acostumado aos campos abertos e vegetação baixia dos cerrados, em meus olhos não cabiam tantas maravilhas a serem vistas. Perguntas, comparações e surpresas, foram acolhidas com cari-nho pelo amigo, que se desdobrava na tentativa de esclarecer nossa ignorância e curiosidade.

Um dos encantos da propriedade é o plantio de Uva (Vitis vinifera) e a produção artesanal de um puríssimo suco de uva orgânico. Essa foi uma das atividades que realizamos por lá, pois o parreiral já tava empencado de uvas no ponto de colheita. Com algumas caixas plásticas e um podão demos início a coleta dos cachos mais maduros, quando o talo que segura a uva já está seco ou quase. De volta a casa, a mulherada juntou-se e deu-se a separação, seleção e lavagem dos frutos. Em seguida, a uva foi acomoda numa vasilha de inox composta de três peças, que de-pois de montada se assemelha a uma torre. Coloca-se os frutos na parte superior, água na parte inferior e leva-se ao fogo. Depois de, aproximadamente, duas horas, todo o néctar das uvas ainda fervente está de-positado na vasilha intermediária. Coisa linda de se ver, fazer e tomar.

Cauê discorreu sobre as muitas propriedades da uva utilizada na forma de suco integral, dizendo que

NATUREZA MEDICINALMARCOS GUIÃO (*)[email protected]

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OLHAR POÉTICO ANTONIO BARRETO (*)[email protected]

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O DONO DO FUTURO(tal mãe, tal filho... ou... lasanha com batata frita)

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Educação

Advocacy e Lobby

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Gestão do conhecimento

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Inteligência comunicacional

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OLHAR EXTERIOR1

Definitivamente foi o pior dia em termos de po-luição desde que me mudei para Pequim, em agosto de 2010. Sábado, dia 12 de janeiro de

2013. Como de hábito, acordo e ainda sonolenta vou até a janela saudar o novo dia com que sou abençoada. Algo estranho, porém, me impede de formular as palavras de agradecimento por mais essa oportunidade no Planeta Terra: onde está o prédio vizinho da frente? Cadê o par-que? Do 23˚ andar onde moro, só distingo pálidos faróis dos carros lá embaixo. Será que está tão frio assim? Só pode ser, com uma névoa densa como essa!

Checo o termômetro. Dois graus célsius negativos. Isso é nada comparado à semana passada, quando os pon-teiros marcaram menos 18˚C. Então o que é? Poluição? Não, já vi dias poluídos horríveis, quando não dá nem vontade de sair de casa, mas hoje é diferente. Os raios do sol conseguem atravessar a neblina, e se olhar para cima, quaseconsigo discernir um céu azul.

O interessante é que em momento algum me lembro de checar o aplicativo da Embaixada dos Estados Unidos que divulga, de hora em hora, os resultados de medição da estação meteorológica instalada em seus domínios. Sim, a embaixada norte-americana tem um dispositivo próprio para monitorar a qualidade do ar de Pequim. E os seus resultados são invariavelmente diferentes dos publicados pelos órgãos oficiais do governo chinês.

Isso porque a estação dos EUA mede partículas de po-luição PM 2,5, ou seja, com menos de 2,5 micrômetros de diâmetro (PM 2,5) – em outras palavras, aquela “poeira” que apresenta os maiores riscos para a saúde, uma vez que são pequenas o suficiente para entrar diretamente nos pulmões e até mesmo na corrente sanguínea. PM 2,5 é um padrão reconhecido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA), que desenvolveu uma fór-mula para converter as leituras de PM 2,5 em um índice de qualidade do ar (IQA), que são então traduzidos em “conselhos de saúde”. Por exemplo, um valor de 50 IQA representa boa qualidade do ar, com pequeno potencial de afetar a saúde pública, enquanto um valor IQA de mais de 300 representa uma qualidade do ar perigosa, insalubre. Só que, claro, os parâmetros de qualidade do ar norte-americano são diferentes do Índice de Poluição Atmosférica (IPA) usado na China.

SEM CHANCE DE “CONSELHO” Detalhes à parte, por volta da hora do almoço saímos de casa e vamos para uma área conhecida como Sanli-tun, o centro de encontro dos estrangeiros em Pequim, já que ali estão reunidos restaurantes de quase todas as nacionalidades. É também o centro de consumo dos chineses ricos, pois ali também estão quase todas as marcas de grife de luxo.

62 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

ANDRÉA ZENÓBIO GUNNENGDe Pequim, [email protected]

PARA ALÉM DO ÍNDICE

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cas ao ar livre; pessoas com doenças cardíacas ou pul-monares, idosos e crianças devem permanecer em casa e manter baixos níveis de atividade. E acima de IQA 500? O que fazer? O que diz o aplicativo da embaixada? “Além do índice”. E daí?

Daí que, naquele fatídico dia, durante a tarde, ficou no patamar dos 600-700 PM 2,5. E à noite atingiu 700-800 PM 2,5. Como reagir nessa situação? Sem alternativas, nos trancamos em casa e programamos nossas máquinas de filtrar o ar para trabalhar em total capacidade.

Jornais do mundo inteiro reportaram o que esta-va acontecendo aqui. Diante de tal exposição in-ternacional, o governo chinês não teve saída senão reconhecer a situação calamitosa e emitir, no dia se-guinte, domingo, um alerta sobre a densa camada de poluição que cobriu 12 províncias do país e que em Pequim se transformou em uma das piores névoas poluentes registradas em uma década. Os cidadãos de grande parte do Norte do país foram conclamados a permanecer em suas casas para evitar os efeitos da poluição, que no caso de Pequim foi qualificada de “severamente prejudicial e perigosa”.

Segundo informações do governo, essa “poeira” iria pairar sobre Pequim apenas por três dias. Nesse exato momento em que escrevo essa coluna, quinta-feira, cinco dias depois do acontecido, ainda é possível ver uma camada de poluição que engolfa a cidade. Checo o índice de qualidade do ar. Está registrado “insalu-bre”, 166 PM 2,5. Respiro aliviada! Estamos de volta à situação normal.

“Sem alternativas, nos trancamos em casa e programamos nossas máquinas de filtrar o ar para trabalhar em total capacidade”.

Andando pelas ruas, sinto meus olhos arderem de-mais. Minha garganta fica completamente seca e come-ço a tossir. Olho à minha volta e percebo que não há um estrangeiro. Só chineses com suas inúteis máscaras, já que são incapazes de filtrar as partículas PM 2,5, muito menos os gases venenosos que respiramos dia a dia. Fi-nalmente, a ficha cai e me lembro de checar o aplicativo norte-americano em meu telefone. 699 PM 2,5. O quê??? Nunca vi um índice desse.

Segundo os “conselhos de saúde” baseados no índice de qualidade do ar (IQA) da Embaixada dos EUA, deve--se aproveitar a sorte do dia e explorar Pequim quando o IQA é “bom” (0-50). Pessoas extraordinariamente sen-síveis devem considerar a redução de esforço prolonga-do ou intenso em IQA “moderado” (51-100). Em situa-ções de IQA “insalubre para grupos sensitivos”(101-150), pessoas com problemas cardíacos, pulmonares e crian-ças devem reduzir o esforço prolongado ou intenso ao ar livre. Para os dias em que o IQA é “insalubre” (151-200) – a maioria dos dias em Pequim, atualmente – a recomendação é que todos reduzam o esforço prolon-gado ou pesado. E para os dia de IQA “muito insalu-bre”(201-300) – também muito comum em Pequim –, pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças devem evitar todas as atividades físicas ao ar livre; bem como esforços prolongados ou pesados. É quando as escolas não permitem, por exemplo, que as crianças brinquem em seus pátios.

Para o último índice da escala norte-americana, IQA “perigoso”(301-500), todos devem evitar atividades físi-

ECOLÓGICO /JANEIRO DE 2013 63

ÍNDICES DE QUALIDADE DO AR EM PEQUIM REGISTRADOS NO DIA 13 DE JANEIRO, UM DOS DIAS MAIS POLUÍDOS DE UMA DÉCADA

PALAVRAS DE SABEDORIA Como tudo na vida é uma questão de perspectiva, prefiro focar minha atenção e energia nos dias de céu azul de Pequim, que não são raros, diga-se de passagem. É quando, então, a cidade se ilumina, brilha, e a vida segue seu ritmo em paz. Por isso, escolho concluir o primeiro texto deste ano da coluna “Olhar Ex-terior” com os 10 conselhos de sabedoria de Mahatma Gandhi:

1 - Seja a mudança que você quer ver no mundo2 - O que você pensa, você se torna3 - Onde há amor, há vida4 - Aprenda como se você fosse viver para sempre5 - Sua saúde é a sua real riqueza 6 -Tenha senso de humor7 - Sua vida é a sua mensagem8 -Sua ação expressa suas prioridades9 - A nossa grandeza é sermos capazes de nos recriarmos 10 - Esteja a serviço dos outros.

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Alexandre [email protected]

Ela foi uma lenda viva no seu tempo. Como enfer-meira sua obra foi revolucionária e muito avan-çada para sua época, de tal modo que teve um

impacto na questão do meio ambiente, na saúde, na utilização da estatística e na reorganização dos servi-ços da saúde. Até nos dias de hoje sua influência se faz presente. Florence (Florença) Nightingale (Rouxinol), filha de rica família inglesa nasceu na cidade de Flo-rença –onde passavam as férias -, na Itália, em 12 de maio de 1820. Ainda jovem e contra a vontade dos pais foi estudar no hospital de Kaiserswerth, na Alemanha. Florence, que era da religião anglicana, acreditava que Deus a havia chamado para ser enfermeira e nunca se casou. Ela ficou particularmente preocupada com as condições de tratamento médico dos mais pobres e indigentes. Anunciou sua decisão para a família em 1845, provocando raiva e rompimento, principalmen-te com sua mãe. Depois, trabalhou como superinten-dente de um hospital de caridade em Londres. Numa época em que o estudo da enfermagem era precário, foi uma inovadora e uma das primeiras especialistas em todo o mundo em higiene e saneamento público. Tornou-se respeitada, elevando o status da profissão, que até então com uma péssima reputação, era exer-cida por pessoas com baixa instrução, que não sabiam ler nem escrever e até prostitutas.

GUERRA DA CRIMÉIA Mas foi durante a guerra da Criméia (1854 – 1856), que Florence e mais 40 enfermeiras voluntá-rias, lutaram contra o ceticismo dos mé-dicos militares, que a viam como uma intrusa, e as péssimas condições do hospital: superlotação, esgoto, sujeira, falta de alimentos, remédios e roupas. Como enfermeira chefe do hospital do exército na cidade de Scutari, na Tur-quia, descobriu que a falta de higiene e as doenças matavam mais soldados, do que os ferimentos no campo de bata-lha. Com uma personalidade marcante,

uma habilidade nata para administração e com espí-rito empreendedor, Florence tornou o hospital mais eficiente e um modelo para as outras instituições de saúde do exército britânico. Desenvolveu um trabalho inovador de assistência aos enfermos e de organização na infraestrutura, o que reduziu a taxa de mortalida-de no hospital de 42,7% para 2,2%. Além disso, diver-sificou a visão de enfermagem não só de intervenção direta no doente, ampliando as funções para o meio ambiente, organizando os serviços de lavanderia, rou-paria, cozinha, almoxarifado e limpeza.

Ajudava os soldados feridos, escrevendo cartas para suas famílias e de madrugada, com uma lâmpada tur-ca, passava por todas as alas, visitando e confortando seus pacientes. Por causa disso, ficou conhecida como a “dama da lâmpada”. Já reconhecida internacionalmen-te, retorna à Inglaterra como heroína em agosto de 1857 e, de acordo com a BBC, era provavelmente a pessoa mais famosa da Era Vitoriana (1837-1901)além da pró-pria Rainha Vitória. Logo, abraça a causa de reformar o serviço médico do exército inglês, revolucionando a estrutura hospitalar, desenvolve a medicina preventiva e investe na formação e treinamento das enfermeiras.

LIVROPara explicar a eficácia e eficiência de seus métodos de uma forma clara aos que não entendiam as percen-tagens, foi pioneira utilizando um gráfico -Diagrama Polar de Área - , o precursor do que hoje conhecemos

como gráfico na forma de pizza. Em 1858, usando a sua experiência na guer-ra da Criméia publica “Notas sobre En-fermagem”, um livro que lança as bases definitivas da enfermagem moderna, abordando a recuperação dos pacientes e introduzindo novos conceitos. Dois anos depois, fundou a primeira escola de enfermagem do mundo no Hospital St.Thomas, em Londres, que funcio-na até hoje, atualmente como parte do King’s College.

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FLORENCE NIGHTINGALE:o outro nome da enfermagem

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“O primeiro pensamento que me lembro e o último foramo trabalho de Enfermagem.”

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CRUZ VERMELHA Foi uma pessoa muito à frente de seu tempo e vi-rou um exemplo para outras mulheres, se impondo numa sociedade preconceituosa. Somente quando ficou totalmente cega, já no fim da vida, é que parou de trabalhar. O texto do juramento da profissão da enfermagem é de sua autoria e o Dia Internacional da Enfermagem é comemorado no mundo inteiro no seu aniversário. O francês Henry Dunant reco-nheceu que sofreu influência das ideias e do traba-lho de Florence para a criação da Cruz Vermelha, entidade que presta serviços humanitários em todo o mundo, principalmente em áreas de conflito. Em 1912, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha instituiu a medalha Florence Nightingale concedi-da a cada dois anos para enfermeiros ou auxiliares de enfermagem que se destacam na profissão. Em 1859, Florence foi eleita o primeiro membro femi-nino da Royal Statistical Society e, logo depois, ela se tornou um membro honorário da Associação Americana de Estatística. Em 1883, a Rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real, e em 1907, foi

a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Florence Nightingale morreu em 13 de agosto de 1910, aos noventa anos de idade. A família recusou o jazigo na famosa Abadia de Westminster, onde es-tão enterrados reis, rainhas e celebridades ingleses, e Florence foi enterrada no cemitério da Igreja de St. Margaret em Hampshire. Em frente ao Hospi-tal St.Thomas,em Londres existe o Museu Florence Nightingale, criado em 2010, ano do centenário de sua morte . Nele há objetos pessoais, livros e répli-cas de roupas, filmes, fotos da famosa enfermeira e de sua obra. Eu e minha mulher, Solange Ribei-ro Paiva, enfermeira formada pela PUC-MG , ex--professora universitária, e atualmente auditora da Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas, visi-tamos o museu em agosto do ano passado. Ficamos impressionados com a afluência diária de alunos de todas as idades das escolas inglesas interessados em conhecer a história dessa autêntica heroína. A ECOLÓGICO selecionou alguns pensamentos da corajosa Florence.Confira.

66 ECOLÓGICO/JANEIRO DE 2013

“Pode parecer um estranho princípio enunciar como primeiro requisito

para um hospital que ele não deve fazer mal ao doente.”

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HOSPITAL DE KAISERSWERTH NA ALEMANHA, ONDE FLORENCE ESTUDOU CONTRA A VONTADE DE SEUS PAIS

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AÇÃO● “Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em ações que tragam resultados.”

● “É necessária uma certa dose de estupidez para se fazer um bom soldado.”

● “Eu tenho uma natureza apaixonada que requer satisfação.”

HOSPITAL ● “Pode parecer um estranho princípio, enunciar como primeiro requisito para um hospital, que ele não deve fazer mal ao doente.”

● “Quando eu já não sou mesmo uma lembrança, apenas um nome, espero que minha voz possa per-petuar a grande obra da minha vida. Deus abençoe meus queridos velhos camaradas.”

JURAMENTO DA ENFERMAGEM● “Livre e solenemente, em presença de Deus e des-ta assembléia juro: dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana; exercendo a Enferma-gem com consciência e fidelidade; guardar sem des-falecimento, os segredos que me forem confiados;

respeitar a vida desde a concepção até a morte, não praticar voluntariamente atos que coloquem em ris-co a integridade física ou psíquica do ser humano; manter elevados os ideais da minha profissão, obe-decendo aos preceitos da ética e da moral, preser-vando sua honra, seu prestígio e suas tradições.”

ENFERMAGEM

● “O primeiro pensamento que me lembro, e o últi-mo foram o trabalho de Enfermagem.”

● “A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um prepa-ro tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor, pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o tem-plo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela delas!”

● “Escolhi os plantões noturnos, porque sei que o escuro da noite amedronta os enfermos. estar pre-sente na dor, porque já estive muito perto do so-frimento. Escolhi servir ao próximo porque sei que todos nós um dia precisamos de ajuda. Escolhi a cor branca porque quero transmitir paz. Escolhi es-tudar métodos de trabalho, porque os livros são a fonte do saber. Escolhi ser enfermeira porque amo e respeito a Vida!”

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GUERRA DA CRIMEIA:ZUAVOS FRANCESES E SOLDADOS RUSSOS ENFRENTAM-SE NA TORRE MALAKOFF DURANTE A BATALHA DE SEBASTOPOL

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1 E N S A I O F O T O G R Á F I C O

ESTRADA REALCAPÍTULO À PARTE DE UMA

Mineiro de Malacacheta, aos 54 anos, José Israel Abrantes é um especialista em Mi-nas Gerais. Percorreu todas as cidades que

integram a Estrada Real e com olhar apurado revela suas riquezas. Formado em Design Gráfico pela Funda-ção Mineira de Artes, Fuma, hoje integrada à Universida-de de Minas Gerais (Uemg), Zé teve seu primeiro contato com as artes aos 15 anos em um curso de desenho da es-cola de Maria Helena Andrés. Nos anos 80, trabalhou com

Fernanda [email protected]

Autor e colaborador de 23 obras, Zé Israel retrata com destrezao cenário mineiro nas páginas do livro sobre a Estrada Real

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design gráfico, na programação visual de diversas marcas. Traçava letras e logomarcas, mas o desenho não era seu dom. Foi assim que se lançou na foto-grafia, segundo ele, sua forma de ilustrar.

De espírito jovem e aven-tureiro, sempre com o pé na estrada, José Israel começou a reunir um rico acervo de fotos e, antes dos anos 90, já pensava em publicar o livro “Retratos de Minas”, sobre o dia a dia dos mineiros. Foi quando surgiu uma expedi-ção pelo São Francisco para

ABRANTES: SEU PROJETO PARA 2013 É UMA COLEÇÃO DE TRÊS LIVROS SOBRE AS CIDADES HISTÓRICAS

CARRO DE BOI CARREGA MILHOAO SEU DESTINO, BARBACENA

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que fosse feito o levantamento do rio que entrava em proces-so de assoreamento e poluição, pouco antes da transposição. “Uma viagem de um mês com 40 pessoas. Foi um trabalho mi-nucioso e meu primeiro projeto autoral”, conta.

Ele lembra com nostalgia daque-la época, quando fotografar era to-talmente diferente. “Sinto sauda-de. Era outra emoção! Eu viajava sempre com duas câmeras. Fazia a foto em cromo e p&b. Passava um mês viajando e só quando chega-va, depois de uma semana, é que podia ver o resultado.”

Em 2003, o fotógrafo foi convi-dado para participar do livro “Es-trada Real”: um caminho de his-tória, poesia e beleza, produzido pela Fiemg e o Governo de Minas. “Fui convidado para fazer o capí-tulo ‘Paisagens’. A Estrada Real é um projeto bem-sucedido. Acho que sua grande contribuição foi para a autoestima das pessoas que moram nos vilarejos e passa-ram a cuidar mais das casas, das igrejas e do artesanato, mantendo viva a cultura mineira.”

Seu último projeto já está no forno para 2013. É uma coleção de três livros sobre cidades histó-ricas, intitulada “Preciosidades de Minas”. Assim como Zé, a ECO-LÓGICO acredita que Minas Ge-rais é um estado maravilhoso. “É um campo vasto para a fotografia, tanto no aspecto humano, quan-to na paisagem. Uma cultura rica, o tropeiro, o queijo feito na hora. O grande lance da Estrada Real é você ter a oportunidade de sa-borear e de ver coisas ali, frescas, sendo feitas ao vivo.” E aqui, nas lindas imagens de Zé Israel para o livro da Estrada Real. Inspire-se.

SAIBA MAIS:www.joseisraelabrantes.com.br

CACHOEIRA DO TABULEIRO, EM CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO (MG): A TERCEIRA

MAIOR QUEDA D'ÁGUA DO BRASIL

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1E N S A I O F O T O G R Á F I C O

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CAMPOS ALTOSDA MANTIQUEIRA

PARQUE NACIONAL DE ITATIAIA MANTIQUEIRA

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PÔR DO SOL POR ENTRE AS PAEPALANTHUS

CATADORA DE SEMPRE-VIVA NA COMUNIDADE DE GALHEIROS

ERA SÓ ELE. ÚNICO. IPÊ.

ORQUÍDEA DA SERRA DO CIPÓ

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SABEDORIA & FELICIDADE

Lucius A. Sêneca (Córdoba 04 a.C. – Roma 65 d.C.) foi um grande orador do Império Roma-no e, depois, conselheiro de Nero. Participava

dos banquetes imperiais com todos os seus excessos e acompanhava os desmandos políticos do seu impe-rador. Suas reflexões o fizeram concluir que esses des-mandos não produziam uma vida feliz. Daí surgiram diversas obras sobre o que deveria ser essa vida. Entre algumas delas podemos citar: “Da brevidade da vida” e “Da vida feliz”. Foi um dos principais representantes do estoicismo romano.

Ideias básicas: afirmava que nossa primeira obriga-ção é buscar a felicidade, e o primeiro ato dessa meta é tentarmos fazer do presente o nosso maior presente. Isso significa que a felicidade só pode ser sentida na dimensão infinita do momento. Afirmava também que, se Deus é bondade infinita é também felicidade sem limites e que esta só aparece para nós mortais em peque-nos lampejos na experiência positi-va do presente. Presença e felicidade são conjunções de uma única e mes-ma força transcendente. A pessoa sá-bia é feliz, porque sábio é aquele que vivencia essa presença transbor-dante do agradável. O sábio, ao cul-tivar com amor esse ato de alegria, cria uma irradiância positiva em torno dele. Todo homem virtuoso e, portanto, sábio, tem uma aversão incontida àqueles que ficam presos ao passado ou que ficam esperando o futuro chegar. O passado sempre gera culpa; e o futu-ro, muita ansiedade. Só o presente cria o agradável, só ele gera a alegria, irmã gêmea da tranquilidade e da paz. Todo homem sábio sente que a preocupação e o queixume atentam contra uma vida boa.

Afirmava que outra condição basilar para se alcan-çar a felicidade é se sentir cotidianamente fazendo parte da natureza; uma existência feliz só é possível em contanto constante com o mundo natural. Condenava todo excesso de prazeres, pois todo consumo desmedido é lesivo à saúde. Para ele, o amor é uma troca recípro-ca de alegria, já que só podemos gostar dos outros se gostamos de nós. Em outros termos, quem ama quem

não o ama, não se ama. Advertia que é preciso fugir o tempo todo daquelas pessoas que só gostam de falar de desgraças e que já amanhecem o dia reclamando de tudo. Para reforçar essas recomendações, gostaria de citar aqui um estoico francês atual André Sponville ( A felicidade desesperadamente) onde ele diz: reclame um pouco menos e ame um pouco mais.

Outra ideia desse pensador é que precisamos apren-der a escutar mais do que a falar. Se temos dois ouvidos e uma só boca é um bom sinal para escutarmos mais os outros. Costumava fazer perguntas interessantes como: quantas horas por dia você dedica a você mesmo? Você é gentil consigo mesmo? Quando estiver sofrendo, pergun-te: por que me maltrato tanto? Seguindo seu raciocínio,

podemos dizer que hoje precisamos parar um pouco de esperar, esperar a noite, o fim de semana, os feriados e as férias. Esperar enquanto o presente nos escapa por entre os dedos. Esse que é o único momento que nos permite sermos felizes. Esperar não é viver, é ansiar e desejar o tempo todo e, no fi-nal, a pessoa pouco aproveitou desse momento mágico que nos foi conce-dido para existir. Ao defender a ideia de que a felicidade não é ter tudo, mas conseguir viver sem o domínio do de-sejo, Sêneca se torna muito atual. Pois o objetivo da sociedade consumista da atualidade é fazer do desejo a meta dos nossos sonhos, nos tornando pessoas continuamente insatisfeitas. Pessoas em busca de um objeto que não existe.

É, por isso, que troca tanto nos dias atuais. Comprar um objeto hoje significa desvalorizá-lo já no ato da compra. O desejo é sempre busca e só o amor é encontro.

Após esses caminhos reflexivos, Sêneca tentou de toda forma sair da influência do imperador. Não con-seguiu. Suspeito de conspiração, ele foi condenado por Nero a se matar. Tomou dois copos de cicuta, mas não surtiu efeito. Então, ele cortou os pulsos e morreu com muita dificuldade. Suas ideias, não. Elas continuam vivas e necessárias, através dos tempos.

(*) Am bien ta lis ta e pro fes sor de Fi lo so fia da PUC Mi nas.

CONVERSAMENTOSALFEU TRANCOSO (*)[email protected]

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SÊNECA: “FAZER DO PRESENTE NOSSO MAIOR PRESENTE”

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Construir um bom futuro é o nosso dever de casa.

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